alguns investigadores preferem chamar de período de ‘análise através da
síntese’. Depois de estabelecer um sistema taxonômico bem fundado para
subordinar diversos objetos a uma mesma categoria, o adolescente desenvolve
um esquema conceitual hierárquico que expressa “graus de similaridade”
progressivamente maiores (por exemplo: rosa-flor-plantas-mundo orgânico).
Daqui em diante esse esquema determinará todo o seu método de classificação.
Obviamente, uma vez que a pessoa tenha feito a transição para tal modo de
pensamento, ela se concentrará, principalmente, nas relações “categoriais” entre
os objetos e não em seu modo concreto de interação (LURIA, 1990, p. 69).
No momento que o indivíduo consegue, portanto, generalizar os objetos e fenômenos,
destacando o que é geral e isolando as demais características, ele está, segundo Menchiskaia
(1969), realizando o processo mental denominado de abstração. Esse processo pode ser
evidenciado na leitura, no momento em que o leitor destaca as principais informações de um
texto, isolando-as das demais (idéias secundárias) e compreendendo-as como elementos que
corroboram na produção de sentido às idéias principais. Fica evidente que a generalização e a
abstração são dois processos indissociáveis, como cita o autor “[...] es imposible unificar
mentalmente todos los árboles si no nos abstraemos de lãs diferencias que existen entre ellos
24
”
(MENCHISKAIA, 1969, p. 240).
Esse período ou estágio denominado por Luria como capacidade de análise e síntese,
como já apontamos anteriormente, e discutido por Menchiskaia, permite dividir mentalmente o
todo em partes, isolando os signos, qualidades e aspectos característicos e, ao mesmo tempo,
permite realizar, em contraposição, a síntese, que é justamente a unificação mental das partes, dos
signos, das qualidades ou informações de um texto, por exemplo. O autor relaciona esses
processos à leitura:
Cuando leemos, separamos distintas frases, palabras y letras del texto y, al
mismo tiempo, las ligamos unas con otras: las letras las reunimos en palabras,
las palabras en oraciones, las oraciones en unas u otras partes del texto. Cuando
se relata algún acontecimiento, mentalmente se disgregan algunos episodios
aislados; pero, al miesmo tiempo, se marca la relación de unos con otros, la
dependencia entre ellos. Esto mismo tiene lugar en todas las actividades del
pensamiento
25
(MENCHISKAIA, 1969, p. 237).
24
“[...] é impossível unificar mentalmente todas as árvores se não abstraímos as diferenças que existem entre elas”
(MENCHISKAIA, 1969, p. 240, tradução nossa).
25
“Quando lemos, separamos frases, palavras e letras distintas do texto e, ao mesmo tempo, relacionamos umas com
as outras: as letras são reunidas em palavras, as palavras em orações, as orações em partes do texto. Quando se relata
algum acontecimento, mentalmente se desagregam alguns episódios isolados, mas, ao mesmo tempo, marca-se a
relação de uns com os outros, a dependência entre eles. Isto acontece em todas as atividades do pensamento”
(MENSCHISKAIA, 1969, p. 237).