Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE
PERNAMBUCO
UFRPE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM RECURSOS PESQUEIROS E
AQÜICULTURA
Francisco Borges Morais
Sistema intensivo de incubação e manejo de cria de Acará
Disco,
Symphysodon
spp
Recife
2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
II
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE
PERNAMBUCO
UFRPE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM RECURSOS PESQUEIROS E AQÜICULTURA
Francisco Borges Morais
Sistema intensivo de incubação e manejo de cria de Acará
Disco,
Symphysodon
spp
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-
Gr
aduação em Recursos
Pesqueiros e Aqüicultura do
Departamento de Pesca e Aqüicultura
da Universidade Federal Rural de
Pernambuco como requisito parcial
para obtenção do Título de Mestre em
Recursos Pesqueiros e Aqüicultura.
Orientador: Prof. Dr. Athiê Jorge Guerra Santos
Recife
2005
ads:
III
FOLHA DE APROVAÇÃO
Francisco Borges Morais
Sistema intensivo de incubação e manejo de cria de Acará
Disco,
Symphysodon
spp
Data de aprovação: 07/07/2005
Dr.
a
Raquel Moura Coimbra
Coordenação PPG Recursos Pesqueiros
e Aqüicultura
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Athiê Jorge Guerra Santos
(O
rientador)
Prof. Dr. Eudes
de Souza Correia
Prof. Dr. George Nilson Mendes
Prof. Dr. José Milton Barbosa
IV
Quando partimos de um retrato e buscamos, por meio de eliminaçõ
es sucessivas,
encontrar a forma pura, o volume líquido e sem percalços, chegaremos fatalmente
ao ovo
.
Pablo Picasso
V
Resumo
Etapas de incubação durante as fases de ovo e larva o tidas como gargalo à
produção de diversos organismos aquáticos. A produção de acará disco,
Symphysodon
spp, pelo método natural, com ovos e larvas junto ao casal
reprodutor, apresenta dificuldades zootécnicas que influenciam negativamente a
produtividade. O cultivo intensivo, em sistema isolado dos reprodutores, sob
processos de controle abrangente de qualidade de água, alimentação e profilaxia
sanitária, foi avaliado em termos de sobrevivência larval até quinze dias pós
-
eclosão.
Sete casais produziram quarenta e uma desovas em um período de 1182 dias,
totalizando 12906 ovos, dos quais 10379 eclodiram (80,42%). Das larvas eclodidas,
8543 (82,31%) foram a termo até os quinze dias de vida. A fecundidade média por
desova foi 314,8 ovos com coeficiente de variação (CV) de 48%; a eclosão média
por desova de 253,1 larvas com CV de 58%, e a média de larvas vivas 15 dias pós-
eclosão foi de 208,4 com CV de 65%. O intervalo médio entre desovas da mesma
estação reprodutiva foi de 12,14 dias com CV de 76% e desvio médio (DM) de 6,66
dias, apresentando de 1 a 6 desovas em cada estação reprodutiva. O intervalo
médio entre desovas de estações reprodutivas seqüentes foi de 193 dias, com CV
de 31% e DM de 45 dias. Os resultados relativos à biologia reprodutiva têm
aplicação prática no planejamento e operação de pisciculturas de
Symphysodon
spp. A eficiência, em termos de sobrevivência larval, do sistema de incubação foi
considerada satisfatória. A análise econômica e da taxa de crescimento larval do
sistema de larvicultura, em relação ao método natural de cria, balizariam uma
avaliação ampla da efici
ência do sistema de incubação.
Palavras
-
chave:
fecundidade; incubação;
UV
; O
3;
sobrevivência larval; alevinagem
VI
Abstract
The stages of incubation during the phases of egg and larva are taken as the of most
difficult phases in the production of several aquatic organisms. The production of the
disco fish,
Symphysodon
spp, by natural method, with eggs and larvae together with
their parents, present zootechnical difficulties that influence the productivity
negatively. The intensive raising, in the parent isolated system, under broad control
process including water quality, feeding and sanitary prophylaxis was assessed in
accordance with the larval survival up to the fifteenth day after larvae were born.
Seven pairs
laid eggs forty one times during the period of 1.182 days, adding up a
total of 12.906 eggs, 10.379 of them were born (80,42%). 8.543 of the born larvae
(82,31%) survived until the fifteenth day of life. The average fecundity per spawning
was 314,8 eggs with Variation coefficient (CV)
=
48%, the average number of births
per spawning was 253,1 larvae with CV=58% and the average number of living
larvae fifteen days after birth was
208,4
with CV=
65%.
The average interval between
spawnings in the same reproduction station was 12,14 days with CV
=76
% and
medium deviation (
DM
)
= 6,6 days. The average interval between spawnings in the
s
equence
reproduction station was 193 days with CV=31% and DM = 45 days. The
results concerning the reproductive biology can be applied in the planning and
operational.
The efficiency, in accordance larval survival, of incubation system was
considerate satisfactory. The economical and larval growth rate analysis of the
system utilized, with traditional method comparison, should rout one large evaluation
of the efficacy of
incubation system.
Key words: fecundity
;
incubation
;
UV
;
O
3;
artificial raising;
hatchery
VII
SUMÁRIO
Página
Resumo
................................................................................
............. V
Abstract
................................
............................................................. VI
Lista de Ilustrações
........................................................................ IX
1 Introdução
................................................................
................
.....
11
1.1 Biologia
...................................................................
......
.....
..
..
. 11
1.2 Piscicultura
............................................................................. 13
1.2.1 Abastecimento do mercado
..................
............................ 14
1.2.2 Melhoramento
................................................................. 15
1.2.3 Larvicultura
..................................................................... 16
1.2.4 Qualidade de água e
sanidade
.........
...............
.
..
.....
..
.....
...
18
2 Metodologia
.........................
.........................................................
21
2.1 Período e local
........................................................................ 21
2.2 Estrutura física
....................................................................... 21
2.2.1 Instalações
..................................................................... 22
2.2.2 Pré
-
tratamento de água
.................................................... 22
2.2.3
Estrutura de acasalamento e de manutenção de casais
....
.. 23
2.3 Manejo de peixes adultos
...................................................... 24
2.3.1 Alimentação
................................................................... 25
2.3.2 Renovação
de água
........................................................ 26
2.3.3
Aquecimento
.
...............................
...........................
.
...... 27
2.3.4 Separação de casais
....................................................... 27
2.4 Incubaçã
o
.................................................................
.
....
........ 30
VIII
2.4.
Sistema
de I
ncubação (SI
)
........................................
........ 30
2.4.2 Adição de mistura para dureza
...............................
........ 33
2.5 Manej
o de ovos e larvas
...................................................... 34
2.5.1 Translocação diária das larvas
.......................................... 35
2.5.2 Limpeza diária e desinfecção da UI, cesto móvel e demais
utensílios
....................
..................................................... 35
2.5.3 Alimentação das larvas
..................................................... 36
2.6 Contagem de óbitos diários
................................................ 39
2
.7 Iluminação noturna
.....
......................................................... 39
2.8 Manejo de cistos e nauplius de
Artemia
............................ 39
3 Resultados
..................................................................
................. 42
4 Discussão
...
................................................................
.................. 48
5 Conclusões
.....................................................................
.......
..
..
.. 53
Referências
.......................................
................
................................ 54
Anexos
IX
Lista de Ilustrações
F
iguras
Página
1
: Gênero
Symphysodon
12
2
: Interrelações entre as variáveis ambientais e larva
16
3:
Diagrama esquemático das instalações utilizadas na
piscicultura
28
4:
Est
rutura física
da piscicultura
29
5
: Descrição esquemática do Sistema de Incubação (SI)
33
6:
Desenvolvimento larval na Unidade de Incubação (UI)
37
7:
Manejo alimentar
38
8:
Manejo de nauplius de
Artemia
41
9:
Freqüência de desovas mensais dura
nte o período de 1182 dias
43
10:
Ovos, larvas eclodidas, óbitos e larvas vivas 15 dias pós
-
eclosão
acumulados por casal no período de 1182 dias em 41 desovas
43
11:
Óbitos diários acumulados por casal até 15 dias pós
-
eclosão, percentual
relativo ao número de óbitos total acumulado por casal
47
12
: Total de óbitos diários acumulados até 15 dias pós
-
eclosão e valores
percentuais relativos ao número de óbitos total
47
X
Tabelas
P
ágina
1:
Grupos separados para acasalamento
25
2
: Composição nutricional
de ingredientes e ração oferecida
26
3
: Temporização da substituição de água da Unidade de Incubação (UI)
32
4
: Índices obtidos
pelo
trabalh
o
42
5
: Datas, totais e valores relativos de ovos, larvas eclodidas e larvas vivas
15 dias pós
-
ec
losão
45
6
: Intervalo de tempo entre desovas
46
11
1 Introdução
Espécies do gênero
Symphysodon
spp, vulgarmente chamados Acarás Disco
ou simplesmente Discos, pertencem à família Cichlidae, são endêmicos da Bacia
Amazônica e têm grande importância no mercado mundial de peixes ornamentais.
Suas características morfológicas, principalmente o formato do corpo discóide e a
variação de cores, os tornam muito atrativos aos aquaristas.
1.1
Biologia
Duas espécies e cinco subespécies são descritas (
KOH
et al 2003;
SCHULTZ
,
1978):
Symphysodon
discus
Heckel, 1840
.
Symphysodon
aequifasciatus
Pellegrin, 1904
.
Ambas
possuem cariótipo 2n = 60 cromossomos (FELDBERG et al 2003)
.
A
distinção
visual
é feita pelo padrão de coloração, baseando-se na presença,
S.
discus
,
ou ausência, S. aeque
faciatus
, de faixa escura vertical na região média,
bilateral, destacada das demais pela maior largura e intensidade de pigmentação
(
KULLANDER, 1998
)
, figura 1
A e B
.
A filogenia do gênero é um campo a ser mais estudado. Os hábitos
sedentários, a vastidão d
a bacia de ocorrência e o isolamento geográfico são fatores
que provavelmente geraram a diversidade de padrões de cores encontradas no
ambiente natural. Na natureza observam-se exemplares de características
intermediárias às espécies. Animais de coloração atípica ou extremamente
pronunciada são comercializados por altos valores a aquaristas e produtores
interessados em melhoramento de plantéis
(MOTTA, 1996)
.
S. discus discus
S. discus willischwartzi
S.aequefasciatus aequefasciatus
S.aequefasciatus haraldi
S.aequefasc
iatus axelrodi
12
Habitam
igarapés, igapós, remansos de rios e lagoas. São locais que
normalmente possuem águas muito pouco mineralizadas,
com valores de pH
entre 4
e 6,5. Ácidos orgânicos originados da intensa atividade bioquímica da floresta,
grande pluviosidade e solos
típicos
da bacia sedimentar são responsáveis por tais
características. No alto Amazonas, em regiões restritas do território peruano, águas
bastante mineralizadas e de pH alcalino não deixam de ser habitat do gênero
(SAINT
-
PAUL
, 1994).
Possui comportamento territorialista, não realizando migrações reprodutivas.
Seu corpo alto e delgado é próprio à natação lenta, para deslocamento entre
obstáculos verticais como folhas e galhos. O dimorfismo sexual em animais adultos
é feito pela
anális
e de comportamento e morfologia. C
ontudo
, pode não ser
aparente, principalmente entre espécimes de idades diferentes e ori
gens
dis
tintas,
ou ainda em animais de condição
corporal
d
ébil
, sob estresse ou reprodutivamente
imaturos
. Normalmente os machos são agressivos, mais coloridos, maiores, com os
primeiros raios da nadadeira dorsal mais grossos e longos, papila genital curta e fina
além de eventual proeminência cefálica.
A desova é do tipo parcial e sazonal apresentando cuidado parental (CÂMARA,
2004).
O casal formado após cortejamento típico escolhe uma superfície lisa com
inclinação vertical para postura. Após limpeza do local com a boca os óvulos
adesivos
são postos e sincronizadamente fertilizados pelo macho durante uma hora
aproximadamente. Em cativeiro, normalmente, preparam o ninho durante o dia e
Figura
1: Gênero
Symphysodon
.
A: S. d
iscus
, notar a faixa vertical escura destacada das demais.
B: S. aequefasciatus. C: linhagem cultivada Pigeon Blood
,
o padrão de coloração alaranjado e
salpicado de preto (detalhe) tem origem em uma mutação.
