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natureza, enfim, e entretecendo esses elementos de maneira a
despertarem a emoção ou interesse. Uma cidade é antes do mais uma
ocorrência emocionante do meio ambiente. Senão, atente-se na
pesquisa e nos esforços dispendidos para a tornarem uma realidade:
contingentes de demógrafos, sociólogos, engenheiros, peritos de
tráfego, etc., empenhados no concerto de uma infinidade de factores
que possibilite a criação de uma organização fundamental, viável e
saudável. É um tremendo empreendimento humano! (CULLEN, 1971,
p. 10)
Ao estudar as relações entre imagem e indivíduo, existentes nas cidades
norte-americanas de Boston, Jersey City, Los Angeles, Lynch (1999) conceituou
e explicou a imaginabilidade e legibilidade da forma urbana.
A malha viária, composta pelas vias públicas e seus componentes, é
forte elemento do desenho urbano de uma cidade e pode imprimir à cidade forte
significado emocional. O espaço com uma imagem agradável tem o poder de
instigar interesses, anseios e desejos em relação a ela, atraindo assim mais e
mais pessoas. Segundo Lynch (1999) o conceito de imaginabilidade é definido, e
tem como objetivo:
A característica, num objeto físico, que lhe confere alta probabilidade
de evocar uma imagem forte em qualquer observador dado. (...) Um
ambiente bonito tem outras propriedades básicas: significado ou
expressividade, prazer sensorial, ritmo, estímulo, escolha. Nossa
concentração na imaginabilidade não nega a importância delas. Nosso
objetivo consiste apenas em leva em conta a necessidade de
identidade e estrutura em nosso mundo perceptivo, e ilustrar a
relevância especial dessa qualidade para o caso específico do espaço
urbano, complexo e mutável.
(LYNCH, 1999, p 11-12)
A legibilidade é um conceito que não considera somente a cidade como
uma coisa em si, mas a cidade de modo como a percebem seus habitantes. Um
espaço legível serve como um organizador de espaço, gerando facilidade de
locomoção, segurança emocional, forte significado expressivo e
desenvolvimento individual.
A legibilidade também é entendida como a capacidade de compreensão
física de um determinado local e a posterior desta associação com seu uso.
(BENTLEY, 1999) Ela é conceito essencial, juntamente com a variedade,
versatilidade, imagem apropriada, personalização e permeabilidade, para a
obtenção da vitalidade da intervenção urbana. Para Bentley (1999) a
permeabilidade é a capacidade de a intervenção gerar diferentes acessos, tanto
físicos quanto visuais, permitindo assim interação entre indivíduo e espaço, já