208
Os primeiros discos fabricados no Brasil foram feitos por meio do
sistema manual de prensagem.
377
Inicialmente, as gravações não obtinham bons
resultados sonoros, porque os processos de captação e reprodução eram
mecânicos. A qualidade começou a melhorar a partir da década de 1920, com o
desenvolvimento do sistema de gravação elétrica
378
e do microfone
379
, que
revolucionaram o processo de captação sonora.
No que diz respeito à reprodução do som, a passagem da tecnologia
mecânica para a elétrica foi gradativa e conectada aos avanços tecnológicos
relativos à transmissão da música por meio do rádio. Após o gramofone veio a
vitrola
380
, que ainda funcionava de maneira mecânica, e, por fim, na relação
377
A fábrica Odeon era composta por onze departamentos e tinha auto-suficiência industrial. Com
uma equipe de 150 operários, operava com trinta prensas manuais de precisão capazes de produzir
125.000 discos por mês. Para um dia de trabalho, previam-se serem feitos, em média, 4166 discos, o
que daria 13 discos por hora de prensa, numa jornada de 12 horas, com um disco a cada minuto.
Ibidem. p.203.
378
Ao longo da primeira metade do século XX, houve mudanças na organização da fonografia no país.
Os cilindros foram substituídos definitivamente pelos discos, o fonógrafo pelo gramofone. O número
de gravações aumentou, uma fábrica de discos foi instalada no Rio de Janeiro e artistas da cidade de
São Paulo e do Rio Grande do Sul passaram, timidamente, a fazer parte do repertório dos
companheiros fonográficos. Em seguida, nos anos 20, a tecnologia mecânica de gravação de discos
deu lugar à tecnologia elétrica, e o gramofone foi substituído pela vitrola. A cidade de São Paulo
passou a abrigar estúdios de gravação permanentes, e o repertório tornou-se mais variado. Nas décadas
seguintes, a história da fonografia brasileira é mais conhecida, não apenas porque mereceu mais
estudos, mais também porque criou um modelo de atuação muito semelhante àqueles dos anos 70 e 80,
quando popularizou o formato do LP e, em seguida, nos anos 90, quando inaugurou o formato de CD
GONÇALVES, Camila Koshiba. Op. cit., 2006. p.10.
379
“Nas primeiras gravações elétricas pelo processo elétrico, foram levantadas questões quanto a
possibilidade de serem alterados níveis de execução; suposições geradas pelo desconhecimento do
novo processo. No entanto, o clima no estúdio de gravação era o mesmo a troca do cone metálico das
gravações mecânicas pelo microfone foi a única mudança visível.” FRANCESCHI, Humberto M. Op.
cit., p.209.
380
Veio a gravação elétrica (em 1925) e cada marca adotou um nome comercial. A Victor lançou a
Ortophonic Recording, a Columbia a Viva Tonal, a Odeon a Veroton. No mesmo ano a velocidade da
gravação foi uniformizada mundialmente em 78 rpm. Os gramofones ainda eram acústicos (sem
amplificadores), apesar de já serem montados em móveis com a corneta embutida e compartimentos
para armazenar discos. Um dado curioso: todo aparelho de corneta embutida tinha o sufixo “ola” na
marca. Assim o aparelho de Edison que reproduzia os cilindros de amberol era a “Amberola”, da
Columbia era a “Grafonola”, da Odeon era a “Odeonola”, da Victor era a “Victrola”. O nome Victrola
era utilizado para designar o “top” de linha da Victor. No selo “Victrola” gravaram Caruso, Schipa,
Heifetz e Paderewsky, entre outros. Vulgarmente, os aparelhos de corneta embutida passaram a ser
conhecidos como vitrolas ortofônicas, que nada mais eram que gramofones montados em móveis. A
qualidade de reprodução era melhor, mas ainda deixava a desejar. Ainda em 1925, a Radio
Corporation of America (RCA) lançou o “Radiola 104”, um alto-falante para rádios desenvolvido pela
General Electric Co., que daria o impulso necessário ao surgimento da máquina falante elétrica.
ALMEIDA, Marcelo de. A evolução do registro sonoro. 03/07/2003. Disponível em: