Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum ssp.) ADITIVADA COM RESÍDUO
DO BENEFICIAMENTO DO FEIJÃO (Phaseolus vulgaris l.) NA DIETA DE OVINOS
EM CONFINAMENTO
Rodrigo Barbosa de Andrade
RECIFE – PERNAMBUCO - BRASIL
2010
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
ii
RODRIGO BARBOSA DE ANDRADE
SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum ssp.) ADITIVADA COM RESÍDUO
DO BENEFICIAMENTO DO FEIJÃO (Phaseolus vulgaris l.) NA DIETA DE OVINOS
EM CONFINAMENTO
Orientador: Prof. Francisco Fernando Ramos de Carvalho, DSc.
Co-orientadores: Profa. Adriana Guim, DSc.
Prof. André Luiz Rodrigues Magalhães, DSc.
RECIFE – PERNAMBUCO - BRASIL
2010
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Zootecnia, da Universidade Federal
Rural de Pernambuco, como parte
das exigências para obtenção do
título de Mestre em Zootecnia.
Área de Concentração: Produção
Animal
ads:
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
iii
RODRIGO BARBOSA DE ANDRADE
Dissertação intitulada Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo
do beneficiamento do feijão (Phaseolus vulgaris l.) na dieta de ovinos em confinamento
apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal Rural de
Pernambuco, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre, defendida e
aprovada em 30 de Julho de 2010.
Comissão Examinadora:
________________________________________
Prof. Dr. Francisco Fernando Ramos de Carvalho
Departamento de Zootecnia/UFRPE
Presidente
________________________________________
Prof. Adriana Guim, DSc.
________________________________________
Prof. Dulciene Karla Bezerra de Andrade, DSc.
________________________________________
Prof. Paulo Sérgio de Azevedo, DSc
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
iv
BIOGRAFIA
RODRIGO BARBOSA DE ANDRADE, filho de Antonio Francisco de Andrade e Marlucia
Barbosa de Andrade, natural de Itaparica - PE iniciou o curso de graduação em Zootecnia pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco em 2002. Em julho de 2007 concluiu a graduação.
Em março de 2008 ingressou no programa de pós-graduação em Zootecnia, área de
concentração Produção de Ruminantes, da Universidade Federal Rural de Pernambuco,
concluindo em Julho de 2010.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
v
A meu pai, Antonio Francisco de Andrade, pelo seu apoio, amor e
dedicação.
A minha mãe, Marlucia Barbosa de Andrade, pelo seu amor, pelas boas
conversas e por suas orações.
As minhas irmãs, Tamiris Barbosa de Andrade e Jéssica Barbosa de
Andrade, grandes amigas, companheiras de sempre, por tudo que passamos
juntos.
DEDICO
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, pois sem ele o somos e não conseguimos nada. Agradeço pela saúde, e
força para vencer mais uma etapa da minha caminhada e sei que posso contar com ele a
qualquer momento, pois ele é soberano.
Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia e professores da Universidade Federal
Rural de Pernambuco, pela oportunidade de realização deste curso e por todo o aprendizado
adquirido durante a graduação e o mestrado.
Ao professor Francisco Fernando Ramos de Carvalho por sua orientação, pelo apoio,
confiança, paciência, disponibilidade e amizade.
Ao professor André Luiz Rodrigues Magalhães pelo apoio, paciência, confiança e por
ter me dado a oportunidade de trabalhar nesse projeto.
A professora Adriana Guim pelo apoio e confiança.
A Anna Fotius (Aninha), vizinha de experimento e grande amiga, pelas broncas, e
sempre incansável e disposta a ajudar.
Aos meus estagiários e amigos Elayne, Carol (Carolzita), Marina, Cristiane, Viviane,
Ewerton, Aline, Thiago (Tertinho), João Bosco (JB), Felipe, Rodrigo.
A “turma da silagem” e amigos da pós-graduação, Paulo (Paul), Renaldo (Dr. Rey),
Luiz (Lula), Rafael (Firma), João (voz do além), Laine, Junior, Gisele, Alenice, Agenor
(mano).
Aos colegas da UFRPB Campus Areia, Joyanne, Agenor, Juracy por toda força e
apoio despendidos durante minha estadia em Areia.
Ao professor Paulo Sérgio de Azevedo por todo apoio, disponibilidade, disposição e
ensinamentos durante as analises das carcaças realizadas em Areia.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
vii
Ao Dr.º Jonas (Lebre) pela ajuda na realização do experimento, sempre disposto a
contribuir.
A Maria Prisciliana (Setor de caprinos), pelo seu apoio e amizade.
Em especial gostaria de agradecer a Maria Gabriela da Conceição, grande amiga,
namorada. Sempre prestativa e companheira nos bons e principalmente nos momentos
difíceis, apoio imprescindível para conclusão deste trabalho
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
viii
SUMÁRIO
Pág.
Resumo........................................................................................................................... 12
Abstract.......................................................................................................................... 13
Introdução..................................................................................................................... 14
Referências bibliográficas............................................................................................. 17
Capitulo 1 - CONSUMO, DESEMPENHO E DIGESTIBILIDADE DE
OVINOS ALIMENTADOS COM SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR
(SACCHARUM SSP.) ADITIVADA COM RESÍDUO DO BENEFICIAMENTO DE
FEIJÃO (PHASEOLUS VULGARIS L.)................................................................ 20
Resumo...................................................................................................................... 20
Abstract...................................................................................................................... 21
1.1. Introdução........................................................................................................... 22
1.2. Material e Métodos............................................................................................. 23
1.3. Resultados e Discussão....................................................................................... 27
1.4. Conclusões.......................................................................................................... 31
1.5. Referências bibliográficas................................................................................... 31
Capitulo 2 - RENDIMENTO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA DE
OVINOS ALIMENTADOS COM SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR
(SACCHARUM SSP.) ADITIVADA COM RESÍDUO PROVENIENTE
DO BENEFICIAMENTO DE FEIJÃO (PHASEOLUS VULGARIS L.).......... 35
Resumo...................................................................................................................... 35
Abstract...................................................................................................................... 36
2.1. Introdução........................................................................................................... 37
2.2. Material e Métodos............................................................................................. 38
2.3. Resultados e Discussão....................................................................................... 46
2.4. Conclusões.......................................................................................................... 53
2.5. Referências bibliográficas................................................................................... 53
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
ix
LISTA DE TABELAS
CAPITULO 1 Pág.
Tabela 1 – Composição química dos ingredientes e das silagens em
%MS........................................................................................................................... 24
Tabela 2 – Composição e proporção dos ingredientes nas dietas experimentais
em % MS..................................................................................................................... 25
Tabela 3 – Consumo de nutrientes e coeficiente de variação de acordo com os
níveis de inclusão de resíduo de feijão na silagem de cana-de-açúcar........................ 28
Tabela 4 – Coeficiente de digestibilidade aparente de acordo com as silagens de
cana-de-açúcar enriquecida com resíduo de feijão...................................................... 30
Tabela 5 – Desempenho e coeficiente de variação de acordo com os níveis de
inclusão de resíduo de feijão na silagem de cana-de-açúcar........................................ 31
CAPITULO 2
Tabela 1 – Composição química dos ingredientes e das silagens em %MS............... 39
Tabela 2 – Composição e proporção dos ingredientes nas dietas experimentais em
% MS.......................................................................................................................... 40
Tabela 3 – Médias e coeficiente de variação para peso final, peso de carcaça quente,
peso de carcaça fria, perdas por resfriamento, rendimento de carcaça quente,
rendimento de carcaça fria e rendimento verdadeiro.................................................... 46
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
x
Tabela 4 – Média e coeficientes de variação dos pesos dos cortes comerciais e
rendimentos dos cortes comerciais............................................................................... 48
Tabela 5 – Médias e coeficiente de variação das mensurações realizadas no músculo
Longissimus dorsi de ovinos alimentados com silagens enriquecidas com resíduo
de feijão........................................................................................................................ 50
LISTA DE FIGURAS
CAPITULO 2 Pág.
Figura 1 - Cortes efetuados na meia-carcaça esquerda dos carneiro. 1: Paleta; 2:
Pernil; 3: Lombo; 4: Costelas (6 a 13ª); 5: Costelas (1 a 5ª); 6: Serrote; 7: Pescoço..... 42
Figura 2 - Mensurações realizadas no músculo Longissimus dorsi: 1) área de
olho-de- lombo; 2) largura; e 3) comprimento............................................................... 43
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
12
Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo do beneficiamento
do feijão (Phaseolus vulgaris l.) na dieta de ovinos em confinamento
RESUMO - Objetivou-se avaliar o efeito do nível de inclusão do resíduo de feijão na silagem
de cana-de-açúcar sendo T1 – 0%, T2 – 5%, T3 – 10% e T4 – 15% na matéria natural, sobre o
consumo, desempenho e digestibilidade de ovinos. Foram utilizados 32 borregos sem padrão
racial definido, machos inteiros, peso inicial de 20 ± 0, 244 kg, confinados em baias
individuais. As dietas experimentais possuíam em média 2,4 Mcal EM/kg de MS e 14 % de
proteína bruta (PB), com relação volumoso: concentrado variável pra que os mesmos tivessem
valores de fibra aproximados. O experimento teve a duração de 72 dias, sendo 15 de
adaptação e 57 de período experimental propriamente dito. O delineamento experimental foi o
de blocos casualizados, sendo quatro blocos, quatro tratamentos e oito repetições. O consumo
de matéria seca, matéria orgânica, extrato etéreo, proteína, FDN, FDA, carboidratos totais não
apresentaram diferença significativa (P0,05), apenas o consumo de carboidratos não-
fibrosos variou entre os tratamentos (143, 150, 144 e 176g). Os valores de digestibilidade do
EE, FDN, e CHOT não apresentaram diferença significativa (P0,05), exceto para proteína,
MS e MO. Não houve diferença significativa também para ganho médio diário e conversão
alimentar. O peso vivo ao abate, rendimento de carcaça quente, rendimento de carcaça fria,
perda por resfriamento, rendimento verdadeiro e o peso de todos os cortes com exceção o
pernil não foram influenciados (P0,05) pelas silagens de cana-de-açúcar, enriquecidas com
resíduo de feijão. Elas também não influenciaram (P0,05) as características qualitativas das
carcaças, como força de cisalhamento, cor, perdas por cocção, índice de musculosidade da
perna (IMP), área de olho-de-lombo (AOL), gordura de cobertura (GC), exceto índice de
compacidade da carcaça (ICC). A silagem de cana-de-açúcar enriquecida com resíduo de
feijão até o nível de 15%, na matéria natural, pode ser utilizada na alimentação de ovinos sem
comprometimento do consumo de matéria seca, da digestibilidade dos nutrientes e do ganho
de peso, pesos dos cortes, nos rendimentos e as características qualitativas de carcaça,
constituindo-se em alternativa para utilização no confinamento de ovinos.
Palavras - chave : conversão alimentar, ganho de peso, cortes comerciais, cor, alimentação
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
13
Silage from sugar cane (Saccharum ssp.) Added with residue from coffee bean
(Phaseolus vulgaris L.) in the diet of sheep in confinement
ABSTRACT - The objective was to evaluate the effect of inclusion level of residual silage
beans in sugar-cane T1 - 0%, T2 - 5%, T3 - T4 and 10% - 15% in natural matter on the
performance and carcass characteristics of sheep. Used 32 lambs without defined racial
pattern, castrated males, averaging initial live weight initial 20 ± 0, 244 kg and six months old,
were fed full in individual stalls. The experimental diets had an average of 2, 4 Mcal / kg MS
and 14% crude protein (PB) forage: concentrate ratio variable for which they had approximate
values of fiber. The experimental design was randomized blocks, four blocks, four treatments
and with eight replications. The experiment lasted 72 days, 15 and 57 adaptation of trial it self.
The experimental design was randomized blocks, four blocks, four treatments and eight
repetitions. The intake of dry matter, organic matter, fat (EE), protein, FDN, FDA, total
carbohydrates showed no significant difference (P 0,05), only the intake of non-fibrous
carbohydrates varied among treatments (143, 150, 144 and 176g). The digestibility of EE and
FDN showed no significant difference (P 0,05), except for PB, MS and MO. There was a
significant difference for average daily gain and feed conversion. Live weight at slaughter, hot
carcass yield, cold carcass yield, loss of cooling, real income and the weight of all cuts except
the pork were not affected (P  0.05) by incubation of sugar-cane enriched with bean residue.
They also did not influence (P 0.05) the quality characteristics of carcasses, as shear force,
color, cooking loss, muscularity of the leg (IMP), the eye area (AOL), fat cover (GC), except
carcass compactness index (CCI). The silage from sugar cane residue enriched with beans up
to the level of 15%, as fed, can be fed to sheep without compromising the dry matter intake,
digestibility of nutrients and weight gain, weights cuts in income and housing quality
standards, this providing an alternative for use in feed for sheep.
Key – words: feed conversion, weight gain, commercial cuts, color, nutrition
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
14
Introdução
O uso da cana-de-açúcar como forrageira durante época da seca do ano é bastante
difundida entre produtores rurais. Por sua época de colheita ser na entressafra, aliado a alta
produtividade de forragem e de nutrientes digestíveis totais, essa cultura vem se mostrando
atraente e competitiva, com menores custos de produção em comparação com outros
volumosos tradicionais, como as silagens de milho e sorgo.
De acordo com a CONAB (2007), a estimativa da produção nacional de cana-de-
açúcar destinada à indústria sucroalcooleira é de 473,16 milhões de toneladas, das quais
46,92% (221,99 milhões de toneladas) são destinados à fabricação de açúcar e 53,08%
(251,17 milhões de toneladas) são para a produção de álcool. Quando comparada à safra
2006/07, verifica-se um crescimento de 11,1% (47,2 milhões de toneladas), 6,0% no
Norte/Nordeste, devido principalmente às boas condições climáticas, e 11,9% no Centro-Sul,
em função de ajustes na área e na produtividade.
A cana-de-açúcar é uma alternativa para alimentação do rebanho no período seco do
ano, bem como para animais mantidos em confinamento. Entretanto, é uma forragem rica em
energia, tendo como limitações os baixos teores de proteína (2 a 3% de proteína bruta (PB) na
base de matéria seca (MS), enxofre, fósforo, zinco e manganês (Torres & Costa, 2001). A
cana-de-açúcar é um alimento caracterizado por apresentar dois componentes em maiores
proporções: açúcares e material fibroso. A utilização desses componentes é bastante
diferenciada, isto é, enquanto os açúcares são rapidamente fermentados no rúmen e de fácil
aproveitamento pelo animal, o material fibroso (carboidratos estruturais) é utilizado
lentamente (Leng & Preston, 1976).
Economicamente, a operacionalidade na utilização desta forrageira em sua forma in
natura, é prejudicada pela excessiva mão-de-obra requerida e dificuldade do seu uso em larga
escala. A ensilagem da cana-de-açúcar pode ser uma opção para melhoria do sistema de
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
15
produção, concentrando a mão-de-obra em um determinado período do ano, melhorando
assim a logística da propriedade.
Ao ensilar, evita-se a manutenção da biomassa no campo, reduzindo os riscos de
acamamento que normalmente inviabiliza o corte mecanizado. Da mesma forma, canaviais
submetidos a incêndio voluntário ou acidental, ou queimados pela geada, precisam ser usados
rapidamente para evitar a conversão de sacarose e a perda de carboidratos pela respiração,
sendo nesse caso, obrigatório o processo de ensilagem (Nussio e Schmidt, 2004).
Segundo Nussio e Schmidt (2004), na ensilagem da cana-de-açúcar, a obtenção de
resultados técnicos e econômicos positivos depende, invariavelmente, da escolha correta do
aditivo a ser usado. Silagens de cana-de-açúcar sem aditivos controladores da população de
leveduras podem ser possuidoras de altas concentrações de etanol decorrente da fermentação
alcoólica, causando rejeição do alimento pelo animal, assim como perda do valor nutritivo
(Nussio; Schmidt, 2005). De acordo com Alcântara et. al.(1989) silagens de cana-de-açúcar
tratadas com aditivos apresentaram teor de etanol 6,6 vezes menor em relação às silagens não
tratadas, sendo cordeiros alimentados com as silagens não tratadas, apresentaram redução de
34% no consumo de matéria seca.
Nussio e Schmidt (2005) afirmaram que a escolha do aditivo utilizado na ensilagem da
cana-de-açúcar deve considerar aspectos como a recuperação de matéria seca na ensilagem, a
estabilidade em aerobiose e o diferencial em desempenho de animais alimentados com essas
silagens. Andrade et al. (2001) observaram redução na produção de etanol à medida que níveis
mais altos de rolão-de-milho foram aplicados durante a ensilagem da cana-de-açúcar,
demonstrando que o aumento do teor de MS inibe a produção de etanol.
Diante dessas condições, surge o resíduo do feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) que
segundo Magalhães (2005), este representa cerca de 3 a 4% do total de feijão que chega às
beneficiadoras, ou seja, representa volume bastante expressivo. A partir do anexo XII da
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
16
Portaria 85 do MAPA (2002), que se refere ao regulamento técnico de identidade e de
qualidade para a classificação do feijão, é possível definir seu resíduo como resultado do
beneficiamento do grão, constituído, principalmente, por grãos avariados.
Lajolo et al. (1996) ressaltaram que, embora o feijão apresente fatores anti-nutricionais
(inibidores de tripsina, lectinas, taninos e outros) e seja deficiente em aminoácidos sulfurados
(metionina e cistina), ele deve ser considerado importante fonte de nutrientes (proteínas,
vitaminas e minerais) e energia. Todas estas características também estão contidas no resíduo
de feijão, uma vez que esse subproduto é constituído em sua maioria, por grãos avariados.
A utilização de resíduos e subprodutos da agroindústria na alimentação de ovinos em
confinamento pode tornar a prática de confinamento economicamente viável, pois substituem
os ingredientes tradicionais, geralmente mais onerosos. Além disso, atual demanda de carne
de ovinos, aliada às exigências dos consumidores por carcaça de melhor qualidade, tem
causado intensa procura por esses produtos. Para que esse nicho de mercado seja atendido,
torna-se necessário a utilização de um sistema de produção que vise maximizar a eficiência
biológica e econômica, o que pode ser alcançado pela intensificação da produção de cordeiros,
reduzindo a tradicional exploração extensiva onde os animais são submetidos a pastagens
nativas da caatinga e apresentam baixo desempenho produtivo (Medeiros, 2006).
A carne ovina, produzida a partir de animais jovens, é a que tem maior aceitabilidade
pelo mercado consumidor dos grandes centros urbanos (Oliveira et al., 2004), visto que, por
conta do mercado mais exigente vem-se buscando produtos cada vez mais saudáveis, que
os animais mais velhos tendem a acumular mais gordura que os jovens; em contrapartida, de
acordo com Huidobro & Cañeque (1994), alta relação gordura subcutânea: intermuscular pode
indicar produto desejável para o mercado, uma vez que a gordura subcutânea garante a boa
conservação da carcaça no frigorífico.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
17
Dessa forma, ainda são necessários mais estudos a respeito da utilização de resíduos na
alimentação de ruminantes, a fim de proporcionar uma produção mais rápida de carne de boa
qualidade, reduzindo com isso os custos de produção.
Referências Bibliográficas
ALCÂNTRA, E; AGUILERA, A; ELLIOT, R; et. al.: Fermentation and utilization by lambs of
sugarcane harvested fresh and ensiled with and without NaOH.4. Ruminal Kinetics. Animal
Feed Science and Technology, Amsterdam, v. 32, p. 323-331,1989.
ANDRADE, J.B.; FERRARI Jr., E.; BRAUN, G. Valor nutritivo da silagem de cana-de-açúcar
tratada com uréia e acrescida de rolão-de-milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.36,
n.9, p.1169-1174, 2001.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO CONAB. Acompanhamento da Safra
Brasileira Cana-de-Açúcar Safra 2007/2008, primeiro levantamento, maio/2007. Brasília :
Conab, 2007.12 p.
HUIDOBRO, F.R., CAÑEQUE, V. Produccion de carne em corderos de raza Manchega. III.
Composição tisular de lãs canales y de las piezas. Revista Producción Sanidad Animal, v.9,
n.1, p.57-69, 1994.
LAJOLO, F.M.; GENOVESE, M.I.; MENEZES, E.W. et. al.: Qualidade Nutricional. In: (Eds.)
Cultura do Feijoeiro Comum no Brasil. POTAFÓS, Piracicaba, SP, 1996. p.23-56.
LENG, R.A.; PRESTON, T.R. Sugar cane for cattle production: present constraints, perspectives
and research priorities. Tropical Animal Production, Santo Domingo, 1, P.1-22. 1976.
MAGALHÃES, A.L.R. Resíduo proveniente do beneficiamento do feijão (Phaseolus vulgaris
L.) em rações para bovinos. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2005. 111p. Tese
(Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, 2005.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
18
MEDEIROS, G. R. Efeito dos níveis de concentrado sobre o desempenho, características de
carcaça e componentes não carcaça de ovinos Morada Nova em confinamento. (Tese
apresentada ao Programa de Doutorado Integrado da UFRPE/UFPB/UFC, 2006).
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO- MAPA (Ed.).Portaria
85, de 6 de março de 2002. disponível em:
http://oc4j.agricultura.gov.br/agrolegis/do/consultaLei?op=viewTextual&codigo=6736 .
Acessado em junho de 2008.
NUSSIO, L.G.; SCHMIDT, P. Silagens de cana-de-açúcar para bovinos leiteiros: aspectos
agronômicos e nutricionais. In: SIMPÓSIO SOBRE BOVINOCULTURA LEITEIRA:
VISÃO TÉCNICA E ECONÔMICA DA PRODUÇÃO LEITEIRA. 5., 2005, Piracicaba.
Anais… Piracicaba: FEALQ, p.193-218, 2005
NUSSIO, L. G.; SCHMIDT, P. Tecnologia e produção e valor alimentício de silagens de cana-
de-açúcar. In: JOBIM, C. C.; CECATO, U.; CANTO, M. W. (Ed.). II SIMPÓSIO SOBRE
PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE FORRAGENS CONSERVADAS. Maringá:
UEM/CCA/DZO, 2004. p. 1-33.
OLIVEIRA, A.C.; SANTOS, C.L.; OLIVEIRA, H.C.; et. al.: Rendimento de carcaça de cordeiros
oriundos do cruzamento de Dorper com ovelhas Santa Inês e Rabo Largo. In: REUNIÃO
ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41., 2004. Campo Grande.
Anais. Campo Grande: SBZ, 2004. 1 CD-ROM.
TORRES, R.A; COSTA, J.L. Uso da cana-de-açúcar na alimentação animal. in: II SIMPÓSIO
DE FORRAGICULTURA E PASTAGENS – Nefor - Ufla, Lavras – MG 2001.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
19
Consumo, desempenho e digestibilidade de ovinos alimentados com silagem de cana-de-
açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo do beneficiamento de feijão (Phaseolus
vulgaris L.)
RESUMO - Objetivou-se avaliar o efeito do nível de inclusão do resíduo de feijão na silagem
de cana-de-açúcar sendo T1 – 0%, T2 – 5%, T3 – 10% e T4 – 15% na matéria natural, sobre o
consumo, desempenho e digestibilidade de ovinos. Foram utilizados 32 borregos sem padrão
racial definido, machos inteiros, peso inicial de 20 ± 0, 244 kg, confinados em baias
individuais. As dietas experimentais possuíam em média 2,4 Mcal EM/kg de MS e 14 % de
proteína bruta (PB), com relação volumoso: concentrado variável pra que os mesmos tivessem
valores de fibra aproximados. O experimento teve a duração de 72 dias, sendo 15 de
adaptação e 57 de período experimental propriamente dito. O delineamento experimental foi o
de blocos casualizados, sendo quatro blocos, quatro tratamentos e oito repetições. O consumo
de matéria seca, matéria orgânica, extrato etéreo, proteína, FDN, FDA, carboidratos totais não
apresentaram diferença significativa (P0,05), apenas o consumo de carboidratos não-
fibrosos variou entre os tratamentos (143, 150, 144 e 176g). Os valores de digestibilidade do
EE e FDN não apresentaram diferença significativa (P0,05), exceto para proteína, MS e
MO. Não houve diferença significativa também para ganho médio diário e conversão
alimentar. Ovinos em crescimento podem ser alimentados com rações contendo silagem
enriquecida com até 15% de resíduo do beneficiamento do feijão na matéria natural sem
prejuízo do consumo de matéria seca, da digestibilidade dos nutrientes e do ganho de peso.
