2- Não, isso foi quando eu fui fazer fisioterapia.
1- Ah certo, é por que tu tens além da pedagogia, fisioterapia?
2- Mas eu não me formei, eu fiz até... até concluir... eu não fiz os estágios, porque eu não tinha interesse de atuar na
área, então eu fiz o 1º, o 2º e o 3º ano eu fiz todas as disciplinas, fisiologia, patologia, ortopedia, neurologia, eu fiz todas
as disciplinas, pediatria, para me instrumentalizar, pra poder dar um serviço bom e adequado pra criança com a qual eu
trabalhava né, até em respeito a ela.
1- Vamo fala um pouquinho da pedagogia, tu consegue relembrar dessa tua formação em pedagogia, de que forma
que ela contribuiu pro teu trabalho?
2- Assim, de uma maneira assim... gigantesca né, observando o comportamento da criança, respeitando as
necessidades dela, nunca... nunca atropelando, sempre deixando que a criança escolha, faças as escolhas, nunca
forçando, permitindo que ela sempre fizesse as escolhas, até no momento que ela tivesse que estudar as matérias, sabe,
curriculares, porque existem momentos quando a criança esta hospitalizada que ela precisa dessa liberdade, ela não
pode tentar e você não pode dizer ―Esse horário você tem que fazer‖, você pergunta, mas sempre com muito jeitinho e
tenta estimular para que estude, comento alguma coisa, traz alguma coisa que se relacione a atividade que ela vai fazer,
um desenhinho, um filminho, um livrinho, algo que possa estimular, mas indiretamente, nunca forçando, nunca
pressionando, porque eu não gosto de pressão no leito, eu acho que pressionando ninguém rende, ninguém consegue
render o que realmente é capaz.
1- Poderia, né?
2- Exatamente e uma criança hospitalizada principalmente o oncológico, ela passa por um processo quimioterápico
que é pesado, a medicação é uma revolução orgânica, eles tem perda de memória, é provado cientificamente isso,
(incompreensível) tem muitos medicamentos que fazem isso, então não adianta você querer ficar sabe, eu acho que em
momento nenhum, eu acho que a nossa escola ela peca nisso, ela precisa ser reformulada, pra que os nossos alunos
tenham aquele prazer de estudar, aquela vontade, aquele amor que tu não observas mais hoje nas universidades, ―Ai
professora é chato‖, ―Ai vamo matar‖, antigamente na minha época, não sei se é porque eu sou muito jurássica, a gente
corria atrás do professor pra pedir listinha de material pra gente ler, pra gente se instrumentalizar, hoje em dia meu Deus,
tu dá um material, eles não querem nem ler aquele que tu deu, é...
1- Na tua opinião quais são os saberes fundamentais pra um pedagogo que queira trabalhar num hospital?
2- Ele tem que ter... a formação pedagógica que é fundamental, ele tem que ser um pedagogo, eu acho que o
melhor para atuação é o orientador, que o orientador tem uma outra visão.
1- E qual é essa visão desse orientador?
2- Que o orientador é muito aberto, né, para as outras, as outras áreas, ele não é tão direcionado, ―Ah isso tem que
ser assim‖, ele tem uma outra leitura das coisas, ele pode trabalhar com várias séries ao mesmo tempo, né, pelo
conhecimento, porque na verdade ele é um especialista em educação, né, em função disso, eu acho o orientador
educacional o melhor indivíduo pra trabalhar na área hospitalar e ele tem que se instrumentalizar, fazendo curso de, nem
que seja como ouvinte, mas ele tem que conhecer ortopedia, neurologia, patologia, fisiologia, ele tem que conhecer,
cirurgia, tem que ter noção de músculo, porque magina se né, vai fazer um movimento pode destruir uma cirurgia, fazer
sangrar, todo um trabalho que foi feito anterior pra criança, você vai ta botando em risco, eu acho que é muito sério, ele
tem que ter um conhecimento bem amplo dessas áreas sabe e tem que ler muito e lê todos os prontuários, ele não pode
simplesmente ir atender sem ler prontuário, primeira coisa que ele tem que fazer é o que aconteceu com o indivíduo, o
que foi feito, pra depois ele pensar quais atividades ele vai poder levar, como sugestão pra que a escolha seja feita, né,
porque ele não pode levar de repente, uma criança fez enxerto, ―Ah vo leva uma bola pra ela‖, fez enxerto no membro
inferior, vo leva uma bola pra ela, ela vai chutar, que que a criança vai fazer... perde o enxerto, isso é uma agressão, isso
não é uma ajuda, isso é uma adequação, mesma coisa que você pegar uma bolinha e quere estimular uma pessoa com
morte cerebral, não tem lógica, mas o pedagogo ele pode até dentro da UTI faze diferença, porque eu trabalhei muito na
UTI e deu pra fazer um trabalho muito bom nos períodos que eu estava, que eu estava aqui, porque a UTI pediátrica foi o
primeiro, em Joinville, foi a primeira implantada em Joinville foi a do São José, o Regional não tinha, depois... quando nós
migramos montamos a nossa UTI, sendo do São José lá no Regional e a UTI pediátrica do Infantil também foi a nossa
que foi levada pra lá com toda a equipe, equipamentos, plantonistas.
1- E tudo que envolve isso.
2- E tudo que envolve isso.
1- Deixa eu te perguntar, tu já conheceu outras classes, outros pedagogos que atuam em hospitais?