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para a sucessão presidencial, em 1930, fizeram oposição, na Paraíba, à candidatura de
João Pessoa à vice-presidência da República
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No dia seguinte, A União acrescentou outra ação de “manifestação de desagravo
das classes estudiosas” que, durante a “passagem pelo prédio onde residiu “o covarde e
execrável assassino”, os estudantes invadiram “as suas dependências, retirando para o
meio da rua os trastes pertences do sicário e queimando-os na Rua Duque de Caxias.”
Joffily (1979) descreve um “enterro simbólico” de Washington Luís, realizado também
pelas alunas da Escola Normal pelas ruas da capital. No final do cortejo, lançaram o retrato
do Presidente em uma fogueira para ser queimado. O Diário da Noite, através de um
correspondente paraibano, publicou, na edição do dia 09 de agosto de 1930, um
requerimento do Conselho Municipal, solicitando a retirada do retrato de João Suassuna da
galeria de ex-Presidentes da Paraíba.
Igualmente, A União destaca outras manifestações do mesmo caráter: “O povo de
Souza apaga a fachada do grupo escolar que tinha o nome de João Suassuna.” Em Santa
Rita, após a missa, o “povo” saiu “carregando o retrato do Presidente João Pessoa”, em
seguida, retirou o nome do Dr. Massa e substituiu por “29 de julho”; em outra rua, “retirou a
placa de uma das ruas com o nome de João Suassuna” e substituiu pelo nome de João
Pessoa; por último, colocaram na prefeitura o retrato do “eminente brasileiro.”
Assim, manifestações nas ruas, “corre-corres” e “quebra-quebras” foram intensos
desde a morte de João Pessoa até a madrugada da Revolução, como nos lembra Joffily
(1979 p.298), e repetia-se com freqüência, na capital e no interior do estado, a “caça aos
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João Machado foi governador da Paraíba entre 1908 e1912. Seu Governo foi caracterizado pela transição do
poder político do Alvarismo (através de Álvaro Machado, que comandava a política paraibana entre 1892 até
1912) para o Epitacismo (tendo como líder Epitácio Pessoa que, naquele momento, já era bastante influente no
cenário político nacional). Dessa forma, os políticos da oligarquia alvarista passaram para a oposição; Camilo de
Holanda, deputado federal pela Paraíba, e amigo de Epitácio Pessoa, foi indicado para o Governo da Paraíba no
período de 1916 a1920. Sua escolha aumentou os conflitos entre os dois grupos rivais dentro do Epitacismo: os
“goelas” e os “jovens turcos”, liderados por Antônio Pessoa, irmão de Epitácio. A exclusão dos “jovens turcos”
pela política de Camilo acirrou as discórdias e perseguições. Com a morte de Antônio Pessoa, dizia-se que
Camilo de Holanda, ao saber do fato, fizera comentários desagradáveis. Após a confirmação desses fatos,
Epitácio rompeu com Camilo e o excluiu da política paraibana. Heráclito Cavalcanti não assumiu nenhum cargo
político, era desembargador, mas foi chefe político oposionista na capital paraibana desde 1915 até 1930.
Realizou algumas ações sociais, como o apoio à venda de alguns fardos de algodão em benefício do orfanato D.
Ulrico. No período eleitoral, foi duramente perseguido por João Pessoa pelo seu apoio ao Catete; Julio Lyra era
afilhado e protegido do governador da Paraíba, João Suassuna (1924-1928). Nesse período, exercia o cargo de
chefe da polícia do estado e era preferido de Suassuna para sucedê-lo no cargo. Epitácio Pessoa impôs a sua
vontade e não quis Julio Lyra. Contra a vontade de Suassuna, indicou João Pessoa. Julio Lyra foi nomeado para
o posto da 2ª presidência; Isidro Gomes era deputado estadual, ex-epitacista durante o Governo João Pessoa.
(1928-1930). Após o assassinato de João Pessoa,
não mais comparecia às sessões da Casa, temendo a própria
vida, assim como os demais deputados perrepistas. (Ver referências LEWIN, Linda. Política e parentela na
Paraíba: um estudo de caso da oligarquia de base familiar. Rio de Janeiro: Record, 1993. MELO, Fernando.
João Pessoa: Uma Biografia. 3 ed. João Pessoa, ed. Ideia, 2003. RODRIGUES, Inês Caminha Lopes A
gangorra do poder (Paraíba – 1889/1930). João Pessoa: Universitária/UFPB,1989 e RAPOSO, Eduardo. 1930:
Seis versões e uma revolução. História Oral da política paraibana (1889-1930). Fundação Joaquim Nabuco,
Ed. Massangana, Recife, 2006).