Palavras - chave: conversão alimentar, ganho médio diário, alimentação, matéria natural.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
20
Intake, performance and digestibility in sheep fed diets based on sugarcane silage
(Saccharum ssp.) Enriched with waste from the processing of beans (Phaseolus vulgaris
L.)
ABSTRACT - The objective was to evaluate the effect of inclusion level of residual silage
beans in sugar-cane T1 - 0%, T2 - 5%, T3 - T4 and 10% - 15% in natural matter on the
performance and carcass characteristics of sheep. Used 32 lambs without defined racial
pattern, castrated males, averaging initial live weight initial 20 ± 0, 244 kg and six months old,
were fed full in individual stalls. The experimental diets had an average of 2, 4 Mcal / kg MS
and 14% crude protein (PB) forage: concentrate ratio variable for which they had approximate
values of fiber. The experimental design was randomized blocks, four blocks, four treatments
and with eight replications. The experiment lasted 72 days, 15 and 57 adaptation of trial it self.
The experimental design was randomized blocks, four blocks, four treatments and eight
repetitions. The intake of dry matter, organic matter, fat (EE), protein, FDN, FDA, total
carbohydrates showed no significant difference (P 0,05), only the intake of non-fibrous
carbohydrates varied among treatments (143, 150, 144 and 176g). The digestibility of EE and
FDN showed no significant difference (P 0,05), except for PB, MS and MO. There was a
significant difference for average daily gain and feed conversion. Growing sheep can be fed
with silage enriched with 15% of waste from coffee beans without prejudice to the dry matter
intake, digestibility of nutrients and gain weight.
Key - words: feed conversion, average daily gain, feed, raw natural.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
21
Introdução
A busca por alternativas de alimentos volumosos para suplementação de ruminantes
durante o período seco é uma preocupação constante quando sistemas intensivos de produção
são adotados. Uma boa opção é a utilização da silagem de cana-de-açúcar que tem sido
apontada como alternativa de volumoso suplementar em situações em que o corte diário
apresenta limitações. Além disso, a ensilagem tem sido apontada como alternativa para
facilitar o manejo dos canaviais, uma vez que possibilita concentrar as atividades de tratos
culturais.
A conservação da cana-de-açúcar na forma de silagem é um tema que vem se
destacando, despertando interesse crescente de produtores e pesquisadores, em função dos
benefícios em logística e operacionalidade que esse volumoso ensilado pode apresentar
(Nussio e Schmidt, 2004). Assim, esta alternativa possibilita a viabilização do uso da cana-de-
açúcar na alimentação de rebanhos de qualquer tamanho.
As silagens de cana-de-açúcar são caracterizadas pela extensa atividade de leveduras e
alto teor de álcool (Pedroso et. al., 2005), o que pode afetar negativamente o consumo e o
desempenho animal. A aplicação de aditivos na ensilagem da cana-de-açúcar visa inibir a
população de leveduras e evitar a produção de etanol, reduzindo, dessa forma, as perdas de
matéria seca e do valor nutritivo da forragem produzida, o que torna o ambiente menos
favorável para o desenvolvimento das leveduras.
Dentro destas condições, o resíduo do feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) pode ser
considerado como boa alternativa para alimentação animal devido a sua disponibilidade.
Segundo a Conab (2005), o cultivo do feijão ocorre em todos os estados brasileiros, sendo que
a maior área cultivada com feijão encontra-se no Nordeste com uma área de 2.422,1 milhões
de hectares, 56% da área nacional da produção de feijão (Conab 2007).
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
22
O resíduo do feijão foi caracterizado por Nunes (1998) como um produto de baixa
palatabilidade e digestibilidade, que apresentou as seguintes recomendações: inclusão de até
15% e de 20 a 25% em concentrados destinados a bovinos e ovinos em engorda,
respectivamente. O objetivo do presente trabalho é avaliar a utilização de rações baseadas em
cana-de-açúcar associada ao resíduo do beneficiamento de feijão sobre o desempenho de
ovinos, conversão alimentar, ganho de peso, consumo e digestibilidade.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no galpão de confinamento de ovinos do Departamento de
Zootecnia, da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Foram sendo utilizados 32
cordeiros machos, não-castrados, sem padrão racial definido (SPRD), após o desmame, com
idade média de seis meses, e peso médio inicial de 20 ± 0, 244 kg, os quais foram alojados em
baias individuais providas de comedouros e bebedouros. Antes do início do confinamento, os
animais foram tratados contra endoparasitas de acordo com o exame de fezes (OPG),
realizado no laboratório de parasitologia do Departamento de Medicina Veterinária da
UFRPE. Eles ainda foram identificados e vacinados contra clostridioses.
Antes do início do período experimental, os animais foram pesados e separados em
blocos ao acaso de acordo com o peso sendo formados assim quatro blocos com oito
repetições, com peso médio inicial: Bloco 1 (17,3 ± 0,7); Bloco 2 (19,4 ± 0,7); Bloco 3 (21,3
± 0,4) e Bloco 4 (22,6 ± 0,7) kg. Em seguida, os animais passaram por um período de
adaptação (sete dias), em que receberam ração ad libitum com composição nutricional
equivalente às utilizadas no experimento. Após esse período, foram fornecidas as rações
correspondentes a cada tratamento.
O experimento teve a duração de 72 dias, sendo 15 de adaptação e 57 de período
experimental propriamente dito.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
23
O ganho de peso dos animais foi acompanhado através de pesagem a cada 15 dias, em
balança com precisão de 50g até o final do período experimental (57 dias), quando foram
pesados para se obter o peso final. O ganho médio diário (GMD) foi obtido pela equação:
GMD (kg) = (PVI-PVF)/57.
As dietas foram compostas pela silagem de cana-de-açúcar enriquecida com resíduo
proveniente do beneficiamento do feijão comum nos seguintes níveis: 0, 5, 10 e 15%, com
base na matéria natural e um concentrado a base de farelo de milho e soja, uréia e sal mineral
(Tabela 1).
Tabela 1 – Composição química dos ingredientes e das silagens em % MS
Composição dos ingredientes
Ingredientes (%MS) MS PB
FDN
FDA
EE
MM
MO CHOT
CNF
Milho 88,2 9,5 10,8 2,4 3,5 1,2 98,8 85,7 74,8
Soja 90,1 51,3
21,9 6,0 4,9 7,2 92,8 36,4 14,4
Cana 26,1 3,0 54,5 27,5 1,5 7,4 92,6 88,0 33,4
Feijão 72,3 22,1
13,5 9,7 1,7 5,8 94,2 70,3 56,7
Composição das silagens
Silagem 1 22,7 2,9 63,0 33,0 1,13
10,5 89,4 85,3 22,2
Silagem 2 23,0 4,9 58,1 32,7 1,19
12,3 87,6 81,4 23,2
Silagem 3 24,4 5,2 57,0 32,5 1,25
13,7 86,2 79,7 22,7
Silagem 4 27,3 6,0 48,4 28,3 1,39
14,3 85,6 78,2 29,8
As dietas foram formuladas seguindo as recomendações do NRC 2007, com ganho de
150g diários. Estas, foram fornecidas duas vezes ao dia as 8 e 16 horas e o consumo de
alimentos foi monitorado diariamente, para que houvesse sobras de alimentos da ordem de
15%, com base na MN, as quais eram retiradas dos cochos uma vez ao dia. A proporção de
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
24
volumoso: concentrado foi variável, para que tivessem níveis de FDN semelhante entre todas
as dietas experimentais, as quais também são isoprotéicas (tabela 2).
Tabela 2- Composição e proporção dos ingredientes nas dietas experimentais em % MS
Ingredientes (%MS) T1 T2 T3 T4
Fubá de milho 25,9 24,4 23,1 21,5
Farelo de soja 20 18,8 17,8 16,9
Sal mineral 0,5 0,5 0,5 0,5
Uréia 1,1 0,9 0,8 0,5
Silagem 1 (0% Resíduo de feijão) 52,5 - - -
Silagem 2 (5% Resíduo de feijão) - 55,4 - -
Silagem 3 (10% Resíduo de feijão) - - 57,8 -
Silagem 4 (15% Resíduo de feijão) - - 61,4
Composição das rações experimentais T1 T2 T3 T4
MS (%) 54,4 52,6 51,8 51,2
MO (% na MS) 91,1 90,1 89,2 89,5
MM (% na MS) 9,0 9,9 10,8 11,3
PB (% na MS) 15,3 15,6 15,1 15,0
FDN (% na MS) 40,3 39,0 38,4 36,0
FDA (% na MS) 19,1 19,8 20,4 18,9
EE (% na MS) 2,5 2,4 2,4 2,4
Em(kcal/kg MS) 2403,8 2400,6 2403,8 2401,6
As silagens foram confeccionadas a partir da variedade de cana-de-açúcar RB 867515,
com idade em torno de 12 meses, cultivada na Estação de cana-de-açúcar da UFRPE. O
material foi ensilado em manilhas de cimento com capacidade para 500 kg de silagem, sendo
abertos após 30 dias de ensilados.
Na metade do período experimental (30º dia), foi realizado um ensaio de digestibilidade
onde foram feitas coletas de amostras de alimentos (silagem, milho e farelo de soja), sobras e
fezes, que foram pesadas, identificadas e armazenadas em freezer, para análises posteriores.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
25
As amostras de fezes foram retiradas diretamente da ampola retal dos ovinos, duas vezes ao
dia em horários alternados durante seis dias. Ao final do período de coleta, essas amostras
também foram homogeneizadas (constituindo uma amostra composta por animal) e pré-secas
em estufa com circulação forçada a 65 ºC por 72 horas. Todas as amostras de alimentos,
sobras e fezes, foram moídas em moinho de faca tipo “Willey”, com peneira de crivo de 1,0
mm, para posteriores análises laboratoriais. A digestibilidade aparente foi calculada pela
equação: DA (%) = [(nutriente ingerido – nutriente excretado)/nutriente ingerido] x 100.
Para estimativa da produção de matéria seca fecal (PMSF), utilizou-se a fibra em
detergente ácido indigestível (FDAi) como indicador interno. Para determinar as
concentrações de FDAi nos alimentos, sobras e fezes foram incubados 1,0 grama de cada
ingrediente concentrado e 0,5g para sobras e fezes, no rúmen de um búfalo adulto, por um
período de 264 horas, em sacos de polipropileno (Tecido-não-tecido, gramatura 100 g/m
2
),
segundo metodologia descrita por Casali
et al. (2008). O material remanescente da incubação
foi submetido à extração com detergente ácido, cujo resíduo foi considerado a FDAi.
As analises de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato
etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), foram
determinados segundo as descrições de Silva & Queiroz (2002). Para estimativa dos
carboidratos totais (CHOT), foi usada a equação proposta por Sniffen et.al.(1992), onde
CHOT(%) = 100 (%PB+%EE + %MM) e para carboidratos não-fibrosos (CNF), a equação
preconizada pelo NRC (2001) em que CNF (%) = 100 (%FDN+%PB+%EE + %MM). Os
valores de EM serão estimados com base nas equações propostas por Weiss et al (1999).
Os dados foram submetidos a análises de variância e teste de Tukey para avaliar o efeito
dos tratamentos. As análises foram realizadas com o auxílio do programa Statistical Analysis
System (SAS, 2000).
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
26
Resultados e discussão
Na tabela 3, encontram-se os valores do consumo de nutrientes e coeficiente de variação.
Observa-se que não houve efeito dos tratamentos em relação ao consumo de matéria seca,
matéria orgânica, matéria mineral, proteína bruta, fibra em detergente neutro, fibra em
detergente ácido, extrato etéreo, carboidratos totais e energia.
Os resultados encontrados para o consumo de matéria seca foram semelhantes aos
resultados obtidos por Mendes (2006), que avaliou dietas contendo silagens de cana-de-açúcar
na alimentação de cordeiros Santa Inês, compostas por 50% de volumoso e 50% de
concentrado, diferindo quanto ao tipo do volumoso utilizado: cana-de-açúcar in natura,
silagem de cana-de-açúcar sem aditivo e silagem de cana-de-açúcar aditivada com L. buchneri
(5x104 ufc/g MV), onde o autor não verificou diferença no consumo de matéria seca (1,4
kg/dia e 3,9% do peso vivo, média entre os tratamentos).
Os dados de consumo de matéria seca observado neste trabalho estão condizentes com
a media recomendada pelo NRC (2007), que para ovinos precoces pesando 20 kg com ganhos
de peso de 150 e 200 g MS/animal x dia, o consumo deve ser entre 880 e 1100 g MS/animal x
dia, respectivamente.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
27
Tabela 3 - Consumo de nutrientes e coeficiente de variação de acordo com os veis de
inclusão de resíduo de feijão na silagem de cana-de-açúcar
Itens
Tratamento
CV%
T1 T2 T3 T4
CMS (g/dia) 793a 880a 854a 888a 13,48
CMS %PV 3,42a 3,61a 3,53a 3,57a 11,86
CMS g/kg
0,75
74,98a 80,23a 78,30a 79,76a 12,06
CMO (g/dia) 733a 804a 770a 779a 13,58
CMM (g/dia) 75a 83a 82a 82a 12,17
CPB (g/dia) 121a 126a 139a 145a 17,65
CFDN (g/dia) 324a 323a 312a 282a 14,91
CEE (g/dia) 34a 37a 35a 34a 11,92
CHOT (g/dia) 466a 474a 456a 459a 12,73
CCNF (g/dia) 143b 150b 144b 176a 11,98
EM (kcal) 2397,6a 2347,2a 2377,5a 2418,3a 4,76
As letras A e B na mesma linha diferem entre si pelo Teste de Tukey 5%.
O consumo de matéria seca apresentou a melhorar com a introdução de silagem de
cana-de-açúcar enriquecida com resíduo de feijão. No tratamento 4, o vel de silagem foi de
61,4% com 15% de resíduo de feijão, o que indica, pela não alteração no consumo de matéria
seca pelos animais a possibilidade de se utilizar este produto em substituição a alimentos
concentrados como o milho e o farelo de soja, como foi avaliado neste trabalho.
Segundo Nussio et. al. (2003), a cana-de-açúcar quando ensilada sem aditivos,
apresenta fermentação alcoólica elevada e conseqüentemente produção de etanol, levando à
limitação de consumo. Assim como a silagem de cana-de-açúcar apresenta limitantes no
consumo, o resíduo do feijão apresenta fatores antinutricionais, que segundo Mendonça et. al.
(2003), a baixa digestibilidade no feijão cru é atribuída à atividade dos inibidores de proteases,
que diminuem a atividade das enzimas digestivas.
Em contrapartida, esses fatores antinutricionais apresentam facilidade relativa com
que os inibidores de proteases podem ser destruídos pelo calor, o que permitiu o uso de
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
28
feijões, como uma fonte importante de proteína na dieta humana e animal (Liener, 1994).
Além do processo de fermentação, que altera muitos dos constituintes dos alimentos que
compõem a silagem, é provável que houve melhora na qualidade da silagem obtida pela
associação da cana-de-açúcar com o resíduo de feijão, que garantiram semelhantes níveis de
consumo para todos os tratamentos utilizados.
Um componente importante na resposta produtiva do animal é o consumo de proteína,
principalmente para animais em crescimento. Observa-se que embora não tenha havido
diferença significativa para o CPB, com as dietas apresentando teores semelhantes de PB, os
animais consumiram 4, 14 e 20% a mais de PB nos tratamentos com silagens contendo 5, 10 e
15% de inclusão do resíduo de feijão.
Apenas o consumo de carboidratos não fibrosos variou entre os tratamentos. Observa-
se (tabela 4) que os animais que receberam a dieta com silagem contendo 15% de resíduo de
feijão consumiram mais (P<0,05) carboidratos não fibrosos do que os que foram alimentados
com dietas sem adição do resíduo de feijão na silagem. Isso é resultado de leve redução na
ingestão de fibra em detergente neutro à medida que se aumentou o resíduo de feijão na
silagem e, provavelmente, da seleção exercida pelos animais durante a alimentação.
O efeito dos tratamentos sobre a digestibilidade aparente dos nutrientes está
apresentado na Tabela 4. Observa-se que houve efeito (P0,05) da inclusão do resíduo do
feijão nas silagens de cana-de-açúcar, onde os animais alimentados com a dieta contendo o
maior nível de inclusão de resíduo de feijão na silagem (15%) apresentaram maiores valores
de digestibilidade para matéria seca e matéria orgânica (Tabela 4). Isso pode ser explicado
pelo maior consumo de carboidratos não fibrosos, fração mais digestível comparada a outras
frações.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
29
Tabela 4 Coeficiente de digestibilidade aparente dos nutrientes de acordo com as silagens
de cana-de-açúcar enriquecida com resíduo de feijão
Itens
Tratamento
CV%
T1 T2 T3 T4
CDMS (%) 63,18b 64,69ab 66,51ab 67,83a 3,59
CDMO (%) 62,17b 63,62ab 64,84ab 66,78a 4,07
CDPB (%) 71,49a 70,57a 63,00a 65,67a 4,98
CDFDN (%) 37,31a 38,07a 38,88a 43,62a 12,17
CDEE (%) 78,71a 82,00a 84,38a 86,75a 10,97
CDCNF (%) 65,10a 67,55a 75,5a 76,43a 11,16
As letras A e B na mesma linha diferem entre si pelo Teste de Tukey 5%.
O coeficiente de digestibilidade da proteína não apresentou diferença (P0,05) entre
os tratamentos fato das rações serem isoproteícas. Embora se observasse tendência de queda
na digestibilidade da proteína bruta, o que poderia estar associado à qualidade da proteína do
feijão, que contribuiu significativamente para a proteína bruta das dietas à medida que
aumentou o nível de inclusão nas silagens.
O valor médio de digestibilidade considerando
todas as rações foi de 75,8%, valor um pouco maior do que os encontrados nesta pesquisa, que
variou de 63 a 71,49%, com tendência de redução com o aumento da participação do resíduo
de feijão nas silagens.
A utilização da cana-de-açúcar na forma de silagem e o uso do resíduo do feijão como
aditivo não afetaram o peso vivo ao abate, o ganho de peso e a conversão alimentar dos
animais recebendo os diferentes tratamentos experimentais (Tabela 5).
Os ganhos de peso variaram de 116 g/dia, para os animais que receberam a silagem
sem o resíduo de feijão para 162 g/dia, observados para os animais que receberam a dieta
contendo a silagem com 15% do resíduo de feijão. Embora tenha havido uma diferença de
cerca de 40% na taxa de ganho entre os tratamentos citados, houve variação entre os animais
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
30
dos mesmos tratamentos e isso foi à causa de não se ter observado diferença entre esses
tratamentos quanto ao ganho de peso e conversão alimentar (tabela 5).
Tabela 5 Desempenho e coeficiente de variação de acordo com os níveis de inclusão de
resíduo de feijão na silagem de cana-de-açúcar
Variáveis
Tratamentos
T1 T2 T3 T4 CV%
Peso vivo inicial (kg) 20,06a 20,50a 19,93a 20,14a 3,11
Peso vivo final (kg) 26,73a 28,58a 28,53a 29,45a 9,22
Ganho médio diário (kg) 0,116a 0,141a 0,150a 0,162a 28,58
Conversão alimentar (kg) 7,16a 6,51a 5,90a 5,83a 27,69
As letras A e B na mesma linha diferem entre si pelo Teste de Tukey 5%.
Considerando-se a relação volumoso : concentrado utilizada neste trabalho, bem como o
objetivo deste estudo em avaliar o efeito do volumoso com aditivo e sem aditivo (controle),
sobre o desempenho, pode-se considerar que os ganhos de peso obtidos nos tratamentos 3 e 4
foram satisfatórios e estão de acordo com outros trabalhos encontrados na literatura.
O ganho de peso observado nesta pesquisa é compatível com o consumo de energia e
proteína dos animais, de acordo com o NRC (2007), significando que a inclusão do resíduo do
feijão que contribuiu para aumentar o teor de proteína da silagem de cana-de-açúcar e seu
valor energético, além de garantir semelhantes consumos de matéria seca, foi capaz de
assegurar semelhantes ganhos de peso, com redução na utilização de alimentos concentrados
tradicionais, que oneram o custo das rações e, por conseguinte, o custo de carne produzida.
Conclusões
Ovinos em crescimento podem ser alimentados com rações contendo silagem
enriquecida com de resíduo do beneficiamento do feijão sem prejuízo do consumo de matéria
seca, da digestibilidade dos nutrientes e do ganho de peso.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
31
Referência bibliográfica
CASALI, A.O.; DETMANN, E; VALADARES FILHO, S. C.; et. al. Influência do tempo de
incubação e do tamanho de partículas sobre os teores de compostos indigestíveis em alimentos
e fezes bovinas obtidos por procedimentos in situ. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n2,
p.335-342, 2008.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO CONAB. Acompanhamento da Safra
Brasileira Cana-de-Açúcar Safra 2007/2008, primeiro levantamento, maio/2007.
Brasília : Conab, 2007.12 p.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO CONAB (Ed.) Série histórica de
produção de feijão – Brasil. Brasília: CONAB, 2005. http://www.conab.gov.br
LAJOLO, F.M.; GENOVESE, M.I.; MENEZES, E.W. et. al.: Qualidade Nutricional. In: (Eds.)
Cultura do Feijoeiro Comum no Brasil. POTAFÓS, Piracicaba, SP, 1996. p.23-56.
LENG, R.A.; PRESTON, T.R. Sugar cane for cattle production: present constraints, perspectives
and research priorities. Tropical Animal Production, Santo Domingo, 1, P.1-22. 1976.
LIENER, I.E. Implications of antinutritional components in soybean foods. CRC Critical
Reviews in Food Science and Nutrition, Boca Raton, v.34, n.1, p.31-67, 1994.
MENDES, C.Q. Silagem de cana-de-açúcar na alimentação de ovinos e caprinos: valor
nutritivo, desempenho e comportamento ingestivo. 2006. Dissertação (Mestrado em
Ciência Animal e Pastagens)-Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade
de São Paulo, Piracicaba, 2006.
MENDONÇA, C.V.C.E.; ABREU, C.M.P.; CORRÊA, A.D. et al. Quantificação de polifenóis e
digestibilidade protéica de famílias de feijoeiro comum. Ciência e Agrotecnologia, v.27, n.4,
p.858-864, 2003.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO- MAPA (Ed.).Portaria
85, de 6 de março de 2002. disponível em:
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
32
http://oc4j.agricultura.gov.br/agrolegis/do/consultaLei?op=viewTextual&codigo=6736 .
Acessado em junho de 2008.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL NRC. Nutrient requirements of the dairy cattle. 7.ed.
Washington: D.C.: National Academy Press, 2007. 381p.
NUNES, I.J. Cálculo e avaliação de rações e suplementos. Belo Horizonte: FEP-MVZ, 1998.
185p.
NUSSIO, L.G.; SCHMIDT, P. Silagens de cana-de-açúcar para bovinos leiteiros: aspectos
agronômicos e nutricionais. In: SIMPÓSIO SOBRE BOVINOCULTURA LEITEIRA:
VISÃO TÉCNICA E ECONÔMICA DA PRODUÇÃO LEITEIRA. 5., 2005, Piracicaba.
Anais… Piracicaba: FEALQ, p.193-218, 2005
NUSSIO, L. G.; SCHMIDT, P. Tecnologia e produção e valor alimentício de silagens de cana-de-
açúcar. In: JOBIM, C. C.; CECATO, U.; CANTO, M. W. (Ed.). II SIMPÓSIO SOBRE
PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE FORRAGENS CONSERVADAS. Maringá:
UEM/CCA/DZO, 2004. p. 1-33.
NUSSIO, L. G.; SCHMIDT, P.; PEDROSO, A. F. Silagem de cana-de-açucar. In: Forragicultura
e pastagens, temas em evidência, sustentabilidade, 4., 2003, Lavras. Anais... Lavras: UFLA,
p. 49-74, 2003
PEDROSO, A.F.; NUSSIO, L.G.; PAZIANI, S.F. et al. Fermentation and epiphytic microflora
dynamics in sugar cane silage. Science. Agric., v.62, p.427-432, 2005.
SAS INSTITUTE. User's guide: statistics. Versão 6.12. Cary. USA: North Carolina State
University, 2000. 956p.
SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., VAN SOEST, P.J. et al. -A net carbohydrate and protein
system for evaluating cattle diets: II. Carbohydrate and protein availability. Journal of
Animal Science, v.70, n.10, p.3562-3577. 1992.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
33
SILVA, D.J. & QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos (Métodos químicos e biológicos). 3. ed.
Viçosa, MG, UFV, Editora UFV, 2002, 235p.
TORRES, R.A; COSTA, J.L. Uso da cana-de-açúcar na alimentação animal. in: II SIMPÓSIO DE
FORRAGICULTURA E PASTAGENS – NEFOR - UFLA, Lavras – MG 2001.
WEISS, W.P. Energy prediction equations for ruminant feeds. In: Cornell Nutrition Conference
for Feed Manufacturers, 61., 1999, Proceedings…, Ithaca: Cornell University, 1999. p. 176-
185.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
34
Rendimento e características de carcaça de ovinos alimentados com silagem de cana-de-
açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo proveniente do beneficiamento de feijão
(Phaseolus vulgaris l.)
RESUMO - Objetivou-se avaliar o efeito do nível de inclusão do resíduo de feijão na silagem
de cana-de-açúcar sendo T1 – 0%, T2 – 5%, T3 – 10% e T4 – 15% na matéria natural, sobre o
rendimento e características de carcaças de ovinos. Foram utilizados 32 borregos sem padrão
racial definido, machos inteiros, peso inicial de 20 ± 0, 244 kg, confinados em baias
individuais. As dietas experimentais possuíam em média 2,4 Mcal EM/kg de MS e 15 % de
proteína bruta (PB), com relação volumoso: concentrado variável pra que os mesmos tivessem
valores de fibra aproximados. Os animais foram abatidos após o período de 57 dias de
confinamento. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, sendo quatro
blocos, quatro tratamentos e oito repetições. O peso vivo ao abate, rendimento de carcaça
quente, rendimento de carcaça fria, perda por resfriamento, rendimento verdadeiro e o peso de
todos os cortes com exceção o pernil não foram influenciados (P0,05) pelas silagens de
cana-de-açúcar, enriquecidas com resíduo de feijão. Elas também não influenciaram
(P0,05) as características qualitativas das carcaças, como força de cisalhamento, cor, perdas
por cocção, índice de musculosidade da perna (IMP), área de olho-de-lombo (AOL), gordura
de cobertura (GC), exceto índice de compacidade da carcaça (ICC). A silagem de cana-de-
açúcar enriquecida com resíduo de feijão até o nível de 15%, na matéria natural, podem ser
utilizadas na alimentação de ovinos sem comprometimento nos pesos dos cortes, nos
rendimentos e as características qualitativas de carcaça, constituindo-se em alternativa para
utilização no confinamento de ovinos.
Palavras-chave: cortes comerciais, força de cisalhamento, cor, gordura de cobertura, área de
olho de lombo.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
35
Yield and carcass characteristics of sheep fed diets based on silage sugar-cane
(Saccharum ssp.) Enriched with waste from the processing of beans (Phaseolus vulgaris
L.)
ABSTRACT - The objective was to evaluate the effect of inclusion level of residual silage
beans in sugar-cane T1 - 0%, T2 - 5%, T3 - T4 and 10% - 15% in natural matter on the
performance and carcass characteristics of sheep. We used 32 lambs without defined racial
pattern, castrated males, averaging initial live weight initial 20 ± 0, 244 kg and six months old,
were fed full in individual stalls. The experimental diets had an average of 2.4 Mcal / kg MS
and 14% crude protein (PB) forage: concentrate ratio variable for which they had approximate
values of fiber. The animals were slaughtered after the period of 57 days of feeding. The
experimental design was randomized blocks, four blocks, four treatments and with eight
replications. Live weight at slaughter, hot carcass yield, cold carcass yield, loss of cooling,
real income and the weight of all cuts except the pork were not affected (P 0.05) by
incubation of sugar-cane enriched with bean residue. They also did not influence (P 0.05)
the quality characteristics of carcasses, as shear force, color, cooking loss, muscularity of the
leg (IMP), the eye area (AOL), fat cover (GC), except carcass compactness index (CCI). The
silage from sugar cane residue-enriched bean until the level of 15% in natural material can be
fed to sheep without compromising the weights of the cuts, the income and the qualitative
characteristics of housing, being alternatively for use in feedlot sheep.
Keywords: commercial cuts, shear force, color, fat cover, the eye area.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
36
Introdução
No Brasil, o consumo de carne ovina tem aumentado, sendo o peso de abate e a
qualidade da carcaça temas de discussão, objetivando atender a demanda do mercado
consumidor (Barros & Simplício, 2001).
A região Nordeste do Brasil detém um rebanho em torno de 8,7 milhões de cabeças, o
que representa 48% do efetivo nacional (ANUALPEC, 2005). O estado de Pernambuco ocupa
posição privilegiada neste cenário, apresentando status de quinto maior produtor ovino do
país, com aproximadamente 1,1 milhão de cabeças (IBGE, 2006). Todavia, a região é
dependente de fontes alimentares para garantir a produção de carne durante todo o ano.
Entre as alternativas para produção de carne ovina em confinamento está a utilização
de silagens de forrageiras existentes na região, bem como a utilização de resíduos de
beneficiamento de produtos agrícolas. A cana-de-açúcar tem sido bastante utilizada na
alimentação de ruminantes e pode ser utilizada como silagem, inclusive enriquecida com
produtos que melhorem seu valor nutricional. Um desses produtos é o resíduo do feijão, que
além de aumentar o teor de matéria seca da silagem, aumenta também o teor de proteína.
No Brasil, a procura por carnes utilizando critérios de qualidade também vem
crescendo. São muitos os fatores que influenciam a qualidade da carne, entre eles o tipo de
alimentação, o nível de energia da ração, a idade dos animais, sistemas de criação, condições
de abate e etc.
O grau de satisfação daqueles que consomem carne, de modo geral, depende de
respostas psicológicas e sensoriais inerentes a cada indivíduo. Os fatores que influenciam na
reação de gostar ou não são: aparência, maciez, suculência e sabor. Esses aspectos podem
variar de acordo com a idade dos animais, sexo, raça e alimentação (Sañudo, 1991).
Diante disso, surge a avaliação de carcaça ovina, que segundo Cezar & Souza (2007),
deve se pautar em estimar a quantidade e predizer a qualidade da porção comestível. Assim, a
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
37
tipificação é necessária para garantir a qualidade da carcaça de cordeiros objetivando oferecer
confiança permanente ao consumidor. Todavia, uma boa estimativa das características da
carcaça é de suma importância para complementar a avaliação do desempenho do animal
durante seu desenvolvimento (Jorge et. al. 1999).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização de dietas contendo silagens de cana-
de-açúcar enriquecidas com resíduo do feijão sobre o rendimento e cortes de carcaça, bem
como sobre aspectos da qualidade da carne ovina.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no galpão de confinamento de ovinos do Departamento de
Zootecnia, da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Foram sendo utilizados 32
cordeiros machos, não-castrados, sem padrão racial definido (SPRD), após o desmame, com
idade média de seis meses, e peso médio inicial de 20 ± 0, 244 kg, os quais foram alojados em
baias individuais providas de comedouros e bebedouros. Antes do início do confinamento, os
animais foram tratados contra endoparasitas de acordo com o exame de fezes (OPG),
realizado no laboratório de parasitologia do Departamento de Medicina Veterinária da
UFRPE. Eles ainda foram identificados e vacinados contra clostridioses.
Antes do início do período experimental, os animais foram pesados e separados em
blocos ao acaso de acordo com o peso sendo formados assim quatro blocos com oito
repetições, com peso médio inicial: Bloco 1 (17,3 ± 0,7); Bloco 2 (19,4 ± 0,7); Bloco 3 (21,3
± 0,4) e Bloco 4 (22,6 ± 0,7) kg. Em seguida, os animais passaram por um período de
adaptação (sete dias), em que receberam ração ad libitum com composição nutricional
equivalente às utilizadas no experimento. Após esse período, foram fornecidas as rações
correspondentes a cada tratamento.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
38
O ganho de peso dos animais foi acompanhado através de pesagem que a cada 15 dias,
em balança com precisão de 50g até o final do período experimental (57 dias), quando foram
pesados para se obter o peso final. O ganho médio diário (GMD) foi obtido pela equação:
GMD (kg) = (PVI-PVF)/57, em que PVI e PVF correspondem ao peso vivo inicial e peso vivo
ao abate, respectivamente.
As dietas foram compostas pela silagem de cana-de-açúcar enriquecida com resíduo
proveniente do beneficiamento do feijão comum nos seguintes níveis: 0, 5, 10 e 15%, com
base na matéria natural e um concentrado a base de farelo de milho e soja, uréia e sal mineral
(Tabela 1).
Tabela 1 – Composição química dos ingredientes e em % MS
Composição dos ingredientes
Ingredientes (%MS) MS PB
FDN
FDA
EE
MM
MO CHOT
CNF
Milho 88,2 9,5 10,8 2,4 3,5 1,2 98,8 85,7 74,8
Soja 90,1 51,3
21,9 6,0 4,9 7,2 92,8 36,4 14,4
Cana 26,1 3,0 54,5 27,5 1,5 7,4 92,6 88,0 33,4
Feijão 72,3 22,1
13,5 9,7 1,7 5,8 94,2 70,3 56,7
Composição das silagens
Silagem 1 22,7 2,9 63,0 33,0 1,13
10,5 89,4 85,3 22,2
Silagem 2 23,0 4,9 58,1 32,7 1,19
12,3 87,6 81,4 23,2
Silagem 3 24,4 5,2 57,0 32,5 1,25
13,7 86,2 79,7 22,7
Silagem 4 27,3 6,0 48,4 28,3 1,39
14,3 85,6 78,2 29,8
As dietas foram fornecidas duas vezes ao dia as 8 e 16 horas e o consumo de alimentos
foi monitorado diariamente, para que houvesse sobras de alimentos da ordem de 15%, com
base na MS, as quais eram retiradas dos cochos uma vez ao dia. A proporção de volumoso:
concentrado foi variável, para que tivessem níveis de FDN semelhante entre todas as dietas
experimentais, as quais também foram isoprotéicas (tabela 2). Além disso, o objetivo ao
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
39
introduzir o resíduo do feijão na silagem de cana-de-açúcar foi reduzir a quantidade de
concentrado (milho e farelo de soja) das dietas.
Tabela 2- Composição e proporção dos ingredientes nas dietas experimentais em % MS
Ingredientes (%MS) T1 T2 T3 T4
Fubá de milho 25,9 24,4 23,1 21,5
Farelo de soja 20 18,8 17,8 16,9
Sal mineral 0,5 0,5 0,5 0,5
Uréia 1,1 0,9 0,8 0,5
Silagem 1 (0% Resíduo de feijão) 52,5 - - -
Silagem 2 (5% Resíduo de feijão) - 55,4 - -
Silagem 3 (10% Resíduo de feijão) - - 57,8 -
Silagem 4 (15% Resíduo de feijão) - - 61,4
Composição das rações experimentais T1 T2 T3 T4
MS (%) 54,4 52,6 51,8 51,2
MO (% na MS) 91,1 90,1 89,2 89,5
MM (% na MS) 9,0 9,9 10,8 11,3
CHOT (% na MS) 73,2 72,1 71,7 71,3
CNF (% na MS) 32,8 33,1 33,3 35,3
PB (% na MS) 15,3 15,6 15,1 15,0
FDN (% na MS) 40,3 39,0 38,4 36,0
FDA (% na MS) 19,1 19,8 20,4 18,9
EE (% na MS) 2,5 2,4 2,4 2,4
Em(kcal/kg MS) 2403,8 2400,6 2403,8 2401,6
As silagens foram confeccionadas a partir da variedade de cana-de-açúcar RB 867515,
com idade em torno de 12 meses, cultivada na Estação de Cana-de-açúcar da UFRPE. O
material foi ensilado em manilhas de cimento com capacidade para 500 kg de silagem.
