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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS MODERNAS
LÍNGUA E LITERATURA ITALIANA
STEFANIA BRAND SERRA
Scrivere, molto piacere.
Propostas de atividades para a produção escrita, com a utilização
de materiais motivadores.
São Paulo
2010
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STEFANIA BRAND SERRA
Scrivere, molto piacere.
Propostas de atividades para a produção escrita, com a utilização
de materiais motivadores.
Dissertação apresentada ao Departamento de Letras
Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção
do título de Mestre em Letras.
Área de concentração: Língua e Literatura italiana
Orientador: Profa. Dra. Olga Alejandra Mordente
São Paulo
2010
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FOLHA DE APROVÃO
Stefania Brand Serra
Scrivere, molto piacere - Propostas de atividades para a produção escrita,
com a utilização de materiais motivadores.
Dissertação apresentada ao Departamento de Letras
Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção
do título de Mestre em Letras.
Área de concentração: Língua e Literatura italiana
Aprovada em: ___ / ___ / ___
Banca examinadora
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: ____________________ Assinatura: ____________________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: ____________________ Assinatura: ____________________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: ____________________ Assinatura: ____________________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: ____________________ Assinatura: ____________________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: ____________________ Assinatura: ____________________________
A Giuseppe, meu pai e protetor, fonte do meu amor pela língua italiana.
A Ophélia, minha mãe, pela motivação e incentivo nos momentos mais difíceis.
Agradecimentos
À Profa. Dra.
Olga Alejandra Mordente, pela orientação serena e competente,
contribuindo para meu crescimento intelectual.
Às Profas. Dras. Giliola Maggio e Maria Cecília Casini pelas observações e
sugestões enriquecedoras, por ocasião da prova de qualificação.
À Profa. Dra
. Paola Giustina Baccin pelos imprescindíveis comentários para o
andamento e conclusão da pesquisa.
Aos colegas do programa de pós-graduação em Língua e Literatura Italiana.
À
Profa Dra. Francesca Vitrone da Universidade de Macerata, Itália, pelas
contribuições didáticas e pelas sugestões para o desenvolvimento do trabalho,
durante o “Convegno sull’insegnamento dell’italiano a stranieri” na Universidade de
Macerata, Itália.
A Edite Mendez
pela disposição e paciência.
Aos meus irmãos Valéria e Marcelo e aos meus sobrinhos. Eis aqui o resultado das
minhas inúmeras ausências.
A Mara, pelo incentivo, pelas ótimas sugestões e por ser uma querida e verdadeira
amiga.
Aos meus alunos, grandes colaboradores, que participaram e participam das
experiências em sala de aula.
RESUMO
SERRA, S.B. Scrivere, molto piacere - Propostas de atividades para a produção
escrita, com a utilização de materiais motivadores. 2010. 135 f. Dissertação
(Mestrado) Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2010
Apresentamos um estudo sobre propostas para a produção escrita em aulas
de língua italiana (LE e L2), com foco motivacional. Os destinatários são alunos de
nível intermediário (B1), segundo o Quadro Europeu Comum de Referência para as
Línguas. Por meio de experiências no ensino de língua, partimos do pressuposto de
que trabalhar a motivação pode trazer resultados significativos. Desenvolvemos
propostas do ponto de vista didático voltadas para a produção escrita, no tocante à
metodologia e às estratégias que motivem o aluno a escrever de forma prazerosa e
efetiva. Além disso, buscamos o desenvolvimento da produção escrita sem
preocupações excessivas com estruturas formais da língua, pois o objetivo é
estimulá-los a escrever.
Entretanto, pela dificuldade em amalgamar motivação e produção escrita,
coletamos dados por meio de um questionário escrito respondido pelos alunos, com
o escopo de analisar e delinear temas que despertassem seus interesses. Por
conseguinte, exploramos diferentes possibilidades didáticas para que a motivação
para escrever acontecesse espontaneamente. Assim, surgiram as três propostas
didáticas apresentadas aos alunos, abrindo-se outros caminhos para moti-los a
escrever.
Por fim, as propostas didáticas visam contribuir para reflexões por parte de
professores que busquem novos elementos para a realização do ensino por meio da
motivação.
Palavras-chave: ensino de língua italiana; produção escrita; motivação; língua
estrangeira; segundangua.
RIASSUNTO
SERRA, S.B. Scrivere, molto piacere - Proposte di attivi per la produzione
scritta, con l’uso di materiali motivazionali. 2010. 135 f. Tesi (Master) Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo,
2010.
Presentiamo uno studio su tre proposte per la produzione scritta in lezioni di
lingua italiana (LS e L2), a scopo motivazionale. Si indirizza a studenti di livello
intermedio (B1), secondo il Quadro Comune Europeo di Riferimento. Attraverso le
esperienze nell’insegnamento di lingua, pressuponiamo che lavorare la motivazione
può trarre risultati significativi. Intendiamo svolgere le proposte dal punto di vista
didattico mirato alla produzione scritta riguardante alla metodologia e alle strategie
che motivino lo studente a scrivere in modo piacevole e effetivo. Inoltre, lo sviluppo
della produzione scritta si fa senza preoccupazioni eccessive delle strutture formali
della lingua, poiché l’obiettivo è stimolarli a scrivere.
Tuttavia, data la difficoltà di amalgamare motivazione e produzione scritta,
ricaviamo dei dati da un questionario scritto compilato dagli studenti con lo scopo di
analizzare e delineare i temi che suscitassero il loro interesse. Per conseguenza,
abbiamo esplorato diverse possibilità didattiche affinché la motivazione a scrivere
sorgesse tra gli studenti in modo spontaneo. Così, sono nate le tre proposte
didattiche presentate agli studenti, aprendosi altre strade per motivarli a scrivere.
Per concludere, le proposte didattiche mirano a contribuire per ulteriori
riflessioni dei professori che cercano nuovi elementi per la realizzazione
dell’insegnamento della lingua scritta tramite la motivazione.
Parole chiavi: insegnamento di lingua italiana; produzione scritta; motivazione; lingua
straniera, lingua seconda.
ABSTRACT
SERRA, S.B. Scrivere, molto piacere - Propositions of activities for the writing
production with use of motivating materials 2010. 135 f. Thesis (Master).
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2010
We present a study about the propositions for the writing production in Italian
classes (L2 and FL) with a motivational focus. The aim subjets are intermediate level
students (B1) according to the Common European Framework. Through experiences
in teaching languages, we start from the assumption that working on motivation can
bring significant results. We develop propositions from the pedagogical point of view
aiming towards the writing production, concerning methodology and strategies that
motivate the student to write more effectively and in a more pleasant way. Besides
that, we search the development of writing without excessive concerns about formal
structures, because the aim is to help students write.
However, because of the difficulty in joining motivation and writing, we collect
data through a written questionnaire answered by the students, with the purpose of
analyzing and circumscribing topics that could interest them. Therefore, we explore
different pedagogical possibilities so that the motivation for writing happened
spontaneously. Thus, three pedagogical propositions came to sight, opening other
ways to motivate students to write.
In the end, the pedagogical propositions aim at contributing to pondering by
teachers who look for new elements to teaching through motivation.
Key words: Italian teaching; writing production; motivation; foreign language; second
language.
SUMÁRIO
Introdução................................................................................................................ 11
Objetivos.................................................................................................................. 15
Metodologia de pesquisa........................................................................................ 16
Capítulo 1 - Os caminhos da escrita
1.1. A língua escrita................................................................................................... 19
1.1.1. O que é escrever?................................................................................ 19
1.1.2. O que é a escrita?................................................................................. 20
1.1.3. Breve percurso histórico da língua escrita........................................... 22
1.1.4. Língua escrita na Itália.......................................................................... 25
1.1.5. A escrita hoje........................................................................................ 27
1.2. Didática da língua escrita................................................................................... 28
1.2. 2. Tipos de textos..................................................................................... 30
1.2. 1. O texto e a produção textual................................................................ 30
1.2. 3. Lingstica textual.............................. ................................................. 32
1.3. A motivação
1.3.1. Levantamento das motivações e das fantasias.................................... 36
................................................................................................................... 33
1.3. 2. O questionário...................................................................................... 36
Capítulo 2 - Glossário como subsídio para a produção escrita
2.1. Considerações iniciais........................................................................................ 41
2.2. A utilização do glossário na produção escrita.................................................... 42
2.3. A organização da proposta................................................................................. 44
2.4. A elaboração do glossário.................................................................................. 45
2.4.1. Macroestrutura...................................................................................... 47
2. 4.1.1. Conteúdo................................................................................ 47
2.4.2. Microestrutura....................................................................................... 47
2.4.2.1. A estrutura............................................................................... 48
2.4.2.2. Sinais especiais...................................................................... 49
2.4.2.3. Marcas paralinguísticas.......................................................... 49
2.4.2.4. Abreviaturas............................................................................ 50
2.4.2.5. Unidades icônicas................................................................... 50
2.4.3. O glossário............................................................................................ 50
2.4.4. As unidades icônicas............................................................................ 58
2.5. A experiência...................................................................................................... 60
2.5.1. A abordagem e a atividade didática..................................................... 60
2.5.2. Análise dos textos produzidos por sete alunos.................................... 61
2.6. Considerações finais.......................................................................................... 65
2.7.Anexos:As produções escritas............................................................................ 66
Capítulo 3 Modelo de unidade didática
3.2. A unidade didática.............................................................................................. 77
3.1. Planejamento da unidade didática..................................................................... 71
3.2.1. Fase de pré-leitura................................................................................ 78
3.2.2. Exercício de transcrição da língua falada à escrita.............................. 81
3.2.3. Preparação do tema............................................................................. 82
3.2.4. Introdução lexical.................................................................................. 82
3.2.5. Fase de leitura...................................................................................... 83
3.2.6. Fase de compreensão de texto............................................................ 83
3.2.7. Atividade introdutória de produção escrita........................................... 84
3.2.8. Fase de interação em classe................................................................ 85
3.2.9. Fase de motivação................................................................................ 85
3.2.9.1. Atividade de brainstorming...................................................... 85
3.2.9.2. Ampliando o vocabulário......................................................... 86
3.2.9.3. Atividade de transposição....................................................... 88
3.2.10. Exercício lexical.................................................................................. 88
3.2.11. Leitura do segundo texto.................................................................... 89
3.2.12. Fase de compreensão do segundo texto........................................... 90
3.2.13. Culturas em confronto......................................................................... 91
3.2.14. Da realidade apresentada à realidade do aluno................................. 92
3.2.15. Ampliando o conhecimento lexical do aluno....................................... 92
3.2.16. Atividade escrita livre.......................................................................... 93
3.2.17. Fase de reflexão gramatical............................................................... 94
3.2.18. Fase de curiosidade cultural............................................................... 96
3.2.19. Fase de controle com atividade lúdica............................................... 98
3.2.20. Produção escrita final......................................................................... 98
3.3. Reflexões sobre a aplicação da unidade didática.............................................. 99
3.4. Anexos.............................................................................................................. 102
Capítulo 4 - Brincando com a escrita: Proposta de jogo didático
4.2. A proposta de jogo didático.............................................................................. 107
4.1. A utilização do jogo em didática de línguas......................................................105
4.3. A elaboração do jogo........................................................................................ 109
4.3.1. As cartas............................................................................................. 109
4.3.2. O tabuleiro.......................................................................................... 119
4.4. O jogo didático “Sembra vero!”......................................................................... 120
4.4.1. Descrição do jogo............................................................................... 121
4.4.1.1. Conteúdo............................................................................... 121
4.4.1.2. Preparação do jogo............................................................... 121
4.4.1.3. Como preparar a classe........................................................ 122
4.4.1.4. Como se joga........................................................................ 122
4.4.1.5. Objetivo do jogo.................................................................... 123
4. 4.1.6. A pontuação......................................................................... 124
4.5. Considerações sobre a aplicação em sala de aula do jogo didático............... 124
5. Sugestões de desdobramento......................................................................... 127
6. Considerações finais........................................................................................ 127
7. Referências Bibliográficas............................................................................... 130
Anexos
11
INTRODUÇÃO
O título desta dissertação refere-se a uma situação informal de apresentação.
O ato de escrever se apresenta e demonstra prazer ao se realizar: “Scrivere, molto
piacere”. Ou seja, evoca a ideia de que escrever pode ser prazeroso. A intenção do
título é gerar uma aproximação com a língua escrita.
A principal questão que envolve a didática da língua escrita é: É possível
escrever melhor? O presente estudo procura responder a esta questão com uma
outra: Como podemos escrever melhor se não gostamos de escrever?
O ato de escrever deve valer-se de uma regra básica: o aluno precisa sentir
necessidade e principalmente vontade de escrever.
Ao longo de nossa experiência empírica, notamos, de um lado, as angústias
de professores, que tentam fazer com que seus alunos escrevam, e, de outro, a
dificuldade e as angústias dos alunos, que se sentem obrigados a escrever. A razão
inicial pela qual decidimos desenvolver um estudo voltado à motivação em
atividades ligadas à produção escrita vai de encontro a essas angústias.
Para que falemos bem uma língua estrangeira precisamos da prática oral.
Logo, para que escrevamos bem, temos que escrever e, para tal, o ideal é que nos
sintamos motivados.
A tal afirmação, levantamos uma questão: Quais os temas que nós,
professores, propomos aos alunos?
Todavia, como afirmam muitos estudiosos, nem sempre o aluno
sente-se motivado, cabendo ao docente apresentar atividades que o estimulem.
Para tornar o ensino da escrita mais eficiente é preciso uma escolha
cuidadosa dos temas propostos e é também necessário que os professores
conheçam os instrumentos didáticos disponíveis e saibam como aplicá-los em sala
de aula. Assim, temos que estabelecer critérios por intermédio de questionários orais
ou escritos que indiquem pontos de interesse dos destinatários. Para isso, um ponto
fundamental para o desenvolvimento do presente estudo é verificar, por meio destes
questionários, os objetivos acadêmicos dos alunos e analisar suas diferentes
características cognitivas e motivacionais durante a aprendizagem. Procuraremos
despertar a vontade de escrever e ligá-la a algo que faça parte do contexto e das
vivências do aluno. Não podemos supor que um aluno se disponha a escrever uma
receita de cozinha, se não sabe cozinhar. Ou que escreva uma poesia, se sabemos
que ele não lê e não gosta de poesias.
12
Um dos grandes desafios aqui é apresentar propostas de atividades para a
produção escrita, com a utilização de materiais motivadores, para que os alunos
desenvolvam a escrita de maneira mais natural e eficaz. A condição para isso é
moti-los sempre que possível com temas estimulantes.
Dessa forma, os materiais devem ser concatenados em um contexto cultural.
Uma breve busca nas literaturas pertinentes nos permite observar que a
cultura está ligada ao ensino de línguas e à escrita.
Balboni (1994, p. 32) salienta que não se pode ensinar a língua italiana de
maneira comunicativa sem atender aos modelos culturais necessários para
socializar na Itália (a aculturação). Refere-se também ao relativismo cultural, que
leva o aluno a refletir sobre o que a Itália tem de diferente em relação à sua cultura,
e, ao mesmo tempo, quais são os aspectos culturais comuns que o ligam à língua
italiana.
A aculturação é um aspecto que deve ser trabalhado no ensino de línguas,
pois pode desempenhar mudanças na cultura dos alunos sob a influência da cultura
com a qual entram em contato. Segundo Croci (2006, p. 116), “uma língua é como
um código genético que conserva dentro de si a identidade cultural de um povo”.
Reitere-se que, nesse caso, é necessário colocar as culturas em confronto
para entendermos melhor a cultura da língua estudada e, por consequência, a de
origem. O aspecto cognitivo da competência intercultural (o que o aluno sabe) leva à
compreensão global de suas diferenças e ao próprio conhecimento por intermédio
do contato com outras culturas.
São tais informações que levam a visões reais, imaginárias, estereotipadas ou até
preconceituosas da cultura-alvo. Um critério comparativo, ressaltando temas
diferentes das duas culturas, pode levar o aluno a enxergar a cultura de chegada
pela sua própria ótica.
A todas essas afirmações, soma-se a definição dos autores Devoto e Oli
(1990) acerca da escrita: Escrita é o conhecimento da técnica e do uso de escrever
como fato cultural”.
Na reflexão em torno da noção de escrita como fato cultural, cabe-nos
mencionar que a escrita exerce um papel de preservação de culturas visto que
inúmeros documentos e informações transmitidos pela escrita. Vale ressaltar
também que a cultura e a vida social são marcadas pela comunicação escrita. No
dia-a-dia, a comunicação escrita é usada em divulgações, notícias, relatórios,
13
requerimentos, declarações, circulares, propagandas, correspondências, e-mails,
lembretes, etc. por meio dos quais as pessoas trocam informações. Nesse sentido, é
importante que os alunos tenham domínio dessa modalidade a fim de que possam
inserir-se na cultura da língua-alvo.
Pareceu-nos apropriado, então, segundo os dados coletados por meio do
questionário, escolher em nossas propostas de atividades para a produção escrita
um tema ligado a um dos principais modelos culturais da Itália, a sua culinária.
Como afirma Almeida Filho (1994), as atividades propostas devem servir
como “pontos de partida e apoio na construção de experiências válidas nas
trajetórias díspares e frequentemente oscilantes dos que aprendem e dos que
querem fazer aprender novas línguas nas nossas salas, casas e escolas”.
Para se comunicar melhor, não basta escrever por escrever. Dentre os vários
aspectos que envolvem a atividade da escrita, interessam-nos particularmente a
motivação, a criatividade, a reflexão e o prazer em escrever.
Sendo assim, a função da presente pesquisa consiste não em transmitir
conhecimentos e aumentar o repertório linguístico dos alunos, mas também, e
principalmente, em tornar sempre mais autônomo o processo de produção escrita,
oferecendo-lhes propostas para despertar a vontade de escrever.
Procurar-se-á, então, valorizar a língua escrita, estimulando os alunos a usá-
la com mais frequência. Todavia, não só a produção escrita deve ser
constantemente estimulada, mas também todas as atividades envolvidas em um
percurso didático, pois quando a oralidade e a escrita se distanciam da realidade do
aluno, acentua-se a possibilidade de insucesso.
Pretendemos criar uma ponte entre simples atividades escritas e os tipos de
textos mais complexos, como os argumentativos. “O ponto de chegada da didática
da língua escrita é a argumentação”(Casini:2006).
Contrariamente à maioria dos manuais de língua italiana para estrangeiros,
que privilegia a oralidade nas fases iniciais do percurso didático, procuramos
exercitar a escrita em várias etapas deste percurso, propondo ao aluno que escreva
de maneira relaxante e lúdica, procurando estimular sua criatividade e sua fantasia.
Entretanto, sentimos que existe uma grande dificuldade na passagem de
textos mais simples a textos mais elaborados. Ora, para que o aluno alcance o ponto
de chegada na produção escrita, temos que partir de textos menos complexos para
ativar as habilidades cognitivas comuns do aluno, fornecendo, assim, elementos que
14
diminuam seu filtro afetivo (Krashen:1982)
1
Não importam quais sejam os gêneros textuais, da receita à correspondência,
ou do artigo à redação científica, todos precisam de motivação para que sejam
desenvolvidos. No entanto, os gêneros textuais distinguem-se consideravelmente,
portanto abordamos aqueles ligados ao dia a dia do aluno de língua estrangeira.
e o motivem a se arriscar
gradativamente pelos caminhos da produção escrita.
Conforme Tenuta (2006)
2
,
[...]
o que importa é também a descrição dos eventos mais comuns, como
aqueles da vida em sala de aula, a descrição das próprias vivências e das
vivências do mundo extraescolar, a descrição das observações do mundo,
das experiências familiares ou científicas, etc.
Ao trabalharmos com produção escrita em ensino de línguas estrangeiras
para adultos, a heterogeneidade dos alunos torna bastante complexa a possibilidade
de um progresso contínuo. Os resultados podem ser negativos do ponto de vista
social, afetivo e linguístico e, portanto, todo o grupo se desmotiva e com isso
diminui-se a perspectiva de progresso.
O presente estudo justifica-se pelo fato de que, mesmo que os alunos
demonstrem inicialmente desinteresse em desenvolver atividades escritas, se
trabalharmos com materiais previamente escolhidos para esses mesmos alunos,
eles descubram que escrever pode ser divertido. Procuramos então trabalhar com a
diversidade de materiais, de textos, e com propostas aparentemente muito distintas,
mas que se complementam. O ecletismo em sala de aula, se bem dosado, pode
manter o interesse do aluno.
Há uma série de materiais disponíveis no mercado, embora não tenham sido
idealizados segundo o modo de ensinar de um determinado professor e de acordo
com as necessidades de uma classe específica de alunos. A aprendizagem é
influenciada pelo contexto no qual se desenvolve, pela situação, pela interação
professor-aluno. Portanto, não podemos garantir que um material que funcionou tão
bem com um grupo, funcione da mesma forma com outros. Daí a importância, em
1
KRASHEN, S. D. Principles and Practice in Second Language Acquisition. Oxford: Pergamon Press, 1982.
O filtro afetivo é a quinta hipótese do modelo de Krashen, e pode ser um facilitador para a aprendizagem de uma língua
quando se mantém baixo, ou um complicador quando está alto. Caracteriza-se pelo estado afetivo e emocional do aluno, suas
atitudes, suas necessidades, sua motivação.
2
TENUTA, U. Gioia e gusto di imparare: la motivazione ad apprendere. Rivista Digitale della Didattica. Extraído do sítio:
http/www.rivistadidattica.com. Acesso em 13 de junho de 2006. A tradução é nossa.
15
outro viés de justificativa, de um planejamento didático voltado para um determinado
grupo de alunos, respeitando o perfil didático do professor que o aplicará.
As duas questões que permeiam este estudo são:
1. Como motivar o aluno de língua italiana como LE ou L2 a produzir um texto
escrito?
2. Como desenvolver suas habilidades escritas, respeitando suas
necessidades, suas fantasias e seus interesses?
A relevância de tal pesquisa se justifica pelo fato de que é possível despertar
o interesse em relação à produção escrita, sem que essa seja acompanhada por
ideias preexistentes: “Escrever é difícil”. “Escrever é chato”.
Uma pesquisa teórica, a motivação, a elaboração e aplicação de três
propostas didáticas da língua escrita nortearão este estudo.
É indiscuvel e defendido pelos estudiosos que a escrita é uma prática
fundamental para completar o percurso comunicativo do aluno.
OBJETIVOS
A palavra-chave para entendermos as implicações deste estudo é
“motivação”.
Não se trata de “ensinar a escrever em italiano”, de melhorar as capacidades
expressivas de alunos desacostumados e avessos à escrita, mas sim de levar à
comunicação versátil, à aquisição de instrumentos que permitam adaptar os próprios
textos para obter uma comunicação eficaz, por meio de uma abordagem
comunicativa e humanístico-afetiva.
O objetivo, num primeiro momento, é construir resultados junto aos alunos
com a prática da escrita, criando um programa a partir daquilo que o aluno já sabe,
ou seja, um programa focado na sua experiência efetiva da escrita.
A expectativa é indicar caminhos para a prática da escrita, estimular a
espontaneidade do aluno, levando em conta aspectos da produção textual. Para
isso, apresentamos um modelo de unidade didática; procuramos facilitar o processo
de produção de um tipo textual com o subsídio de um glossário e, instigamos o
aluno a brincar com a língua escrita por meio de um jogo didático.
Além disso, o presente estudo visa a desenvolver, a priori, a produção escrita
dos alunos sem preocupações excessivas com estruturas formais da língua, a
preocupação inicial é estimulá-los a escrever. Porém, sabemos que no ensino da
16
língua escrita, os docentes privilegiam as estruturas aos usos. No nosso estudo,
faremos o caminho inverso: partiremos do uso para chegarmos às estruturas. Isso
não significa que essas estruturas serão desprezadas. Refletiremos sobre a
importância da produção escrita como instrumento para uma análise mais cuidadosa
sobre os mecanismos da língua, mediante resultados obtidos com a produção dos
alunos com o subsídio do glossário; mediante a reflexão gramatical e atividades
ligadas a ela na unidade didática; por meio de possíveis correções feitas pelo
professor e também pelos próprios alunos no jogo didático.
Um ponto indiscutível é que
Ocupa lugar especial em nosso estudo a questão da inserção das propostas
didáticas dentro do universo do aluno. Logo, cabe ao professor verificar as
motivações dos alunos para a aplicação das atividades propostas e para o sucesso
do seu percurso didático.
os materiais devem ser cognitivamente
estimulantes para que forneçam elementos para o desenvolvimento das
capacidades metacognitivas do aluno, ou seja, para o desenvolvimento do seu
saber.
Visando mapear as motivações dos alunos, recorremos ao uso de
questionários orais e escritos, conforme detalhado no Capítulo 1, e assim, traçamos
o perfil dos alunos; suas motivações, suas fantasias, suas dificuldades, as atividades
de que mais gostam em uma aula de língua estrangeira, etc.
Finalmente, as propostas didáticas visam contribuir para reflexões por parte
de professores que busquem novos elementos para a realização do ensino da
escrita por meio da motivação.
Não nos cabe esgotar as amplas possibilidades de atividades oferecidas no
estudo da produção escrita. Nosso intuito é propor atividades, exercícios, jogos,
materiais complementares, analisando-os e apresentando resultados preliminares
que possam servir como suporte durante o percurso didático do aluno.
Os destinatários ou público-alvo são alunos de língua italiana como língua
estrangeira (LE) ou segunda língua (L2), com um nível intermediário de
METODOLOGIA DE PESQUISA
17
conhecimento (B1) segundo o Quadro Europeu Comum de Referência para as
Línguas,
3
O desenvolvimento do estudo é baseado em experiências empíricas de
ensino de línguas e nas observações, neste âmbito, com 40 alunos.
e também os docentes interessados na didática da língua escrita.
No primeiro capítulo da dissertação, traçaremos um perfil da escrita por meio
de um breve percurso histórico. Em seguida, abordaremos questões ligadas à
motivação, à tipologia textual e à linguística textual. Paralelamente, apresentaremos
os autores que permeiam todo o estudo e por meio dos quais buscamos sustentação
teórica. Caberá, também, neste mesmo capítulo, apresentar o questionário aplicado
aos alunos e que norteou o desenvolvimento das propostas.
Nos capítulos seguintes, delinearemos o âmbito do estudo, apresentando as
três propostas para motivar os alunos a escrever, refletindo sobre suas implicações
e ilustrando como as propostas para produção escrita foram desenvolvidas.
No capítulo 2, apresentaremos a primeira proposta a partir de um corpus
constituído de um glossário italiano-português. Descreveremos a sua macro e
microestrutura (entradas, as definições correspondentes e a equivalência em
português). Apresentaremos as características de textos injuntivos e mais
especificamente do gênero textual de receitas culinárias, permitindo-nos sugerir
outras atividades, como a passagem de um texto autêntico (modelo) para outro texto
(produção escrita).
Apresentaremos também o relato da experiência presencial, ocorrida com os
alunos, em tais circunstâncias. Nela, os alunos puderam executar tarefas de
produção escrita e de autocorreção. O glossário, portanto, funcionou como subsídio
para a compreensão e, principalmente, para a produção de textos de receitas em
língua italiana. Além disso, pode ser usado para consulta ao longo da proposta do
capítulo 3, Modelo de unidade didática.
No capítulo 3, elaboramos uma unidade didática com o objetivo de oferecer
estratégias focadas na motivação e nas necessidades dos alunos. Para o
desenvolvimento da unidade didática, indagamos os diversos fatores que podem
motivar ou desinteressar o aluno. No que concerne à competência linguística,
3
Título original: Common European Framework of Reference for Languages, 2001. O Conselho da Europa
definiu o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas com o objetivo de harmonizar os níveis de
aprendizagem das línguas européias e promover a diversidade linguística e cultural na Europa. No nível
B1(utilizador independente), o aluno é capaz de produzir um discurso simples e coerente sobre assuntos que lhe
são familiares ou de interesse pessoal.
18
apresentamos algumas propostas práticas sobre o uso de algumas convenções que
regulam a língua escrita. Para isso, trabalhamos com as quatro habilidades
propostas pelos programas de ensino de língua ler, falar, escutar e escrever.
Quando refletimos sobre práticas de escrita, é fundamental que as técnicas,
os recursos disponíveis, os materiais selecionados e o desenvolvimento das quatro
habilidades sejam usados conjuntamente e não separadamente. São elementos que
se somam para atingirmos um resultado final satisfatório, ou seja, a disposição para
escrever.
Nesse capítulo, demos ênfase ao aspecto motivacional que leva um aluno a
produzir diferentes tipos de textos escritos em língua italiana. Partimos de um texto
autêntico (ler e escutar), passamos pela produção oral até chegarmos à produção
escrita final, mais criativa e elaborada.
No capítulo 4, Brincando com a escrita, apresentamos um jogo didático,
caracterizado por breves textos escritos. O objetivo é despertar, de maneira
divertida, a curiosidade do aluno e suscitar o interesse em produzir um texto escrito
para vencer o jogo. Foram selecionados fatos divertidos e procurou-se dar liberdade
aos alunos, para que fosse preservado o objetivo de “brincar” com a escrita, ou seja,
para que houvesse a produção de sentidos para o brincarem um contexto didático
e sua repercussão na aquisição da linguagem escrita.
Esse jogo foi aplicado como atividade lúdica no capítulo referente ao modelo
de unidade didática.
E assim, com a utilização de
definições, paráfrases, uso de sinônimos e antônimos, os alunos ampliam seus
conhecimentos lexicais e culturais e interagem com os colegas.
Nos anexos, são reportadas algumas das produções escritas desenvolvidas
pelos alunos a partir dos modelos propostos.
Optamos por apresentar e analisar o corpus do presente estudo com as três
propostas para motivar os alunos a escrever, corroborando sua eficácia ou não.
Nesse sentido, é importante salientar que as produções escritas dos alunos
incluídas ao longo do estudo são apenas amostragens dos resultados. Uma
pesquisa posterior poderá ser desenvolvida, analisando de forma mais abrangente
tais produções escritas e todas as outras que não foram anexadas ao trabalho.
19
CAPÍTULO 1 - Os caminhos da escrita
“La parola abbaglia e inganna perché è mimata dal
viso, perché la si vede uscire dalle labbra, e le labbra
piacciono e gli occhi seducono. Ma le parole nere
sulla carta bianca sono l'anima messa a nudo”
(Guy de Maupassant, Il nostro cuore,
1890)
1.1. A língua escrita
Quando falamos de escrita, não falamos somente de escrita formal com
ênfase aos gêneros textuais mais complexos. A escrita, como afirma Marcuschi
(2005), é usada em contextos sociais básicos da vida cotidiana: o trabalho, a escola,
o dia-a-dia, a família, entre outros, permeando quase todas as práticas sociais.
Deixar um lembrete na geladeira de casa, anotar uma receita, contar um
episódio a um amigo por e-mail são práticas escritas importantes e não podem ser
desprezadas. Em cada uma delas há um gênero textual diferente, uma forma
comunicativa diferente que pode ser analisada e desenvolvida.
Ora, para que a escrita seja compreendida pelo aluno como um instrumento
de comunicação, a mesma deve ser usada e inserida em determinados contextos,
como forma de suprir reais necessidades comunicativas. Assim, todas as práticas
escritas podem e devem ser desenvolvidas, e não somente as mais complexas,
como a produção de textos científicos.
Para analisarmos como a escrita é uma linguagem com características
próprias é oportuno para a nossa discussão conceituar o ato de escrever e a escrita;
enfim, é preciso conhecer seu percurso histórico, pois foi através dele que a língua
escrita se formou, renovando-se continuamente.
1.1.1. O que é escrever?
Escrever é um ato comunicativo desafiador, pois aquilo que escrevemos fica
registrado, seja em um pedaço de papel, em um arquivo virtual, em um cartão ou
mesmo em um muro. Podemos reler aquilo que foi escrito quantas vezes quisermos.
Isso nos dá medo. Medo de expressar por escrito algo de que possamos nos
arrepender mais tarde. Medo de expor nossas limitações linguísticas. É este medo
que nos impede de escrever, levando a questão, entre outras, do filtro afetivo.
20
Escrever é compor, copiar, inscrever. É caracterizar, historiar. Significa
também aprender a convencer, assumindo o ponto de vista dos receptores aos
quais a escrita se refere, sendo, portanto, uma tarefa que exige cuidados.
Segundo as definições do dicionário Zingarelli (3º Millennio), e considerando
as acepções mais importantes ao nosso estudo:
Escrever: verbo transitivo. 1. Exprime ideias, sons, traçando sobre uma
superfície sinais gráficos convencionais, cifras, notas musicais. 2. Exprime
uma palavra usando os sinais gráficos apropriados. [...] 4 -Tornar
conhecidos os próprios pensamentos por meio da escrita. [...] 8 - (fig.)–
Imprimir, fixar: escrever algo na mente, no coração.
1.1.2. O que é a escrita?
A língua escrita apresenta-se em vários níveis, de acordo com a finalidade
social
O antropólogo Jack
na qual será utilizada. Alguns estudiosos, como Rousseau e Lévi-Strauss,
situam-na geográfica e politicamente, na origem de sociedades hierarquizadas. Dito
de outro modo, e ainda citando Lévi-Strauss, a escrita introduz a distância e a
duplicidade entre os seres, funda uma divisão e uma hierarquia entre os que sabem
e os que não sabem escrever.
Goody
Em sua discussão sobre a escrita, Cardona (1981) postula:
a define como “tecnologia do intelecto, referindo-
se à escrita em sociedades tradicionais. Afirma ainda que as instituições sociais
serviram-se da escrita para conduzirem mudanças nas formas de pensar e de
conhecer.
A visão eurocêntrica, que durou até início do século XX, fez coincidir até
mesmo o início da história com a prática da escrita, isto é, com a
possibilidade dos povos de se relatar; distinguiram-se assim, povos da
escrita e povos sem escrita, automaticamente inferiores.
Bruni et alii (2006) vêem a escrita como transmissão de informações, como
mudança de uma situação concreta e como trabalho que acompanha
necessariamente muitas atividades na sociedade de hoje.
Dentre as várias possibilidades que o termo “escrita” sugere,
Substantivo feminino. 1- Representação de palavras ou idéias por meio de
sinais. [...] 4 P.ext. Qualquer sistema mnemônico usado para registrar
consideramos as
acepções mais importantes ao nosso estudo, segundo as definições do dicionário
Aurélio (1986):
21
mensagens ou fixar a memória de acontecimentos. 5 Ato de escrever. [...]
11. Maneira de exprimir-se por escrito; estilo. [...]
Em âmbito didático, a escrita é preciosa, pois completa a esfera comunicativa
do aluno.
A expressão escrita, pelo fato de ter como característica a permanência (ao
contrário da fala) surge como um meio privilegiado de construir e desenvolver o
pensamento e as emoções, de recriar o sujeito, a sua maneira de ser.
Dubois et alii (1978, p.222) fazem um contraponto da escrita com a fala:
Como afirma
Fávero et alii. (2003), “no texto escrito, tendo em vista o fato de a interação dar-se à
distância, há um envolvimento do autor com o texto, com um leitor imaginário ou
com o tópico em questão”. Diz ainda que a língua escrita dispõe de mais tempo para
ser elaborada, contrastando com a fala que é planejada localmente. Além disso, a
escrita mostra somente o texto final e oculta o percurso de sua produção.
Escrita é uma representação da língua falada por meio de signos gráficos.
Trata-se de um código de comunicação de segundo grau com relação à
linguagem, que por sua vez é um código de comunicação de primeiro grau.
A fala se desenrola no tempo e desaparece; a escrita tem como suporte o
espaço, que a conserva. O estudo dos diferentes tipos de escrita
elaborados pela humanidade tem, portanto íntima relação com o estudo da
língua falada, assim como com o das civilizações nas quais elas se
aperfeiçoaram.
Ainda em seu dicionário de linguística, Dubois et alii (1978, p.222) apontam
como critérios para o estudo da escrita dois planos paralelos, ou seja, um estudo
histórico da escrita, desde sua “invenção” até seus estados atuais, e um estudo
linguístico, que tenta extrair as regras de funcionamento da escrita, assim como
suas relações com a língua falada.
Diferentes classificações foram dadas aos tipos de escrita. Cohen (apud
Dubois et alii, 1973) sugere uma classificação histórica, dividindo-a em:
Pictogramas, escrita arcaica e figurativa, que representa o conteúdo da
língua;
ideogramas, sinais que representam de modo mais ou menos simbólico o
significado das palavras;
fonogramas, sinais abstratos que representam elementos de palavras ou de
sons, como nas escritas alfabéticas.
22
Tais critérios de divisão foram contestados posteriormente por algumas
pesquisas. Sem nos atermos a estas divisões, focalizamos a nossa atenção no
percurso histórico da escrita, para que entendamos seu papel na sociedade.
1.1.3. Breve percurso histórico da língua escrita
4
A escrita nasce do esforço humano para consolidar sua comunicação e para
relatar sua história. Com seu surgimento, ampliam-se os horizontes não só
simbólicos mas também materiais da história da humanidade.
Em linhas gerais, a origem da língua escrita não pode ser inserida em um
espaço e tempo definidos. Suas raízes podem situar-se em tempos remotos como
no Paleolítico e no Neolítico, espalhadas pela Síria, Palestina, Creta e península
balcânica. Leroi-Gourhan (apud Dubois et alii,1973, p. 222) situou a origem da
escrita 50.000 anos antes de nossa era (com incisões regularmente espaçadas em
pedra ou osso) e em 30.000 anos antes da nossa era por meio de figuras gravadas
ou pintadas.
O Homo sapiens apareceu na terra aproximadamente cinquenta mil anos
atrás e os pictogramas em torno de 3500 a.C., entre povos pescadores ou
caçadores, como os indígenas da América, os esquimós, os siberianos e os
africanos que viviam nas florestas ou próximos aos oceanos. O pictograma é
considerado o sistema mais antigo e rudimentar no domínio da escrita, por se tratar
de uma sequência de sinais pictográficos incisos em grossas tábuas de argila.
Assim, os homens se comunicavam por meio de incisões, pinturas e desenhos que
representavam cenas e ainda, por meio de objetos simbólicos.
Partimos de outros pressupostos, levando em conta aspectos da sociedade
na qual essas escritas se desenvolveram. Assim, damos realce à tese mais clássica
que define a Mesopotâmia como possível marco de seu desenvolvimento, em um
tempo entre 3500 e 3200 a.C.. Sucessivamente, os egípcios por volta de 3000 a.C.
inventaram seu sistema de escrita.
Estudiosos relatam também a origem da escrita entre antigos povos, como os
chineses entre 2850 a.C. e 1500 a.C., os astecas possivelmente por volta de 1400
a.C.; e os maias para os quais se fala em torno de 50 a.C.. Contudo, a data destes
4
Fontes: DUBOIS, J. et alii. Dicionário de linguística. São Paulo: Cultrix, 1978; GARZANTI. La nuova
enciclopedia universale. Ed. Garzanti, 1982; GOODY J. La logica della scrittura e l'organizzazione della società,
Torino: Einaudi, 1986; CARDOSO, Ciro Flamarion. Sete Olhares sobre a Antiguidade. Brasília: Editora UnB,
1994; site: www.bibliotecaitaliana.it.
23
últimos é possivelmente imprecisa, pois os maias tinham uma concepção cíclica do
tempo.
Outros indícios da escrita foram encontrados em várias partes do mundo, com
constantes extensões, modificações e inovações.
A escrita cuneiforme foi inventada pelos sumerianos, povo que viveu no sul da
Mesopotâmia, região que foi constituída, no seu apogeu, ao Norte pela Assíria e ao
sul pela Babilônia, onde atualmente se encontra o Iraque. É angua escrita mais
antiga das que se têm testemunho, já que pode ser considerada um pictograma,
mas com um aspecto fragmentado. Não há ainda um consenso entre os
historiadores e arqueólogos, mas fala-se que as inscrições procedem de 3000 a.C.
Obviamente, há uma motivação técnica na origem da forma típica dessa escrita. O
termo cuneiforme deriva do latim cuneus, fazendo referência à sua constituição -
sinais em forma de cunhas -, em geral produzidos pela impressão, sobre ladrilhos
ainda úmidos, de ponteiro talhado em bisel, um tipo de pedra ou outro material
cortado obliquamente.
Na região da Suméria situar-se-ia a cidade de Ur, na qual teria vivido Abraão,
patriarca dos judeus, que de lá teria saído em busca da Terra Prometida. A
existência desta língua, e da cultura que ela revela, foi comprovada quando
estudiosos decifraram seu alfabeto. A escrita cuneiforme foi assim definida pela
primeira vez por Thomas Hyde, professor de hebraico na universidade de Oxford em
1700.
Em novembro de 2009, um grupo de arqueólogos
descobriu um tabuleiro com escrita cuneiforme que
data do século IV
a.C
. em uma escavação perto da
fortaleza libanesa de Sidon. Segundo estudos
preliminares feitos por especialistas britânicos, este
tabuleiro de argila revela a utilização desta escrita no
Líbano e demonstra que a escritura cuneiforme era utilizada em operações
comerciais, em acordos e em correspondências.
FIGURA 1 - Tabuleiro em escrita cuneiforme alfabética, século XIII a.C. Museu do Louvre, Paris.
24
Segundo Cardoso (1994), na Suméria nasceu a ideia de cidade-estado, que
se espalhou pelo norte da África (Cartago), pela Grécia (Esparta, Atenas), chegando
a Roma.
Com as cidades-estados habitadas por tribos nômades ao longo do rio Nilo,
tem início a civilização egípcia. A escrita hierogfica egípcia (quarto ou terceiro
milênio a.C.) foi desenvolvida quase na mesma época da cuneiforme. A palavra
hieróglifo deriva das palavras gregas hierós, que quer dizer "sagrado", e glýphein,
que significa "escrita”. É na escrita hieroglífica que os signos fonéticos começam a
ser empregados.
Esta escrita analítica, de ordinário monumental, constituída de sinais
figurativos, representava os vários objetos com ideogramas (desenhos e símbolos),
e pode ser vista nas paredes internas das pirâmides contendo mensagens sobre a
vida dos egípcios e de seus faraós. Os egípcios registraram textos e documentos
importantes também em papiros. Todavia, os persas dominam os egípcios em 525
a.C.; por volta de 322 a.C. o dominados pelo império Macedônio e em 30 a.C.
passam a integrar o Império Romano.
Os fenícios, povo do Mediterrâneo que se dedicava ao comércio, foram os
primeiros a substituir os ideogramas por sinais fonéticos puros por volta do primeiro
milênio a.C., dando início à escrita alfabética. Na costa da Síria, pequenos símbolos
representaram sons no lugar de palavras inteiras, ou seja, as sílabas e as
consoantes. Este tipo de escrita, chamado de silabário sem vogais, embora
incompleto, é considerado por muitos estudiosos o precursor de todos os alfabetos.
Das cidades fenícias, esse silabário difundiu-se por todo o mediterrâneo graças ao
comércio e à navegação, uma das mais poderosas do mundo antigo. Os fenícios
chegaram à Espanha e à atual Itália, onde hoje situam-se cidades como Cádis
(Espanha), Palermo e Cagliari (Itália). Assim, influenciaram outros alfabetos como o
grego, o persa, o indiano, o etrusco e o latim. Com o desenvolvimento dos
elementos fonéticos, surgiu a escrita silábica, com poucas dezenas ou centenas de
signos e, enfim, a alfabética (por exemplo, a escrita grega e latina), com tantos
signos quantos são os sons distintos da língua. Dessa forma, por volta de 800 a.C.,
os gregos desenvolveram a escrita alfabética completa, com vogais e consoantes.
25
Esse alfabeto determina a história da escrita e da cultura ocidental, embora o
alfabeto mais difundido no ocidente seja o latim.
Aproximamo-nos, assim, de Roma Antiga, cujo alfabeto representava apenas
letras maiúsculas. O alfabeto latino se origina no século VIII a.C., de uma versão de
um sistema de escrita modificado pelos gregos, e, segundo alguns estudiosos,
derivado da escrita etrusca. Era composto originalmente de 21 caracteres. Durante a
época republicana, com o crescimento da influência grega sobre Roma, foram
introduzidas as letras Y e Z, que correspondiam a caracteres do alfabeto grego.
Esta escrita era feita em pergaminhos com auxílio de hastes de bambu ou
penas de aves. Houve, posteriormente, modificações até a crião do estilo de
escrita denominado uncial. O novo estilo resistiu até o século VIII e foi utilizado na
escritura de Bíblias. Desenvolveram-se formas de escrita praticamente ilegíveis,
que podem ser observadas em muros da antiga Pompéia.
A escrita cursiva para o alfabeto latino, nasce na Alta Idade Média e teve uma
rápida e duradoura expansão em toda a Europa. É caracterizada por uma maior
legibilidade e foi utilizada tanto na literatura como em relações comerciais. No
século VIII, Alcuíno, um monge inglês, elaborou outro estilo de alfabeto atendendo
ao pedido do imperador Carlos Magno, que também possuía letras maiúsculas e
minúsculas. Entretanto, esta escrita modificou-se e tornou-se muito complexa. Com
isso, no século XV, alguns eruditos italianos, incomodados com este estilo complexo,
criaram um novo estilo de escrita. No ano de 1523, um italiano, chamado Lodovico
Vicentino (Arrighi), foi o responsável pela publicação da La operina da imparare a
scrivere lettera cancelleresca que deu origem ao primeiro caderno de caligrafia e ao
que hoje denominamos itálico.
1.1.4. Língua escrita na Itália
5
Com a queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C, na península
italiana não havia mais uma unidade nacional e assim nasceram diversos dialetos ou
línguas vulgares ao longo de toda a península.
5
Fontes: BRUNI, F et alii. Manuale di scrittura e comunicazione. Bologna: Zanichelli, 2006; CROCI, F.
Modernizzazione e pratiche comunicative. La scrittura dell’italiano nel XX secolo. Revista de Italianística, n. XII, p.
115-157. FFLCH-USP, São Paulo, 2006; GOODY J. La logica della scrittura e l'organizzazione della socie,
Torino:Einaudi, 1986; MORGANA, S. Breve storia della lingua italiana. Roma: Carocci, 2009.
26
Dessa forma, na Itália falava-se um grande número de dialetos e angua
escrita, em um passado não muito distante, era predominantemente elitista e
literária.
Podemos afirmar então que língua escrita e falada mantiveram-se por muito
tempo distantes. Os primeiros textos em vulgar entre os quais destacamos um
documento escrito no ano 960, e O Cântico das criaturas de São Francisco de Assis
deram início à tentativa de aproximar a lingua falada da escrita.
A decisão de Dante, Petrarca e Boccaccio a partir do século XIV de escrever
suas grandes obras na língua falada pelo povo, o dialeto florentino, deu grande
prestígio à língua italiana. Portanto, a imposição do vulgar florentino no séc. XIV e a
inovação, no século seguinte, da imprensa foram marcos na difusão da língua de
Florença pela Europa e em toda a península, tornando-a língua cultural italiana, ou
seja, a língua escrita.
Morgana (2009, p.13) cita alguns possíveis fatores que levaram a essa
supremacia:
A sua posição geográfica central, a sua fortuna política e econômica no fim
do século XIII, a sua supremacia regional, a proximidade do tipo linguístico
florentino ao latim, se comparado às outras línguas faladas com relevância
econômica ou política e a grande difusão dos seus produtos culturais.
Chegamos, então, à invenção da imprensa no século XV pelo alemão
Johannes Gutemberg, que imprimiu 200 Bíblias tipograficamente. Esta invenção
sinalizou o fim da Idade Média e início da Era Moderna e colocou a escrita ao
alcance da massa. Começou na mesma época, na Itália, um interesse novo pelas
escrituras, pela arte, pela arquitetura e filosofia da Grécia e Roma antigas, dando
origem à Renascença.
Bruni (2006, p.329) reflete sobre essa abrangência do dialeto florentino na
língua escrita e falada da Itália:
O processo da difusão real da língua no uso quotidiano foi longo, lento e,
aliás, completou-se há poucas décadas: de fato, a vitalidade multíplice dos
dialetos fez com que o florentino tenha sido, pela grande maioria dos
italianos de um tempo, uma língua a se estudar nos livros e a se aprender
na escola. Consequentemente, a exclusão da escola significava não só ficar
fora da instrução, mas também da língua de cultura, do italiano; em
segundo lugar, conseguiam atingir um bom conhecimento do florentino-
italiano apenas os poucos que tinham acesso à instrução superior. [...] Para
todos, então, com exceção dos toscanos, a escrita do florentino-italiano era
muito distante da experiência quotidiana da palavra falada, que era dialetal.
27
Havia, portanto, um grande abismo que separava a língua escrita florentina da
oral (os dialetos). A quase inexistente interação entre ambos é que se revela
esclarecedora para que entendamos o motivo pelo qual, em 1871, a Itália possuía os
níveis mais baixos de alfabetização de todo o Ocidente, com 69% de analfabetos.
Croci (2006) lembra que entre a segunda metade do século XIX e os anos 20 do
século XX houve um extraordinário incremento da prática da escrita, como nunca
tinha sido visto na Itália, mesmo entre setores da sociedade tradicionalmente
excluídos dessa forma de comunicação, graças, por exemplo, à burocratização da
sociedade e ao fenômeno migratório de massa, por motivos sociais ou bélicos.
Distantes das famílias, a correspondência escrita era o recurso do qual os soldados
ou imigrantes italianos dispunham para relatar suas experiências, suas alegrias ou
suas angústias e histórias.
Podemos concluir, portanto, que a escrita foi essencial para que os povos se
correspondessem, desde a cuneiforme entre os sumerianos na Mesopotâmia até
hoje com as modalidades digitais.
1.1.5. A escrita hoje
A invenção da escrita alfabética entre os fenícios e os gregos no passado foi
fundamental para entendermos o nosso presente.
Dessa forma, a escrita alfabética foi consequência do surgimento das cidades
e dos Estados entre os povos antigos e sua difusão
tem íntima relação com o
desenvolvimento das civilizações.
Isso corrobora a ideia de que a história da escrita acompanha o próprio
desenvolvimento da civilização e é a principal fonte de informação a partir do terceiro
milênio a.C..
Esta é uma questão que nos parece fundamental,
até porque o seu cerne reside no fato de que ela acompanhou a necessidade de
comunicação entre os povos, com seus trabalhos, suas culturas e suas relações,
fazendo-o até hoje, não obstante todas as outras formas de comunicação.
Numa outra visão, o antropólogo Lévi-Strauss (1996) afirma que a escrita
parece ter favorecido a exploração dos homens antes de iluminá-los.
A escrita é uma forma de poder, assim como a imprensa, o rádio, a televisão,
o computador, a internet, e hoje o twitter e outras formas de comunicação em rede o
28
são. Todavia, todas essas etapaso fundamentais para o nosso desenvolvimento
comunicativo.
Há, ainda, algo a acrescentar relativamente à posição da escrita atualmente.
Hoje, com as modalidades de comunicação escrita em rede, através do uso de
computadores, celulares, etc., podemos observar novos tipos de escrita que
determinarão o futuro da língua escrita e talvez da humanidade.
Esses pressupostos permitiram-nos concluir que, por um lado, a escrita foi e é
fundamental para o desenvolvimento dos povos, e, por outro lado, que ela se
desenvolveu graças às necessidades que esses povos tinham de registrar suas
histórias e de se comunicar.
Refletindo sobre o papel da escrita hoje, podemos notar que ela abrange os
mais variados meios de acesso à cultura, como foi dito anteriormente na introdução
do presente estudo.
Esta motivação é, ainda hoje, indispensável para que alguém se coloque em
frente a um papel com uma caneta ou a um computador e comece a escrever.
Nessa perspectiva, a escrita é um dos meios para chegarmos
às culturas dos povos e para divulgarmos a nossa.
1.2. Didática da língua escrita
Escrever é um ato social cuja função é transmitir ou registrar uma mensagem,
uma ideia, uma informação, um comunicado ou uma sensação. Para que tal
atividade aconteça, temos que conseguir expressar o que desejamos, de uma
maneira clara.
Por julgarmos que o professor esteja inteiramente ligado a um processo do
qual o aluno é a parte mais importante, a literatura de didática focalizada nas
necessidades do aluno nos serviu de base.
Krashen (1982) e outros teóricos afirmam que o ponto de partida da
aprendizagem é o aluno e não o conteúdo a ser abordado. Porém, também é sabido
que uma escolha pouco criteriosa do conteúdo pode ser frustrante tanto para o aluno
quanto para o professor.
Voltemo-nos especificamente à produção escrita. Para que a produção ocorra
de maneira satisfatória, pressupomos que haja três elementos fundamentais: as
noções, ou seja, o conceito que veiculamos quando nos comunicamos; as funções,
29
que são as intenções da pessoa que fala ou escreve; e as formas linguísticas,
idôneas a exprimir tanto as noções quanto as funções.
Bruni (2006) afirma em síntese que na escrita há predominantemente uma
função comunicativa orientada pelos conteúdos. A transmissão de informações e a
mudança de uma situação concreta são as suas tarefas principais.
Beltramo (2000) em sua discussão sobre o papel da escrita nos cursos de
italiano como LE, postula:
[...] o nível de competência e as necessidades comunicativas do estudante
são determinantes. Diz ainda que, geralmente, nos primeiros anos de
ensino da língua estrangeira prevalecem os usos orais da língua, enquanto
a escrita resulta estritamente ligada às atividades de audição e leitura que
normalmente a precederam. Somente nos níveis intermediários e
avançados que estão presentes uma maior quantidade e variedade de
textos escritos para serem produzidos e que a habilidade de escrita adquire
maior importância.
Analisando os últimos materiais didáticos utilizados nas escolas e centros de
línguas, observamos evolução na didática da produção escrita em língua italiana
como LE/L2 em relação aos materiais dos anos 80, e do início dos anos 90. Alguns
materiais como, por exemplo, Nuovo Progetto Italiano 2 de Marin e Magnelli (2008) e
Rete! de Mezzadri e Balboni (2001), apresentam propostas de atividades escritas,
como resumir, comentar, completar tabelas, escrever cartas ou e-mails, etc. no início
de suas unidades didáticas.
A língua escrita requer conhecimento de uma série de elementos a fim de que
o aluno se expresse bem. Para escrever adequadamente, a pessoa precisa
conhecer regras, ter noção da estrutura que será elaborada, aprender um conteúdo
e perceber como aconteceu a compreensão ou aperceber-se do não entendimento
deste. Todas essas instâncias se apresentam como exemplos do fenômeno
metacognitivo.
Para ensinar a escrever, conforme afirma Corno (1999),
deve-se visar a uma scrittura intenzionale (isto é, “a solução de problemas”
e a “transformação de conhecimentos”) na qual o aluno esteja ciente dos
objetivos que deve alcançar. O objetivo específico de um estudo didático
orientado a favorecer a escrita é visar ao progresso da maneira pela qual o
aluno elabora os conhecimentos.
Tendo em vista a relevância da produção escrita em nosso estudo, cabe-nos
dizer algumas palavras sobre texto, produção textual e linguística textual.
30
Dubois et alii. (1973) definem texto como o conjunto dos enunciados
lingüísticos submetidos à análise: o texto é, então, uma amostra de comportamento
linguístico que pode ser escrito ou falado.
1.2.1. O texto e a produção textual
Realiza-se um texto para comunicar a alguém uma decisão, contar um fato,
para descrever alguém ou alguma coisa, para convencer, pedir ajuda, argumentar,
discutir determinados assuntos, etc.
Na visão de Weinrich (1973), apud Koch (1998, p. 13), o texto é uma
sequência linear de lexemas e morfemas que se condicionam reciprocamente e que,
de modo recíproco, constituem o contexto. Para ele, toda Linguística é,
necessariamente, Lingstica de Texto. Acrescentamos à referida visão a definição
de Koch (1998, p. 11): “Um texto não é simplesmente uma sequência de frases
isoladas, mas uma unidade linguística com propriedades estruturais específicas”.
Projetar um texto iguala-se a algumas operações só aparentemente simples.
Colocar por escrito um texto oral, uma paráfrase, uma síntese que não comporte
perda de informações são habilidades complexas que devem, ou deveriam ser, bem
trabalhadas, pois são essenciais para o desenvolvimento de muitas atividades do
dia-a-dia no trabalho ou na escola.
1.2.2. Tipos de textos
Quanto às estruturas das sequências linguísticas encontradas em cada texto,
podemos classificá-las dentro dos tipos textuais. O tipo textual é o modo como o
texto se apresenta, como ele se mostra escrito. Os cinco tipos principais são:
narrativos, descritivos, expositivos, argumentativos e injuntivos:
Textos narrativos tipo textual usado nos romances, contos, novelas,
diários, biografias em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Marcuschi
(2002) observa que o “elemento central na organização de textos narrativos é
a sequência temporal”, ou seja, há uma relação de anterioridade e
posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado.
Textos descritivos têm como objetivo principal descrever, ou seja,
apresentar pessoas, coisas, ambientes, sensações, com uma sequencia de
localização. Uma descrição pode ter uma abordagem objetiva ou subjetiva. A
31
classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, por sua função
caracterizadora. Diários de viagem, guias turísticos, curriculum vitae, são
alguns exemplos.
Textos expositivos - de acordo com Beltramo(2000), o objetivo principal do
texto expositivo é dar uma contribuição informativa. Sua estrutura básica é
formada por: ideia principal, desenvolvimento, conclusão. A linguagem é
clara, objetiva e impessoal e o léxico é mais específico e a maioria dos verbos
está empregada no presente do indicativo. São textos expositivos resumos,
análises de textos, relatórios, atas, etc.
Textos argumentativos têm como objetivo afirmar ou criticar
posicionamentos e expor ideias apresentadas de forma lógica e coerente a
fim de argumentar e defender um ponto de vista. Há uma estrutura básica
dividida em apresentação da ideia principal, argumentos, conclusão e utiliza
verbos na 1ª e 3ª pessoas do presente do indicativo. Alguns exemplos de
textos argumentativos são, por exemplo, demonstração de um teorema, de
uma lei, opiniões, ensaios, redação na qual se deve explicar de maneira
crítica e pessoal o que se pensa sobre um determinado assunto, etc.
Segundo Marcuschi (2000), neste tipo textual há o predomínio de sequências
contrastivas explícitas.
Textos injuntivos o objetivo desse tipo textual é aconselhar, dar ordens,
indicar ao destinatário o que deve ou não deve fazer por meio de linguagem
objetiva e simples. Segundo Dubois et alii. (1973) emprega-se a expressão
função injuntiva para designar a função da linguagem chamada “conativa” ou
“imperativa”: o falante ou o escritor incita o destinatário a agir de certa
maneira, como em manuais de instrução de uso, contratos, regulamentos,
receitas médicas e culinárias, etc.
Bruni (1997), porém, afirma que a multiplicidade de textos da escrita
profissional é tal, e as estratégias tão numerosas e diversificadas, que tornam vã
toda tentativa de racionalização com base em poucos parâmetros.
Na Itália, Francesco Sabatini colocou em discussão esses modelos
fundamentados no comportamento cognitivo do emissor (a modalidade descritiva,
argumentativa, expositiva, narrativa e injuntiva), focalizando a sua pesquisa no
“pacto comunicativo” que liga quem produz um texto e quem o recebe. Segundo o
32
autor, há uma imprevisibilidade das características de superficie desses modelos
nos textos reais.
Fávero et alii. (2003) salientam que, para analisar adequadamente um texto
(falado ou escrito), é preciso identificar os componentes que fazem parte da situação
comunicativa. As autoras indicam a importância de várias instâncias que perpassam
essa situação comunicativa, desde os papéis e as características dos participantes
as relações entre os participantes, o contexto, propósito, tópico discursivo,
avaliação social, relação dos participantes com o texto, aspectos linguísticos e
paralinguísticos ; suas características pessoais, como personalidade, interesses,
crenças, modos e emoções; as características de seu grupo social, especialmente
classe social, grupo étnico, sexo, idade, ocupação, educação. São, segundo elas,
esses parâmetros que favorecem a interpretação dos papéis dos interlocutores
falante-ouvinte-audiência (esta pode ocorrer ou não), escritor-leitor , num evento
particular e determinado, dados os componentes linguísticos desse texto.
Consideramos as definições acima apontadas à luz dos modelos elaborados
por J. H. Weinrich, Bruner, J.Dubois et alii, e por outros que se dedicam à linguística
textual como L.A. Marcuschi e I.G.V. Koch.
1.2.3. Linguística textual
Valer-nos-emos também da Linguística Textual em nosso estudo, cujos
trabalhos concentram-se no processo comunicativo em um determinado contexto,
estabelecido entre quem escreve (o autor), o leitor e o texto. Opomo-nos assim, às
correntes estruturalistas, focadas exclusivamente nos aspectos formais e estruturais
do texto.
A Linguística Textual se desenvolveu a partir dos anos sessenta na Europa,
especialmente na Alemanha e Holanda. Tem como finalidade classificar os tipos de
textos, analisá-los e, como foi dito anteriormente, estudar a fuão comunicativa e
de recepção do texto, ou seja, a interação entre o emissor e o receptor. Koch (2004)
parte do pressuposto de que “os parceiros da comunicação possuem saberes
acumulados quanto aos diversos tipos de atividades da vida social, têm
conhecimentos na memória que necessitam ser ativados para que a atividade seja
coroada de sucesso”.
33
É preciso levar em conta pesquisas como as de Harald Weinrich, cujos
estudos mostram que toda a Linguística é, necessariamente, Linguística de Texto. A
definição de Linguística Textual de Marcuschi (1983) também é relevante, mesmo
que genérica:
Proponho que se veja a Linguística do Texto, mesmo que provisória e
genericamente, como o estudo das operações linguísticas e cognitivas
reguladoras e controladoras da produção, construção, funcionamento e
recepção de textos escritos ou orais. Seu tema abrange a coesão
superficial ao nível dos constituintes linguísticos, a coerência conceitual ao
nível semântico e cognitivo e o sistema de pressuposições e implicações ao
nível pragmático da produção do sentido no plano das ações e intenções.
Nas teorias de Linguística Textual, o texto é visto como parte nuclear da
Linguística. Assim, ele possui um sistema de regras no qual podemos identificar e
avaliar se essas regras são obedecidas. Esse sistema de regras que define o tipo
textual e a formação do texto constitui a competência textual. Assim, pressupõe-se
que para que um indivíduo alcance uma competência textual ele deve poder resumir,
segmentar ou reformular um determinado texto, seja oralmente ou por escrito.
Embora muitos alunos se mostrem relutantes em escrever, a escrita deve
fazer parte de seu percurso didático, conquanto exerça um papel fundamental em
diversas situações rotineiras com as quais eles entrarão em contato. A
ssim, esses
alunos devem ser sempre motivados a escrever.
1.3. A motivação
Chegamos ao cerne de nosso estudo, a motivação. Portanto é pertinente que
façamos algumas considerações sobre os modelos teóricos que se reportam ao
tema.
É indiscutível a importância da motivação
Psicólogos e pedagogos lembram que a motivação sempre tem origem numa
necessidade, portanto, pode ser entendida como um conjunto das razões que nos
impelem a agir. É o compromisso e o desejo de aprender, que levam a uma maior
atenção ao uso de estratégias e à formulação de hipóteses sobre a aprendizagem
de uma língua estrangeira (LE) ou segunda língua (L2). Além disso, partimos da
na aprendizagem. Porém, o que
fazer para manter os alunos motivados e comprometidos com as atividades em sala
de aula?
34
hipótese de que toda a atividade humana é regida pela motivação; e, por
conseguinte, é fator essencial numa aula de língua estrangeira.
A motivação pode partir de dentro para fora (intrínseca), ou de fora para
dentro (extrínseca).
A motivação intrínseca é associada ao prazer, ao progresso pessoal, à
valorização do esforço e da aprendizagem. É voltada à tarefa e à competência.
Bruner (1967) afirma que é preciso dar ênfase às motivações intrínsecas que
são constituídas pela curiosidade, pelo desejo de competência, pela motivação da
reciprocidade.
A motivação extrínseca é associada a fatores externos como status,
reconhecimento social, necessidade profissional, prêmios, ego; e valoriza o
resultado e as suas consequências.
Segundo Mariani (1999), fala-se frequentemente de motivação extrínseca ou
indireta quando se aprende a língua para melhorar a própria posição social ou de
trabalho, para obter um título de estudo, para passar num teste (ligada ao desejo de
receber um prêmio ou evitar uma punição). Já a motivação extrínseca, segundo o
estudioso, é baseada no prazer que se sente ao aprender a língua e também na
situação de aprendizagem (ligada à satisfação pelo desenvolvimento de uma tarefa).
Na aprendizagem linguística, fala-se também de motivação instrumental, ou
seja, a língua como meio para obter vantagens nos estudos, no trabalho, etc. ou
integrativa, a língua como ponte para conhecer uma cultura ou integrar-se a ela. No
entanto, a motivação depende de muitos aspectos, como, por exemplo, o valor que é
atribuído a uma tarefa, as informações que o professor transmite aos alunos, as
convicções que o aluno desenvolve sobre as próprias habilidades e as expectativas
de sucesso ou insucesso.
Dentro dos questionamentos que envolvem o ensino de línguas, faz-se
menção a um dos pressupostos básicos da teoria de Rogers: a abordagem centrada
no indivíduo. Entretanto, podemos nos perguntar sobre o papel do professor em sala
de aula ou se, de fato, colocamos o aluno no centro do percurso didático. O
professor deve desempenhar a função de facilitador, de incentivador, de transmissor
de conhecimento para que essa abordagem torne-se possível.
Sabemos que é necessário continuar a aprender por toda a vida. Como
escreve Tenuta (2006), não basta que os alunos aprendam, porque os
conhecimentos de hoje serão obsoletos amanhã e quem não adquiriu, não só a
35
capacidade de aprender, mas também uma atitude positiva perante a aprendizagem,
amanhã estará na mesma condição de quem hoje não aprendeu”.
Corre-se o risco de que aqueles que foram obrigados a aprender sem
nenhuma motivação desenvolvam uma atitude negativa perante a aprendizagem e,
mesmo adquirindo conhecimentos, não tenham vontade de continuar a aprender ao
longo da vida.
Dessa forma, a motivação torna-se um dos grandes desafios do ensino de
línguas voltado para a escrita. Em tal perspectiva, seria importante despertar
atitudes positivas em relação à aprendizagem. O professor deve saber apresentar
inicialmente as tarefas para que estas despertem motivações para depois procurar
mantê-las e, ao propor determinadas tarefas em sala de aula, o professor deve levar
em conta também as competências do aluno.
O Quadro Europeu Comum de Referência (2002, pp. 217-219) sugere que as
tarefas em sala de aula têm um objetivo comunicativo, na medida em que exigem
dos alunos que compreendam, negociem e exprimam sentidos:
Quando se analisa a execução de uma tarefa, em contexto pedagógico, é
necessário tomar em consideração as competências do aluno, as condições
e as limitações específicas dessa tarefa (que podem ser manipuladas,
modificando o seu nível de dificuldade para a turma) e o efeito estratégico
entre as competências do aluno e os parâmetros da tarefa na sua
execução.
Para atingirmos nosso objetivo, buscamos apoio, então, na teoria da
motivação de Rogers, baseada na motivação intrínseca, através de processos de
aceitação, compreensão e empatia. Carl Rogers acredita que ninguém ensina
ninguém. O importante não é o ensino, mas sim a aprendizagem. O professor, mais
do que ensinar, deve facilitar a aprendizagem e favorecer o crescimento da pessoa.
Objetiva-se, com isso, ajudar o aluno a atingir níveis mais elevados de integração
pessoal, de bem estar e de autoestima.
Os conceitos de Marcuschi, Weinrich, Bruni, Corno, Rogers, Balboni, dentre
outros, constituíram algumas das postulações das quais pudemos nos valer para
desenvolver nossas propostas.
1.3.1. Levantamento das motivações e das fantasias
36
Ao verificarmos os fatores que despertam o interesse dos alunos em aprender
a língua italiana, levando em conta suas fantasias, expectativas e desejos,
desenvolvemos atividades vinculadas à realidade do aluno, motivando-o e
estimulando-o a produzir na língua oral e consequentemente na língua escrita.
Portanto, levantamos uma questão: Os professores levam em conta as
fantasias dos alunos?
Como afirma Almeida Filho (mimeo):
As fantasias merecem ser reconhecidas porque são também fonte de
energia advinda de motivações e uma vez conhecidas, podem ser
trabalhadas até o ponto de se transformarem em interesses explicitados.
O tratamento dado pelos professores para as fantasias que os alunos trazem
em sala de aula é importante para a questão motivacional na medida em que estas
fantasias são comprovadas ou mesmo desmistificadas. Essas fantasias podem ser
fontes de discussões orais ou escritas muito enriquecedoras.
1.3.2. O questionário
Entre todas as tarefas dos professores, há uma essencial: criar atividades
estimulantes em um ambiente motivador. Assim, passou-se a pesquisar o que torna
a escrita uma atividade prazerosa, ou seja, quais os fatores que contribuem para
que o aluno seja estimulado a escrever.
É necessário, portanto, antes de desenvolver qualquer atividade com um
grupo de alunos, utilizar como instrumento um questionário que ajude a descobrir as
necessidades, os interesses e as motivações dos alunos. Além disso, com a
aplicação de um questionário, podemos identificar diferenças que sejam relevantes
entre os alunos e podemos analisar quais os temas e as atividades que podem ser
desenvolvidos para que o professor forneça o feedback necessário ao aluno visando
o sucesso do percurso didático voltado à produção escrita.
Assim, ao coletar dados com alunos, objetivamos escolher os caminhos que
serão tomados para o desenvolvimento da nossa pesquisa.
Levamos em conta alguns aspectos para a formulação e utilização do
questionário:
É simples, com poucos quesitos, para facilitar e incentivar a compilação e a
avaliação das informações;
37
Contém campos em branco que permitem a inclusão de comentários a
respeito das atividades em sala de aula e dos interesses;
Este questionário, porém, não é fixo, deve ser frequentemente aperfeiçoado e
alterado pelo professor, com base nas experiências que surjam ao longo do
percurso didático;
Os questionários compilados devem ficar à disposição do professor para
consultas periódicas.
No entanto, uma outra questão surge com a utilização do questionário: O
professor saberá fazer uso adequado das informações obtidas?
Ora, o professor deve possuir as qualidades didáticas para transmitir
conhecimento, ser sensível às necessidades e às dificuldades dos alunos e fazer
uso apropriado de recursos didáticos que incentivem e entusiasmem os alunos,
apoiando-se no questionário. De outra forma, o questionário tornar-se-á um
amontoado de informações sem a função didática à qual se propõe. Faz-se
necessário, portanto, não só aplicar o questionário, mas também acompanhar o uso
didático das informações nele contidas.
O levantamento foi feito a partir de dez perguntas específicas do questionário.
Nas duas primeiras, de cunho geral, o aluno deveria escrever seu nome e indicar
sua idade. As outras, de cunho mais especifico, visavam entender as motivações
dos alunos e as atividades que mais os interessam.
Com as respostas da questão 3, verificamos se os alunos são descendentes
de italianos, visto que alguns alunos sequer sabem a proveniência de seus avós ou
bisavós. Assim, talvez, possamos despertar um interesse a mais pela cultura ligada
aos seus ancestrais e, consequentemente, pela língua.
As questões 3, 4 e 7 do questionário têm como objetivo verificar se os alunos
aprendem italiano por uma motivação intrínseca ou direta, ou seja, pelo prazer em
apreender a língua, ou se existem motivações extrínsecas ou indiretas ligadas ao
trabalho, ao estudo, à vontade de uma terceira pessoa. A questão 7 direciona as
motivações conscientes que levaram o aluno a estudar a língua italiana, enquanto as
respostas às questões 3 e 4 podem fornecer dados motivacionais inconscientes. A
questão 5 funcionará como sondagem acerca de seus gostos pessoais.
As questões 5, 6, 9 e 10 indicarão quais os caminhos que o professor deve
seguir para motivar os alunos (dos temas que podem ser desenvolvidos às
atividades propostas).
38
A questão número 8 refere-se às convicções do aluno sobre suas próprias
habilidades e, possivelmente, sobre suas expectativas de êxito ou não durante a
aprendizagem da língua italiana.
Investigamos a visão do aluno em relação à Itália e ao povo italiano mediante
as respostas à questão 10. Ao mesmo tempo, o professor terá uma amostragem do
que, de fato, é real, fantasioso ou estereotipado, a fim de que possa ser
desenvolvido um planejamento didático no qual a visão estereotipada torne-se mais
próxima à realidade italiana e as fantasias possam ser fontes para a escolha de
materiais aplicados em sala de aula.
FIGURA 2 - Questionário criado por Stefania B. Serra.
39
O questionário é uma atividade interessante tanto para o aluno que responde
às questões (prática escrita), quanto para o professor que deseja colher dados. Por
esse motivo, o questionário é formulado em italiano e deve ser respondido em
italiano.
A escolha do tema da unidade didática, do glossário e do jogo didático teve
como base os resultados obtidos mediante o questionário aplicado.
As questões 5, 6 e 8 mostraram que os alunos não escrevem, dizem ter
dificuldade em escrever e não têm interesse em escrever. Dessa forma, as
propostas de atividades para a produção escrita devem abordar temas que
despertem o interesse dos alunos, para que assim nos aproximemos do escopo do
estudo.
Após análise com base nas respostas referentes à questão 5, emergiram
Na questão 9 a maioria das respostas indicou que os alunos gostariam de
conhecer os monumentos históricos italianos e provar as especialidades culinárias
italianas. Os resultados das duas questões apontaram, portanto, que um dos pontos
de interesse convergentes entre os alunos é a culinária italiana.
os
cinco principais interesses dos alunos: culinária, música, viagens, esporte e cinema.
Na questão 10 avaliamos que, embora muitos alunos frequentem o nível
intermediário de língua italiana, ainda têm uma visão estereotipada da Itália e
principalmente dos italianos, descrevendo-os como barulhentos, exagerados e
comilões. Esses estereótipos devem ser trabalhados com materiais que abordem
temas ligados à cultura italiana.
Outras questões emergiram
Lembramos, porém, que um único questionário não basta, sendo preciso uma
avaliação constante das necessidades e expectativas dos alunos para o sucesso do
percurso didático, tanto por parte do professor quanto por parte do aluno.
dos dados coletados nos questionários, mas, por
razões ligadas ao objetivo desta pesquisa, não as abordaremos aqui.
Um aspecto complicador para a aplicação das propostas é a disparidade que
há entre determinados grupos de alunos (níveis diferentes de escolaridade,
motivações intrínsecas e extrínsecas, diferenças socioculturais). Para solucionarmos
esse dado complicador, escolhemos atividades que pudessem atender às
expectativas explicitadas na questão 6 do questionário.
Como dissemos antes, este questionário é um esforço a fim de que
compreendamos as necessidades dos alunos e usemos adequadamente os
40
instrumentos didáticos para a organização dos temas e para o desenvolvimento das
atividades.
Daí a importância do papel do professor na aplicação de tais propostas,
adequando-as a cada situação encontrada em sala de aula ou individualmente.
Assim, a partir dos interesses dos alunos, desenvolvemos atividades
colocando-os como agentes das mesmas e os professores como regentes desse
percurso.
Por meio do questionário previamente entregue aos alunos, podemos concluir
que o tema das propostas foi escolhido, na realidade, pelos próprios alunos.
As propostas foram aplicadas nos anos de 2007, 2008 e 2009, em um centro
de língua italiana.
De acordo com nossas investigações, a prática da escrita é considerada pela
maioria desestimulante e pouco prazerosa. Diante dessa problemática, este estudo
objetiva apresentar três propostas didáticas voltadas para a produção escrita no
tocante à metodologia e às estratégias que motivem o aluno a escrever de forma
prazerosa e efetiva.
41
CAPÍTULO 2 - Glossário como subsídio para a produção escrita
Escrever significa reescrever
(Gustave Flaubert)
6
2.1. Considerações iniciais
A necessidade de colocar os textos ao alcance dos alunos levou à compilação
do presente glossário bilíngue italiano-português. O glossário servirá, para tanto,
como subsídio para a produção e para a compreensão de textos ligados ao gênero
textual receitas culinárias em língua italiana.
Citamos Flaubert (2003) na epígrafe para que se entenda o objetivo
subjacente desse capítulo. Dentre as atividades que todo o aluno deveria dispor-se a
fazer, a releitura e a reescrita são fundamentais para o seu desenvolvimento
linguístico. Todavia, no decorrer de nossa investigação, notamos que a reescrita é
uma prática pouco frequente entre a maioria dos alunos.
Refletindo sobre essas considerações, procuramos conduzir os alunos a
perceber a importância da autocorreção por meio da reescrita. E a consulta ao
glossário visa a tornar essa tarefa mais interessante.
Segundo Bruni et alii (2006, p.95), reformular é uma operação linguística e
conceitual que se executa continuamente; é, aliás, uma atividade característica para
cada um de nós, e não em circunstâncias particulares, mas na vida de todos os
dias.
Reescrever é revisar um texto, corrigir e melhorar algumas passagens, ou
mesmo reformulá-lo integralmente. Dessa forma, o fato de o aluno passar a
reescrever e reformular sugere, do ponto de vista didático, que possa obter algum
tipo de progresso. Constatamos, assim, que atividades desse tipo trazem benefícios
à competência linguística do aluno.
Nossa proposta é usar a apreensão do aluno para que ele produza textos
escritos injuntivos, valendo-se de um esqueleto estrutural, e desenvolva um texto
que preencha ou substitua esse esqueleto com elementos livres, valendo-se então,
de sua criatividade e de suas habilidades cognitivas.
Esse capítulo procura demonstrar que, em curto ou médio prazo, por meio da
exposição às formas e às sequências temporais características dos textos injuntivos,
6
Gustave Flaubert, Cartas a Louise Colet. Madrid: Siruela, 2003.
42
o aluno venha a adotá-las para sua própria produção escrita. Contudo, no momento
em que alguns alunos passam da teoria para a prática, ou seja, começam a
escrever, sentem-se desorientados. Mesmo tendo um texto autêntico como modelo
estrutural, sabem que além da forma, devem se preocupar com o conteúdo, e com o
uso apropriado do léxico. Em outras palavras, devem refletir sobre a sua produção.
2.2. A utilização do glossário na produção escrita
Conforme apontamos anteriormente, a produção escrita implica em reflexão,
no que o aluno deseja, projeta e decide escrever. Essa afirmação assume uma
importância maior se considerarmos que compor uma ideia envolve certa lógica, o
aluno deve fazer uso de elementos e recursos na produção de um determinado
texto.
Sabemos que para a execução de uma receita, a não compreensão de um
ingrediente ou de uma expressão pode comprometer seu resultado final. A consulta
ao glossário, procurará então, satisfazer curiosidades e esclarecer possíveis dúvidas
ligadas ao léxico.
A partir do processo cognitivo do aluno, ou seja, os processos de
compreensão e produção e, consequentemente, os mecanismos e as atividades
didáticas envolvidos nesse processo, a presente proposta tem por objetivo
apresentar o glossário como instrumento de comunicação que sirva de ponte entre o
emissor (quem escreve) e o destinatário (quem lê).
Em outro viés de justificativa, destacamos a importância de ensinar aos
alunos o processo de passagem de um texto autêntico (modelo) para outro texto
(produção escrita), incitando-os ao cumprimento de execução de tarefas de
produção e de autocorreção. Para isso, avaliaremos o uso do glossário dividido em
grupos semânticos como recurso didático tanto para a compreensão do texto
autêntico quanto para a produção escrita do aluno.
Será sobre os aspectos da elaboração do glossário dividido em campos
semânticos e a análise da produção escrita com o uso do glossário que estará
voltado o foco deste capítulo.
Com a utilização do glossário, o aluno poderá considerar os melhores efeitos
da utilização do léxico em seus textos, culminando no uso mais adequado da língua.
43
Diante disso, o glossário deve ser inserido num contexto linguístico, pois as
palavras ensinadas de forma isolada não são assimiladas. Dessa forma, evita-se um
possível desinteresse dos alunos desencadeado pela apresentação de palavras
novas sem contextualizá-las.
Torna-se importante, então, aplicar o glossário após a apresentação de textos
autênticos como modelo, a fim de que, do ponto de vista didático, criem-se as
condições necessárias nas quais será aplicado. Não obstante, a utilização do
glossário pode não solucionar alguns problemas ligados ao repertório lexical do
aluno, tais como:
interferências ligadas às palavras polissêmicas e aos falsos cognatos.
conceitos não lexicalizados na língua materna e elementos que não estão
ligados à cultura lexical do aluno.
Dentro das questões que envolvem a confecção do presente glossário, faz-se
necessário abordar uma essencial: Por que um glossário bilíngue italiano-português
e não português-italiano?
Acreditamos que um glossário partindo da língua de origem para chegar à
língua-alvo teria uma função de consulta receptiva, algo que não corresponderia aos
nossos objetivos, pois visaria à compreensão de um texto em LE, à leitura. Por outro
lado, apresentando um glossário na língua-alvo, com definições e exemplos em
língua italiana e com a equivalência em português finalizando a estrutura do verbete,
a consulta transformar-se-ia em uma consulta produtiva, escopo de nossa pesquisa.
Logo, teríamos que propor mecanismos que tornassem esse tipo de consulta viável.
Assim, decidimos dividir o glossário em campos semânticos.
Lembramos também que um glossário bilíngue desempenha um papel social,
cultural e cognitivo, pelas descrições que oferecem sobre os dois idiomas, tornando-
se um valioso instrumento didático no ensino de línguas.
Segundo Welker (2007, p.6),
7
7
Artigo de Herbert Andreas Welker intitulado “Sobre lexicografia e tradução” da Universidade de
Brasília, 2007; extraído do sítio:http://www.let.unb.br/hawelker/lextrad; em 22 de novembro de 2009.
o que define um glossário bilíngue é a
existência de “equivalentes”, também chamado de “equivalências” ou “traduções”. O
autor lembra ainda que um outro termo usado é “sinônimos interlinguais”. Entretanto,
a equivalência é um dos grandes desafios na elaboração de um dicionário bilíngue,
pois as palavras das duas línguas muitas vezes não se correspondem
44
perfeitamente, ou mesmo, não existem em algumas culturas, como afirmam teóricos
e estudiosos da lexicografia.
Não temos a pretensão, portanto, de esgotar as possibilidades na confecção
do presente glossário, visto que o fazer lexicográfico é muito complexo, e requer um
estudo minucioso. Assim, não nos aprofundaremos nas questões ligadas à
lexicografia, apenas descreveremos os passos seguidos para a elaboração do
glossário.
Relataremos alguns resultados preliminares de experiências que vimos
realizando sobre a produção escrita com subsídio do glossário bilíngue italiano-
português entre alunos.
Por meio do glossário, propomo-nos a ampliar o leque de recursos para a
produção escrita do aluno e a atender às suas necessidades imediatas ligadas à
essa produção e à eventuais autocorreções.
Por outro lado, deparamo-nos com a necessidade de incluir na produção de
texto abordagens motivadoras e enriquecedoras. Para tanto, acreditamos que a
escolha de textos injuntivos (receitas de doces) seja relevante, por apresentar uma
linguagem simples e objetiva, possibilitar a interação e estimular a produção escrita,
evitando, assim, que o aluno se atenha a estruturas complexas na elaboração de
seus textos.
Cumpre ressaltar que
o objetivo principal do presente estudo não é ensinar o
aluno a escrever; e sim, estimulá-lo a escrever. Daí o papel fundamental da
motivação e a escolha de textos culinários para o êxito de nossos objetivos.
2. 3. A organização da proposta
Os destinatários são alunos de língua italiana como língua estrangeira ou
segunda língua, de nível intermediário de conhecimento (B1).
Como já vimos no capítulo anterior, o tipo textual é o modo como o texto é
apresentado, como está escrito. Interessa-nos nesse capítulo o texto injuntivo, que
tem como objetivo aconselhar, dar ordens, indicar ao destinatário o que deve ou não
deve fazer, fazendo uso de linguagem objetiva e simples.
O que justifica a nossa escolha é a possibilidade de explorar a habilidade
cognitiva de ditar regras e inserir especificidades ligadas à língua e à cultura italiana.
Além disso, para a compreensão e produção de um texto injuntivo, é necessário
conhecer o léxico específico desse texto, logo, torna-se importante o uso de um
45
glossário como subsídio para ampliar a competência lexical dos alunos. E por fim,
acreditamos que a motivação em aprender uma receita nova ou ensinar uma receita
aos colegas de classe, exerça papel fundamental para a escolha do gênero textual
das receitas.
A metodologia foi relativamente simples. Os alunos não eram obrigados a
escrever uma receita, mas criamos uma atmosfera em sala para que essa atividade
fosse desenvolvida naturalmente. Apresentamos uma gravação de um programa
culinário da televisão italiana, desenvolvemos atividades de pré-leitura, os alunos
leram textos autênticos referentes à tipologia textual (injuntiva) e ao gênero (receita
culinária). Conhecendo a estrutura desse tipo de texto, escreveram o próprio texto.
O professor, então, sublinhou eventuais erros. A partir da produção do primeiro texto
injuntivo de receitas de doces, apresentamos o glossário. Este serviu como guia
para que os alunos produzissem o segundo texto.
Nessa perspectiva, a motivação dos alunos para a consulta ao glossário foi
preencher lacunas de conhecimento, evitar que caíssem nas armadilhas das
interferências da língua portuguesa e favorecer a competência linguística.
Ressaltamos que o professor procurou atentar a todo o percurso que levou o
aluno à produção escrita.
2.4. A elaboração do glossário
O glossário divide-se em cinco campos semânticos a partir das ocorrências
de elementos lexicais em produções escritas do tipo textual (injuntivo) e gênero
textual (receita culinária).
Inicialmente, os verbetes do glossário foram selecionados com base na
frequência de ocorrências em receitas de doces por meio de uma pesquisa google e
de pesquisa em livros de receitas. As receitas produzidas pelos alunos levaram a
necessidade de incluir posteriormente outros verbetes.
Muitos verbetes são enriquecidos por exemplos cuja função é contextualizar
um determinado uso.
Optamos pelos verbetes que contém um maior número de traços semânticos
em comum com o campo conceitual das receitas de doces.
Os elementos extralinguísticos também acompanham o glossário, porém,
constituem-se de material icônico, iconográfico (fotografias e desenhos).
46
Estruturamos um primeiro glossário com entradas em ordem alfabética, no
qual cada campo semântico era composto pela mesma fonte com cores diferentes.
Notamos que o glossário com o recurso das marcas paralinguísticas interferiu no
significado do material linguístico, dificultando a consulta dos alunos (anexo final 1).
Elaboramos, então, um segundo glossário sem dividi-lo em campos semânticos
coloridos. A consulta, porém, não resultou mais eficaz, embora a apresentação
estivesse menos poluída visualmente, como podemos conferir no anexo final 2.
Koch (2006, p. 28), refere-se às marcas paralinguísticas como um dos fatores
de legibilidade do texto (que, segundo a autora, podem ser materiais, linguísticos ou
de conteúdo).
Enfim, dividimos o glossário em cinco campos semânticos com cores
diferentes:
Campo semântico em verde ingredientes de receitas de doce
Campo semântico em laranja locuções, expressões, adjetivos
Campo semântico em azul unidades de medida e quantidades
Campo semântico em vermelho utensílios de cozinha
Campo semântico em preto verbos de receitas de doces
Incluimos também unidades icônicas divididas em dois campos semânticos:
utensílios de cozinha e frutas. As unidades icônicas aparecem também como
entrada no glossário, acompanhadas da variante em português.
Como observa Barbosa (2001):
A definição, como também todos os paradigmas que integram o enunciado
lexicográfico e a própria metodologia que permite a sua construção
organizam-se em função da natureza da obra lexicográfica em que
comparecem. Há, pois, uma correlação entre tipologia de dicionário e
tipologia de definições, estabelecendo-se uma relação de dependência
entre a natureza da obra lexicográfica e a natureza do enunciado
lexicográfico.
Uma outra dificuldade ocorreu no momento de relacionar os verbetes e incl-
los como entrada. Iniciamos analisando quinze textos injuntivos de receitas de
cozinha em geral, produzidos por alunos de nível intermediário (B1) e notamos que
as possibilidades eram ilimitadas. A partir da dificuldade inicial, propusemo-nos a
selecionar apenas as receitas de doces (nível de seleção), para então elaborarmos o
glossário. Ainda assim, as possibilidades eram inúmeras e, portanto, o glossário foi
feito com base nas receitas produzidas e às frequências de uso em receitas de livros
de doces e receitas da internet em língua italiana.
47
Todas estas questões tornam-se relevantes, pois é mediante esses
pressupostos que alteramos várias vezes os elementos contextualizadores,
linguísticos, paralinguísticos e extralinguísticos do glossário.
Na definição exposta por Baccin (2003):
O fazer lexicográfico também constitui um processo de comunicação. O
lexicógrafo, no papel de emissor, estabelece o ponto de partida (nível de
seleção) de acordo com o receptor, ou seja; de acordo com o público do
dicionário
Por fim, vale relatar que o glossário possuía inicialmente 181 verbetes e
acepções e 14 expressões e locuções úteis. Desenvolvemos, então, as atividades
com a aplicação do glossário em outras três classes e ampliamos o número de
entradas do glossário, levando em conta o surgimento de novos verbetes ou
expressões nos textos produzidos pelos alunos. Assim, incluímos 19 verbetes e oito
expressões e locuções úteis, focalizando-nos nas necessidades dos alunos.
2. 4.1. Macroestrutura
As entradas são organizadas por ordem alfabética, em campos semânticos.
A estruturação dos campos semânticos foi elaborada a partir das ocorrências
nas receitas elaboradas pelos alunos, em receitas encontradas em livros de receitas
e em receitas em língua italiana da internet.
Levando em conta o fato de que a comunicação aconteça também por meio
da imagem, incluímos na parte final do glossário unidades icônicas divididas em dois
campos semânticos (utensili e frutta), para facilitar a consulta e/ ou a compreensão.
2. 4. 1. 1. Conteúdo
O glossário contêm 202 verbetes e acepções; 25 expressões úteis para a
composição ou a compreensão de uma receita; 71 unidades icônicas divididas
em dois campos semânticos: frutas e utensílios de cozinha.
A pesquisa dos lemas A entrada é acompanhada pela definição em italiano
e pela variante (equivalência) em português. Os campos semânticos das frutas e
dos utensílios de cozinha não são acompanhados da definição, mas são
acompanhados de ilustrações.
2.4.2. Microestrutura
48
2.4.2.1. A estrutura:
Exemplo: aggiungere v. tr. [io aggiungo, ecc.] 1 mettere in più; unire: aggiungere le uova. PORT.
adicionar, acrescentar v
lema: aggiungere
categoria gramatical: v tr. (verbo transitivo)
conjugação da 1ª pessoa singular : [io aggiungo, ecc.]; e quando necessário o
particípio passado (critério usado a partir das ocorrências do particípio nas
receitas)
definição: 1 mettere in più; unire
exemplos de uso (em itálico): aggiungere le uova
variante (equivalência) em português e categoria gramatical: PORT. adicionar,
acrescentar v
Alguns verbetes reportam também informações complementares, como
locuções, expressões, particularidades que possam contextualizar um determinado
uso.
Remissivas: () ver ilustração.
Os verbetes foram selecionados em base a critério de uso comum em
receitas de doces.
A definição visa a conduzir o aluno ao conceito extralinguístico, ou seja,
relativo a tudo que serve à comunicação, mas que não pertence ao
sistema linguístico em si mesmo considerado.
Em alguns verbetes, as definições são acompanhadas de exemplos antes de
indicar a variante em língua portuguesa - caso possa indicar mais acepções.
Algumas formas alteradas foram registradas como entrada, quando indicam
unidades de medidas diferentes, por exemplo: tazzina da forma principal (lema)
tazza.
Verbos como pepare, usados exclusivamente em receitas de pratos salgados,
não foram incluídos no glossário, por não possuírem nenhuma ocorrência em
receitas de doces.
Verbos como fare, mettere, não foram lexicalizados por não possuírem
acepção culinária.
Verbos cuja correspondência não é precisa em português, podem conter mais
de uma variante em português:
49
tirare v. tr. 1 imprimere a qualcosa o a qualcuno un movimento per tenderlo, avvicinarlo a sé,
trascinarlo nella propria direzione: tirare la pasta. PORT. puxar, esticar v
Em termos cuja equivalência em português não havia uniformidade
terminológica, optamos por incluir todas as variantes encontradas:
mirtillo sm PORT. mirto; mirtilo; mirtillo; blueberry sm
Sendo que a primeira é oferecida pelos principais dicionários em português, mas
sem ocorrência nos livros de receitas consultados. A segunda, mirtilo, com
adaptação ortográfica para o português consta em duas receitas; mirtillo em italiano
e blueberry em inglês, consideradas como xenismos, foram encontradas em
diversas receitas.
Justificamos a inclusão deste esquema de equivalências levando em conta o
público-alvo ao qual é destinado o glossário e a subárea a qual pertence, ou seja,
terminologia da cozinha e do dia-a-dia (Baccin, 2003) e mais especificamente,
receitas de doces.
Para facilitar a consulta, acreditamos que seria relevante ao estudo a
lexicalização de algumas locuções:
“a bagno” loc.: lasciare a bagno le castagne in acqua fredda. PORT. de molho loc.
2.4.2.2. Sinais especiais
seta entre parênteses: () remissivas: ver unidade icônica.
colchete: [ ] indica a conjugação verbal.
dois pontos: : indica exemplos de uso
ponto e vírgula: ; indica um sinônimo.
barra simples: I introduz definições ou locuções que se afastam do significado
de base por particularidades de conteúdo.
2.4.2.3. Marcas paralinguísticas
negrito: aggiungere com a função de enfatizar
caixa-alta: PORT. - um recurso de uso da fonte para destacar o tópico.
Itálico: aggiungere le uova para diferenciar os tópicos.
Cor da fonte: arancia sf PORT. laranja sf dividida em campos semânticos
para facilitar a consulta.
50
A apresentação não pode ser descuidada, é preciso atenção em relação à
escolha das marcas paralínguisticas para que não atrapalhem a legibilidade do
glossário.
2.4.2.4. Abreviaturas
As abreviaturas são em italiano para o verbete em italiano e em português
para a variante em português:
agg, adj: aggettivo, adjetivo
avv, adv : avverbio, advérbio
ecc.: eccetera
f: femminile, feminino
loc: locuzione, locução
m: maschile, masculino
pass: passato, passado
part: participio, particípio
pl: plurale, plural
s: sostantivo, substantivo
v: verbo
2.4.2.5. Unidades icônicas
As unidades icônicas são organizadas alfabeticamente e divididas em dois
grupos semânticos: utensílios de cozinha (utensili di cucina) e fruta (frutta).
As ilustrações são acompanhadas pelo lema em italiano.
A inclusão de ilustrações serve para facilitar a compreensão, já que as
desproporções entre as palavras e as coisas podem ser apontadas como fenômenos
da significação.
2.4.3. O glossário
albicocca sf PORT. damasco sm ( )
CAMPO SEMÂNTICO – INGREDIENTES DE RECEITAS DE DOCES
albume sm il bianco dell'uovo PORT. clara de ovo sf
amarena sf PORT. cereja amarga, marasca sf ( )
ananas sm PORT. abacaxi sm ( )
anguria sf, cocomero sm PORT. melancia sf ( )
arachide sf PORT. amendoim sm ( )
arancia sf PORT. laranja sf ( )
avocado sm PORT. abacate sm ( )
biscotto sm PORT. biscoito sm
biscotto savoiardo sm PORT. biscoito champanhe sm
buccia sf PORT. casca sf
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budino sm PORT. pudim sm
burro sm PORT. manteiga sf
cacao sm PORT. cacau, chocolate em pó sm
caramella. sf piccolo dolce di zucchero cotto, variamente aromatizzato e colorato, generalmente a pasta dura, a
volte ripieno di gelatina di frutta, liquore.
PORT. bala sf
caramello. sm massa brunastra ottenuta dallo zucchero per forte riscaldamento. PORT. caramelo sm,
calda
sf
castagna sf PORT. castanha sf ( )
chiodo di garofano sm PORT. cravo da índia sm
ciambella sf PORT. rosca sf
ciliegia sf PORT. cereja sf ( )
cioccolata sf 1 bevanda ottenuta sciogliendo a caldo polvere di cacao in acqua o latte: una tazza di cioccolata.
PORT. 1 chocolate quente sm 2 chocolate sm
cioccolato. sm sostanza alimentare preparata con polvere di cacao, zucchero e altri ingredienti: una tavoletta di
cioccolato; cioccolato fondente, al latte.
PORT. chocolate sm
cioccolato fondente sm PORT. chocolate amargo sm
cioccolato al latte sm PORT. chocolate ao leite sm
cocco sm PORT. côco sm ( )
codetta sf zucchero lavorato a granelli per decorare dolci. PORT. granulado sm
crema sf PORT. creme sm
dattero sm PORT. tâmara sf ( )
farina sf PORT. farinha sf
fico sm PORT. figo sm ( )
fragola sf PORT. morango sm ( )
frutta candita sf PORT. fruta cristalizada sf
glassa sf PORT. glacê sm
grano sm PORT. trigo sm
granoturco sm mais PORT. milho sm ( )
guscio sm PORT. casca de ovo sf
kiwi sm PORT. kiwi sm ( )
lampone sm PORT. framboesa sf ( )
latte sm PORT. leite sm
latte condensato sm PORT. leite condensado sm
lievito sm PORT. fermento sm
limone sm PORT. limão sm ( )
macedonia sf PORT. salada de frutas sf
mandarino sm PORT. tangerina sf ( )
mandorla sf PORT. amêndoa sf ( )
margarina sf PORT. margarina sf
marmellata sf PORT. geléia sf
mela sf PORT. maçã sf ( )
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melone sm PORT. melão sm ( )
meringa sf composto di zucchero e chiara d’uovo montata a neve ferma. PORT. merengue
miele sm PORT. mel sm
mirtillo sm PORT. mirto; mirtilo; mirtillo; blueberry sm ( )
noce sf PORT. noz sf ( )
nocciola sf PORT. avelã sf ( )
olio sm PORT. óleo sm
orzo sm PORT. cevada sf
pan di spagna sm PORT. pão-de-sm
pane raffermo sm PORT. pão amanhecido sm
panna sf la parte più grassa del latte, che si condensa in superficie quando viene lasciato riposare; crema: fragole,
cioccolato con panna.
PORT. nata sf
panna montata sf quella sbattuta fino a farla aumentare di volume e a farle assumere una consistenza soffice e
schiumosa
. PORT. chantilly sm
pasta sf PORT. massa sf
pasta sfoglia sf PORT. massa folhada sf
pasta frolla sf pasta dolce che si sbriciola facilmente, di fior di farina, burro, tuorli d’uova e zucchero. PORT.
massa podre sf
pera sf PORT. pêra sf ( )
pesca sf PORT. pêssego sm ( )
pompelmo sm PORT. toranja sf ; grapefruit( )
prugna sf susina PORT. ameixa sf ( )
ribes sm PORT. groselha sf ( )
salsa sf s. f. condimento semiliquido, di varia composizione, usato per arricchire le vivande e migliorarne il gusto PORT.
molho sm
sciroppo sm soluzione concentrata di zucchero in acqua. PORT. calda sf
sugo sm 1 il succo contenuto nella frutta e nelle verdure; il liquido che si ricava dalla loro spremitura: il sugo della pesca,
del pomodoro.
PORT. sumo sm
torta sf PORT. torta sf, bolo sm
tuorlo sm rosso dell’uovo. PORT. gema de ovo sf
uovo sm l'uovo di gallina, usato dall'uomo come alimento; l'albume (o il bianco) ( ), il tuorlo (o il rosso) dell'uovo(
)
| uovo sodo, cotto con il guscio in acqua bollente il tempo necessario a far rapprendere sia il bianco sia il tuorlo; uovo
sbattuto, frullato, in modo che si gonfi | sbattere le uova
PORT. ovo sm
uva sf PORT. uva sf ( )
uvetta sf 1 dim. di uva 2 uva passa PORT. uva passa sf
vaniglia sf PORT. baunilha sf
vanillina sf PORT. essência de baunilha sf
yogurt sm PORT. iogurte sm
zabaione sm crema spumosa che si ottiene sbattendo tuorli d’uova con zucchero, aggiungendovi marsala o altro vino
liquoroso, e cuocendo a bagnomaria.
PORT. creme inglês sm
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zucchero sm 1 sostanza dolce, bianca e cristallina, che si estrae dalla barbabietola o dalla canna da zucchero e serve
a dolcificare cibi e bevande : zucchero in polvere, in zollette; zucchero greggio, raffinato; una bustina, un cucchiaio di zucchero;
bere il caffè senza zucchero
PORT. açúcar sm
zucchero a velo sm particolarmente fino, usato in pasticceria per spolverizzare i dolci e per preparare alcune
creme.
PORT. açúcar de confeiteiro sm
CAMPO SEMÂNTICO LOCUÇÕES E EXPRESSÕES
“a bagno”loc.:lasciare a bagno le castagne in acqua fredda PORT. de molho loc
acerbo agg PORT. verde, não maduro adj
“a dadini” loc. tagliare a cubetti PORT. em cubos loc
“a fetteloc.: tagliare la mela a fette PORT. em fatias loc
“a listerelle”loc.: tagliare la frutta secca a listerelle PORT. em tiras loc
“a rotelle” loc.: tagliare l’arancia a rotelle PORT. em rodelas loc
“a strati” loc.: ingredienti sovrapposti su una superfície PORT. em camadas loc
bagnomaria sm invar. oggi usato solo nelle loc. cuocere, scaldare a bagnomaria, immergere in acqua bollente il
recipiente che contiene ciò che deve essere riscaldato.
PORT. banho-maria sm
colmo agg cucchiaio colmo PORT. cheio adj
con cura loc.: delicatamente PORT. com cuidado loc
copertura sf PORT. cobertura sf
dessert sm dolce PORT. sobremesa sf
dolce sm PORT. doce sm
farcito part. pass. PORT. recheado
flambé agg Detto di vivanda cosparsa di liquore al quale poi si dà fuoco. PORT. flambado adj
montare a neve loc. PORT. bater em neve loc
nel frattempo loc PORT. enquanto isso loc
preparazione sf PORT. preparo sm
pre- riscaldato agg 1 g caldo: forno pre-riscaldato PORT. pré-aquecido adj
quanto basta loc. PORT. a gosto loc
raffermo agg Un po’ indurito, non fresco: pane raffermo. PORT. amanhecido adj
raso agg cucchiaio raso. PORT. raso adj
ripieno agg 1 riempito; farcito: pasta ripiena I s. m. 1 (gastr.) l'insieme degli ingredienti che, mescolati in una pasta
omogenea, servono a farcire qualcosa: il ripieno della torta
PORT. recheio adj
sciroppato agg conservato nello sciroppo: frutta sciroppata. PORT. em calda loc
tiepido agg PORT. morno adj
tritato part. pass. PORT.picado
chilogrammo sm PORT. quilograma sm
CAMPO SEMÂNTICO UNIDADES DE MEDIDA E QUANTIDADES
dozzina sf PORT. dúzia sf
etto sm PORT. hectograma sm = 100 gramas
fetta sf PORT. fatia sf
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goccia sf PORT. gota sf
grado sm PORT. grau sm
grammo sm PORT. grama sm
grappolo sm PORT. cacho sm
litro sm PORT. litro sm
manciata sf 1 la quantità che può essere contenuta in una mano: una manciata di riso. PORT. mão-cheia sf
pezzo sm PORT. pedaço sm
pizzico sm 1 (estens.) quantità di roba che si può prendere con i polpastrelli delle dita: aggiungere un pizzico di sale
alla minestra
PORT. pitada sf
spicchio sm 1 ciascuna delle parti, rivestite da una sottile pellicola, in cui è suddiviso internamente il frutto degli
agrumi e dell'aglio; ciascuna delle parti in cui si possono tagliare altri frutti: uno spicchio d'arancia.
PORT. gomo sm
stecca sf 1 asticella lunga e sottile, per lo p di legno: stecca di cannella PORT. pau sm
apriscatole sm PORT. abridor de latas sm ( )
CAMPO SEMÂNTICO UTENSÍLIOS DE COZINHA
barattolo sm PORT. vidro, lata sm, sf ( )
bicchiere sm PORT. copo sm ( )
bottiglia sf PORT. garrafa sf ( )
bustina sf PORT. envelopinho, saquinho sm
carta d’alluminio sf PORT. papel de alumínio sm
ciotola sf PORT. tigela sf ( )
coltello sm PORT. faca sf ( )
confezione sf PORT. pacote sf ( )
contenitore sm PORT. recipiente sm
coperchio sm PORT. tampa sf
cucchiaino sm PORT. colherzinha sf ( )
cucchiaio sm PORT. colher sf ( )
forchetta sf PORT. garfo sm ( )
fornello sm PORT. fogão sm
forno sm PORT. forno sm
frigorifero sm PORT. geladeira sm
frullatore sm PORT. liquidificador sm ( )
frullino sm robot da cucina PORT. batedeira sf ( )
grattugia sf PORT. ralador sm ( )
matterello sm PORT. rolo de macarrão sm ( )
padella sf PORT. frigideira sf ( )
pentola sf PORT. panela sf ( )
piatto sm PORT. prato sm ( )
pirofila sf PORT. refratário sm ( )
scatola sf PORT. caixa sf ( )
55
scatoletta sf PORT. lata sf ( )
scodella sf PORT. prato fundo sm ( )
setaccio sm PORT. peneira sf ( )
spatola sf PORT. espátula sf ( )
spremiagrumi sm PORT. espremedor de frutas sm ( )
stampo per ciambelle sm PORT. forma com furo para roscas sf ( )
tazza sf PORT. xícara sf ( )
tazzina sf PORT. xícara de café sf ( )
terrina sf PORT. vasilha sf ( )
tortiera sf PORT. forma para torta sf ( )
vaso sm 1 contenitore generalmente cilindrico, per lo più di vetro, per prodotti alimentari o di altro genere: un vaso di
marmellata
PORT. vidro para conserva sm ( )
vassoio sm PORT. bandeja sf ( )
affettare v. tr. [io affétto ecc.] 1 tagliare a fette: affettare il pane. PORT. fatiar v
CAMPO SEMÂNTICO VERBOS DE RECEITAS DE DOCES
aggiungere v. tr. [io aggiungo, ecc.] 1 mettere in più; unire: aggiungere le uova. PORT. adicionar,
acrescentar
v
aggiustare v. tr. [io aggiusto ecc.] rimettere qualcosa in grado di funzionare, in buono stato, in ordine, in regola:
aggiustare il sale
PORT. acertar v
amalgamare v. tr. [io amàlgamo ecc.] 1. (estens.) impastare, legare insieme: amalgamare la farina con l'acqua
PORT. amalgamar, misturar v
arrostire v. tr. [io arrostisco, ecc.] 1 cuocere al fuoco vivo: arrostire le castagne PORT. assar v
attaccare v. tr. [io attacco, tu attacchi ecc.] 1 unire fra loro due o più cose; farle aderire strettamente. v. rifl. o intr.
pron. 2 aderire, appiccicarsi: il sugo si è attaccato
PORT. grudar, aderir v
bollire v.intr. [io bóllo ecc.] 1 detto di liquidi, passare dallo stato liquido a quello di vapore, formando delle bolle che
salgono e si liberano in superficie: l'acqua bolle a 100 gradi | detto di cibi, cuocere nell'acqua in ebollizione: le patate bollono;
qualcosa bolle in pentola,
PORT. ferver v
caramellare v. tr. [io caramèllo, ecc.] portare lo zucchero allo stato di caramello PORT. caramelar v
cospargere v. tr. [io cospargo, ecc.] spargere qua e là PORT. espalhar, salpicar v
cuocere v. tr. [pres. io cuòcio; part. pass. còtto); 1 sottoporre al calore del fuoco gli alimenti per renderli mangiabili e
digeribili: cuocere la pasta; cuocere al forno, in padella; cuocere a fuoco lento, a bagnomaria;
PORT. cozer v
disporre v. tr. [io dispongo, ecc.] 1 collocare in un certo ordine: disporre la frutta sul piatto PORT. dispor,
arrumar
v
dolcificare v. tr. [io dolcìfico, ecc.] 1 rendere dolce: dolcificare una bevanda. PORT. adoçar v
dorare v . tr. [io dòro ecc.] (gastr.) passare cibi nell'uovo sbattuto prima di friggerli; indorare | cuocere cibi a fuoco
moderato fino a che prendono il colore biondo oro.
PORT. dourar v
farcire v. tr.[io farcisco, ecc.] (gastr.) imbottire vivande con un ripieno PORT. rechear v
farcito part. pass. PORT. recheado part. pass.
foderare v. tr. [io fòdero ecc.] rivestire di fodera: foderare una tortiera. PORT. forrar v
fondere v.tr [io fondo ecc.] 1 far passare una sostanza dallo stato solido allo liquido. PORT. fundir, derreter v
56
friggere v. tr. [pres. io friggo, ecc. ; part. pass. fritto] cuocere nell'olio o in altro grasso bollente: friggere in padella
PORT. fritar v
frullare v. tr. [io frullo ecc.] agitare, sbattere col frullino o col frullatore: frullare le uova, la frutta. PORT. bater na
batedeira ou liquidificador
v
glassare v. tr. [io glàsso ecc.] (gastr.) 1 ricoprire dolci con una glassa di zucchero. PORT. cobrir com glacê v
grattugiare v. tr. [io grattùgio ecc.] ridurre in briciole o in scagliette con la grattugia: grattugiare il formaggio, la
scorza di un limone.
PORT. ralar v
guarnire v. tr. [io guarnisco, ecc.] 1 accompagnare un piatto con contorni o arricchirlo con aggiunte di altri cibi:
guarnire la torta .
PORT. guarnecer, enfeitar v
imburrare v. tr. [io imburro, ecc.] 1 spalmare di burro: imburrare una teglia. PORT. untar com manteiga v
impastare v. tr. [io impasto ecc.] 1 mescolare e manipolare una o più sostanze per farne una pasta omogenea:
impastare la farina con le uova
PORT. amassar, sovar, trabalhar a massa v
indurire v. tr. [io indurisco, ecc.] rendere duro. PORT. endurecer v
infarinare v. tr. [io infarino ecc.] 1 cospargere di farina o di un'altra sostanza polverizzata: infarinare la torta di
vaniglia; infarinare la banana, rivoltarla nella farina e friggerla.
PORT. enfarinhar, polvilhar v
infornare v. tr. [io infórno ecc.] 1 mettere a cuocere in forno: infornare la torta PORT.enfornar v
intiepidire v. tr. [io intiepidisco, ecc.] 1 rendere tiepido, cioè rendere moderatamente caldo ciò che è freddo o ciò che
è troppo caldo: intiepidire il tè con un po' di latte freddo
PORT. amornar v
inumidire v. tr. [io inumidisco, ecc.] rendere umido. PORT. umedecer v
inzuppare v. tr. [io inzuppo ecc.] intingere qualcosa in un liquido in modo che se ne impregni: inzuppare
il pane nel latte PORT. ensopar v
levare v. tr [io levo ecc.] 1 togliere, rimuovere: levare il nocciolo dalla pesca. PORT. remover v
lievitare v. tr. [io lièvito ecc.] mescolare con lievito: lievitare la pasta | v. intr. [aus. essere o avere]
1 gonfiarsi per effetto della fermentazione prodotta dal lievito: il pane non è (o non ha) lievito
PORT. fermentar,
crescer a massa
v
macinare v. tr. [io màcino ecc.] 1 ridurre in polvere o in frammenti minuti mediante la macina o un’ altra macchina
trituratrice: macinare la farina, il caffè.
PORT. moer v
mescolare v. tr. [ioscolo ecc.] 1 unire due o più componenti diversi in modo da formare un insieme: mescolare
lo zucchero alla, con la farina
PORT. misturar, mexer v
montare v. intr. [io mónto ecc. ; aus. essere] 1 detto di masse liquide, salire, crescere di livello, di panna o uovo che
si frulla, gonfiarsi: questa panna non monta abbastanza
| montare a neve PORT. bater em neve v
piegare v. tr. [io piègo, ecc] 1 accostare il lembo di una carta al lembo opposto: piegare una carta d’alluminio in
quattro parti.
PORT. dobrar v
provare v. tr. [io pròvo, ecc.] 1 sottoporre a prova: provare un cibo, assaggiarlo. PORT. experimentar v
raffreddare v. tr. [io raffréddo ecc.] 1 rendere freddo o più freddo: raffreddare una bibita con cubetti di ghiacchio.
PORT. esfriar v
ridurre v. tr. [pres. io riduco, ecc. ; part. pass. ridótto] diminuire di quantità: la salsa si è ridotta. PORT. reduzir v
riempire v. tr. [pres. io riémpio, ecc. ; part. pass. riempito] far pieno: riempire la botte di vino. PORT. encher,
preencher
v
riscaldare v. tr. [io riscaldo ecc.] 1 rendere caldo, scaldare: riscaldare l'acqua. PORT.aquecer v
sbattere v. tr. [io sbatto ecc.] 1 agitare sostanze liquide o semisolide per mescolarle, amalgamarle o farle montare;
frullare: sbattere le uova, la panna
PORT. bater v
57
sbriciolare v. tr. [io Sbrìciolo ecc.] 1 ridurre in briciole: sbriciolare il pane | sbriciolarsi v. intr. pron. ridursi in
briciole, in pezzi minutissimi: questa torta si sbriciola tutta.
PORT. esmigalhar, esfarelar v
sbucciare v. tr. [io Sbùccio ecc.] 1 privare della buccia: sbucciare una mela. PORT. descascar v
scaldare v. tr. [io scaldo ecc.] 1 far diventare caldo o più caldo: scaldare l’acqua. PORT. esquentar v
schiacciare v. tr. [io schiàccio ecc.] 1 comprimere qualcosa con forza, per lo più dall'alto verso il basso, in modo da
appiattirlo, romperlo e sim.: sta' attento a non schiacciare le uova; schiacciare le patate, le noci
PORT. esmagar,
amassar v
sciogliere v. tr. [io sciolgo ecc.] 1 portare a soluzione una sostanza immergendola in un liquido: sciogliere lo
zucchero nel caffè sciogliersi v. intr. pron. 1 liquefarsi: il burro si scioglie facilmente.
PORT. derreter v
scolare v. tr. [io scólo ecc.] 1 far scorrere, far colare il liquido di cui sono impregnati o bagnati cibi: scolare il riso, la
macedonia.
PORT. escorrer v
setacciare v. tr. [io setàccio ecc.] 1 far passare attraverso il setaccio: setacciare la farina PORT. peneirar v
sfornare v. tr. [io sfórno ecc.] 1 togliere dal forno: sfornare i biscotti. PORT. desenfornar v
sgocciolare v.tr. [io Sgócciolo ecc.; aus. avere] 1 perdere gocce, lasciare uscire un liquido in gocce:mettere i piatti
a sgocciolare.
PORT. gotejar, pingar v
sistemare v. tr. [io sistèmo ecc.] 1 dare un'organizzazione sistematica a una materia. PORT. arrumar v
snocciolare v. tr. [io snòcciolo ecc.] 1 privare del nocciolo: snocciolare le amarene, le olive. PORT.
descaroçar v
soffriggere v. tr. [io soffriggo ecc.] 1 friggere a fuoco moderato: il burro soffrigge nella padella. PORT. refogar v
spalmare v. tr. [io spalmo ecc.] stendere sostanze semiliquide o pastose su una superficie solida: spalmare la
marmellata sul pane.
PORT. espalmar, passar v
spennellare v. tr. [io spennèllo ecc.] passare su una superficie un pennello intinto in un liquido: spennellare la
pasta con delle uova.
PORT. pincelar v
spianare v. tr. [io spiano ecc.] 1 rendere piano o pianeggiante, eliminando le disuguaglianze; spianare la pasta,
distenderla a foglio.
PORT. alisar; abrir a massa v
stemperare v. tr. [io stèmpero ecc.] 1 disperdere una sostanza solida in un liquido fino a formare un impasto;
sciogliere, diluire: stemperare la farina nel latte
PORT. diluir v
stendere v. tr. [io stendo ecc.] 1 spalmare: stendere la pasta col matterello PORT. estender v
tagliare v. tr. [io tàglio ecc.] 1 fendere, dividere un oggetto o un corpo in più parti o pezzi per mezzo di una lama o di
un altro strumento affilato: tagliare il formaggio, il pane
I PORT. cortar v
tagliuzzare v. tr. [io tagliuzzo ecc.] tagliare minutamente in pezzetti o in strisce: tagliuzzare la menta. PORT.
picar v
tirare v. tr. [io tiro ecc.] 1 imprimere a qualcosa o a qualcuno un movimento per tenderlo, avvicinarlo a sé, trascinarlo
nella propria direzione: tirare la pasta.
PORT. puxar, esticar v
togliere v. tr. [pres. io tòlgo, tu tògli,ecc.; part. pass. tòlto] 1 levare o portar via; rimuovere, spostare: togliere un
tegame dal fornello.
PORT. tirar v
tostare v. tr. [io tòsto ecc.] 1 abbrustolire fette di pane ecc. PORT. torrar v
tritare v. tr. [io trito ecc.] 1 ridurre in frammenti, tagliando o pestando: tritare la frutta PORT. picar v
ungere v.tr. [io ungo ecc.] 1 spalmare di materia grassa: ungere la teglia di burro. PORT. untar v
versare v. tr. [io vèrso ecc.] 1 far uscire un liquido o un materiale dal recipiente in cui è contenuto, immettendolo in un
altro, o gettandolo: versare il vino nei bicchieri; versare la farina dal sacco.
PORT. verter, despejar um líquido
zuccherare v. tr. [io zùcchero ecc.] addolcire con lo zucchero un cibo o una bevanda: zuccherare il caffè. PORT.
açucarar, adoçar v
58
2. 4.4. As unidades icônicas
GLOSSÁRIO campo semântico utensili da cucina PORT. utensílios de cozinha
APRISCATOLE BARATTOLO BICCHIERE BOTTIGLIA CASSERUOLA CIOTOLA
COLAPASTA COLTELLO CONFEZIONE COPPA CUCCHIAIO CUCCHIAINO
FORCHETTA FRULLATORE FRULLINO / GRATTUGIA LATTINA MATTERELLO
ROBOT DA CUCINA
MESTOLO PADELLA PENTOLA PIATTO PIROFILA
POSATE SCATOLA SCATOLETTA SCODELLA SETACCIO SPATOLA
SPREMIAGRUMI STAMPO PER CIAMBELLE TAZZA TAZZINA TERRINA
TEGLIA TORTIERA VASO VASSOIO
59
GLOSSÁRIO campo semântico - frutta PORT. fruta
ALBICOCCA AMARENA ANANAS ANGURIA / COCOMERO ARACHIDE
ARANCIA AVOCADO BANANA CASTAGNA CILIEGIA COCCO
DATTERO FICO FRAGOLA KIWI LAMPONE LIMONE
MANDARINO MANDORLA MELA MELONE MIRTILLO MORA
NOCE NOCCIOLA PAPAIA PERA PESCA PRUGNA / SUSINA
POMPELMO RIBES UVA BIANCA UVA NERA / ROSSA
2. 5. A experiência
60
Apresentaremos as fases de execução da proposta didática e em seguida
será feita a análise das produções escritas e os resultados.
2.5.1. A abordagem e a atividade didática
Dadas às características de nossa pesquisa, adotamos uma abordagem
comunicativa e humanístico-afetiva, colocando o aluno e suas motivações no centro
da aprendizagem.
A primeira tarefa do professor na introdução de um determinado argumento,
não deveria ser a de explicar, mas a de suscitar a vontade de conhecer o tema.
Portanto é relevante propor atividades de pré-escrita.
Essas atividades têm como objetivo interessar, prever e informar para que
se possa aproveitar melhor o material escolhido e facilitar a compreensão e em
seguida, levar à produção de textos do mesmo gênero.
Uma das propostas é apresentar uma atividade de brainstorming com a
classe, pedindo aos alunos que listem palavras referentes a cozinhar.
É indispensável a apresentação e leitura de textos autênticos para estimular e
guiar os alunos e para oferecer um panorama real sobre o tema proposto. Estas
estratégias pressupõem que, antes de avançar na leitura de um texto, seja
observado o entorno dele, seus contextualizadores, a distribuição do material no
suporte, o tratamento dado ao material linguístico e não linguístico, a presença (ou
não) de elementos extralinguísticos, etc.
Em uma fase seguinte, recorremos à atividade de transposição da realidade
apresentada à realidade do aluno, como por exemplo:
E a te, piace cucinare? Preferisci fare dolci oppure primi piatti?
Enfim, após efetuar as atividades de pré-leitura e pré-escrita, o aluno produziu
o texto 1.
Utilizamos uma metodologia que permite ao aluno detectar e corrigir os erros
cometidos. Assim, não corrigimos os trabalhos escritos, sublinhamos apenas os
erros e em seguida apresentamos um glossário no qual reunimos as expressões e
os verbetes com alta frequência de uso, estimulando o aluno à autonomia e à
61
autocorreção. Assim, o aluno deveria partir de um texto (modelo) para chegar a um
outro texto (produção escrita) até o texto final (atividade de autocorreção).
O objetivo é despertar o interesse e a curiosidade em conhecer o argumento
tratado, ampliar o léxico do aluno, favorecer a produção escrita e as atividades de
interação, e estimulá-lo à autonomia por meio da autocorreção.
Balboni (1994, p.38) afirma que os objetivos didáticos para a produção de
textos, são:
1. a análise do contexto situacional : os objetivos de quem produz aquele
determinado texto, do destinatário, a relação desempenhada pelos dois, o
lugar físico e cultural no qual se encontram, etc.;
2. a definição do tipo de texto que se pretende produzir (argumentativo, etc.)
e do gênero textual ( relatório, telefonema, carta, etc.);
3. a definição da linha conceitual que dará coerência ao texto;
4. a confecção de um texto correto e coeso.
Para atingirmos tais objetivos, o uso da autocorreção por meio de um
glossário no qual o aluno reflete sobre os próprios erros, com tipo e gênero textual
definidos, inseridos em um contexto situacional claro, poderia fornecer uma
importante contribuição.
O modelo de unidade didática que será apresentado no próximo capítulo pode
ser incorporado às atividades propostas no presente capítulo, e vice-versa.
2. 5.2. Análise dos textos produzidos por sete alunos
Passemos à análise de algumas passagens do texto 1 para o 2,
exemplificando-as.
A inclusão de locuções e expressões com grande ocorrência em receitas
propiciou autocorreções que deram ao segundo texto produzido, um caráter mais
adequado à realidade linguística italiana:
Exemplo 1(estudante 3):
Mettete in acqua l’uva passata
Mettete
. (texto 1)
a bagno l’uvetta
No texto 1, observamos também a presença do decalque passata, com adaptação
literal do português passada.
. (texto 2 com glossário)
Exemplo2 (estudante 7):
62
Texto 1: mettere in un refratário
Texto 2 (com glossário): mettere in una
in camata.
pirofila
a strati.
Exemplo3 (estudante 5):
Nel mezzo tempo, scaldare la “groselha” con la calda della ceregia. (texto sem glossário)
Nel frattempo, scaldare la ribes con lo sciroppo della ciliegia
. (texto com glossario)
Examinemos, agora, um outro exemplo no qual o estudante 3 reconstruiu a
mesma frase, com duas pequenas alterações que mudaram o significado:
Aggiungete l’uva passata, le nozze
Aggiungete l
e amalgamare tutto. (texto 1)
’uvetta, le noce
e amalgamare tutto. (texto 2 com glossário)
Observamos também que em geral as alterações são mais lexicais do que
morfossintáticas: le nozze
No entanto, verificamos alterações morfossintáticas em alguns casos:
(texto 1 - estudante 3) e le noce (texto 2 estudante 3). A
forma correta em italiano é le noci.
la zucchero (texto 1 - estudante 4) e lo
Em outros momentos, o aluno não alterou o texto, mesmo com as sublinhas
do professor, porque não reconheceu o gênero correto: Mettere
zucchero (texto 2 - estudante 4).
la
Em alguns textos notamos o uso de lexemas da língua portuguesa: chocolate,
fraco (estudante 1, p. 66); biscoito (2, p. 66); forma (3, p. 67); geia (4, p. 68); diluída (5, p. 68); calda
(6, p. 69), ralate (6, p. 69),
provavelmente porque não sabiam ou não se lembravam do
correspondente em italiano.
pesche (texto 1 e
texto 2 estudante 4).
Outras vezes, os alunos optaram pelo uso de aspas, deixando subentendido
que sabiam que se tratava de um lexema português: “groselha” (5, p. 68);
“amassados”, “amassar” (3, p. 67).
O estudante 7 recorreu ao uso de definições quando não conhecia a palavra
em italiano:
Texto 1: la parte arancia dell’uovo
Texto 2 com glossário:
i tuorli
Texto 1: ciocolato mezzo amaro a gusto
;
Texto 2
: cioccolato fondente quanto basta
tagliato in parte piccole.
tritato
O estudante 2 encontrou também uma solução em italiano para a palavra
batedeira, já que não sabia a variante:
.
Battere bene le uova
nel aparecchio
Sbattere bene le uova
(texto 1)
nel robot da cucina
Encontramos também o uso de lexemas com significados completamente
diferentes, no qual o recurso do glossário não solucionou o problema:
(texto 2)
Texto 1:Dopo pronto, preparare la
copertina... (estudante 1)
63
Texto 2: Dopo pronto, preparare la coberttura
... (estudante 1)
As duas variantes são incorretas, pois na primeira acepção significa “capa de
livros, revistas, etc” e na segunda o aluno usou o lexema português com adaptação
morfológica para o italiano. Copertina e coberttura são adaptações consideradas
pelo aluno como um italianismo do português cobertura. A utilização do lexema
cobertura foi recorrente, pois o estudante 7 também o usou, mas solucionou o
equivoco com uma paráfrase: “Per coprire la torta”. Salientamos que após a
dificuldade encontrada pelos dois alunos, incluímos o verbete copertura.
Observamos em uma outra parte do texto que, o estudante 1 conseguiu
reconhecer o uso incorreto do verbo impastare e fez a autocorreção de modo
apropriado:
Texto 1: Impastare
Texto 2:
una teglia.
Imburrare
una teglia.
Em alguns casos o gênero foi usado incorretamente por interferência do
português: cucchiaia (estudante 1); mas aparece com correções no texto 2: cucchiai
(estudante 1); grame (texto 1 estudante 7) e grammi (texto 2 estudante 7).
Por fim, cumpre ressaltar a questão das duplas consoantes (le doppie), uma
das maiores dificuldades dos alunos de língua italiana (LE), solucionada com o uso
do glossário, como podemos observar em alguns exemplos:
Texto 1 sem o uso do glossário: Frulare, taza (estudante 1); biscoti (estudante 2); grami
(estudante 3); rafreddare (estudante 5); zuchero (estudante 6); agiunggere (estudante 7).
Texto 2 com o uso do glossário: frullare, tazza (1); biscotti (2); grammi (3); raffreddare (5);
zucchero (6);
aggiungere (7).
Podemos levantar algumas hipóteses sobre as duas versões produzidas
pelos alunos:
Numa primeira hipótese poderíamos supor que os alunos provavelmente não
teriam feito todas as correções ou alterações se o professor não tivesse sublinhado
os erros.
Numa segunda hipótese, se entregássemos o glossário após a produção do
texto 1 sem sublinhar os erros, os alunos consultariam o glossário para que
pudessem esclarecer eventuais dúvidas durante a elaboração do texto 1, e fariam
algumas correções, mas somente aquelas que julgassem incorretas.
Segundo Maingueneau (2002) “compreender um enunciado não é somente
referir-se a uma gramática e a um dicionário, é mobilizar saberes muito diversos,
64
fazer hipóteses, raciocinar, construindo um contexto que não é um dado
preestabelecido e estável.”.
É importante lembrar que os alunos produziram um texto a partir de outros
textos injuntivos orais e escritos em língua italiana.
Os exemplos encontrados nas duas produções escritas (texto 1 sem glossário
e texto 2 com glossário) refletem mudanças significativas por meio da autocorreção.
Partindo da primeira versão, os alunos puderam consultar as formas corretas no
glossário e outras vezes deduzir pelas informações complementares na estrutura
dos verbetes.
No que se refere ao uso de expressões relativas ao campo conceitual das
receitas de doces, observamos que o glossário foi útil para as dificuldades
semânticas gerais, mas para escolher expressões mais específicas, é preciso
conhecimentos complementares. Isto ocorre por razões ligadas às interferências da
lingua materna (L1).
Observamos que os elementos contextualizadores, cuja função é situar o
texto no mundo e no universo sociocognitivo do leitor, a distribuição do glossário
como recurso didático, o tratamento dado ao material linguístico e não linguístico e a
presença de elementos extralinguísticos foram relevantes tanto para a compreensão
quanto para a produção do texto escrito.
A partir dos exemplos analisados, concluímos que a utilização do glossário
permitiu aos alunos corrigir os seus textos, mesmo que parcialmente (exercício de
autocorreção e autonomia).
Verificamos mudanças significativas no campo lexical das duas produções
escritas: a primeira sem o glossário e a segunda com o glossário.
Ao escrever receitas de doces, os alunos foram capazes de deduzir as
estruturas do gênero textual, indicando ingredientes, modo de fazer e registro
adequado. Intuíram essas especificidades por meio de materiais autênticos, ou seja,
textos de livros de receita e receitas em italiano pesquisadas na internet. Na
formulação de textos injuntivos, ou seja, textos com instruções que incitam ao
cumprimento de diferentes etapas que guiam o interlocutor, os alunos escolheram
também as estruturas gramaticais adequadas a este gênero textual, o infinitivo ou a
2ª pessoa plural do modo imperativo, além dos recursos linguísticos adequados à
situação de comunicação. No entanto, apresentaram ainda algumas deficiências
decorrentes da interferência da língua materna.
65
Sem a pretensão de fornecer uma lista completa, a lista apresentada no
glossário serviu de subsídio para a produção de textos escritos de receitas de doces
e com a qual observamos um salto de qualidade do texto 1 ao texto 2. A
abrangência dessa noção de língua proporcionou o reconhecimento da competência
e a maturidade linguística do aluno.
Em linhas gerais, observamos que o uso do glossário como subsídio para a
produção escrita:
Favoreceu a produção escrita e as atividades de interação;
Proporcionou a formalização da língua escrita com exercício de autocorreção
em diversas categorias ortográfica, lexical, morfossintática e semântica;
Despertou o prazer da escrita e da leitura de textos injuntivos de receitas.
Por trás desse estudo, está a noção de língua como um sistema que serve
para a interação: alguns alunos trocaram receitas e fizeram em casa receitas de
outros alunos.
2.6. Considerações finais
Entendemos com este estudo, refletir sobre as maneiras de se motivar um
aluno a produzir um texto. E, também, incluir, com o glossário, elementos que
contribuam para formação do sentido do texto injuntivo, que aqui são levados em
consideração.
Desejamos, com isso, incluir na produção deste gênero textual abordagens
possíveis e enriquecedoras, praticando não só análises lexicais e morfossintáticas,
mas também comunicativas e humanístico-afetivas, em um tipo de atividade que é
comumente linguística.
Um glossário inserido após a produção de um primeiro texto, incitou ao
desenvolvimento das competências metacognitivas do aluno levando-o a refletir
sobre o funcionamento da língua.
Por fim, procuramos mostrar com esta proposta, que o uso de materiais de
suporte, como este glossário bilíngue, pode encorajar o aluno a caminhar de modo
prazeroso pelo terreno da escrita e da reescrita.
66
2.7. Anexos: As produções escritas
Em seguida, apresentamos os textos anteriormente analisados de sete alunos
de língua italiana de nível intermediário. Os alunos produziram dois textos. O
primeiro sem o glossário, e o segundo com o glossário. A escolha dos sete alunos
deve-se ao fato de que esses alunos mostravam-se avessos às atividades ligadas à
produção escrita e à autocorreção. Entretanto, produziram espontaneamente os dois
textos.
ESTUDANTE 1:
TORTA DI CAROTA
Frulare 4 uova intere, 1 taza
Mescolare 2
di olio, 3 carote.
taze di farina, 2 taze di zucchero, 3 cucchiai di fermento nel frullino.
Impastare
Dopo pronto, preparare la
una teglia. Mettere nel forno a 180°C per 20 minuti.
3
copertina:
cucchiaia di chocolate, 3 cucchiaia di zucchero, 2 cucchiaia di manteca e 1 cucchiaia di
miele.
Fondire al fuoco fraco
e sistemare sulla torta.
TORTA DI CAROTA ( produção com glossário)
Frullare 4 uova intere, 1 tazza
Mescolare 2
di olio, 3 carote.
tazze di farina, 2 tazze
3 cucchiai di
di zucchero,
lievito nel frullino.
Imburrare
Dopo pronto,
una teglia. Mettere nel forno a 180°C per 20 minuti.
3
preparare la coberttura:
cucchiai di cacao, 3 cucchiai
2
di zucchero,
cucchiai di burro
e 1 cucchiaio di miele.
Fondere al fuoco basso
e sistemare sulla torta.
ESTUDANTE 2:
RICETTA DI UN DOLCE: IL SEGRETO DELLA MADAMA
Ingredienti:
4 uova
250 g di zucchero (
quello molto sottile
250 g di burro
)
150 g di
cioccolata
1
in polvere
½ scatola di
paco di biscoito Maria
crema di latte
Battere bene le uova nel aparecchio
Mescolare lo zucchero e
.
battere sempre con l’aparecchio. Mettere la cioccolata e mescolare
bene. Mettere il burro sciolto.
Trasformare a pezzi i biscoti e mescolare al composto usando
un
cucchiaio speciale. Mettere la crema di latte e mescolarla. Mettere tutto già pronto in un
recipiente.
Lasciare piano e buttare su cioccolata in grano
. Conservare nel frigorifero.
RICETTA DI UN DOLCE: IL SEGRETO DELLA MADAMA (produção com glossário)
Ingredienti:
4 uova
250 g di zucchero
a velo
67
250 g di burro
150 g di
cioccolato
1
in polvere
½ scatola di
confezione di biscotto Maria
panna
Sbattere bene le uova nel robot da cucina
Mescolare lo zucchero e s
.
battere sempre con il robot da cucina. Mettere il cioccolato e
mescolare bene. Mettere il burro sciolto. Sbriciolare i
biscotti e mescolare al composto
usando un
cucchiaio di legno. Mettere la panna e mescolarla. Mettere tutto già pronto in una
terrina.
Spianare e cospargere su codette
. Conservare nel frigorifero.
ESTUDANTE 3:
TORTA DI PANE
Ingredienti:
150
grami di pane
100 grami di biscotti secchi
di ieri
100 grami di zucchero
1 cucchiaio di cacao amaro
1 uovo
50
grami di
30
uva passata
grami di
1 tazza di latte
nozze
un po’ di burro e di farina per infarinare la forma
.
Mettete in acqua l’uva passata. Mettete il pane ridotto in pezzetti nell’
ogetto adeguato e
coprirlo con il latte per circa mezz’ora. Con il fondo di un bicchiere, “
amassar” i biscotti
secchi. In un
ogetto a parte mettete il pane azzuppato con il latte, i biscotti “amassados”, il
cacao,
il zucchero, l’uovo e battere tutto. Aggiungete l’uva passata, le nozze e amalgamare
tutto. Imburrate ed infarinate la forma. Mettete a
cucinare
al forno già caldo a 180 gradi per
un’ora.
TORTA DI PANE (produção com glossário)
Ingredienti:
150
grammi di pane raffermo, 100 grammi di biscotti, 100 grammi
1 cucchiaio di cacao amaro,1 uovo, 50
di zucchero,
grammi di uvetta, 30 grammi di noce
1 tazza di latte e un po’ di burro e di farina per infarinare la
,
tortiera
.
Mettete
a bagno l’uvetta. Mettete il pane ridotto a pezzetti nella ciotola e coprirlo con il latte
per circa mezz’ora. Con il fondo di un bicchiere,
sbriciolate i biscotti secchi. In una terrina a
parte mettete il pane
inzuppato con il latte, i biscotti sbriciolati, il cacao, il zucchero, l’uovo e
s
battete tutto. Aggiungete l’uvetta, le noce e amalgamare tutto. Imburrate ed infarinate la
teglia. Mettete a cuocere
al forno già caldo a 180 gradi per un’ora.
ESTUDANTE 4:
PESCHE RICCHE
Ingredienti:
Una scatola di pesche
in calda
2 banane
.
4 cucchiai di
geléia
2 cucchiai
di fragola
piccoli pieni
1 limone
di zucchero
68
1. Mettere la pesche su un piatto con le banane tagliate in fette
2. Scaldare
.
la calda di pesche, acrescentare la geléia e lasciarla liquida
3.
a fuoco basso.
Acrescentare il succo dello limone e getare
4. Mettere su tutto,
tutto sulla frutta.
la zucchero e lasciare freddare
prima di servire.
PESCHE RICCHE (produção com glossário)
Ingredienti:
Una scatola di pesche
2
sciropate
4 cucchiai di
banane
marmellata
2
di fragola
cucchiaini colmi
1 limone
di zucchero
1. Mettere
la pesche su un piatto con le banane tagliate a fette
2. Scaldare
.
il sciroppo di pesche, aggiungere la marmellata e scioglierla
3.
a fuoco basso.
Aggiungere il succo del limone e versare
4. Mettere su tutto
tutto sulla frutta.
lo zucchero e lasciare raffreddare
prima di servire.
ESTUDANTE 5:
TORTA DI RICOTTA
Ingredienti:
1 paco di biscotto
1 cucchiaio di burro
1 lattina di
1 lattina di latte condensato
creme di latte
1 tazza di cafè di “
1 sacheto di gelatina incolore
groselha”
400 grami di ricotta
ceregia in calda per
ornare
Come si fa:
Battere nel liquidificador i biscotti, dopo mescolare il burro per fare la base de la torta. Mentre
battere la ricotta e un po’ di essensa di vanilla con il creme di latte
Aggiungere la gelatina
e il latte condensato
diluída e mettere tutto sulla base de la torta. Mettere nel frigorifero
fino a
diventare duro. Nel mezzo tempo, scaldare la “groselha” con la calda della ceregia.
Aspettare
rafreddare e mettere sulla torta con le ceregi per ornare
.
TORTA DI RICOTTA (produção com glossário)
Ingredienti:
1 confezione di biscotto - 1 cucchiaio di burro - 1
barattolo di
1 lattina di latte condensato -1
panna
tazzina di ribes
1 bustina di gelatina incolore - 400 grammi di ricotta -
- vanillina
ciliegia sciroppata per
guarnire
Come si fa:
Frullare nel frullatore i biscotti, dopo mescolare il burro per fare la base de la torta. Nel
frattempo sbattere la ricotta e un po’ di vanillina con la panna
Aggiungere la gelatina
e il latte condensato.
sciolta e mettere tutto sulla base della torta. Mettere nel frigorifero fino
a
indurire. Nel frattempo, scaldare la ribes con lo sciroppo della ciliegia. Aspettare
raffreddare e mettere sulla torta con le ciliegie per guarnire.
69
ESTUDANTE 6:
TORTA DI CAROTA
Ingredienti:
1/2 tazza (tè) di
oleo
3 carote medie
ralate
4 uova
2 tazze (tè) di
zuchero
2 1/2 tazze (tè) di
farinha di trigo
1
cuchiaro (minestra) di fermento in polvere
Cobertura:
1
cuchiaro (minestra) di burro
3
cuchiari (minestra) di cioccolato in polvere
1 tazza (tè) di
zuchero
Se volete una
copertura molle, mettete 5 cuchiari di latte.
Preparo:
Batete tutto nel liquidificatore, prima la carota con gli uova e l’ oleo, dopo gli altri ingredienti,
mescolando tutto, meno il
fermento. Questo è mescolato lentamente com un cuchiaro.
Cocete in forno pré caldo (l80ºC) per40 minuti.
Per la Cobertura: Mescolate tutti gli ingredienti, mettete al forno , fate
una calda
e mettete
sulla torta.
TORTA DI CAROTA (produção com glossário)
Ingredienti:
1/2 tazza (tè) di
olio
3 carote medie
grattugiate
4 uova
2 tazze (tè) di
zucchero
2 1/2 tazze (tè) di farinha di
grano
1
cucchiaio di lievito in polvere
Per coprire la torta:
1
cucchiaio di burro
3
cucchiai di cioccolato in polvere
1 tazza (tè) di
zucchero
Se volete una
crema molle, mettete 5 cuchiaidi latte.
Preparazione:
Frullate prima la carota con le uova e l’ olio, dopo gli altri ingredienti, mescolando tutto,
meno il lievito. Questo è mescolato lentamente con un cuchiaro.
Cuocete al forno pre
riscaldato (l80ºC) per 40 minuti.
Per coprire la torta : Mescolate tutti gli ingredienti, mettete al forno , fate
un sciroppo
e
mettete sulla torta.
ESTUDANTE 7
PA
500
DI TIRAMISU
grame
300
de marcarpone
grame di crema di latte fresco
150 g di biscotto
champanhe o inglese
70
4
1 tazza di tè di zucchero
uovo
mezzo bicchiere di café
liquore
ciocolato mezzo amaro a gusto tagliato in parte piccole.
una
a gusto
pitada
di sale
Modo di preparo:
Battere la
parte arancia dell’uovo con lo zucchero in una battediera, agiunggere il
mascarpone e mescolare bene la crema.
Battere le chiare in neve con una pitada di sale e
agiunggere con atenzione. Passare i biscotti nel café e mettere in un refratário in camata,
alternando biscotti e crema di mascarpone. Completare
espagliando ciocolato amaro picado
e servire freddo.
TIRAMISU (produção com glossário)
Ingredienti:
500 grammi di mascarpone
300 grammi di panna fresca
150 grammi di biscotti savoiardi
4 Uova
1 tazza di tè di zucchero
mezzo bicchiere di caffè
Cioccolato fondente quanto basta tritato
1 pizzico di sale
Liquore quanto basta
PREPARAZIONE:
Sbattere i tuorli con lo zucchero in un robot da cucina o frullino, aggiungere il mascarpone e
mescolare bene la crema. Montare
le albumi a neve con un pizzico di sale, aggiungere con
cura al composto. Passare i biscotti nel caffè e mettere in una pirofila a strati, alternando
biscotti e crema di mascarpone. Completare
cospargendo cioccolato fondente tritato
e
servire freddo.
71
CAPÍTULO 3 Modelo de unidade didática
Imparare a scrivere è, in pratica, una educazione alla
quotidianità; rende ognuno consapevole che scrivere non è far
restare il pubblico con le mani intrecciate fino a quando non si
scioglie lincantesimo; ha bisogno di costanza, cura, pazienza,
senso critico, fatica, leggerezza.Francesco Piccolo (2006,
p.15)
8
3.1. Planejamento da unidade didática
O presente modelo de unidade didática destina-se
Não temos a pretensão de solucionar todos os problemas encontrados por
professores e alunos na questão da produção escrita, mas de oferecer
possibilidades de atividades didáticas focadas no interesse, na motivação e nas
necessidades dos alunos, do início ao fim de uma unidade didática para que o aluno
mergulhe no universo da produção escrita de maneira mais espontânea.
a professores que
busquem alternativas para estimular os alunos em atividades de produção escrita,
para tor-la mais prazerosa e ao mesmo tempo, mais eficiente.
De modo geral, o modelo de unidade didática visa a dar contribuições
metodológicas ao professor de língua italiana como língua estrangeira ou segunda
língua, focalizando os processos de produção escrita em uma perspectiva
motivacional.
César Coll (1996) define a unidade didática como um conjunto ordenado de
atividades, estruturadas e articuladas para o êxito de um objetivo educativo em
relação a um conteúdo correto.
Quando planejamos uma unidade didática, pensamos em diferentes modos
de organizar o conteúdo didático e como este deve ser trabalhado, ou seja,
procuramos refletir sobre o “fazer” com a língua. Participando não só do
planejamento, mas também de sua aplicação, podemos identificar os problemas, as
causas e provavelmente eventuais soluções. É importante que fique claro, contudo,
que isso só é possível quando temos a compreensão prévia dos objetivos didáticos.
O planejamento de uma unidade didática deveria conter a definição e a
seleção do conteúdo a ser estudado; o objetivo ao qual a unidade didática se
8
PICCOLO, Francesco. Scrivere è un tic, I metodi degli scrittori. 2. ed. Roma: Minimum fax, 2006.
72
propõe; uma sequência coerente e bem organizada das atividades; e a abordagem
que será adotada.
Voltamo-nos inicialmente para um aspecto complexo, mas importante, no
conjunto de reflexões sobre o saber a língua e o fazer com a língua, a abordagem.
Propomos que se veja a abordagem como um conceito de aprender a fazer com a
língua. A abordagem é abstrata, mas influencia diretamente o planejamento, as
tarefas, os materiais, a aula. Logo, se não houver mudança na abordagem, não é
possível haver mudança significativa no planejamento das aulas e no uso dos
materiais escolhidos. Ao planejarmos, podemos prever os temas, as atividades que
serão desenvolvidas, os materiais que serão trabalhados. A ordem das atividades,
porém, pode variar, assim como a duração das mesmas. O professor analisa o que
está sendo feito e reforça a abordagem. Noutras palavras, o planejamento de uma
unidade didática e os materiais usados tem que levar ao uso da língua, à produção
da língua, e como foi dito anteriormente, a saber fazer com a língua.
Na sequência sob forma de unidade didática, a abordagem feita é
comunicativa e humanístico-afetiva.
Trabalhamos com a multiplicidade, criamos várias situações comunicativas,
retomamos tarefas e discussões em mais de uma aula. Nossa metodologia foi
baseada na utilização de textos autênticos, aulas interativas, discussões em sala de
aula, utilização de simulações práticas sobre os temas abordados. Nesse ambiente,
todo o material de pesquisa sobre o assunto como também as atividades
construídas para utilização na unidade didática deveriam ficar disponíveis e
poderiam ser utilizados por outros professores.
Constatamos então que o planejamento acontece antes, durante e depois do
percurso didático. Cada atividade deveria ser analisada e quando fosse necessário,
reestruturada. Esta reestruturação envolveria concomitantemente o professor e o
aluno, direta e indiretamente.
A escolha das atividades são sugestões e um convite para que cada
professor explore sua criatividade e a criatividade dos alunos.
Partimos da estrutura de breves textos ligados ao tema central da unidade
didática e desenvolvemos uma série de atividades.
Ao longo da unidade didática, trabalhamos com compreensão escrita,
compreensão oral, produção oral e produção escrita.
73
Segundo Rivers (1975), nenhuma habilidade linguística deve ser ensinada
isoladamente. Atividades relacionadas à compreensão auditiva devem ter conexão
com materiais de prática oral para leitura e deles derivar naturalmente, servindo até
de estímulo para atividades escritas.
Julgamos fundamental que se trabalhe a fala e a escrita como um conjunto, e
não separadamente, pois duas coisas não precisam ser iguais para estarem
unificadas. A distinção pode levar à unidade. Além disso, é importante notar para
fins de aprendizagem de uma língua estrangeira, o uso seja da língua falada, seja da
língua escrita para um salto de qualidade na competência comunicativa e linguística
do aluno.
O autor Marcuschi (2005) chama a atenção para o equívoco do conceito de
competição entre fala e escrita, já que ambas são fundamentais, são maneiras das
pessoas praticarem suas interações no dia a dia, sem que uma seja mais importante
do que a outra.
Este paralelo ilustra a necessidade de desenvolver as quatro habilidades
comunicativas do aluno para reforçar uma delas, a escrita.
Por outro lado, todas as atividades estão interligadas, mas poderiam também
ser aplicadas separadamente; exceto os exercícios de compreensão, que são,
obrigatoriamente, ligados aos seus respectivos textos.
A atividade didática, neste âmbito, é metodologicamente diferente daquelas
ligadas tradicionalmente à escrita. Transitamos pelas quatro habilidades
comunicativas visando a autonomia do aluno na escrita, e adotando continuamente
um método de comparação entre a realidade estudada e a realidade do aluno. A
comparação promove a inovação, torna mais real e motiva o trabalho dos
professores e dos alunos.
Reiteramos que o êxito das atividades propostas depende da motivação.
Assim, ressaltamos algumas estratégias e atitudes para motivar os alunos de um
curso de língua italiana e outras que poderiam desestimulá-lo.
Concentrar-nos-emos em quatro pontos fundamentais no que diz respeito à
elaboração da unidade didática focada na motivação.
Primeiro ponto:
74
Inicialmente, interessa-nos mostrar a importância, para fins de motivação e de
aprendizagem de uma língua, do uso de materiais didáticos autênticos como fonte
de recurso para a interação professor aluno durante o processo de aprendizagem.
Como afirmam muitos estudiosos, materiais autênticos são materiais flexíveis.
Uma comunidade, para se comunicar, produz diversos textos. Os textos não devem
ser vistos como uma unidade imutável e concluída, mas como algo adaptável. Logo,
são relevantes as considerações de Anna Comodi (1996):
Por texto, entende-se tudo o que transmite uma mensagem clara e
completa no panorama cultural no qual é elaborado e proposto, seja
tratando-se de um slogan, de um discurso, de uma foto publicitária ou de
uma vinheta. Esses textos produzidos espontaneamente, recolhidos e
depois selecionados em base a determinados critérios, podem constituir
materiais autênticos utilizáveis no ensino de italiano como língua
estrangeira.
Materiais didáticos selecionados e elaborados criteriosamente podem facilitar
o processo de aprendizagem desde que sejam analisadas as diferentes
características dos alunos nas variáveis cognitivo-motivacionais (atribuições causais,
habilidades percebidas, estratégias de aprendizagem, persistência), e em outras
variáveis que se referem ao contexto de aprendizagem. E ainda, ao adotar um
material autêntico, o professor pode adaptá-lo de acordo com as exigências e as
necessidades
Segundo ponto:
dos alunos.
Alguns alunos acreditam que cabe somente ao professor a tarefa de motivá-
los, predispondo uma situação didática atraente. No entanto, do ponto de vista
motivacional, cabe também ao aluno predispor-se a interagir. Por outro lado, o
professor também deveria procurar não desestimular o aluno. Muitas vezes, o
professor cria involuntariamente e inconscientemente, situações de (des) motivação,
quando adota materiais incompreensíveis, textos muito longos e difíceis, tarefas
muito longas e pouco diversificadas, temas que não fazem parte do universo do
aluno, materiais não autênticos, etc.
Sabemos que o filtro afetivo sempre existe, todo o percurso didático passa
pelos fatores afetivos. Vemos, assim, que, nesse processo de motivação, há o que
chamamos de sensibilidade didática, isto é, a capacidade de aproximar ou afastar os
alunos dos objetivos pretendidos.
75
Terceiro ponto:
A legibilidade do texto e das atividades e suas características físicas (tipo de
fonte, ilustrações, cores, tamanho do texto, posicionamento do texto e das
ilustrações).
Sobre tal questão, Agati (1999) salienta que a legibilidade de um texto é um
aspecto frequentemente negligenciado, quando a primeira abordagem ocorre com a
folha distribuída pelo professor. Escolher ou preparar uma página limpa, ordenada,
com caracteres claros, modernos e bem legíveis, com apresentação bem organizada
dos conteúdos e com eventuais ilustrações encoraja e facilita a leitura e a
compreensão. Todavia, além da legibilidade do texto, deveríamos atentar também à
sua inteligibilidade. Dele, portanto, seriam excluídos elementos que dificultassem
sua compreensão e seriam acrescentados elementos facilitadores, como notas
explicativas.
Além disso, é fundamental escolher cuidadosamente o texto, visto que dele
podem surgir várias atividades.
Quarto ponto:
Predispor um ambiente motivador, criando as condições para estimular e
manter a atenção do aluno. A escolha, portanto, de um tema atual poderia estimular
ou capturar o interesse dos alunos, todavia, por uma breve duração. Para mantê-lo,
é necessário que as atividades didáticas propostas sejam envolventes. Dessa forma,
adotando uma postura sensível à opinião e às necessidades do aluno, o professor
perceberá quando é o momento de mudar de atividade ou de prolongá-la em sala de
aula.
Um dos pontos principais para manter tal interesse, parece ser a
diversificação de atividades. Assim, acreditamos que uma série de atividades
distintas possa fomentar a motivação da classe.
A motivação é considerada por muitos estudiosos um complexo modelo de
elementos que, nas suas interações, são a base da atitude do aluno em relação à
aprendizagem.
Dubois et alii (1978, p. 422) chamam de motivação “o conjunto dos fatores
conscientes ou semiconscientes que levam um indivíduo ou um grupo de indivíduos
a ter um comportamento determinado no domínio linguístico”.
76
Quando falamos de alunos motivados ou não motivados, referimo-nos à
orientação motivacional, e, sobretudo, ao histórico de sucessos e insucessos de
cada indivíduo.
Boscolo (1997) salienta que os aspectos cognitivos e os motivacionais estão
estreitamente interligados: a aprendizagem consciente pressupõe sempre uma
orientação motivacional. O aluno ciente de suas vontades, resistente à frustração,
capaz de estabelecer objetivos e persegui-los terá uma atitude mais positiva diante
das atividades didáticas propostas.
Após avaliarmos que a escolha do tema deveria priorizar as preferências do
aluno (aspecto motivacional importante), podemos detalhar os objetivos da presente
unidade didática.
O objetivo nesse percurso didático representa nosso ponto de partida e até
onde desejamos ou conseguimos chegar.
Reiteramos que o presente modelo de unidade didática concentra-se no
percurso das quatro habilidades comunicativas, por meio das quais é trabalhada a
habilidade escrita.
Dentre os objetivos pretendidos ao final da unidade didática, destaca-se:
despertar a curiosidade e o interesse do aluno em conhecer ou aprofundar o tema
escolhido; ampliar sua competência lexical e cultural; estimular atividades de
interação; favorecer a produção escrita de maneira autônoma e prazerosa. Ao
desenvolvermos a autonomia, os papéis do professor e do aluno deveriam
equilibrar-se: o professor não transmitiria simplesmente os conteúdos, sua função
seria de um consultor, um organizador, um observador, um mediador, um guia que
levaria o aluno a descobrir por si mesmo a melhor maneira de aprender.
Seguiremos um percurso gradual da escrita, segundo as atividades
comunicativas propostas na unidade didática, visto que as habilidades
comunicativas são uma das finalidades do ensino de língua.
É importante salientar que as atividades propostas podem funcionar com um
determinado grupo e não funcionar tão bem com outro.
Assim, tanto o professor quanto o aluno poderiam aumentar ou diminuir o
nível de dificuldade de uma atividade e alterá-la, adaptá-la ou ajus-la para que se
obtivesse o resultado esperado.
Além disso, o professor deveria apresentar situações e condições para que se
acendesse e se mantivesse a vontade de se comunicar na língua italiana.
77
Desenvolvemos uma sequência didática com três textos principais, cada qual
com gêneros textuais diferentes, que nortearam o percurso percorrido ao longo da
unidade didática temática.
Adotamos alguns critérios no desenvolvimento da sequência didática:
As aulas são centradas no aluno, ou seja, o professor é o guia, mas são os
alunos que conduzem as tarefas e as atividades;
As tarefas foram desenvolvidas, levando-se em conta a situação, o ambiente, os
fatores afetivos envolvidos naquele determinado momento;
São trabalhados vários gêneros textuais para que o aluno entre em contato com
modelos linguísticos diferentes;
O professor deveria criar uma atmosfera para que os alunos fizessem suas
observações, as quais poderiam contribuir para o êxito da execução das
atividades. As observações poderiam ser ilustradas com oportunos exemplos
fornecidos pelo professor;
A sequência de atividades didáticas e tarefas são ligadas ao objetivo da
aprendizagem. Tais atividades são estruturadas em simulações ou atividades
autênticas que tornem os alunos responsáveis pela própria aprendizagem;
Levamos em conta as diferenças de estilos cognitivos dos alunos cada um tem
um modo de aprender;
As atividades são desenvolvidas em classe e também em casa, criando-se elos
entre uma aula e outra;
Algumas atividades foram reformuladas, outras foram trabalhadas diversamente,
de acordo com a resposta obtida por cada classe e/ou aluno.
3.2. A unidade didática
A unidade didática foi dividida em três aulas de uma hora e quarenta minutos
cada. Esta divisão pode variar de acordo com as necessidades e os interesses dos
alunos. As divisões em três aulas foram adotadas apenas como referência, pois a
duração de cada atividade depende de cada grupo.
78
As atividades aqui propostas devem ser integradas ao trabalho que se
desenvolve nos cursos de italiano, consolidando os conhecimentos adquiridos e
exercitando as habilidades de escrita.
Os destinatários da unidade didática, como foi dito nos capítulos anteriores,
são alunos de língua italiana como língua estrangeira (LE), ou segunda língua (L2),
com um nível intermediário de conhecimento (B1), segundo o Quadro Europeu
Comum de Referência para as línguas (2002).
Preocupamo-nos em desenvolver uma unidade didática equilibrada entre
elementos comunicativos, gramaticais e culturais, cuja produção escrita acontece
gradativamente.
O critério empregado para a escolha das sequências didáticas foi
estabelecido pelas respostas ao questionário aplicado, assim como a estratégia
utilizada para o funcionamento das sequências.
O tema escolhido foi “Mangiamo la pasta”, visto que a culinária italiana foi
citada pela maioria dos alunos como um dos pontos de interesse pela cultura
italiana.
Apresentamos então, uma proposta de modelo de unidade didática com
estratégias para motivar os alunos a escrever em italiano.
Primeira aula
A primeira tarefa do professor na introdução de um determinado tema não
deveria ser a de explicar, mas sim suscitar a vontade de conhecer o tema. Assim,
tornam-se relevantes atividades de pré-leitura, brainstorming.
A fase de pré-leitura tem como objetivo interessar, prever e informar. É
importante atentar a esta fase, por meio da qual podemos explorar melhor o material
escolhido, facilitando então sua compreensão.
Anna Comodi (1996) afirma que a primeira exposição ao texto serve para
ativar as competências gerais, ou seja, cognitivas (conhecimentos pregressos) e
afetivas (motivação, consciência de si).
3.2.1. Fase de pré-leitura
Parte-se do título com imagens (figura 3) para estimular a primeira motivação
a aprender, ou seja, a curiosidade.
79
Além disso, as imagens fazem menção ao tema que será abordado, servindo
como introdução antes de escutar ou ler um determinado texto e acionando o
conhecimento prévio do aluno.
O título com as imagens é apresentado com projetor, diretamente no
computador, ou mesmo numa folha de papel, dependendo do número de alunos e
dos recursos disponíveis.
Esta atividade disponibiliza ao aluno um suporte visual que serve de input
para as outras atividades que se seguirão. E, ainda, mira a uma interiorização dos
pré-requisitos necessários à continuidade didática no âmbito da pré-leitura.
É considerada uma atividade de pré-leitura, pois prepara o aluno para o
conteúdo da unidade didática, cria expectativas acerca do que será lido e abordado.
É útil, então, buscar o significado do texto por meio da técnica de indícios visuais
que permitem entender melhor o conteúdo.
Kleiman (1997) afirma que a formulação de hipóteses a partir de dados como
o título, ilustrações, cabeçalho, ajuda o aluno a formular previsões do que será lido,
no intuito de que os aspectos de processamento do texto sejam mais facilmente
alcançados.
A escolha das fotografias levou em consideração os estereótipos e as
fantasias dos alunos em relação à cultura italiana. A primeira foto é uma antecipação
da próxima atividade que prevê a apresentação do trecho do filme “Un americano a
Roma”. As duas fotos seguintes, uma do conhecido comediante Totò e, a outra, de
Sophia Loren, uma das mais famosas atrizes italianas, mostram esses personagens
comendo espaguete, um dos símbolos da culinária italiana. A última imagem foi
extraída de um desenho do estúdio Walt Disney, A Dama e o Vagabundo, cujo amor
está ligado a um fio de espaguete.
80
FIGURA 3 - Criada por Stefania Serra
A técnica de aplicação de uma sequência didática prevê a apresentação de
um trecho de filme, nesse caso, uma famosa cena com Alberto Sordi, que compara
81
hábitos alimentares americanos aos hábitos alimentares italianos. Extraído do filme
Os trechos não podem ser longos;
"Un americano a Roma" (1954), o trecho tem a duração de 2 minutos e 16
segundos. A utilização de recursos audiovisuais como trechos de filmes, músicas,
etc., se bem trabalhados, são estratégias interessantes de motivação. Para tal,
alguns aspectos devem ser considerados:
A cena deve estar concatenada ao tema;
A cena deve se autoexplicar, ou seja, não é necessário assistir ao filme para
entender o trecho;
Deve-se criar uma motivação afetiva, ou seja, um ponto de interesse, de
envolvimento. Por exemplo, risos (como nesta cena) ou outras emoções.
Levando em conta a dificuldade em se obter o filme, acreditamos que a
internet seja a fonte mais acessível para a apresentação do trecho do filme, por meio
do link: www.youtube.com/watch?v=N8WuLcncbBM
Além disso, para
.
fins didáticos, a utilização de
Ressaltamos, porém, que tais recursos devem ser usados com parcimônia
para que seu escopo motivacional não venha a ser prejudicado.
recursos da Internet, como
vídeos variados e trechos de filmes, tem-se mostrado bem eficaz em sala de aula.
Diante disso, pressupomos que a cena de um filme envolve vários tipos de
linguagem. Uma obra cinematográfica pode ser compreendida não somente pelo
que se diz no filme, mas, sim, pelo que o filme diz através das cenas, dos planos,
das sequências e das interpretações dos atores. Cinema é entretenimento. Ou seja,
tudo o que chama a atenção, atrai e, portanto, motiva.
O trecho do filme escolhido é um material autêntico no qual o monólogo é
espontâneo, natural e com frases breves.
3.2.2. Exercício de transcrição da língua falada à escrita
Partimos de uma transcrição de um texto oral com uma linguagem regional, e
propomos aos alunos que escrevam o mesmo texto com as modificações
necessárias na língua italiana standard. Este exercício deve ser feito com o
professor, e objetiva uma maior compreensão do trecho do filme, além de possibilitar
o contato com um aspecto inerente à cultura italiana: o dialeto.
82
“Maccarone m’hai provocato e io ti distruggo adesso, io me te magno!
Questo o damo ar gatto! Questo ar sorcio, co questo ce ammazzamo e cimici.”
(Nando Mericoni in “Un americano a Roma” 1954)
(trascrizione di parte del brano)
Visto que o percurso didático é centrado no aluno, a presença do professor
deve ser discreta, mas segura e estimulante, introduzindo o tema e, sempre que
possível, motivando o grupo.
3.2.3. Preparação do tema
Com o objetivo de criar uma antecipação no aluno, de suscitar o seu interesse
antes de apresentarmos o texto, e de introduzir o tema a ser abordado. Procurar-se-
á também, criar um ambiente para pensar/ refletir sobre uma situação, um tema.
Preferisci la pasta al sugo o aglio e olio?
La mangi con o senza formaggio grattugiato?
3.2.4. Introdução lexical
Propor aos alunos que listem as palavras que se referem a “pasta” e
”cuocere” ( as palavras são dadas no quadro). Este tipo de atividade visa a organizar
as informações e fornecer elementos indispensáveis para a compreensão do texto,
visto que as palavras dadas são utilizadas no texto.
Por isso, quando se lê algo, deve-se inferir de forma contínua, ou seja, deve-
se captar informações implícitas entre os elementos.
Individua le parole che si riferiscono alla pasta tra le parole sottoelencate
nel riquadro.
..........................................................................................................................................
Individua le parole o espressioni derivate dal verbo “cuoceretra le parole
sottoelencate nel riquadro.
..........................................................................................................................................
cottura - pastasciutta - al forno - ripiena cotta minestrone - stracotta scotta -
cuoco - al dente
83
Visamos, também, buscar o significado do texto através de elementos visuais.
Collega gli alimenti
con le immagini corrispondenti.
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
1. PATATA DOLCE - 2. SPINACI 3. ZENZERO 4. CANNELLA 5. ANANAS
3.2.5. Fase de leitura
Leitura de um texto autêntico com duas opiniões divergentes no mesmo texto,
para que o aluno tome uma posição e para que lhe apresentemos um panorama
sobre o tema de discussão.
Leggi il testo:
In un articolo comparso sul New York Times, Mark Bittman, autore di famose guide
gastronomiche americane sostiene che gli italiani usano troppa pasta e pochissimo sugo.
sfida il mito: per lui
E
secondo lui questo è sbagliato, anzi non bisogna avere paura di eccedere. Bittman
la pasta deve annegare in un sugo ricco di verdure e pesce,
Ma non basta. Mark Bittman
e non di
carne, che non è salutare. In Italia un piatto del genere esiste, solo che noi lo chiamiamo
minestrone! Non pasta.
critica anche gli spaghetti troppo al dente
cottura della pasta in America sono da sempre un mistero. C’è gente che si regola gettando gli
spaghetti in fase di cottura contro i vetri: se non cadono immediatamente sono cotti. Non vi
suggerisco, spiega Bittman, di tornare alla pasta stracotta, ma cuocere
. I tempi di
gli spaghetti troppo poco è ridicolo.
D’altra parte, non c’è da stupirsi. Da secoli ormai gli americani propongono le lasagne farcite
con patate dolci, spinaci, zenzero e cannella. E la pizza servita con l’ananas. Contenti loro!
Tratto dall’articolo: Serving Pasta? Forget What You Learned di Mark Bittman il 17/10/ 2007.
Scritto alle 07:57 del 24/10/2007 da Nicoletta in www. solofornelli.it - il blog per chi cucina.
3.2.6. Fase de compreensão de texto
Compreender um texto escrito significa extrair a informação necessária da
maneira mais eficiente possível. Marcuschi (2005) observa que os exercícios de
compreensão textual são em sua maioria cópias e transcrições sem atentar ao que
84
realmente se deseja como compreensão textual, a reflexão sobre o tema. No que
concerne às inferências, pretendemos aprofundar a compreensão do texto,
estabelecendo relações entre o que foi dito e o que está implícito.
As atividades de compreensão são imprescindíveis para que o aluno consiga
absorver as informações daquilo que lê e possa usá-las na elaboração do seu
próprio texto.
COMPRENSIONE. Rispondere per scritto alle domande in base al testo
precedente.
1. Secondo l’americano, gli italiani mangiano la pasta in modo sbagliato. Perché?
2. Secondo lui,come sarebbe il modo giusto di mangiarla?
3. Cosa dice Bittman sulla cottura della pasta?
4. L’autrice italiana ironizza le abitudini alimentari americane. Cosa commenta?
3.2.7. Atividade introdutória de produção escrita
Ao fim da primeira aula o professor organiza a discussão conclusiva, e
procura valorizar o trabalho e a opinião de cada aluno. O aluno, então, escreve sua
opinião sobre o texto para que seja desenvolvida uma primeira produção escrita
mais simples e contextualizada. Esta atividade pode ser feita em casa ou em sala de
aula.
Produzione scritta libera : Sei d’accordo con l’americano o con l’italiana. Perché?
Segunda aula
Em base aos saberes naturalmente emersos nas atividades anteriores,
delineia-se a segunda aula, cujo objetivo é aumentar os conhecimentos culturais e
linguísticos, por meio de uma aula interativa. Os alunos podem formular perguntas,
interagir e intervir, em quanto se parte daquilo que o aluno já conhece para se
chegar ao novo que ignora.
Aqui evidenciaremos alguns aspectos culturais para manter o interesse no
tema da aula anterior, e aspectos linguísticos que visam a prever as possíveis
dificuldades na atividade de produção escrita final.
85
Todavia, ressaltamos que o professor deveria adotar um estilo democrático a
fim de criar em sala de aula uma relação de companheirismo e liberdade, para poder
instaurar uma participação maior e um clima de respeito entre os alunos.
3.2.8. Fase de interação em classe
Retomando a atividade final da aula anterior, os alunos lêem suas opiniões e
discutem seus pontos de vista. Podemos dividir a classe em dois grupos (um grupo
a favor e o outro contra) para acirrar o debate. Esta atividade tem como objetivo
desenvolver outras habilidades comunicativas leitura, compreensão oral, e com a
discussão, a produção oral. Por meio da discussão, pretende-se que o aluno
argumente de maneira lógica o próprio pensamento e saiba expressar de maneira
correta e clara seus conhecimentos e suas opiniões, com linguagem apropriada.
Marcuschi (2001) afirma que “a passagem da fala para a escrita não é a
passagem do caos para a ordem: é a passagem de uma ordem para outra ordem”.
Discussione aperta: Leggi la produzione scritta ad alta voce e discuti le varie
opinioni. La classe si divide in due gruppi L’uno pro e l’altro contro.
Preferisci la pasta al dente o più cotta?
PRO SÌ ALLA PASTA AL DENTE
CONTRO NO ALLA PASTA AL DENTE
3.2.9. Fase de motivação
3.2.9.1. Atividade de brainstorming com a classe:
Quanti tipi di pasta riesci ad enumerare?
Ao criarmos um brainstorming com a classe (Quanti tipi di pasta riesci ad
enumerare?) e anteriormente uma pergunta aberta com o objetivo de fazê-la
interagir (Preferisci la pasta al dente o più cotta?), detectamos o que os alunos são
capazes de exprimir ou fazer quando envolvidos em uma atividade.
86
O ponto de força do brainstorming é que a ideia proposta por um membro do
grupo possa sugerir a um outro uma ideia nova, até que se chegue a várias
possibilidades.
Do ponto de vista metodológico, esta atividade é indutiva e comunicativa,
visto que o brainstorming possibilita, num curto espaço de tempo, o aparecimento de
um grande número de ideias.
Essa atividade é desenvolvida na fase de introdução da unidade didática para
sondar os conhecimentos pregressos ou na apresentação de novos conceitos e
conteúdos.
Pode ser dividida em três fases:
1. Fase de produção, no qual são listadas todas as ideias dos alunos;
2. Fase de esclarecimento para que os alunos examinem suas ideias;
3. Fase de discussão das ideias, na qual podemos introduzir um novo argumento.
3.2.9.2. Ampliando o vocabulário: Tipos de massas
Em seguida, apresentamos imagens referentes aos tipos de massas. As
imagens são utilizadas principalmente para despertar a curiosidade referente ao
tema proposto. O uso das ilustrações tem como escopo compreender melhor o tema
e retomar o argumento da aula anterior. Além disso, o uso de elementos
extralinguísticos contextualizadores, como desenhos, fotografias, ilustrações,
recursos icônicos, têm a função de situar o texto no universo sociocognitivo do
aluno.
Marcuschi (1983) ressalta que os “elementos contextualizadores contribuem
para avançar expectativas a respeito do texto, situando-o num universo contextual
de interação”.
Assim, a compreensão torna-se imediata, a comunicação eficaz, promove o
enriquecimento lexical, é visualmente interessante e, neste caso, apresenta
aspectos da cultura italiana.
87
FIGURA 4 - Imagens extraídas de www.google.it.
88
3.2.9.3. Atividade de transposição
Pergunta aberta com o objetivo de estimular a autonomia e um
posicionamento do aluno. Da realidade apresentada à realidade do aluno.
Che tipo di pasta preferisci?
3.2.10. Exercício lexical
A partir de seu repertório lexical, o aluno executa uma seleção para
compreender o léxico novo do próximo texto.
É difícil prever com exatidão o grau de dificuldade de uma atividade, já que
cada aluno responde diferentemente a ela.
Com o intuito de ensinar mediante a reflexão, a próxima atividade pode ser
feita em dupla, para favorecer a interação e a troca de hipóteses quando os alunos
não conhecem determinadas palavras.
O aluno pode concluir a atividade e mesmo assim não entender exatamente o
significado do verbo. Para suprir esta possível dificuldade, sugerimos que o aluno
localize os verbos no texto após a leitura do mesmo.
ESERCIZI LESSICALI. Lavora in coppia.
1. Combina i verbi della colonna a sinistra con le relative definizioni a destra, mettendo nel
riquadro il numero corrispondente come nell’esempio. Dopo aver letto il testo, prova a
rintracciare i verbi nel testo per capirli nel contesto.
1 SPELLARE
stringere forte qualcosa in modo da farne uscire il
liquido in essa contenuto
2 STRIZZARE
premere fortemente in modo da far perdere la forma
originaria.
3 TUFFARSI
spremere con il torchio la pasta di olive o vinacce per
ottenerne l’olio o il mosto.
4 SCHIACCIARE
gettarsi in un liquido, dedicare a qualcosa tutta la
propria energia.
5 CAPITARE
introdurre qualcosa in un’altra.
6 TORCHIARE
arrivare casualmente; succedere
7 INFILARE
1
Levare la pelle, sbucciare.
89
Combina le parole sottoelencate
nel riquadro con le relative illustrazioni,
scrivendone sotto .
cassetta - fiascobarattolo tubetto tanica scatola
.............................................................................................................................................
3.2.11. Leitura do segundo texto
Quando lemos, devemos atentar aos elementos e aos recursos dos quais
dispõe o texto para “descobrir” o seu sentido. Marcuschi (1983, p. 17) lembra que os
elementos contextualizadores “contribuem para avançar expectativas a respeito do
texto, situando-o num universo contextual de interação”. Portanto, as atividades
lexicais precedentes favorecem a compreensão durante a leitura do próximo texto
“Solo sugo”, e procuram evitar a questão da incompreensão, que desestimula o
aluno.
Elementos extralinguísticos como desenhos, fotografias, ilustrações, recursos
icônicos são elementos contextualizadores que situam o texto no universo do aluno-
leitor.
Adotamos três critérios para a escolha do texto “Solo sugo” de Luciana
Littizzetto:
1. É um texto divertido com uma linguagem atual, tornando a leitura mais
agradável, e, portanto, mais motivadora;
2. O título e o conteúdo são ligados ao tema que está sendo abordado nesta
unidade didática;
3. O texto traz, de maneira despretensiosa, informações interessantes sobre
aspectos culturais da culinária italiana (o “ritual” do sugo di pomodoro) e
alguns hábitos alimentares do povo italiano, tanto dos adultos quanto das
crianças.
90
Quando aplicamos o texto “Solo Sugo” uma primeira vez, notamos a
dificuldade de compreensão do primeiro parágrafo, visto que as informações iniciais
são desconhecidas aos alunos e a muitos professores que vivem no Brasil há muito
tempo. Portanto, anexamos duas notas explicativas ao final do texto.
SOLO SUGO di Luciana Littizzetto
L’estate sta finendo (sempre massimo rispetto per i Righeira)¹, crescono i primi funghi
(anche nelle moquette delle piscine), e i soliti ritardatari si tuffano sulle cassette dei
pelati, ultimi contagiati dall’indebellabile virus della salsa. Ma non quella brasiliana ².
In questi mesi estivi tonnellate e tonnellate di pelati sono stati strizzati, spellati e
schiacciati, torchiati e infilati in qualsiasi recipiente trovato in casa. Perché il problema
è anche questo: se ne fa talmente tanta, di ‘sta salsa, dico, che non si sa dove metterla!
Ho visto salse rinchiuse in barattoli vuoti di omogeneizzati, altre agonizzanti in vecchi
tubetti di collirio, altre ancora in taniche da venti litri di benzina. Perché? Perché quei
pochi neuroni che ancora vagolano per le nostre teste non si abbracciano forte, non si
prendono per mano e ci regalano comportamenti un pelino più sensati?
Io ho due amici. Due . Una coppia. Loro ogni estate producono qualcosa come
centocinquanta barattoli di salsa. Si rovinano le ferie! Una follia se si tiene conto che
comunque un buon quaranta per cento dei contenitori esplode in cantina devastando
gli scaffali. Tutto questo per poi invitarti a cena, farti la pastasciutta (mica le
melanzane alla parmigiana...) e dire: “Senti che gusto! Niente a che vedere con i sughi
in scatola!”. Tu dici: “Sì” e loro sono contenti. Fatto.
A proposito di sugo. Quando ancora insegnavo alle medie, capitava che servissi io il
pranzo ai ragazzini in mensa. Non era una forma di personale e malata abnegazione,
ma una decisione del collegio docenti, proprio per creare un clima familiare in un
posto che più che una scuola sembrava un riformatorio. E mi ricordo che quasi tutti i
ragazzini saltavano la pasta (mediamente scottissima), venivano da me col piatto di
plastica sotto il mento e con sguardo implorante dicevano: “Profe, solo sugo”.
Tratto dal libro: “Sola come un gambo di sedano” p.210. di Luciana Littizzetto Milano, ed. Mondadori , 2002.
Nota ¹ - I Righeira sono un gruppo musicale italiano formato da Johnson Righeira (Stefano Righi) e Michael
Righeira (Stefano Rota). Raggiunsero il successo nell'estate del 1983 con il singolo Vamos a la playa. Nel 1985
vinsero il Festivalbar con la canzone L'estate sta finendo. Dall'agosto del 2007 il duo è impegnato nella
conduzione del programma radiofonico "L'estate sta finendo " su R101.
Nota ² - La salsa brasiliana è servita come accompagnamento alle frittelle di fagioli brasiliane (aracajè): si
tagliano a metà le frittelle e si farciscono con questa salsina. Gli ingredienti sono: peperoncini tritati, succo di
limone, cipolla tritata e aglio tritatoRicetta di Laura Ravaioli.
3.2.12. Fase de compreensão do segundo texto
O primeiro exercício é um teste de verdadeiro ou falso para uma percepção
global. O segundo exercício com a técnica de “cloze” (atividade escrita), foi
91
elaborado para aprofundamento visando a uma compreensão mais detalhada, ao
hábito de uma leitura mais ativa, e à reflexão sobre a língua.
Segundo Balboni, a base da compreensão é criar hipóteses sobre o texto.
COMPRENSIONE DEL TESTO
1. Vero o falso? Indica se le affermazioni sono vere o false.
V F
1. Gli italiani fanno la salsa di pomodoro prima che arrivi l’estate.
2. Gli italiani fanno molta salsa a casa.
3. Preferiscono i sughi in scatola anziché quelli fatti a casa.
4. I bambini non mangiavano la pasta a scuola perché era troppo cotta.
5. I bambini in mensa volevano solo il sugo.
Sucessivamente, propõe-se a releitura do texto para identificar as palavras do
próximo exercício e, assim, entender o sentido no contexto.
2. Rileggi
il testo precedente per rintracciare le parole dell’esercizio nel testo, cioè per capirne
il senso nel contesto. In seguito, completa il testo con gli aggettivi sottoelencati.
indebellabile estive - agonizzante ritardatari - implorante - vuoto
Alla fine delle vacanze .............................., alcuni italiani ................................ sono
finalmente contagiati dall’..................................... virus della salsa di pomodoro. Ne
fanno talmente tanta, che la si vede rinchiusa in qualsiasi contenitore......................... .
Ad esempio, ci si trova la salsa .............................. in piccoli tubetti di collirio.
L’importanza della salsa può essere osservata perfino tra i piccoli, in mensa, quando
davanti a una pasta scottissima, i bambini con sguardo .............................. chiedono
solo sugo.
Terceira aula
3.2.13. Culturas em confronto
Com o objetivo de manter o interesse do aluno, iniciamos a terceira aula da
unidade didática, colocando dados sobre a cultura do aluno e a cultura-alvo.
92
Ao colocarmos as culturas em confronto, ativamos o conhecimento
sociocultural do aluno, ou seja, suas referências relativas à identidade nacional ou
cultural, e as diferenças entre a sua cultura e a cultura-alvo. A apresentação de
dados sobre a cultura do aluno reduz a carga cognitiva e facilita a interação em
classe.
Consumo pro-capite di pasta all’anno
ITALIA
STATI UNITI
BRASILE
28 chili all’anno
9 chili all’anno
6 chili all’anno
FIGURA 5 - Criada por Stefania Serra
Gli italiani a tavola consumano mediamente 28 chili di pasta all’anno, il triplo, ad esempio, di
quella consumata mediamente dai cittadini americani, i secondi maggiori consumatori del
mondo, seguiti dai brasiliani, in terzo posto, che consumano in media 6 chili di pasta all’anno.
Gli italiani poi, mangiano una quota di pane pro-capite pari a 66 chilogrammi all’anno.
Dati tratti da www.pasta.it - 2009
3.2.14. Da realidade apresentada à realidade do aluno:
E tu, quante volte alla settimana mangi la pasta?
...........................................................................................................................................
3.2.15. Ampliando o conhecimento lexical do aluno
Introduzir expressões idiomáticas com palavras referentes à culinária. A
atividade, portanto, funciona como um ponto de encontro entre os conhecimentos
lexicais pregressos e o novo repertório que se apresenta.
Essa atividade destina-se a ampliar o léxico dos alunos e em seguida
pretende promover uma atividade escrita sem obrigatoriamente estar ligada ao tema
da unidade didática. Desse modo, os alunos podem criar livremente um diálogo.
93
Consegue-se, com isso, incluir na produção de um texto, atividades que enriquecem
o repertório do aluno, sem o recurso unicamente de exercícios lexicais.
Combina ogni espressione della colonna a sinistra al suo significato a destra, mettendo nel
riquadro la lettera corrispondente, come nell’esempio.
ESPRESSIONI CON PAROLE LEGATE ALLA “CUCINA”
A
“Non essere farina del
proprio sacco”
Fare un pasto rapido e leggero.
B
“Mangiare un boccone
Avere desiderio di cosa appetitosa.
C
“Essere una buona
forchetta”
Non dare importanza a ciò che qualcuno
fa o dice.
D
“Venire l’acquolina in
bocca”
Andare di perfetto accordo.
E
“Bollire in pentola”
A
Non essere cosa o idea propria.
F
“Essere pane e cacio con
qualcuno
Stare per accadere.
G
“Lasciar cuocere qualcuno
nel proprio brodo”
Essere un buon mangiatore.
3.2.16. Atividade escrita livre
Essa atividade escrita é livre e deve ser feita em dupla. Dessa forma,
desenvolve-se a interação entre alunos, dá-se a liberdade ao aluno de desenvolver
qualquer tipo de diálogo a fim de que ele não se canse e não se desinteresse, antes
da última parte da unidade didática na qual são abordados aspectos culturais ligados
ao tema. Assim, desenvolve-se a criatividade dos alunos, conduzindo-os a
enquadrar as expressões em um contexto mais amplo, para que haja assimilação e,
para que possam fixá-las.
94
Inventa un piccolo dialogo con le espressioni dell’esercizio precedente. Lavora in
coppia.
3.2.17. Fase de reflexão gramatical
Considerando três setores da língua escrita, a leitura, a reflexão da língua e a
escrita propriamente dita, construímos a segunda parte da aula.
Como suporte à produção escrita final, apresentamos uma reflexão
gramatical, na qual ilustramos teoria da sintaxe necessária ao desenvolvimento de
textos argumentativos, expositivos ou narrativos. Assim, procuramos pincelar
elementos gramaticais dentro de elementos comunicativos, fornecendo informações
que possam enriquecer o repertório lexical do aluno.
Os elementos linguísticos e gramaticais abordam o material da língua
utilizado na composição dos textos. Quando estudamos uma língua, são
exaustivamente citados, pois contribuem para a formação do sentido global do texto.
A gramática é usada aqui exclusivamente para produzir textos. Os alunos
exercitam suas habilidades expressivas, e talvez, num segundo momento
desenvolvam os aspectos formais da escrita.
A etapa de reflexão gramatical é o momento cujas noções e as dúvidas
gramaticais são afrontadas. Além disso, levam-se em conta os conhecimentos
prévios do aluno. Conhecimentos a partir dos quais os alunos poderão fazer
relações e construir significados acerca daquilo que estão aprendendo.
Assim, antes de escrever é preciso refletir, e um excelente estímulo para a
reflexão é a leitura dos textos anteriores, pois a escrita está sempre impregnada de
outras escritas.
Não basta o professor entrar na sala de aula, dar um exercício ou outra
atividade qualquer e esperar que o aluno assimile tudo, sem que ocorra uma
reflexão de ambas as partes, uma troca, uma interação na qual o aluno absorve as
informações fornecidas pelo professor, e o professor verifica as dificuldades e
dúvidas do aluno, procurando resolvê-las.
Para facilitar o uso dos conceitos que serão apresentados a seguir,
trabalharemos um texto no qual os alunos devem preencher as lacunas com as
conjunções, e assim, armazenem-nas na memória, sob a forma de modelos
cognitivos globais.
95
Esse exercício de cloze deve ser aplicado depois que se esgotarem as
principais dúvidas dos alunos, para que não se crie um ambiente de tensão em sala
de aula, um ambiente que desestimule os alunos.
Riflessione grammaticale
CONGIUNZIONI UTILI PER SCRIVERE
Per introdurre la conseguenza di quanto detto prima:
QUINDI =DUNQUE = PERCIÒ
Per introdurre una spiegazione di quanto detto prima:
CIOÈ = VALE A DIRE = IN ALTRE PAROLE
Per introdurre una causa:
SICCOME = POICHÉ = VISTO CHE
Per introdurre una concessione ammessa solo per ipotesi:
NONOSTANTE
ANCHE SE + indicativo
= SEBBENE + congiuntivo
Per introdurre un modo con valore relativo o avversativo:
COMUNQUE = IN QUALSIASI MODO = TUTTAVIA
Per aggiungere un’informazione:
NONCHÉ
= E ANCHE
Completa il testo con le congiunzioni sottolineate
Anche se siamo a dieta, mangiamo la pasta!
nel riquadro precedente.
La stagione estiva può essere l’occasione per cambiare il nostro modo di stare a tavola
nonché
______________________la quantità di cibo (in calorie) che ogni individuo deve
consumare, varia a seconda dell'età, del sesso, dell'attività svolta e di altre condizioni, non
è possibile fare uno schema che descriva le quantità in maniera assoluta (per esempio in
grammi). Alcune persone non guadagnano grasso corporeo
______________________mangino tanto e si muovano poco. Altri si trovano a stare sul
perdere quei chili che ci fanno perdere il sonno. Se non modifichiamo certe
abitudini, per dimagrire dobbiamo ______________________ "metterci a dieta".
96
tapis roulant per 4 volte a settimana solo per far sì che il loro livello di grasso rimanga
costante.
Molti pensano di dimagrire eliminando completamente dalla propria dieta pane e pasta:
non sanno che un piatto di pasta al pomodoro, se non si eccede nelle quantità e nel
condimento non fa ingrassare, ma sazia e dà energia. Attenzione
______________________alle diete
ipocaloriche, ________________, le diete da fame.
ESPRESSIONI UTILI PER SCRIVERE
Per esprimere parere:
SECONDO ME....
PENSO CHE SIA...
Per esprimere opposizione, si può usare l’avverbio:
ALTRIMENTI = IN ALTRO MODO = IN CASO CONTRARIO
Per sottolineare un’opposizione, si può usare l’avverbio:
INVECE = AL CONTRARIO
Come rafforzativo, si può usare l’avverbio:
INOLTRE = PER GIUNTA = OLTRE A CIÒ
La locuzione prepositiva:
A SECONDA DI = CONFORMEMENTE A
Per enfatizzare:
ADDIRITTURA = NIENTEMENO = PERFINO
Per esprimere un dubbio:
MAGARI = FORSE
3.2.18. Fase de curiosidade cultural
Leitura e discussão oral do texto “Gli italiani e la pasta”, extraído do sítio
www.pastarummo.it.
97
O escopo desta fase é estimular e ampliar o conhecimento cultural e
satisfazer uma curiosidade.
É importante criar situações que favoreçam a produção oral (falar, discutir,
perguntar). Essas situações geram a vontade de suprir uma curiosidade por meio do
texto, despertando possivelmente nos alunos o interesse pela próxima leitura.
Algumas expressões vistas na “reflexão gramatical” foram sublinhadas no
texto abaixo para que o aluno possa contextualizá-las. Daqui podem nascer outras
atividades; as possibilidades são inúmeras.
GLI ITALIANI E LA PASTA:
Un irrinunciabile piacere (quasi) quotidiano
La pasta è una presenza costante sulle nostre tavole e sarebbe auspicabile conoscerne di più. La
ricerca conferma che oltre il 47% degli italiani la mangia tutti i giorni e 4 italiani su 10 la
consumano dalle 3 alle 6 volte a settimana. Mentre solamente il 9% dichiara di concedersi un
piatto di pasta asciutta appena un giorno a settimana. Non a caso, tutti gli intervistati (99,5%)
sono convinti - con una certa presunzione, alla luce dei fatti - che noi italiani siamo i più bravi
nel cucinare la pasta e ne conosciamo ogni segreto. E così l’83% del campione intervistato,
ritiene facile (62%), se non
addirittura facilissimo (21%) prepararla, tanto da sostenere che la
riuscita di un piatto di pasta 10 e lode dipende principalmente dalla qualità del prodotto
(55%), rispetto all’abilità di chi si mette ai fornelli (45%). E
inoltre, per preparare una pasta
ben al dente, scegliere un prodotto di qualità (62%), è più importante del rispetto del tempo
di cottura (38%).
Come leggere i dati del sondaggio dell’Osservatorio Rummo¹? Di certo, per gli italiani la pasta
è un mito, come il gelato o il caffè, è calore, convivialità, fantasia. È il ballo di Totò in
“Miseria e nobiltà” o il monologo dell’Americano a Roma Alberto Sordi di fronte al
“maccarone”. Un’eredità culturale e quotidiana, di tutti quanti si sentono depositari,
magari
associata a una ricetta di famiglia tramandata dalla
nonna.
Nota¹ - Creato da Pasta Rummo, azienda beneventana che da
oltre 160 anni produce pasta, l’Osservatorio Rummo ha sondato
il grado di conoscenza degli italiani sull’alimento simbolo del nostro
Paese nel mondo, proponendo ad un campione di 1000 persone
rappresentative della popolazione italiana tra i 18 e i 64 anni, un
questionario di 10 domande di “cultura della pasta”.
98
Tratto e adattato da: http://www.pastarummo.it - Indagine “Gli italiani e la cultura della pasta”, realizzata da
Teseo Research per l'
Osservatorio Rummo.
99
3.2.19. Fase de controle
Aplicação do jogo didático Sembra vero, elaborado e desenvolvido no
Capítulo 4.
A fase de controle constitui um momento produtivo e de estímulo para os
alunos. A tal fim, utilizamos um jogo, para evitar uma situação didática de tensão,
preocupação, ou medo.
Deve-se atentar a cada fase do percurso didático cuja escolha das tarefas em
classe é determinante para que se crie uma atmosfera de prazer.
São várias as formas de prazer que podemos afrontar em fase de
aprendizagem, sintetizadas por Balboni nas definições de prazer em aprender, em
superar os desafios, prazer da variedade, da sistematização.
O jogo permite-nos verificar que o envolvimento criado facilita a fixação dos
elementos vistos e os conhecimentos linguísticos estudados ao longo da unidade
didática. O seu papel nas interações sociais é significativo, já que ajuda o aluno a
desenvolver relações com os outros e a aperfeiçoar as suas próprias capacidades
criativas.
É importante ressaltar que a atividade de produção escrita é uma atividade de
natureza metacognitiva, ou seja, uma atividade na qual a pessoa tem o controle, o
conhecimento e a consciência de seus processos cognitivos. Além disso, a atividade
de produção escrita geralmente é idiossincrática (ou individual). Isso não impede
que o professor proponha atividades de produção escrita em sala de aula. Assim,
desenvolvemos estratégias com as quais possamos trabalhar essas atividades
escritas em sala de aula, recorrendo à atividade lúdica do jogo.
3.2.20. Produção escrita final
O professor propõe ao aluno que escreva um texto descritivo, argumentativo,
narrativo ou expositivo, valendo-se dos textos estudados ao longo da unidade
didática.
A realização da atividade final de produção escrita será desenvolvida mais
adequadamente se o aluno participou das atividades anteriores. Assim, utilizando-se
dos modelos dos textos desenvolvidos nas atividades de leitura, reflexão sobre a
língua e a cultura, o aluno estará bem informado sobre o tema e poderá desenvolver
seu próprio texto escrito com mais envolvimento e motivação.
100
Tomando-se como exemplo as tipologias analisadas, poder-se-á prever
algumas técnicas de escrita. Neste caso, os textos servem como guia para a
definição da estrutura do texto a ser produzido (narrativo, descritivo, expositivo,
argumentativo) e este, talvez, seja um passo para que o aluno desenvolva a própria
competência escrita.
Cabe ao professor conduzir o processo para que o aluno comece a escrever
até que, com o passar do tempo, ele continue a escrever sozinho.
Scrivere è viaggiare senza la seccatura dei bagagli.
(Emilio Salgari)
Scrivi un testo in base ai vari testi letti. Individua il testo scelto. (Puoi
produrre il tuo testo secondo il modello del testo scelto)
3.3. Reflexões sobre a aplicação da unidade didática
O objetivo foi indicar caminhos para a prática da escrita, com um tipo de
aprendizagem voltada ao interesse, à motivação e às necessidades dos alunos do
início ao final da unidade didática.
Transitamos pelas quatro habilidades comunicativas (leitura dos textos,
audição de um trecho de filme, breves discussões orais e práticas escritas) e assim
as atividades multiplicaram-se ( compreensão oral e escrita, atividades de role-play,
brainstorming, interação oral e escrita, ampliação lexical, atividades didáticas
lúdicas, reflexão gramatical e produção escrita guiada e criativa).
No desenvolvimento da unidade didática, detectamos várias dificuldades dos
alunos no processo de produção escrita, principalmente por interferência da língua
materna e por problemas ligados à própria atividade escrita (fatores afetivos e
linguísticos).
A outra dificuldade decorre de o aluno estar tão sincronizado com sua língua
a ponto de não separá-la da língua estudada.
101
Levando em conta as interferências linguísticas dos alunos de língua
estrangeira, devemos atentar às incorreções do texto escrito com uma visão mais
motivacional do que formal. Sabemos que muitas das interferências linguísticas dos
alunos devem-se aos professores que as cometem também. A escolha de um
material autêntico, portanto, é fundamental para que tais interferências possam ser
identificadas e eventualmente corrigidas.
Podemos recorrer ao uso de um glossário como material de apoio da própria
unidade didática, levando-nos às considerações do capítulo 2, referente ao
glossário como subsídio para a produção escrita”.
Analisemos então, quais as possíveis contribuições deste modelo de unidade
didática para o ensino da língua italiana, e particularmente da língua escrita.
O presente modelo pode ser visto como estratégia de ensino e como
conteúdo da aprendizagem. O conteúdo refere-se à formação dos professores, ou
seja, a capacidade de planejar, criar, e desenvolver projetos em sala de aula.
Cabe-nos, porém, elucidar algumas questões que sugiram a partir da
produção escrita dos alunos:
A primeira questão refere-se à norma linguística: o uso de formas distantes do
padrão pode ser aceito se o aluno não é capaz de adaptar a própria linguagem em
relação à situação comunicativa, ou seja, se dispõe apenas daquele repertório
linguístico.
No processo de elaboração da unidade didática, um dos problemas mais
complexos é justamente o da sequência de passos a percorrer para que se consiga
realizar o complexo ato de comunicação por meio da língua.
No que se refere aos complexos problemas da formação linguística dos
alunos que já atingiram certo nível de conhecimento da língua, seria importante
lembrar que um dos principais problemas a respeito é a “fossilização”, por sua vez
ligada à hipótese de que muitos alunos estudam a língua italiana por motivos
afetivos e, portanto, não necessitam de uma competência linguística perfeita.
Os problemas observados, em alguns casos, são apenas de interferências
linguísticas; noutros casos, os problemas são mais profundos, e dizem respeito à
própria competência escrita do aluno.
Uma outra questão refere-se à estratégia adotada. É sempre um desafio
colocar os estudos em prática na sala de aula, como estratégia de ensino. Por isso,
102
reafirmamos que toda a sequência didática aqui apresentada, foi trabalhada,
algumas vezes reformulada e adaptada às necessidades de cada grupo de alunos.
Ao longo da unidade, os alunos desenvolveram pequenas atividades,
exploraram, avaliaram, discutiram e por fim, sentiram-se estimulados a escrever.
Uma última questão surgiu: Como se pode falar de didática da língua italiana
(ou de qualquer outra língua ou disciplina) sem que os professores saibam como se
deve motivar o aluno e por quê?
Os professores deveriam solucionar esta problemática fazendo uso de uma
vasta bibliografia sobre o assunto, formando grupos de estudo e discussão na
escola na qual ensinam, ou envolvendo várias escolas, ou mesmo na internet, para
que se atualizem e troquem experiências.
Assim, é fundamental pesquisar o que torna uma produção escrita uma
atividade prazerosa. Para buscar uma solução viável, este estudo dedicou-se,
sobretudo, ao estudo dos fatores e elementos responsáveis para que o aluno
estimule-se a escrever.
A sequência didática desenvolvida mostrou-se eficaz e produtiva, contribuindo
não só para o desenvolvimento da escrita dos alunos como também para o
desenvolvimento das outras habilidades comunicativas, ativadas por meio da
motivação.
103
3.4. Anexos
Selecionamos os alunos que escolheram textos diferentes como modelo.
Lembramos que a produção escrita final não era obrigatória. Além disso, os quatro
alunos, até então, escreviam apenas na sala de aula, nunca
em casa. Esses alunos
produziram os textos em casa, fazendo-nos crer que se sentiram motivados, daí a
relevância dessas produções. Os textos foram transcritos exatamente como os
originais, sem as devidas correções.
ANEXO 1 - ALUNO 1 Il rituale della feijoada.( modello del testo: SOLO SUGO)
Il rituale comincia con la spesa, cioè, comprare gli ingredienti al mercato.
Si deve andare due giorni prima del pranzo(per favore, non è consigliabile mangiare
questa “iguaria” a cena) perché le carni hanno molto sale e si deve disalare il
minimo 24 ore. Si pulisce le parti più bizzarre del maiale, ossia, coda, piede etc e si
taglia tutto, anche le salsicci, bacon e la carne seca. Si cucina tutto, un giorno prima,
per ritirare la grassa bianca e dopo si mette i fagioli neri e i condimenti. A questo
punto la cuoca ha lavorato tutto il giorno prima del evento senza riposo.
Il giorno della feijoada, la cuoca si sveglia molto presto e ritira il resto della grassa
della carne accumulata nella casseruola. Lei è stanca, il braccio fa male poiché la
cassarola è alta e lei non tanto. Mette un po’ di peperoncino e cachaça. Lascia la
feijoada bollindo e il profumo dei fagioli domina tutta la casa e anche la casa dei
vicini.
E la feijoada non è pronta ancora. Mancano i contorni.
Si perde molto tempo tagliando una grande quantità di cavolo verde che dopo la
cottura comincia a diminuire, diminuire e la quantità basterà per due o tre invitati. La
cuoca ha 12 invitati perché non si fa feijoada per poca gente. Non c’è tempo di
comprare più cavolo, è tardi e lei deve sbucciare le arancia (circa di 20), fare la salsa
brasiliana (vinagrete) e tagliare tanti pomodori, cipolle e prezzemolo.
Per finire, si fa una casseruola grande di riso dopo di tagliare più cipolle. La cuoca
piange molto, non per la cipolla ma perché è stanchissima e i invitati devono arrivare
ancora.
Finalmente arrivano tutti e la cuoca si prepara per servire la feijoada e i contorni.
Novanta per cento degli invitati arrivano di fronte della cuoca e dice: “Carne no,
grazie, per me solo fagioli!”
104
ANEXO 2 - ALUNO 2 La pasta in Brasile ( testo: articolo di Mark Bittman)
Noi, brasiliani, in generale, non mangiamo la pasta al dente, mangiamo la pasta alla
dentatura, come dice l’ insegnante d’italiano, ossia, molto molle, quase una papa.
Penso che questa abitudine sia decorrente dell’industria di pasta in Brasile.
Nell’ anni sessanta, setanta e ottanta, non sono sicuro, la pasta fabricata in Brasile
era di bassa qualità. Quindi, per cucinare a punto giusto era impossibile: o diventava
molto dura (scotta) o stracotta.
Quindi i brasiliani sono abituati a mangiare la pasta sempre stracotta, e come si dice,
è dificile cambiare un costume.
Nell’anni 90 è arrivata la pasta di grano duro importata e anche la fabricazione di
pasta di grano duro in Brasile e le cose stanno cambiando, ma non troppo perché
l’insegnante d’italiano ha domandato per il nostro gruppo se preferiamo la pasta al
dente o più cotta e 10 studenti su 8 preferiscono la pasta più cotta. Io e un altro
siamo l’ecezione, poiché la regola sembra un’altra. Contenti noi!
ANEXO 3 - ALUNO 3 Riso e fagioli, un irrinunciabile piacere quotidiano (testo:
“Gli italiani e la pasta”).
Il riso e i fagioli sono una presenza obbligatoria nella tavola dei brasiliani. Secondo
me, magari più di 90 per cento dei brasiliani li mangia tutti i giorni. Oltre a ciò, tutti noi
siamo convinti che siamo i migliori cuochi di riso e fagioli. E inoltre, per preparare un
bello piato di riso e fagioli ogni brasiliano ha i suoi segreti di famiglia: tempo di
preparazione, quantità di acqua per il riso, condimenti speciale per i fagioli, e co
via.
Credo che ogni nazione abbia i suoi miti della cucina. In Italia c’è la pasta, c’è il
gelato. In Brasile abbiamo la coppia perfetta (riso e fagioli), abbiamo una carne da
invidiare, le nostre frutte tropicali. Abbiamo anche il nostro bene più profondo, la
nostra creatività, che transforma tutti i piatti del mondo nei migliori piatti italiani,
giaponesi, cinesi, francesi del mondo.
ANEXO 4 - ALUNO 4 Ha ragione lui! (testo: articolo di Mark Bittman)
105
Parlare di pasta mi fa rivivere l’epoca in cui andavo a casa di mia nonna.
Della sua cucina veniva l’aroma della salsa di pomodoro.
A tavola, il piatto di pasta al dente con i pomodori era un momento sublime. Mia
nonna era italiana. Lei non è più tra noi, ma i ricordi e gli aromi della sua cucina sono
nei miei pensieri perfino quando dormo, come un sogno.
Un intenditore di nulla, made in America, dice che le signore italiane non sanno fare
la pasta. Ha ragione lui.
La vera pasta è cottissima, con una salsa di pomodoro tanto dolce come un catchup
e con un tipo di formaggio cremoso specialissimo. Si, ha ragione lui.
Il parmigiano gratugiato? Dimenticamolo. Ripeto, ha ragione lui.
Perché passare tante ore per preparare la salsa di pomodoro? Perché preocuparsi
con il tempo di cottura della pasta? Gli italiani non sanno fare la pasta. Inoltre, gli
americani hanno una tradizione culinaria legata a Italia, la Pizza Hut” lo conferma.
Certo che ha ragione lui. Siamo noi che sbagliamo, è mia nonna che sbagliava. E
quanto mi manca il suo sbaglio....
106
Capítulo 4 - Brincando com a escrita: Proposta de jogo didático
“Lo studio non è lavoro ma la
forma più gloriosa di gioco”
(Luciano de Crescenzo)
A utilização do jogo em didática de línguas justifica-se por meio de estudos e
pesquisas científicas que comprovam a importância do lúdico como estratégia de
ensino-aprendizagem no contexto da língua estrangeira. Dentre os quais, a
psicologia humanística de Rogers (1969), que vê o aluno como centro do processo
de aprendizagem, que envolve a pessoa como um todo.
4.1. A utilização do jogo em didática de línguas
O autor considera a
sensibilização, a afetividade e a motivação
Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais do
que uma acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca uma
modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura
que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade.
como fatores atuantes nesse processo,
resultando em ações auto-realizadoras e criativas, e assim proporcionando o que
Rogers (1988) define como uma aprendizagem significativa:
A tarefa do professor é facilitar a aprendizagem, construir um ambiente
acolhedor, onde haja comunicação livre e onde todos possam se comunicar com
autenticidade e sem medos e sem pressões. Em outras palavras, o papel do
professor é estimular ou manter as fontes de motivação intrínseca
A partir da abordagem comunicativa que coloca o aluno no centro do percurso
didático, consideramos também a abordagem humanístico-afetiva estudada por
Balboni (1999), que evidencia a afetividade do aluno como ponto fundamental para o
êxito deste percurso, procurando remover suas fontes de ansiedade e medo,
levando-os à interação e buscando suas motivações profundas.
que os alunos
trazem dentro de si.
O aspecto interacional
Percebemos, portanto, pelos pressupostos da Psicologia Humanista e pela
teoria da motivação de Rogers, baseada na motivação intrínseca, que a motivação é
algo que só pode ser acionada pelo próprio indivíduo em seus processos internos.
da situação de aprendizagem pode ser desenvolvido
por meio de um jogo didático.
107
Assim, podemos inferir que a didática lúdica vale-se dos princípios da
abordagem comunicativa e humanístico-afetiva que derivam da psicologia
humanística de C.Rogers.
Considerando que os fatores afetivos são determinantes na didática lúdica, é
importante lembrar que no Quadro Europeu Comum de Referência (QECR), esses
fatores são apontados como limitadores ou facilitadores na execução de uma tarefa,
pois estão ligados à auto-estima do aluno (imagem de si próprio e ausência ou não
de inibição); envolvimento e motivação; seu estado físico e emocional e sua atitude.
Os principais objetivos da didática lúdica no ensino de língua estrangeira, é
criar um ambiente de envolvimento que ligue o aluno ao tema proposto e diminuir o
grau de estresse que alguns exercícios tradicionais geram.
No caso deste jogo didático, os objetivos citados servem para que se alcance
o principal escopo em nossa pesquisa, que é motivar o aluno a escrever em LE e L2.
A pedagogia sempre evidenciou a natureza educativa do jogo como
contribuição e enriquecimento para o desenvolvimento social e individual do aluno.
Segundo o quanto afirma Huizinga (2008), o jogo é "uma categoria
absolutamente primária da vida, tão essencial quando o raciocínio (HOMO
SAPIENS), daí a denominação HOMO LUDENS, quer dizer que o elemento lúdico
está na base do surgimento e desenvolvimento da civilização”.
Além disso, o elemento lúdico é cada vez mais trabalhado na sociedade de modo
geral.
Contudo, alguns obstáculos se interpõem a realização das atividades lúdicas
em sala de aula.
Para que se obtenham resultados satisfatórios, o professor deve escolher
cuidadosamente o jogo didático a ser proposto, levando em conta o nível de
conhecimento do aluno, a faixa etária da classe e seus ritmos e estilos de
aprendizagem. Além disso, o professor deve flexibilizar a atividade lúdica, adaptando
o tempo de sua aplicação segundo o feedback da classe.
Devemos estar atentos quando trabalhamos o lúdico com alunos avessos a
jogos e brincadeiras. Assim, a identificação do modelo didático pessoal dos alunos é
de suma importância, pois permite inferências
Segundo Caon e Rutka (2004, p.30),
sobre o material lúdico que o
professor utiliza em sala de aula. A aplicação de um questionário (cf. Capitulo 1)
pode facilitar essa identificação.
108
o professor que queira aplicar uma metodologia lúdica, deveria conjugar
harmonicamente o potencial totalizante e educativo dos comportamentos
lúdicos do homem com os objetivos formativos e linguísticos próprios da
didática das línguas, conseguindo assim, conciliar uma motivação alta, um
prazer e um envolvimento pessoal profundo com as instâncias da instituição
escolar.
O jogo pressupõe três elementos fundamentais: competição, diversão e regra.
Partindo do pressuposto que jogar é competir, e a competição é uma
característica do ser humano, neste caso, pode despertar a necessidade de
escrever bem para que se possa convencer o adversário e assim, vencer o jogo. A
noção de lúdico está ligada ao prazer. No entanto, uns sentem prazer apenas
quando vencem (competição), outros apenas pelo fato de jogar (diversão), e outros
ainda, ficam tensos e preocupados durante o jogo. Para estes últimos, o jogo deixa
de apresentar a noção de lúdico e por consequência, pode ter um efeito contrário ao
qual se propõe.
Instalam-se então, muitas dúvidas quanto ao uso do jogo em sala de aula. Daí
a importância do papel do professor para que o jogo não se torne uma atividade
apenas de competição. Para tal, o professor deve evidenciar, a todo o momento, seu
caráter de diversão.
A regra, por outro lado, serve como formalização à informalidade peculiar de
um jogo. O respeito às regras atenua um possível tumulto ou possíveis polêmicas
que possam surgir. As reações dos alunos em situações nas quais não conseguem
entender as regras da atividade lúdica levam-nos à frustração e ao desinteresse. Tal
estresse leva à barreira psicolinguística que Krashen (1982) chama de filtro afetivo,
comprometendo o processo de aprendizagem. Portanto, a definição clara das regras
é fundamental para o funcionamento do jogo em sala de aula.
A hipótese subjacente a este capítulo da pesquisa é a de que o jogo funcione
à medida que haja disposição tanto por parte do professor quanto dos alunos.
4.2. A proposta de jogo didático
A paixão pelo ensino de línguas deu origem a este jogo didático.
O presente jogo foi projetado e realizado para aprender léxico, curiosidades
ou simplesmente para que o aluno escreva divertindo-se. Um instrumento didático
na forma de um jogo, intitulado “Sembra vero!”, em português Parece verdade!”.
109
O nome do jogo é fruto da colaboração de colegas da pós-graduação da área
de língua italiana da Universidade de São Paulo e da Professora Dra. Francesca
Vitrone da Universidade de Macerata (Itália).
Adiantamos que foi inspirado no “jogo do dicionário” e no jogo “Guia dos
curiosos
9
Brincando com definições e significados de palavras, “Sembra Vero” é um
jogo simples e divertido, que estimula a imaginação e desenvolve a criatividade e o
uso da linguagem por meio da escrita, pois os alunos têm que inventar significados
para palavras que não conhecem, de modo a convencer os colegas adversários.
.
Este jogo didático prevê o uso de material variado, as regras são simples e
claras, procurando assim, ser funcional aos objetivos.
Contudo, deve-se atentar à motivação e afetividade dos alunos.
O objetivo didático deste jogo, é, por meio de elemento lúdico, promover
pequenas práticas escritas, ampliar o conhecimento lexical e suscitar a curiosidade
dos alunos pela cultura italiana, mais especificamente neste caso, a culinária
italiana.
Neste contexto, nosso objetivo é apresentar um jogo didático como apoio à
produção escrita, a partir do qual podemos trabalhar diversos aspectos, tais como:
Para
aproximá-los da produção escrita e facilitar a sua aprendizagem, onde a escrita é
feita de maneira quase informal, o jogo funciona como um “despertador” no qual os
alunos descobrem que o ato de escrever pode ser divertido. Assim, sua atividade
prática permite que eles busquem a comunicação mediante a escrita.
- despertar a curiosidade dos alunos em relação à cultura italiana;
- promover a interação em classe;
- explorar a capacidade persuasiva dos alunos ao escrever, pois o objetivo do jogo é
convencer os outros através das respostas escritas pelos próprios alunos;
- aumentar o interesse e o envolvimento dos alunos sobre os temas apresentados;
- aumentar seu repertório lexical.
Por meio deste jogo didático, é possível desenvolver a produção escrita dos
alunos estimulando suas capacidades de persuasão, ampliando seu léxico e
possibilitando que o aluno efetue categorizações. Como afirma Kato (1987, p.134):
9
O Guia dos Curiosos (fabricante: Grow): Baseado no livro de mesmo nome, lançado pelo jornalista Marcelo
Duarte no ano de 1996. O livro ganhou uma segunda edição revista e atualizada em 2003, e uma atualizada com
mais 160 páginas em 2005, comemorando os dez anos da série.
110
Um professor sensível ao tipo de dificuldades lexicais e estruturais que os
alunos enfrentam poderá provê-los de algumas atividades que lhes dêem
maior traquejo e versatilidade linguística, como os exercícios de derivação
lexical.
4.3. A elaboração do jogo
4.3.1. As cartas
O jogo foi aplicado em diversas classes de nível intermediário, nascendo
assim a ideia de revisá-lo e incl-lo como proposta didática. Originalmente, trata de
argumentos variados, com 80 cartas/perguntas. Mas para concatená-lo ao tema da
pesquisa, selecionamos definições e curiosidades ligadas à culinária italiana,
totalizando 16 cartas/perguntas. Este número, porém, mostrou-se insuficiente aos
nossos propósitos. Incluímos, então, 84 novas cartas/perguntas, após pesquisas em
enciclopédias, dicionários e livros de gastronomia, totalizando 100 cartas/perguntas.
É importante atentar a possíveis imprecisões que suscitem discussões
desnecessárias e eventuais desconfianças dos alunos em relação às informações
contidas nas cartas/perguntas. São situações e varveis específicas que afetam a
aplicação da proposta e merecem atenção, assim, após a aplicação do jogo em
algumas classes, decidimos excluir algumas cartas/perguntas, pela imprecisão das
mesmas. Podemos citar como exemplo a seguinte carta:
Um aluno, neto de uma italiana proveniente da região da Basilicata, contestou
tal resposta, afirmando que sua avó fazia a referida massa e dizia que era típica de
sua região. Embora a idealizadora do jogo fosse de origem pugliese, e tivesse obtido
tal informação in loco e em livros da região da Puglia, procurou levar em conta a
Le orecchiette sono un tipo
di pasta tipico di quale
regione italiana?
Risposta: Puglia
111
afirmação do aluno e desconsiderou a referida carta. Posteriormente, foram
efetuadas consultas em outros livros. Assim, após consultarmos várias fontes
bibliográficas que confirmaram a informação da carta, descobrimos também que em
algumas fontes, tanto a região da Puglia como da Basilicata afirmam ser as
inventoras desse tipo de massa.
Prabhu (2003) lembra que os materias representam a seleção de certos
conteúdos culturais e cognitivos, assim sendo, quando mal selecionados, podem
causar constrangimentos, minando seu valor como suporte para o processo de
aprendizagem. Afirma também que a quantidade do aprendizado é proporcional a
quantidade de interação. Assim, para que não houvesse diminuição da interação
entre os alunos e o professor, distanciando-nos dos objetivos didáticos, optamos por
excluir a carta do jogo e outras três, pelos mesmos motivos já mencionados,
chegando ao número final de 96 cartas/perguntas (cf. figuras 6 a 13).
Ao escolhermos as perguntas, procuramos diversificar os tipos de questões
para tornar o jogo mais interessante. Valemo-nos então de definições, locuções e
expressões idiomáticas de dicionários; curiosidades enciclopédicas, anedotas de
personagens e fatos históricos extraídos de diversos livros e de alguns sítios que se
referem ao tema.
10
Procuramos também colocar uma ilustração nas cartas que fizesse alusão ao
tema do jogo, assim, escolhemos um conjunto de garfos coloridos (cf. figuras 6 a
13), visto que ilustrações são recursos visuais importantes para despertar o
interesse dos alunos e para aproximá-los ao tema.
10
Fontes: MAZZOCCHI, Antonio - A tavola con la storia. Avvenimenti, personaggi e ricette che hanno fatto
l'Italia. (2009); DUMAS, Alexandre - Memórias gastronômicas: pequena história da culinária (2005); BELLINI,
Wilma & DI FIDIO, Gina - Il manuale di cucina di Nonna Papera.(1998); RANGONI, Laura La cucina pugliese di
mare (2007); ZINGARELLI, Nicola - Vocabolario della lingua italiana.(Terzo millennio); GARZANTI - La Nuova
Enciclopedia Universale (1982); DEVOTO, G. e OLI, G. C. - Il dizionario della lingua italiana. (1990). E nos sítios:
www.ciboitaliano.com; www.italiadonna.it; www.beniculturali.it; www.staibene.it.
112
FIGURA 6
113
FIGURA 7
114
FIGURA 8
115
FIGURA 9
116
FIGURA 10
117
FIGURA 11
118
FIGURA 12
119
FIGURA 13
120
4.3.2. O tabuleiro
Como já salientamos nos capítulos anteriores, não só o conteúdo e o tipo de
atividades desenvolvidas em sala de aula são fatores que estimulam o aluno, mas
também como o material é apresentado (cores, recursos gráficos, caracteres, tipo de
fonte, etc.). Tais recursos podem aumentar ou diminuir seu interesse. Desenhamos,
assim, um tabuleiro, preocupando-nos com a apresentação visual do mesmo. A
escolha das cores foi intencional, fazendo alusão tanto à bandeira italiana quanto às
cores que caracterizam um prato de massas (vermelho do molho, bege da massa e
dos queijos e o verde do manjericão). A forma espiral do tabuleiro pretende criar
uma ideia subliminar de que o garfo serve para enrolar as massas longas, nunca
para cortá-las (figura 14).
FIGURA 14 - Tabuleiro criado por Stefania B. Serra.
121
Os alunos/jogadores partem com seus “garfos” e devem avançar pelo
tabuleiro até atingir o final do tabuleiro onde há um prato de “pasta”.
Nos pratos vermelhos com as letras do alfabeto de A a L, os jogadores
votarão na resposta que acreditam ser a verdadeira, escolhendo a letra
correspondente. O número máximo de respostas não pode exceder a dez, contando
o número de respostas dos jogadores e a resposta correta da carta. Um número
maior de respostas confundiria e cansaria os alunos, desestimulando-os e assim não
cumpriria os propósitos do jogo. Portanto o número máximo de jogadores é nove (9).
4. 4 O jogo didático “Sembra vero!
Em uma atividade lúdica, a proposta deve ser necessariamente coerente com
os objetivos. Podemos dividir os objetivos do jogo “Sembra vero! em objetivos
linguísticos, cognitivos, relacionais e culturais.
objetivos linguísticos: ampliação ou revisão lexical; desenvolvimento de
pequenas produções escritas; ampliação da capacidade metalinguística. No
que se refere à capacidade metalinguística, Crystal (1985) a define como a
capacidade de reflexão do uso da linguagem, especialmente das escolhas
acerca dos sentidos das palavras em intenção social, dos efeitos e do uso
dessa linguagem no outro, o qual está envolvido no ato da comunicação.
objetivos cognitivos: aquisição de conceitos de categoria, ou seja, organizar
as expressões e definições e seus padrões de contexto; capacidade de fazer
deduções lógicas; construção de frases breves; construção e seleção de
hipóteses; elaboração de informações.
objetivos relacionais: Interação; desenvolvimento de ideias; confronto de
informações; capacidade de fazer escolhas; conhecimento de aspectos
sociais e culturais da Itália; socialização.
Objetivos culturais: reflexão de maneira lúdica sobre as diferenças culturais
entre os países.
No bojo do poder explicativo desta proposta didática, é relevante explicitar em
que momento do percurso didático podemos aplicá-la.
Deve ser desenvolvida quando os alunos já aprenderam algo sobre o
argumento abordado no jogo, para não aumentar seu filtro afetivo (Krashen:1982).
122
O jogo didático pode ser utilizado como verificação, ao final de uma unidade
didática (cf. capítulo 3, p. 98), como atividade lúdica de preparação ao tema, ou
antes da atividade de produção escrita de textos injuntivos, com subsídio do
glossário (cf. capítulo 2).
4. 4. 1. Descrição do jogo
O jogo consiste em atingir o prato de “pasta” no final do tabuleiro.
Para 3 a 9 jogadores, a partir de 14 anos.
Cada jogador escolhe uma cor entre os garfos-peões disponíveis e uma ficha
para votar da mesma cor. O jogo inicia-se posicionando os garfos-peões na casa de
partida. A cada rodada, avança-se pelo tabuleiro de acordo com o número de votos
recebidos e da resposta que acerta. Os jogadores podem votar nas mesmas
respostas e podem ocupar as mesmas casas do tabuleiro.
Istruzioni di gioco:
Il gioco consiste nell’arrivare, a fine partita al piatto di pasta.
Si richiede un minimo di 3 giocatori, ma l'ideale è giocarlo in gruppi numerosi (massimo 9). Ciascun
giocatore sceglie un colore tra quelli presenti sulle forchette-pedine e prende il gettone dello stesso
colore. Un giocatore ha la forchetta-pedina Blu e un gettone dello stesso colore, l'altro la Gialla e così
via. Il gioco inizia posizionando le forchette/pedine alla partenza del tavoliere. Dopodiché si avanza
sul tavolo da gioco per il numero equivalente di caselle. Durante il gioco, le pedine e i gettoni possono
essere disposti su una casella occupata da qualche altra pedina o gettone.
4. 4. 1. 1. Conteúdo
Tabuleiro;
96 cartas perguntas e respostas;
9 (nove) garfos - peões coloridos;
9 (nove) fichas coloridas.
Contenuto:
tavoliere da gioco
96 carte - domande/risposte
9 pedine- forchette colorate
9 gettoni colorati
4. 4. 1. 2. Preparação do jogo
Material necessário: folhas de papel e caneta.
Abre-se o tabuleiro e posicionam-se os garfos-peões de todos os jogadores
na casa onde está escrito “partenza”. Cada jogador tem a disposição um garfo-peão
123
e uma ficha da mesma cor para inseri-la sobre o prato vermelho com a letra
correspondente à resposta escolhida.
Preparazione del gioco:
Materiale occorrente: carta e penna.
Si apre il tavoliere e si posiziona le forchette-pedine di tutti i giocatori sulla casella di partenza. Ogni
giocatore ha a disposizione una forchetta-pedina e un gettone dello stesso colore per inserirlo sul
piatto rosso con la lettera corrispondente alla risposta scelta.
4. 4. 1. 3. Como preparar a classe
O ideal para jogar Sembra vero! seria que os alunos se sentassem em
círculo para favorecer a interação e a dinâmica do jogo.
Decide-se então quem inicia a partida.
O jogador que lê a carta é o “sugeridor”.
Come prendere posto:
L’ideale per giocare a Sembra vero! sarebbe che gli alunni si sedessero in cerchio.
Si decide chi inizierà la partita.
Il giocatore che legge la carta è il “suggeritore” .
4. 4. 1. 4. Como se joga
Joga-se em rodadas. O sugeridor da rodada pesca uma carta e lê a palavra,
locução ou acontecimento descrito na carta. O jogador que tem a carta é excluído da
rodada. Uma outra possibilidade é que o professor desempenhe a função de
sugeridor
Todos os jogadores escrevem então num pedaço de papel uma resposta que
eles mesmos inventarão para a pergunta. Não deve ser verdadeira, mas o ideal é
que pareça verdadeira.
em todas as rodadas para que possa fazer eventuais correções nos
folhetos escritos pelo aluno. É importante salientar que o professor não deve ler as
respostas corrigidas para que não haja inibição; a correção deve ser feita só por
escrito.
Na mesma carta há a pergunta e a resposta. O sugeridor lê a pergunta e
recolhe então os papéis de todos e lê as respostas em voz alta, em ordem casual,
inclusive a verdadeira, mas sem dizer qual é qual. Os jogadores votarão na
descrição que acreditam ser a verdadeira, colocando suas fichas sobre a letra
correspondente no tabuleiro. É possível ganhar pontos e avançar pelo tabuleiro de
dois modos:
1. Adivinhando a definição correta;
124
2. Convencendo os outros jogadores com a própria resposta e assim recebendo
votos.
Quando há duas ou mais respostas iguais, o sugeridor
lê apenas uma.
É permitido
Come si gioca:
blefar, ou seja, votar na própria definição para induzir os
adversários. Todavia, se o jogador souber que aquela não é a resposta correta,
perde a oportunidade de acertar a verdadeira resposta e ganhar ponto. Se o jogador
decide blefar, ganha um ponto só se a resposta for exatamente igual à correta. Os
outros jogadores, que votam na mesma resposta, se for a correta, ganham um ponto
porque votaram na resposta certa e o adversário que blefou, neste caso, não recebe
pontos extras. Assim, mesmo sabendo a resposta correta, é mais conveniente
escrever uma parecida, mas não exatamente igual. Deste modo, estimula-se a
escrita criativa.
Si gioca a turni. Il giocatore di turno prende una carta e la leggi ad alta voce Il giocatore che tiene la
carta è escluso dalla competizione per quel turno (svolge la funzione di "suggeritore").
Un’ altra possibilita è che l’insegnante svolga la funzione di “suggeritore” e gli studenti facciano il ruolo
solo di giocatori perché possa fare eventuali correzioni sui fogliettini scritti dagli alunni.
Ciascuno degli altri giocatori procede a scrivere sul proprio foglio, segretamente, una ipotetica risposta
per quella domanda. I foglietti vengono consegnati al suggeritore, che legge tutte le risposte in ordine
casuale, ad alta voce, includendo anche la risposta vera
Gli altri votano la definizione che secondo loro è quella corretta, puntando sulla lettera corrispondente
nel tavoliere. Si vince in due modi:
.
1. indovinando la definizione giusta;
2. convincendo gli altri con la propria e così prendendo più voti di tutti.
Quando ci sono due o più risposte uguali, il suggeritore ne legge solo una.
È ammesso
bluffare, ovvero puntare sulla propria definizione per depistare gli avversari. Però, se il
giocatore sa che quella non è la definizione giusta, perde l’opportunità di azzeccare la giusta
definizione e guadagnare un punto. Se il giocatore lo fa, guadagna un punto solo se la sua risposta è
esattamente uguale a quella vera. Gli altri giocatori che eventualmente puntano sulla stessa
definizione, che è la corretta, guadagnano un punto perché hanno votato nella risposta giusta. Quindi,
anche se il giocatore sa la risposta giusta, è interessante scriverne una simile, ma non esattamente
uguale.
4. 4. 1. 5. Objetivo do jogo
O interessante desse jogo é que não é importante escrever uma definição
próxima ao significado da palavra ou da expressão, ou uma descrição próxima ao
fato real, e sim inventar uma verossímil, fascinante, talvez melhor do que a
verdadeira. Portanto conta muito o estilo no qual a resposta é escrita. Caso o
jogador não saiba o significado da palavra, o objetivo é escrever uma resposta
plausível para convencer os outros, e assim receber pontos, mesmo não
adivinhando a resposta correta.
125
Nesse jogo, inventar uma boa mentira é como escrever uma boa estória. Eis o
motivo pelo qual demos o nome de “Sembra vero! ao jogo.
Scopo del gioco:
Il bello di questo gioco è che non ha nessuna importanza scrivere una definizione vicina al significato
della parola o dell’espressione o una storia reale, ma inventarne una credibile, affascinante, ancora
più bella di quella vera, e quindi conta, per esempio, lo stile in cui viene scritta. Nel caso in cui non si
sappia il significato della parola, è possibile bluffare dando una risposta plausibile da convincere gli
altri giocatori che si tratti di quella vera, di modo da ricevere comunque dei punteggi, anche se non si
è indovinata la risposta giusta.
In questo gioco, inventare una buona bugia è come scrivere una buona storia.
4. 4. 1. 6. A pontuação
Depois que todos os jogadores escolheram a resposta que acreditam ser a
correta, atribui-se os pontos, como segue:
Cada jogador que indicou a resposta correta recebe um ponto e avança com
seu garfo-peão uma casa;
Cada jogador ganha um ponto extra a cada adversário que escolheu a “sua”
resposta, exceto si mesmo, naturalmente. Assim, se dois votam na sua
resposta, avança duas casas, se três votam, avança três casas e
sucessivamente. Porém, não ganha ponto
Visto que o
dos outros se a sua resposta
corresponde à verdadeira.
jogador sugeridor da rodada não participa da votação
Il punteggio
e não pode
ganhar pontos, uma partida deve haver um número de rodadas que seja múltiplo do
número de jogadores.
Quando tutti i giocatori hanno scelto la risposta che reputavano essere quella giusta, si procede al
conteggio dei punti, come segue:
ogni giocatore che ha puntato sulla risposta vera guadagna un punto e avanza con la sua
forchetta- pedina 1 casella;
ogni giocatore guadagna un punto extra per ciascun avversario che ha puntato sulla "sua"
resposta, ad eccezione di sé stessi, naturalmente. Così se due puntano sulla sua risposta
avanza due caselle, se tre puntano, avanza tre caselle e così via. Non guadagna punti
Poiché
degli
altri, però, se la sua risposta corrisponde a quella vera.
il giocatore suggeritore di turno
non partecipa alle puntate e non può guadagnare punti,
una partita deve contare un numero di turni che sia un multiplo del numero dei giocatori.
4.5. Considerações sobre a aplicação em sala de aula do jogo didático
O jogo didático foi desenvolvido em seis classes de adultos e alguns
adolescentes de nível intermediário (B1 e B2) e em duas classes de nível elementar
126
(A1), segundo o QECR - Quadro Europeu Comum de Referência. Levando em conta
os destinatários de nosso estudo, analisamos os resultados dos seis grupos de nível
intermediário.
Discutimos no primeiro capítulo aspectos motivacionais no ensino de línguas.
Partimos da hipótese de que a motivação intrínseca é o nível mais desejável de
comportamento autônomo, em que a escolha e a realização de determinada
atividade acontece pelo interesse pessoal inerente a ela. Segundo Balboni (1999), o
jogo é uma motivação, pois distrai com um mecanismo lúdico.
Como afirmamos anteriormente, para trabalhar o lúdico em sala de aula, o
professor deve predispor um ambiente relaxante, inserido em um contexto
apropriado e evidenciar o caráter divertido e didático do jogo para que se obtenham
resultados satisfatórios.
A organização didática adequada para a aplicação do jogo se dá como
decorrência do conhecimento prévio das motivações dos alunos, de sua consciência
metalinguística, para que o uso da linguagem insira-se em um contexto interacional
adequado. Como desdobramento dessa questão, podemos inferir que essa proposta
cumpriu seus objetivos didáticos, uma vez que
Portanto, podemos concluir que do ponto de vista linguístico, os alunos
ampliaram suas capacidades metacognitivas, pois refletiram sobre o uso da
linguagem, especialmente das escolhas acerca dos sentidos das palavras para
convencerem os outros e, ainda, atentaram aos próprios erros, visto que os folhetos
com as respostas eram devolvidos aos alunos com eventuais correções do
professor. Do ponto de vista cognitivo, observamos que os alunos faziam deduções
lógicas, seleções e exclusões de hipóteses e de ideias e sentiram-se encorajados a
escrever frases simples, mas bem formuladas.
a produção escrita pressupõe a
utilização desse tipo de consciência para estruturar os elementos linguísticos,
coordenar e organizar o pensamento segundo o contexto. Com isso, ampliaram-se
os horizontes de possibilidades dos alunos.
Com a aplicação do jogo “Sembra vero!, os alunos puderam conhecer novas
palavras e descobrir fatos e curiosidades que até então desconheciam. Em tal
contexto, criou-se uma atmosfera de envolvimento e interação, de surpresas, de
diversão, e, de maneira geral, todos estes fatores favoreceram a produção escrita e
o processo de aquisição linguística.
127
Diante desta realidade, os alunos sentiram-se motivados a participar do jogo,
e consequentemente, sentiram-se motivados a escrever. Além disso, as 6 (seis)
classes relataram vontade de jogar novamente, demonstrando sucesso do ponto de
vista afetivo e cognitivo.
É preciso considerar que o jogo foi aplicado em classes que demonstraram
interesse por atividades lúdicas. Tal interesse foi observado mediante respostas do
questionário, conforme apresentamos no capítulo 1. Assim, podemos tirar por
conclusão que um ambiente didático no qual haja predisposição para o
desenvolvimento de determinada tarefa ou atividade, contribui para o êxito da
mesma.
Um fato fundamental para o sucesso deste jogo didático mostrou-se após
duas ou três rodadas. Os alunos notaram que quando escreviam frases imprecisas,
incoerentes ou com erros, os adversários excluíam tal resposta, comentavam que
não poderia ser aquela resposta, pois continha determinado erro, levando-os a
refletir sobre a língua, sobre os erros dos colegas e sobre os próprios erros. Esta
reflexão fez com que nas rodadas seguintes, os alunos formulassem com mais
cuidado suas respostas, atentando aos mecanismos linguísticos das mesmas para
torná-las mais “convincentes”. A estrutura do jogo contribuiu para a ocorrência de
tais reflexões.
Assim, por meio desse jogo didático, observamos que alguns alunos
despertaram para a necessidade de escrever de maneira mais apropriada, e, por
conseguinte, talvez almejem progressos relacionados ao modo de se comunicar
através da escrita.
A respeito desses resultados, há boas razões para afirmar que a didática
lúdica pode ser trabalhada com todas as faixas etárias, não só com crianças, e com
diferentes níveis de conhecimento linguístico, basta que, tanto o professor como os
alunos enxerguem a língua sob a ótica da interação social, onde esta se transforma
e evolui.
128
5. Sugestões de desdobramento
As três propostas podem se desdobrar em várias possibilidades. Como por
exemplo:
A partir da proposta “Glossário como subsídio para a produção escrita
textos injuntivos, receitas de doces”, os colegas podem confeccionar outros
glossários específicos para que sejam trabalhados outros gêneros e tipos textuais.
Na “Proposta de unidade didática voltada à produção escrita”, trabalhamos
não só com a produção escrita, mas com aspectos da língua, expressões
idiomáticas, aspectos culturais etc. Assim, além de desenvolver aspectos
linguísticos, é possível aproximar o aluno de aspectos sociolinguísticos,
socioculturais, derrubando alguns paradigmas, quebrando alguns estereótipos e
mostrando outras realidades.
No quarto capítulo, o jogo didático pode servir como trampolim para o
desenvolvimento da competência de reformulação lexical e sintática.
As possibilidades são inúmeras, porém, a função precípua desse estudo foi
desenvolver as propostas a fim de que obtivéssemos resultados satisfatórios e que,
conforme enfatiza Corno (1999), “conseguíssemos promover a cognição intencional,
ou seja, um tipo de aprendizagem para o qual quem aprende observa uma
modificação substancial nos próprios conhecimentos ao ponto de saber colocá-los
em prática em situações concretas”.
6. Considerações finais
À luz das questões levantadas ao longo desse estudo, que todas as
propostas didáticas devem ser desenvolvidas com base nas informações coletadas
sobre os destinatários, suas fantasias, suas necessidades, suas expectativas e suas
reais motivações. As propostas foram idealizadas e adaptadas respeitando essas
informações e o perfil didático de seu idealizador.
Como salientamos anteriormente por meio das nossas experiências, a
aprendizagem é influenciada pelo contexto no qual se desenvolve, pela situação e
pelo feedback. Portanto, pudemos constatar que o mesmo material funcionou
diferentemente nas salas de aula. Ao aplicarmos as propostas, notamos que, em
129
algumas classes, alguns percursos deviam ser excluídos; em outras, incluídos; em
outras ainda, menos desenvolvidos ou mais desenvolvidos, etc. Assim, fez-se
necessário rever alguns procedimentos ao longo da pesquisa e quatro aspectos
tornaram-se fundamentais na confecção e na utilização de materiais motivadores em
atividades de produção escrita:
Para motivar o aluno a produzir um texto escrito, pressupõe-se que haja
um planejamento criterioso do seu percurso didático.
Nós, professores, devemos considerar as diferenças de estilos cognitivos
dos nossos alunos (cada um tem seu modo de aprender) e devemos
conhecer o seu universo sociocultural para que saibamos por onde
começar, quais caminhos percorrer e até onde podemos chegar.
Para a execução das tarefas, o professor não pode ignorar as
interpretações da língua feitas pelos alunos, fruto de suas competências
sociolinguísticas (como usam a língua).
E, para desenvolver as ideias e as habilidades escritas dos alunos, é
necessário dar-lhes liberdade apresentando materiais facilitadores.
É comum que alguns materiais existentes sejam incompreendidos ou mal
conduzidos. Constrói-se então, um ambiente em sala, que pode diluir e tolher o
potencial criativo do aluno. Esse é um aspecto relevante e, por esse motivo, os
materiais desenvolvidos que trouxeram qualquer tipo de dúvida em classe, foram
reavaliados e, em algumas classes, excluídos.
Formulamos sugestões de possíveis soluções com a explicitação de
expectativas e fantasias, além da reaplicação dos questionários,as discussões, e as
adaptações das propostas didáticas às diferentes classes. Priorizamos esse último
aspecto por considerá-lo canalizador das necessidades dos alunos e profícuo para a
produção de textos escritos.
Sabemos que não é tarefa fácil lidar com a diversidade de interesses, com as
necessidades, as dificuldades e os desejos dos alunos; contudo, a questão central
que emergiu desse estudo foi a de que o aprendizado não depende exclusivamente
dos materiais e do input fornecidos pelo professor, depende também do que o aluno
dispõe-se a fazer com esse input.
A trajetória percorrida por esse estudo demonstrou que, mesmo em classes
tão heterogêneas, e em vários aspectos (motivacional, socioeconômico, etário e
cultural), foi possível construir uma atmosfera prazerosa no processo de produção
130
escrita. A diversidade das propostas e dos textos trabalhados foi uma alavanca
poderosa para que obtivéssemos resultados satisfatórios.
Elaboramos estratégias por meio das quais os alunos se sentiram
encorajados a escrever. Não obstante dificuldades como pequenos problemas
ortográficos, algumas concordâncias verbais inadequadas, presença de lacunas
lexicais e dificuldades relativas à coesão. Assim, apenas quatro alunos, de um total
de quarenta, não desenvolveram os textos escritos propostos. Dos trinta e seis
alunos que decidiram produzir os textos escritos, onze nunca haviam produzido,
voluntariamente, um texto escrito mais elaborado. E foram desses últimos onze
alunos que extraímos os exemplos contidos em nosso estudo.
Para concluir, é preciso mais uma vez ampliar o foco de nossa discussão para
considerar o contexto no qual esse estudo foi fundamentado. Por um lado,
procuramos refletir sobre a dicotomia entre o fazer ideal e o fazer real. Dessa forma,
procuramos incrementar os processos de interação, evidenciando o papel da escrita
em atividades cotidianas, como na confecção de receitas de cozinha, em pequenos
textos em resposta a outros textos e em atividades escritas lúdicas. Por outro lado,
evitamos, a todo o momento, apresentar materiais descontextualizados e
elucubrações excessivas que pudessem desinteressar os alunos.
Nesse contexto, com todas as possíveis implicações, torna-se imprescindível
o uso de materiais flexíveis e adaptáveis, e que nós, professores, tornemo-nos
flexíveis e adaptáveis para que as propostas apresentadas, de fato, funcionem.
Por fim, a partir do momento no qual o aluno vê a prática escrita não mais
como uma atividade enfadonha, torna-se possível o desenvolvimento da sua
competência linguística.
Desse modo, concluímos nossas considerações com a afirmação do linguista
indiano Prabhu
11
:“Ensinar é, no máximo, esperar que o melhor aconteça”.
11
PRABHU, N. S.. Ensinar é, no máximo, esperar que o melhor aconteça. Horizontes de Lingüística
Aplicada, 2, n. 1, 2003.
131
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WIDDOWSON, Henry G. O ensino de Línguas para a Comunicação. Campinas:
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ANEXO 1
Glossário em ordem alfabética com campos semânticos separados por cores.
GLOSSÁRIO (página 1)
CAMPO SEMÂNTICO INGREDIENTES DE RECEITAS DE DOCE
CAMPO SEMÂNTICO LOCUÇÕES, EXPRESSÕES
CAMPO SEMÂNTICO UNIDADES DE MEDIDA E QUANTIDADES
CAMPO SEMÂNTICO UTENSÍLIOS DE COZINHA
CAMPO SEMÂNTICO VERBOS DE RECEITAS DE DOCES
“a bagno”loc.: lasciare a bagno le castagne in acqua fredda PORTUGUÊS de molho loc
acerbo agg PORTUGUÊS verde, não maduro adj
“a dadini” loc. tagliare a cubetti PORTUGUÊS em cubos loc
“a fette”loc.: tagliare la mela a fette PORTUGUÊS em fatias loc
“a listerelle”loc.: tagliare la frutta secca a listerelle PORTUGUÊS em tiras loc
“a rotelle” loc.: tagliare l’arancia a rotelle PORTUGUÊS em rodelas loc
affettare v. tr. [io affétto ecc.] 1 tagliare a fette: affettare il pane. PORTUGUÊS fatiar v
aggiungere v. tr. [io aggiungo, ecc.] 1 mettere in più; unire: aggiungere le uova. PORTUGUÊS
adicionar, acrescentar v
aggiustare v. tr. [io aggiusto ecc.] rimettere qualcosa in grado di funzionare, in buono stato, in ordine, in
regola: aggiustare il sale
PORTUGUÊS acertar v
albicocca
sf PORTUGUÊS damasco sm ( )
albume
sm il bianco dell'uovo PORTUGUÊS clara de ovo sf
amalgamare
v. tr. [io amàlgamo ecc.] 1. (estens.) impastare, legare insieme: amalgamare la farina con
l'acqua
PORTUGUÊS amalgamar, misturar v
amarena sf PORTUGUÊS cereja amarga, marasca sf ( )
ananas sm PORTUGUÊS abacaxi sm ( )
anguria
sf, cocomero sm PORTUGUÊS melancia sf ( )
apriscatole sm PORTUGUÊS abridor de latas sm ( )
arachide sf PORTUGUÊS amendoim sm ( )
arancia
sf PORTUGUÊS laranja sf ( )
arrostire
v. tr. [io arrostisco, ecc.] 1 cuocere al fuoco vivo: arrostire le castagne PORTUGUÊS assar v
attaccarev. tr. [io attacco, tu attacchi ecc.] 1 unire fra loro due o più cose; farle aderire strettamente. v. rifl. o
intr. pron. 2 aderire, appiccicarsi: il sugo si è attaccato
PORTUGUÊS grudar, aderir v
avocado
sm PORTUGUÊS abacate sm ( )
bagnomaria s. m. invar. oggi usato solo nelle loc. cuocere, scaldare a bagnomaria, immergere in acqua
bollente il recipiente che contiene ciò che deve essere riscaldato.
PORTUGUÊS banho-maria sm
barattolo sm PORTUGUÊS vidro, lata sm, sf ( )
bicchiere sm PORTUGUÊS copo sm ( )
biscotto
sm PORTUGUÊS biscoito sm
biscotto savoiardo sm PORTUGUÊS biscoito champanhe sm
bollire v. intr. [io bóllo ecc.] 1 detto di liquidi, passare dallo stato liquido a quello di vapore, formando delle
bolle che salgono e si liberano in superficie: l'acqua bolle a 100 gradi | detto di cibi, cuocere nell'acqua in
ebollizione: le patate bollono; qualcosa bolle in pentola,
PORTUGUÊS ferver v
bottiglia sf PORTUGUÊS garrafa sf ( )
ANEXO 2
Glossário em ordem alfabética, sem divisão em campos semânticos.
GLOSSÁRIO (página 1)
“a bagno”loc.: lasciare a bagno le castagne in acqua fredda PORTUGUÊS de molho loc
acerbo
agg PORTUGUÊS verde, não maduro adj
“a dadini” loc. tagliare a cubetti PORTUGUÊS em cubos loc
“a fette”loc
.: tagliare la mela a fette PORTUGUÊS em fatias loc
“a listerelle”loc
.: tagliare la frutta secca a listerelle PORTUGUÊS em tiras loc
“a rotelle” loc
.: tagliare l’arancia a rotelle PORTUGUÊS em rodelas loc
affettare
v. tr. [io affétto ecc.] 1 tagliare a fette: affettare il pane. PORTUGUÊS fatiar v
aggiungere v. tr. [io aggiungo, ecc.] 1 mettere in più; unire: aggiungere le uova. PORTUGUÊS
adicionar, acrescentar v
aggiustare v. tr. [io aggiusto ecc.] rimettere qualcosa in grado di funzionare, in buono stato, in ordine, in
regola: aggiustare il sale PORTUGUÊS acertar v
albicocca sf PORTUGUÊS damasco sm ( )
albume sm il bianco dell'uovo PORTUGUÊS clara de ovo sf
amalgamare
v. tr. [io amàlgamo ecc.] 1. (estens.) impastare, legare insieme: amalgamare la farina con
l'acqua PORTUGUÊS amalgamar, misturar v
amarena
sf PORTUGUÊS cereja amarga, marasca sf ( )
ananas
sm PORTUGUÊS abacaxi sm ( )
anguria sf, cocomero sm PORTUGUÊS melancia sf ( )
apriscatole
sm PORTUGUÊS abridor de latas sm ( )
arachide sf PORTUGUÊS amendoim sm ( )
arancia sf PORTUGUÊS laranja sf ( )
arrostire v. tr. [io arrostisco, ecc.] 1 cuocere al fuoco vivo: arrostire le castagne PORTUGUÊS assar v
attaccarev. tr. [io attacco, tu attacchi ecc.] 1 unire fra loro due o più cose; farle aderire strettamente. v. rifl. o
intr. pron. 2 aderire, appiccicarsi: il sugo si è attaccato
PORTUGUÊS grudar, aderir v
avocado sm PORTUGUÊS abacate sm ( )
bagnomaria
s. m. invar. oggi usato solo nelle loc. cuocere, scaldare a bagnomaria, immergere in acqua
bollente il recipiente che contiene ciò che deve essere riscaldato.
PORTUGUÊS banho-maria sm
barattolo
sm PORTUGUÊS vidro, lata sm, sf ( )
bicchiere sm PORTUGUÊS copo sm ( )
biscotto sm PORTUGUÊS biscoito sm
biscotto savoiardo sm PORTUGUÊS biscoito champanhe sm
bollire v v. intr. [io bóllo ecc.] 1 detto di liquidi, passare dallo stato liquido a quello di vapore, formando delle bolle
che salgono e si liberano in superficie: l'acqua bolle a 100 gradi | detto di cibi, cuocere nell'acqua in ebollizione: le
patate bollono; qualcosa bolle in pentola,
PORTUGUÊS ferver v
bottiglia sf PORTUGUÊS garrafa sf ( )
buccia sf PORTUGUÊS casca sf
budino sm PORTUGUÊS pudim sm
burro sm PORTUGUÊS manteiga sf
bustina sf PORTUGUÊS envelopinho, saquinho sm
cacao sm PORTUGUÊS cacau sm
carta d’alluminio sf PORTUGUÊS papel de alumínio sm
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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