As teorias evolutivas tradicionais da moralidade não conseguem explicar
muito bem a generosidade sem retribuição em relação a não parentes. Elas
preocupam-se com situações triviais, como gorjetas, ignorando aquelas
nas quais a generosidade masculina é mais aparente – durante o cortejo
sexual. Durante o cortejo, os homens incorrem em custos muito altos, em
termos de tempo, energia, risco e recursos. Alguns desses custos, como o
canto dos pássaros, evaporam-se no ar, não cedendo qualquer benefício
para a mulher, exceto informações sobre a aptidão do homem. Outros
efeitos de cortejo masculino trazem benefícios sociais mais amplos para
toda a comunidade, como cavaleiros legendários que matavam dragões
para conquistar a mão da princesa, ou caçadores do pleistoceno que
assassinavam mamutes. Uns poucos casos trazem benefício para a fêmea
(Miller, 2001, p.353).
Alguns psicólogos como Helen Fisher e Camilla Power tentam caracterizar o
cortejo humano como um contrato entre homens e mulheres, no qual o primeiro
oferece recursos e, a fêmea, o sexo. Mas na verdade não é isso o que acontece.
Qualquer homem civilizado conhece a diferença entre prostituição contratual e dar
presentes durante o cortejo. Na verdade, o prazer gerado pelos presentes
masculinos se devem ao fato de estes demonstrarem a aptidão e o
comprometimento masculino muito mais do que uma eficiente transferência de
recursos de homens para mulheres.
A generosidade masculina durante o cortejo é relativamente ineficiente
como modo de transferir recursos para as mulheres. Parece que não nos
preocupamos com a eficiência, apenas com o custo da doação e com a
boa intenção. A transferência eficiente de benefícios é extremamente fria,
em termos de romance. Se o cortejo humano evoluiu sob o modelo de
reciprocidade, seria muito, muito simples. Atualmente, as mulheres fariam
leilão de seu de seu potencial reprodutivo na internet, aceitando
transferências bancárias de todos os pretendentes, concedendo seus
favores ao maior doador. As mulheres teriam emoções bem adaptadas
para apaixonarem-se pelo licitante mais generoso” (Miller, 2001, p.354).
“Os presentes românticos são os mais inúteis para as mulheres e os mais
caros para os homens. O romance moderno e feito de flores que morrem,
velas que se queimam, jantares absurdamente caros e caminhadas em
praias exóticas. Essas coisas não aumentam as perspectivas de
sobrevivência das mulheres ainda reduzem a conta bancária de um
homem. O fato de uma aliança de noivado ser feita de material durável não
a transforma em benefício material biologicamente relevante para uma
mulher. Se ela quisesse o ouro como um benefício puramente material, não
se importaria se m pretendente comprasse sua aliança em uma liquidação
de uma loja de vendas por catálogo. Na realidade, contudo, ela quer que
seu noivo pague o preço integral na melhor joalheria,porque isso é mais
“romântico”, quer dizer, mais caro. Os filósofos morais poderiam não
considerar a generosidade masculina durante o cortejo um comportamento
muito “moral”. Para a mulher que recebe um presente romântico,
entretanto, trata-se de uma virtude capital (Miller, 2001, p.355).
Além de nossas características morais aumentarem nosso valor no mercado
sexual diretamente quando demonstramos tais atitudes em frente a possíveis