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minha vida! e até hoje, se a gente se enxergasse... eu não posso nem
olhar né. Eu... se sei que ele tá por perto, eu nem olho (riu). [...] eu
comecei a namorar ele com doze anos... eu era uma diabinha... muito
pequena... eu comecei a namorar ele com doze anos... era aquele
namorico, assim, bem antigamente, eu namorava ele assim,
namorava, beijava, saía, fugia do pai... fugia. Olha, o Renato é um
santo, perto do que eu era! Eu fugia do pai, e ia para os bailes. A mãe
se apavorava, dizia que o pai ia me bater, fazer... eu apanhei, já, por
causa dele, umas boas dumas cintadas, eu apanhei por causa do
Pierre, por que eu fugi e fui para um baile com ele ! (deu risadas). Eu
com isso, depois que eu me diverti, o que levar é lucro! (risadas).
(Renata, mãe do Renato – pai adolescente da Família Vermelha)
Roberto, o pai de Renato, tinha 50 anos, era militar aposentado, possuía dois
filhos e tinha o segundo grau completo. Renato era o único filho do casamento com
Renata. Ele constituiu novo casamento, formando uma família com Regina, havia 14
anos, com a qual possuía a filha Rita, de oito anos.
No entanto, Renato, não aceitava o casamento do pai e nem a irmã, com a
qual mantinha um vínculo afetivo fraco.
Eu acho que foi quando a guria nasceu [...] Quando a mulher
engravidou, e o que era para ele ter feito? Chegado para o Renato,
que, apesar da idade, era uma criança na época, era para ter dito
assim: A fulana está grávida... Regina, o nome da mulher, lembrei...
(risada). A Regina está grávida. Aí era para ter que feito o quê? Vou te
explicar:A Regina está grávida, assim, assim. Mas não! Quando o
Renato viu, já estava com a barriga grande. Aí ele chegou em casa e
disse: “Mãe, tu sabia que aquela mulher está grávida?”. Chamou
“aquela mulher”... “Aquela mulher”, sempre chamou “aquela mulher”,
de vez em quando ele dá o nome dela, mas depende da situação. Aí o
Roberto pegou e disse assim: “Vim buscar o Renato.”. Pegou Renato
e levou. Aí, quando Renato chegou na casa dele, ele a apresentou:
“Essa é tua irmã.”. Aí ele pegou e disse que ficou assim parado, não
falou nada. Aí passou aquele sábado, chegou no domingo de noite
numa revolta, ... Numa revolta. [...] O que tu tem Renato? – “Nada!” –
Tu não podes falar? – “Não!” – Porque ele não é falar. O Renato não
é de falar! Ele não é de falar muito. Perguntar qualquer coisa que ele
viu, que ele saiba, ele vai dizer: “Não sei, não vi!”. Até aí, tudo bem!
Deixei ele se acalmar, porque alguma coisa tinha acontecido, e eu não
quis entrar fundo. Ele está com a raiva até hoje. [...] Aí ele foi para
aula, segunda. Os professores mandaram bilhetinho para mim, que ele
estava impossível, primeiro dia, queriam falar comigo. Se eu podia ir lá
ao colégio. [...] Marcaram o dia, eu ia lá ao colégio outro dia. Durante
três dias ele botou fora os bilhetes. [...] Botou fora os bilhetes e entrou
igual no colégio, sem os bilhetinhos. Aí, no terceiro dia, ele chegou no
colégio, continuava nervoso. Aí, no colégio, na hora do recreio, ele
derrubou uma servente. [...] A diretora do colégio, conhecendo o meu
pai, que morava bem ali pertinho, ligou para o pai. – “Não... tu vem