Após o período de 57 dias de confinamento os animais foram submetidos ao jejum de
sólidos e dieta hídrica por 16 horas. Decorrido esse tempo, os animais foram pesados para
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
40
obtenção do peso vivo ao abate (PVA). O abate foi dividido em dois dias, sendo abatidos 16
animais por dia, quatro animais por bloco, sendo quatro animais de cada tratamento. No
momento do abate, os animais foram insensibilizados, por concussão cerebral atordoamento
na região atla-occipital, seguido de sangria por cinco minutos através da secção da carótida e
jugular. O sangue foi recolhido em recipiente previamente tarado, e procedeu-se a pesagem.
Após a esfola e evisceração foram retiradas a cabeça (secção na articulação atla-
occipital) e patas (secção nas articulações carpo e tarso-metatarsianas). Registrou-se a seguir
os pesos de carcaça quente (PCQ), incluídos os rins e gordura pélvica-renal. O trato
gastrintestinal (TGI), a bexiga e a vesícula biliar foram pesadas cheio e vazias, para
determinação do peso do corpo vazio (PCV), visando determinar o rendimento biológico ou
verdadeiro RV % = (PCQ/PCV) x 100.
As carcaças foram resfriadas por 24 horas a 4 ºC em câmara frigorífica com as
articulações tarso-metatarsianas distanciadas em 16 cm por meio de ganchos. Decorrido esse
período, foram pesadas para obtenção do peso da carcaça fria (PCF) para posteriormente
determinar a perda por resfriamento PR % = [(PCQ PCF)/PCQ x 100]. Em seguida, foram
retirados os rins, gordura pélvica e renal, cujos pesos foram registrados e subtraídos dos pesos
da carcaça quente e fria. Os rendimentos de carcaça quente RCQ % = (PCQ/PVA) x 100 e fria
RCF % = (PCF/PVA) x 100 também foram calculados. O índice de compacidade da carcaça
foi calculado conforme Reis et.al. (2001), sendo ICC kg/cm = (PCF/comprimento interno da
carcaça fria).
As carcaças foram seccionadas ao meio e as meias-carcaças pesadas. As meias-carcaças
direita e esquerda foram seccionadas em sete regiões anatômicas (cortes comerciais), segundo
metodologia proposta pelo Centro Nacional de Pesquisa de Caprinos/Embrapa, citada por
Silva Sobrinho (2001), que recomenda o corte da carcaça em peças individualizadas,
considerando os seguintes cortes: paleta (obtida pela desarticulação da escápula); perna
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
41
(obtida pela secção entre a última vértebra lombar e a primeira sacra); lombo (compreendido
entre a 1ª e a 6ª vértebras lombares); costilhar (composto de 4 costelas verdadeiras e 5 costelas
falsas); serrote (corte em linha reta, iniciando-se no flanco até a extremidade cranial do
manúbrio do esterno) e o pescoço (região compreendida pelas sete vértebras cervicais), como
ilustrado na Figura 1. Os pesos individuais dos cortes de cada meia carcaça foram registrados,
somados e, em seguida, divididos por dois, para permitir o cálculo de suas proporções em
relação à carcaça, obtendo-se assim, o rendimento comercial dos cortes da carcaça.
Figura 1. Cortes efetuados na meia-carcaça esquerda dos animais. 1: Paleta; 2: Pernil; 3:
Lombo; 4: Costelas (6 a 13ª); 5: Costelas (1 a 5ª); 6: Serrote; 7: Pescoço. Adaptado de Garcia
et al., 2003.
Na meia-carcaça esquerda também foi efetuado um corte transversal, na secção entre a
12ª e 13ª costelas para mensuração da área de olho de lombo (AOL) em cm² do músculo
Longissimus dorsi, (Silva Sobrinho, 1999) através da formula: AOL = (A/2*B/2) π onde a
largura máxima (A), e a profundidade máxima (B), aferidas por meio de régua graduada de 30
cm (Figura 2).
A mensuração da gordura de cobertura sobre a secção foi obtida no músculo
Longissimus dorsi, medindo-se o comprimento desse músculo, partindo-se de um ponto zero,
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
42
na sua porção anterior e em seguida foi efetuada a mensuração da espessura de gordura à
altura de 2/3 do comprimento, através de paquímetro.
Figura 2. Mensurações realizadas no músculo Longissimus dorsi: área de olho-de- lombo; A)
largura; e B) comprimento. Adaptado de Oliveira et al.,/2002.
As análises de composição tecidual, obtenção do índice de musculosidade da perna
(IMP), perdas por cocção e força de cisalhamento foram realizadas na Universidade Federal
da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Zootecnia - Laboratório de
avaliação de produtos de origem animal, Campus II, Areia – PB.
A dissecação das pernas em músculos, ossos, gorduras e outros tecidos da carcaça, foi
realizada de acordo com a metodologia descrita por Brown & Williams (1979). Na dissecação
foram separados os seguintes grupos de tecidos: gordura subcutânea (composta pela gordura
externa, localizada abaixo da pele), gordura intermuscular (toda gordura localizada abaixo da
fáscia profunda, associada aos músculos), músculo (peso total dos sculos dissecados após
remoção completa de toda gordura intermuscular aderida), osso (peso total dos ossos da paleta
e da perna) e outros tecidos (todos tecidos não identificados, composto por tendões, glândulas,
nervos e vasos sanguíneos).A porcentagem de músculos, ossos, gorduras, outros tecidos e suas
relações, foram obtidos com base no peso da perna reconstituída.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
43
Após a separação dos tecidos, o índice de musculosidade da perna (IMP) proposto por
Purchas et al. (1991), foi calculado, utilizando-se o peso dos cinco músculos que envolvem o
fêmur (M. Biceps femoris, M. Semimembranosus, M. Semitendinosus, M. Adductor femoris e
M. Quadriceps femoris), através da seguinte fórmula:
CF
CF
PM
IMP
5
=
Em que:
IMP = índice de musculosidade da perna;
PM5 = peso dos 5 músculos que envolvem o fêmur (g), e;
CF = comprimento do fêmur (cm).
Para se realizar as perdas por cocção e força de cisalhamento, foram obtidos 2 bifes de
2,5 cm de espessura, sendo o corte realizado transversalmente ao sentido das fibras
musculares do músculo Longissimus lumborum (ML). Para a determinação das perdas por
cocção (evaporação, gotejamento e totais) do ML (Wheeler et al., 1995), os bifes foram
descongelados em geladeira por 24 horas, pesados em balança de precisão de 3,2 kg
(SHIMADZU, modelo TX3202L), e colocadas em conjunto grelha e assadeira e, em seguida,
assadas em forno elétrico pré-aquecido a 150 °C (FISCHER, modelo Star), até que a
temperatura interna das amostras atingissem o limite de 71 °C (monitoramento obtido por
termopares do tipo K introduzidos no centro geométrico da amostra) sendo a leitura realizada
com leitor digital (TENMARS, modelo TM-361) e, em seguida, o conjunto amostra, grelha e
assadeira foram resfriados em temperatura ambiente até as amostras atingirem a temperatura
interna de 24 a 25 °C (monitoramento obtido por um termômetro de inserção TESTO, modelo
106), e pesadas para obtenção da perda de peso expressa em porcentagem.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
44
Para a análise de Força de Cisalhamento (Wheeler et al., 1995), os bifes utilizados para
as perdas por cocção foram resfriados em refrigerador a 4 °C, durante 24 horas. Após esse
período, foram retirados no mínimo três cilindros no sentido das fibras musculares, com um
vazador de 1,27 cm de diâmetro com o auxílio de uma furadeira elétrica (SCHULZ, Modelo
Pratika). A força de cisalhamento foi medida através da máquina de cisalhamento Warner-
Bratzler (G-R MANUFACTURING CO., Modelo 3000) com célula de carga de 25 kgf e
velocidade de corte de 20 cm/min, sendo a força de cisalhamento expressa em kgf. A cor foi
determinada analisada de acordo com o sistema CIELab, com o auxilio de um colorimetro
(marca KONICA MINOLTA CR10) onde foram avaliadas: L (Luminosidade), a* (teor de
vermelho) e b* (teor de amarelo), iluminante - 65, onde foram coletadas 3 leituras em
pontos estratégicos(Medial , centro e lateral) em bifes de 2,5 cm de espessura, expostas à
atmosfera por 30 minutos a 4ºC, sendo o corte realizado transversalmente ao sentido das fibras
musculares do músculo Longissimus lumborum (ML).
Os dados foram submetidos a análises de variância e teste de Tukey para avaliar o efeito
dos tratamentos. As análises foram realizadas com o auxílio do programa Statistical Analysis
System (SAS, 2000).
Resultados e discussão
Na Tabela 3, pode-se se observar que o peso final, peso de carcaça quente, perda por
resfriamento, rendimento de carcaça quente, rendimento de carcaça fria e rendimento
verdadeiro foram semelhantes para os quatro tratamentos experimentais. Todavia, o peso de
carcaça fria foi maior (p<0,05) para os animais que receberam o tratamento com rações
contendo silagem de cana-de-açúcar com inclusão de 15% de resíduo de feijão quando
comparado ao tratamento que recebeu a silagem sem a inclusão de resíduo de feijão.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
45
Tabela 3 Médias e coeficiente de variação para peso vivo ao abate, peso de carcaça quente,
peso de carcaça fria, perdas por resfriamento, rendimento de carcaça quente, rendimento de
carcaça fria e rendimento verdadeiro
Característica
Tratamento
CV% T1 T2 T3 T4
Peso vivo ao abate (kg) 26,73a
28,58a 28,53a 29,45a 9,22
Peso de carcaça quente (kg) 11,47a
12,53a 12,61a 13,20a 10,55
Peso de carcaça fria (kg) 10,78b
11,58ab
12,08ab 12,57a 9,9
Perda por resfriamento (%) 5,94a 7,36a 4,19a 4,83a 64,55
Rendimento de carcaça quente (%) 42,93a
43,86a 44,33a 44,61a 5,69
Rendimento de carcaça fria (%) 40,33a
40,60a 42,45a 42,45a 5,84
Rendimento verdadeiro (%) 55,07a
54,75a 54,21a 55,01a 3,67
As letras A e B na mesma linha diferem entre si pelo Teste de Tukey 5%.
Em relação ao maior peso de carcaça fria, o resultado pode ser explicado por uma maior
deposição de gordura nos animais que receberam a silagem com 15% de resíduo de feijão,
mesmo não tendo ocorrido diferença significativa nas perdas por resfriamento. Os animais do
tratamento com 15% de resíduo de feijão na silagem apresentaram em média 1,7 kg a mais de
peso na carcaça e associando isso a diferença de mais de 20% nas perdas por resfriamento
contribuíram para os resultados encontrados. A gordura proporciona menores perdas de água
da carcaça desses animais, quando colocados em resfriamento, pois conferindo proteção à
carcaça (Silva Sobrinho, 1999).
Pires et al. (2006), trabalhando com cordeiros Ile de France x Texel, abatidos com 30
kg de peso vivo, encontraram valores percentuais para perdas por resfriamento de 3,11%,
valor abaixo do encontrado no presente experimento. Os valores mais altos de perdas por
resfriamento estão associados à menor cobertura de gordura observada nos animais utilizados
nos experimentos, que são animais sem padrão racial definido, sem especialização para
produção de carne quando compradas a outras raças como a Ile de France e Texel.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
46
Segundo Macedo et. al. (2003), o índice de perdas por resfriamento indica o percentual
de peso perdido durante o resfriamento da carcaça, em decorrência de fatores como perda de
umidade e reações químicas que ocorrem no músculo. Assim, quanto menor esse percentual,
maior a probabilidade de a carcaça ter sido manejada e armazenada de modo adequado. Por
sua vez, Silva Sobrinho et. al. (2005) afirmam que essas perdas são maiores em carcaças com
menor gordura de cobertura.
Verifica-se que os diferentes tratamentos não tiveram efeito sobre os pesos dos cortes e
seus rendimentos (Tabela 4), exceto para o peso de pernil que foi maior (P<0,05) para os
animais que receberam o tratamento contendo silagem de cana-de-açúcar com 15% de resíduo
de feijão. Esse resultado está associado ao maior peso observado para a carcaça fria dos
animais que receberam o tratamento com mais resíduo de feijão na silagem quando
comparado ao tratamento que não teve a inclusão do resíduo. Esse corte foi beneficiado pelo
maior peso da carcaça fria, já que o rendimento do pernil foi semelhante.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
47
Tabela 4 - Média e coeficientes de variação dos pesos dos cortes comerciais e rendimentos
dos cortes comerciais
Variáveis
Tratamento
CV%
T1 T2 T3 T4
Peso dos cortes (kg)
Pescoço 0,55a 0,60a 0,62a 0,63a 11,93
Paleta 1,01a 1,09a 1,10a 1,15a 10,06
Costelas (1 a 5ª) 0,37a 0,41a 0,40a 0,41a 8,27
Costelas (6 a 13ª) 0,52a 0,59a 0,60a 0,61a 11,51
Serrote 0,56a 0,64a 0,66a 0,69a 14,31
Lombo 0,53a 0,56a 0,57a 0,62a 13,97
Pernil 1,66b 1,67b 1,79ab 1,90a 7,91
Rendimento dos cortes (%)
Pescoço 10,81a 10,43a 10,71a 10,55a 9,42
Paleta 19,30a 19,36a 18,89a 18,93a 7,28
Costelas (1 a 5ª) 7,16a 7,09a 6,99a 6,93a 6,78
Costelas (6 a 13ª) 9,91a 10,24a 10,41a 10,38a 6,93
Serrote 10,79a 11,19a 11,47a 11,48a 9,4
Lombo 10,08a 9,53a 10,04a 10,38a 9,34
Pernil 31,95a 32,15a 31,49a 31,35a 8,18
As letras A e B na mesma linha diferem entre si pelo Teste de Tukey 5%.
Os valores médios dos rendimentos dos cortes, em relação à meia carcaça,
apresentaram similaridade aos observados por Fernandes (1994) e Garcia (1998) que usaram
cordeiros confinados; e Macedo (1998) que estudou tais parâmetros para cordeiros terminados
em confinamento e/ou pastejo, verificando os seguintes resultados: paleta 19,3; 19,5 e 19,5%,
perna 33,7; 33,0 e 33,6%, lombo 10,2; 11,7 e 9,6%, costelas (6 a 13ª) 9,7; 11,0 e 9,4%,
costelas (1 a 5ª) 6,3; 6,2 e 11,5%, serrote 12,3; 9,4 e 11,4% e pescoço 8,0; 9,4 e 11,4%,
respectivamente.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
48
A semelhança no rendimento dos cortes, não influenciados pelos tratamentos, confirma a
lei da harmonia anatômica (Boccard e Dumont, 1960), a partir da verificação de que os
rendimentos dos cortes, mesmo para peso de abate diferentes, não sofrem grandes variações.
Siqueira et. al. (2001), citando também a lei da harmonia anatômica, explica a tendência de
similaridade das porcentagens: “em carcaças de pesos e quantidades de gordura similares,
praticamente todas as regiões corporais se encontram em proporções semelhantes, qualquer
que seja a conformação dos genótipos considerados”. Resultados similares foram relatados
por Fernandes & Siqueira (2000), Macedo et al. (2003), Sá et al.(2005)
Kirton et al. (1996) citam que baixa variação nas proporções dos diferentes cortes
quando estes são feitos no mesmo ponto anatômico, com intervalos de valores que variam de
21,97% para a paleta de ovinos mestiços de Hampshire Down a 22,74% para ovinos cruza de
Poll Dorset; 11,45% para o lombo de cordeiros mestiços de Merino a 12,51% para
Southdown. A perna variou de 33,22% para ovinos Sufflok a 32,20% para cordeiros mestiços
de Dorset Horn valores próximos encontrados no neste trabalho, que variou de 31,35 a
32,15%.
Os rendimentos da perna e da paleta foram superiores aos observados por Pereira &
Santos (2001), que usaram cordeiros Suffolk criados em creep feeding, porém confinados por
um curto período, obtendo rendimentos de 25,4 e 12,6 %, respectivamente. Entretanto,
adotaram peso de abate superior e conseqüentemente os cordeiros apresentaram idade mais
avançada, quando comparados aos obtidos no presente experimento; confirmando que existe
uma tendência desses dois cortes apresentarem o peso reduzido com o avanço da idade,
devido ao seu ritmo de crescimento rápido (Sousa, 1993).
A área de olho de lombo é uma medida objetiva de grande valor na predição da
quantidade de músculo na carcaça (Macedo, 1998), enquanto a avaliação da gordura é
fundamental, sendo fator determinante de sua qualidade (McClure et al., 1994).
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
49
Observa-se (tabela 5) que os tratamentos não alteraram essa característica, que foi
semelhante para as dietas com diferentes níveis de inclusão de resíduo de feijão na silagem de
cana-de-açúcar.
Tabela 5 Médias e coeficiente de variação das mensurações realizadas no músculo
Longissimus dorsi de ovinos alimentados com silagens enriquecidas com resíduo de feijão
Variáveis
Tratamento
CV%
T1 T2 T3 T4
Gordura de cobertura (mm) 1,67a 1,68a 1,80a 2,30a 30,22
Área de olho de lombo (cm²) 9,62a 9,99a 10,23a
10,99a 26,96
Índice de compacidade da carcaça (kg/cm) 0,18b 0,19ab
0,20ab
0,20a 8,06
As letras A e B na mesma linha diferem entre si pelo Teste de Tukey 5%.
A área do olho de lombo foi semelhante à obtida por Macedo (1998), que trabalhou
com cordeiros Corriedale e mestiço Bergamácia x Corriedale e Hampshire Down x
Corriedale, quando adotada a terminação em confinamento, com dieta contendo 18%PB e
2,82 Mcal EM, que obteve valor de 10,21 cm
2
.
Os índices de compacidade da carcaça obtidos (tabela 5) apresentaram medias de 0,18
a 0,20%, valores superiores aos verificados por Dantas et.al. (2008). Porém, estes se
mostraram equivalentes aos relatados por Reis et. al., 2001. Vacca et. al. (2008) cita a
necessidade de selecionar animais com melhor desenvolvimento de posterior, uma vez que
animais de maior hipertrofia muscular proporcionam cortes com melhor aparência para o
consumidor.
A gordura de cobertura não apresentou diferenças significativas entre os tratamentos,
resultado da similaridade na composição das dietas, embora tenha havido diferença de mais de
37% entre a cobertura de gordura dos animais dos tratamentos com 15% de resíduo de feijão
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
50
na silagem de cana-de-açúcar comparado aos animais que receberam o tratamento sem resíduo
de feijão.
A qualidade da carne é resultante da combinação entre sabor, suculência, textura,
maciez e aparência, constituintes que exercem influência na aceitação do produto (Madruga
et.al., 2000). Em geral, a apreciação da carne pelo consumidor é determinada por sua resposta
ao sabor, à suculência e à maciez, cujo grau de satisfação depende de respostas psicológicas e
sensoriais inerentes a cada indivíduo (Tonetto et al., 2004). Dentre os atributos que se
relacionam com a aceitação da carne, os parâmetros físicos como cor, perda de peso na cocção
e força de cisalhamento são determinantes, parâmetros esses demonstrados na tabela 6.
Tabelas 6 Médias e coeficiente de variação de atributos qualitativos da carcaça de ovinos
alimentados com silagens enriquecidas com resíduo de feijão
Variáveis
Tratamento
CV%
T1 T2 T3 T4
Cor
Teor de luminosidade (L*) 25,75a 24,54a 26,69a 26,19a 10,21
Teor de vermelho (a*) 10,18a 9,74a 10,72a 10,70a 10,08
Teor de amarelo (b*) 12,35ab 11,62b 13,09a 12,45ab 6,14
Força de Cisalhamento (kgf) 2,20a 1,85a 2,04a 1,91a 33,15
Perdas por cocção (%) 34,23a 33,60a 33,27a 31,89a 13,82
Índice de musculosidade da perna
0,341a 0,347a 0,358a 0,357a 7,97
As letras A e B na mesma linha diferem entre si pelo Teste de Tukey 5%.
Podemos observar (tabela 6) que a perda por cocção não variou. A perda de peso no
cozimento é uma medida de qualidade, que está associada ao rendimento da carne no
momento do consumo, sendo uma característica influenciada pela capacidade de retenção de
água nas estruturas da carne (Pardi et al. 1993).
A cor da carne não diferiu entre os tratamentos, deve sua importância, em parte, ao
fato de que, normalmente, a quantidade de pigmentos e, consequentemente, a quantidade de
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
51
ferro hemínico, aumentar com a idade dos animais, de forma que a quantidade de pigmentos
durante o crescimento pode ser considerada como uma medida do desenvolvimento
fisiológico dos animais. Nesse contexto é que o consumidor considera a cor como o atributo
sensorial mais importante no momento de decidir a compra da carne. Geralmente o
consumidor prefere carne de cor vermelho brilhante, enquanto rejeita aquelas de cor mais
escura e sem brilho. Os animais deste trabalho apresentavam idades semelhantes.
Souza (2001) citou valores de 31,36 a 38,00 e Prado (2000), valores entre 33,00 a
43,00 como sendo valores médios para L* (luminosidade) em ovinos. Citaram ainda, valores
médios para cor vermelho e amarelo entre 12,27 a 18,01, e de 10,00 a 14,00 para a* (teor
vermelho) e 3,34 a 5,65 e 6,73 a 8,15 para b* (teor amarelo). Sendo assim, os valores médios
de a* (teor vermelho) e b* (teor amarelo) descrevem uma normalidade em relação a presença
de mioglobina (a*) e presença de gordura (b*). Portanto, a cor do músculo é determinada pela
quantidade de mioglobina e pelas proporções relativas desse pigmento, que pode ser
encontrado na forma mioglobina reduzida (Mb, cor púrpura), oximioglobina (MbO2, cor
vermelha) e metamioglobina (MetMb, cor marrom). Segundo Bressan et al. (2001), em
ovinos, são descritos valores médios de 31,36 a 38,0, para L*; 12,27 a 18,01, para a*; e 3,34 a
5,65, para b*.
O índice de musculosidade da perna (IMP), mostrado na tabela 5, apresentou valores
semelhantes aos reportados por Marques (2006), que encontrou valores em torno de 0,31 a
0,36, em estudo realizado com cordeiros Santa Inês submetidos a diferentes níveis de flor de
seda em substituição ao sorgo forrageiro.
Os resultados da presente pesquisa corroboram com as afirmações de Silva Sobrinho et
al. (2005), que preconizam que as medidas de musculosidade da perna podem não diferir,
mesmo quando diferenças na quantidade de músculos, sendo estas decorrentes das
variações no comprimento do osso, devido a idade dos animais.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
52
Com relação à força de cisalhamento, os animais utilizados no presente trabalho
apresentaram elevada taxa de maciez, conforme Bickerstaffe et al. (1997), que estabeleceram
que a carne de animais da espécie ovina é considerada macia quando apresenta valores de
força de cisalhamento (FC) de até 8,0 kgf e dura quando se encontra acima de 11 kgf. Pois,
estudando a maciez de carnes de cordeiros, verificaram que as amostras com FC acima de 11
kgf apresentaram níveis de aceitação reduzida. No entanto, o sistema de confinamento
adotado nesta pesquisa, pode ter sido um favorecedor a manutenção da maciez da carne,
devido ao pouco exercício realizado pelos animais em busca do alimento (Mendonça Junior,
2009). Astiz (2008) acrescenta, ainda, que a carne ovina não apresenta tantos problemas
relacionados com a dureza, como ocorre com outras espécies animais.
Sen et al. (2004) encontrou valores mais elevados em carne de ovinos nativos na Índia
(3,74 kgf/cm2). Da mesma forma, Zeola et al. (2007), estudando os músculos Biceps femoris,
Longissimus e Triceps brachii submetidos aos efeitos do tempo de maturação de cordeiros
Morada Nova, encontraram para estes músculos não maturados valores de 2,76; 3,03 e 1,96
kgf/cm2, respectivamente.
Conclusões
Silagem de cana-de-açúcar enriquecida com resíduo de feijão até o nível de 15%, na
matéria natural, pode ser utilizada na alimentação de ovinos sem comprometimento nos pesos
dos cortes, rendimentos e nas características qualitativas da carcaça, constituindo-se em
alternativa para utilização no confinamento de ovinos.
Referências bibliográficas
ANUALPEC: Anuário da Pecuária Brasileira, São Paulo. Argos, 2000. Suinocultura e Criações
diversas, 2000. p.293-345.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
53
ASTIZ, S. C. Calidad de la canal y de la carne ovina y caprina y los gustos de los consumidores.
Revista Brasileira de Zootecnia. v.37, p 143-160, 2008.
BARROS, N. N.; SIMPLÍCIO, A. A. Produção intensiva de ovinos de corte: perspectivas e
cruzamentos. In: SIMPÓSIO MINEIRO DE OVINOCULTURA, 1., 2001. Anais...Lavras:
Universidade Federal de Lavras, p.21-49. 2001.
BICKERSTAFFE, R.; LE COUTEUR, C. E.; MORTON, J. D. Consistency of tenderness in New
Zealand retail meat. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF MEAT SCIENCE AND
TECHNOLOGY, 43., 1997, Auckland. Anais… Auckland, Nova Zelândia, p.196-197, 1997.
BOCCARD, R.; DUMONT, B. L. Etude de la production de viande chez les ovins. II. Variation de
l´importance relative des differentes regions corporalles des agneaux de boucherie. Annales
de Zootechnie, Paris, v. 9, n. 4, p. 355-365, 1960.
BROWN, A.J.; WILLIAMS, D.R. Sheep carcass evaluation: measurement of composition using a
standardized butchery method. Langford: Agricultural Research Council; Meat Research
Council, 1979. 16p. (Memorandum, 38).
CARVALHO, P. A. Influência da restrição alimentar e do ganho compensatório sobre o
crescimento, composição de carcaça e qualidade da carne de cordeiros da raça Santa
Inês. Lavras: [s.n.], 2002. 55 f. Projeto de tese.
CEZAR M.F.; SOUZA W.H. Carcaças Ovinas e Caprinas: obtenção, avaliação e classificação.
Uberaba, MG: Edit. Agropecuária Tropical, 147p, 2007.
DANTAS, A. F.; PEREIRA FILHO, J. M.; SILVA, A. M.; et. al. Características da carcaça de
ovinos Santa Inês terminados em pastejo e submetidos a diferentes níveis de suplementação.
Ciência Agrotecnologia, v. 32, n. 4, p. 1280-1286, 2008.
FERNANDES, S.; SIQUEIRA, E.R. Efeito do genótipo sobre as medidas objetivas e subjetivas da
carcaça de cordeiros terminados em confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29,
n.1, p.306-311, 2000.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
54
FERNANDES, S. Peso vivo ao abate e características de carcaça de cordeiros da raça
Corriedale e mestiços Ile de France X Corriedale recriados em confinamento. Botucatu:
Universidade Estadual Paulista, 1994. 82p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) -
Universidade Estadual Paulista, 1994.
GARCIA, C. A.; MONTEIRO, A. L. G.; COSTA, C.; et al. Medidas objetivas e composição
tecidual da carcaça de cordeiros alimentados com diferentes níveis de energia em creep
feeding. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1380-1390, 2003.
GARCIA, C.A. Avaliação do resíduo de panificação “biscoito” na alimentação de ovinos e nas
características quantitativas e qualitativas da carcaça. Jaboticabal: Universidade
Estadual Paulista, 1998. 79p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Estadual
Paulista, 1998.
HUIDOBRO, F.R., CAÑEQUE, V. Produccion de carne em corderos de raza Manchega. III.
Composição tisular de lãs canales y de las piezas. Revista Producción Sanidad Animal, v.9,
n.1, p.57-69, 1994.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE. Levantamento
Sistemático da Produção Agrícola. 2006. Disponível em: http://www.ibge.gov.br
JORGE A.M., FONTES C.A.A., PAULINO M.F., et. al. Desempenho produtivo de animais de
quatro raças zebuínas abatidos em três estádios de maturidade. Características da carcaça.
Revista Brasileira de Zootecnia, 28:381-387, 1999.
KIRTON, A.H., CARTER, A.H., CLARKE, J.N; et al. A comparison of 15 ram breeds for export
lamb production 2. Proportions of export cuts and carcass class. New Zealand Journal of
Agricultural Research, v.39, p.333-340, 1996.
McCLURE, K.E.; VANKEUREN, R.W.; ALTHOPUSE,P.G. Performance and carcass
characteristics of weaned lambs either grazed on orchardgrass, ryegrass or alfalfa or fed
allconcentrate diets in drylot. Journal of Animal Science, v.72, p.3230-3237, 1994.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
55
MACEDO, F.A.F.; MARTINS, E.N.; SIQUEIRA, E.R.; et. al.: Componentes do peso vivo de
cordeiros Corriedale, puros e mestiços, terminados em pastagem ou confinamento. Arquivo
Ciência Veterinária e Zootecnia, v.6, n.1, p.53- 56, 2003.
MACEDO, F.A.F. Desempenho e características de carcaças de cordeiros Corriedale e
mestiços Bergamácia x Corriedale e Hampshire Down x Corriedale, terminados em
confinamento. Botucatu: Universidade Estadual Paulista, 1998. 72p. Tese (Doutorado em
Zootecnia) - Universidade Estadual Paulista, 1998.
MADRUGA M.S.,ARRUDA, S.G.D; NARAIN, N.; et.al.: Castrations and slaughter age effects on
panel assessment and aroma compounds of the mestiço goats meat. Meat Science, 56:117-
125, 2000.
MARQUES, A. V. M. S. Características quantiqualitativas da carcaça e da carne de cordeiros
Santa Inês alimentados com diferentes níveis de feno de Flor de Seda (Calotropis procera
SW) em substituição ao feno de Sorgo forrageiro (Sorghum bicolor L). 2006. 91p. Tese
(Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2006.
MENDONÇA JUNIOR, A. F. Características de carcaça, componentes não-carcaça e
qualidade da carne de ovinos alimentados com dietas a base de palma forrageira
(opuntia fícus indica) e diferentes fontes de fibra. 2009. 93p. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2009.
OLIVEIRA, A.C.; SANTOS, C.L.; OLIVEIRA, H.C.; et. al.: Rendimento de carcaça de cordeiros
oriundos do cruzamento de Dorper com ovelhas Santa Inês e Rabo Largo. In: REUNIÃO
ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41., 2004. Campo Grande.
Anais. Campo Grande: SBZ, 2004. 1 CD-ROM.
OLIVEIRA, M. V. M.; PÉREZ, J. R. O.; ALVES, E. L.; et al. Avaliação da Composição de
Cortes Comerciais, Componentes Corporais e Órgãos Internos de Cordeiros Confinados e
Alimentados com Dejetos de Suínos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.3, p.1459-
1468, 2002.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
56
PARDI M.C., SANTOS I.F., SOUZA E.R & PARDI H.S. Ciência, higiene e tecnologia da
carne: tecnologia da sua obtenção e transformação. Goiânia: Centro Editorial e Gráfico
Universidade de Goiás, v.1, 586p. 1993.
PEREIRA, J.R.A.; SANTOS, I.C. Sistema intensivo para produção de carne ovina. In: Produção
de ovinos. Ponta Grossa: Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2001. p.7-19.
PIRES, C. C; GALVANI, D. B; CARVALHO, S; et al. Características da carcaça de cordeiros
alimentados com dietas contendo diferentes níveis de fibra em detergente neutro. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.35, n.5, p.2058-2065, 2006.
PURCHAS, R. W.; DAVIES, A. S.; ABDULLAH, A.Y. An objective measure of muscularity:
changes with animal growth and differences between genetic lines of Southdown sheep. Meat
Science, v.30, p.81-94, 1991.
REIS, W; JOBIM, C.C; MACEDO, F.A. F; et al. Características da Carcaça de Cordeiros
Alimentados com Dietas Contendo Grãos de Milho Conservados em Diferentes Formas.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.4, 2001.
SÁ, J.L.; SIQUEIRA, E.R.; OTTO S.C, et. al. Características de carcaça de cordeiros Hampshire
Down e Santa Inês sob diferentes fotoperíodos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.40, n.3,
p.289-297, 2005.
SAÑUDO, C. La calidad organoléptica de la carne com especial referencia a la especie ovina.
Fatores que la determinan, metodos de medida y causas de variacion. Zaragoza :
Universidade de Zaragoza, 1991. 225p.
SAS INSTITUTE. User's guide: statistics. Versão 6.12. Cary. USA: North Carolina State
University, 2000. 956p.
SEN A.R., SANTRA A. & KARIM S.A. Carcass yield, composition and meat quality attributes
of sheep and goat under semiarid conditions. Meat Science, v.66, 757-763, 2004.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
57
SILVA SOBRINHO A.G., PURCHAS R.W., KADIM I.T; et al. Características de qualidade da
carne de ovinos de diferentes genótipos e idades ao abate. Revista Brasileira de Zootecnia,
34:1070- 1078, 2005.
SILVA SOBRINHO, A.G. Aspectos quantitativos e qualitativos da produção de carne ovina. In:
Sociedade Brasileira de Zootecnia. A produção animal na visão dos brasileiros.
Anais...Editado por Mattos, W.R.S; et al. FEALQ, 2001. p. 425-446.
SILVA SOBRINHO, A. G. Body composition and característics of carcass from lambs of
different genotypes and ages at slaughter. Palmerston North: Massey
University, 1999. 54 p. (Post. Doctorate in Sheep Meat Production).
SIQUEIRA, E. R.; NATEL, A., S.; CARVALHO, S.R. S. T.; et. al.; Composição tecidual do lombo
e cortes das carcaças de cordeiros inteiros e castrados, submetidos a dois fotoperíodos.
Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, n., v.11, n.1, p 25-35 jan/mar, 2010.
SIQUEIRA, E.R.; SIMÕES, C.D.; FERNADES, S. Efeito do sexo e do peso ao abate sobre a
produção de carne de cordeiro 1. Velocidade de crescimento, caracteres quantitativos da
carcaça, pH da carne e resultado econômico. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.3,
p.844-848, 2001.
SOUZA, X.R. Efeitos de grupo genético, sexo e peso ao abate na qualidade de carne de
cordeiros em crescimento. Lavras. (Dissertação de Mestrado em Ciência dos Alimentos),
Universidade Federal de Lavras (UFLA). 2001. 116p.
SOUZA, O.R.C. Rendimento de carcaça, composição regional e física da paleta e quarto em
cordeiros Romney Marsh abatidos aos 90 e 180 dias de idade. Pelotas: UFPEL, 1993. 102
p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) -Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”,
Universidade Federal de Pelotas, 1993.
TONETTO C.J.; PIRES C.C.; MULLER L; et al. Rendimentos de cortes da carcaça,
características da carne e componentes do peso vivo em cordeiros terminados em três sistemas
de alimentação. Revista Brasileira de Zootecnia, 33:234-241, 2004.
ANDRADE, R. B. Silagem de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.) aditivada com resíduo...
58
VACCA, G.M.; CARCANGIU; V., DETTORI, M. L.; et. al. Productive performance and meat
quality of Mouflon x Sarda and Sarda x Sarda suckling lambs. Meat Science, 80(2), 326-334,
2008.
WHEELER, T. T.; CUNDIFF, L. V.; KOCH, R. M. Effects of marbling degree on palatability
and caloric content of beef. Beef Research – Progress Report 4. v. 71, p. 133. 1995.
YÁÑEZ, E.A. Desenvolvimento relativo dos tecidos e características da carcaça de cabritos
saanen, com diferentes pesos e níveis nutricionais. Jaboticabal: Universidade Estadual
Paulista, 2002. 85p. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Estadual Paulista, 2002.
ZEOLA, N. M. B. L.; SOUZA, P. A.; SOUZA, H. B. A.; et al. Cor, capacidade de retenção de água
e maciez da carne de cordeiro maturada e injetada com cloreto de cálcio. Arquivo Brasileiro
de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, n.4, p.1058-1066, 2007.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo