Download PDF
ads:
Avanço para a Erradicação da Poliomielite Angola e
República Democrática do Congo, Janeiro de 2002
Junho de 2003
Desde que a Assembléia Mundial de Saúde resolveu em 1988 erradicar a poliomielite no
mundo, a incidência global estimada de pólio tem diminuído em cerca de 99% (1). A
implementação das atividades para erradicação da pólio em Angola e República
Democrática do Congo (RDC) iniciou em 1996. Angola e RDC são caracterizadas por
amplas áreas geográficas, alta densidade populacional urbana, conflitos civis recentes e
uma história de surtos de pólio (2-5). Este relatório sumariza o progresso feito para a
erradicação da pólio durante o período de janeiro de 2002 a junho de 2003 e exalta os
desafios que restam em Angola e RDC.
Vacinação de Rotina
Em Angola, a cobertura vacinal nacional notificada de lactentes < 12 meses com 3 doses de
vacina oral contra poliovírus (VOP3) foi 33% em 2000, 44% em 2001 e 42% em 2002
(Ministério da Saúde de Angola, dados não publicados, 2003). Na RDC, a cobertura
nacional de rotina com VOP3 foi de 42% em 2000, 33% em 2001 e 45% em 2002
(Ministério da Saúde da RDC, dados não publicados, 2003).
Atividades Suplementares de Imunização
Desde 1996, as atividades suplementares de imunizações (ASIs) visando as crianças <5
anos para a vacinação com VOP têm sido realizada anualmente em Angola e RDC. Durante
o período de janeiro de 2002 a maio de 2003, Angola implementou três etapas de Dias
Nacionais de Imunizações
*
(DNIs) e uma etapa de dias sub-nacionais de imunizações
(DSNIs) usando a vacinação casa-a-casa). O DSNI de maio de 2002 visou 40
municipalidades com áreas de alto risco e alcançou aproximadamente 2,8 milhões de
crianças <5 anos de idade, incluindo pessoas que moram em 28 campos de pessoas
deslocadas internamente (PDI) e em cinco áreas de alojamento para antigos combatentes e
*
Campanhas de vacinação em massa durante um curto período (dias) nos quais 2 doses de VOP são
administradas a todas as crianças no grupo alvo (usualmente aqueles <5 anos) independente de história
vacinal anterior.
Campanhas similares ao DNIs, porém confinadas a parte do país.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho
Em: 29/08/2003
2
seus familiares (4). As áreas de alto risco foram identificadas com base em vários
indicadores, incluindo alta densidade populacional, concentração de PDIs, história de
inacessibilidade durante a guerra, baixa cobertura vacinal durante os DNIs de 2001,
proximidade a populações de refugiados angolanos no Zâmbia e RDC e detecção de
poliovírus selvagem (PVS) em 2001. Durante o período de junho a agosto de 2002. Angola
realizou três etapas de DNIs alcançando aproximadamente 4,5 milhões de crianças <5 anos
de idade durante cada etapa, em sincronização com os DNIs realizados na RDC, República
do Congo, Gabão, Zâmbia, Namíbia e São Tomé e Príncipe. Durante o período de julho a
agosto de 2003, Angola realizou duas etapas mensais de DNIs.
Durante o período de junho a agosto de 2002, a RDC implementou três etapas mensais de
DNIs, alcançando aproximadamente 12,5 milhões de crianças <5 anos de idade durante
cada etapa. Durante o período de julho a agosto de 2003, duas etapas mensais de DSNIs
visando áreas de alto risco foram realizadas na RDC. As áreas de alto risco foram
identificadas com base nos indicadores de vigilância, incluindo agrupamento de casos
compatíveis com pólio, baixa cobertura vacinal durante os DNIs de 2002 e detecção de
PVS em 2000.
Vigilância da Paralisia Flácida Aguda
A qualidade da vigilância em saúde pública para os casos de paralisia flácida aguda (PFA)
é avaliada por dois indicadores chaves estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde:
taxa anual de notificação (alvo: taxa de PFA não pólio >1 caso por 100.000 crianças <15
anos de idade) e conclusão da coleta de amostras (alvo: duas amostras adequadas de fezes
de >80% das pessoas com PFA). Em 2002, as taxas de PFA não pólio em angola foi 3,0
(Tabela). Todas as 18 províncias alcançaram taxas de PFA não pólio >1.0. embora a
distribuição geográfica dos casos de PFA detectados em 2002 no ocidente de Angola foi
proporcional a densidade populacional, existiram falhas na detecção de caso nas províncias
centrais e do ocidente (Figura). Os casos de PFA foram notificados primariamente pelos
centros municipais. Nenhum caso foi notificado de várias áreas sub-provinciais que fazem
fronteira com Zâmbia e RDC nas quais o acesso e segurança são preocupantes. Em 2002, a
proporção de casos de pessoas das quais duas amostras adequadas de fezes foram coletadas
foi 85%. Durante o período de janeiro a junho de 2003, a taxa de PFA não pólio anualizada
foi 1,4, com 13 (72%) das 18 províncias notificando pelo menos um caso de PFA. As
amostras adequadas de fezes foram coletadas de 84% das pessoas com PFA. A taxa de
isolamento de enterovírus não pólio (EVNP), um indicador combinado para a qualidade de
transporte de amostra e sensibilidade do processamento laboratorial, foi 19,3% em 2002 e
33,0% durante o período de janeiro a junho de 2003 (alvo: >10%). Os casos de PFA nos
quais a pólio paralítica não pôde ser confiavelmente excluída foram classificados como
compatíveis com pólio. Em 2002, dos 186 casos de PFA notificados, o comitê Nacional de
especialista em pólio de Angola classificou 17 (9%) como compatíveis com pólio.
Em 2002, a taxa de PFA não pólio na RDC foi 5,0, com todas as 11 províncias alcançando
taxas de PFA >1,0. Durante o período de janeiro a junho de 2003, a taxa de PFA não pólio
anualizada foi 3,3, com todas as 11 províncias notificando pelo menos um caso de PFA. A
proporção de casos de PFA em pessoas das quais duas amostras adequadas de fezes foram
coletadas foi 84% em 2002 e 92% durante o período de janeiro a junho de 2003. A taxa de
isolamento de EVNP para a RDC foi 17,5% em 2002 e 12,0% durante o período de janeiro
ads:
Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho
Em: 29/08/2003
3
a junho de 2003. Em 2002, o comitê nacional de especialista em pólio da RDC classificou
59 (5%) dos 1.239 casos como compatíveis com pólio; a Província Orientale, um local de
conflito em progresso no qual aproximadamente 15% da população reside, contribuiu com
24 (41%) desses 59 casos. As amostras de quatro (17%) dessas 24 pessoas chegaram no
laboratório em péssimas condições e uma única amostra existia para um outro caso. Para os
19 pacientes que restaram com doença compatível com pólio, o tempo médio do início da
paralisia para a coleta de duas amostras foi 24 dias (variação: 15-37 dias); para 14 (74%)
pacientes, o período entre o início da paralisia e a notificação foi >14 dias. Até 29 de julho,
uma pessoa com PFA tinha sido classificada como tendo doença compatível com pólio
durante o período de janeiro a junho de 2003.
TABELA- Número de casos notificados de paralisia flácida aguda (PFA) e indicadores chaves de vigilância, por ano angola e
República Democrática do Congo (RDC), janeiro de 2002 a junho de 2003*
2002 Janeiro-junho de 2003
País
Nº de casos
de PFA
Taxa de
PFA não
pólio†
% de
pessoas
com PFA
com
amostras
adequadas§
Nº de casos
compatíveis
com pólio¶
Nº de casos
de PFA
Taxa de
PFA não
pólio†
% de
pessoas
com PFA
com
amostras
adequadas§
Nº de casos
compatíveis
com pólio¶
Angola 186 3,0 85 17 43 1,4 84 0
RDC 1.239 5,0 84 59 414 3,3 92 1
* Até 29 de julho de 2003.
† Por 100.000 crianças <15 anos de idade.
§ Duas amostras de fezes coletadas em um intervalo de pelo menos 24 horas, dentro de 14 dias do início da paralisia e enviadas
adequadamente ao laboratório.
¶ Em pessoas com PFA com amostras inadequadas, nas quais a pólio paralítica não pôde ser confiavelmente excluída.
Incidência de Pólio
Durante o período de dezembro de 2001 a fevereiro de 2002, cinco casos de pólio com
isolamento de PVS tipo 1 (P1) foram detectados entre refugiados angolanos no Zâmbia
Ocidental. O sequenciamento genético confirmou que esses isolados eram relacionados a
cepas de PVS isoladas mais recentemente em Angola e RDC (4). O último PVS confirmado
laboratorialmente em Angola foi o vírus P1 isolado em setembro de 2001 de uma pessoa
com PFA na província de Lunda Sul. Em 2000, um surto de P1 nas ilhas de Cabo Verde foi
identificado pela análise de seqüência genética como importado de Angola (6). Em 1999,
um surto de pólio causado principalmente pelo PVS tipo 3 afetou aproximadamente 1.100
crianças Angolanas (4,5). Em 2000, um total de 28 casos de PVS confirmados por
laboratório na RDC foi identificado. O caso mais recente confirmado laboratorialmente de
PVS foi um vírus P1 isolado em dezembro de 2000 de uma pessoa com PFA da província
de Kasai Oriental.
Relatado por: Ministério da Saúde; Escritório da Organização Mundial de Saúde,
Luanda, Angola. Ministério da Saúde; Escritório da Organização Mundial de Saúde,
Kinshasa, República Democrática do Congo. Escritório Regional da Organização Mundial
de Saúde para a África, Harare, Zimbabwe. Departamento de Vacinas e Biológicos,
Organização Mundial de Saúde, Genebra, Suíça. Divisão de Doenças Virais e Rickettsiais,
Centro Nacional de Doenças Infecciosas; Divisão Global de Imunizações, Programa
Nacional de Imunizações, CDC.
Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho
Em: 29/08/2003
4
FIGURA. Distribuição de casos notificados de paralisia flácida aguda (PFA) Angola, República Democrática do Congo
e Zâmbia, 2002*
Nota Editorial:
O progresso para a erradicação da pólio tem continuado em Angola e RDC apesar do
conflito armado. Durante o período de 2002 a junho de 2003, ambos os países atenderam
ou excederam os padrões recomendados pela OMS de qualidade de vigilância nas
instâncias nacionais e provinciais. A ausência de PVS confirmado por laboratório para os
21 meses precedentes em Angola e para os 30 meses precedentes na RDC sob condições de
vigilância adequada sugere que Angola e RDC têm feito progresso substancial para a
interrupção da transmissão do PVS.
Embora um acordo de cessar-fogo terminando com 27 anos de guerra civil em Angola
tenha sido assinado em abril de 2002, um legado de infra-estrutura devastada permanece,
minas no campo e populações deslocadas, particularmente nas províncias centrais e
ocidentais. O acesso tem melhora à áreas nunca antes cobertas pelas ASIs ou vigilância da
PFA, porém as operações são ainda difíceis de serem implementadas, e o acesso às
províncias do sul permanece problemático. Embora angola tenha alcançado uma taxa de
PFA não pólio >1,0 em todas as 18 províncias em 2002, existem lacunas na vigilância na
instância sub provincial em algumas áreas da metade oriental do país, e a possibilidade de
baixo grau de transmissão do poliovírus não pode ser excluída. Devido ao retorno das PDIs
que tinham se refugiado em centros urbanos durante a guerra, a disponibilização de
serviços a áreas que eram inacessíveis previamente deve ser uma prioridade.
Aproximadamente 400.000 refugiados angolanos residem no Zâmbia e RDC (Alto
Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho
Em: 29/08/2003
5
Comissionário das Nações Unidas para Refugiados, dados não publicados, 2003). A
detecção de PVS de cinco crianças não vacinadas em refugiados angolanos no oeste do
Zâmbia exalta o potencial para a circulação do poliovírus nessas populações de alto risco,
pobremente vacinadas. As atividades de vacinação e vigilância devem ser apoiadas e
ampliadas, particularmente em áreas onde os refugiados ou as PDIs são prováveis de
formarem assentamento ou se congregarem.
Embora um acordo de paz terminando >4 anos de guerra civil na RDC tenha sido assinado
em abril de 2003, o conflito étnico continua na parte nordeste do país, particularmente na
região de Ituri da província Orientale e na província de North Kivu. Até janeiro de 2003,
aproximadamente 1,6 milhões de PDIs residiam nessas províncias (Escritório das Nações
Unidas para a Coordenação de Questões Humanitárias, dados não publicados, 2003). Um
número substancial de casos de PFA detectado na província Orientale em 2002 foi
classificado como compatível com pólio principalmente devido a notificação retardada e
poucas condições da amostra. Esses casos compatíveis poderiam ser atribuíveis a vigilância
sub ideal devido a guerra, porém a incerteza sobre o possível baixo grau de transmissão
existe. Com a cessação das hostilidades na nação, existe o potencial para melhoria da
qualidade da vigilância nas áreas como a província Orientale. As conseqüências da guerra
civil na RDC apresenta um desafio de manutenção dos ganhos feitos na erradicação da
pólio. A baixa cobertura vacinal de rotina e a decisão de implementar apenas os DSNIs
poderiam comprometer a obtenção dos níveis de imunidade populacional necessários para
garantir proteção contra uma re-emergência de transmissão endêmica do poliovírus.
A manutenção de melhor qualidade da vigilância uniformemente dentro das províncias e a
melhora na cobertura vacinal de rotina são prioridades chaves, particularmente devido ao
número e escopo geográfico das ASIs estarem sendo reduzidas proporcionalmente. Angola
e seus parceiros de desenvolvimento têm iniciado uma fase de reconstrução nacional, e a
RDC tem lançado um governo representativo provisório. Para garantir que o consentimento
político para a erradicação da pólio seja mantido, cada ação deve ser feita para assegurar
que a erradicação da pólio permanece como prioridade nacional. A concordância mantida
pelos governos nacionais e doadores
§
é crítica para que a pólio seja erradicada em Angola e
RDC.
Referências
1. CDC. Progress toward global eradication of poliomyelitis, 2003. MMWR
2003;52:366-9.
2. CDC. Progress toward poliomyelitis eradication-Angola, Democratic Republic of
Congo, Ethiopia, and Nigeria, January 2000-July 2001. MMWR 2001;50:826-9.
3. CDC. Progress toward poliomyelitis eradication-Democratic Republic of Congo,
1996-1999. MMWR 2000;49:253-8.
§
As ações para erradicação da pólio em Angola e RDC são apoiadas pelos governos de Angola, RDC,
Bélgica, Itália, Japão e Países Baixos; Departamento para o Desenvolvimento Internacional, Reino Unido; a
Fundação Bill e Melinda Gates; a Fundação das Nações Unidas; Aventis Pasteur; DeBeers; Fundo das Nações
Unidas para a Infância (UNICEF); Rotary Internacional; Agência Canadense para o Desenvolvimento
Internacional, OMS e CDC.
Traduzido por: Edson Alves de Moura Filho
Em: 29/08/2003
6
4. CDC. Progress toward poliomyelitis eradication-Angola, January 1998-June 2002.
MMWR 2002;51:762-4.
5. Valente F, Otten M, Balbina F, et al. Massive outbreak of poliomyelitis caused by
type-3 wild poliovirus in Angola in 1999. Bull WHO 2000;78:339-46.
6. CDC. Outbreak of poliomyelitis-Cape Verde, 2000. MMWR 2000;49:1070.
-
se de uma contribuição da
Coordenação Geral do
Programa Nacional de Imunizações CGPNI/SVS/MS, em parceria com a
Organização Pan Americana de Saúde OPAS - Escritório Regional da Organização
Mundial de Saúde para a Região das Américas - Brasil, a todos que se dedicam às ações
de imunizações.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo