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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA E
GEOCIÊNCIAS
AVALIAÇÃO TEMPORAL DE VARIÁVEIS
LIMNOLÓGICAS DO RESERVATÓRIO RODOLFO
COSTA E SILVA - RS, E O USO DA TERRA NA ÁREA
DE CAPTAÇÃO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Sérgio Celestino de Bona Sartor
Santa Maria, RS, Brasil
2008
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1
AVALIAÇÃO TEMPORAL DE VARIÁVEIS LIMNOLÓGICAS
DO RESERVATÓRIO RODOLFO COSTA E SILVA - RS, E O
USO DA TERRA NA ÁREA DE CAPTAÇÃO
por
Sérgio Celestino de Bona Sartor
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação
em Geografia, Área de Concentração em Análise Ambiental e Dinâmica
Espacial, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre em Geografia
Orientador: Prof. Dr. Waterloo Pereira Filho
Santa Maria, RS, Brasil
2008
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2
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Naturais e Exatas
Programa de Pós-graduação em Geografia e Geociências
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado
AVALIAÇÃO TEMPORAL DE VARIÁVEIS LIMNOLÓGICAS DO
RESERVATÓRIO RODOLFO COSTA E SILVA - RS, E O USO DA
TERRA NA ÁREA DE CAPTAÇÃO
elaborada por
Sérgio Celestino de Bona Sartor
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Geografia
COMISSÃO EXAMINADORA:
__________________________________________
Waterloo Pereira Filho, Dr.
(Presidente/Orientador)
___________________________________________
Cláudio Clemente Faria Barbosa, Dr. (INPE - SP)
__________________________________________
Roberto Cassol, Dr. (UFSM)
Santa Maria, 20 de fevereiro de 2008.
3
Dedico aos meus amores:
filho Eduardo e esposa Luciane.
Aos meus queridos pais:
Alba (in memorian) e Antônio.
E aos meus irmãos:
Célio, Olga, Dilva, Donizete, Vilma, Edna e Edson (in memorian).
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela oportunidade e pela vida.
À Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pela oportunidade de estudo, pesquisa e
aperfeiçoamento técnico-científico e cultural.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo custeio à
pesquisa, Projeto PROCAD nº 258059 "Desenvolvimento de estudos e métodos para análise das
características da água no contexto espaço-temporal".
À Petrobrás Ambiental, através do Projeto 1230 - Centro Internacional de Projetos
Ambientais (CIPAM), pelo apoio à pesquisa.
À Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN - RS), pelo apoio logístico à pesquisa.
Ao Professor Dr. Waterloo Pereira Filho, pela orientação ao Curso de Mestrado e pela
compreensão e profissionalismo.
Ao Professor Dr. Roberto Cassol, pela co-orientação ao Curso de Mestrado e pela atenção.
Aos professores e colegas do Curso de Mestrado, pela atenção e amizade.
Ao colega do Curso de Mestrado Flávio Wachholz, pelo apoio às pesquisas de campo e de
laboratório em meu Curso. Um pesquisador incansável, profissional, leal e um grande amigo.
Aos Professores Dr. Valderi e Erico, e à doutoranda Adriane M. Nunes, pelo apoio à pesquisa
no Laboratório de Espectrometria Atômica - Departamento de Química/CCNE/UFSM.
Às acadêmicas do Curso de Geografia Aline Biasoli Trentin, Carline Biasoli Trentin, Daniela
Wancura Barbieri e Gisieli Kramer, que colaboraram nas coletas de campo.
À Secretária Leonice Ferreira, pela assistência administrativa ao Curso de Mestrado.
Ao Senhor Sérgio Antônio Martini - Engenheiro Civil da CORSAN - RS, pelo apoio
administrativo à pesquisa.
Ao Senhor José João R. de Vargas, funcionário da CORSAN - RS, pelo apoio na pilotagem
do barco a motor para as coletas de campo.
Aos meus amores, Luciane Vieira e Eduardo Vieira Sartor, minha eterna gratidão pelo amor,
carinho, amizade, compreensão e abnegação, os suportes psicomorais da família.
Aos meus queridos pais Antônio de Bona Sartor e Alba Gallon Sartor (in memorian), pelo
amor, carinho, amizade e pelo constante incentivo ao estudo e à cultura.
Aos meus irmãos, pelo amor, amizade e incentivo.
Aos chefes e colegas do Colégio Militar de Santa Maria.
A todas as pessoas que de alguma forma proporcionaram algum apoio.
5
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Geografia e Geociências
Universidade Federal de Santa Maria
AVALIAÇÃO TEMPORAL DE VARIÁVEIS LIMNOLÓGICAS DO
RESERVATÓRIO RODOLFO COSTA E SILVA - RS, E O USO DA
TERRA NA ÁREA DE CAPTAÇÃO
AUTOR: SÉRGIO CELESTINO DE BONA SARTOR
ORIENTADOR: WATERLOO PEREIRA FILHO
Santa Maria, 20 de fevereiro de 2008.
A relação do homem com o ambiente, inicialmente, ocorre de forma natural. Passado algum
tempo, um acelerado crescimento populacional e surgem novas tecnologias, que
intensificam as atividades antrópicas tanto no ambiente terrestre quanto no aquático, impondo
assim, desequilíbrio na relação homem-natureza. Desse modo, quantitativa e qualitativamente,
a água no planeta encontra-se em risco devido à poluição. Por isso, a conservação dos
recursos hídricos é uma preocupação crescente dos órgãos públicos e privados. Estudos e
pesquisas voltados à integração dos ecossistemas terrestre e aquático vêm se destacando,
visando à proteção e preservação do ambiente. Dessa maneira, objetivando uma abordagem
integrada dos ecossistemas terrestre e aquático, na dinâmica da qualidade ambiental, este
trabalho identificou a relação entre as características limnológicas do Reservatório Rodolfo
Costa e Silva - RS, com o ecossistema terrestre, de acordo com o uso da terra e as
características físicas da área de captação do Reservatório. Criou-se um banco de dados
geográficos no aplicativo SPRING, que, utilizando cartas topográficas, imagens dos Satélites
CBERS-2 CCD e do LANDSAT-5 TM e dados de GPS, foram elaborados os mapas
temáticos de declividade, de uso da terra, de áreas de preservação permanente (APP) e de
conflitos ambientais. Do resultado da análise desses dados, identificou-se que, quanto ao uso
da terra na área de captação do Reservatório, predominaram dentro dos ciclos agrícolas,
respectivamente, a agricultura, o campo e a floresta. Em relação às APP localizadas na faixa
marginal das drenagens e no entorno das nascentes e do próprio Reservatório, à luz da
legislação ambiental federal vigente, identificou-se que o local apresenta mais de 72% das
APP com conflitos ambientais. A respeito das classes de declividade do relevo, a área de
estudo é representada na maioria por formas plana a fracamente ondulada. Quanto à avaliação
das características limnológicas do Reservatório, as diferenças mais expressivas ocorreram
nas variáveis total de sólidos em suspensão (TSS), transparência da água e potencial
Hidrogeniônico (pH). Portanto, pode-se inferir que as maiores alterações apresentadas pelas
variáveis limnológicas no período de 20/10/2005 a 26/09/2006 estão vinculadas, de maneira
geral, à primeira (20/10/2005), segunda (18/11/2005), quarta (06/01/2006), sétima
(25/03/2006) e décima terceira (26/09/2006) coletas de campo, associadas com o uso da terra
destinado às classes agricultura (especialmente solo exposto) e campo; e à influência dos
maiores índices pluviométricos ocorridos a 26 e 7 dias anteriores à realização das coletas de
campo. As diferenças nos tipos de uso da terra proporcionaram compartimentos limnológicos
distintos, o que aponta a influência do ecossistema terrestre sobre o aquático no Reservatório.
Palavras-chave: variáveis limnológicas, bacia hidrográfica, uso da terra, cartografia, imagens
de satélite.
6
ABSTRACT
Master Degree Dissertation
Post Graduate Program of Geography and Geosciences
Federal University of Santa Maria
TEMPORAL EVALUATION OF LIMNOLOGIC VARIABLES AT
RODOLFO COSTA E SILVA RESERVOIR - RS, AND THE LAND USE
IN THE DAM UP AREA
AUTHOR: SÉRGIO CELESTINO DE BONA SARTOR
TUTOR: WATERLOO PEREIRA FILHO
Santa Maria, February 20, 2008.
The relationship between man and environment initially happens in a natural way. After a
while, there is an accelerated populational growth, and new technology comes, which
intensifies the human actions both in the terrestrial environment and in the aquatic one,
imposing, therefore, unbalance in the relation man-nature. Thus, quantitative and
qualitatively, the water in the planet finds itself at risk due to pollution. Consequently, the
hydrological resources conservation is an increasing concern among public and private
organs. Studies and researches concerning the integration of terrestrial and aquatic ecosystems
have outstood, aiming at protecting and preserving the environment. Hence, having an
integrated approach of both terrestrial and aquatic ecosystems as an objective, prioritazing
quality to the environment, this research identified the relation between the limnologic
characteristics of Rodolfo Costa e Silva Reservoir - RS and the terrestrial ecosystem,
according to the land use and the physical characteristics in the Reservoir dam up area. A
geographical data bank was created in the SPRING applicative, which, making use of
topographic maps, Satellite images CBERS-2 CCD and of LANDSAT-5 TM and GPS data,
made it possible to elaborate thematic maps of declivity, land use, of permanent preservation
areas (APP) and of environmental conflicts. From this data analysis result, it was identified
that, concerning the use of land in the Reservoir dam up area, what predominated in the
agricultural cycles, respectively, were the agriculture, the field and the forest. Regarding the
APP located at the drainage marginal areas and around the springs and the Reservoir itself,
according to the up-to-date federal environmental legislation, it was verified that the place
presents more than 72% of the APP with environmental conflicts. As for the relief declivity
classes, the study area is mainly represented by plain forms and some slightly wavy ones.
About the Reservoir limnologic characteristics evaluation, the greatest differences happened
in the variables total of solids in suspension (TSS), water transparency and hydrogen ion
concentration (pH). Therefore, it can be inferred that the higher alterations presented by the
limnologic variables from Oct. 20, 2005 through Sep. 26, 2006 are linked, in a general way,
to the first (10/20/2005), second (11/18/2005), fourth (01/06/2006), seventh (03/25/2006) and
thirteenth (09/26/2006) field collections, associated with the use of land destined to the
agriculture classes (especially exposed soil) and field; and to the influence of the highest
pluviosity registers occurred 26 and 7 days prior to the field collections. The differences in
how to use the land provided distinct limnologic compartments, which points out to the
influence of the terrestrial ecosystem in the aquatic one in the Reservoir.
Key-words: limnologic variables, drainage basin, land use, cartography, satellite images.
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 2.1 - Faixa do espectro eletromagnético .................................................................................... 25
Figura 2.2 - Sistema de aquisição de imagens de satélite .................................................................... 26
Figura 2.3 - Estrutura e organização de um banco de dados geográficos ............................................ 29
Figura 2.4 - Representação vetorial e matricial (raster) de um mapa temático .................................... 30
Figura 3.1 - Fluxograma do procedimento metodológico .................................................................... 34
Figura 3.2 - Mapa da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS .......................... 35
Figura 3.3 - Mapa dos compartimentos aquáticos do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ......... 44
Figura 3.4 - Processo de medida e identificação do TSS do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS 45
Figura 4.1 - Mapa de declividade da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS .. 48
Figura 4.2 - Mapa de uso da terra da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS .. 51
Figura 4.3 - Variação do nível da água do Reservatório durante o ano hidrológico ............................ 54
Figura 4.4 - Mapa das APP da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ............ 55
Figura 4.5 - Mapa das áreas de conflitos ambientais da área de captação do Reservatório Rodolfo
Costa e Silva - RS ................................................................................................................................. 57
Figura 4.6 - Área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS, com conflitos ambientais
da 5ª coleta de campo (01/02/2006) ...................................................................................................... 58
Figura 4.7 - Variação da profundidade nos pontos amostrais do Reservatório Rodolfo Costa e Silva -
RS .......................................................................................................................................................... 59
Figura 4.8 - Variação de índices pluviométricos correspondente a 26 e 7 dias anteriores à realização
das coletas de campo do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ...................................................... 60
Figura 4.9 - Variação do TSS da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ........................... 62
Figura 4.10 - Mapa da variação do TSS da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS .......... 63
Figura 4.11 - Variação da transparência da água (DS) do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS .. 65
Figura 4.12 - Mapa da variação da transparência da água (DS) do Reservatório Rodolfo Costa e Silva -
RS .......................................................................................................................................................... 68
Figura 4.13 - Variação da temperatura da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ............. 70
Figura 4.14 - Variação da condutividade elétrica da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS
............................................................................................................................................................... 73
Figura 4.15 - Variação do TDS da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ........................ 75
Figura 4.16 - Variação do pH da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ........................... 77
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1 - Cronograma dos trabalhos de campo e de laboratório e registro das imagens de
satélite, do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ............................................................. 39
Quadro 3.2 - Classes e chaves de interpretação visual dos tipos de uso da terra ................... 40
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 - Classes de declividade da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva - RS ................................................................................................................................ 49
Tabela 4.2 - Classes de uso da terra e ciclos agrícolas da área de captação do Reservatório
Rodolfo Costa e Silva - RS ..................................................................................................... 50
Tabela 4.3 - Estatística descritiva dos dados de vento a 10 metros da superfície (m/s), do
Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ............................................................................... 60
Tabela 4.4 - Estatística descritiva dos dados de TSS (mg/L), do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva - RS ................................................................................................................................ 61
Tabela 4.5 - Estatística descritiva dos dados de transparência da água (DS - cm), do
Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ................................................................................ 66
Tabela 4.6 - Estatística descritiva dos dados de temperatura da água (ºC), do Reservatório
Rodolfo Costa e Silva - RS ..................................................................................................... 71
Tabela 4.7 - Estatística descritiva dos dados de condutividade elétrica S/cm), do
Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ................................................................................ 74
Tabela 4.8 - Estatística descritiva dos dados de potencial Hidrogeniônico (pH), do
Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS ................................................................................ 78
10
LISTA DE SÍMBOLOS E SIGLAS
APP = Área de preservação permanente
c = Coleta de campo
CAP = Compartimentos aquáticos
preliminares
CAPES = Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior
CBERS = Satélite de Recursos Terrestres
China e Brasil
CE = Condutividade Elétrica
CIPAM = Centro Internacional de Projetos
Ambientais
cm = centímetro
CONAMA = Conselho Nacional do Meio
Ambiente
CORSAN = Companhia Riograndense de
Saneamento
DS = Disco de Secchi
GPS = Sistema de Posicionamento Global
ha = hectar
INPE = Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais
Km² = Quilômetro quadrado
LANDSAT = Land Satellite
m = metro
m/s = metro por segundo
MDT = Modelo Digital do Terreno
mg/L = miligrama por litro
MNT = Modelo Numérico do Terreno
nm = namômetro
NPV = Vegetação Não Fotossinteticamente
Ativa
OES = Observatório Espacial do Sul
OMS = Organização Mundial da Saúde
p = plana
PCD = Plataforma de Coleta de Dados
pH = potencial Hidrogeniônico
PROCAD = Projeto de Custeio às Pesquisas
RGB = cores dos canais da faixa de sinal do
visível (R = Red; G = Green; B = Blue)
RS = Rio Grande do Sul
SB = Sub-bacia
SIG = Sistema de Informações Geográficas
SIS = Sólidos Inorgânicos em Suspensão
SOS = Sólidos Orgânicos em Suspensão
SP = São Paulo
SPRING = Sistema de Processamento de
Informações Georreferenciadas
SURCEN = Superintendência Central da
CORSAN
TDS = Total de Sólidos Dissolvidos
TSS = Total de Sólidos em Suspensão
UFSM = Universidade Federal de Santa
Maria
µm = micrômetro
µS/cm = microsistem por centímetro
ºC = Grau centígrado
% = Porcentagem
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................
13
1.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 17
1.1.1 Objetivos específicos ..................................................................................................... 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .....................................................................
19
2.1 Bacia hidrográfica ........................................................................................................... 19
2.2 Integração dos ecossistemas terrestre e aquático ......................................................... 20
2.3 Construção de reservatórios e a limnologia .................................................................. 21
2.3.1 Variáveis limnológicas ................................................................................................... 23
2.4 Sensoriamento remoto .................................................................................................... 24
2.5 Geoprocessamento e sistema de informações geográficas ........................................... 27
2.6 Mapeamento temático de declividade ........................................................................... 30
2.7 Levantamento do uso da terra através da cartografia e de imagens de satélite ....... 31
2.8 Levantamento de áreas de preservação permanente (APP) e de áreas de conflitos
ambientais .............................................................................................................................. 32
3 METODOLOGIA .........................................................................................
34
3.1 Delimitação e caracterização física e socioeconômica da área de estudo .................. 35
3.2 Material e técnicas .......................................................................................................... 37
3.2.1 Construção do Banco de Dados Geográficos ................................................................. 37
3.2.1.1 Ecossistema terrestre ................................................................................................... 39
3.2.1.2 Ecossistema aquático .................................................................................................. 42
3.2.1.2.1 Ciclos agrícolas ........................................................................................................ 42
3.2.1.2.2 Condições atmosféricas ........................................................................................... 43
3.2.1.2.3 Medida e análise das variáveis limnológicas ........................................................... 43
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................................
47
4.1 Mapa temático de declividade ....................................................................................... 47
4.2 Mapa temático de uso da terra ..................................................................................... 50
4.3 Mapa temático das áreas de preservação permanente (APP) ................................... 54
4.4 Mapa temático das áreas de conflitos ambientais ....................................................... 56
4.5 Medida e análise das variáveis limnológicas ................................................................. 58
4.5.1 Total de sólidos em suspensão (TSS) ............................................................................ 60
4.5.2 Transparência da água (DS) ......................................................................................... 64
12
4.5.3 Temperatura da água ..................................................................................................... 69
4.5.4 Condutividade elétrica .................................................................................................. 72
4.5.5 Total de sólidos dissolvidos (TDS) ............................................................................... 75
4.5.6 Potencial Hidrogeniônico (pH) ..................................................................................... 76
4.6 Análise integrada dos ecossistemas terrestre e aquático ............................................ 79
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 86
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 90
13
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO
alguns milhões de anos, com o surgimento do homem pré-histórico, o ambiente
passou a ser explorado, através da utilização racional de seus recursos naturais. A sua
exploração tornou-se um problema a partir da metade do século XVIII, tanto pelo acelerado
crescimento populacional quanto pela moderna tecnologia, determinada pela Primeira
Revolução Industrial, que se agravou no século XX e início do XXI (marcados pela Terceira
Revolução Industrial), uma vez que o homem passou a viver num mundo de alta tecnologia
industrial, caracterizado pela sociedade de consumo, em que os interesses de uma minoria
dominante prevalecem sobre as necessidades de muitos. Como conseqüência da forma como o
homem se utiliza dos bens naturais, explora-os e transforma-os, hoje, ocorre um desequilíbrio
tanto no ambiente terrestre quanto no aquático. Com isso, a preservação do ambiente
sustentável, principalmente da limnologia, na atualidade, é um dos assuntos mais abordados e
discutidos pela sociedade humana.
Entre os recursos naturais, a água é uma das substâncias mais difundidas na natureza,
sendo encontrada em quase tudo o que nos cerca: nas rochas, no solo, na vegetação, no ar, nos
animais (principalmente no homem, cujo organismo é constituído por cerca de 70% de água).
É importante salientar que apenas cerca de 0,3% do total de água do planeta é de fácil acesso
para o consumo da população mundial (BRANCO, 1997; TUNDISI et al., 1999).
Assim como todos os recursos, ela também se encontra em extinção, pois está
ameaçada pela poluição, pela contaminação e pelas alterações climáticas que a sociedade vem
impondo no seu desenvolvimento (BRANCO, 1997). Com o aumento da população e dos
meios de produção, a demanda de água cresce diariamente, tornando-se esgotável. Essa
escassez - quantitativa e qualitativa - fez com que dirigentes políticos, de partidos, de
sindicatos, de órgãos públicos e privados e de ONGs, entre outros, tivessem a preocupação
crescente com estudos e pesquisas voltados à preservação integrada dos ecossistemas terrestre
e aquático e determinassem a necessidade de estipular um valor econômico para esse recurso
hídrico, que deve aumentar com o tempo. Essa medida tem como vantagem a utilização
racional da água; no entanto, apresenta a desvantagem de poder desencadear muitos
problemas socioeconômicos e políticos (TUNDISI et al., 1999; MARTINS e VALÊNCIO,
2003).
14
Rocha (1997 apud TUNDISI et al., 1999 e FUCHS, 2002) afirma que existe um
grande depósito estratégico de águas subsuperficiais, o Aqüífero Guarani, o qual representa
uma área aproximada de 1.195.200 Km² de água, abrangendo quatro países sul-americanos: o
Brasil (que possui aproximadamente 70% dessa reserva), a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.
Formado pelo Sistema Hidroestratigráfico Mesozóico (Jurássico e Triássico), por depósitos de
origem flúvio-lacustre-eólicos, esse aqüífero é confinado pelos basaltos da Formação Serra
Geral e por sedimentos Permo-Triássicos de baixa permeabilidade. Ainda segundo Rocha
(1997), essa água é de excelente qualidade para o consumo doméstico, industrial, para
irrigação e para o desenvolvimento de balneários (em função das médias térmicas serem
superiores a 30°C). Porém, alerta para o fato de que o extrativismo nesse aqüífero vem sendo
feito de forma intensiva e inadequada, exigindo medidas urgentes de preservação sustentável,
nos planos nacional e internacional.
O Brasil é um país privilegiado quanto à disponibilidade de recursos hídricos, pois
possui 12% do total mundial. Mesmo assim, enfrenta problemas pela heterogeneidade de
distribuição desses recursos, ou seja, apresenta regiões com água em abundância, como a
região Norte; e outras com sérios problemas devido à falta de água, como a região Nordeste,
que, além de menor disponibilidade de recursos hídricos, tem um índice populacional bem
maior que a Amazônia (TUNDISI et al., 1999).
Segundo Magnoli et al. (2001), o Estado do Rio Grande do Sul, não muito diferente da
realidade nacional, apresenta uma razoável rede hidrográfica, constituída pelas Bacias
Hidrográficas do Uruguai e Atlântica/Sudeste. No início de sua ocupação e formação, os
povos utilizavam as águas dos principais rios para o consumo doméstico e para a navegação.
Com o passar do tempo, formaram-se vilas e cidades e, havendo elevada expansão destas e do
crescimento populacional, aumentou a demanda de água doce tanto para o consumo
doméstico e transporte fluvial como para a irrigação agrícola, atividade industrial e produção
de hidroeletricidade; surgindo, assim, a necessidade de maior produção e reserva de água no
Estado, principalmente de água tratada para o consumo da população.
Para atender a essa demanda, o governo do Estado do Rio Grande do Sul criou a
Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), com a finalidade de administrar a
construção de reservatórios e lagos de captação de água tratada, para suprir a crescente
demanda, e gerenciar sua manutenção e consumo. Como exemplo, destaca-se, na Figura 3.2, a
área de estudo: o Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS.
15
Nas sub-bacias hidrográficas da área de captação desse Reservatório, são
desenvolvidas atividades agropecuárias, que disponibilizam elevado aporte de partículas e/ou
nutrientes sólidos para o ambiente aquático.
A respeito desse assunto, a literatura prescreve que a construção de reservatórios de
água modifica as condições naturais de uma determinada seção do rio, como o ritmo e a
vazão, formando ambientes lênticos e alterando o comportamento das variáveis limnológicas
(BRANCO e ROCHA, 1977; KIMMEL et al., 1990; ESTEVES, 1998; TUNDISI et al., 1999;
HENRY, 2003). Além disso, localmente, a formação de reservatórios apresenta influência no
clima, na geomorfologia e na ecologia, modificando a fauna e a flora presentes nos ambientes
terrestre e aquático, pois a alteração das características de um ecossistema pode levar à
alteração no outro,
Um problema a ser resolvido refere-se às atividades humanas na área urbana. Elas
geram todo tipo de lixo e esgoto a céu aberto. Na zona rural, também não é diferente, pois é
produzido grande aporte de partículas, nutrientes e resíduos sólidos poluidores, como
agrotóxicos utilizados nas lavouras. Essas substâncias, ao serem carreadas e depositadas nos
rios, nos lagos, nos reservatórios e em outros mananciais, estão causando seu assoreamento,
erosão do solo, grandes alterações físico-químicas e deterioração na qualidade da água, como
a falta de oxigênio devido ao crescimento exagerado das plantas aquáticas e,
conseqüentemente, a morte da ictiofauna (BRANCO e ROCHA, 1977; ODUM, 1983;
ESTEVES, 1998; TUNDISI et al., 1999).
A avaliação do uso da terra, na área de captação das bacias ou sub-bacias hidrográficas
que drenam para um reservatório, é relevante, pois elas influenciam nas características
limnológicas desse reservatório, que recebe todo o material e fluxo energético (água, carga
sólida e dissolvida) das bacias ou sub-bacias que nele deságuam. Isso ocorre principalmente
em áreas de preservação permanente (APP) atingidas pela ação antrópica, através do
desmatamento de florestas e demais formas de vegetação natural (com destaque para as matas
ciliares ou galerias) e pela ação natural da geomorfologia (inclinação das vertentes ou
encostas), que causam, com maior facilidade nos solos expostos, erosões eólica e hídrica
(TUCCI, 1993; ESTEVES, 1998; PEREIRA FILHO, 2000).
Dessa forma, preservar as APP, ou seja, as florestas e demais formas de vegetação
natural, de acordo com resoluções estabelecidas pelo Código Florestal Brasileiro (1965) e
pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA 1985/2002), é fundamental se houver
o interesse em conservar as
características dos ecossistemas terrestre e aquático. Nesse
sentido, é conceito generalizado entre as organizações mundiais de preservação do ambiente
16
que uma região correspondente a uma Unidade de Planejamento com manejo integrado
(Região Fisiográfica, Estado, Bacia ou Sub-bacia Hidrográfica, Município ou Propriedade
Rural) deve possuir, no mínimo, 25% de cobertura florestal e demais formas de vegetação
natural para que se estabilizem os processos de erosão, assoreamento dos rios, dos lagos, dos
reservatórios e demais mananciais, enchentes, produção de matéria-prima e fixação da mão-
de-obra no meio rural (ROCHA, 1999).
Nesse sentido, têm-se realizado estudos e pesquisas visando à preservação, à
exploração e ao uso racional do ambiente. Aliados a esses estudos, vem-se destacando o uso
de tecnologias modernas, como o sensoriamento remoto, o geoprocessamento e o sistema de
informações geográficas (SIG), como ferramentas no monitoramento, tanto de variáveis do
ecossistema terrestre quanto aquático, objetivando uma visão integrada da preservação e/ou
deterioração desses ecossistemas (ROCHA, 1997; NOVO, 1998; ESTEVES, 1998; ASSAD e
SANO, 1998; MOREIRA, 2005).
Essas informações, referentes ao tema deste trabalho e aos problemas causados pela
integração entre os ecossistemas terrestre e aquático, são pertinentes ao estudo da área de
captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva. É importante salientar ainda que esse
Reservatório fornece cerca de 60% de água tratada para o consumo de aproximadamente
265.000 santa-marienses (FIBGE, 2007), denotando a importância do estudo e pesquisa do
tema proposto na referida área. Este trabalho deve contribuir à comunidade científico-cultural
e à própria comunidade de consumo local, no sentido de alavancar novas informações,
sugestões e perspectivas.
O desenvolvimento do tema desta pesquisa contou com o apoio logístico da sede de
campo do Centro Internacional de Projetos Ambientais (CIPAM), que está vinculado à
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e é patrocinado pela PETROBRÁS
AMBIENTAL, além do apoio da Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN) e da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), através do Projeto
de custeio às pesquisas, PROCAD nº 258059.
De acordo com essa perspectiva, procurou-se alcançar os objetivos propostos a seguir:
17
1.1 Objetivo geral
Identificar a relação entre as características limnológicas do Reservatório Rodolfo
Costa e Silva - RS com o ecossistema terrestre, de acordo com o uso da terra e com as
características físicas na área de captação das sub-bacias do Reservatório.
1.1.1 Objetivos específicos
- Diagnosticar, temporal e limnologicamente, o ambiente aquático do Reservatório Rodolfo
Costa e Silva - RS, nas variáveis: total de sólidos em suspensão (TSS), transparência da água,
temperatura da água, condutividade elétrica, total de sólidos dissolvidos (TDS) e potencial
Hidrogeniônico (pH);
- Identificar os diferentes tipos de uso da terra e as classes de declividade presentes na área de
captação das sub-bacias do Reservatório Rodolfo Costa e Silva, através da cartografia e de
imagens de satélite;
- Avaliar possível relação entre o padrão limnológico do Reservatório Rodolfo Costa e Silva,
o uso da terra e formas do relevo na área de captação das sub-bacias do Reservatório;
- Identificar as áreas de preservação permanente (APP), em função da rede de drenagem e da
geomorfologia, e determinar as áreas de conflitos ambientais, com base no uso da terra e em
resoluções estabelecidas pelo Código Florestal Brasileiro (1965) e pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA 1985/2002), na área de captação das sub-bacias do Reservatório
Rodolfo Costa e Silva;
- Relacionar as sub-bacias hidrográficas da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva aos respectivos compartimentos aquáticos do Reservatório, através da cartografia e de
imagens de satélite.
O trabalho está dividido em seis capítulos: no primeiro capítulo, está o
desenvolvimento desta introdução, abordando o tema, os objetivos e uma apresentação geral
desta dissertação; no segundo capítulo, desenvolve-se a revisão bibliográfica, fundamentando
conhecimentos e características de bacias hidrográficas, integração dos ecossistemas terrestre
18
e aquático, construção de reservatórios e a limnologia, sensoriamento remoto,
geoprocessamento e SIG, mapeamento temático (de declividade, de uso da terra, de APP e de
áreas de conflitos ambientais); no terceiro capítulo, encontra-se a metodologia empregada no
desenvolvimento de métodos, materiais e técnicas utilizados nos trabalhos de campo e de
laboratório; no quarto capítulo, encontram-se a análise e a discussão dos resultados; no quinto
capítulo, são feitas as considerações finais da dissertação, através de uma síntese da análise e
discussão dos resultados (verificando em que medidas os objetivos propostos foram
alcançados), seguida de sugestões e/ou recomendações a pesquisas futuras; e, no último
capítulo, aparecem as referências bibliográficas utilizadas na respectiva dissertação.
19
CAPÍTULO 2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Objetivando adquirir conhecimento e informações teórico-científicas, realizou-se a
revisão bibliográfica dos assuntos a seguir, abordados neste trabalho: bacia hidrográfica;
integração dos ecossistemas terrestre e aquático; construção de reservatórios e a limnologia;
sensoriamento remoto; geoprocessamento e SIG; mapeamento temático de declividade;
levantamento do uso da terra através da cartografia e de imagens de satélite; e levantamento
de áreas de preservação permanente e de áreas de conflitos ambientais.
2.1 Bacia hidrográfica
Uma bacia hidrográfica pode ser definida como sendo uma área drenada por um
sistema de drenagem inter-relacionado, controlado por um divisor (linha de cumeada que
divide as precipitações pluviométricas em diferentes bacias e liga os pontos mais elevados da
região em torno da bacia considerada) e que drena água, material sólido e dissolvido para uma
saída comum que pode ser um rio, lago, lagoa, reservatório ou oceano (VILLELA e MATOS,
1978; RAMOS, 1989; GUERRA e CUNHA, 1996).
Guerra (1980) elucida que bacia hidrográfica é um "conjunto de terras drenadas por
um rio principal e seus afluentes, onde se encontram alojadas cabeceiras ou nascentes,
divisores d'água, cursos d'água principal, afluentes, subafluentes". Ressalta ainda que o
conceito de bacia hidrográfica deve incluir uma noção de dinamismo, devido às constantes
modificações que ocorrem nas linhas divisoras de água, sob o efeito dos agentes erosivos,
alargando ou não a área da bacia.
As bacias hidrográficas constituem-se em uma unidade básica de área ideal para o
planejamento integrado do manejo dos recursos naturais por elas definidos, representando
ecossistemas adequados para a avaliação dos impactos causados pela ação antrópica, que
podem acarretar desequilíbrios e riscos, tanto no ambiente terrestre quanto no aquático. As
bacias hidrográficas estão legalmente definidas como unidade básica de área para estudos e
projetos em todo o território nacional, devendo unir os interesses de todos os segmentos da
sociedade nos termos de abastecimento, saneamento, habitação, lazer, preservação do
20
ambiente, produtividade e de bem-estar de toda a comunidade (BERTONI e LOMBARDI
NETO, 1990; ROCHA, 1999).
Os autores anteriormente citados consideram que, para a consecução dos objetivos
pretendidos nos trabalhos com bacias hidrográficas, são necessárias ações de todos os
segmentos produtivos do governo (federal, estadual e municipal) e participação da iniciativa
privada, principalmente, dos pequenos produtores.
Assim, é importante que se tenha o conhecimento da potencialidade real e das
limitações de uso dessas áreas para conservar o ambiente em equilíbrio, uma vez que a bacia
hidrográfica representa um papel relevante e pressupõe a participação integrada dos diferentes
agentes, para que haja desenvolvimento e sustentabilidade ambiental na administração,
principalmente da água, das florestas e demais formas de vegetação natural (GUERRA e
CUNHA, 1996).
2.2 Integração dos ecossistemas terrestre e aquático
Pode-se dizer que as maiores perturbações causadas aos ecossistemas, principalmente
aquáticos, advêm das atividades desenvolvidas pela sociedade humana no ambiente terrestre.
Como exemplo, podemos citar a grande geração de resíduos industriais, a ausência de
tratamento de esgotos, o manejo inadequado do solo, o uso indiscriminado de produtos
químicos na agricultura, os acidentes com combustíveis fósseis, bem como lixo e animais
mortos que são jogados diretamente nos mananciais de água. Essas atitudes causam alterações
na qualidade da água, poluindo-a, contaminando-a e causando doenças nos animais e no
homem ao consumi-la.
Conforme Christofoletti (1980), os elementos que compõem o ecossistema são matéria
e energia. Por exemplo, no sistema bacia/sub-bacia hidrográfica, a matéria é representada pela
água e pelos detritos, e a energia corresponde às forças que fazem o sistema funcionar. Para o
autor, o ambiente deve ser visto como um conjunto de elementos interligados, que obedecem
aos processos de estabilidade. Ele deve ser avaliado dentro de uma abordagem sistêmica,
levando-se em consideração a escala espacial local, regional e nacional.
Porém, vários autores, entre eles Bertoni e Lombardi Neto (1990), chamam a atenção
para o fato de que os trabalhos de manejo do solo e da água têm sido decorrentes de ações
isoladas em nível de propriedade rural, o que impede uma visão ampla do todo, isto é, do
aproveitamento integrado dos recursos naturais: solo, água, flora e fauna.
21
Um ecossistema são sistemas abertos que fazem parte de sistemas maiores de sub-
bacias e de bacias hidrográficas. Suas características são dependentes dos ambientes
adjacentes, como as águas de seus afluentes e subafluentes, geomorfologia, vegetação, solo e
atividades antrópicas (ODUM, 1983; MOTA, 1997; ESTEVES, 1998; TUNDISI et al., 1999).
A cobertura vegetal na área de captação dos lagos ou reservatórios, rios e mananciais
em geral é um dos principais fatores naturais na preservação da qualidade da água dos
mesmos. A retirada da vegetação no entorno dessas áreas determina maior fluxo de partículas
e nutrientes sólidos e de produtos químicos escoados para dentro do ecossistema aquático,
ocasionando alteração nas características limnológicas da água (gerando a eutrofização, ou
seja, aumentando a produção de matéria orgânica na água), causando a diminuição de
oxigênio dissolvido e, conseqüentemente, produzindo gases venenosos que matam a
ictiofauna e tornam a água imprópria para o consumo do homem e dos animais (TUCCI,
1993; ESTEVES, 1998; ROCHA, 1999; TUNDISI et al., 1999).
As águas das chuvas, chocando-se com o solo, determinam a compactação da sua
superfície, transportam e sedimentam as partículas, nutrientes e materiais finos, reduzindo
assim a dimensão dos espaços intergranulares e, dessa forma, atenuando a capacidade de
infiltração. Caso o solo encontre-se coberto por florestas e demais formas de vegetação
natural, o escoamento superficial da água é dificultado, favorecendo a sua infiltração (PINTO
et al., 1976).
Sabe-se que, através da geomorfologia, é possível planejar a preservação do ambiente,
o uso racional dos recursos naturais e a correção de falhas causadas pela ação antrópica, em
todos os seus aspectos, desde as modificações das paisagens até a poluição, numa tentativa de
minimizar as distorções topográficas (PENTEADO-ORELLANA, 1985).
2.3 Construção de reservatórios e a limnologia
As alterações ambientais causadas com a criação de lagos artificiais o de grande
importância para o monitoramento da qualidade da água, uma vez que a construção de um
reservatório de água altera significativamente as condições naturais de uma determinada seção
do rio. As alterações no ritmo e na vazão do rio fazem com que locais de correnteza se
transformem em ambientes lênticos, modificando as características físicas da água (BRANCO
e ROCHA, 1977; TUNDISI et al., 1999).
22
O desvio da água, reduzindo a vazão do rio, prejudica a vida aquática e terrestre,
ocorrendo modificações nas variáveis limnológicas como, por exemplo, nas taxas de
oxigênio, no total de sólidos em suspensão, no total de sólidos dissolvidos, entre outros
(TUNDISI et al., 1999). Assim, para que se possa entender a dinâmica das variáveis
limnológicas, é preciso primeiramente ter uma visão geral da estrutura e funcionamento do
ecossistema aquático, chamado de metabolismo do ecossistema aquático, que, segundo
Esteves (1998), compreende três etapas principais: produção, consumo e decomposição.
Um dos fatores que influenciam no metabolismo do ecossistema aquático são as
plantas aquáticas. Conforme Pereira Filho (2000, p.22), "o desenvolvimento de plantas
aquáticas está relacionado com a disponibilidade de luz, temperatura da água, velocidade da
água, concentração de nitrogênio, fósforo e carbono inorgânico dissolvido". Além disso, as
plantas são influenciadas pelo relevo submerso que pode ajudar a determinar condições
específicas dentro de um lago ou reservatório d'água.
Uma informação importante que deve ser levada em conta, quando necessidade de
construir novos reservatórios ou lagos de captação de água, é a necessidade de limpeza das
áreas a serem inundadas. Não basta simplesmente submergir a vegetação existente,
provocando sua putrefação, nem proceder à queima generalizada da mata, situação em que as
cinzas tornam o solo fértil e a vegetação passa a crescer mais rapidamente do que a lâmina de
água quando do enchimento do reservatório. Isso causa grandes alterações limnológicas e na
qualidade da água, como eutrofização (aumento da produção de matéria orgânica, resultando
na deterioração dos lagos, formando gases venenosos que matam a ictiofauna e tornam a água
imprópria para o consumo do homem e dos animais), demanda de oxigênio e assoreamento
dos lagos ou reservatórios d’água (BRANCO e ROCHA, 1977).
Comentando as alterações causadas na água através dos diferentes tipos de uso da
terra, Pereira Filho (2000) relata que as florestas e demais formas de vegetação natural da
terra inundada e de sua área de captação proporcionam diversos graus de eutrofização dos
lagos, lagoas ou reservatórios de água natural ou artificial, alterando significativamente as
características limnológicas da água, o que acarreta modificações na flora e na fauna, tanto
terrestre quanto aquática.
23
2.3.1 Variáveis limnológicas
Uma variável limnológica é determinada pelo valor das características físico-químicas
e biológicas existentes num corpo de água, principalmente em um reservatório ou lago de
captação de água. Dentre as variáveis limnológicas que recebem influência do ecossistema
terrestre, bem como das atividades nele realizadas, tem-se o total de sólidos em suspensão
(TSS). De acordo com Pereira Filho e Galvão (1997), a concentração de sólidos em suspensão
está normalmente relacionada ao tipo de uso da terra, à geomorfologia, ao solo e à geologia
das bacias hidrográficas que drenam aos reservatórios. Quanto maior for a quantidade de
partículas e nutrientes sólidos concentrados na água, mais difícil será a absorção da luz, ou
seja, menor será a zona eufótica na coluna de água, ocorrendo, portanto, uma queda acentuada
de energia disponível para realização do metabolismo no ecossistema aquático (CURRAN e
NOVO, 1988; PEREIRA FILHO, 2000). O TSS é uma variável limnológica que está
intrinsecamente relacionada com o ecossistema terrestre (principalmente com as classes de
uso da terra na área rural) e com as condições atmosféricas, pois o aporte de partículas e
nutrientes sólidos carreado para o ambiente aquático é facilitado pela geomorfologia, pelo
desmatamento, pelo solo exposto (preparo do solo para plantio), pelos índices pluviométricos
e pelo vento.
A disponibilidade de luz no ecossistema aquático influencia diretamente no seu
metabolismo (PEREIRA FILHO, 2000). A porção iluminada da coluna d'água é denominada
zona eufótica e pode variar desde alguns centímetros até dezenas de metros. A avaliação da
transparência da água de maneira mais simples é obtida através do disco de Secchi.
Entretanto, ocorrem alguns fatores limitantes para se obter melhor fidelidade nos resultados,
como horário da coleta e medida dos dados, cobertura de nuvens, precipitação, entre outros.
O disco de Secchi, para avaliar a transparência da água, é utilizado amplamente e
quase universalmente, devido principalmente a sua facilidade no transporte e na obtenção dos
dados (KIRK, 1996; ESTEVES, 1998; PEREIRA FILHO, 2000).
A temperatura da água é outra variável limnológica importante em estudos de
ambientes aquáticos, pois ela é um dos fatores que governam a existência e a
interdependência dos organismos e espécies aquáticas (peixes, bactérias, algas, plantas
aquáticas, entre outros).
A temperatura da água é fortemente influenciada por elementos e fatores climáticos e
pela variação diária da temperatura do ar atmosférico, bem como de outras variáveis
limnológicas, como o TSS e a transparência (TUCCI, 1993). Ela é diretamente proporcional à
24
transparência (zona eufótica) e inversamente proporcional ao TSS, isto é, quanto maior a
temperatura da água, maior a transparência e, portanto, menor o TSS presente na água e vice-
versa.
A condutividade elétrica é uma variável limnológica de vital importância no
metabolismo do ecossistema aquático, por estar relacionada à capacidade de propagar energia
e às partículas e nutrientes sólidos dissolvidos na água (TDS), podendo ajudar na
identificação de fontes poluidoras (ESTEVES, 1998; PEREIRA FILHO, 2000). Um dado
importante a saber é que o valor de condutividade elétrica é inversamente proporcional ao
valor de índice pluviométrico, isto é, quanto maior o valor da condutividade elétrica, menor o
valor do índice pluviométrico, e vice-versa.
O total de sólidos dissolvidos (TDS) é outra característica limnológica relevante para
o metabolismo dos ecossistemas aquáticos e para a água de consumo humano, pois, em
concentrações elevadas, a água passa a ter um sabor desagradável. Conforme a classificação
mundial da água, água doce é aquela que apresenta teor de TDS inferior a 1000 mg/L
(BRANCO e ROCHA, 1977; TUNDISI et al., 1999).
Outra variável a considerar é o potencial Hidrogeniônico (pH), porque as alterações
nos seus valores podem pôr em risco a sua qualidade, acarretar mudanças químicas e,
conseqüentemente, provocar danos à vida aquática, ao homem, aos animais e ainda causar
problemas nas tubulações das redes de distribuição de água (BRANCO e ROCHA, 1977). O
pH tem uma escala que varia de 0 a 14. Na água, onde os valores do pH são menores que 7,0,
essa água é considerada ácida; quando temos pH igual a 7,0, a água é considerada neutra e,
para valores de pH maiores que 7,0, a água é considerada alcalina. A Organização Mundial da
Saúde (OMS) recomenda teores máximos de pH para água de consumo, variando entre 7,0 e
8,5 (TUCCI, 1993; ESTEVES, 1998).
2.4 Sensoriamento remoto
O sensoriamento remoto pode ser definido como a utilização de sensores para a
aquisição de informações sobre alvos (objetos, elementos e fenômenos geográficos) da
superfície terrestre, sem que haja contato físico entre eles. As informações sobre o alvo, nesse
caso, são derivadas a partir de detecção e mensuração das modificações que ele impõe sobre
os campos de força que o cercam. Os dados do alvo são transferidos para o sensor através da
energia solar (radiação eletromagnética). Esses dados adquiridos pelos sensores são
25
armazenados, processados e analisados e, assim, torna-se possível a extração de informações
sobre o ambiente terrestre (NOVO, 1998). Portanto, a interação da radiação eletromagnética
com os alvos da superfície terrestre e com o próprio solo depende, sobretudo, das
características de cada um dos alvos e do ambiente que os cerca (MOREIRA, 2005),
apresentando, dessa forma, diferentes quantidades de energia absorvida e refletida, o que
possibilita a discriminação de diversas ocupações da superfície terrestre, pois cada alvo possui
respostas espectrais diferenciadas. Desse modo, na Figura 2.1, observa-se, que o espectro
eletromagnético abrange nove faixas. No entanto, a tecnologia de sensoriamento remoto opera
principalmente nas faixas do espectro refletivo (visível e infravermelho próximo),
respectivamente, na faixa de sinal entre 400 a 720nm e entre 720 a 1300nm, que detectam e
imageiam os alvos naturais da superfície terrestre: água, vegetação (floresta, campo e
agricultura), solo e rochas (NOVO, 1998; ROCHA, 2000; MOREIRA, 2005).
Figura 2.1 - Faixa do espectro eletromagnético.
Fonte: Moreira (2005).
Segundo Novo (1999 apud ROCHA, 2000), no sensoriamento remoto, o sistema de
aquisição de informações é formado por alguns subsistemas importantes: sistemas sensores -
equipamentos instalados nos satélites que detectam e registram a radiação eletromagnética
refletida (reflectância) de um alvo; sistema de processamento de dados - converte o dado
bruto produzido pelo sensor em variável física possível de ser interpretada e convertida em
informação (sinal inteligível); sistemas de análise - incluem todas as ferramentas, destacando-
se o SIG, que permite integrar a informação derivada de sensoriamento remoto às outras
fontes. A Figura 2.2 apresenta uma estrutura de aquisição de imagens de satélite.
26
Figura 2.2 - Sistema de aquisição de imagens de satélite.
Fonte: Adaptado de Jensen (2000).
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) desenvolveu, em cooperação com
a Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, um satélite de observação de recursos terrestres,
denominado CBERS - Chinese Brazilian Earth Resources Satellite, que foi lançado em
14/10/1999, na base chinesa de Taiwan, na primeira versão CBERS-1. É o primeiro satélite
sino-brasileiro e seu protótipo foi construído no Laboratório de Integração e Testes do INPE,
em São José dos Campos - SP. Na continuidade do programa, em 2001, foi lançado o
CBERS-2, que tem capacidade de aquisição de imagens com especificações compatíveis com
os atuais sistemas LANDSAT e SPOT (ROCHA, 2000).
A recepção dos dados do CBERS-2 CCD é feita pelas estações de Pequim, na China, e
de Cuiabá, no Brasil, local onde foi instalada uma nova antena de rastreio, de modo a permitir
a recepção de todas as órbitas dos satélites sobre o Brasil, sem problemas de conflitos de
horários de passagem com outros satélites. Esse sistema de processamento tem capacidade de
geração de produtos em quantidade e qualidade melhores que o sistema em operação em
Cachoeira Paulista-SP, assim como facilidades de acesso aos dados e informações sobre os
produtos disponíveis por usuários remotos, através de linhas telefônicas ou via Internet. As
principais características técnicas do CBERS-2 com o sistema sensor CCD são: produz
imagens de diferentes ângulos de visada, permitindo gerar Modelos Digitais do Terreno
(MDT) para edição de cartas topográficas ou de outras aplicações que necessitem de
27
informações de níveis e declividade do terreno; opera nas bandas B1, B2, B3, B4 e B5,
respectivamente nas faixas espectrais entre 450 a 520nm, 520 a 590nm, 630 a 690nm, 770 a
890nm e 510 a 730nm (banda PAN); possui alta resolução espacial de 20m x 20m, resolução
temporal de 26 dias e largura do campo de visada da imagem na superfície da Terra de 120
Km; sua órbita Norte/Sul cobre todo o país, com aplicações para coleta de dados e imagens
ambientais dos principais recursos naturais da superfície terrestre: água, vegetação (floresta,
campo e agricultura), solo e rochas (NOVO, 1998; ROCHA, 2000; MOREIRA, 2005).
O mapeamento temático, a partir das bandas 2, 3 e 4 dos Satélites CBERS-2 CCD e
LANDSAT-5 TM, depende das características da região, da época do ano e das variações
regionais. Mesmo que não seja possível utilizar operacionalmente dados de sensores remotos
para estimar a natureza e as propriedades da água e monitorar a sua qualidade, os dados de
sensoriamento remoto são de grande utilidade no planejamento de estratégias de amostragem
dos sistemas aquáticos, na integração desses dados e na localização das informações obtidas.
Como exemplo, podemos citar a combinação das bandas 2, 3 e 4 com os canais RGB do
CBERS-2 CCD, que mostra mais claramente os limites entre solo e água, com a vegetação
mais discriminada (ROCHA, 2000; MENEZES e NETTO, 2001). Desse modo, o
sensoriamento remoto é uma ferramenta que auxilia a cartografia na localização e no
conhecimento dos alvos (objetos, elementos e fenômenos geográficos) da superfície terrestre.
Destacam-se, na atualidade, sensores remotos hiperespectrais, que contêm centenas de bandas
fornecendo mais de uma centena de imagens de um mesmo local, para que se possam delas
extrair as informações sobre a natureza e as propriedades dos alvos da superfície terrestre.
Pode-se, então, definir sensoriamento remoto como tecnologia ou produto que utiliza
sensores para detecção e aquisição de dados brutos, refletidos (reflectância) pela ação da
energia solar ou radiação eletromagnética de alvos (objetos, elementos e fenômenos
geográficos) da superfície terrestre, sem que haja contato físico entre eles. Esses dados
adquiridos pelos sensores são registrados, armazenados e, após seu processamento e análise,
geram sinal e/ou informação inteligível de interesse ao homem sobre os recursos naturais dos
ecossistemas terrestre e aquático.
2.5 Geoprocessamento e sistema de informações geográficas
Segundo Lisboa Filho (2002), o termo Sistema de Geoprocessamento engloba todos os
sistemas matemático-computacionais capazes de processar dados georreferenciados,
28
principalmente o SIG. O mesmo autor descreve que quatro aspectos caracterizam um dado
georreferenciado: o atributo descritivo do fenômeno geográfico, sua localização geográfica,
relacionamentos espaciais com outros fenômenos geográficos e instante ou intervalo de tempo
em que o fenômeno geográfico existe ou é válido.
De acordo com Lisboa Filho (2002), as áreas de aplicação de SIG podem ser divididas
em cinco grupos principais: ocupação humana, uso da terra, uso dos recursos naturais,
atividades econômicas e meio ambiente.
Em um sistema de geoprocessamento, os dados estão sempre georreferenciados, isto é,
localizados na superfície da Terra através de uma projeção cartográfica. O principal objetivo
desse sistema é fornecer ferramentas computacionais para que as evoluções espaço-temporais
e as interrelações dos fenômenos geográficos possam ser determinadas e analisadas. Segundo
Câmara e Medeiros (1998); Burrough e McDonnell (1998), os instrumentos computacionais
do geoprocessamento são conhecidos como SIG e permitem a realização de análises
complexas integrando dados de diversas fontes e criando banco de dados georreferenciados.
Para Felgueiras e Guaraci (1988 apud TRENTIN, 2003), o SIG, através de Planos de
informações (Pi), permite integrar, em uma única base de dados, informações provenientes de
diversas fontes, tais como: mapas temáticos, cartas topográficas ou MNT (curvas de nível e
declividades), redes viária e de drenagem, tipos e uso do solo, sistema de coordenadas,
imagens de satélite e dados tabulares na forma não gráfica.
De acordo com Câmara e Medeiros (1998), o SIG apresenta uma ampla gama de
aplicações como em floresta, campo, agricultura, cartografia, cadastro urbano e redes, entre
outras; além disso, esses autores indicam pelo menos três importantes maneiras de utilizar um
SIG:
- como ferramenta para elaboração/produção de mapas;
- como suporte para análise espacial de fenômenos;
- como um banco de dados geográficos, com função de armazenamento e recuperação da
informação espacial e sua atualização no tempo.
Visualiza-se, na Figura 2.3, um banco de dados geográficos, no qual são inseridos
Projetos e respectivos Planos de informações para a melhor estrutura e organização dos
diferentes tipos de dados e informações que variam em número, tipos de formato e de temas.
29
Figura 2.3 - Estrutura e organização de um banco de dados geográficos.
Fonte: Moreira (2005).
Segundo Câmara e Medeiros (1998), os mapas podem ser representados através de
duas grandes classes computacionais: a vetorial e a matricial (Figura 2.4). Um alvo (objeto,
elemento e fenômeno geográfico) da superfície terrestre, na representação vetorial, é uma
tentativa de reproduzi-lo o mais exato possível. Consideram-se três elementos gráficos: ponto,
linha e área ou polígono (entidades geográficas), delineados por um conjunto de coordenadas.
As linhas, arcos ou elementos lineares são um conjunto de pontos conectados que, além das
coordenadas (X e Y) que compõem a linha, deve armazenar informações quanto a dados não-
espaciais (atributos descritivos) que a ele está associado. Na representação matricial (raster), o
espaço é representado por uma matriz P (m,n), composta de m colunas e n linhas, em que cada
célula possui um número de coluna, um número de linha e um valor z correspondente ao
atributo descritivo estudado. Cada célula pode ser acessada individualmente pelas suas
coordenadas, ou seja, cada célula é associada a uma porção do terreno relacionada à sua
resolução. Alguns SIGs permitem a integração dessas duas representações.
A aquisição e a entrada dos dados espaciais num SIG, geralmente, ocorrem de quatro
formas: digitalização em mesa, digitalização ótica, entrada de dados obtidos em campo em
formato analógico e também na forma digital, que inclui a importação de dados em outro
formato. Assim, é preciso digitalizar os dados cartográficos necessários para o mapeamento
digital e projetos de SIG com Planos de informações.
30
Figura 2.4 - Representação vetorial e matricial (raster) de um mapa temático.
Fonte: Adaptado de Câmara e Medeiros (1998).
Segundo Câmara e Medeiros (1998), para produzir mapas de distância (como
geocampos), o usuário deve fazer uso de geoobjetos, que são atributos descritivos ou espaciais
de referência em cada ponto, linha ou área/região na carta, e da identificação de áreas com uso
adequado ou inadequado, associados ao relevo e à rede de drenagem, possibilitando assim,
entre outras técnicas, a elaboração de mapas temáticos de APP.
2.6 Mapeamento temático de declividade
A Geografia, em uma de suas interfaces, oportuniza o estudo da geomorfologia como
um importante componente da natureza, visto que permite analisar as formas de relevo que
compõem a superfície da Terra. As atividades humanas desenvolvidas em determinada área
estão relacionadas ao relevo. Desse modo, a relação sociedade-natureza vem despertando o
interesse dos pesquisadores, bem como da sociedade de um modo geral. Os problemas
ambientais que surgem em decorrência dos processos erosivos podem estar relacionados com
a modelagem natural do relevo, bem como com a aceleração da deterioração ambiental
causada pela intensa e inadequada utilização antrópica.
A caracterização geomorfológica de bacias hidrográficas se mostra como um caminho
para analisar o quadro ambiental. Segundo Ross (1990), a análise da geomorfologia pode ser
realizada através da interpretação das cartas topográficas (geram informações de altimetria e
distâncias dos interflúvios). As imagens de satélite, em sensoriamento remoto, mostram-se
como uma ferramenta para possibilitar o mapeamento geomorfológico taxonômico. Dessa
31
forma, Guerra e Cunha (1996) afirmam que, embora em um mapa a forma do relevo se
apresente de maneira estática, assim como a drenagem, a geomorfologia também é uma
importante tecnologia na interpretação de alvos da superfície terrestre. Por exemplo, através
das curvas de nível e declividades representando as encostas, podem-se obter informações
sobre características geológicas, de solo (partículas e nutrientes sólidos) e da intensidade do
escoamento de águas superficiais.
Sabe-se que, através da geomorfologia, é possível planejar a preservação do ambiente,
o uso racional dos recursos naturais e a correção de falhas causadas pela ação antrópica, em
todos os seus aspectos, desde as modificações das paisagens até a poluição, numa tentativa de
minimizar as distorções topográficas (PENTEADO-ORELLANA, 1985).
Desse modo, com a necessidade de planejar a exploração de forma racional dos
recursos naturais do ambiente e de aproveitar tecnologias modernas de geoprocessamento,
SIG e sensoriamento remoto na construção de um banco de dados geográficos
georreferenciados, tanto a bacia hidrográfica e a rede de drenagem quanto as feições
geomorfológicas são, na atualidade, unidades de elevada importância no manejo integrado do
espaço sustentável.
2.7 Levantamento do uso da terra através da cartografia e de imagens de satélite
O homem, por motivos variados, principalmente pela busca de riqueza e pelo
acelerado crescimento da população, tem utilizado a terra de forma intensiva, inadequada e
irracional nos mais diversos setores de atividade econômica, geralmente, desmatando as
florestas e demais formas de vegetação natural para o desenvolvimento dessa atividade,
ocasionando inúmeros distúrbios locais, regionais e até globais.
A evolução das tecnologias de sensoriamento remoto, geoprocessamento e SIG,
principalmente a partir da década de 1970, contribuiu para o aumento do uso de imagens de
satélite no monitoramento de uso da terra, visando ao planejamento, à exploração e ao uso
adequado e racional dos recursos naturais da superfície terrestre (GIANSANTI, 1998;
VENTURIERI e SANTOS, 1998).
Novo (1998) relata que a vegetação representa um dos diferentes alvos naturais da
superfície da terra que, além de estar sujeita a modificações constantes, apresenta-se na
natureza em diversas formas e tamanhos, como floresta, campo e cultura agrícola. Nesse
sentido, essa variedade de vegetação determina uma estrutura diferente das copas e estado
32
fenológico, permitindo discriminar os diferentes tipos de cobertura vegetal através de
tecnologias de sensoriamento remoto, geoprocessamento e SIG.
As informações temáticas obtidas de imagens de sensoriamento remoto utilizam o
processo digital através de programas matemático-computacionais. Essas informações de
alvos naturais da superfície terrestre são reconhecidas pelo sensor devido a feições e padrões
registrados na imagem. O processamento digital determina facilidade e rapidez na extração de
informações de imagens em sensoriamento remoto; porém, o usuário da tecnologia deve ter
contato com o tipo de manipulação ao qual irá submeter seus dados para interpretar os
resultados de forma correta (NOVO, 1998; VENTURIERI e SANTOS, 1998).
Recomendam-se algumas combinações de imagens coloridas de bandas dos Satélites
CBERS-2 CCD e LANDSAT-5 TM para aquisição de diferentes informações. A combinação
das bandas 2, 3 e 4 mostram mais claramente os limites terra-água, com vegetação mais
discriminada. De uma maneira geral, a combinação dessas bandas é utilizada na classificação
dos tipos de uso da terra (ROCHA, 2000; MENEZES e NETTO, 2001).
2.8 Levantamento de áreas de preservação permanente (APP) e de áreas de conflitos
ambientais
Rocha (1997) estipula que as áreas de preservação permanente são áreas destinadas à
manutenção intacta dos ecossistemas. Assim, em vista do estabelecimento e da importância
das APP e das áreas de conflitos ambientais, observam-se o uso da terra e as resoluções
estabelecidas pelo Código Florestal Brasileiro (1965) e pelo CONAMA (1985/2002).
O Código Florestal Brasileiro, Lei 4771/1965, prevê que são áreas de preservação
permanente as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
a) Ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde seu alto curso em faixa marginal cuja
largura mínima seja:
- de 30 metros para os cursos d'água que tenham menos de 10 metros de largura;
- de 50 metros para os cursos d'água que tenham de 10 a 50 metros de largura;
- de 100 metros para os cursos d'água que tenham de 50 a 200 metros de largura;
- de 200 metros para os cursos d'água que tenham de 200 a 500 metros de largura;
b) Ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;
c) As nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados olhos d'água, qualquer que seja a
situação topográfica, num raio de 50 metros de largura;
d) O topo dos montes, morros, serras e montanhas;
33
e) As encostas ou parte dessas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% da linha
de maior declive;
f) Em altitudes superiores a 1800 metros, qualquer que seja a vegetação;
g) Nas bordas dos tabuleiros ou chapadas a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 metros em projeção horizontal;
h) Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues.
O CONAMA, através de resoluções 1985/2002, estabelece que são reservas ecológicas
e APP as florestas e demais formas de vegetação natural situadas a 100 metros do entorno dos
lagos ou reservatórios d'água.
As APP de florestas e demais formas de vegetação natural, de acordo com o que
estabelecem as resoluções do Código Florestal Brasileiro (1965) e do CONAMA
(1985/2002), são de suma importância para a preservação e/ou conservação dos mananciais de
água, pois ajudam a evitar a erosão e o assoreamento dos cursos fluviais e lagos ou
reservatórios d'água naturais ou artificiais; portanto, nas APP em que esse tipo de vegetação
encontra-se ausente, é recomendável o reflorestamento.
A partir disso, observa-se que as APP relacionam-se, principalmente, com a
preservação das matas ciliares ou galeria, que, conforme Costa (2000) desempenham
importantes funções hidrológicas e ambientais, das seguintes formas: estabilização das
ribanceiras dos rios, como tampão e filtro entre os terrenos mais altos e o ecossistema
aquático; filtragem e diminuição do escoamento superficial impedindo ou dificultando o
carreamento de nutrientes sólidos para o sistema aquático; equilíbrio térmico da água, pela
integração com a sua superfície e absorção da radiação solar. Também é possível constatar
que as áreas de conflitos ambientais são aquelas que contrariam as leis de preservação e/ou
conservação ambiental anteriormente descritas.
Nesse sentido, o geoprocessamento é fundamental, pois permite a identificação de
APP e áreas de conflitos ambientais, com rapidez, através de operações de análise espacial e
de procedimentos matemáticos (toponímia) efetuados sobre o banco de dados
georreferenciados, armazenados no sistema em forma de informações temáticas e tabelas.
Dessa forma, esse recurso possibilita produzir geocampos, isto é, mapas de distância, com
destaque para mapas temáticos de APP (CÂMARA e MEDEIROS, 1998).
34
CAPÍTULO 3
3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento metodológico deste trabalho, utilizou-se o procedimento
sistêmico, integrando os dados coletados dos ecossistemas terrestre e aquático, para a medida,
identificação e análise desses dados, conforme a Figura 3.1 a seguir.
Figura 3.1 - Fluxograma do procedimento metodológico.
Fonte: Sartor (2005/2006).
35
3.1 Delimitação e caracterização física e socioeconômica da área de estudo
A bacia hidrográfica - do rio Ibicuí-Mirim - apresenta área aproximada de 4.880
hectares, estando localizada entre as coordenadas geográficas 29° 26' 38" e 29° 31' 41" de
latitude Sul, e 53° 40' 47" e 53° 45' 43" de longitude Oeste. O Reservatório Rodolfo Costa e
Silva, situado nessa bacia hidrográfica, apresenta área aproximada de 275 hectares e encontra-
se entre as coordenadas geográficas 29° 29' 01" e 29° 30' 57" de latitude Sul, e 53° 43' 32" e
53° 45' 29" de longitude Oeste, conforme apresentado na Figura 3.2 a seguir.
Figura 3.2 – Mapa da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS.
Fonte: Adaptado de Wachholz (2005/2006).
36
A geomorfologia da região compreende uma área de transição entre o topo e o rebordo
do planalto Meridional ou Arenito-basáltico (Serra Geral) e a planície ou depressão Periférica
Sul-Riograndense. As nascentes do rio principal dessa bacia hidrográfica estão em uma
altitude em torno de 500 metros, tendo como ponto mais alto de toda a bacia a cota altimétrica
com 516 metros; e sua foz, onde passa a chamar-se apenas de Ibicuí, com altitude de 80
metros, local onde recebe o rio Toropi como afluente.
Essa bacia hidrográfica drena a área de municípios como São Martinho da Serra, onde
tem seu alto curso; Itaara, Santa Maria, São Pedro do Sul e Júlio de Castilhos, médio curso; e
Dilermando de Aguiar e São Pedro do Sul, no baixo curso. A geologia da área compreende
rochas vulcânicas ácidas e básicas, arenito botucatu, sedimentos mesozóicos da bacia do
Paraná e sedimentos recentes nas áreas aluviais.
O tipo climático é identificado como sendo subtropical úmido, com estações definidas,
com média térmica anual de 19°C e ocorrência esporádica de geadas no inverno. O regime
pluviométrico da região fica entre 1500 e 2000 mm/ano, com a presença de chuvas regulares
do tipo frontal, ocorrendo pelo contato da massa de ar quente e úmida com a massa de ar fria
e úmida. Apresenta possibilidades ocasionais de estiagens em qualquer período, sendo
novembro o mês menos chuvoso; e os meses de junho, setembro e outubro, os mais chuvosos
(SARTÓRI, 1993).
A vegetação predominante é do tipo campos, tendo também a presença de floresta,
principalmente no rebordo do planalto Meridional, além das matas ciliares que ocorrem ao
longo dos rios. Com a exploração econômica da área, a vegetação natural encontra-se muito
modificada, com o cultivo de gramíneas para pastagens e a implantação de lavouras até
mesmo nas áreas de encosta abrupta (MARCHIORI, 1997).
A população dessa área tem sua origem histórica, pois foi ocupada primeiramente por
espanhóis, com a catequização indígena e a formação da Estância de São Miguel, que, mais
tarde, migrou para as margens do rio Uruguai. Essa redução data de 1605 e localizava-se nas
cabeceiras dessa sub-bacia, no atual município de São Martinho da Serra (VIEIRA e
RANGEL, 1983). Essa área serviu também como posto de guarnição, por ser considerada
uma área de fronteira, entre Portugal e Espanha, devido ao Tratado de Tordesilhas.
No baixo curso do rio Ibicuí-Mirim, na depressão Periférica Sul-Riograndense, a
ocupação humana tem por base a colonização portuguesa com a criação de gado e com o
estabelecimento de estâncias.
Atualmente, as atividades econômicas, a montante do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva, são do tipo agropastoril, agricultura consorciada com pecuária, com o predomínio de
37
cultivos anuais de soja, milho, trigo e pastagens, com a criação de gado de raças melhoradas
em propriedades de dio e grande porte, no topo do planalto. No rebordo do planalto, a
jusante do Reservatório, caracteriza-se a ocupação de pequenas áreas, denominadas colônias,
que serviram para o assentamento de imigrantes e também como área de expansão da
imigração italiana e alemã, com o desenvolvimento de policultura, direcionada ao consumo de
subsistência dessas colônias e para o abastecimento de centros urbanos com o excedente. No
baixo curso, o relevo predominante é o de planície, com a formação de solos aluviais,
propícios ao cultivo da monocultura do arroz irrigado e da pecuária.
3.2 Material e técnicas
Com a finalidade de obter um resultado integrado dos ecossistemas terrestre e
aquático, da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS, os dados coletados
e medidos foram inseridos em uma única base de dados, o banco de dados geográficos, de
acordo com o que segue:
3.2.1 Construção do Banco de Dados Geográficos
Utilizou-se a metodologia de geoprocessamento e SIG (CÂMARA e MEDEIROS,
1998; BURROUGH e McDONNEL, 1998; ROCHA, 2000), que consiste das seguintes
etapas:
- coleta, entrada e verificação dos dados;
- armazenamento e gerenciamento dos dados;
- processamento das informações;
- visualização e apresentação dos resultados.
Seguindo essa metodologia, utilizou-se como aplicativo o Sistema de Processamento
de Informações Georreferenciadas (SPRING), desenvolvido pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE - SP). Inicialmente, os dados e informações coletados dos
ecossistemas terrestre e aquático foram digitalizados, georreferenciados e vetorizados de
forma integrada no banco de dados geográficos, através do aplicativo SPRING. Esse banco de
dados foi estruturado da seguinte forma: nomeação do banco de dados geográficos e entrada
dos Planos de informações, constituídos por mapas temáticos, cartas topográficas ou MNT
(curvas de nível e declividades), redes viária e de drenagem, tipos e uso do solo, sistema de
38
coordenadas (inserido no banco de dados geográficos através da aquisição de pontos de
controle nas cartas topográficas), imagens de satélite e dados tabulares na forma não gráfica
(variáveis limnológicas, etc).
Na construção do banco de dados geográficos, as imagens dos Satélites CBERS-2
CCD e LANDSAT-5 TM foram redimensionadas no Impima e georreferenciadas no
aplicativo SPRING. Para a detecção das imagens, seria utilizado o espectro eletromagnético
na faixa do infravermelho próximo (entre 700 a 1.300 nm); porém, por ser a água um alvo que
possui baixo albedo, esse espectro apresentou ruídos e baixa reflectância; sendo assim,
utilizou-se a combinação das bandas 2, 3 e 4 com os canais RGB, na composição colorida
falsa-cor na faixa do visível (entre 400 a 700nm), tanto do Satélite CBERS-2 CCD quanto do
LANDSAT-5 TM, devido a ambos os sensores apresentarem intervalos e resoluções
espectrais semelhantes. As imagens desses dois sensores, registradas na terceira (11/12/2005)
e décima (11/06/2006) coletas de campo, não foram utilizadas, porque apresentavam
interferência atmosférica com cobertura de nuvens.
Registraram-se, no banco de dados geográficos, as cartas topográficas da Diretoria do
Serviço Geográfico do Exército, na escala 1:50.000, compreendendo as seguintes folhas:
Camobi (SH22-V-C-IV-2), Rio Guassupi (SH22-V-C-I-3), Santa Maria (SH22-V-C-IV-1) e
Val de Serra (SH22-V-C-I-4). Os dados da área de estudo representados nas cartas
topográficas (curvas de nível, declividades, divisores de água e rede de drenagem), foram
digitalizados e georreferenciados no aplicativo SPRING; e, posteriormente, vetorizados.
Desse modo, determinaram-se as áreas das sub-bacias hidrográficas, o comprimento dos
canais e as curvas de nível para o cálculo de padrões de drenagem.
A resolução temporal do CBERS-2 CCD é de 26 dias, e do LANDSAT-5 TM é de 16
dias. Sendo assim, observa-se, no Quadro 3.1, que se procurou realizar a coleta, medida e
identificação dos temas e dados limnológicos, respectivamente dos ambientes terrestre e
aquático do Reservatório, na data de passagem de um dos satélites sobre a área de estudo.
Quando isso não foi possível, essas atividades foram feitas em data próxima à passagem. A
coleta e a medida das variáveis limnológicas foram realizadas, preferencialmente, das 9 às 16
horas, quando as condições de iluminação solar são mais indicadas por apresentar menor
variação.
Realizaram-se todas as coletas de campo com o apoio de uma equipe da UFSM,
principalmente na operação de aparelhos de coletas e medidas das variáveis limnológicas do
ambiente aquático do Reservatório. Contou-se também com a colaboração de um piloto da
CORSAN - RS habilitado na operação de um barco a motor.
39
Coleta
Imagem dos Satélites
CBERS-2 CCD e LANDSAT-
5 TM
Data da
coleta de
campo
N° de
pontos
amostrais
Variáveis limnológicas
Sensor Data de
passagem
CCD 20/10/2005 20/10/2005
21
- Total de sólidos em
suspensão (TSS)
- Transparência
- Condutividade elétrica
- Temperatura
- Total de sólidos
dissolvidos (TDS)
- Potencial
Hidrogeniônico (pH)
TM 26/11/2005 18/11/2005
CCD 11/12/2005 14/12/2005
CCD 06/01/2006 06/01/2006
CCD 01/02/2006 01/02/2006
CCD 27/02/2006 27/02/2006
TM 03/04/2006 25/03/2006
CCD 20/04/2006 20/04/2006
TM 05/05/2006 16/05/2006
10ª CCD 11/06/2006 14/06/2006
11ª CCD 07/07/2006 07/07/2006
12ª TM 25/08/2006 25/08/2006
13ª TM 26/09/2006 26/09/2006
Quadro 3.1 - Cronograma dos trabalhos de campo e de laboratório e registro das imagens de
satélite, do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
3.2.1.1 Ecossistema terrestre
a) Mapa temático de declividade
Para a elaboração do mapa temático de declividade, da área de captação do
Reservatório Rodolfo Costa e Silva, as curvas de nível representadas nas cartas topográficas
foram digitalizadas no modelo numérico do terreno (MNT), no aplicativo SPRING.
Seguidamente, gerou-se a grade triangular e estabeleceram-se as classes de fatiamento, com
os respectivos intervalos, que, segundo Brito (2001), são: 0 a 2%; 2 a 6%; 6 a 12% e >12%.
Optou-se em utilizar esses intervalos por representar melhor a estrutura do relevo da área de
estudo.
40
b) Mapa temático de uso da terra
Na elaboração do mapa temático de uso da terra da área de captação do Reservatório,
utilizaram-se as imagens dos Satélites CBERS-2 CCD e LANDSAT-5 TM, através da
combinação das bandas 2, 3 e 4 com os canais RGB (vermelho, verde e azul), na composição
colorida falsa-cor, visto que essa combinação apresenta maior reflectância, ou seja, maior
facilidade na identificação dos diferentes alvos naturais (tipos ou classes de uso da terra) da
superfície terrestre. Desse modo, a banda 2 foi associada ao canal de cor azul e representa a
água; a banda 3, ao canal de cor verde, representando a vegetação (floresta, campo e
agricultura); e a banda 4, ao canal de cor vermelha, representando o solo em tons
avermelhados.
Conforme se observa no Quadro 3.2, a seguir, essa combinação permitiu, através da
classificação visual das imagens de satélites, a identificação de seis classes de uso da terra:
floresta, campo, agricultura, solo exposto, vegetação não fotossinteticamente ativa (NPV) e
água. Para isso, foi necessário, inicialmente, determinar as principais características (atributos
descritivos), ou seja, chaves de interpretação visual dos alvos naturais (objetos e/ou
elementos) da superfície terrestre.
Classes de
uso da terra
Características Tonalidade Textura Forma Localização
Floresta Florestas nativas
e/ou plantadas e
matas ciliares
Verde-escuro Rugosa Irregular Faixa marginal dos
rios, encostas de
elevações e
dispersa por toda
área
Campo Áreas com
pastagens
Amarelo Fina Irregular Disperso por toda
área
Agricultura Áreas destinadas
ao cultivo
agrícola e/ou em
pousio
Castanho ou
sépia
Suave a
áspera
Irregular
e/ou
geométrica
Dispersa por toda
área
Solo exposto Principais tipos
de solo
Avermelhado Suave a
áspera
Irregular
e/ou
geométrica
Disperso por toda
área
NPV Áreas com
vegetação
senescente
Verde-oliva Lisa Irregular Dispersa por toda
área
Água Rios, lagos e/ou
reservatórios
Azul Lisa Variada Não considerada
Quadro 3.2 - Classes e chaves de interpretação visual dos tipos de uso da terra.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
41
Realizou-se a classificação automática das imagens de satélites, verificando-se uma
confusão entre as classes de uso da terra (campo e agricultura). Por isso, optou-se pela
classificação visual das imagens com base nos padrões identificados nas imagens e verdade da
superfície terrestre.
c) Mapa temático das áreas de preservação permanente (APP)
No aplicativo SPRING, os mapas temáticos de APP, são denominados mapas de
distância (geocampos), e são elaborados em função da rede de drenagem e/ou da
geomorfologia (CÂMARA e MEDEIROS, 1998).
No entanto, pelo fato de a geomorfologia da área de captação do Reservatório Rodolfo
Costa e Silva apresentar formas, na maioria, planas a fracamente onduladas, esse mapa foi
elaborado apenas em função da rede de drenagem e de acordo com as resoluções
estabelecidas pelo Código Florestal Brasileiro (1965) e pelo CONAMA (1985/2002),
descritas no Capítulo 2 desta dissertação. Assim, o referido mapa foi elaborado com as
seguintes características: 30 metros de distância, para as APP situadas na faixa marginal dos
cursos d’água da área de captação do Reservatório, por apresentarem menos de 10 metros de
largura; um raio de 50 metros de largura, para as APP situadas no entorno das nascentes; e
100 metros de distância, para as APP localizadas no entorno do Reservatório.
d) Mapa temático das áreas de conflitos ambientais
Para a elaboração do mapa temático das áreas de conflitos ambientais da área de
captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva, utilizaram-se os dados das cartas
topográficas anteriormente digitalizados, georreferenciados e vetorizados no banco de dados
geográficos, através do aplicativo SPRING. Seguidamente, esses dados foram transformados
da representação vetorial para a matricial (raster). Nessa etapa, realizou-se a sobreposição ou
cruzamento dos mapas de uso da terra e das APP, obtendo-se automaticamente as áreas com
intersecção das classes.
A análise do resultado desse mapeamento, à luz da legislação ambiental federal,
permitiu determinar as áreas em que ocorrem conflitos ambientais na área de estudo.
42
e) Relação das sub-bacias hidrográficas da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva com os respectivos compartimentos aquáticos do Reservatório
As linhas divisórias de água (limites) das sub-bacias hidrográficas da área de captação
do Reservatório Rodolfo Costa e Silva originaram-se dos dados extraídos das cartas
topográficas. Esses dados foram digitalizados no banco de dados geográficos, em
representação vetorial, obtendo-se assim polígonos fechados que passaram a representar as
sub-bacias hidrográficas da área de estudo e serviram de base para o mapeamento de
declividade e de uso da terra.
Para a delimitação terra-água do Reservatório e definição quantitativa de seus
compartimentos aquáticos, relacionando-os às sub-bacias da área de captação, utilizaram-se
procedimentos técnicos análogos, porém, os dados foram extraídos de imagens dos Satélites
CBERS-2 CCD e LANDSAT-5 TM, ao invés das cartas topográficas. Nesse caso, os índices
pluviométricos e o abastecimento urbano foram os principais responsáveis pela variação
temporal da superfície aquática do Reservatório Rodolfo Costa e Silva. Por esse motivo, foi
necessário realizar a delimitação temporal em cada imagem de satélite e a identificação dos
pixels puros de água, como também eliminar a mistura presente nos pixels de borda, que
apresentaram variações com o nível da lâmina de água do Reservatório.
3.2.1.2 Ecossistema aquático
3.2.1.2.1 Ciclos agrícolas
Na área de captação das sub-bacias hidrográficas do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva, ocorre rotação de cultivo durante o ano hidrológico, sendo estruturada em quatro ciclos:
ciclo de solo exposto (preparo do solo para plantio), período entre setembro a novembro, no
qual geralmente é carreado elevado aporte de partículas e/ou nutrientes sólidos para o
Reservatório, por influência de índices pluviométricos (escoamento superficial) e raramente
pela ação do vento; ciclo de cultivo da soja, período entre dezembro a abril, dividindo-se em
três fases (plantio, crescimento vegetativo e colheita); ciclo de entressafra, ocorrendo no mês
de maio, sem a remoção do solo; e ciclo de cultivo do trigo, período entre junho a agosto,
dividindo-se em três fases (plantio, crescimento vegetativo e colheita). Esses ciclos agrícolas
43
interferem nas variáveis limnológicas do Reservatório, principalmente no ciclo de solo
exposto, devido às características presentes nessa fase.
3.2.1.2.2 Condições atmosféricas
As condições atmosféricas utilizadas como técnica nos trabalhos de coletas de campo
foram: a variação dos índices pluviométricos durante o ano hidrológico, acumulados a 26 e 7
dias anteriores à realização das coletas de campo, e a velocidade média diária do vento dos 26
dias antes de cada coleta de campo, a 10 metros da superfície. Esses dados foram medidos e
registrados quando das coletas de campo, durante o ano hidrológico, pela plataforma de coleta
de dados (PCD), junto ao Observatório Espacial do Sul (OES/INPE - RS), localizado em São
Martinho da Serra - RS, aproximadamente a 10 Km de distância do Reservatório Rodolfo
Costa e Silva.
3.2.1.2.3 Medida e análise das variáveis limnológicas
Com o objetivo de avaliar espaço-temporalmente, em um ano hidrológico,
características limnológicas do Reservatório Rodolfo Costa e Silva, registraram-se, no banco
de dados geográficos, dados coletados de variáveis limnológicas, integrando-os com dados
extraídos das cartas topográficas e de imagens dos Satélites CBERS-2 CCD e LANDSAT-5
TM.
Através do aplicativo SPRING e com o auxílio do aparelho sistema de posicionamento
global (GPS), com cinco metros de precisão, elaborou-se o mapa dos compartimentos
aquáticos do Reservatório, georreferenciando 21 (vinte e um) pontos amostrais (Figura 3.3 a
seguir).
44
Figura 3.3 - Mapa dos compartimentos aquáticos do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
As variáveis limnológicas determinadas "in loco" foram:
a) Total de sólidos em suspensão/TSS (mg/L): essa variável foi obtida através da coleta em
frascos plásticos de 600ml de água, nos pontos amostrais, para medida, identificação e
análise, nos laboratórios de Sedimentologia e de Espectrometria Atômica, respectivamente,
dos Departamentos de Geociências e de Química do CCNE/UFSM.
45
Para a medida e a identificação do TSS, utilizaram-se dois tipos de filtros: filtro
microfibra de vidro borossilicato sem resina, permitindo a realização do processo de filtragem
e calcinação; e filtro de celulose, constituído por membranas HA, branca e quadriculada, em
éster de celulose com poros de 0,45
γm, diâmetro de 47 milímetros, possibilitando fazer a
filtragem da água (MILLIPORE, 2006). Secaram-se e pesaram-se os respectivos filtros antes
e depois da filtragem, sendo que a diferença de peso corresponde ao TSS.
A pesagem dos filtros e a filtragem da água foram realizadas em dois momentos
distintos. Num primeiro momento, os filtros permaneceram por um período de 24 horas em
estufa, a uma temperatura média de 50°C, para a perda da umidade (secagem); sendo, então,
pesados na balança analítica de marca Metter Toledo, modelo AG 245 (acurácia 0,00001
gramas), registrando seu valor. Num segundo momento, ocorreu o processo de filtragem da
água, seguido pelos mesmos procedimentos de secagem e pesagem descritos acima. Para
todas as coletas de campo realizadas, aplicaram-se esses procedimentos técnicos. A Figura 3.4
a seguir mostra a seqüência do procedimento para obtenção do TSS, desde a coleta de
amostras no Reservatório até o produto final.
Figura 3.4 - Processo de medida e identificação do TSS do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva - RS.
Fonte: Adaptado de Esteves (1998).
b) Transparência da água/profundidade do disco de Secchi (cm): obteve-se essa variável,
mergulhando, nos pontos amostrais, um disco de metal branco de 25 centímetros de diâmetro,
ao qual foi acoplada uma corda marcada. Anotou-se o valor em que ocorreu o
desaparecimento do disco na água.
46
c) Temperatura da água (°C): a temperatura da água foi obtida, nos pontos amostrais, através
do aparelho ORION, medida a 20 centímetros de profundidade da água.
Nas coletas de campo, as medidas da temperatura da água do Reservatório Rodolfo
Costa e Silva - RS, foram realizadas em subsuperfície, a 20 centímetros de profundidade,
onde as temperaturas tendem a ser uniformes devido às ações do ambiente externo (Tucci,
1993).
d) Condutividade elétrica S/cm): os dados dessa variável, nos pontos amostrais, também
foram identificados com o aparelho ORION, sendo medida a 20 centímetros de profundidade
da água.
e) Total de sólidos dissolvidos/TDS (mg/L): os dados dessa variável também foram
identificados com o emprego do aparelho ORION, a 20 centímetros de profundidade da água,
nos pontos amostrais.
f) Potencial Hidrogeniônico (pH): mediu-se essa variável, nos pontos amostrais, a 20
centímetros de profundidade da água, através do aparelho PH MASTER que, primeiramente,
foi estabilizado com solução de pH4 e pH7.
47
CAPÍTULO 4
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Com o objetivo de realizar uma análise integrada dos ecossistemas terrestre e aquático,
promovendo a interdependência entre ambos, e de obter subsídios que facilitassem a medida,
a identificação e a análise de características limnológicas do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva - RS, com a tecnologia de geoprocessamento e SIG, criou-se um banco de dados
geográficos, no qual foram inseridos os Planos de informações com dados de variáveis
limnológicas advindos dos pontos amostrais das coletas de campo, da cartografia e de
imagens de satélite, georreferenciados através do aplicativo SPRING.
Para isso, foi produzido o mapeamento das sub-bacias hidrográficas da área de
captação do Reservatório, elaborando-se os mapas temáticos de declividade e de uso da terra,
de áreas de preservação permanente (APP) e de áreas de conflitos ambientais; relacionaram-se
as sub-bacias da área de captação aos compartimentos aquáticos do Reservatório; realizaram-
se a coleta, medida, identificação e análise das variáveis limnológicas do Reservatório; e, por
fim, foram analisados os ecossistemas terrestre e aquático de forma integrada.
4.1 Mapa temático de declividade
Para elaborar o mapa temático de declividade (Figura 4.1), verificou-se que a área de
captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva localiza-se no compartimento
geomorfológico que compreende uma área de transição entre o topo e o rebordo do planalto
Meridional ou Arenito-basáltico (Serra Geral) e a planície ou depressão Periférica Sul-
Riograndense. As nascentes do rio principal dessa bacia hidrográfica estão em uma altitude
em torno de 500 metros, tendo como ponto mais alto de toda a bacia a cota altimétrica com
516 metros; e sua foz, onde passa a chamar-se apenas de Ibicuí, com altitude de 80 metros.
48
Figura 4.1 - Mapa de declividade da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva -
RS.
Fonte: Sartor e Wachholz (2005/2006).
49
De acordo com o conjunto de áreas geomorfologicamente homogêneas, a área de
captação apresenta as formas: plana (p) e convexa (c). Por meio da aplicação dos níveis
taxonômicos e dos padrões de dissecação do relevo, foi possível identificar quatro classes de
declividade, na área de captação do Reservatório (Figura 4.1 e Tabela 4.1).
Tabela 4.1 - Classes de declividade da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva - RS
Classes de
declividade (%)
Área (ha) Percentual (%) Forma de dissecação do
relevo
0-2 2141,92 46,51 Plana
2-6 1197,98 26,01 Fraca ondulada
6-12 1003,15 21,78 Média ondulada
>12 261,96 5,69 Ondulada
Fonte: Adaptado de Brito (2001).
Observa-se, na Figura 4.1, que as formas de relevo mais dissecadas, de um modo
geral, constituem-se de feições geomorfológicas onduladas, encontrando-se no entorno
próximas às nascentes. Também é possível verificar que um elevado percentual dessas formas
acompanha a faixa marginal das drenagens. Assim, essas áreas, por apresentarem maior
propensão a problemas ambientais, como erosão do solo e assoreamento dos rios, lagos e
demais mananciais, representam as APP, de acordo com resolução estabelecida pelo Código
Florestal Brasileiro (1965).
Desse modo, visualiza-se, na Figura 4.1, que as sub-bacias hidrográficas 7 e 8 (porção
Leste do Reservatório) apresentam menor área em relação às outras sub-bacias e maior
percentual de formas de relevo mais dissecadas; portanto, pode-se inferir que são menos
indicadas quanto aos tipos de uso da terra (por exemplo, à classe agricultura), sendo, no
entanto, mais favoráveis ao desenvolvimento de atividades de campo, pecuária e silvicultura.
Observa-se ainda, na Figura 4.1 e na Tabela 4.1, que a maioria da área de captação das
sub-bacias do Reservatório Rodolfo Costa e Silva (aproximadamente 94%) apresenta formas
do relevo pouco dissecadas, variando em formas plana (46,51%), fraca ondulada (26,01%) e
média ondulada (21,78%); sendo assim, pode ser considerada uma área restrita a problemas
ambientais, como erosão do solo e assoreamento dos canais e do Reservatório. A partir disso,
é possível inferir que a área de captação das sub-bacias do Reservatório, por apresentar esse
modelado geomorfológico, de um modo geral, é fortemente favorável ao uso da terra,
inclusive à produção agrícola.
50
4.2 Mapa temático de uso da terra
Analisando-se, na Figura 4.2, a distribuição espacial das classes de uso da terra, por
ciclo agrícola, durante o ano hidrológico do Reservatório Rodolfo Costa e Silva, e, na Tabela
4.2, a quantificação dos dados, percebe-se que a classe denominada floresta possui 460,62
hectares de área, correspondente a 9,44% do total da área de captação do Reservatório. Infere-
se que essa classe apresenta a mesma área distribuída pelos quatro ciclos agrícolas,
principalmente devido ao fato de a maior porção se referir às APP. Desse modo, visualiza-se
que, por esse motivo, a vegetação localiza-se na maioria na faixa marginal dos rios das sub-
bacias da área de captação e, em menor proporção, no entorno do Reservatório, nas encostas
de elevações e dispersa por toda a área. Identifica-se também que a classe floresta é
representada, em maior quantidade, por mata ciliar ou galeria e, em menor proporção, por
floresta nativa e/ou reflorestada.
Tabela 4.2 - Classes de uso da terra e ciclos agrícolas da área de captação do Reservatório Rodolfo
Costa e Silva - RS
Classes de uso
da terra
Ciclos agrícolas
Solo exposto Ciclo da soja Entressafra Ciclo do trigo
Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha)
%
Floresta 460,62 9,44 460,62 9,44
460,62 9,44
460,62 9,44
Campo 884,40 18,12 1302,83 26,70
1622,81 33,25
1579,64 32,37
Agricultura 835,66 17,12 2128,45 43,62
1358,76 27,84
2087,49 42,78
Solo exposto 1888,85 38,71 667,24 13,67
1110,97 22,77
524,42 10,75
NPV 481,63 9,87 0,00 0,00
39,59 0,81
0,00 0,00
Água 328,85 6,74 320,86 6,57
287,25 5,89
227,82 4,67
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
51
Figura 4.2 - Mapa de uso da terra da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva -
RS.
Fonte: Sartor e Wachholz (2005/2006).
52
Verifica-se, na Figura 4.2 e na Tabela 4.2, que a classe campo apresenta os seguintes
valores de área por ciclo agrícola, durante o ano hidrológico, da área de captação das sub-
bacias hidrográficas do Reservatório Rodolfo Costa e Silva: para solo exposto, 884,40
hectares de área, que corresponde a 18,12% do total da área de captação; para o ciclo da soja,
1.302,83 hectares, ou seja, 26,70% do total da área de captação; para a entressafra, apresenta
1.622,81 hectares de área, isto é, 33,25% do total da área de captação; e para o ciclo do trigo,
1.579,64 hectares, ou seja, 32,37% do total da área de captação do Reservatório.
Dessa maneira, observa-se, na Tabela 4.2, que, embora se localize dispersa por toda a
área de captação, a classe campo apresenta menor valor de área para o ciclo agrícola de solo
exposto (aproximadamente a metade dos outros três ciclos). Acredita-se que essa classe tenha
apresentado esse resultado, uma vez que manteve, nesse ciclo, apenas a classe de campo
natural, sendo que, nos ciclos da soja, da entressafra e do trigo, passou a cultivar também
pastagens para a atividade da pecuária, principalmente nos ciclos agrícolas da entressafra
(mês de maio) e do trigo (entre junho a agosto), os quais ocorrem nos períodos de outono e
inverno, quando a necessidade de produzir maior quantidade de alimento para a atividade
criatória. A classe campo representa uma importante base para a economia dos municípios
integrantes das sub-bacias hidrográficas da área de captação do Reservatório, visto que a
pecuária destaca-se na produção de bovinos, aves e suínos para o consumo da região,
comercializando o excedente.
Analisando-se a Figura 4.2 e a Tabela 4.2, observa-se que a classe agricultura
apresenta os seguintes valores de área por ciclo agrícola, durante o ano hidrológico, da área de
captação das sub-bacias hidrográficas do Reservatório Rodolfo Costa e Silva: para solo
exposto, 835,66 hectares de área, que corresponde a 17,12% do total da área de captação; para
o ciclo da soja, 2.128,45 hectares, isto é, 43,62% do total da área de captação; para a
entressafra, 1.358,76 hectares de área, ou seja, 27,84% do total da área de captação; e para o
ciclo do trigo, 2.087,49 hectares, isto é, 42,78% do total da área de captação da área de
estudo. Desse modo, examinando a Tabela 4.2, observa-se que, embora se localize dispersa
por toda a área de captação, a classe agricultura apresenta menor valor de área para o ciclo
agrícola de solo exposto (aproximadamente a metade da entressafra), em relação aos ciclos da
soja e do trigo (aproximadamente um terço). Portanto, infere-se que a classe agricultura
apresentou esse resultado, pelo principal motivo de, nos ciclos agrícolas de solo exposto e da
entressafra, serem cultivados apenas produtos de subsistência (milho, feijão, arroz, batata,
hortaliças e outros). Entretanto, nos ciclos da soja e do trigo, como se verificou anteriormente,
foram cultivados praticamente a metade e dois terços a mais, respectivamente, em relação aos
53
ciclos da entressafra e de solo exposto, pois esses dois produtos agrícolas são comerciais,
havendo, assim, a necessidade de grande produção.
Observando-se a Figura 4.2 e a Tabela 4.2, sobre a classe solo exposto da área de
captação das sub-bacias hidrográficas do Reservatório, percebe-se que, em seu próprio ciclo,
apresenta a maior área, cerca de 1.888,85 hectares (38,71%) do total da área de captação.
Provavelmente, porque nesse ciclo ocorre o preparo do solo para plantio da soja e do trigo,
voltado para a agricultura comercial e, por isso, mecanizada. Ainda, pode-se verificar que essa
classe representa para os ciclos agrícolas da soja, 667,24 hectares (13,67%), e do trigo, 524,42
hectares (10,75%) de solo exposto. Ambos os ciclos apresentam áreas com tamanhos
aproximados e pequenas em relação ao total da área das sub-bacias de captação do
Reservatório, provavelmente, porque são áreas preparadas para pastagens e cultivo de
subsistência. A entressafra apresenta área de 1.110,97 hectares (22,77%) da classe solo
exposto, possivelmente resultado da relação estabelecida por essa classe entre os ciclos da
soja e do trigo. Essa classe se apresenta dispersa por toda a área, sendo mais expressiva, como
visto anteriormente, no próprio ciclo agrícola solo exposto.
Analisando-se a Figura 4.2 e a Tabela 4.2, observa-se que a ocorrência da classe
vegetação não fotossinteticamente ativa (NPV) na área de captação das sub-bacias
hidrográficas do Reservatório Rodolfo Costa e Silva, durante o ano hidrológico, ocorre apenas
em dois ciclos agrícolas: no ciclo agrícola solo exposto, representando 481,63 hectares
(9,87%), nas sub-bacias 3, 4, 5 e 6; e, na entressafra, representando uma pequena área na sub-
bacia 5, de 39,59 hectares (0,81%). Ambos os ciclos referem-se ao total da área de captação
do Reservatório. No entanto, identifica-se que os outros dois ciclos agrícolas, os ciclos da soja
e do trigo, não apresentam áreas com a classe NPV. A partir desse resultado, acredita-se que o
mais coerente é que essa vegetação encontra-se em estado senil em relação às demais, porque
os próprios ciclos agrícolas de ocorrência se justificam (solo exposto e entressafra),
principalmente no ciclo solo exposto, que representa quase o total da área constituída por essa
classe de uso da terra.
A respeito da análise da água superficial presente na área de captação das sub-bacias
hidrográficas do Reservatório Rodolfo Costa e Silva, observa-se na Figura 4.2 e na Tabela
4.2, os seguintes resultados para os ciclos agrícolas: solo exposto representa 328,85 hectares
(6,74%); ciclo da soja, 320,86 hectares (6,57%); entressafra, 287,25 hectares (5,89%); e o
ciclo do trigo representa 227,82 hectares (4,67%). Esses ciclos referem-se ao total da área de
captação do Reservatório. Dessa forma, infere-se que os resultados apresentados conferem
coerência, visto que está bem representada a relação quantitativa da classe água superficial,
54
por ciclo agrícola, com os períodos de ocorrência média de maiores e/ou menores índices
pluviométricos (Figura 4.8), contrastando, assim, com a variação do nível da água do
Reservatório Rodolfo Costa e Silva, durante o ano hidrológico, monitorado através de medida
e registro desses níveis nas coletas de campo, obtidos através de uma régua vertical localizada
no dique do Reservatório (Figura 4.3 a seguir).
Figura 4.3 - Variação do nível da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS, durante o
ano hidrológico.
Fonte: SURCEN/CORSAN - RS (2005/2006).
4.3 Mapa temático das áreas de preservação permanente (APP)
As áreas de preservação permanente (APP) são identificadas pela localização das
florestas e demais formas de vegetação natural, em função da rede de drenagem e da
geomorfologia. Nesse caso, o mapa temático das APP da área de captação das sub-bacias do
Reservatório Rodolfo Costa e Silva foi elaborado com base apenas na rede de drenagem, pelo
fato de suas feições geomorfológicas apresentarem-se com baixa declividade, não
influenciando na definição das APP da área de captação do Reservatório (Figura 4.4).
55
Figura 4.4 - Mapa das APP da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS.
Fonte: Sartor e Wachholz (2005/2006).
56
Assim, em consonância com resoluções estabelecidas pelo Código Florestal Brasileiro
(1965) e pelo CONAMA (1985/2002), para elaboração do mapa temático de APP das sub-
bacias da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva, foi estabelecido como
limite das APP: para a faixa marginal ao longo das drenagens, pelo fato das drenagens
apresentarem até 10 metros de largura, manteve-se 30 metros de APP; para o entorno do
Reservatório, 100 metros de APP; e, para o entorno das nascentes, ainda que intermitentes,
manteve-se um raio de 50 metros de largura de APP.
Observa-se, na Figura 4.4, que a área de captação das sub-bacias do Reservatório,
representa as APP na seguinte condição: para à distância dos 100 metros de APP da área total
do entorno do Reservatório, 201,39 hectares (27,32%) da APP; para à distância de 30 metros
de APP da faixa marginal da área total das drenagens da área de captação, 502,38 hectares
(68,15%) da APP; e, num raio de 50 metros de largura de APP da área total das nascentes da
área de captação do Reservatório, 33,39 hectares (4,53%) da APP. Desse modo, verifica-se
que, de acordo com a legislação ambiental federal, a área total que representa as APP das sub-
bacias da área de captação do Reservatório é de 737,16 hectares.
4.4 Mapa temático das áreas de conflitos ambientais
As áreas de conflitos ambientais (Figura 4.5) são definidas com base no uso da terra e
nas resoluções estabelecidas pelo Código Florestal Brasileiro (1965) e pelo CONAMA
(1985/2002). Assim, são APP que foram invadidas e sua vegetação natural, inicialmente, foi
desmatada e substituída pelas classes de uso da terra, principalmente por campo e agricultura.
Desse modo, as APP ocupadas com atividades agropastoris, principalmente agrícolas,
representam sérios conflitos ambientais, determinados por dois fatores principais: o primeiro,
devido à ação pastoril, essas áreas apresentam baixa capacidade de infiltração no escoamento
de água superficial; o segundo, porque, no ciclo de solo exposto, o aporte de partículas e/ou
nutrientes sólidos escoado para um rio, lago de captação e outros mananciais de água é
elevado, pois a faixa marginal das drenagens e entorno de reservatórios e lagos de captação de
água sofrem forte influência da erosão e da perda de fertilidade do solo, assoreando
facilmente os cursos dos rios e outros mananciais de água (TUCCI, 1993; ROCHA, 1999;
TUNDISI et al., 1999).
57
Figura 4.5 - Mapa das áreas de conflitos ambientais da área de captação do Reservatório
Rodolfo Costa e Silva - RS.
Fonte: Sartor e Wachholz (2005/2006).
58
Observa-se, nas Figuras 4.5 e 4.6, que, de acordo com o uso da terra e com as
resoluções estabelecidas pela legislação ambiental federal, a área de captação das sub-bacias
hidrográficas do Reservatório Rodolfo Costa e Silva apresenta apenas 26,42% (194,76
hectares) de APP com florestas e demais formas de vegetação natural, isto é, 72,39% (533,63
hectares) dessa área apresenta-se com conflitos ambientais em relação ao uso da terra pela
ação antrópica, sendo que 38,32% (282,48 hectares) de área apresenta-se com atividade de
campo (pecuária) e 34,07% (251,15 hectares) de área com agricultura. Assim, visualiza-se
que os conflitos ambientais ocorrem tanto na faixa marginal das drenagens da área de
captação das sub-bacias do Reservatório Rodolfo Costa e Silva, como também nas áreas que
envolvem o entorno das nascentes e do próprio Reservatório.
A Figura 4.6 a seguir representa a área de captação de contribuição direta voltada para
os pontos amostrais 17 e 18 (Figura 3.3) do Reservatório, onde percebe-se que é marcante a
ocorrência de conflitos ambientais. Inicialmente, as florestas e demais formas de vegetação
natural foram desmatadas para a realização de atividades agropecuárias, assim observa-se que,
de acordo com legislação ambiental federal, não está sendo respeitado o limite mínimo de 100
metros de distância de APP no entorno do Reservatório.
Figura 4.6 - Área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS, com conflitos
ambientais da 5ª coleta de campo (01/02/2006).
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
4.5 Medida e análise das variáveis limnológicas
As variáveis limnológicas do Reservatório Rodolfo Costa e Silva coletadas, medidas,
identificadas e analisadas foram: total de sólidos em suspensão (TSS), transparência da água,
59
temperatura da água, condutividade elétrica, total de sólidos dissolvidos (TDS) e potencial
Hidrogeniônico (pH).
Sendo a resolução temporal do CBERS-2 CCD 26 dias, e do LANDSAT-5 TM 16
dias, planejou-se realizar a coleta, medida e identificação dessas variáveis do Reservatório na
data de passagem de um dos satélites sobre a área de estudo. Quando isso não foi possível,
essas atividades foram realizadas em data próxima à passagem (Quadro 3.1).
A Figura 4.7 a seguir representa a variação da profundidade, medida e identificada nos
pontos amostrais da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva, durante o ano hidrológico,
da quarta coleta de campo (06/01/2006), que influenciou os resultados apresentados na
relação do uso da terra da área de captação com as variáveis limnológicas coletadas e medidas
no Reservatório.
Figura 4.7 - Variação da profundidade nos pontos amostrais do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva - RS.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
A Figura 4.8 a seguir representa a variação de índices pluviométricos correspondente a
26 e 7 dias anteriores à realização das coletas de campo no Reservatório, durante o ano
hidrológico, os quais em relação o uso da terra influenciaram no resultado apresentado pelas
variáveis limnológicas em maior ou menor aporte de partículas e/ou nutrientes sólidos
carreado para dentro do Reservatório.
60
Figura 4.8 - Variação de índices pluviométricos correspondente a 26 e 7 dias anteriores à
realização das coletas de campo do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS.
Fonte: PCD - OES/INPE - RS (2005/2006).
Tabela 4.3 - Estatística descritiva dos dados de vento a 10 metros da superfície (m/s), do
Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS
Coleta
Mínimo
Máximo
Média
Variância
1c(20/10/2005)
4,15
9,79
6,76
2,25
2c(18/11/2005)
4,29
9,23
6,73
2,02
3c(14/12/2005)
4,64
9,39
6,84
1,57
4c(06/01/2006)
4,98
10,31
7,34
1,76
5c(01/02/2006)
4,53
9,53
7,14
2,13
6c(27/02/2006)
5,44
9,41
7,39
1,18
7c(25/03/2006)
4,90
9,40
7,47
1,32
8c(20/04/2006)
3,28
8,99
6,90
1,82
9c(16/05/2006)
4,10
9,84
6,93
1,82
10c(14/06/2006)
3,34
9,66
6,89
2,14
11c(07/07/2006)
3,81
10,24
7,12
3,16
12c(25/08/2006)
3,11
9,43
6,44
2,46
13c(26/09/2006)
4,44
8,76
6,59
1,51
*Os dados de vento correspondem à média diária dos 26 dias antes de cada coleta ou ao
intervalo de uma data antecedente até a outra.
Fonte: PCD - OES/INPE - RS (2005/2006).
4.5.1 Total de sólidos em suspensão (TSS)
O TSS é uma variável limnológica que está intrinsecamente relacionada ao
ecossistema terrestre (principalmente com os tipos de uso da terra, como atividades
61
agropecuárias na área rural) e às condições atmosféricas, pois o aporte de partículas e/ou
nutrientes sólidos carreado para o ambiente aquático é facilitado pela geomorfologia, pelo
desmatamento, pelo solo exposto, pelo índice pluviométrico e pelo vento.
Observa-se, nas Figuras 4.9 e 4.10 e na Tabela 4.4, que os maiores valores de TSS da
água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva foram encontrados na primeira (20/10/2005),
segunda (18/11/2005), quarta (06/01/2006), sétima (25/03/2006) e décima terceira
(26/09/2006) coletas de campo. Infere-se, assim, terem sofrido influência dos seguintes
fatores: para a primeira (20/10/2005), segunda (18/11/2005) e décima terceira (26/09/2006)
coletas de campo, deva ter sido pelos tipos de uso da terra, uma vez que se fazia presente o
ciclo de solo exposto, somado com a ocorrência de elevados índices pluviométricos a 26 dias
anteriores à realização das coletas (principalmente para a primeira coleta), ocasionando maior
aporte de partículas e/ou nutrientes sólidos carreado para o Reservatório; no entanto, para a
primeira (20/10/2005), quarta (06/01/2006) e sétima (25/03/2006) coletas de campo,
provavelmente por essa fase ter sofrido influência de maior concentração de índices
pluviométricos correspondente a 26 e 7 dias anteriores à realização das coletas de campo
(Figura 4.8).
Tabela 4.4 - Estatística descritiva dos dados de TSS (mg/L), do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva - RS
Coleta Mínimo Máximo Média Variância
1c(20/10/2005)
5,80 14,16 7,72 3,87
2c(18/11/2005)
4,79 6,36 5,47 0,39
3c(14/12/2005)
2,01 3,87 2,95 0,21
4c(06/01/2006)
4,10 8,64 6,34 1,84
5c(01/02/2006)
0,00 2,64 1,00 0,64
6c(27/02/2006)
0,17 3,62 1,69 0,93
7c(25/03/2006)
3,17 4,92 4,04 0,23
8c(20/04/2006)
0,62 4,17 1,96 0,67
9c(16/05/2006)
0,87 2,34 1,54 0,20
10c(14/06/2006)
0,52 3,52 1,56 0,74
11c(07/07/2006)
0,00 4,22 1,17 1,12
12c(25/08/2006)
1,57 7,22 3,74 1,55
13c(26/09/2006)
6,32 11,67 8,99 1,31
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
Analisando-se a Tabela 4.3 pode-se inferir, pela média de baixa velocidade (7m/s),
que o vento muito pouco interferiu no resultado dos valores do TSS da água do Reservatório.
Visualiza-se, nas Figuras 4.9 e 4.10 e na Tabela 4.4, que a primeira (20/10/2005),
quarta (06/01/2006), décima primeira (07/07/2006), décima segunda (25/08/2006) e décima
62
terceira (26/09/2006) coletas de campo, apresentaram maior variância do TSS entre os pontos
amostrais, durante o ano hidrológico. Possivelmente, isso ocorreu pela diversidade de fatores
presentes nas sub-bacias da área de captação do Reservatório nos tipos de uso da terra (entre
as classes de campo, agricultura e solo exposto) e também pelas condições atmosféricas,
principalmente pelos índices de chuva variados, relacionados às respectivas coletas de campo.
0
2
4
6
8
10
12
14
1
c
(20/10/2005)
2
c
(18
/1
1/
20
05
)
3c
(
14/12
/
2005)
4c
(
06/01
/
200
6
)
5
c
(01
/
02/2006)
6
c
(27
/
02/2006)
7c
(25
/03
/
20
06
)
8c (20/04
/
2006)
9c
(
16/05
/
2006)
10
c
(1
4/
06/
2
006)
11
c
(0
7/
07/
2
006)
1
2
c (25/0
8/
2
00
6)
13c (26/09/2006)
TSS (mg/l)
PC 1
PC 2
PC 3
PC 4
PC 5
PC 6
PC 7
PC 8
PC 9
PC 10
a) Pontos amostrais do setor jusante
0
2
4
6
8
10
12
14
1c
(
2
0
/1
0
/
20
05
)
2c
(
1
8
/1
1
/
20
05
)
3
c (14/12/2005
)
4
c (06/01/2006)
5
c (01/02/2006)
6c
(
2
7
/0
2
/2
0
06
)
7c
(
2
5
/0
3
/2
0
06
)
8c
(
20/0
4
/2
0
06
)
9c (16/05/2006)
10c
(
14/06/2
0
06)
11c
(
07
/
07/2
0
06)
1
2c
(2
5
/0
8
/200
6)
1
3c
(2
6
/0
9
/200
6)
TSS (mg/l)
PC 11
PC 12
PC 13
PC 14
PC 15
PC 16
PC 17
PC 18
PC 19
PC 20
PC 21
b) Pontos amostrais do setor montante
Figura 4.9 - Variação do TSS da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
63
Figura 4.10 - Mapa da variação do TSS da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
64
4.5.2 Transparência da água
A transparência da água obtida pela profundidade do disco de Secchi é uma
importante variável limnológica, porque está intrinsecamente relacionada à disponibilidade de
luz e energia solar na água (zona eufótica), como também pela quantidade de TSS (partículas
e/ou nutrientes sólidos orgânicos e inorgânicos) presente na água.
A transparência da água é diretamente proporcional ao disco de Secchi e inversamente
proporcional ao TSS, isto é, quanto maior a transparência, maior a profundidade do disco e,
portanto, menor o valor do TSS presente na água e vice-versa. Assim, essa variável
limnológica é fortemente vulnerável às condições do ecossistema terrestre, uma vez que, em
áreas em que possa ocorrer forma de relevo mais dissecado, desmatamento, solo exposto sob
condições de elevado índice pluviométrico e ventos fortes, uma grande possibilidade da
transparência da água ser mínima, devido ao elevado aporte de partículas e/ou nutrientes
sólidos carreado para o ambiente aquático (KIRK, 1996; ESTEVES, 1998; PEREIRA FILHO,
2000).
Verifica-se, nas Figuras 4.11 e 4.12 e Tabela 4.5, que a transparência da água do
Reservatório na primeira (20/10/2005), segunda (18/11/2005), décima segunda (25/08/2006) e
décima terceira (26/09/2006) coletas de campo, apresentou valor médio de baixa
profundidade do disco de Secchi. Provavelmente, por influência de uso da terra com o ciclo
agrícola de solo exposto, aliado às condições atmosféricas, ocorreu elevado índice
pluviométrico antecedendo a 26 dias das coletas de campo. Desse modo, houve um aumento
significativo do aporte de partículas e/ou nutrientes sólidos carreado para o Reservatório,
principalmente no setor montante, onde estão localizadas as três maiores sub-bacias de
captação (SB3, SB4 e SB5).
Observa-se ainda, nas Figuras 4.11 e 4.12 e Tabela 4.5, que os menores valores
médios de transparência foram encontrados na primeira (20/10/2005), quarta (06/01/2006) e
sétima (25/03/2006) coletas de campo, possivelmente, por esse período ter sofrido influência
de maior concentração de índices pluviométricos correspondente a 26 e 7 dias que antecedem
a realização das coletas de campo, respectivamente, 101 mm, 40mm e 100mm de chuvas
(Figura 4.8).
65
100
150
200
250
300
350
1c (20/10/2
0
05)
2
c (
18
/
11
/20
05
)
3c (14/
12
/2005)
4c (06/01/2006)
5
c (
01
/
02
/20
06
)
6c (27/
02
/2006)
7c (25/03/2
0
06)
8
c
(
20
/
04/
20
06
)
9
c (
16
/
05
/20
06
)
10c (14/06/2006)
1
1c
(0
7/
07/
2
00
6)
1
2c
(2
5/
0
8/2
00
6)
13c(26/09/
2
006)
SD (cm)
PC 1
PC 2
PC 3
PC 4
PC 5
PC 6
PC 7
PC 8
PC 9
PC 10
a) Pontos amostrais do setor jusante
100
150
200
250
300
350
1c
(20/10/
20
05
)
2c
(
18/11/
20
05
)
3c
(
14
/
12/
20
05
)
4c
(
06
/
01/
20
06
)
5
c (
01
/
02/
20
06
)
6
c (
27
/
0
2
/
20
06
)
7c
(
25
/
03/
20
06
)
8c
(
20
/
04/
20
06
)
9c
(
16
/
05/
20
06
)
1
0c
(1
4/
06/
2
00
6)
1
1c
(0
7/0
7/
2
00
6)
1
2c
(2
5/0
8/
2
00
6)
1
3c(26/
09
/20
06
)
SD (cm)
PC 11
PC 12
PC 13
PC 14
PC 15
PC 16
PC 17
PC 18
PC 19
PC 20
PC 21
b) Pontos amostrais do setor montante
Figura 4.11 - Variação da transparência da água (DS) do Reservatório Rodolfo Costa e Silva -
RS.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
66
Tabela 4.5 - Estatística descritiva dos dados de transparência da água (DS - cm), do
Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS
Coleta Mínimo Máximo Média Variância
1c(20/10/2005)
100 130 116 91
2c(18/11/2005)
143 167 152 48
3c(14/12/2005)
208 230 217 37
4c(06/01/2006)
190 250 229 261
5c(01/02/2006)
210 315 279 1051
6c(27/02/2006)
190 270 240 478
7c(25/03/2006)
190 270 232 369
8c(20/04/2006)
150 300 253 918
9c(16/05/2006)
210 281 253 178
10c(14/06/2006)
200 315 281 565
11c(07/07/2006)
200 315 280 717
12c(25/08/2006)
170 190 181 69
13c(26/09/2006)
105 150 133 188
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
Visualiza-se, nos dados amostrais da Figura 4.11 e Tabela 4.5, que a transparência da
água aumenta gradualmente da primeira à quinta coleta de campo, respectivamente, com
valores médios que oscilam em 116 centímetros, 152 centímetros, 217 centímetros, 229
centímetros e 279 centímetros. Esse resultado está vinculado ao período de transição de solo
exposto ao início do ciclo de cultivo da soja (primeira fase: plantio), como também ao período
de baixos índices pluviométricos correspondente a 26 e 7 dias que antecedem a realização das
coletas de campo (Figura 4.8). Observa-se (Figuras 4.11 e 4.12 e Tabela 4.5), entretanto, que,
a partir da sexta até a nona coleta de campo, a transparência da água sofre uma pequena
diminuição, mantendo níveis médios entre 232 centímetros a 253 centímetros. Esse resultado
é influenciado, provavelmente, por dois fatores: o primeiro, por atividades agrícolas, em que
ocorreram o ciclo de cultivo da soja (terceira fase: colheita) e a entressafra (mês de maio); o
segundo fator foi a ocorrência de médios índices pluviométricos correspondentes a 26 e 7 dias
que antecederam a realização das coletas de campo.
Visualiza-se, nos dados amostrais da Figura 4.11 e Tabela 4.5, que a transparência da
água do Reservatório diminui gradualmente a partir da décima à décima terceira coleta de
campo, respectivamente, com valores médios entre 281 centímetros, 280 centímetros, 181
centímetros e 133 centímetros. Esse resultado está vinculado ao período de transição do ciclo
de cultivo do trigo (entre junho a agosto) e ao início de solo exposto, como também ao
período de aumento gradual de índices pluviométricos correspondente a 26 dias que
antecedem a realização das coletas de campo.
67
Analisando-se a Tabela 4.3, infere-se que o vento, por sua média de baixa velocidade a
7m/s, nas coletas de campo, muito pouco influenciou no resultado dos valores da
transparência da água do Reservatório, assim como em sua variância entre os pontos
amostrais.
Observa-se ainda, nas Figuras 4.11 e 4.12, que, em todas as coletas de campo, houve
uma leve tendência a diminuir a transparência da água do Reservatório nos pontos amostrais a
montante. Acredita-se, a princípio, que esse resultado esteja relacionado aos diferentes tipos
de uso da terra, pois, no setor montante, estão localizadas as três maiores sub-bacias de
captação (SB3, SB4 e SB5); e, dessa forma, os pontos amostrais desse setor recebem elevado
aporte de partículas e/ou nutrientes sólidos oriundos do ambiente terrestre, que relacionado ao
processo hidrodinâmico dentro do Reservatório, aliado às menores profundidades a montante,
os sedimentos devem ir precipitando em direção a jusante (Figura 4.7). Outro fator, é o tempo
de deposição menor a jusante, por ser uma área mais recente do Reservatório.
Verifica-se, nas Figuras 4.11 e 4.12 e na Tabela 4.5, que da quinta (01/02/2006) até a
décima (14/06/2006) coleta de campo e, do setor montante, na quarta coleta de campo
(06/01/2006), houve maior variância da transparência entre os pontos amostrais, durante o ano
hidrológico. Provavelmente, isso tenha ocorrido pela diversidade de fatores presentes nas sub-
bacias da área de captação do Reservatório, nos tipos de uso da terra (entre as classes de
campo e agricultura), e também pelos índices pluviométricos variados, relacionados com as
respectivas coletas de campo. Infere-se que, nos pontos amostrais 7 e 9, respectivamente da
quinta (01/02/2006) e sexta (27/02/2006) coletas de campo, a transparência apresentou maior
variância pelo fato de esses pontos se localizarem em área da classe campo e de contribuição
direta. No caso, nos pontos amostrais 19, da oitava e nona coletas de campo, e 20, da décima e
décima primeira coletas de campo, a transparência apresentou maior variância, uma vez que
os pontos amostrais estavam situados em área de classe agricultura.
68
Figura 4.12 - Mapa da variação da transparência da água (DS) do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
69
4.5.3 Temperatura da água
A temperatura da água é fortemente influenciada pelos elementos e fatores climáticos
e pela variação diária da temperatura do ar atmosférico, bem como por outras variáveis
limnológicas, como o TSS e a transparência (TUCCI, 1993). Também a temperatura da água é
diretamente proporcional à transparência (zona eufótica) e inversamente proporcional ao TSS,
isto é, quanto maior a temperatura da água, maior a transparência e, portanto, menor o TSS e
vice-versa. A Figura 4.13 apresenta dados das características da temperatura da água, por
ponto amostral em cada coleta de campo.
Observa-se, na Figura 4.13 e na Tabela 4.6, que, na primeira (20/10/2005), segunda
(18/11/2005) e décima terceira (26/09/2006) coletas de campo, o valor médio da temperatura
da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva aumentou lenta e gradualmente,
provavelmente, influenciado pelo período do ano hidrológico (início da primavera). Esse
valor não apresentou média mais elevada da temperatura da água pelo fato de ter ocorrido o
ciclo agrícola solo exposto (preparo do solo para plantio) e período de elevado índice
pluviométrico correspondente a 26 e 7 dias que antecedem a realização das coletas de campo,
principalmente na primeira (20/10/2005), carreando, assim, grande aporte de partículas e/ou
nutrientes sólidos para o Reservatório, aumentando o valor do TSS e, portanto, diminuindo
tanto a transparência quanto a temperatura da água.
70
15
20
25
30
35
1c (20/10/2005)
2c (
1
8/1
1/2
00
5)
3c (14/12/2005)
4c
(0
6/0
1/20
0
6)
5c (01/02/200
6)
6c
(27
/0
2/2006)
7c (25/0
3/2
00
6)
8c
(20
/0
4/2006)
9c (16/0
5/2
00
6)
10c
(14
/06
/20
06
)
11
c (07/07/2006)
12c
(25
/08
/20
06
)
13c(
2
6/09/2006)
Temperatura (°C)
PC 1
PC 2
PC 3
PC 4
PC 5
PC 6
PC 7
PC 8
PC 9
PC 10
a) Pontos amostrais do setor jusante
15
20
25
30
35
1c (20/10/2005)
2c (
1
8/1
1/2
00
5)
3c (14/12/2005)
4c (
0
6/0
1/2
00
6)
5c (01/02/200
6
)
6c (
2
7/0
2/2
00
6)
7c (25/03/200
6
)
8c (
2
0/0
4/2
00
6)
9c (16/05/200
6
)
10
c (14/06/20
0
6)
11c (
07
/07/2
0
06)
12
c (25
/0
8/20
06
)
13
c
(26/0
9/2
00
6)
Temperatura (°C)
PC 11
PC 12
PC 13
PC 14
PC 15
PC 16
PC 17
PC 18
PC 19
PC 20
PC 21
b) Pontos amostrais do setor montante
Figura 4.13 - Variação da temperatura da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
71
Tabela 4.6 - Estatística descritiva dos dados de temperatura da água (ºC), do Reservatório
Rodolfo Costa e Silva - RS
Coleta Mínimo Máximo Média Variância
1c(20/10/2005)
21,10 33,70 24,40 6,36
2c(18/11/2005)
22,10 24,30 23,09 0,32
3c(14/12/2005)
23,40 27,20 24,94 0,92
4c(06/01/2006)
23,30 29,70 27,10 2,75
5c(01/02/2006)
26,10 30,10 27,95 1,76
6c(27/02/2006)
25,50 27,20 26,14 0,16
7c(25/03/2006)
24,30 24,80 24,60 0,02
8c(20/04/2006)
19,70 21,80 20,65 0,19
9c(16/05/2006)
16,90 18,00 17,30 0,07
10c(14/06/2006)
15,70 16,30 16,02 0,03
11c(07/07/2006)
15,70 16,30 15,97 0,03
12c(25/08/2006)
15,40 18,40 16,67 0,58
13c(26/09/2006)
17,30 19,70 17,93 0,38
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
Visualiza-se, na Figura 4.13 e na Tabela 4.6, que, a partir da terceira (14/12/2005) até
a sétima (25/03/2006) coleta de campo, houve um aumento no valor médio da temperatura da
água do Reservatório, certamente influenciado por dois principais fatores: ocorreu no período
hidrológico de verão, com destaque para a quarta (06/01/2006), quinta (01/02/2006) e sexta
(27/02/2006) coletas de campo; aconteceu durante o ciclo agrícola de cultivo da soja,
inclusive, na oitava coleta de campo (20/04/2006). Nas fases de plantio e crescimento
vegetativo da soja, a água superficial apresenta baixa intensidade e volume de escoamento,
desse modo, o aporte de partículas e/ou nutrientes sólidos carreado para o Reservatório é
pequeno. Nessa oportunidade, registrou-se diminuição do valor do TSS, aumento da
transparência da água e da temperatura.
Observa-se, na Figura 4.13 e Tabela 4.6, que, a partir da nona (16/05/2006) até a
décima segunda (25/08/2006) coleta de campo, o valor médio da temperatura da água do
Reservatório diminuiu. Infere-se que esse período possa ter sofrido influência somente de um
único fator: os períodos hidrológicos do final de outono e de todo o inverno. Infere-se ainda
que, os ciclos agrícolas de entressafra, da nona coleta de campo (16/05/2006), e de cultivo do
trigo, da décima (14/06/2006) até a décima segunda (25/08/2006) coleta de campo,
provavelmente pouco influenciaram no resultado de baixa temperatura da água do
Reservatório.
Em todas as coletas de campo, observa-se, nas Figuras 3.3 e 4.13 e na Tabela 4.6, que
os primeiros pontos amostrais (a jusante) apresentaram menores valores médios de
temperatura da água do Reservatório que nos demais pontos (a montante), fato que certamente
72
está relacionado com a hora do dia, que a temperatura diária do ar atmosférico é
influenciada por esse fator, pois as coletas dos primeiros pontos amostrais foram realizadas na
parte da manhã, enquanto que as coletas dos demais pontos amostrais realizaram-se no final
da manhã e na parte da tarde.
Observa-se, na Figura 4.13 e na Tabela 4.6, que, na primeira (20/10/2005), quarta
(06/01/2006) e quinta (01/02/2006) coletas de campo e, do setor montante, na terceira coleta
de campo (14/12/2005), houve maior variância da temperatura da água entre os pontos
amostrais, durante o ano hidrológico. Possivelmente, isso ocorreu pela diversidade de fatores
presentes nas sub-bacias da área de captação do Reservatório, como os tipos de uso da terra e
o índice pluviométrico variado, relacionados com as respectivas coletas de campo. Infere-se
que o ponto amostral 2, da primeira coleta de campo (20/10/2005), apresentou maior variância
de temperatura da água do Reservatório, provavelmente por ter ocorrido um erro de medida
e/ou registro.
4.5.4 Condutividade elétrica
A condutividade elétrica é uma variável limnológica de vital importância no
metabolismo do ecossistema aquático, por estar relacionada à capacidade de propagar energia
elétrica e às partículas e/ou nutrientes sólidos dissolvidos na água (TDS), podendo ajudar na
identificação de fontes poluidoras (ESTEVES, 1998; PEREIRA FILHO, 2000). Um dado
importante a saber é que o seu valor é inversamente proporcional ao valor do índice
pluviométrico, isto é, quanto maior o valor do índice pluviométrico, menor o valor da
condutividade elétrica, e vice-versa.
Verifica-se, na Figura 4.14 e na Tabela 4.7, que, na primeira (20/10/2005) e segunda
(18/11/2005) coletas de campo, a condutividade elétrica apresentou baixos valores médios
(entre 30 a 35 µS/cm). Levando-se em conta que os valores da condutividade elétrica são
inversamente proporcionais aos valores do índice pluviométrico, provavelmente, esse
resultado ocorreu por essa variável ter sofrido influência de elevada concentração de índices
pluviométricos correspondente a 26 e 7 dias anteriores à realização das coletas de campo
(Figura 4.8).
73
30
35
40
45
50
1
c (
2
0/10/2005)
2
c (
1
8/1
1
/2005)
3
c (
1
4/
12
/2005)
4c
(0
6
/01/2006)
5c (
0
1/02/2006)
6
c (
2
7/02/2006)
7
c (
2
5/
03
/2006)
8c
(2
0
/04/20
0
6)
9c (16/05/2006)
10
c
(1
4/
06/2006)
1
1
c (07/0
7/
2
00
6)
1
2
c (
2
5/0
8/
2
00
6)
13c(26/
09
/2006)
CE (µS/cm)
PC 1
PC 2
PC 3
PC 4
PC 5
PC 6
PC 7
PC 8
PC 9
PC 10
a) Pontos amostrais do setor jusante
30
35
40
45
50
1c (20/1
0/2
005)
2c (18/11
/2
005)
3c (14/12
/2
005)
4c (06/01/2006)
5c (01/02/2006)
6c (27/02/2006)
7c (25/03/2006)
8c (20/04/2006)
9c (
1
6/05/2006)
10
c
(14
/06
/2006
)
11
c
(07/07/2006
)
12
c
(25/08/2006
)
13
c
(
2
6/0
9/200
6)
CE (µS/cm)
PC 11
PC 12
PC 13
PC 14
PC 15
PC 16
PC 17
PC 18
PC 19
PC 20
PC 21
b) Pontos amostrais do setor montante
Figura 4.14 - Variação da condutividade elétrica da água do Reservatório Rodolfo Costa e
Silva - RS.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
74
Tabela 4.7 - Estatística descritiva dos dados de condutividade elétrica S/cm), do
Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS
Coleta Mínimo Máximo Média Variância
1c(20/10/2005)
31,10 33,20 32,79 0,30
2c(18/11/2005)
35,40 36,40 35,75 0,05
3c(14/12/2005)
36,90 37,80 37,23 0,05
4c(06/01/2006)
38,00 40,00 38,51 0,21
5c(01/02/2006)
40,30 42,80 40,81 0,39
6c(27/02/2006)
40,70 41,20 40,78 0,01
7c(25/03/2006)
47,90 50,40 48,84 0,36
8c(20/04/2006)
45,30 47,60 46,57 0,47
9c(16/05/2006)
42,00 42,90 42,59 0,05
10c(14/06/2006)
38,40 41,60 39,72 0,56
11c(07/07/2006)
39,80 41,80 40,20 0,16
12c(25/08/2006)
39,10 40,30 39,52 0,12
13c(26/09/2006)
37,60 39,30 38,10 0,13
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
Observa-se, na Figura 4.14 e na Tabela 4.7, que, na terceira (14/12/2005), quarta
(06/01/2006), quinta (01/02/2006), sexta (27/02/2006), décima (14/06/2006), décima primeira
(07/07/2006), décima segunda (25/08/2006) e décima terceira (26/09/2006) coletas de campo,
a condutividade elétrica apresentou médios valores (entre 35 a 40µS/cm). Possivelmente, esse
resultado foi influenciado pelos médios índices pluviométricos ocorridos a 26 e 7 dias
anteriores à realização dos trabalhos de coletas de campo (Figura 4.8).
Visualiza-se, na Figura 4.14 e na Tabela 4.7, que, na sétima (25/03/2006), oitava
(20/04/2006) e nona (16/05/2006) coletas de campo, os valores médios da condutividade
elétrica apresentaram-se elevados (entre 42 a 5S/cm). Infere-se que, na nona coleta de
campo (16/05/2006), esse resultado possa ter sofrido influência da baixa concentração de
índices pluviométricos correspondente a 26 e 7 dias anteriores à realização dos trabalhos de
coletas de campo. Entretanto, na sétima (25/03/2006) e oitava (20/04/2006) coletas de campo,
esse elevado valor médio da condutividade elétrica, possivelmente possa ter sido influenciado
pela “palha” resultante do cultivo agrícola na área de captação do Reservatório.
Observa-se, na Figura 4.14 e na Tabela 4.7, que, na maioria das coletas de campo
realizadas no Reservatório Rodolfo Costa e Silva, a variância dos valores da condutividade
elétrica, manteve-se praticamente constante e homogênea, exceto nos pontos de coleta 6 e 7,
da quinta coleta de campo (01/02/2006), e no ponto de coleta 19, respectivamente, da quarta
(06/01/2006), décima (14/06/2006) e décima primeira (07/07/2006) coletas de campo, que
apresentaram maior variância que os demais pontos de coleta. Provavelmente, esse valor de
variância tenha sofrido influência dos sedimentos depositados no fundo do Reservatório, pois
75
nesse local os compartimentos aquáticos apresentam baixa profundidade, ou pode ser oriundo
de alguma ação antrópica realizada nas sub-bacias 1 e 2 (Figuras 3.3 e 4.2).
4.5.5 Total de sólidos dissolvidos (TDS)
Observa-se, na Figura 4.15, que, em todas as coletas de campo do Reservatório
Rodolfo Costa e Silva, os valores de TDS oscilaram entre 14 a 24mg/L. Verifica-se, assim,
que esse resultado apresentou-se bem abaixo do recomendado pela classificação mundial da
água. Segundo Tundisi et al. (1999), designa-se como água doce aquela que apresenta teor de
TDS inferior a 1.000mg/L, o que prova, quanto a essa variável, boa qualidade da água do
Reservatório.
14
16
18
20
22
24
1c (20/
1
0/2005)
2c
(1
8/
1
1/2
00
5)
3c
(1
4/
12/
2
00
5
)
4c
(0
6
/01/
2
00
6
)
5
c (01/02/2006)
6c (27/
0
2/2006)
7c
(2
5/
0
3/2
00
6)
8c
(2
0/
0
4
/
2
00
6)
9c
(16/05/
2
006)
10c (14/06/2006)
11c (07/07/2006)
12
c (25
/
08
/
2006
)
13
c
(2
6/0
9/
2
00
6
)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
Figura 4.15 - Variação do TDS da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
Observa-se, na Figura 4.15, que, na primeira (20/10/2005), segunda (18/11/2005) e
terceira (14/12/2005) coletas de campo, o TDS apresentou baixos valores médios (entre 14 a
17mg/L). Acredita-se que, possivelmente, ele tenha sofrido influência de elevado valor de
índices pluviométricos correspondente a 26 e 7 dias anteriores à realização dos trabalhos de
coletas de campo (Figura 4.8).
Verifica-se, na Figura 4.15, que na quarta (06/01/2006), quinta (01/02/2006), sexta
(27/02/2006), décima (14/06/2006), décima primeira (07/07/2006), décima segunda
mg/L
76
(25/08/2006) e décima terceira (26/09/2006) coletas de campo, o TDS apresentou médios
valores (entre 18 a 20mg/L). Supostamente, esse resultado foi influenciado pelos baixos
índices pluviométricos ocorridos a 26 e 7 dias que antecedem a realização dos trabalhos de
coletas de campo (Figura 4.8).
Visualiza-se, na Figura 4.15, que, na sétima (25/03/2006), oitava (20/04/2006) e nona
(16/05/2006) coletas de campo, o TDS apresentou valor mais elevado que nas outras coletas
(entre 20 a 24mg/L). Infere-se que, na nona coleta de campo (16/05/2006), esse resultado
possa ter sofrido influência da baixa concentração de índices pluviométricos correspondente a
26 e 7 dias anteriores à realização dos trabalhos de coletas de campo. No entanto, na sétima
(25/03/2006) e oitava (20/04/2006) coletas de campo, esse elevado valor médio do TDS,
provavelmente possa ter sofrido influência da “palha” resultante do cultivo agrícola na área de
captação do Reservatório.
Verifica-se, na Figura 4.15, que, em todas as coletas de campo, o valor de variância do
TDS apresentou-se constante e praticamente homogêneo, exceto nos pontos de coleta 6 e 7,
da quinta coleta de campo (01/02/2006) e no ponto de coleta 19, respectivamente, da cima
(14/06/2006) e décima primeira (07/07/2006) coletas de campo, que apresentaram maior
variância que os demais pontos de coleta. Infere-se que, possivelmente, ocorreu maior
variância de TDS, nesses pontos, devido à influência de sedimentos do fundo do Reservatório,
por serem compartimentos aquáticos de baixa profundidade (Figura 4.7). Desse modo, é
possível constatar que esse comportamento do TDS é relativamente semelhante ao resultado
apresentado pela condutividade elétrica (Figura 4.14).
4.5.6 Potencial Hidrogeniônico (pH)
O pH é uma variável limnológica importante para a conservação da qualidade da água,
visto que alterações nos seus valores (pH = 7,0 é neutro; pH < 7,0 é ácido e pH > 7,0 é
alcalino) podem pôr em risco a sua qualidade, acarretar mudanças químicas e,
conseqüentemente, provocar danos à fauna e à flora aquáticas, ao homem, aos animais e ainda
causar problemas nas tubulações das redes de distribuição de água (BRANCO e ROCHA,
1977).
Verifica-se, na Figura 4.16 e na Tabela 4.8, que o pH da água do Reservatório Rodolfo
Costa e Silva, da primeira até a quinta coleta de campo foi alcalino, oscilando entre 7,0 a 8,3.
Infere-se que esse resultado seja derivado, provavelmente, da influência do ciclo de solo
77
exposto e de elevados índices pluviométricos acumulados a 26 dias anteriores à realização das
coletas de campo. A primeira coleta de campo (20/10/2005) também sofreu influência de
elevados índices pluviométricos a 7 dias anteriores à realização das coletas de campo.
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
1c
(
20/10
/2005
)
2c (
18/
11/2005
)
3c (1
4
/12/2005)
4
c
(06/01/20
0
6)
5
c
(01/02/
2
0
06
)
6c
(
27/02
/2006
)
7c (
25
/03/2006
)
8c (
20
/04/2006
)
9
c
(16/05/20
0
6)
1
0
c
(14/
06/2
0
0
6)
1
1c
(07/
07/2
006)
12c (25/
0
8/2006)
13c (
2
6/9/2006)
pH
PC 1
PC 2
PC 3
PC 4
PC 5
PC 6
PC 7
PC 8
PC 9
PC 10
a) Pontos amostrais do setor jusante
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
1c
(20/10/2
00
5
)
2c
(
1
8/11/2
005)
3c
(
1
4
/1
2/2
005)
4c (06/0
1/2
006)
5c (01/02/2006)
6c (27/02/2006)
7c
(25/03/2
00
6)
8c
(
2
0/04/2
006)
9c
(
1
6/05/2
006)
10c
(14
/06
/2006)
11c (07
/07
/2006)
12c (25/08/2006)
13
c (26/9/2
00
6)
pH
PC 11
PC 12
PC 13
PC 14
PC 15
PC 16
PC 17
PC 18
PC 19
PC 20
PC 21
b) Pontos amostrais do setor montante
Figura 4.16 - Variação do potencial Hidrogeniônico (pH) da água do Reservatório Rodolfo
Costa e Silva - RS.
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
78
Tabela 4.8 - Estatística descritiva dos dados de pH, do Reservatório Rodolfo Costa e Silva -
RS
Coleta Mínimo Máximo Média Variância
1c(20/10/2005)
6,75 7,50 7,09 0,04
2c(18/11/2005)
7,14 8,07 7,77 0,07
3c(14/12/2005)
7,16 7,68 7,40 0,02
4c(06/01/2006)
7,12 8,90 7,94 0,15
5c(01/02/2006)
7,02 8,28 7,96 0,08
6c(27/02/2006)
6,09 7,31 6,78 0,11
7c(25/03/2006)
6,21 6,65 6,45 0,01
8c(20/04/2006)
6,35 6,87 6,57 0,02
9c(16/05/2006)
6,04 6,83 6,39 0,06
10c(14/06/2006)
6,50 7,04 6,85 0,02
11c(07/07/2006)
6,35 7,27 7,02 0,04
12c(25/08/2006)
6,00 6,90 6,43 0,05
13c(26/09/2006)
6,25 7,65 6,79 0,17
Fonte: Trabalho de campo (2005/2006).
Observa-se, na Figura 4.16 e na Tabela 4.8, que o pH da água do Reservatório, a partir
da sexta até a décima terceira coleta de campo, foi ácido, com valor oscilando entre 6,0 a 7,0.
Acredita-se que as respectivas coletas de campo apresentaram esse valor, por influência de
dois fatores: primeiro, por terem ocorrido nos ciclos de cultivo da soja, da entressafra e do
trigo; e segundo, por valores acumulados de índices pluviométricos a 26 dias anteriores à
realização das coletas de campo terem sido relativamente baixos, exceto na décima segunda e
décima terceira coletas de campo, quando esses valores foram mais elevados.
Apesar de diferenças encontradas no valor médio do pH entre dois grupos distintos de
coletas de campo, ou seja, da primeira até a quinta coleta de campo, o valor de pH oscilou
entre 7,0 a 8,3 (alcalino); já, a partir da sexta coleta de campo até a décima terceira, o valor de
pH oscilou entre 6,0 a 7,0 (ácido). Desse modo, constatou-se que, em todos os pontos
amostrais de todas as coletas de campo, os valores médios de pH (6,0 a 8,3) apresentados na
água do Reservatório estão conforme resoluções estabelecidas pelo CONAMA (1985/2002),
ficando entre 6,0 a 9,5 para água de consumo do homem e dos animais.
Visualiza-se, na Figura 4.16 e na Tabela 4.8, que a água do Reservatório Rodolfo
Costa e Silva apresentou baixa e homogênea variância do seu pH em quase todas as coletas de
campo e pontos amostrais, exceto nos seguintes pontos de coleta, que apresentaram maior
variância: o ponto amostral 6, na segunda (18/11/2005) e oitava (20/04/2006) coletas de
campo; o ponto de coleta 7, da primeira à sexta coleta de campo; o ponto amostral 8, na
quarta coleta de campo (06/01/2006); o ponto de coleta 14, na quarta, quinta, sexta e décima
primeira coletas de campo; e o ponto amostral 15, da segunda coleta de campo (18/11/2005).
79
Desse modo, examinando também as Figuras 3.3 e 4.2, infere-se que, em todos esses pontos
amostrais (6, 7, 8, 14 e 15), o principal fator que contribuiu para a maior variância do pH da
água do Reservatório foi a classe pecuária, que vem se desenvolvendo em período permanente
na área do entorno do Reservatório. Verificou-se também que, possivelmente, os pontos
amostrais 8, 14 e 15 apresentaram esse resultado, por se localizarem numa área de
contribuição direta.
4.6 Análise integrada dos ecossistemas terrestre e aquático
A análise dos dados coletados referente aos ambientes terrestre e aquático em conjunto
revela características importantes que ocorrem tanto na área de captação das sub-bacias do
Reservatório quanto nas variáveis limnológicas de sua lâmina de água; conferindo assim
coerência entre os resultados encontrados nos dois ecossistemas.
As coletas e medidas das variáveis limnológicas do Reservatório foram realizadas em
períodos distintos durante um ano. Elas foram programadas para ocorrer próximas ou na data
de passagem de um dos satélites (CBERS-2 CCD e LANDSAT-5 TM) sobre a área de estudo
(Quadro 3.1). As variáveis limnológicas que apresentam maiores efeitos, quanto ao ambiente
terrestre, são: total de sólidos em suspensão (TSS) e transparência da água (DS).
Da análise dos dados derivados do mapa temático de declividade (Figura 4.1), e da
quantificação das classes de declividade (Tabela 4.1), identificou-se que a maioria da área de
captação do Reservatório apresenta formas do relevo pouco dissecadas, variando em formas
plana (46,51%), fraca ondulada (26,01%) e dia ondulada (21,78%); assim é uma área
restrita a problemas ambientais, como erosão do solo e assoreamento dos rios, lagos e demais
mananciais. Por apresentar esse modelado geomorfológico, infere-se que a área de captação
das sub-bacias do Reservatório, de um modo geral, é fortemente favorável ao uso da terra,
inclusive, à produção agrícola. Entretanto, as sub-bacias 7 e 8 apresentam menor área em
relação às outras sub-bacias e maior percentual de formas do relevo mais dissecadas
(onduladas), sendo, por isso, menos propícias ao uso da terra, principalmente à agricultura; no
entanto, são mais favoráveis ao desenvolvimento de atividades de campo e/ou pecuária e à
manutenção de APP.
O mapeamento e a quantificação dos tipos de uso da terra representados pelas seis
classes de uso da terra (floresta, campo, agricultura, solo exposto, NPV e água) foram
correlacionadas com quatro ciclos agrícolas (solo exposto, ciclo da soja, entressafra e ciclo do
80
trigo). Desse modo, analisando a Figura 4.2 e a Tabela 4.2, observa-se que a classe
denominada floresta apresenta 460,62 hectares de área, correspondente a 9,44% do total da
área de captação do Reservatório distribuída pelos quatro ciclos agrícolas. Devido a esse
resultado, infere-se que a maior parte dessa classe localiza-se nas APP, principalmente na
faixa marginal dos rios das sub-bacias da área de captação de estudo, conforme observado
também na Figura 4.4. No entanto, comparando, à luz de resoluções da legislação ambiental
federal, esse percentual de vegetação é bem inferior ao mínimo exigido como APP.
Observando-se, na Figura 4.2 e principalmente na Tabela 4.2, as classes campo,
agricultura, solo exposto e vegetação não fotossinteticamente ativa (NPV) relacionadas aos
valores percentuais dos respectivos ciclos agrícolas (solo exposto, ciclo da soja, entressafra e
ciclo do trigo), identificou-se que o uso da terra nessas classes, por ciclo agrícola, do total da
área de captação do Reservatório, atingiu a média percentual em torno de 80% (Figura 4.2 e
Tabela 4.2). Assim, comparando esse resultado com a média percentual representada pela
classe floresta de aproximadamente 9,44% e com resoluções estabelecidas pelo Código
Florestal Brasileiro (1965), que define um percentual maior de cobertura da terra com floresta
como forma de preservá-la das ações naturais e antrópicas, acredita-se que a área de estudo
vem apresentando uma sobrecarga com cultivo agrícola, o que contribui, sobremaneira, para o
desequilíbrio do ambiente, tanto do ecossistema terrestre quanto do aquático. Os índices
pluviométricos e a velocidade do vento (carreando, através do escoamento superficial, o
aporte de partículas e/ou nutrientes sólidos, sendo maior no ciclo de solo exposto), tendem a
causar problemas como erosão do solo, assoreamento dos rios e do Reservatório e alteração
nas variáveis limnológicas (como a transparência da água e o TSS), poluindo e contaminando
a água, entre outros (TUCCI, 1993; ROCHA, 1999; TUNDISI et al., 1999).
Tendo por base as resoluções estabelecidas pelo Código Florestal Brasileiro (1965) e
pelo CONAMA (1985/2002), foram definidas como áreas de preservação permanente (APP) e
reservas ecológicas da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva as florestas e
demais formas de vegetação natural, identificadas apenas em função da rede de drenagem,
não utilizando a influência da geomorfologia, porque as feições do relevo da área de estudo
são modestas, na maioria planas a fracamente onduladas. Nesse sentido, observa-se, na Figura
4.4, que o mapeamento e a quantificação das APP apresentaram os seguintes percentuais:
27,32% para os 100 metros de distância de APP da área total do entorno do Reservatório;
68,15% para à distância de 30 metros de APP da faixa marginal da área total das drenagens; e
4,53% num raio de 50 metros de largura de APP da área total das nascentes. Portanto, de
81
acordo com esses dados e com a Figura 4.4, a área de captação do Reservatório Rodolfo Costa
e Silva apresenta como área total de APP 737,16 hectares.
O mapa temático de conflitos ambientais da área de captação do Reservatório foi
elaborado através da sobreposição ou cruzamento dos mapas temáticos de uso da terra e das
APP, à luz da legislação ambiental federal, estabelecendo-se assim os conflitos ambientais
que ocorrem tanto na faixa marginal das drenagens da área de estudo como também nas áreas
que envolvem o entorno das nascentes e do próprio Reservatório (Figura 4.5). Desse modo,
visualiza-se, na Figura 4.5, que as APP estão representadas por apenas 26,42% (194,76
hectares) de florestas e demais formas de vegetação natural. Cerca de 72,39% (533,63
hectares) das APP da área de captação do Reservatório apresenta-se com conflitos ambientais,
pois nessa área são desenvolvidas atividades de campo e agrícolas em substituição às
florestas. Assim, acredita-se que o uso da terra nessa área vem causando sérios problemas nos
ecossistemas terrestre e aquático.
O total de sólidos em suspensão (TSS) e a transparência da água são variáveis
limnológicas que estão intrinsecamente relacionadas com o ecossistema terrestre, seja pela
influência de fenômenos naturais, com destaque para a geomorfologia e para as condições
atmosféricas (índices pluviométricos e velocidade do vento), seja pelas ões antrópicas nele
desenvolvidas, principalmente com as classes e/ou tipos de uso da terra, como campo,
agricultura e solo exposto. Desse modo, o aporte de partículas e/ou nutrientes sólidos é
carreado do ambiente terrestre por ações de escoamento superficial e/ou pelo vento, para o
ecossistema aquático (CURRAN e NOVO, 1988; TUNDISI, et al., 1999; PEREIRA FILHO,
2000). Assim, observa-se, nas Figuras 4.9 e 4.11 e Tabelas 4.4 e 4.5, que o TSS e a
transparência da água do Reservatório são as variáveis limnológicas que apresentaram
maiores variações nos seus valores médios entre as coletas de campo realizadas durante o ano
hidrológico de sua área de captação.
Visualiza-se, nas Figuras 4.9 e 4.10 e na Tabela 4.4, que os maiores valores médios de
TSS foram encontrados na primeira (20/10/2005), segunda (18/11/2005), quarta (06/01/2006),
sétima (25/03/2006) e décima terceira (26/09/2006) coletas de campo. Nesse caso, acredita-se
que o TSS apresentou valores médios elevados na primeira (20/10/2005) e segunda
(18/11/2005) coletas de campo, pelo fato de a água do Reservatório ter recebido maior aporte
de partículas e/ou nutrientes sólidos carreado do ecossistema terrestre no período agrícola da
classe solo exposto (preparo do solo para plantio). Percebe-se que, na décima terceira coleta
de campo (26/09/2006), esse valor médio do TSS também foi elevado pelo mesmo motivo dos
anteriores, ou seja, foi o período que reiniciou o ciclo solo exposto, principalmente na área a
82
montante, onde estão localizadas as três maiores sub-bacias de captação (SB3, SB4 e SB5) e,
dessa forma, o maior sistema hídrico da área de captação do Reservatório (Figura 4.2).
Verifica-se ainda que os maiores valores médios de TSS foram encontrados na primeira
(20/10/2005), quarta (06/01/2006) e sétima (25/03/2006) coletas de campo, provavelmente
por influência de maior concentração de índices pluviométricos, respectivamente 101mm,
40mm e 100mm de chuvas (Figura 4.8), correspondente a 26 e 7 dias anteriores à realização
das coletas de campo. Diante desse resultado, infere-se que, para todas as coletas de campo
realizadas no período hidrológico, a baixa velocidade média do vento a 7m/s muito pouco
interferiu no valor médio do TSS (Tabela 4.3).
Na análise comparativa do comportamento das variáveis de TSS e transparência da
água, representado nas Figuras 4.9 e 4.11 e nas Tabelas 4.4 e 4.5, percebe-se claramente que o
valor de suas características limnológicas é inversamente proporcional. Na primeira
(20/10/2005), segunda (18/11/2005), quarta (06/01/2006), sétima (25/03/2006) e décima
terceira (26/09/2006) coletas de campo, os elevados valores médios de TSS contrastam com
as menores profundidades representadas pelo disco de Secchi, ou seja, mostram uma menor
transparência medida na água do Reservatório. Visualiza-se que a transparência apresentou
valores médios baixos na primeira (20/10/2005), segunda (18/11/2005) e décima terceira
(26/09/2006) coletas de campo, pelo fato de a água do Reservatório ter recebido maior aporte
de partículas e/ou nutrientes sólidos carreado do ambiente terrestre durante o ciclo solo
exposto. Infere-se também que os menores valores médios de transparência foram
encontrados na primeira (20/10/2005), quarta (06/01/2006) e sétima (25/03/2006) coletas de
campo, possivelmente pelos elevados índices pluviométricos ocorridos a 26 e 7 dias anteriores
às coletas de campo (Figura 4.8). Observa-se, na Figura 4.11 e na Tabela 4.5, que a
transparência da água aumenta gradualmente da primeira à quinta coleta de campo.
Provavelmente, esse resultado está vinculado ao período de transição de solo exposto ao
início do ciclo de cultivo da soja, como também ao período de baixos índices pluviométricos
correspondente a 26 e 7 dias que antecedem a realização das coletas de campo. Também é
possível verificar que a transparência da água do Reservatório diminui gradualmente a partir
da décima primeira à décima terceira coleta de campo. Esse resultado está vinculado ao
período de transição do ciclo de cultivo do trigo ao início de solo exposto e também ao
período de aumento gradual de índices pluviométricos correspondente a 26 dias que
antecedem a realização das coletas de campo.
Observa-se ainda que, nas coletas de campo, houve uma leve tendência a diminuir a
transparência da água nos pontos amostrais a montante (Figuras 4.11 e 4.12). A princípio,
83
esse resultado está relacionado com as classes de uso da terra, pois a montante estão
localizadas as três maiores sub-bacias de captação (SB3, SB4 e SB5), conforme Figura 4.2.
Essas sub-bacias apresentam grandes propriedades agrícolas, com maior probabilidade de
aumento significativo do aporte de partículas e/ou nutrientes sólidos carreado para o
Reservatório no período de solo exposto e de maiores índices pluviométricos. Poderá estar
também aliado a esse fator o menor tempo de permanência da água a montante.
Da análise dos dados apresentados pela temperatura da água, conforme Figura 4.13 e
Tabela 4.6, infere-se que podem estar relacionados diretamente com os elementos e fatores
climáticos, à variação diária de temperatura do ar atmosférico e também com algumas
variáveis limnológicas como o TSS e a transparência da água. Assim, analisando a Figura
4.13 e a Tabela 4.6, observou-se que, a partir da terceira (14/12/2005) até a sétima
(25/03/2006) coleta de campo, a temperatura da água do Reservatório Rodolfo Costa e Silva
apresentou um valor médio elevado, que provavelmente sofreu influência de dois fatores: o
primeiro é que, nesse período, ocorreu a estação de verão (maiores médias térmicas do ar
atmosférico e, conseqüentemente, as maiores médias de temperatura da água) - esse dado é
confirmado por que as maiores médias térmicas (entre 25 a 30°C) ocorreram justamente entre
a quarta e a sexta coletas de campo (meses de janeiro e fevereiro); o outro fator,
possivelmente, por ter ocorrido nas fases de plantio e crescimento vegetativo da soja, período
em que o volume e a intensidade de escoamento da água superficial é fraco, assim o aporte de
partículas e/ou nutrientes sólidos carreado para o Reservatório é pequeno, diminuindo o valor
do TSS e, portanto, aumentando a zona eufótica, a transparência da água e,
conseqüentemente, a sua temperatura.
Analisando a Figura 4.13 e a Tabela 4.6, verificou-se que, a partir da nona
(16/05/2006) até a décima segunda (25/08/2006) coleta de campo, o valor médio da
temperatura da água do Reservatório baixou, mantendo médias térmicas em torno de 17°C.
Infere-se que o fator de destaque para esse fato tenha sido apenas a influência da estação de
inverno. Certamente, os ciclos agrícolas de entressafra e cultivo do trigo não devam ter
influenciado nesse resultado.
Por último, observa-se, nas Figuras 4.13 e 3.3, que as médias térmicas de temperatura
da água do Reservatório foram menores nos primeiros pontos amostrais (a jusante);
entretanto, nos demais pontos (a montante), essas médias de temperatura da água foram
maiores. Fato que certamente está relacionado com a hora do dia, pois as coletas dos
primeiros pontos amostrais ocorreram no horário da manhã, enquanto que as coletas dos
demais pontos amostrais realizaram-se no final da manhã e na parte da tarde.
84
Verifica-se, na Figura 4.14 e na Tabela 4.7, que a condutividade elétrica apresentou
baixo e elevado valor médio, respectivamente para a primeira (20/10/2005) e segunda
(18/11/2005) coletas de campo (entre 30 a 35µS/cm); e, para a sétima (25/03/2006), oitava
(20/04/2006) e nona (16/05/2006) coletas de campo (entre 42 a 50µS/cm). Provavelmente,
esse resultado ocorreu por essa variável ter sofrido influência da maior ou menor
concentração de índices pluviométricos correspondente a 26 e 7 dias anteriores à realização
das coletas de campo (Figura 4.8). Nesse caso, levou-se em conta que os valores da
condutividade elétrica são inversamente proporcionais aos valores do índice pluviométrico.
Entretanto, para a terceira, quarta, quinta, sexta, décima, décima primeira, décima segunda e
décima terceira coletas de campo, a condutividade elétrica apresentou dios valores (entre
35 a 40µS/cm). Possivelmente, esse resultado foi influenciado pelos médios índices
pluviométricos ocorridos a 26 e 7 dias anteriores à realização das coletas de campo (Figura
4.8).
Observa-se, na Figura 4.14, que, em todas as coletas de campo realizadas, a variância
dos valores da condutividade elétrica, manteve-se homogênea em todos os pontos amostrais,
exceto nos pontos de coleta 6 e 7, da quinta coleta de campo (01/02/2006), e no ponto de
coleta 19, da quarta (06/01/2006), décima (14/06/2006) e décima primeira (07/07/2006)
coletas de campo, que apresentaram maior variância. Provavelmente isso aconteceu por
influência de sedimentos depositados no fundo do Reservatório, pois nesse local os
compartimentos aquáticos apresentam baixa profundidade (Figura 4.7); ou então por alguma
ação antrópica realizada nas respectivas sub-bacias que ligam os pontos amostrais 6, 7 e 19.
Visualiza-se, na Figura 4.15, que o TDS apresentou baixo valor médio (entre 14 a
17mg/L), na primeira (20/10/2005), segunda (18/11/2005) e terceira (14/12/2005) coletas de
campo; e elevado valor médio (entre 20 a 24mg/L), na sétima (25/03/2006), oitava
(20/04/2006) e nona (16/05/2006) coletas de campo, respectivamente, por influência de maior
e menor valor de índices pluviométricos correspondente a 26 e 7 dias anteriores à realização
das coletas de campo (Figura 4.8). Entretanto, nas demais coletas de campo, o TDS
apresentou médios valores (entre 18 a 20mg/L).
Observa-se, na Figura 4.15, que o TDS apresentou variância constante na maioria das
coletas de campo e em seus pontos amostrais; porém, nos pontos de coleta 6 e 7, da quinta
coleta de campo (01/02/2006) e no ponto de coleta 19, da décima (14/06/2006) e décima
primeira (07/07/2006) coletas de campo, apresentaram maior variância de TDS que os demais
pontos de coleta. Infere-se que, possivelmente, ocorreu esse resultado devido à influência de
85
sedimentos do fundo do Reservatório, por serem compartimentos aquáticos de baixa
profundidade (Figura 4.7).
Percebe-se, nas Figuras 4.16 e 4.8, que da primeira até a quinta coleta de campo, o
valor do pH da água do Reservatório oscilou entre 7,0 a 8,3 (alcalino), provavelmente, sofreu
influência de índices pluviométricos a 26 dias anteriores às coletas de campo; a partir da sexta
até a décima terceira coleta de campo, o valor do pH oscilou entre 6,0 a 7,0 (ácido), inferindo-
se que deva ter sido influenciado, preferencialmente, pelos ciclos agrícolas da soja, da
entressafra e do trigo. Assim, apesar de valores distintos do pH da água do Reservatório,
representados entre esses dois conjuntos de coletas de campo e respectivos pontos amostrais,
oscilando entre 6,0 a 8,3, estão de acordo com resoluções estabelecidas pelo CONAMA
(1985/2002), pH entre 6,0 a 9,5 para água de consumo do homem e dos animais.
Na Figura 4.16 e na Tabela 4.8, observa-se que a variância do pH da água do
Reservatório apresentou certa homogeneidade nas coletas de campo. Porém, visualizando
também as Figuras 3.3 e 4.2, percebe-se que os pontos amostrais 6, 7, 8, 14 e 15, em algumas
coletas de campo, apresentaram variância no pH da água do Reservatório. Supostamente, o
principal fator que contribuiu para a maior variância do pH, nesses pontos amostrais, foi a
classe pecuária, que vem se desenvolvendo em período permanente nessa área do entorno do
Reservatório, como também por se localizarem numa área de contribuição direta.
86
CAPÍTULO 5
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visando uma abordagem integrada dos ecossistemas terrestre e aquático e tendo como
foco os recursos hídricos, identificou-se a relação existente entre as características
limnológicas do Reservatório Rodolfo Costa e Silva - RS e o ecossistema terrestre, de acordo
com o uso da terra e as características físicas da área de captação do Reservatório.
A respeito das características do relevo da área de estudo, verificou-se, através do
mapa de declividade, das cartas topográficas e de imagens de satélite, que as feições do relevo
se apresentam pouco dissecadas, com destaque para a forma plana, que representa
aproximadamente 46% da área. A partir dessa constatação e dos dados obtidos do modelado,
pode-se dizer que a área de captação do Reservatório apresenta condições favoráveis aos
diversos tipos de uso da terra, inclusive, à agricultura.
Analisando-se os dados de uso da terra na área de captação das sub-bacias
hidrográficas do Reservatório, percebeu-se que, quanto às percentagens nos ciclos agrícolas,
predominam, respectivamente, agricultura, campo, solo exposto e floresta. A classe
agricultura apresentou maior área de produção para o período dos ciclos da soja e do trigo,
pois esses dois produtos agrícolas são utilizados de forma comercial, necessitando de grande
produção. A classe campo ocupou maior área de produção para o período dos ciclos
entressafra e do trigo, visto que, nesse período (entre maio a agosto), pela ação de médias
térmicas baixas, necessidade de aumentar o cultivo de pastagens para pecuária. Para a
classe floresta, constatou-se que essa classe apresenta a mesma área distribuída pelos quatro
ciclos agrícolas, devido à maior porção de área se referir às APP. Por esse motivo, verificou-
se que a vegetação arbórea localiza-se na maioria na faixa marginal dos rios das sub-bacias de
captação do Reservatório e, em menor proporção, no entorno das nascentes e do Reservatório,
sendo assim maior representada por mata ciliar ou galeria.
Em relação às APP, à luz da legislação ambiental federal vigente: o Código Florestal
Brasileiro (1965) e o CONAMA (1985/2002), identificou-se que a área de captação do
Reservatório apresenta mais de 72% das APP com conflitos ambientais. Assim, confirmou-se
que essa área (APP) está sendo explorada por duas classes de uso da terra, campo e
agricultura, e que, embora com diferença pouco expressiva, a classe campo representa uma
87
maior área. A relação do percentual existente entre campo natural e pastagem não foi
identificada.
Através de dados extraídos das cartas topográficas e de imagens de satélites, é possível
afirmar que existe relação direta entre as oito sub-bacias hidrográficas da área de captação do
Reservatório Rodolfo Costa e Silva e os oito respectivos compartimentos aquáticos do
Reservatório.
Em relação às variáveis limnológicas coletadas e diagnosticadas no Reservatório,
pode-se dizer que elas apresentaram características diferenciadas entre as coletas de campo e a
localização nos pontos amostrais. As diferenças mais expressivas ocorreram nas variáveis
total de sólidos em suspensão (TSS), transparência da água e potencial Hidrogeniônico (pH).
Sendo assim, pode-se inferir que os maiores valores de TSS da água do Reservatório foram
encontrados na primeira (20/10/2005), segunda (18/11/2005), quarta (06/01/2006), sétima
(25/03/2006) e décima terceira (26/09/2006) coletas de campo, provavelmente por esse
período ter sofrido a influência de uso da terra, uma vez que se fazia presente o ciclo de solo
exposto (exceto para a quarta e sétima coletas de campo) somado com a ocorrência de
elevados índices pluviométricos a 26 e/ou 7 dias anteriores à realização das coletas de campo
(principalmente para a primeira coleta), ocasionando maior aporte de partículas e/ou
nutrientes sólidos carreado para o Reservatório (Figura 4.8). Dessa forma, constatou-se que os
dados de transparência da água do Reservatório foram relativamente inversos a esses
resultados encontrados no TSS, confirmando a sua relação. Assim, observou-se que as
maiores influências nessas variáveis ocorrem no período de setembro a novembro, quando
uma maior contribuição do ecossistema terrestre em função do maior volume de índices
pluviométricos e da disponibilidade de solo exposto na área de captação das sub-bacias
hidrográficas. Essa interferência passa a ser menor, no período de dezembro a agosto, quando
os índices de chuvas são menores e a presença de solo exposto também é menor (período de
plantio e crescimento vegetativo dos ciclos agrícolas da soja e do trigo).
Constatou-se que, no setor montante do Reservatório, os valores apresentados pelas
variáveis limnológicas foram um pouco mais elevados que a jusante. Certamente, esse
resultado derivou do fato de as maiores sub-bacias hidrográficas estarem localizadas no
tributário principal do Reservatório, então a quantidade de material particulado
disponibilizado foi maior no setor montante. Logo, aparece no local um compartimento
aquático com maiores concentrações de TSS e, conseqüentemente, menores valores de
transparência. Esse processo foi favorecido no período em que ocorreu o ciclo de solo exposto
(preparo do solo para plantio), facilitando a erosão pluvial nas vertentes, carreando aporte de
88
partículas e/ou nutrientes (TSS) para as áreas mais baixas, no caso para o Reservatório. Parte
desse material é depositado até atingir o setor jusante do Reservatório, formando outro
compartimento aquático (jusante) com menores concentrações.
Apesar das diferenças encontradas no valor médio do pH entre dois grupos distintos de
coletas de campo, isto é, da primeira à quinta coleta, o valor de pH oscilou entre 7,0 a 8,3
(alcalino); no entanto, a partir da sexta coleta de campo até a décima terceira, o valor de pH
variou entre 6,0 a 7,0 (ácido). Desse modo, constatou-se que, em todos os pontos amostrais e
coletas de campo, as concentrações de pH (6,0 a 8,3) apresentadas na água do Reservatório
estão de acordo com resoluções estabelecidas pelo CONAMA (1985/2002), ficando entre 6,0
a 9,5 para água de consumo humano e dos animais.
A análise integrada dos ecossistemas terrestre e aquático, através de tecnologias da
cartografia, sensoriamento remoto e GPS e das variáveis limnológicas, permitiram identificar
características importantes que ocorrem na área de captação e na água do Reservatório
Rodolfo Costa e Silva - RS, ou seja, o uso inadequado da terra em função da rede de
drenagem, consoante as APP, e a pequena representação das florestas diante da sobrecarga de
exploração das classes de uso da terra, campo e agricultura, aliadas aos elevados índices
pluviométricos, causaram conflitos ambientais, determinaram alterações nas variáveis
limnológicas (principalmente no TSS e na transparência da água do Reservatório) e, devido a
isso, vem gerando problemas nos ambientes terrestre e aquático da área de estudo.
Portanto, após a quantificação e análise integrada dos dados, constatou-se que, apesar
de o uso da terra ser um dos mais expressivos, não é o único fator que contribuiu para
alterações ocorridas às variáveis limnológicas. Desse modo, esses dados foram analisados
conjuntamente com os índices pluviométricos e o período da coleta das amostras, pois no
período em que o solo apresentou-se exposto e/ou que ocorreu maior índice de chuvas, a
vulnerabilidade e a influência do ambiente terrestre sobre o aquático foi maior por ter
apresentado maior facilidade de escoamento superficial ou carreamento do aporte de
partículas e/ou nutrientes sólidos para o ecossistema aquático.
Diante do exposto nesse trabalho, recomenda-se que os órgãos públicos locais,
regionais e federais, em conjunto com a CORSAN - RS, e em consonância com a legislação
ambiental federal, busquem a melhor estratégia (políticas públicas), na tentativa de solucionar
ou pelo menos amenizar os problemas ambientais que vêm ocorrendo nos ecossistemas
terrestre e aquático da área de captação do Reservatório Rodolfo Costa e Silva, como erosão
do solo e assoreamento dos rios e do próprio Reservatório. Além disso, é importante que
sejam criadas medidas voltadas ao retrocesso, mesmo que lento e gradual, das áreas com
89
conflitos ambientais, para que as APP da área de captação do Reservatório possam ser
restabelecidas.
Quanto à consciência de preservação do espaço sustentável, recomenda-se que devem
ser unidos esforços dos poderes políticos, dos órgãos públicos e privados, de ONGs, da
comunidade mundial e, em especial, das instituições de estudo e pesquisa, com a finalidade de
desenvolverem-se múltiplos projetos, micros e macros, voltados à proteção e preservação dos
ecossistemas terrestre e aquático, através do manejo integrado de bacias hidrográficas; desse
modo, incentivando e custeando a utilização de tecnologias como geoprocessamento, SIG,
sensoriamento remoto e GPS, ou seja, geotecnologias em prol de monitoramento, tanto dos
ambientes local e regional quanto global.
90
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