C
A
B
13
desovam
a
noite. Fazem vigília constante, juntos ou alternadamente, até mais de um
mês pós-eclosão, período que cessam ou diminuem a própria alimentação (
DEGEN,
1995
).
As larvas enquanto vitelínicas possuem órgão adesivo na cabeça composto de
três pares de glândulas. Após absorção do vitelo começam a nadar livremente, vão à
superfície, inflam suas bexigas e iniciam a alimentação exógena. Nesse
momento
medem cerca de 5
mm
de comprimento total. Possuem fototropismo negativo, o que
as leva, quando criadas junto ao casal, a formarem um
cardume
junto
aos pais, que
especialmente nesse momento, apresentam coloração es
curecida e produzem muco
sob toda superfície corporal destinado às primeiras alimentações da progênie
(CÂMARA, VERANI, CHELLAPPA, 2002;
WATTLEY
, 1996; CAFÉ FILHO, 1988
;
B
REMER
, WALTER, 1986
).
O muco produzido tem suas propriedades pouco
estudadas e suspeita-se que além da nutrição também desempenhe papel
imunológico. A melhor compreensão dos mecanismos de transmissão vertical de
imunidade em diferentes espécies de peixes tem boas perspectivas de resultados
aplicáveis ao manejo vacinal (HANIF, A.; BAKOPOU
LOS
, V.; DIMITRIADIS, G. J. ,
2004).
1.2
Piscicultura
O primeiro relato da reprodução em cativeiro remonta a 1934 por William. T.
Innes. Na década de 50 quatro
produtore
s foram precursores dos primeiros
empreendimentos comerciais, Jack Wattley e Danny DiCocco nos EUA, Eduard
Schimdt
-Focke na Alemanha e Virachai da Tailândia. Wattley destacou-se por
produzir a primeira linhagem pura diferenciada, chamada turquesa (AXELROD
,
1978).
1.2.1 Abastecimento do mercado
A produção atual é resultado da captura no ambiente natural e da piscicultura,
sendo que
esta
abastece quase a totalidade do comércio internacional (DEGEN &
WATTTLEY
, 1996). Existem poucos dados relativos à atividade extrativa.
No
mercado brasileiro a maioria dos discos oriundos da piscicultura é importada do
Sudeste Asiático (SUGAI, 1995). Hong Kong, Malásia, Taiwan e Singapura são
14
países que, juntos, dominam o mercado internacional. Singapura é o maior produtor
e exportador mundial de Discos (YO YOM DIN, ZUGMAN, DEGANI, 2002;
SCHMIDT
-
FOCKE
, 1993)
.
O mercado brasileiro atualmente é dependente da importação de discos. A
produção nacional de linhagens selecionadas, ao contrário da captura de selvagens,
não atende a demanda existente. A composição do preço do peixe criado na Ásia
que chega ao mercado varejista brasileiro, tem do frete grande participação.
Também é onerado pelas transações seguidas; o número de intermediários
comerciais tende a ser maior quando a distancia do produtor aumenta
em relação ao
consumidor final.
Nesse contexto o cultivo de
Symphysod
on
spp aparece como oportunidade ao
piscicultor
. A viabilidade econômica dos empreendimentos deve ser criteriosamente
avaliada. Em contraponto aos interessantes valores de comercialização têm-se a
aquisição de matrizes, infraestrutura e custos fixos que se posicionam entre os de
maior dispêndio entre as espécies ornamentais.
1.2.2 Melhoramento
Os cruzamentos entre S. discus e S. aequefaciatus e subespécies produzem
descendentes tão férteis quanto os cruzamentos intraespecíficos (
AXELROD
, 1978).
A piscicultura usa animais melhorados pelo cruzamento entre espécies e
subespécies.
Os programas de melhoramento o, na maioria das vezes, calcados
na observação visual das respostas fenotípicas dos cruzamentos experimentais, no
método tentativa e erro/ acerto, restrito a uma ou poucas unidades produtivas.
limitado conhecimento sobre a estrutura genética do estoque atual. A comparação
da diversidade genética entre as espécies selvagens e variedades cultivadas pela
análise de DNA polimórf
ico amplificado randomicam
ente
RAPD
,
demonstrou que o
pool
gênico das variedades cultivadas, como esperado, é menor, sendo que
S.
aequefasciatus
é geneticamente, 3,18 vezes mais próximo das linhagens cultivadas
que
S. discus
(KOH,
et al 2003). Os mesmos autores
concluíram
que na
formação
das linhagens comerciais utilizaram-se principalmente S. aequefaciatus; e
recomendam o cruzamento com formas selvagens, especialmente S. discus para
incrementar a
variabilidade
genética dos estoques cativos.
15
Os cruzamentos endogâmicos são de fund
amental importância na estabilização
de linhagens, pois promovem a homozigoze necessária à geração de novas raças. É
uma prática que reduz o potencial genético pela diminuição da variabilidade e pode
ter efeitos negativos, que muitas vezes não são percebidos de pronto. Decréscimo
da taxa de fertilização, desvios de coluna vertebral e demais defeitos do esqueleto
podem revelar problemas de intensa endogamia (UNTERGASSER,1989). Porém,
esses sintomas não são interpretados unicamente como problemas genéticos,
fatores infecciosos e nutricionais são tão importantes quanto na gênese desses
efeitos
(AU, 1994). Entre piscicultores existe a prática de cruzamentos endogâmicos
até a terceira geração e após a inserção de sangue novo . Outra prática empírica é
o descarte de casais cuja descendência apresente mais de 25% dos indivíduos com
alguma excentricidade ao padrão tais quais: proporcionalidade entre corpo e
nadadeiras, número e forma de raios de nadadeira, integridade, simetria e formato
de opérculos, órbitas oculares, boca e linhas laterais (
FISHER
, 1997;
FEILLER,
199
0
).
Uma mutação com tradução na pigmentação epidérmica, ocorrida em
piscicultura tailandesa na década de 80, também foi aproveitada na formação de
raças. São chamadas
pigeon blood
,
figura 1
C
,
têm cor al
aranjada muito pronunciada
e corpo salpicado de preto desde a idade juvenil. Atualmente têm participação na
composição de boa parte das linhagens comerciais (
WEISS
,1993).
O Brasil, assim como outros países com áreas de floresta amazônica, detém
um importante patrimônio, de valor estratégico, no âmbito da piscicultura de
Symphysodon
spp. O melhoramento do gênero praticado atualmente é dependente
de espécimes selvagens. É possível que no futuro o grau de dependência diminua
em função do desenvolvimento biotecnológico e do uso de programas de
melhoramento mais abrangentes e eficientes
(STICKNEY, 1994)
.
16
1.2.3 Larvicultura
Sob diversos aspectos, ovos e larvas são tidos como pontos chave nas
questões relativas à dinâmica de populações, manejo e cultivo de peixes (LASKER,
1987). As fases do desenvolvimento de ovo a alevino são críticas para inúmeras
espécies
, devido a:
1.
fragilidade, pelo próprio tamanho e dos mecanismos
fisiológicos de homeostase; 2. imaturidade imunológica;
3.
exigências espécie-
específica rel
ativas à nutrição, fig
ura 2
, (UFRPE, 2003).
Em 1968 Carrol Friswood, aquarista californiano, publicou um folheto de nove
páginas cujo título Anyone can raise discus tornou-se um marco pelo relato de
procedimentos para manutenção de larvas de
acarás
disco
afastadas dos pais, dita
cria artificial. Relatava uma sobrevivência usual de 90%. Segundo
Friswood
, a
Variáveis
biológicas
Variáveis
físicas
Variáveis
químicas
Alimentos
I
m
a
t
u
r
i
d
a
d
e
i
m
u
n
o
l
ó
g
i
c
a
T
a
m
a
n
h
o
F
i
s
i
o
l
o
g
i
a
d
e
h
o
m
e
o
s
t
a
s
e
e
m
d
e
s
e
n
v
o
l
v
i
m
e
n
t
o
E
x
i
g
ê
n
c
i
a
s
n
u
t
r
i
c
i
o
n
a
i
s
e
s
p
e
c
í
f
i
c
a
s
Variáveis
biológicas
Variáveis
físicas
Variáveis
químicas
Alimentos
I
m
a
t
u
r
i
d
a
d
e
i
m
u
n
o
l
ó
g
i
c
a
T
a
m
a
n
h
o
F
i
s
i
o
l
o
g
i
a
d
e
h
o
m
e
o
s
t
a
s
e
e
m
d
e
s
e
n
v
o
l
v
i
m
e
n
t
o
E
x
i
g
ê
n
c
i
a
s
n
u
t
r
i
c
i
o
n
a
i
s
e
s
p
e
c
í
f
i
c
a
s
Figura 2
: I
nterrelações
entre as variáveis ambientais e larva
.
17
higiene era fundamental; a ração utilizada, ovo em pó, poluía rapidamente a água e,
caso a troca de água não fosse eficiente, as larvas pereciam nos dias seguintes.
Piscicultores e aquaristas, apesar de seguirem os passos descritos na publicação,
não conseguiam tanto sucesso (AXELROD, 1978). Em meados da década de 70,
Wattley
aperfeiçoou
o método de Friswood aplicando-o à produção comercial
(
WATTLEY
, 1978). Duas diferenças marcantes entre os dois métodos: Wattley
descreve o uso de um complexo antimicrobiano na água de incubação
(nitrofurazona, furazolidona e azul de metileno) e a incorporação de nauplius de
Artemia
e
Spirulina
seca à ração inicial (
WATTLEY
, 1991). T
amb
ém relata a
utilização
de iluminação noturna de baixa intensidade durante a larvicultura.
A
escuridão completa influencia negativamente a sobrevivência larval em
Symphysodon
spp
durante
a cria artificial (WATTLEY 1996, FEILLER, 1990). As
larvas
desorientam-se e nadam intensamente até a exaustão quando não
m
referência visual. O comportamento normal é a aglomeração densa, em margens
superficiais, em faixas menos iluminadas ou de objetos de cor escura.
Tradicionalmente a cria na produção de
Symp
hysodon
é feita com a
manutenção ovos e larvas junto ao casal. O comportamento natural de proteção e a
produção de muco nutritivo às larvas têm justificado o procedimento em quase todas
as pisciculturas nas últimas 5 décadas. (YO YOM DIN, ZUGMAN, DEGANI, 2
002;
SCHMIDT
-
FOCKE
, 1993).
Contudo
, o sistema tradicional de cria possui aspectos negativos que
zootécnicamente são indesejáveis, tais quais:
O tanque de manutenção do casal é um ambiente contaminado. A infecção dos
ovos por vírus, bactérias, fungos, e met
azoários prejudica
a taxa de eclosão.
(RYCE, ZALE, MACCONNE
LL,
2004
;
MDSEN & PEDERSEN, 1999; DEGEN,
1995;
FEILLER, 1990
).
Infecção pós-eclosão das larvas por parasitas gastroentéricos e tissulares,
dactilogiridae,
Hexamita
,
Spironucleus
e
Criptobia
, causando mortalidade larval
e
heterogeneidade de tamanho do lote criado (RYCE, ZALE, MACCONNELL,
2004;
YANONG,
et al
2004;
STETTER,
et al
2003
).
18
Risco
de ocorrência de auto-
ovofagia
(STICKNEY, 1994). Este comportamento
canibal é explicado parcialmente como uma estratégia de reciclagem de
nutrientes, quando da desova em situações não propícias à cria. Sugere-se que
esta seja uma característica fenotípica com um importante componente genético,
pois descendentes de maus casais, via de regra, expressam-na e, quand
o
acasa
lados com peixes sem tal histórico, mantêm o comportamento sem
influenciar o parceiro (
FEILLER
, 1990).
Débito nutricional dos reprodutores pela diminuição da alimentação e
deslocamento do fluxo energético para a produção de muco nutritivo.
Aumento d
o intervalo de tempo entre desovas (
FEILLER
, 1990).
O número de descendentes é reduzido e a influência ambiental é maior sobre a
expressão fenotípica, o que diminui o potencial de seleção e conseqüentemente
o retorno genético.
1.2.4 Qualidade de água e san
idade
Características químicas, físicas e microbiológicas da água utilizada na
incubação influenciam individual e simultaneamente variáveis de interesse biológico
e zootécnico. Muitas espécies de peixes e crustáceos, com notado potencial
produtivo,
têm na carência científico-tecnológica da larvicultura, o ponto de entrave
para desenvolvimento das subseqüentes fases do cultivo.
Baixas taxas de sobrevivência na larvicultura de espécies com importância
comercial e/ ou ecológica são relacionadas a condições ambientais insalubres por
diversos autores (MADSEN, MOLLER; DALS
GAARD,
2005; CATTIN, P.; CROSIER,
P, 2004; RYCE; ZALE; MACCONNE
LL,
2004;
VERNER
JEFFREYS, SHIELDS,
BIRKBECK, 2003; MORAIS, 2003; KENNEDY, et al, 2000; PEDERSEN, AUSTIN,
LARSEN,
1999;
MANGOR
-
JENS
EN, et al, 1998;
MAJOROS
, 1999).
Águas fluviais são usadas na piscicultura e variam consideravelmente em sua
qualidade de forma crônica ou sazonal. Também possuem populações residentes
que podem transmitir doenças aos ovos e larvas estocados
(STICKNEY
,
199
4).
19
O meio aquático é propício à dispersão e veiculação de doenças. Diversas
situações indesejáveis surgem quando restos alimentares e fezes
se
acumulam nas
unidades de cria. Estes materiais são substrato para colonização de
microorganismos, inclusive patogênicos. Também reduzem o oxigênio dissolvido e
liberaram produtos tóxicos pela decomposição. O eventual tratamento de doenças
também é prejudicado pela reação do medicamento com a matéria orgânica, o que
leva à
redução
da atividade terapêutica e a necessidade de doses maiores e/ ou
mais freqüentes (
PIPER
et al, 1992).
Agentes patogênicos também são prontamente transferidos de uma unidade de
cultivo a outra através das mãos ou equipamentos. Por isso a recomendação para
que as mãos sejam bem limpas e que todos equipamentos usados no manuseio dos
ovos e larvas sejam sanitizados. Sanitização é um cuidado impr
escindível na criação
de todos os animais. Entende-se como sendo o conjunto de procedimentos que
visam à manutenção das condições de higiene indispensáveis à minimização de
riscos sanitários. A lavagem simples seguida de enxágüe com desinfetante, como
quaternário de amônio ou hipoclorito de sódio, são procedimentos simples e
de
baixo custo (
PIPER
et al, 1992).
Um suprimento de água de alta qualidade é, port
anto,
essencial
para
operações de incubação. Águas subterrâneas geralmente são aconselhadas para
incubação, pois normalmente têm vazão e temperatura constantes e são
relativamente livres de poluição e doenças (
PIPER
et al, 1992).
O sistema avaliado nesse trabalho teve as variáveis de qualidade de água
utilizada
na incubação de
Symphysodon
spp controladas por processos integrados
de condicionamento e manutenção de parâmetros físicos, químicos e
microbiológicos (UFRPE, 2003; MORAIS, 2003; MANGOR-JENSEN, et al, 1998;
PIPER
et al, 1992). Aliaram-se ao sistema de incubação os protocolos de manejo de
limpeza e alimentação (LEITRITZ, 1972), além da estrutura para acasalamento e
manutenção de casais.
Como objetivo geral o trabalho buscou avaliar a eficiência zootécnica do
Sistema estrutural de incubação com controle abrangente, para experimentação e
produção de organismos aquáticos, dita Incubadora Universal (UFRPE, 2003) até
20
os quinze dias pós-
eclosão.
Também procurou o
bte
r valores numéricos, de passível
tradução
em
índices zootécnicos, da fase de cria de
Symphysodon
spp, em sistema
de recirculação (formação e manutenção de
casais
) e sistema intensivo de
incubação
,
tais como
:
Freqüência de desovas durante os meses do ano;
Número médio de ovos por desova por cas
al;
Número médio anual de desovas por casal;
Número médio de larvas eclodidas por desova;
Número médio de larvas vivas 15 dias pós
-
eclosão por desova;
Número médio anual de larvas de 15 dias de idade por casal;
Intervalo médio entre desovas de mesma estaçã
o reprodutiva;
Intervalo médio entre desovas d
e estação reprodutiva seqüentes
;
Mortalidade diária
;
Sobrevivência acumulada até 15 dias pós
-
eclosão.
21
2 Metodologia
2
.1 Período e local
Os dados numéricos e os protocolos de manejo foram apurados dos registro
s
zootécnicos da piscicultura Brasil Discus, localizada no município de Belo Horizonte
MG. Um período de 1200 dias foi considerado, a partir de 20/09/1998 data da
primeira desova utilizada, até 1/1/2002 data da última contagem de óbitos. O
intervalo de t
empo entre a primeira e
última desova foi
de 1182 dias.
2
.2 Estrutura física
A estrutura física, resumida esquematicamente na figura 3
, era composta de:
Estufa plástica 16m
2
.
Aquários com recirculação, filtragem mecânica e biológica.
Sistema de incubação
(SI).
Reservatório externo de abastecimento e pré
-
tratamento de água.
Reservatório externo de efluente.
Instalação hidráulica
Instalação elétrica.
Freezer
para conservação de rações.
Incubadoras para cistos de
Artemia
.
Reservatório de água salgada para
Art
emia
.
22
2
.2.1 Instalações
Estufa 3,2m x 5,0m, 16m
2
e 3m de pé-direito. Piso em cimento com desnível
2%. Estrutura em troncos de
Eucalipto
, coberta com lona plástica transparente 200µ
nas laterais e no teto lona plástica amarela
semitranslúcida
, f
igura 4
A.
Q
uatorze
tomadas elétricas 110V, sendo oito para aquários, quatro para o SI, e
duas livres para eventualidades. A iluminação era feita com lâmpada incandescente
(ligada excepcionalmente), luminária com lâmpada fluorescente 15W usada nas
operações noturnas d
o SI, e lâmpada incandescente 3W para iluminação noturna.
Reservatório de abastecimento com capacidade para 2300L, composto de 10
barris plásticos interligados em linha, figura 4A. Suprido pela rede pública de
abastecimento, com bóia de nível na entrada. No barril da extremidade contrária à
entrada uma bomba submersa centrífuga com vazão máxima de 2000L/ h, acionada
por temporizador programável para substituição de água automática, era ligada à
instalação hidráulica de distribuição, em PVC ½ , interior à estufa. Cada aquário e o
sistema de incubação possuíam abastecimentos próprios e registros individuais
,
figura 4B
.
2
.2.2 Pré
-
tratamento de água
Preliminarmente
à instalação do sistema, foi realizada análise de água da rede
pública de abastecimento. As seguintes variáveis foram consideradas: cloro livre,
pH, alcalinidade total, dureza carbonatada, dureza de cálcio e dureza de magnésio
.
O cloro livre residual encontrou-se em valores compatíveis com os preconizad
os
para o abastecimento público, de aproximadament
e
0,5
ppm, concentração
intolerável aos peixes. O pH de 7,4 também não foi considerado ideal para a
espécie. As durezas foram consideradas satisfatórias ainda que o teor de magnésio
não tenha sido detectado
(anexo 1)
.
A água era tratada no reservatório de abastecimento com intuito de remover o
cloro e
diminuir o valor de pH. Para remoção do cloro usou
-
se aeração por meio de 3
compressores de ar do tipo diafragma de saída dupla em funcionamento ininterrupto
suprindo ar para pedras porosas localizadas nos seis últimos barris. O fluxo total de
ar
foi
de 17 L/ min, aferido com fluxômetro de esfera.
A diminuição do valor de pH foi
23
feita com adição de ácido fosfórico 85% grau alimentício adicionado no primeiro
barril. A dose padrão era de 1mL/ 100L, variava conforme o pH e dureza da água da
rede pública. Entre 2 e 3mL de ácido fosfórico eram adicionados diariamente. Um
peagômetro eletrônico, com precisão de duas casas decimais, tinha sensor no último
barril e console de leitura dentro da estufa. Ficava ligado permanentemente e
subsidiava os ajustes para manutenção a 6,10 +/
-
0,20.
2
.2.3 Estrutura de acasalamento e de manutenção de casais
Quatro aquários de dois tamanhos foram utilizados, figura 4C: Tipo 1: aquários
1,6m x 0,45m x 0,45m, com volume útil de 275L. Tipo 2: aquários 2,4m x 0,45m x
0,45m, com volume útil de 410L. Tipo 1 e 2 montados com vidro incolor, liso de
10mm, colados com silicone e instalados sobre estantes de madeira com estrutura
reforçada. Foram equipados com tampas e cantoneiras para encaixe de
divisórias
móveis em vidro 3mm. Tipo 1 permitia até quatro divisões e Tipo 2 até seis divisões;
c
ada divisão
com
volume útil de 68L, figura 4
D.
Tubos de PVC 150mm brancos com 20cm de comprimento eram dispostos na
posição vertical sob o fundo dos aquários. Serviam de substrato para as desovas.
Também funcionavam como abrigo e favoreciam a territorialização dos integrante
s
de cada grupo do acasalamento.
A recirculação utilizou sistema de filtragem composto de calha de drenagem,
filtro mecânico, filtro biológico, recalque com bombas
submersas
, tubulação e
dreno
de nível. O sistema de filtragem foi montado aproveitando as paredes laterais dos
aquários,
figura 4
E. Externamente foi revestido com película adesiva preta.
Seguem considerações de cada componente:
Cal
ha de drenagem da água superficial para o filtro mecânico. Construída em
vidro e colada com silicone,
figura 4
B e 4E
.
Filtro mecânico de de vidro, em bandeja móvel acima do filtro biológico,
figura 4B e E. Tipo 1 bandeja de polipropileno perfurado com 54 orifícios de
3mm diâmetro e bordas de vidro (19cm x 14cm x 3,5cm). Tipo 2 bandeja de
polipropileno perfurado com 72 orifícios de 3mm de diâmetro e bordas em vidro
(22cm x 17cm x 3,5cm).
24
Bombas submersas centrífugas, figura 4E. Vazões aferidas do recalque com a
coluna de água de 0,42 cm e tubulação e conexões PVC de ½ : Tipo 1: uma
bomba em cada: 530L/ h. Tipo 2: duas bombas em cada: 870L/ h. Com os
valores de recalque aferidos obtiveram-se as seguintes taxas de recirculação:
Tipo 1: 1,92/ h; e Tipo 2: 2,
12/ h.
Filtro biológico de cascata com elemento filtrante Bio-Mate Rainbow Lifegard
®
.
,
(anexo 2). Cada unidade do elemento filtrante possui área de
1,94 m
2
. Tipo 1: volume útil do filtro 6 litros, 160 unidades de elemento filtrante,
superfície de filtragem 310m
2
. Tipo 2: volume útil do filtro 7,5 litros, 200
unidades de elemento filtrante, superfície de filtragem 388 m
2
. As razões entre
superfície de filtragem e volume foram 1,13m
2
/ L e 0,95m
2
/ L para Tipo 1 e Tipo
2 respectivamente. . Relacionando à vazão do recalque obteviveram-se os
volumes fluídos horários, sendo: Tipo 1: 1,70 L/ m
2
/ h; e, Tipo 2: 2,24L/ m
2
/ h.
2
.3 Manejo de peixes adultos
Cinqüenta e um peixes foram estocados para formação de casais. Destes, 34
com idade entre 1 e 2 anos provenientes de piscicultura comercial com controle
zootécnico. O restante, sem idade definida, foi adquirido no comércio varejista de
peixes ornamentais. 9 grupos foram formados e mantidos separados pelas divisórias
móveis. Cada grupo era composto de 4 a 10 indivíduos. 6 grupos foram formados
conforme a linhagem e comprimento total. Três grupos foram formados
considerando apenas o comprimento total. Três tamanhos de seleção foram pré-
estabelecidos: médio, < 12cm (M), grande < 18cm (G) e muito grande > 18 cm (X)
,
tabela
1
. Considerando um peso médio de 100g a densidade de estocagem inicial foi
estimada em 3,72 Kg/ m
3
.
25
2
.3.1
Alimentação
A alimentação era fornecida duas vezes ao dia, às 7:30 e 17:00,
desconsiderado o horário de verão. A ração era composta de miocárdio bovino
fresco mais ração em flocos Nutral
®
na proporção peso por peso de 7 : 1, moídos
finamente em moedor industrial. Posteriormente era congelada em fôrmas de cubos
de gelo. 15 minutos antes do arraçoamento a ração era retirada do
Freezer
para
descongelamento. A quantidade oferecida era suficiente para o consumo total
durante 5 a 6 minutos. Uma pinça cirúrgica auxiliava o procedimento, não havendo
contato direto das mãos com o alimento.
Amostra do miocárdio bovino foi enviada ao Laboratório de Nutrição do
Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG para análise
brom
atológica
.
Con
siderando o resu
ltado
, os níveis de garantia nutricional da ração
em flocos e a proporção entre os
dois ingredientes obteve
-
se a
composição
da ração
oferecida,
tabela
2.
Tabela
1: G
rupos separados para acasalamento.
Grupo
N
o
de
animais
Linhagens
Tamanho
1
4
turquesa-vermelho
X
2
7
pigeon blood marlboro
M
3
4
azul sólido
G
6
selvagem
S. aequefasciatus
1
pele de cobra
5
5
pele de cobra
M
6
5
azul cobalto
M
7
10
pigeon blood
M
4
selvagem
S. discus
1
turquesa-vermelho
2
turquesa-vermelho
2
azul sólido
Total
51
9 M
4 G
8 X
26
2
.3.2 Renovação de água
Uma troca de água diária automática, às 18:00, foi regulada em cada registro
para 5% do volume de cada aquário. 3 vezes por semana realizava-se sifonagem
manual para limpeza do material sedimentado nos aquários. A cada sifonagem
aproximadamente 30% do volume era renovado. O efluente de troca automática e
de sifonagem seguiam por meio de calhas para reservatório com lâmina d`água ao
nível do solo, exterior à estufa, para posterior irrigação de horta e jardim. Estimou-
se,
dessa maneira, uma taxa de renovação semanal de 1,25, ou média diária de 0,179,
que equivalem a um consumo mensal de
cerca de
8 m
3
, considerando a evapora
ção
de 10% durante o período. A evaporação era
minimizada
pela estufa com pouca
circulação de ar, pela atmosfera interna muito úmida e pelas tampas dos aquários.
2
.3.3 Aquecimento
A situação climática não permitia a operação sem um sistema de aquecimento
auxiliar a estufa. A água nos aquários era mantida à 28º C
C por termostatos
eletrônicos
(anexo 3) individuais conectados a resistências de 300w localizadas
imediatamente abaixo dos filtros biológicos, figura 4E. Permanentemente, um
termômetro para mon
itoramento em cada aquário.
Tabela
2: Composição
nu
tricional de ingredientes e ração oferecida. Miocárdio bovino in natura
;
ração Nutral
®
, ração obtida com os dois ingredientes na proporção 7:1, respectivamente. Matéria
natural (MN) e Matéria seca (MS).
Miocárdio
in natura
Ração Nutral
®
% na MN % na MS
Umidade
78,01
12 (máx)
71,80
-
Proteína
18,14
40 (mín)
21,48 76,17
Extrato etéreo
2,26
5 (mín)
2,68 9,50
Fibra
0,00
3 (máx)
0,39 1,37
Minerais
1,04
13 (máx)
2,61 9,25
Cálcio
0,04
5 (mín)
0,68 2,41
Fósforo
0,15
1,8 (mín)
0,37 1,30
Ração composta oferecida
27
2
.3.4 Separação de casais
Os casais formados eram isolados dos demais integrantes do grupo, figura 4F
,
logo que apresentavam comportamento típico de corte e nidificação. A proeminência
e hiperemia da papila genital feminina, a limpeza com a boca de substrato vertical e
contrações musculares com aspecto de tremor, são sinais de postura próxima
(DEGEN, 1995). Para isolamento usavam-se as divisórias móveis. Esperava-se o
casal ir a uma margem do aquário e inseria-se a divisória. Um puçá auxiliava o
procedimento apenas para conduzir, sem tocar, o casal ou outro peixe para o lado
do aquário desejado. Desta maneira os peixes não eram capturados ou manipulados
o que contribuía para prevenção do estresse e seus efeitos negativos. Essa
ope
ração, assim como outras que eram potencialmente estressantes, ocorriam
duas a três horas após o arraçoamento, prevenindo problemas digestivos.
Um casal formado que teve desova com taxa de fertilidade nula foi
desconsiderado. A fêmea, sexada visualmente no momento da desova, foi
reencaminhada para acasalamento. O pressuposto macho foi descartado. Essa
fêmea acasalou-se novamente e produziu desovas férteis, que também não foram
consideradas no registro de dados para o trabalho.
28
Peagômetro
H
3
PO
4
Deionização
Compressores
de ar
T
Rede de
abastecimento
Filtro 10
Exterior à estufa
Interior à estufa
AQ1
AQ2
AQ3
AQ4
T
Filtros mecânico, biológico,
recalque e ladrão
Temporizador
Fluxo de recirculação
Fluxo de abastecimento
Fluxo de efluente
T
Filtro 10
e
Carvão Ativado
Filtro 1
Sistema de incubação
O
3
e UV
Mistura de sais
Ca
++
e Mg
++
Peagômetro
Condutivímetro/ TDS
Legenda
Reservatório de abastecimento
Fluxo de sifonagem
Horta e jardim
Reservatório
de efluente
Termostato/
Aquecimento
Termômetro
Bomba d`água
R
R
R
R
Registros / torneiras
R
R
R
R
R
R
R R
R R R R
Peagômetro
H
3
PO
4
Deionização
Compressores
de ar
TT
Rede de
abastecimento
Filtro 10
Exterior à estufa
Interior à estufa
AQ1
AQ2
AQ3
AQ4
TT
Filtros mecânico, biológico,
recalque e ladrão
Temporizador
Fluxo de recirculação
Fluxo de abastecimento
Fluxo de efluente
TT
Filtro 10
e
Carvão Ativado
Filtro 1
Sistema de incubação
O
3
e UV
Mistura de sais
Ca
++
e Mg
++
Peagômetro
Condutivímetro/ TDS
Legenda
Reservatório de abastecimento
Fluxo de sifonagem
Horta e jardim
Reservatório
de efluente
Termostato/
Aquecimento
Termômetro
Bomba d`água
R
R
R
R
Registros / torneiras
R
R
R
R
R
R
R R
R R R R
Figura 3: Diagrama esquemático das instalações utilizadas na
piscicultura
.
29
Figura 4: Estrutura física da piscicultura
.
A: Reservatório de abastecimento, local do pré-
tratamento.
Estufa em segundo plano. B:
1. calha de drenagem superficial. 2. Filtro mecânico. 3. Tubulação do
recalque
.
C:
Interior da estufa.
1 e 2: aquários de 275 L; 3 e 4: aquários de 410 L. 4. D:
seta: divisória
móvel encaixada; 1: cantoneira para divisória; 2: registro de abastecimento. E:
1. calha de drenagem
superficial. 2. Filtro mecânico. 3. bomba de recalque. 4. Tubulação do recalque. 5
. Sensor termostato/
aquecedor. 6. Dreno de nível
.
F:
acasalamento; esquerda: casal azul sólido formado; direita: grupo 2
pigeon blood marlboro.
A
B
C
D
E
F
1
2
3
1
1
2
6
4
5
1
2
3
4
3
30
2
.4
Incubação
Todas desovas obtidas dos casais selecionados eram submetidas à cria
artificial no Sistema de Incubação (SI)
.
O SI utilizado foi o segundo protótipo, dos
três construídos ao presente. A figura 5 apresenta um diagrama esquemático e
layout
do SI utilizado. A montagem do SI foi baseada nos princípios de
funcionamento descritos no Pedido de Registro de Patente protocolado junto ao
Instituto Nacional de Propriedade Industrial
INPI, pela UFRPE (PI 0302617
-
5).
2
.4.1 Sistema
de I
ncubação (SI) (UFRPE, 20
03
; MORAIS, 2003
)
O controle de qualidade da água de chegada iniciava-se através de adsorção
por carvão ativado, filtragem micrométrica (10 e 1 m em linha, elemento filtrante em
celulose impregnado com carvão ativado no filtro 10 m), e deionização com res
inas
cati
-
aniônicas básicas
(anexo 4)
.
O condicionamento térmico da água do RI foi feito com termostato eletrônico e
aquecedor
(anexo 3). O controle térmico da água nas UI`s pela substituição
periódica com água termicamente condicionada e pela disposição
parcialmente
submersa dessas no RI, dito banho Maria .
Temperatura,
Sólidos Dissolvidos Totais (TDS) e pH foram monitorados
constantemente através de sensores dispostos no RI de maneira permanente.
A manutenção da qualidade microbiológica da água do RI foi realizado com
lâmpada UV, ozonização e bombeamento de recirculação.
Seis
UI`s eram contidas no Reservatório de Incubação (RI) de 0,90m x 0,40m x
0,45m com 150L úteis. As UI`s foram feitas com baldes plásticos e conexões de
drenagem de cor branca. Os cestos móveis (LEITRITZ, 1972) respectivos foram
feitos a partir de frascos cilíndricos de polietileno de cor leitosa, 14cm de diâmetro
com fundo recortado e
tampa vazada preenchida com tela 100
.
A manutenção da qualidade da água nas UI`s e respectivos cestos móveis
processou
-
se pela substituição periódica programada por temporizador em linha com
bombeamento, distribuição, controle de fluxo, fluxo descendente e drenagem de
sedimentos (TIMMONS, S
UMMERFELT & VINCI, 1998)
.
31
O SI era abastecido por uma derivação por gravidade do reservatório externo à
estufa.
Como apresentado na figura 5, a água de abastecimento (1) segue pelo filtro
de carvão ativado (2), pela filtragem micrométrica 10 e 1 m em seqüência (3) e pela
coluna de deionização (5). Neste ponto, uma passagem paralela e registros (4)
que permitem o desvio
da
deionização. A água é liberada no RI (7) por bóia de nível
com regulagem vertical (6) responsável pela manutenção do vel de água des
ejado
do RI (2
3
).
A água no RI foi termicamente condicionada por aquecimento (8) regulado por
termostato eletrônico (9) e respectivo sensor térmico (8). A temperatura era mantida
à 29º C +/- 0,3 aferida diariamente. Um termômetro digital, ligado permanente
mente,
tinha sensor
imerso
no RI.
A recirculação no RI foi feita da seguinte maneira: injeção de ar com ozônio
(10), produzido no gerador próprio com fluxo regulado (11). O ar com ozônio era
injetado por difusor em câmara contendo uma bomba submersa
400
L/ h (12a) que
por sua vez elevava a água até a calha contendo lâmpada
ultravioleta
. Com 6W de
potência e comprimento de onda nominal de 254 nm (12b) era ligada a reator
elétrico próprio (13). A lâmina d`água formada sobre a calha possuia 0,7cm de
profundid
ad
e, com vazão aferida de 396 L/ h. A dose mínima de radiação estimada,
12660 µW.s/ cm
2
, foi o produto da intensidade e do tempo de exposição pela área,
considerando
-
se o aproveitamento de 1/3 das ondas luminosas, 6W/ 3 = 2000mW.
A
calha da UV era totalmente opaca não permitindo extravasamento de qualquer
luminosidade
(ROTHE, 1991). Após a calha, a água ia ao habitáculo da bomba
d`água (14), vazado em seu fundo e mantido afastado da base do RI. A bomba, com
vazão máxima de 400L/ h era acionada conforme a programação do temporizador
(15)
.
Utilizaram
-se duas programações de temporização, conforme tabela 3
.
A água
teve seu fluxo regulado e aferido (16) individualmente para cada Unidade de
Incubação (UI)
em 0,3L/ min
.
32
Os volumes de reposição das programações A e B
somaram
477
L durante 15
dias de incubação
. Adicionado do volume usad
o nos primeiros três dias (10,2
L), e da
limpeza e desinfecção diária, (91,8 L), resultou
em
579
L, ou seja, um consumo por
desova de aproximadamente 1,
34
L/ h durante 18 dias de incubação (3 dias pré e 15
pós
-
eclosão).
Internamente à UI`s (17) era acoplado o cesto móvel (18). O cesto recebia
aeração
(19), com fluxo regulado (21) em 0,05L/ min, aferido com béquer 20ml
submerso captando as bolhas. Um compressor de diafragma fornecia o ar
ne
cessário (20). A drenagem da UI era feita por orifício central em sua base que se
ligava ao dreno articulado (22). O vel de água nas UI`s (24) era controlado pela
altura da parte externa ao RI dos drenos articulados (22), que
possuíam
nessa
porção conexã
o que permitia a mobilidade para controle de altura.
liga
desliga
intervalo
ligado
volume
reposto (L)
liga
desliga
intervalo
ligado
volume
reposto (L)
07:30 07:45
0:15:00
4,50
12:10 12:35
0:25:00
7,5
09:40 10:00
0:20:00
6,00
16:40 17:05
0:25:00
7,5
12:00 12:20
0:20:00
6,00
13:40 14:05
0:25:00
7,50
15:20 15:45
0:25:00
7,50
17:00 17:25
0:25:00
7,50
18:20 18:45
0:25:00
7,50
19:40 19:55
0:15:00
4,50
Totais
2:50:00
51,00
Totais
0:50:00
15,00
Horário Horário
Programação A Programação B
Tabela
3
:
Temporização da substituição de água da Uni
dade de Incubação (UI). P
rogramação A, usada
do 1º ao 7º dia pós
-
eclosão.
Programação B, usada a partir do 8º dia pós
-
eclosão.
33
2
.4.2
Adição de mistura para dureza
A água do RI era adicionada de mistura de sais de cálcio e magnésio
diariamente. 150g/ L Carbonato de Cálcio, 50g/ L Carbonato de Magnésio e água
deionizada compunham a mistura estocada em recipiente de 5L. O sobrenadante,
após decantação, era utilizado diretamente no RI, o sedimentado era descartado.
Figura
5: Descrição esquemática do Sistema de Incubação (SI)
.
1:
Abastecimento.
2:
Filtro carvão
ativado.
3:
Filtro mecânico m e 10µm.
4:
Salto opcional pela filtragem/ deionização. 5
:
Deionização
.
6:
Bóia de nível.
7:
Reservatório de Incubação (RI).
8:
Sensor térmico e resistência
elétrica.
9:
Termostato eletrônico.
10:
Câmara ozonização.
11:
Gerador de ar com O
3
.
12a:
Bomba
sub
mersa.
12b:
Calha UV.
13:
Reator UV.
14:
Bomba submersa em habitáculo.
15:
Temporizador
eletrônico.
16:
Regulagem fina de fluxo.
17:
Unidade incubadora (UI).
18:
Cesto móvel.
19:
Difusão
de ar.
20:
Compressor de ar. 21: Regulagem fluxo de ar.
22:
Dreno
art
iculado
.
23:
Nível d`água do
RI.
24:
Nível d`água da UI.
Detalhe:
layout
de Sistema com seis unidades incubadoras.
6
34
Diariamente cerca de 0,4L da mistura era adicionada ao RI, um sensor
condutivímetro/ TDS balizava o ajuste para 150
200mg/ L de TDS.
2
.5
Manejo de ovos e larvas
Além dos aspectos estruturais, aqueles relacionados ao manejo foram
preponderantes. Todos os procedimentos operacionais buscaram a maior limpeza e
a menor contaminação da água, equipamentos, utensílios e alimentação. A linha de
manejo geral obedecia a seguinte ordem de execução:
primeiramente
todos
procedimentos da incubação e;
após,
todos procedimentos do acasalamento e
manutenção de casais, incluindo a retirada do suporte de desova (
LEITRITZ, 1972)
.
O suporte de desova com os ovos aderidos era transferido para o SI logo após
a postura, figura 6A. Era posto em uma UI de 3,4L úteis, equipada com aeração por
difusor tipo pedra porosa e fluxo de ar regulado para 0,3L/ min, aferido com
fluxômetro de esfera. A primeira contagem, que fornecia o número de ovos da
desova, realizava-se nesse momento. A UI recebia, então, 0,5 mL de Azul de
Metileno 1% para fins de desinfecção profilática. Vinte e quatro e quarenta e oito
horas após, os ovos de cor esbranquiçada e/ ou cobertos com camada de aspecto
típico de mofo, presumidamente inviáveis, eram retirados com auxílio de pipeta e
pinça (LEITRITZ, 1972).
Eram
armazenados em frasco com formalina tamponada
10% para posterior contagem do número de ovos não eclodidos. Ovos viáveis
desgarrados, sedimentados no fundo da Unidade de Incubação (UI) durante o
primeiro e segundo dias eram transferidos com auxílio de pipeta desinfetada para o
cesto móvel
acoplado à UI
.
As larvas eclodiam durante o terceiro dia, figura 6B, quando os ovos nã
o
eclodidos, parcialmente eclodidos, aderidos ao suporte ou soltos, eram recolhidos. A
contagem dos ovos acumulados no frasco com formalina nos três dias pré
eclosão
era realizada em seqüência. O valor encontrado subtraído do total de ovos da
desova, resultando o número de larvas eclodidas. Após, o suporte de desova era
retirado; auxiliava um suave fluxo de água, produzido com a pipeta, para remover
larvas ainda nele aderidas. Todas as larvas eram translocadas com a pipeta para
cesto móvel em outra UI equip
ada com aeração e sem Azul de Metileno.
35
Um
dia pós
-
eclosão, as larvas vitelínicas, com movimentação intensa da cauda,
aderem
-
se às superfícies internas da UI e entre si, formando aglomerados circulares,
unidas pela extremidade anterior do corpo, local das
glândulas adesivas
, figura 6
C
.
2.5.1 Translocação diária das larvas para cesto móvel devidamente
desinfetado
Diariamente, às 20:00, as larvas eram transferidas de uma UI a outra
previamente limpa, desinfetada e com água de incubação. Uma luminária com
lâm
pada fluorescente 15W permanecia acesa durante
ess
a operaç
ão
. O
procedimento era realizado com pipeta e puçá de malha rígida 150 - 170µ. A pipeta
era adaptada com uma pêra para facilitar a sucção, e o puçá era preso internamente
a UI que continha as larvas. Após cada sucção as larvas eram descarregadas
suavemente dentro do puçá. Com todas as larvas no puçá, despejava-as no cesto
móvel da próxima UI; auxiliava fluxo de água, produzido com a pipeta, sobre o puçá
virado acima do cesto móvel.
2
.5.2 Limpeza e d
esinfecção da UI, cesto móvel e demais utensílios.
Os procedimentos de limpeza e desinfecção foram diários e realizados
imediatamente após o procedimento de transferência do suporte com desova ou
translocação de larvas
. Para limpeza da UI e cesto móvel era
m utilizados esponja de
de vidro, escova de cerdas de
nylon
e água clorada (Hipoclorito de sódio 0,002
mL
/ L). Após a limpeza, a UI era enchida com água superclorada (Hipoclorito de
sódio 0,02mL/ L) e o cesto móvel imerso na mesma por cerca de 10 horas,
finalizando com a drenagem total, enxágüe com água do RI e enchimento com água
de incubação. Este procedimento foi executado sem respingos que poderiam
contaminar o RI e outras UI com cepas de microorganismos ou mesmo com a
solução de hipoclorito, de alta toxicidade.
2
.5.3 Alimentação das larvas
As larvas começavam a alimentar a partir do terceiro
ou
quarto dias pós-
eclosão. O parâmetro para decisão do início do arraçoamento entre um dos dias era
a ausência visual do vitelo e a natação no sentido horizontal (
WATTLEY
, 1991)
,
figura 6D e E. A ração úmida utilizada (LEITRITZ, 1972) tinha os seguintes
36
ingredientes: gemas de ovos de galinha, cozida e crua, clara de ovo crua, pólen de
abelha e
Spirulina
em pó, figura 7A. De consistência pastosa à temperatura
ambi
ente, era congelada em sacos plásticos formando placas de 3 a 4mm de
espessura,
figura 7B. Diariamente uma fração de 1 a 2g era quebrada,
descongelada, adicionada de nauplius de
Artêmia
recém eclodidos na proporção de,
aproximadamente, 1:3 do volume da ração (
WATTLEY
, 1996), figura 7C. A mistura
formada,
figura 7D, era aplicada sobre o alimentador, com o dedo indicador envolto
em plástico para fins de minimização de contaminação, formando uma fina camada,
figura 7E. O alimentador, feito em vidro 3mm de cor escura, com uma superfície útil
de 48 cm
2
, depois da aplicação era descansado por alguns minutos até a secagem
da camada aplicada. Após, era apoiado com suas abas no cesto móvel da UI,
figura
7F.
No terceiro ou quarto dia as larvas começavam a apresentar capacidade de
apreensão e deglutição de presas móveis
,
figura 6G. Então recebiam nauplius vivos
de
Artemia
recém eclodidos, além do arraçoamento sobre o alimentador. A ração
pastosa adicionada de nauplius era administrada até o sétimo dia pós-eclosão. A
aer
ação era regulada para 0,2L/ min a partir da translocação das larvas no fim do
sétimo dia pós-eclosão. A partir do oitavo dia, até os 30 dias pós-eclosão, a única
alimentação era constituída exclusivamente de nauplius de
Artemia
(CHONG,
et al,
2002),
oferecidos três vezes ao dia, às 7:10, 12:40 e 17:30, de maneira que
houvesse sobra de aproximadamente de 1/10 da quantidade fornecida no momento
da alimentação seguinte, ou seja, ad libtum. A renovação de água também era
modificada a partir do oitavo dia, como mencionado, foi programada para três
trocas diárias durante os minutos anteriores à administração de nauplius.
37
Figura
6:
Desenvolvimento larval na Unidade de Incubação (UI). A: tubo de PVC 150mm
de
diâmetro, substrato
com
desova a durante a tranferência do aquário para a UI. B: larvas recém-
eclodidas ainda aderidas ao substrato de desova apresentando grande quantidade de vitelo,
momento anterior à translocação para o cesto móvel da UI. C: segundo dia pós-
eclo
são, larvas no
cesto móvel, notar a diminuição do vitelo e a formação radial típica provocada pela adesividade da
cabeça.
D:
terceiro dia pós
-
eclosão, larvas com vitelo quase totalmente absorvido, sem adesividade e
começando a nadar verticalmente. E: pr
imeira alimentação no terceiro ou quarto dia, nem todas as
larvas começam a se alimentar simultaneamente.
F:
quarto dia pós-
eclosão à noite, notar a
aglomeração sobre o alimentador sem ração.
G:
quinto dia pós-
eclosão, além da ração as larvas
recebem naupl
ius de artêmia, notar a coloração alaranjada do ventre indicando o início de consumo
direto do crustáceo.
A
B
C
D
E
F
G
38
Figura
7: Manejo alimentar. A:
ingredientes da ração: gemas de ovos de galinha crua e cozida,
clara de ovo, pólen de abelha
Apis
e Spirulina em pó. B:
ração congelada em forma de placa
acondicionada em embalagem plástica
.
C: adição de nauplius de
Artemia
recém eclodidos à ração
descongelada.
D: mistura adicionada de nauplius de
Artemia
recém eclodidos para aplicação no
alimentador.
E: aplicação da mistura no alimentador. Notar o dedo aplicador envolvido em plástico.
F:
disposição do alimentador no cesto móvel da Unidade de Incubação
(UI)
.
A
B
C
D
E
F
39
2
.6
Contagem de óbitos diários
Durante qualquer inspeção de rotina e após a translocação diária das larvas, os
cadáveres eram recolhidos
. Usava
-
se pipeta 5mL para retirá
-
los da UI e depositá
-
los
em frasco com formalina tamponada 10%. Os óbitos eram contados e anotados
diariamente em ficha individual fixada em prancheta junto ao SI (
anexo
5).
2
.7 Iluminação noturna
Uma lâmpada incandescente de 3W era acesa no interior da estufa das 17:00
às 06:45 horas do dia seguinte. O alimentador era mantido sem ração no cesto
móvel durante o período noturno do terceiro ao nono dia pós-eclosão, com a
finalidade de ser referência visual para as larvas
,
fig
ura 6F
.
2
.8 Manejo de incubação de cistos e nauplius de
Artemia
A solução para eclosão era preparada e estocada em recipiente plástico com
volume de 50L. Aproximadamente 48L de água do abastecimento publico, 1,1Kg de
Cloreto de Sódio, 10g de Bicarbonato de Sódio, 5g de Sulfato de Cálcio e 5g de
Sulfato de Magnésio eram usados na mistura. A salinidade era ajustada e aferida
indiretamente com densímetro em 1,025. Após estocagem era adicionada de 1mL de
Hipoclorito de Sódio 2,5%.
Diariamente 1g de cistos era incubado em recipiente cônico com 1,5L de água
salgada equipado com aeração e drenagem por via comum no vértice da parte
baixa,
figura 8A. Iniciando-se no primeiro dia pós-eclosão, de maneira que no
terceiro dia, início da alimentação exógena, era garantido o suprimento de nauplius
frescos para incorporação na ração. Os cistos utilizados, Saltcreek® de
Utah
, EUA,
eclodiam em 36h
-
48h à temperatura de 22
3
º C
e densidade 1,025.
Os nauplius eram recolhidos após aeração desligada por 10 minutos, figura 8A
.
Para adicionar à ração usavam-se apenas os nauplius sedimentados, com até 6
horas de eclosão. Eram recolhidos através da drenagem inferior em filtro de
nylon
tipo coador de café, figura 8B. O conteúdo do filtro era lavado com água clorada
,
figura 8C. Após, o excesso de água era drenado com auxílio de toalha de papel,
figura 8D, e recolhido com colher de chá para mistura à pasta, figura 8E
.
Todo
40
excedente do preparo da mistura assim como nauplius de idade mais avançada,
com 1 ou 2 dias de eclosão eram fornecidos aos alevinos de 20 ou mais dias. As
incubadoras de
Artemia
eram lavadas com detergente neutro e esponja de de
vidro e enxaguadas antes de serem novamente utilizadas.
41
Figura
8
:
Manejo de nauplius de
Artemia
.
A: incubadoras de
Artemia
. 1. incubadora com nauplius
e
clodidos após aeração desligada por 10 minutos. Nauplius, cor alaranjada, sedimentados e
acumulados na mangueira de aeração e drenagem. 2 incubadora com cistos para fornecimento no
dia seguinte. B: drenagem de nauplius da incubadora para filtro de nylon. C:
lavagem dos nauplius
com água clorada da rede pública de abastecimento. D:
retirada do excesso de água com papel
toalha. E:
colheita dos nauplius prontos para mistura à ração.
A
B
C
D
E
1 2
42
3 Resultados
Durante o período de 1182 dias sete casais produziram 12906 ovos em 41
desovas. O número de ovos por desova variou de 111 à 620. A média de ovos por
desova foi de 314,78 com CV = 48%. A média de larvas eclodidas por desova foi
de
253,15 e CV = 58%. A média de larvas vivas aos 15 dias pós-eclosão por desova foi
de 208,37 e CV = 65%, tabela 4. O percentual de sobrevivência aos 15 dias pós-
eclosão, relativo ao total de larvas eclodidas, foi de 82,31%. Os percentuais, máximo
e mínimo, de sobrevivência aos 15 dias pós-eclosão por desova, foram,
respectivamente de 91
,98 e 53,9
7%
.
As desovas variaram de 3 a 9 por casal durante o período. O número médio de
desovas/ casal/ ano foi de 1,88. Apenas três desovas ocorreram entre os meses de
abril e agosto, sendo que nenhuma desova foi registrada nos meses de abril, junho e
agosto, co
nforme
figura 9
.
Os valores acumulados por casal são resumidos na figura 10
.
Datas, totais e
valores relativos de ovos produzidos, larvas eclodidas e larvas vivas 15 dias pós-
eclosão para cada desova são apresentados na tabela
5.
Valor
Intervalo médio entre desovas de mesma estação reprodutiva (dias)
12,14
Intervalo médio entre desovas de estações reprodutivas sequentes (dias)
193
Média de ovos por desova
314,78
Média de larvas eclodidas por desova
253,15
Média de larvas vivas 15 dias pós-eclosão
208,37
Média de desovas/ ano/ casal
1,88
Média de larvas vivas/ ano/ casal
391,97
Índice
Tabela
4
: Í
ndices obtidos
pelo trabalho
.
43
Considerou
-se para os dados analisados o valor de 126 dias, do intervalo entre
a primeira e segunda desovas do casal 4, como limite inferior de intervalo entre
desovas de estação reprodutiva seqüente, portanto, o valor imediatamente inferior,
Figura 9:
Freqüência de desovas mensais durante o período
de 1182 dias.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov dez
mês
Número de desovas
Figura 10:
Ovos, larvas eclodidas, óbitos e larvas vivas 15 dias pós
-
eclosão acumulados por casal
no período de 1182 dias em 41 desovas.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Casal 1 Casal 2 Casal 3 Casal 4 Casal 5 Casal 6 Casal 7
Ovos
Larvas eclodidas
Óbitos
Sobrevivência 15 dias
s-eclosão
44
41 dias, do intervalo entre a segunda e terceira desovas do casal 3, foi considerado
limite superior para intervalo entre desovas de uma mesma estação reprodutiva.
Desta forma o período entre desovas da mesma estação reprodutiva mínimo foi de 4
dias e máximo de 41 dias, O período entre desovas de estações reprodutivas
seqüentes, mínimo e máximo, de 126 e 292 dias, respectivamente. Os casais 1, 5 e
6 apresentaram apenas uma estação reprodutiva no período, tabela 6. A média e o
desvio médio (DM) para os períodos entre desova da mesma estação reprodutiva e
desova de estações reprodutivas seqüentes foram, respectivamente, X = 12,14 dias
e DM = 6,66; e X =193 dias e DM = 45.
45
Data
Casal
Desova
Ovos
Larvas
eclodidas
(%)
Larvas vivas 15
dias pós-eclosão
(%)
20/09/1998
1
1
430
374
(86,98)
344
(91,98)
28/09/1998
1
2
384
299
(77,86)
258
(86,29)
05/10/1998
1
3
393
290
(73,79)
244
(84,14)
11/10/1998
1
4
266
215
(80,83)
179
(83,26)
20/10/1998
1
5
305
244
(80,00)
199
(81,56)
28/10/1998
1
6
253
164
(64,82)
122
(74,39)
20/01/1999
2
1
261
186
(71,26)
151
(81,18)
26/01/1999
2
2
309
284
(91,91)
250
(88,03)
03/02/1999
2
3
277
210
(75,81)
169
(80,48)
14/02/1999
2
4
198
170
(85,86)
118
(69,41)
22/02/1999
2
5
206
125
(60,68)
89
(71,20)
01/03/1999
2
6
160
105
(65,63)
74
(70,48)
10/03/1999
2
7
132
69
(52,27)
44
(63,77)
20/07/1999
3
1
509
482
(94,70)
440
(91,29)
30/12/1999
3
2
436
349
(80,05)
305
(87,39)
02/01/2000
2
8
446
386
(86,55)
327
(84,72)
02/02/2000
3
3
434
388
(89,40)
339
(87,37)
13/03/2000
3
4
322
277
(86,02)
217
(78,34)
09/07/2000
4
1
613
549
(89,56)
488
(88,89)
15/11/2000
4
2
472
431
(91,31)
387
(89,79)
13/12/2000
4
3
303
218
(71,95)
161
(73,85)
28/12/2000
7
1
221
162
(73,30)
130
(80,25)
07/01/2001
7
2
187
130
(69,52)
104
(80,00)
18/01/2001
7
3
193
126
(65,28)
68
(53,97)
26/01/2001
7
4
142
109
(76,76)
69
(63,30)
04/02/2001
7
5
140
78
(55,71)
49
(62,82)
13/02/2001
7
6
111
66
(59,46)
39
(59,09)
22/02/2001
5
1
219
176
(80,37)
142
(80,68)
01/03/2001
5
2
341
310
(90,91)
262
(84,52)
07/03/2001
5
3
202
149
(73,76)
102
(68,46)
15/03/2001
5
4
187
148
(79,14)
111
(75,00)
19/03/2001
5
5
143
112
(78,32)
93
(83,04)
27/03/2001
5
6
179
98
(54,75)
64
(65,31)
21/05/2001
4
4
514
362
(70,43)
261
(72,10)
05/09/2001
6
1
721
678
(94,04)
591
(87,17)
22/09/2001
7
7
299
235
(78,60)
210
(89,36)
01/10/2001
7
8
243
194
(79,84)
166
(85,57)
03/10/2001
6
2
509
421
(82,71)
351
(83,37)
10/10/2001
7
9
202
129
(63,86)
78
(60,47)
28/10/2001
6
3
424
366
(86,32)
294
(80,33)
14/12/2001
4
5
620
515
(83,06)
454
(88,16)
Totais
12906 10379
(80,42)
8543
(82,31)
X
314,78
CV
0,48
253,15
0,58
208,37
0,65
Tabela
5
: Datas, totais e valores relativos de ovos, larvas eclodidas e larvas vivas 15 dias
pós
-
eclosão.
X: Média; CV: Coeficiente
de variação.
46
O número de óbitos diários por desova variou de 0 a
28
(
0
a 28%)
do número
de larvas eclodidas na respectiva desova.
O percentual diário de óbitos, relativo ao número de óbitos acumulados por
casal até os 15 dias pós-
eclosão,
variou de 0,42 a 22,36%. Após o oitavo dia pós-
eclosão o percentual diário de óbitos acumulados por casal manteve-se menor que
5%,
figura 11
.
A totalização do número de óbitos revelou que 74,4% dos óbitos ocorreram
durante os seis primeiros dias pós-eclosão. Os maiores números de óbitos
aconteceram no 1º, e dias pós-eclosão, 14, 15 e 16,7%, respectivamente,
figura 12
.
1 2 3 4 5 6 7
1 - 2
8 6
32
126*
9
28
9
2 - 3
7 7
41 28
6
25 11
3 - 4
6
11
160* 158*
8 8
4 - 5
9 8
203*
4 8
5 - 6
8 9 8 9
6 - 7
9
219*
7 - 8
292*
9
8 - 9
9
Tempo/ dias
Intervalo entre
desovas
Casal
Tabela
6
: I
ntervalo de tempo entre desovas.
* Considerados intervalos relativos a desovas ent
re estações reprodutivas seqüentes.
47
Figura
12
: T
otal de óbitos diá
rios acumulados até 15 dias pós
-
eclosão e valores percentuais relativos
ao número de óbitos total.
14
,
0
11,4
15
,
0
16,7
6,4
4
,
4
3,1
2
,
3
2,2
2
,
1
1,8
1,9
1
,
4
10,2
7,1
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15
Dias pós-eclosão
Óbitos
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
Óbitos (%)
total de óbitos
%
Figura
11
: Óbitos
diários acumulados por casal até 15 dias pós
-
eclosão, percentual relativo ao número
de óbitos total acumulado por casal.
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9
10 11
12
13 14 15
Dias pós-eclosão
% Óbitos
Casal 1
Casal 2
Casal 3
Casal 4
Casal 5
Casal 6
Casal 7
48
4
Discussão
Os
processos de condicionamento e manutenção da qualidade de água foram
satisfatórios paras as variáveis físicas e químicas. Análises microbiológicas, em
termos de unidades formadoras de colônia - UFC, da água do Reservatório de
Incubação (RI)
,
Unidade de Incubação (UI) e efluente substanciariam a mensuração
da eficiência do Sistema de Incubação (SI) em relação às condições sépticas.
C
ontudo
, os registros zootécnicos que subsidiam esse trabalho não contemplavam
análises desse tipo. A utilização de diferentes programações para renovação de
água buscando correlações entre volumes de substituição, condições
microbiológicas e densidade de estocagem devem ser avaliadas futuramente.
A dose estimada de radiação ultravioleta empregada, 12660 µW.s/cm
2
, foi
superior a dose letal para boa parte das bactérias patogênicas, excetuan
do
-se os
esporos; mas menor que as doses letais para fungos, boa parte das leveduras e
maioria dos vírus (LILTVED, HEKTOEN, EFRAIMSEN, 1995) (
anexo
6). Como a
água do RI era livre de material particulado a eficiência da UV na redução da
concentração microbiana foi limitada
apenas
pela radiação incidida, pelo tempo de
exposição, pela profundidade da lâmina d`água exposta e pela taxa de recirculação
no RI (LILTVED, HEKTOEN, EFRAIMSEN, 1995).
Equipam
entos comerciais
normalmente têm níveis de radiação entre 10000 e 30000 µW.s/
cm
2
(anexo
6)
,
sendo que a Associação de Empresas Tecnológicas de Água e Gás da Alemanha
FIGAWA recomenda que a dose mínima no tratamento de potabilização seja de
25000 µW.s/ cm
2
(ROTHE, 1991), ou seja, quase duas vezes o valor da dose
utilizada.
É uma recomendação para sistema de desinfecção de única passagem,
sem recirculação, ao contrário do utilizado. A dose de ozônio não foi mensurada, o
volume fluído de ar com ozônio foi o
bastante para fazer
-
se sentir pelo olfato.
A cria artificial, ainda que não praticada pela maioria dos piscicultores, é o
método que apresenta maior produtividade. A necessidade de manejo constante, o
maior número de operações diárias e os custos de implementação devem ser os
fatores que afastam os produtores desse sistema de produção, além dos aspectos
etológicos e nutricionais citados. A aplicação do SI em produções comerciais deve
49
ser avaliada economicamente. O aumento da produtividade
pode
não se relaci
ona
r
ao incremento da economicidade. A implementação de um sistema de incubação
intensivo, tal qual apresentado, além dos custos de instalação, possui custos fixos a
serem contabilizados na análise de viabilidade.
O emprego da cria artificial pode trazer em longo prazo a descaracterização do
comportamento natural de cuidado parental. Nesse sistema de cria a pressão de
seleção para indivíduos que apresentem hábitos não benévolos à prole é eliminada.
Dessa maneira casais de boa ou má índole geram descendent
es da mesma forma,
ao contrário do sistema natural cuja descendência só vai a termo caso os pais sejam
cuidadosos.
O percentual de sobrevivência larval de 82,31% é próximo dos valores citados
para a cria artificial de
Symphysodon
spp; (FEILLER 1991; WATTLEY; GAN, 1998).
As metodologias utilizadas nessas referências diferem entre si, mas regem-se por
alguns aspectos comuns: renovação de água freqüente, primeira alimentação feita
com ração tendo como principal ingrediente gema de ovo e posteriormente nauplius
de
Artêmia
recém eclodidos. Os mesmos também citam a viabilidade da alimentação
com rotíferos e nematódeo
Panagrellus
sp, porém não se aprofundam na descrição
da técnica.
A praticidade e eficiência do manejo alimentar trabalhado em relação à
alimentação com rotíferos,
Panagrellus
sp, ou outros alimentos devem ser mais
investigados. A substituição do uso de
Artemia
por outros produtos menos
dispendiosos vem sendo alvo de diversas pesquisas (BROMAGE e ROBERTS,
1995). A necessidade de nauplius de
Artemia
até
os 20
-
30 dias pós
-
eclosão parece
distante de ser suplantada por alimentos processados haja vista, a imaturidade do
sistema digestivo das larvas, especialmente em relação à produção de proteases
(CHONG et al, 2002). O manejo de cistos de
Artêmia
utilizado foi satisfatório, mas
poderia ter sido melhor já que não foi empregada iluminação para incrementar a taxa
de eclosão nem enriquecimento nutricional dos nauplius
(BROMAGE
e ROBERTS,
1995).
O grande valor nutricional do ovo é reconhecido. Contudo três aspectos de
ressalva à sua utilização são inerentes: 1. A avidina, glicoproteína presente na clara
50
de ovo crua, possui atividade
antinutricional
pela inibição da absorção de biotina no
intestino (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1993). 2. A necessidade de enzimas
pró
prias de organismos zooplânctônicos para a digestão eficiente dos componentes
peptídicos (CHONG et al, 2002). 3.
Torna
-
se
um excelente meio de cultura,
especialmente quando hidratado, promovendo o crescimento microbiano e seus
conseqüentes efeitos negativo
s.
Os volumes de ração utilizados em larvicultura são relativamente pequenos, por
isso a aplicação de ingredientes nobres em dietas iniciais (LEITRITZ, 1972), como
os utilizados no presente trabalho, é justificada. A necessidade do congelamento
para conservação é um ponto negativo a ser minimizado. O uso de processos de
desidratação
, que proporcionem baixo ônus à qualidade nutritiva, aumentem o
shelf
life
e simplifiquem a conservação devem ser estimulados (NATIONAL RESEARCH
COUNCIL, 1993)
.
Considerando que a temperatura, pH e TDS foram relativamente constantes ao
longo do ano, a distribuição das desovas pelos meses aponta para uma relação com
a variável fotoperiodo. Por tal, o controle do mesmo apresenta-se como uma
potencial ferramenta de planejamento na produção de
Symphysodon
spp a exemplo
do que é praticado em Salmonidae, Ciprinidae e Sparidae (BROMAGE
e
ROBERTS,
1995).
A fecundidade média encontrada foi
41,27%
menor que aquela descrita por
CÂMARA,
2004
. A mesma utilizou metodologia distinta da empregada no presente
trabalho, estimando a fecundidade pelo diâmetro dos ovócitos vitelogênicos
extraídos diretamente do ovário após necrópsia. Uma variável que deve ter
contribuído para a divergência dos resultados é a origem dos animais, pois naquele
foram utilizados exclusivamente espécimes capturados no ambiente natural. O
cativeiro por si, os espécimes selecionados artificialmente e a modificação advind
a
do sistema de cria artificial
tornam a comparação simples e direta dos resultados não
conclusiva.
Não foram encontrados na literatura consultada parâmetros de comparação
para os valores de intervalo entre desovas e número de desovas/ tempo para
Symphysodon
spp. Duas citações dão conta que: 1. quando praticada a cria artificial,
51
o casal com desova segregada tem nova postura na semana seguinte e; 2. fêmeas
com intervalo mais curto entre desovas têm menores fecundidades absoluta por
desova (FEILLER, 1991; DEGEN, 1996).
A tendência marcante do maior número de óbitos nos primeiros dias após a
eclosão foi uma constatação esperada dado ao desenvolvimento da resistência
larval com a idade (
HRUBEC
et al, 2004; BROMAGE e ROBERTS, 1995). As
deformidades físicas e/ ou deficiências metabólicas se expressam fortemente nos
momentos de mudança ambiental. Dois eventos são considerados drásticos às
larvas e devem se relacionar aos picos de mortalidade larval encontrados. São eles:
1. eclosão, o estágio de embrião final evolui para o estágio larval vitelínico
deixando
de ter a proteção própria do ovo e
passando
a ter contato direto com o meio. 2.
alimentação exógena,
no
momento em que o animal infla a bexiga
natatória,
deve
nada
r
horizontalmente
, buscar alimento e ainda digeri
-
lo
.
A definição de manejos zootécnicos ideais passa por testes sob diferentes
condições, onde interagem aspectos intrínsecos e extrínsecos aos ovos e larvas.
A
experimentação sob diferentes condições ambientais, especialmente das que
influenciem diretamente o metabolismo e taxa de crescimento devem resultar no
aperfeiçoamento das técnicas de manejo atuais. Dentre as variáveis físicas a de se
destacar o fotoperíodo e a temperatura que podem ser ajustados no sentido de
aumentar o tempo de alimentação e o consumo alimentar, indiretamente
favorecendo a diminuição do tempo crítico de incubação. Estudos objetivando a
di
minuição do numero de óbitos, ou seja, o aumento da produtividade na larvicultura
de
Symphysodon
spp devem ser concentrados nos 6 primeiros dias pós-
eclosão,
conforme demonstraram os resultados. De encontro à busca de manejos mais
produtivos
um
relato de c
aso
(GARGAS, 1991), traz uma importante indicação sobre
condicionamento químico: a recria de juvenis
Symphysodon
spp em águas com TDS
= 480mg/ L e pH=8,0 proporcionou uma taxa de crescimento quatro vezes maior que
águas com TDS = 60mg/ L e pH=6,0.
52
5
Concl
usões
A utilização do alimentador mostrou-se eficiente. A despeito da simplicidade de
construção e operação não foi encontrada qualquer referência sobre algum artefato
similar. Por isso o uso do mesmo parece ser uma inovação tecnológica de possível
aplica
ção em larviculturas de espécies com comportamento larval semelhante a
Symphysodom
spp.
A quantificação do
rendimento animal na unidade produtiva de forma estimativa
ou factual é predisposição ao controle. Os índices obtidos são por si comparativos e
de
pa
ssível
aplicação no planejamento e operação
nas
pisciculturas de
Symphysodo
n spp. Aspectos dimensionais, estruturais e produtivos, assim como
parâmetros de seleção em programas de melhoramento, ou simples descarte, com
base em aspectos reprodutivos tais quais fecundidade e fertilidade podem ser
subsidiados a partir dos valores médios obtidos no trabalho. Novos trabalhos, em
sistemas semelhantes e distintos, são necessários na definição de métodos mais
produtivos e como arcabouço de comparação.
A repetição em experimentos de larvicultura
muit
as vezes é comprometida
que as características da água de cultivo não são constantes. Características da
água devem ser amplamente controladas com intuito de assegurar que diferenças
encontradas entre diferentes tratamentos experimentais se devem à(s) variável
(eis) manipulada(s). Da mesma maneira, a manutenção dos parâmetros de
qualidade de água é predisponente à garantia de níveis de produtividade constantes
(UFRPE, 2003). Nesse sentido o Sistema de I
ncubação
(SI) apresentado e avaliado
é uma ferramenta de considerável valor.
53
Referências
AU
, D. Crosses & Hybrids.
Diskus brief
. Augsburg, n.4, v. 9, p. 29 -
31, 1994.
AXELROD, H. R. Anyone can raise discus without their parents. In: All about
discus
. 2. ed. Neptune
: T.F.H Publications, 1978. cap. 7, p. 121
-
128.
AXELROD, H. R. Breeding Discus. In: All about discus. 2. ed. Neptune: T.F.H
Publications, 1978. cap. 7, p. 121
-
128.
AXELROD, H. R. Foreword. In: All about discus. 2. ed. Neptune: T.F.H
Publications, 1978. cap
. 7, p. 5.
BREMER, H.; WALTER, U. Histological, ultrastructural and topochemical studies on
the brood care of Symphysodon aequifasciatus Pellegrin 1903.
Gegenbaurs
morphol. jahrb.
, v.132, p. 183
-
194, 1986.
BROMAGE, N. R.; ROBERTS, R. J. (ed.). Broodstock management and egg and
larval quality
. Cambridge: Blackwell Scientific Publications, 1995. 424 p.
BUSCH, S.; DALSGAARD, I.; BUCHMANN, K. Concomitant exposure of rainbow
trout fry to Gyrodactylus derjavini and Flavobacterium psychrophilum: effects on
infect
ion and mortality of host. Veterinary parasitology. v.3, n.117, p. 117 - 122,
nov. 2003.
BUCHMANN, K.; LARSEN, J. L.; DALSGAARD,
I.
Diseases and injuries associated
with mortality of hatchery reared Baltic cod (Gadus morhua L.) larvae.
Acta
veterinaria sc
andinavica
, v.34, n.4, p. 385
390, 1993.
CAFÉ
-
FILHO
, G. A desova do acará-
disco.
Revista de aquariofilia. Rio de Janeiro:
Mergulhar ed., n.6, p. 21-
24, 1988.
CÂMARA, M. R. Biologia reprodutiva do ciclídeo neotropical ornamental acará
disco,
Symphysodon d
iscus
Heckel, 1840 (osteichthyes: perciforme:
cichilidae)
.
2004. 135f. Tese (Doutorado em Ciências, área de concentração em
54
Ecologia e Recursos Naturais) Centro de Ciências Biológicas e da Saúde,
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.
CÂMARA, M.
R.; VERANI, J. R. CHELLAPPA, S. Descrição morfométrica merística e
produção de muco no acará disco,
Symphysodon discus
Heckel, 1840 (osteichthyes:
Cichilidae). In: Congresso de zoologia 24., 2002, Curitiba.
Anais
Curitiba:
Associação Brasileira de Zoologi
a, 2002, p. 319.
CATTIN, P.; CROSIER, P. A nursery that improves zebrafish fry survival.
Methods in cell biology
, v.77, p. 593
-
598, 2004.
CHON
G, A. S. C.; HASHIM, R.; ALI, A. B. Dietary protein requirements for discus
(
Symphysodon
spp.). Aquaculture nutrition, London, v.6, n. 4, p. 275-278, dez.
2000.
CHONG, A. S. C.; HASHIM, R.; ALI, A. B. Assessment of dry matter and protein
digestibilities of selected raw ingredients by discus fish (
Symphysodon
aequifasciata
) using in vivo and in vitro methods. Aquaculture nutrition
,
London, v.8, n. 3, p. 229, sep. 2002.
CHONG, A. S. C., et al. Characterization of protease activity in developing discus
Symphysodon aequifasciata larva. Aquaculture research, v. 33, n. 9, p. 663, jul.
2002.
DEGEN
B. Breeding Discus. In: The proper care of discus. Neptune: T.F.H
Publications, p. 179
-
252, 1995.
DEGEN
B.;
WATTLEY
, J. The world scene: commercial discus breeding in Asia. In:
Discus today
. Neptune: T.F.H Publications, 1996. p. 76
-
87.
FEILLER
, R. Raising discus fish artificially.
Diskus brief
. Augsburg, v. 5, n. 4, p. 1
-
4,
1990.
FEILLER, R. Spirulina
a valuable food additive. Diskus brief. Augsburg, n.4, v. 6,
p. 39
-
40, 1991.
55
FELDBERG, E., et al. Chromosomal evolution of cichlids with a description of 15
karyotypes of Amazonian cichlids. In: Annual meeting of American Society of
Ichthyologists and Herpeto
logists
, 2003, Manaus. Proceedings
Miami:
American
Society of Ichthyologists and Herpetologists, 2003. v. 2, 110 p. p. 62
FISHER
, R. Essentials of genetics, part 2: practice (today). Diskus brief. Isanti, n.1,
v. 4, p. 6
-
9, 1997.
GAN
brothers continue to lead the world in discus production.
Austasia
aquaculture, v.12 n. 4, p. 6
-
10, 1998.
GARGAS, J. Discus growth rate in waters of different hardness. Diskus brief
.
Augsburg, v.6, n. 3, p. 20
-
21, 1991.
GROTMOL, S.; TOTLAND
, G. K.
Surface disinfection of Atlan
tic halibut Hippoglossus
hippoglossus eggs with ozonated sea-water inactivates nodavirus and increases
survival of the larvae. Diseases of
aquatic
organisms, v.39, n.2, p. 89-96, jan.
2000.
HANIF, A.; BAKOPOULOS, V.; DIMITRIADIS, G. J. Maternal transfer of humoral
specific and non-specific immune parameters to sea bream (Sparus aurata) larvae.
Fish & shellfish immunology
, v17, n. 5, p. 411
-
435, nov. 2004.
HEDRICK R.P., et al. Ultraviolet irradiation inactivates the waterborne infective
stages of
Myxobolus c
erebralis
: a treatment for hatchery water supplies.
Diseases of
aquatic
organisms
. v. 10, n. 42 p. 53 59, ago. 2000.
HRUBEC, T. C, ET AL. Age related changes in humoral immune response of hybrid
striped bass (Morone chrysops x Morone saxatilis
).
Veterina
ry immunology and
immunopathology
, v.101 p. 103
-
108, sep. 2004.
KENNEDY, C. J.; MCDONALD, L. E.; LOVERIDGE, R.; STROSHER, M. M.
The effect of bioaccumulated selenium on mortalities and deformities in the eggs,
larvae, and fry of a wild population of cutthroat trout (Oncorhynchus clarki lewisi
).
Archive of environment
contaminant toxicology
, v.39, n. 1, p. 46
-
52, jul. 2000.
56
KOH, T. L.; KHOO G., FAN, L. Q.; PHANG, V. P. E. Genetic diversity among wild
forms and cultivated varieties of Discus (
Symphysodon
spp.) as revealed by random
amplified polymorphic DNA (RAPD) fingerprinting.
Aquaculture
,
v. 173, n. 4, p. 485-
497, mar 1999.
KOHLER, H. W. Addition of table salt to completely desalintated water for breeding.
Diskus brief
. Augsburg, v.7, n. 3, p. 34
-
35, 1992.
KRUMNIS, V.; EBELING, J. M.; WHEATON, F.
Ozone's effects on power
-
law particle
size distribution in recirculating aquaculture systems. Aquacultural engineering
,
v.25, p.13
-
24, 2001.
KULLANDER, S. O. Guide to the South American Cichlidae:
Symphysodon
Heckel.
1998.
Disponível em:
http://www2.nrm
.se/ve/pisces/acara/symphyso.shtml
.
Acesso
em 22/01/2005.
LASKER, R. Use of fish eggs and larvae in probing some major problems in fisheries
and aquaculture. In: AMERICAN FISHERIES SOCIETY SYMPOSIUM, 2., 1986,
Miami. Proceedings
Bethesda:
American fisher
ies society, 1987. p. 1
-
16.
LEITRITZ, E. Hatchery diet ingredients. In: Fish bulletin 107, Trout and Salmo
culture (hatchery methods). 2. ed. California Department of Fish and Game, 1972.
p. 84
87.
______
Feeding practices
feeding wet. In: Fish bulletin 107, Trout and Salmo
culture (hatchery methods). 2. ed. California Department of Fish and Game, 1972.
p. 90
92.
______
Picking eggs. In: Fish bulletin 107, Trout and Salmo culture (hatchery
methods)
. 2. ed. California Department of Fish and Game, 1972.
p. 49
50
______
Trout egg baskets. In: Fish bulletin 107, Trout and Salmo culture
(hatchery methods). 2. ed. California Department of Fish and Game, 1972. p. 51.
______
Fish egg incubators. In: Fish bulletin 107, Trout and Salmo culture
(hatchery method
s)
. 2. ed. California Department of Fish and Game, 1972. p. 54 -
56.
57
LILTVED, H.; HEKTOEN, H.; EFRAIMSEN, H. Inactivation of bacterial and viral fish
pathogens by ozonation or UV irradiation in water of different salinity.
Aquacultural
engineering
, v.14, p
.107
-
122, 1995.
MADSEN, L.; MOLLER, J. D.; DALSGAARD, I. Flavobacterium psychrophilum
in
rainbow trout, Oncorhynchus mykiss (Walbaum), hatcheries: studies on broodstock,
eggs, fry and environment.
Journal of fish disease
, v. 28, p. 39-
47, jan. 2005.
MAJORO
S, G. Mortality of fish fry as a result of specific and aspecific cercarial
invasion under experimental conditions. Acta veterinaria hungarica, v. 47, n. 4, p.
433
-
450, 1999.
MANGOR-JENSEN, AB.; et al. Design and operation of Atlantic halibut,
Hippoglossus
hippogloss L., egg incubators. Aquaculture research. v.29, n.12,
p.887
892, 1998.
MANGOR-JENSEN, AB.; et al. Atlantic halibut, Hippoglossus hippoglossus L., larvae
cultivation literature, including a bibliography. Aquaculture research, v.29, n.12, p.
85
7
886, 1998.
MIOZZO
, R. Esterilizadores de água.
Aquarium
. Nova Iguaçu: Magazine ed., n. 38,
p. 14
19, 2003.
MORAIS, F. B.; MARCELINO, S. C.; SANTOS, A. J. G. Survival of Betta Splendens
under two differents water quality during larval phase care. In: Annual meeting of
World Aquaculture Society
, Salvador 2003
, p. 498
.
MORAIS, F. B.; SANTOS, A. J. G. Structural model for experimentation and
production in fish larviculture
.
In:
Annual meeting of World Aquaculture
Society
,
Salvador 2003
, p. 487
.
MOTTA, J. C. Os discos: da lenda à realidade.
Aquarium
. Rio de Janeiro, n. 2, p.
20
-
22, 1996.
NATIONAL RESEARCH CO
UNCIL
. Dietary requirements. In:
Nutrient
requirements of fish
, Washington, 1993. p. 3
32.
58
PEDERSEN, K.; AUSTIN, B.; AUSTIN, D. A.; LARSEN, J. L. Vibrios associated with
mortality in cultured plaice
Pleuronectes
platessa fry. Acta veterinaria
scandinavica, v. 40, n.3, p. 263
-
270, 1999.
PIPER, R. G. et al. Fish hatchery management. Bethesda: American Fisheries
Society, 1992. 432 p. Reimpressão.
POST
, G.
Textbook of fish health
. Neptune: T.F.H Publications, 1987. 288 p.
ROTHE, G. Water treating with ultra-violet radiation. Diskus brief. Augsburg, n. 4, p.
36
-
38, 1991.
RYCE, E. K.; ZALE, A. V.; MACCONNELL, E. Effects of fish age and parasite dose
on the development of whirling disease in rainbow trout. Diseases of
aquatic
organisms
, v. 11, n. 59, p. 225
-
233, jun. 2004.
SAINT
-
PAUL
, U. Natural habitat of the discus. Diskus brief. Augsburg, n.2, v. 9,
p12
-
15, 1994.
SCHULTZ
, L. P. A review of pompadour or discus fishes, genus
Symphysodon
of
South America. In: Axelrod, H. R et al. All about discus. 2. ed. Neptune: T.F.H
Publications, 1978. cap. 7, p. 32
-
49.
SCHMIDT
-
FOCKE
, E. Discus breeding in southeast Asia. Diskus brief, Augsburg,
v.4, p.104
105, 1993.
SIEBER
, R. Spirulina
a valuable food additive (not only for fish).
Diskus brief
. n. 2,
p. 48
-
49, 1991.
STETTER, F.; UNTERGASSER, D.; IGLAUER, F.; SCHRECKENBACH. K. Case
report. Treatment of the gillworm disease (Dactylogyrosis) of some South American
ci
chlids and catfish. Deutsche tierarztliche wochenschrift, v. 110, p. 23-30, jan.
2003.
STICKNEY, R. R. Aspects of water quality of the culture environment. In:
Principles
of aquaculture
New York: John Wiley and Sons, Inc. 1994 p. 233
243.
59
STICKNEY, R. R. Disease, predation, and Cannibalism. In: Principles of
aquaculture
New York: John Wiley and Sons, Inc. 1994 p. 415
425.
STICKNEY, R. R. Reproduction, selective breeding, and genetics. In: Principles of
aquaculture
. New York: John Wiley and Sons, Inc.
1994 p. 359
367.
STOLTZE, K.; BUCHMANN, K. Effect of Gyrodactylus derjavini infections on cortisol
production in rainbow trout fry.
Journal of helminthology
, v.75, n.3, p. 291-
294. set.
2001.
SUGAI,
W. Acará disco, o rei do aquário. Revista vida no aquár
io
.
São Paulo, n. 1,
p. 18
-
23, 1995.
SUMMERFELT, S. T.
Ozonation and UV irradiation
-
an introduction and examples of
current applications. Aquacultural engineering
, v.28, n.2, p.21
-
36, 2003.
TIMMONS, M. B.; SUMMERFELT, S. T.; VINCI, B. J. Review of circular tank
technology and management.
Aquacultural engineering
, v. 18, n. 1, p. 51
-
69 1998.
UFRPE.
MORAIS, F. B. Sistema estrutural de incubação com controle
abrangente, para experimentação e produção de organismos aquáticos, dita
Incubadora Universal
.
Pedido
de registro de patente de invenção. Int CI
3B22
,
PI
0302617
-
5. 22 abr. 2003.
Revista de Patentes do INPI n.
17
86.
U
NTERGASSE
R, D. Diseases not caused by specific pathogenic organisms.
In:
Handbook of fish disease
. Neptune: T.F.H Publications, 1989. cap.
9, p. 112
-
118.
VERNER
JEFFREYS, D. W.; SHI
ELDS, R. J.; BIRKBEC
K, T. H.
Bacterial influences
on Atlantic halibut Hippoglossus hippoglossus yolk-sac larval survival and start-
feed
response.
Diseases of
aquatic
organisms
, v.56, n. 2, p. 105
-
113, sep. 2003.
WA
TTLEY
, J. Comment of a commercial breeder, Jack Wattley. In: Axelrod, H. R et
al.
All about discus
. 2. ed. Neptune: T.F.H Publications, 1978. cap. 7, p. 97
-
113.
WATTLEY
, J.
Discus for the perfectionist
. Neptune
: T.F.H Publications, 1991.
128
p.
60
WATTLEY
, J
. The secrets of breeding discus. In:
DEGEN
B. ;
WATTTLEY
, J.
Discus
today
. Neptune: T.F.H Publications, 1996. p. 88
-
112.
WEISS
, M. The Pigeon blood discus ; a significant new captive bred morph of
Symphysodon
.
Diskus brief
. Augsburg, n.1, v. 8, p. 4
-
7, 1
993.
YANONG, R. P., et al.
Cryptobia
iubilans
infection in juvenile discus. Journal of
american veterinary medical
association
, v. 15, n. 224, p. 1644
1650, mai. 2004.
YO YOM DIN G.; Z. ZU
GMAN; G. DEGANI
. Evaluating innovations in the ornamental
fish ind
ustry: case study of a discus,
Symphysodon aequifasciata
, Farm.
Journal of
Applied Aquaculture
, v.12, n.
2
, jan. 2002.
ANEXOS
ANEXO
1
ANEXO
2
ANEXO
3
ANEXO
4
ANEXO 5
ANEXO 6
This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com.
The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo