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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
SETOR DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
MESTRADO EM GESTÃO DO TERRITÓRIO
WILLIAN MIKIO KURITA MATSUMURA
ROTEIRO GEOLÓGICO NOS MUNICÍPIOS DE CASTRO E TIBAGI, PR –
BRASIL.
PONTA GROSSA
2010
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WILLIAN MIKIO KURITA MATSUMURA
ROTEIRO GEOLÓGICO NOS MUNICÍPIOS DE CASTRO E TIBAGI, PR –
BRASIL.
Dissertação apresentada para obtenção do
título de Mestre, no Programa de Pós-
Graduação em Geografia, Mestrado em
Gestão do Território, Setor de Ciências
Exatas e Naturais, da Universidade Estadual
de Ponta Grossa.
Orientador: Dr. Elvio Pinto Bosetti
PONTA GROSSA
2010
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Dedico este trabalho aos meus pais, Valdir Takao
Matsumura e Ivone Kazue Kurita, e ao meu avô
Masakazu Matsumura, pelo amor, carinho,
compreensão e confiança conferidos a mim, sem a
qual, este trabalho não seria concretizado...
AGRADECIMENTOS
Neste espaço deixo meus sinceros agradecimentos às pessoas e instituições que
contribuíram em todas as etapas desta dissertação.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
bolsa concedida durante o semestre final deste trabalho.
Agradeço especialmente ao meu orientador, Prof. Dr. Elvio Pinto Bosetti da
Universidade Estadual de Ponta Grossa, pela dedicação, confiança, paciência, inúmeros
ensinamentos, trabalhos de campo, e, sobretudo pela amizade, que contribuíram em
minha formação profissional e crescimento pessoal.
Agradeço ao Prof. M.Sc. Luiz Carlos Godoy da Universidade Estadual de Ponta
Grossa, pelo interesse no trabalho, discussões e grande auxílio no trabalho de campo e
descrição das rochas do Grupo Castro, enriquecendo esta dissertação.
Ao Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Ponta Grossa,
pela colaboração e acesso ao Laboratório de Paleontologia e Estratigrafia.
Ao Grupo Palaios Paleontologia Estratigráfica da Universidade Estadual de
Ponta Grossa/CNPq, pelos trabalhos de campo e em especial, aos pesquisadores
Professores M.Sc. Carolina Zabini e Rodrigo Scalise Horodyski, ambos da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelas horas de discussões, reflexões e
estudo. Aos professores Lucinei José Myszynski Junior e Jeanninny Carla Comniskey
da Universidade Estadual de Ponta Grossa pelo apoio nos trabalhos de campo e
discussões.
Ao Prof. Dr. Michael Holz da Universidade Federal da Bahia, que no ano de
2008 oportunizou a realização da disciplina Elementos Fundamentais de Tafonomia no
Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Ao Prof. Dr. Carl Yngve Grahn da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e
Petrobrás, pelo interesse, informações e discussões necessárias.
À Prof. Dra. Rosemeri Segecin Moro da Universidade Estadual de Ponta Grossa,
pela participação na banca de qualificação, pelo interesse, questionamentos e sugeses
ao longo do desenvolvimento desta dissertação.
Ao Prof. Dr. Gilson Burigo Guimarães da Universidade Estadual de Ponta
Grossa, pela participação na banca de qualificação, pelo interesse, discussão e por
disponibilizar material bibliográfico que contribuíram no desenvolvimento deste
trabalho.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade
Estadual de Ponta Grossa pelos conhecimentos transmitidos.
Aos acadêmicos dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas (turmas de
2007-2010 e 2008-2011), Bacharelado em Ciências Biológicas (turmas de 2006 e 2007)
e Bacharelado em Geografia (2008-2011) que contribuíram com os trabalhos de campo
e ajudaram na validação do presente trabalho.
EPÍGRAFE
“É buscando ler no antigo “livro das
rochas” que o Paleontólogo procura as
bases de suas reconstituições hipotéticas.
Estruturas sedimentares, texturas
litológicas, evidências de eventos
episódicos e restos orgânicos o as
indicações de que dispõe. No entanto as
páginas do livro das rochas não se fazem
presentes num só lugar tais como as
diversas “Babilônias” de Koldewey. Estão
misturadas, adulteradas, mascaradas e
espalhadas por diversos locais, alguns
muito distantes uns dos outros. E o que é
pior, muitas páginas ainda não foram
encontradas e talvez nunca venham a ser,
pois o registro sedimentar normalmente é
bastante incompleto.”
Elvio Pinto Bosetti (2007 p. 40)
RESUMO
A região fisiográfica dos Campos Gerais do Paraná é detentora de um conjunto singular
de feições geológicas, geomorfológicas e paleontológicas que são alvos de inúmeros
trabalhos e pesquisas científicas. Apresenta-se aqui um roteiro geológico e
paleontológico utilizando-se de afloramentos rochosos ocorrentes ao longo de rodovias
existentes nos municípios de Castro e Tibagi, Estado do Paraná, Brasil. Este roteiro é
proposto como um instrumento de auxílio didático e apoio científico para atividades
práticas de campo (aulas ou pesquisa básica aplicada) desenvolvidas por professores e
pesquisadores. Trabalhos de campo realizados objetivaram o reconhecimento regional e
a descrição das seções estratigráficas de superfície, segundo o contexto geológico das
bacias de Castro e do Paraná. Para cada afloramento foram construídas seções colunares
apresentando os seguintes ítens: 1) descrição litológica, 2) estruturas sedimentares e 3)
conteúdo fossilífero ocorrente. Todos os afloramentos foram correlacionados a
arcabouços estratigráficos pré-existentes. No total foram levantados e descritos 20
afloramentos rochosos organizados então sob a forma de pontos de parada ao longo das
rodovias PR-151, PR-340, BR-153 e estradas secundárias. Estratigraficamente inicia-se
nas rochas vulcânicas e vulcanoclásticas ordovicianas da Bacia de Castro. Em seguida
abrange as rochas glaciais neo-ordovicianas da Formação Ia e as rochas flúvio-
marinhas siluro-devonianas da Formação Furnas e pelíticas devonianas da Formação
Ponta Grossa, encerrando com as rochas glaciogênicas neo-carboníderas do Grupo
Itararé (pertencentes à Bacia do Paraná). O presente roteiro permite o acompanhamento
das sucessões litológicas, estratigráficas, sedimentológicas e paleobiológicas no
intervalo Ordoviciano Inferior e o Carbonífero Superior na região dos Campos Gerais
do Paraná, facilitando o acesso do público alvo a novas regiões de afloramentos e
fornecendo um histórico das pesquisas e descobertas de cada ponto.
Palavras chave: Roteiro Geológico e Paleontológico, Bacia do Paraná, Castro, Tibagi,
Intervalo Ordoviciano Inferior – Carbonífero Superior.
ABSTRACT
The Campos Gerais region, Paraná, Brazil, holds unique geological, geomorphological
e paleontological sets, which are target of numerous works and scientific researcher.
This research present a geological and paleontological route using the outcrops
occurring along existing roads in the municipalities of Castro and Tibagi, Parana State,
Brazil. This roadmap is proposed as a tool to aid teaching and scientific support for
fieldworks (classes or applied basic research) developed by teachers and researchers.
Fieldwork carried out aimed to the regional recognition and description of stratigraphic
sections of the surface, according to the geological context of the Castro and Paraná
basins. For each outcrop were built columnar sections showing the following items: 1)
lithological description, 2) sedimentary structures and 3) fossil content occurring. All
outcrops were correlated with stratigraphic frameworks pre-existing. A total of 20 raised
and described outcrops then organized in the form of stopping points along the road PR-
151, PR-340, BR-153 and secondary roads. Stratigraphically the roadmap begins in the
volcanic and volcaniclastic rocks Ordovician of Castro Basin. Then cover the glacial
rocks of Neo-Ordovician from Iapó Formation and the fluvial-marine rocks Siluro-
Devonian from Formation Furnas, and pelitic rocks of the Devonian from Ponta Grossa
Formation, ending with the glaciogenic rocks Neo-Carboniferous from Itararé Group
(belonging to the Paraná Basin). This roadmap allows the monitoring of succession
lithological, stratigraphic, sedimentological and paleobiological in the interval Lower
Ordovician and Upper Carboniferous in the Campos Gerais region of Para,
facilitating public access to new target areas of outcrops and providing a history of
research and discoveries each point.
Keywords: Geological and Paleontological Route Paraná Basin, Castro, Tibagi, Interval
Lower Ordovician – Upper Carboniferous.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Mapa geológico da Bacia de Castro e sua localização no Estado do
Paraná. (Modificado de TEIXEIRA et al. 2004)......................................................... 29
Figura 2. Mapa geológico da Bacia do Paraná e sua localização na América do Sul
(Modificado de MILANI et al. 2007a). ...................................................................... 32
Figura 3. Localização da sucessão siluro-devoniana no Estado do Paraná, com suas
respectivas formações (Modificado de BOSETTI et al. 2007a). ................................. 47
Figura 4. Arcabouço estratigráfico das sequências devonianas da Bacia do Paraná
(Fonte: ASSINE, 1996).............................................................................................. 53
Figura 5. Arcabouço estratigráfico das sequências siluro-devonianas da Bacia do
Paraná (Fonte: BERGAMASCHI, 1999).................................................................... 56
Figura 6. Mapa de localização da região dos Campos Gerais do Paraná, com
destaque aos municípios de Castro e Tibagi (Modificado de MELO et al. 2007)........ 71
Figura 7. Mapa geológico com a localização dos pontos de parada (Modificado de
MINEROPAR, 2006)................................................................................................. 73
Figura 8. Cartograma do roteiro com a localização dos primeiros 11 pontos de
parada de acordo com o contexto geológico regional (Modificado de
MINEROPAR, 2006; MAACK, 1950/51).................................................................. 78
Figura 9. Cartograma do roteiro com a localização dos pontos de parada de acordo
com o contexto geológico regional (Modificado de MINEROPAR, 2006).................. 79
Figura 10. Cartograma apresentando os três percursos diferentes de
desenvolvimento do roteiro........................................................................................ 80
Figura 12. Distribuição dos afloramentos do roteiro no arcabouço estratigfico de
sequências de Bergamaschi (1999)............................................................................. 82
Figura 13. Distribuição dos afloramentos do roteiro na seção colunar Tibagi-Alto do
Amparo de Bosetti; Horodyski (2008)........................................................................ 83
Figura 14. Posicionamento estratigráfico do Ponto de Parada 1 na coluna
estratigráfica do Grupo Castro (Modificado de MORO et al. 1994; TEIXEIRA et al.
2004). ........................................................................................................................ 85
Figura 15. Seção colunar do Ponto de Parada 2 (Fonte: MAACK, 1947).................... 88
Figura 16. Seção colunar Ponto 3 (Modificado de ASSINE, 1996)............................. 92
Figura 17. Seção colunar Ponto 4 (Modificado de BERGAMASCHI, 1999). ............. 96
Figura 18. Seção colunar Ponto 5..............................................................................100
Figura 19. Seção colunar Ponto 6..............................................................................104
Figura 20. Seção colunar Ponto 7..............................................................................108
Figura 21. Seção Colunar Ponto 8.............................................................................112
Figura 22. Seção colunar Ponto 9..............................................................................117
Figura 23. Seção colunar Ponto 10............................................................................121
Figura 24. Seção colunar Ponto 13............................................................................129
Figura 25. Seção colunar Ponto 14............................................................................133
Figura 26. Seção Colunar Ponto 15. ..........................................................................137
Figura 27. Diagrama esquemático da movimentação ocasionada pelo dique de
diabásio.....................................................................................................................140
Figura 28. Seção colunar Ponto 16............................................................................142
Figura 29. Seção colunar Ponto 17............................................................................146
Figura 30. Seção colunar Ponto 18............................................................................150
Figura 31. Seção colunar Ponto 19............................................................................153
Figura 32. Seção colunar Ponto 20............................................................................157
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Representação das unidades litoestratigráficas do Grupo Rio Ivaí da Bacia
do Paraná. Fonte: Assine (1996)................................................................................. 34
Quadro 2: Representação das unidades litoestratigráficas devonianas da Bacia do
Paraná. Fonte: Petri (1948)......................................................................................... 36
Quadro 3: Representação das unidades litoestratigráficas devonianas da Bacia do
Paraná. Fonte: Lange; Petri (1967)............................................................................. 37
Quadro 4: Representação das unidades estratigráficas devonianas da Bacia do Paraná.
Fonte: Grahn (1992)................................................................................................... 37
Quadro 5: Representação da seção devoniana da Bacia do Paraná. Fonte: Assine
(1996)........................................................................................................................ 50
Quadro 6: Representação da seção siluro-devoniana da Bacia do Paraná. Fonte:
Bergamaschi (1999)................................................................................................... 54
Quadro 7. Distribuição dos pontos de parada nos diferentes roteiros propostos........... 77
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 4.............95
Gráfico 2. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 5.............99
Gráfico 3. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 6...........103
Gráfico 4. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 7...........107
Gráfico 5. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 8...........111
Gráfico 6. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 9...........116
Gráfico 7. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 10.........120
Gráfico 8. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 13.........128
Gráfico 9. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 14.........132
Gráfico 10. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 15.......136
Gráfico 11. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 16.......140
Gráfico 12. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 17.......145
Gráfico 13. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 18.......149
Gráfico 14. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 20.......156
LISTA DE ESTAMPAS
Estampa 1. Ponto de Parada 1. ....................................................................................86
Estampa 2. Ponto de Parada 2. ....................................................................................89
Estampa 3. Ponto de Parada 3. ....................................................................................93
Estampa 4. Ponto de Parada 4. ....................................................................................97
Estampa 5. Ponto de Parada 5. ..................................................................................101
Estampa 6. Ponto de Parada 6. ..................................................................................105
Estampa 7. Ponto de Parada 7. ..................................................................................109
Estampa 8. Ponto de Parada 8. ..................................................................................113
Estampa 9. Ponto de Parada 9. ..................................................................................118
Estampa 10. Ponto de Parada 10................................................................................122
Estampa 11. Ponto de Parada 11................................................................................125
Estampa 12. Ponto de Parada 12................................................................................126
Estampa 13. Ponto de Parada 13................................................................................130
Estampa 14. Ponto de Parada 14................................................................................134
Estampa 15. Ponto de Parada 15................................................................................138
Estampa 16a. Movimentação ocasionada pelo dique de diabásio...............................141
Estampa 16b. Ponto de Parada 16..............................................................................143
Estampa 17. Ponto de Parada 17................................................................................147
Estampa 18. Ponto de Parada 18................................................................................151
Estampa 19. Ponto de Parada 19................................................................................154
Estampa 20. Ponto de Parada 20................................................................................158
Estampa 21. Fácies da Formação Furnas. ..................................................................159
Estampa 22. Fósseis da Formação Ponta Grossa........................................................160
Estampa 23. Fósseis da Formação Ponta Grossa........................................................162
Estampa 24. Fósseis da Formação Ponta Grossa........................................................164
Estampa 25. Fósseis vegetais e animais.....................................................................166
Estampa 27. Fósseis da Formação Ponta Grossa........................................................170
Estampa 28. Estruturas sedimentares e contato geológico da Formação Ponta
Grossa.......................................................................................................................171
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................17
1.1 JUSTIFICATIVA..............................................................................................18
1.2 ASPECTOS JURÍDICOS RELACIONADOS AO PATRIMÔNIO
FOSSILÍFERO........................................................................................................20
1.3 OBJETIVOS.....................................................................................................24
1.3.1 Objetivo geral.............................................................................................24
1.3.2 Objetivos específicos..................................................................................25
2 CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO E PALEONTOLÓGICO...................................26
2.1 BACIA DE CASTRO........................................................................................26
2.2 BACIA DO PARANÁ ......................................................................................30
2.2.1 Grupo Rio Iv............................................................................................33
2.2.1.1 Formação Iapó.....................................................................................34
2.2.2 Grupo Paraná..............................................................................................36
2.2.2.1 Formação Furnas .................................................................................38
2.2.2.2 Formação Ponta Grossa .......................................................................43
2.2.2.2.1 A Província Malvinocáfrica...........................................................48
2.2.2.2.2 Estratigrafia de Sequências da seção Siluro-Devoniana.................50
2.2.3 Grupo Itararé..............................................................................................57
2.2.3.1 Arenito Barreiro...................................................................................57
3 DISCUSSÃO...........................................................................................................59
3.1 GEOTURISMO, TURISMO CIENTÍFICO, TURISMO PALEONTOLÓGICO
E ROTEIROS GEOLÓGICOS E PALEONTOLÓGICOS.......................................59
3.1.1 Geoturismo: Conceitos e Trabalhos Desenvolvidos.....................................59
3.1.2 Turismo Científico e Turismo Paleontológico: Definição e Trabalhos
Desenvolvidos.....................................................................................................62
3.1.3 Roteiros Geológicos e Paleontológicos: Na busca de um conceito teórico-
metodológico ......................................................................................................66
3.1.4 Uso do Patrimônio Fossilífero e Gestão do Terririo .................................67
4 METODOLOGIA DE TRABALHO E TÉCNICAS UTILIZADAS .........................69
4.1 ÁREA DE ESTUDO.........................................................................................69
4.1.1 Os Campos Gerais do Paraná......................................................................69
4.1.1.1 Castro..................................................................................................70
4.1.1.2 Tibagi ..................................................................................................70
4.2 ESCOLHA DOS PONTOS DO ROTEIRO.......................................................72
4.3 MATERIAL FÓSSIL........................................................................................74
4.4 TRABALHOS DE CAMPO..............................................................................74
5 RESULTADOS .......................................................................................................76
5.1 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL, EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO E
CORRELAÇÃO DOS AFLORAMENTOS ESTUDADOS.....................................76
5.2 Roteiro geológico..............................................................................................84
5.2.1 Ponto de Parada 1 (Seção 1) .......................................................................84
5.2.2 Ponto de Parada 2 (Seção 2) .......................................................................87
5.2.3 Ponto de Parada 3 (Seção 3) .......................................................................90
5.2.4 Ponto de Parada 4 (Seção 4) .......................................................................94
5.2.5 Ponto de Parada 5 (Seção 5) .......................................................................98
5.2.6 Ponto de Parada 6 (Seção 6) .....................................................................102
5.2.7 Ponto de Parada 7 (Seção 7) .....................................................................106
5.2.8 Ponto de Parada 8 (Seção 8) .....................................................................110
5.2.9 Ponto de Parada 9 (Seção 9) .....................................................................114
5.2.10 Ponto de Parada 10 (Seção 10)................................................................ 119
5.2.11 Pontos de Parada 11 e 12 ........................................................................123
5.2.12 Ponto de Parada 13 (Seção 13)................................................................ 127
5.2.13 Ponto de Parada 14 (Seção 14)................................................................ 131
5.2.14 Ponto de Parada 15 (Seção 15)................................................................ 135
5.2.15 Ponto de Parada 16 (Seção 16)................................................................ 139
5.2.16 Ponto de Parada 17 (Seção 17)................................................................ 144
5.2.17 Ponto de Parada 18 (Seção 18)................................................................ 148
5.2.18 Ponto de Parada 19 (Seção 19)................................................................ 152
5.2.19 Ponto de Parada 20 (Seção 20)................................................................ 155
6 CONCLUSÕES.....................................................................................................173
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................174
17
1 INTRODUÇÃO
A partir da literatura vigente, pode-se dizer que a geodiversidade representa
todos os aspectos geológicos (minerais, rochas e fósseis), geomorfológicos (formas de
relevo) e pedológicos, incluindo suas propriedades e também seus processos de gênese e
transformação. Estes sistemas compõem o substrato em que a vida se estabelece, assim,
pode-se dizer que a geodiversidade condiciona a biodiversidade.
De forma a abranger os aspectos abióticos do Planeta Terra, a CPRM (2006)
definiu a geodiversidade como constituída por uma variedade de ambientes,
composição, fenômenos e processos geológicos, que originam as paisagens, rochas,
minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros depósitos superficiais que propiciam o
desenvolvimento da vida no planeta, agregando as estes, valores culturais, estéticos,
econômicos, científicos, educativos e turísticos.”
Atualmente, percebe-se um aumento significativo no número de trabalhos que
buscam na geodiversidade: (i) destacar seu caráter científico; (ii) valorar e (iii) divulgar
seu aspecto turístico e pedagógico (BRILHA, 2005; 2006; SOUZA et al. 2007;
NASCIMENTO et al. 2008). Isso confere à geodiversidade uma categoria patrimonial,
que objetiva garantir sua conservação. Nesta perspectiva, muitos autores utilizam-se da
geoconservação para levantar e reconhecer a geodiversidade de áreas relevantes na
superfície do planeta, contribuindo com o avanço do conhecimento geocientífico e com
sua proteção (NASCIMENTO et al. 2006; MANSUR; NASCIMENTO, 2007; SOUZA
et al. 2007; NOLASCO, 2008; CATANA, 2008).
Uma das formas de divulgar o patrimônio geológico é através da exposição de
sítios geológicos para a sociedade, por meio de rotas geológicas e/ou paleontológicas,
com fins científicos ou didáticos (SANTOS; ROSA, 2001; SCHOBBENHAUS et al.
2002). Contudo, como enfatiza Souza et al. (2007), esta divulgação deve ser realizada
por meio de estratégias de manejo ambiental; caso contrário é muito provável que
ocorra a depredação do sítio.
Estes mesmos autores definem cinco medidas de preservação e divulgação do
patrimônio geológico que vêm sendo realizadas no Brasil (Inventário, Coleções
científicas, Educação patrimonial, Educação formal e Geoturismo). O Geoturismo,
semelhante à Educação patrimonial, propicia aos turistas a utilização do patrimônio
geológico para lazer, recreação e uso pedagógico (NASCIMENTO et al. 2006;
18
NASCIMENTO et al. 2007a; NASCIMENTO et al. 2007b; PIEKARZ; LICCARDO,
2008; LICCARDO et al. 2008; LICCARDO; JUCHEM, 2008; dentre outros).
A região dos Campos Gerais do Paraná é detentora de um singular e rico
conjunto de feições geológicas (rochas ígneas e sedimentares), geomorfológicas
(planaltos, vales, escarpamentos, relevo ruiniformes) e paleontológicas (fósseis
paleozoicos) (cf. MELO et al. 2007) que tem sido objeto de inúmeros trabalhos e
pesquisas científicas (BOSETTI, 2007).
Sob estas perspectivas, a presente pesquisa propõe a construção de um roteiro
geológico e paleontológico sob a ótica da gestão do território, utilizando-se de
afloramentos rochosos ocorrentes ao longo das margens das estradas e rodovias
existentes nos municípios de Castro e Tibagi, no Estado do Paraná.
1.1 JUSTIFICATIVA
A região de afloramentos de rochas do Devoniano do Estado do Paraná é
distinguida por ser um dos “laboratórios naturais” mais investigados da paleontologia
brasileira. Desde os primeiros registros fósseis, no ano de 1876, através da Comissão
Geológica do Império do Brasil (1875-1877), até a atualidade, as rochas e o conteúdo
fossilífero desta idade geológica ocorrentes na região fisiográfica dos Campos Gerais,
são objetos de trabalhos que, somados, representam mais de um século de investigação
científica (BOSETTI, 2007; BOSETTI et al. 2007a).
De acordo com Bosetti et al. (2007a) são identificadas três fases na evolução do
conhecimento sobre o Devoniano do Estado do Paraná. A primeira, representada pela
fase de trabalhos pioneiros, inicia-se entre o final do século XIX e início do século XX.
Caracteriza-se por uma intensa fase de análises descritivas e classificatórias que
refletiram as tendências da História Natural daquela época. Posteriormente, entre as
décadas de 1940 e 1980, uma segunda fase de estudos é promovida. Neste ciclo se
buscou por respostas e questionamentos de caráter interpretativo, onde foram abordados
temas e proposições de modelos envolvendo a autoctonia ou aloctonia dos sseis, seu
aparente endemismo e suas relações com outras bacias sedimentares contemporâneas.
Após este período houve uma diminuição drástica na intensidade de trabalhos,
que, reacendeu somente com o advento da Tafonomia e da Estratigrafia de Sequências
(terceira fase de estudos), observando-se eno uma tendência à reavaliação dos
19
conceitos, bem como à re-investigação dos jazigos fossilíferos à luz destas novas
ferramentas e técnicas de trabalho.
A qualidade e a quantidade de informações paleontológicas contidas nessas
camadas consagrou o Devoniano paranaense como foco e objeto de inúmeros trabalhos
de pesquisa bem como de atividades didáticas de campo. Devido ao amplo conjunto de
feições naturais ocorrentes nos Campos Gerais, esta região é continuamente visitada por
grupos de pesquisa, com pesquisadores e professores envolvidos nas áreas de Geologia,
Paleontologia, Biologia e Geografia, provenientes de várias universidades do país, bem
como do exterior. As excursões têm fins diversos, tais como: mapeamentos, coleta de
fósseis e rochas, análise estratigráfica, dentre outros. Portanto, é notório que os estudos
sobre o Devoniano sul-brasileiro vêm se acumulando de longa data, mantendo estas
concentrações fossilíferas como notável patrimônio natural do Brasil.
No sentido de conduzirem excursões geológicas e paleontológicas na Bacia do
Paraná, voltados à comunidade científica, muitos autores elaboraram roteiros de
excursão mediante a seleção de pontos de afloramentos de diversos períodos geológicos
ocorrentes no Estado do Paraná. Na maioria das vezes, estes roteiros foram executados
durante eventos científicos promovidos na área da Geologia e Paleontologia (e.g.
ZALÁN et al. 1987; RÖSLER et al. 2000; MILANI et al. 2007a), com o objetivo de
divulgar pontos de afloramentos a pesquisadores não familiarizados com a região.
Outros trabalhos foram propostos objetivando incentivar e implantar o turismo
científico através de roteiros em sítios geológicos e/ou paleontológicos (e.g. SANTOS;
ROSA, 2001; VASCONCELLOS et al. 2002; AZEVEDO et al. 2002; GHILARDI et
al. 2002; ORLANDI FILHO et al. 2006; DA-ROSA, 2008) e geoturístico (e.g.
PIEKARZ; LICCARDO, 2008; MOREIRA, 2008) em diversas regiões.
O presente roteiro proporciona a descrição de pontos muito conhecidos
pela comunidade científica, como a seção-tipo da Formação Iapó (MAACK, 1947) a
oeste do município de Castro-PR, e o contato entre as formações Furnas e Ponta Grossa
na entrada do município de Tibagi-PR, com os primeiros relatos conferidos a Bigarella
et al. (1966), am de afloramentos inéditos e ainda pouco explorados. É o caso da
reabertura da BR-153 (Rodovia Transbrasiliana - trecho Tibagi-Alto do Amparo) que
exs cerca de 40 km de novos afloramentos da Formação Ponta Grossa, alguns com
espessuras superiores a 10 m. (BOSETTI et al. 2007b; ZABINI et al. 2007a; b; ZABINI
et al. 2008). A seção-tipo do Membro São Domingos (LANGE; PETRI, 1967) em
Tibagi-PR, exemplifica uma região de afloramentos de longa data conhecida pela
20
comunidade científica, cujos estudos têm sido recentemente retomados (BOSETTI et al.
2009a; BOSETTI et al. 2009b).
Um aspecto importante a destacar e apontado por Carvalho; Da-Rosa (2008a;
b) é que os roteiros geológico-paleontológicos além de fornecerem o acesso e a
localização dos sítios fossilíferos, podem também facilitar a depredação dos mesmos, se
não houver monitoramento adequado, e isto é uma questão relevante que merece
discussão. Assim, o presente trabalho buscou definir um público-alvo para o roteiro
proposto, em concordância com a atual legislação sobre os afloramentos fossilíferos
brasileiros (BRASIL, 1988).
1.2 ASPECTOS JURÍDICOS RELACIONADOS AO PATRIMÔNIO FOSSILÍFERO
Carmo; Carvalho (2004), ao tratarem da legislação sobre o uso dos sítios
paleontológicos, observaram que apesar de existir o amparo legal para a proteção de
jazigos fossilíferos brasileiros desde a publicação do Decreto-Lei nº25 de 30/11/1937, o
tratamento dado a essa questão mantém ainda um enfoque generalista. Ferreira; Brito
(1974) também discutem sobre alguns problemas da paleontologia brasileira,
levantando questões sobre a proteção dos depósitos fossilíferos.
Somente a partir do Decreto-Lei 4.146 de 1942, os depósitos fossilíferos são
considerados propriedades da Nação, assim sua extração passou a depender da
autorização e fiscalização do Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM,
com exceção a museus nacionais e congêneres
Em 31/05/1973 o Decreto-Lei 72.312 promulgou a Convenção sobre a adoção
de medidas para proibir e impedir a importação, exportação e transferência de
propriedades ilícitas dos bens culturais (incluso os sseis). Assim, a remessa de
qualquer fóssil ao exterior pela compra ilegal por museus, universidades e
colecionadores particulares, está em desacordo com esta Convenção.
O Decreto Nº. 98.830 de 30/01/1990, sujeita as atividades de campo, para coleta
de materiais (inclusive espécimes biológicos e minerais) por pessoa natural ou jurídica
estrangeira, ao controle do Ministério da Ciência e Tecnologia, o qual deve avaliar,
autorizar, assim como supervisionar e analisar os resultados dos trabalhos de coleta.
Na Lei nº. 8.176 de 08/02/1991, Artigo 2º, Parágrafo 1º, define que o fóssil,
como bem da União, é inegociável. Assim, todos os que fazem a retirada de fósseis ou
21
que os adquirem, transportam ou comercializam, incorrem em crime contra a ordem
econômica.
Os artigos 20, 23 e 24 da Constituição do Brasil de 1988 indicam que os fósseis
são bens da União e que é responsabilidade do Estado a defesa do patrimônio natural
(BRASIL, 1988).
Ao considerar o fóssil como registro de vida do passado, o qual se preservou em
função de um processo de mineralização, é possível, no Artigo 20 enquadrá-los nos
incisos: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vieram a ser atribuídos; IX -
os recursos minerais, inclusive os do subsolo e X - as cavidades naturais subterrâneas e
os sítios arqueológicos e pré-históricos.” (BRASIL, 1988, p. 18-19).
No Artigo 23 da Constituão de 1988 é atribuída a competência da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios de:
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens notáveis e os sítios
arqueogicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e descaracterização de obras de arte
e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural. (BRASIL, 1988,
p. 22).
No Artigo 24 é descrita a Competência da União, dos Estados e do Distrito
Federal o ato de legislar os bens, dispostos nos incisos: VII - proteção ao patrimônio
histórico, cultural, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
e paisagístico.
Para Carmo; Carvalho (2004), a Constituição Brasileira de 1988 traz uma
perspectiva inovadora e moderna da concepção e proteção dos bens da União. Isto
ocorre em função de que o Artigo 216 define que o patrimônio cultural brasileiro se
constitui como “bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira”. V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
22
O Projeto de Lei 245, de 1996 em tramitação, dispõe sobre a proteção ao
Patrimônio Fossilífero, em conformidade com o artigo 216, inciso V da Constituição
Federal de 1988
1
:
Capítulo I
Disposições gerais
Artigo 1º: Os depósitos fossilíferos existentes em território nacional e os
fósseis nele coletados são bens da União, constituindo-se Patrimônio
Cultural e Natural brasileiro e sua proteção e utilização obedecerão aos
seguintes princípios:
I - geração de conhecimentos científicos sobre o patrimônio fossifero
do País, cabendo ao poder público dar prioridade e incentivos ao
fortalecimento da capacidade científica nacional nessa área;
II - responsabilidade solidária do poder público federal, estadual,
municipal e do Distrito Federal nas ações de fiscalização e proteção do
patrimônio fossilífero, nos termos do art. 216, § da Constituição
Federal e desta Lei;
III - consideração dos aspectos cultural, histórico, científico, ambiental
e social em quaisquer decisões do poder blico que digam respeito,
direta ou indiretamente, ao patrimônio fossilífero;
IV - envolvimento da população na proteção do patrimônio fossilífero,
por meio de facilidades no acesso à informação e criação de
oportunidades sócio-econômicas vinculadas àquela proteção;
V - valorização do patrimônio fossilífero brasileiro, por meio de
divulgação e ações educativas destinadas à conscientização da
sociedade.
(...)
Capítulo III
Dos sítios fossilíferos
Artigo : Todos os sítios fossilíferos podem ser declarados
Monumentos Naturais e serão classificados em:
I - abertos: quando o objetivo de conservação de fósseis for compatível
com atividades controladas de pesquisa e visitação;
II - de proteção integral: quando características especiais dos sítios
fossilíferos, cientificamente comprovadas, justificarem o seu uso
exclusivo para pesquisa.
Parágrafo único. Os critérios para classificação de sítios deverão
considerar:
I - contribuição ao avanço do conhecimento científico;
II - preservação do equilíbrio ecológico;
III - potencial de reativação econômica das reges nas quais a
existência de patrimônio fossilífero favoreça a criação de atividades o
predadoras a ele relacionadas, especialmente o turismo científico e
ecologicamente orientado;
IV - preservação de bens relevantes associados, especialmente cobertura
vegetal e recursos hídricos;
V - representatividade da área nos contextos geológicos regional,
nacional e mundial.
1
DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL. Projeto de Lei Nº 245, de 1996.
Dispovel em: http://www.dnpm.gov.br/conteudo.asp?IDSecao=67&IDPagina=84&IDLegislacao=234
Acesso 19 jan.2009.
23
Capítulo IV
Do acesso ao patrimônio fossilífero
Artigo 4º: A pesquisa e coleta de material fóssil em território brasileiro
deverão ser previamente autorizadas pela autoridade competente,
aplicando-se a legislação federal sobre coleta de dados e materiais
científicos por estrangeiros e devendo da documentação exigida constar,
no mínimo:
I - identificação circunstanciada da área que será objeto do trabalho para
o qual é solicitada a autorização;
II - descrição dos todos, técnicas e instrumentos a serem utilizados;
III - indicação do destino do material coletado e explicitação dos
objetivos do trabalho;
IV - identificação dos requerentes, bem como comprovantes de sua
qualificação profissional.
Parágrafo único. As instituições de ensino superior e pesquisa
brasileiras estão dispensadas dessas exigências, devendo apresentar
anualmente, à autoridade competente, relatório sobre suas atividades em
sítios fossilíferos.
(...)
Diante do exposto, pode-se dizer que a Constituição Brasileira de 1988, bem
como o Projeto de Lei 245 de 1996, dão suporte legal para implantação de propostas
que possibilitem o uso do patrimônio fossilífero.
Desta maneira, um roteiro geológico-paleontológico, baseado na perspectiva do
turismo científico está de acordo com a legislação, desde que haja a elaboração de uma
atividade não predatória, através de um turismo cientificamente e ambientalmente
orientado, havendo a geração de conhecimento científico. Assim, justifica-se o uso dos
afloramentos fossilíferos apenas para atividades pticas de campo e pesquisa cienfica,
no intuito de contribuir para a preservação, conservação, fiscalização e proteção dos
mesmos.
Foram identificados preliminarmente, quatro perfis de usuários potenciais do
roteiro aqui proposto:
O perfil I é representado por pesquisadores vinculados a Instituições de Ensino
Superior e Pesquisa, que objetivam a realização de pesquisa cienfica na região;
No perfil II enquadram-se os professores de instituições de Ensino Superior, que
buscam acesso a afloramentos didáticos para aulas práticas, objetivando
principalmente a coleta de material geológico-paleontológico;
24
O perfil III abrange os professores das séries iniciais (1ª a séries) e do Ensino
sico de ciências, biologia e geografia, das Instituições de Ensino Fundamental
e Médio, com ênfase em aulas práticas;
O perfil IV compreende os geoturistas, modalidade de turista que busca na
geodiversidade um recurso turístico de lazer, recreação e o entendimento da
geodiversidade.
O roteiro geológico-paleontológico aqui desenvolvido propõe a utilização do
Patrimônio Fossilífero para o desenvolvimento de pesquisas e aulas práticas. Destina-se
aos turistas que possuem conhecimento específico sobre a coleta e processamento do
material fóssil, auxiliando no desenvolvimento de suas atividades, e evitando a perda
das informações científicas dos depósitos fossilíferos. Cada exemplar fóssil é único e
insubstituível. Muitas informações podem ser extraídas a partir de uma coleta
sistematizada e controlada. Inúmeras informações são perdidas apenas quando a
procedência dossil é desconhecida. Assim, definiu-se que o público-alvo que o
presente trabalho pretende atingir são os perfis I e II, compreendidos pelos
pesquisadores e professores de Instituições de Ensino Superior, respectivamente,
fornecendo subsídios para realização de suas atividades na região, seja para pesquisa ou
atividades práticas de campo.
Os professores das séries iniciais e básicas de Ensino (Perfil III) e os geoturistas
(Perfil IV) não se enquadram no público-alvo devido apenas à coleta do material fóssil,
pois sem o acompanhamento de um geocientista, poderá haver depredação do
patrimônio. Para estes perfis sugere-se a visitação de museus e/ou o acompanhamento
de profissional habilitado. Adicionalmente, o que diz respeito a legislação, o Brasil
ainda não está preparado para o desenvolvimento de atividades que envolvam, em
trabalhos de campo, os perfis III e IV.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo geral
Elaborar um roteiro geológico e paleontológico utilizando-se de afloramentos
rochosos existentes ao longo de estradas e rodovias nos Planaltos de Castro e de Tibagi,
Paraná.
25
1.3.2 Objetivos específicos
Reunir informações sobre os afloramentos rochosos já conhecidos;
Levantar seções estratigráficas próprias, no sentido de se correlacionar com as
descritas;
Descrever as litologias das áreas estudadas;
Identificar taxonomicamente o conteúdo paleontológico encontrado;
Organizar e distribuir os afloramentos levantados em concordância ao
empilhamento estratigráfico e geocronologia das bacias de Castro e do Paraná;
Padronizar a descrição de cada afloramento constante nos roteiros;
Fornecer uma base teórica para o usuário do roteiro;
Fornecer rotas alternativas mais curtas dentro de um roteiro maior e mais
completo;
Elaborar uma proposta de utilização/gestão do roteiro proposto.
26
2 CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO E PALEONTOLÓGICO
O presente texto apresenta e descreve sumariamente a geologia regional e o
conteúdo paleontológico ocorrente, destacando os principais trabalhos e pesquisas
desenvolvidas na área em estudo.
2.1 BACIA DE CASTRO
A Bacia de Castro é preenchida pelo Grupo Castro, consiste em um depósito
vulcano-sedimentar aflorante na porção centro-leste do Estado do Paraná, abrangendo
os municípios de Carambeí, Castro e Piraí do Sul e ocupa uma área total de 900 km
2
(Figura 1). Esta bacia assenta-se em discordância angular sobre as rochas que compõem
o Cintuo de Dobramentos Apiaí. Limita-se a leste, por falhamento, com as rochas do
Complexo Granítico Três rregos e metassedimentos do Complexo Granítico
Cunhaporanga. A oeste é recoberta através de discordância angular pela Bacia do
Paraná, com sedimentos neo-ordovicianos da Formação Iapó e siluro-devonianos da
Formação Furnas. As rochas do Grupo Castro documentam o registro do limite entre os
Éons Pré-Cambriano e Fanerozoico (BONANCIM et al. 1994; MORO et al. 1993;
MORO et al. 1994; TEIXEIRA et al. 2004).
As rochas da região de Castro foram primeiramente descritas por Derby (1878),
relatando a ocorrência de riolitos e sedimentos arcosianos, assinalados em cortes da
estrada de ferro entre Piraí do Sul e Castro. Derby (1878) denominou estas rochas como
“porphyros vermelhos” de origem metamórfica associados a arcósios
(VASCONCELLOS et al. 2002).
Trein; Fuck (1967), a partir de mapeamentos geológicos sistemáticos efetuados
na região pela Comissão da Carta Geológica do Paraná, denominaram as litologias da
região de “Grupo Castro”, propondo a seguinte subdivisão da base para o topo em: (a)
Sequência vulcânica ácida basal associada à outra Sequência sedimentar com arenitos
arcoseanos, siltitos, argilitos e conglomerados; (b) Sequência vulcânica ácida com
riolitos maciços e fluidais, tufos, aglomerados e brechas e; (c) Sequência vulcânica
intermediária com andesitos no topo do conjunto.
Moro (1993) definiu quatro associações litológicas para as rochas que
constituem o Grupo Castro: duas Associações vulcânicas (uma inferior de composição
intermediária a ácida, e uma superior, de composição ácida) e; duas Associações
27
Sedimentares (uma inferior constituída por arenitos arcosianos, siltitos e lamitos, e uma
superior, constituída por conglomerados). Moro et al. (1994) por sua vez reuniram estas
rochas em três associões litológicas:
I - Associação Tronco (ou Sequência Vulcânica Andesítica):
Corresponde à Associação Vulcânica Intermediária-Ácida de Moro (1993), as
rochas dessa unidade afloram a oeste e sul da bacia, sobrepostas em discordância
angular por arenitos da Formação Furnas. É constituída por andesitos porfiríticos,
seguidos por andesitos maciços e fluidais, intercalados por riolitos com textura
afanítica, com fenocristais de feldspato e quartzo, tufos lapílicos, tufos cineríticos e
ignimbritos, além de conglomerados subordinados constituídos por seixos subangulosos
a subarredondados de andesito, tufo e mais raramente riolito, em matriz de granulação
média a grossa arcoseana e mal selecionada (MORO et al. 1994; TEIXEIRA et al.
2004).
II - Associação Piraí do Sul (ou Sequência Sedimentar):
Corresponde à Associação Sedimentar Inferior de Moro (1993), estes depósitos
sedimentares clásticos ocupam principalmente o setor norte da bacia, estendendo-se
para sul em duas faixas com direção NE-SW. É constituída por rochas sedimentares
clásticas imaturas e mal selecionadas, depositadas em ambiente continental (fácies de
planície de inundação e fácies lacustre). Esta associação apresenta, localmente,
contribuição vulcânica proveniente da Associação Tronco, na forma de pequenos
derrames centimétricos de andesito, níveis submilimétricos de cinza vulcânica, e
bombas vulcânicas de composição andesítica. Estas contribuições ocorrem nas porções
basais da Associação Piraí do Sul, próximo ao contato com a Associação Tronco
indicando uma penecontemporaneidade entre as últimas manifestações vulcânicas e o
início da sedimentação (MORO et al. 1994).
III - Associação Tirania (ou Sequência Vulcânica Ácida):
Corresponde às associações Vulcânica Ácida e Sedimentar Superior de Moro
(1993). Estas associações foram reunidas por Moro et al. (1994) sob a denominação de
Associação Tirania. Estes depósitos ocupam grande parte da região central da bacia,
estendendo-se a oeste por uma faixa com direção NE-SW. As rochas vulcânicas que
compõem esta Associação são representadas por domos riolíticos ou pequenos cones,
28
caracterizando centros vulcânicos nas proximidades dos quais ocorrem brechas
piroclásticas e pequenos derrames riolíticos a quartzo latíticos, passando a extensas
ocorrências de ignimbritos e tufos.
De acordo com Teixeira et al. (2004), as rochas sedimentares que compõem a
Associação Tirania são representadas por conglomerados clasto a matriz-suportados,
polimíticos, imaturos e constituídos por seixos e grânulos de riolito, tufo, mais
raramente andesito, localmente podem ser constituídos por granito, xisto e quartzito,
envoltos por matriz arcoseana mal selecionada (na região de Piraí do Sul), ou
intercalados por arenitos arcoseanos médios a grossos, maciços ou com estrutura
gradativa, constituídos por quartzo e feldspato com matriz siltico-argilosa. Moro et al.
(1994) associaram esses sedimentos a leques aluviais.
Estas associações foram deformadas por falhamentos e adernamentos de blocos,
devido à movimentação direita da Falha de Castro, em um sistema de forças atuantes
em zona de distensão oblíqua s-orogênico, responsável pela formação e deformação
da bacia durante o Ordoviciano (MORO et al. 1994; BONANCIM et al. 1994).
29
Figura 1. Mapa geológico da Bacia de Castro e sua localização no Estado do Paraná.
(Modificado de TEIXEIRA et al. 2004).
30
2.2 BACIA DO PARANÁ
A Bacia sedimentar do Paraná (Figura 2) compreende uma vasta província
sedimentar ocorrente no centro-leste da América do Sul. Trata-se de uma bacia
intracratônica intercontinental de natureza policíclica, marcada por eventos de
subsidência e soerguimento. É uma sinéclise de grande extensão. No Brasil abrange
parte dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Abrange ainda parte dos territórios da
Argentina, Uruguai e Paraguai, alcançando uma área de aproximadamente 1.600.000
km
2
. Esta bacia tem seu limite nos diversos arcos estruturais soerguidos paralelamente a
sua borda. Os arcos de São Vicente e o da Canastra delimitam a porção norte, os Arcos
de Martim Garcia, Pampeano Ocidental-Oriental e de Assunção fazem o limite da
porção sul, sudeste e oeste, respectivamente. (MILANI et al. 2007b).
O arranjo espaço-temporal das rochas que preenchem a Bacia do Paraná
constitui tema entre os mais presentes na literatura geocientífica brasileira, contando-se
certamente em alguns milhares os trabalhos já publicados, abordando os diferentes
aspectos dessa questão (MILANI et al. 2007b). O relatório de Israel Charles White
(1908) é considerado o “marco zero” na sistematização estratigráfica da bacia. No
decorrer da história de investigação geológica da bacia, algumas obras destacam-se com
particular importância como sínteses de caráter regional (e.g. SANFORD; LANGE,
1960; NORTHFLEET et al. 1969; SCHNEIDER et al. 1974; FÚLFARO et al. 1980 e
ZALÁN et al. 1990).
A Bacia do Paraná possui um registro estratigráfico incompleto compreendendo
o Período Ordoviciano Superior ou Neo-Ordoviciano até o Cretáceo Superior ou Neo-
Cretáceo, atingindo aproximadamente 7.000 m de espessura em seu eixo deposicional.
De acordo com Milani et al. (2007a) a Bacia originou-se como um golfo aberto para o
oceano Panthalassa, através do movimento convergente entre o continente Gondwana e
o assoalho oceânico do Panthalassa que ao longo do Fanerozóico, contribuiu para o
fechamento progressivo da Bacia do Paraná até sua continentalização completa.
Milani (1997) subdividiu o registro estratigráfico da Bacia do Paraná em seis
unidades de ampla escala ou supersequências de segunda ordem (VAIL et al. 1977), na
forma de pacotes rochosos materializando cada um deles intervalos temporais com
algumas dezenas de milhões de anos de duração e divididos por superfícies de
discordância de caráter inter-regional, definindo o arcabouço estratigráfico da Bacia do
31
Paraná. O registro total abrange o intervalo de 450-65 Ma, porém uma significativa
parcela desse tempo encontra-se em hiatos temporais que separam as supersequências.
As Supersequências Rio Iv (Ordoviciano Siluriano), Paraná (Devoniano) e
Gondwana I (Neo-Carbonífero – Eo-Triássico) registram grandes tratos de sistemas
paleozóicos com variação do nível de base, enquanto as Supersequências Gondwana II
(Meso a Neotriássico), Gondwana III (Neojurássico - Eocretáceo) e Bauru
(Neocretáceo) representam sucessões de sistemas deposicionais continentais
mesozoicos e associação de rochas ígneas.
32
Figura 2. Mapa geológico da Bacia do Paraná e sua localização na América do Sul
(Modificado de MILANI et al. 2007a).
33
2.2.1 Grupo Rio Iv
O Grupo Rio Ivaí alcança aproximadamente 360 m de espessura, sendo formado
da base para o topo, pelas formações Alto Garças, Iapó e Vila Maria. O pacote ocorre
desde a porção catarinense da bacia até os estados de Mato Grosso e Gos, em seu
limite noroeste e norte, respectivamente. Apresenta uma tendência regional de
espessamento para oeste, onde encontra correspondência litoestratigráfica em estratos
no Paraguai oriental, alcançando espessura total em torno dos 1.000 m. (ASSINE et al.
1994; MILANI et al. 2007b).
Em muitos locais este grupo assenta-se em discordância litológica sobre rochas
pré-cambrianas e eopaleozoicas. Frequentemente recobre em discordância unidades
sedimentares de bacias molássicas do fim do Ciclo Brasiliano (Bacia de Castro), seu
contato superior com o Grupo Paraná é discordante (ASSINE, 1996). Pereira (1992)
observou contatos abruptos e erosivos em vários pontos da Bacia corroborando esta
discordância de topo.
A sucessão de fácies do Grupo Rio Iv documenta o primeiro ciclo
transgressivo-regressivo da sedimentação cratônica da Bacia do Paraná. A natureza da
sedimentação é dominantemente marinha, com o trecho transgressivo estendendo-se
desde a base da unidade a o nível dos pelitos da Formação Vila Maria, que
manifestam a xima inundação desse ciclo sedimentar. Em direção ao topo
desenvolve-se a porção regressiva, de pequena expressão em território brasileiro devido
à pronunciada remoção erosiva ocorrida com a evolução da discordância “pré-Furnas”
(MILANI et al. 2007b).
Na Formação Alto Garças foram observados até o momentos, somente
icnofósseis do gênero Skolithos em testemunhos de sondagens (MILANI, 1997).
Na Formação Iapó, Assine et al. (1996) identificaram na seção do Conjunto
Residencial Araguaia em Barra do Garças MT a presença de megafósseis
(orbiculoideas e archeogastrópodes) corroborando uma deposição marinha glacialmente
influenciada para o topo desta unidade. Já a Formação Vila Maria possui um conteúdo
fossilífero bastante característico, o registrados nesta unidade megafósseis marinhos
como graptólitos, trilobitas, braquiópodes, gastrópodes, bivalvios e ostracodes. Além de
quitinozoários, miósporos e acritarcos (MILANI et al. 2007b).
34
Litoestratigrafia Período
Formação Vila Maria Siluriano Inferior
Formação Iapó Ordoviciano Superior
Grupo Rio Ivaí
Formação Alto Garças Ordoviciano Médio
Quadro 1: Representação das unidades litoestratigráficas do Grupo Rio Ivaí da Bacia do
Paraná. Fonte: Assine (1996).
No flanco oriental da Bacia do Paraná, as formações Alto Garças e Vila Maria
não ocorrem, resultando em uma espessura bastante reduzida deste grupo na área de
estudo, sendo representado apenas pela Formação Iapó (ASSINE, 1996).
2.2.1.1 Formação Iapó
As camadas desta formação foram descritas, pela primeira vez, no Estado do
Paraná por Maack (1946). Esta formação ocorre em grande número de poços nos
estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Gos. Os
diamictitos e cies associadas formam um horizonte estratigráfico único, razão pela
qual Assine et al. (1994) propuseram que sejam classificados como Formação Iapó.
Na região do arco de Ponta Grossa a Formação Iapó é a unidade mais antiga da
Bacia do Paraná, sendo litologicamente representada por uma sucessão vertical de fácies
muito pouco espessas (FARIA; PEREIRA, 1994).
Segundo Assine et al. (1996) a Formação Iapó é uma unidade fina, geralmente
com menos de 20 m de espessura. Abrange uma área descontínua de centenas de
milhares de quilômetros quadrados, interpretadas como de origem glacial. A fácies
principal é composta por diamictitos maciços de cores diversas, em matriz síltico-
arenosa e seixos de natureza variada, alguns deles facetados e estriados. A associação de
fácies inclui diamictitos pobremente estratificados, conglomerados, arenitos maciços e
estratificados, e fácies fina laminada com seixos pingados. Com base nestas
características Assine et al. (1996) interpretaram a Formação Iapó como registro de uma
glaciação plataformal e os diamictitos maciços como tilitos.
Na seção-tipo, a oeste da cidade de Castro, onde a unidade ocorre
estratigraficamente sobreposta em discordância às rochas do Grupo Castro e sotoposta
discordantemente aos arenitos da Formação Furnas, Maack (1947) caracterizou duas
35
fácies distintas, ambas distinguidas pela presença de clastos de tamanho variado (seixos
a matacões) de composição diversa.
Segundo Maack (1947) página 109:
Trata-se de dois bancos de camadas depositadas sub-aquaticamente,
revelando abundante material glacial de drift, de modo que, à primeira
vista, lembram tilito. O banco inferior de camadas avermelhadas com
14,5 metros de espessura contém, além do material glacial de drift
quartzitos coloridos, granitos, gnaisses e filitos –, de tamanho variável
de pedregulho até blocos, também brechas vulcânicas dos quartzo-
pórfiros pximos. O banco azul-acinzentado superior, com espessura
de 1,5 a 2 metros, é isento de todo e qualquer material vulcânico
proveniente dos quartzo-pórfiros da lapa. Este banco é cortado pelo
paleoplano pré-devoniano, transgredindo sobre ele o arenito das Furnas
Eo-devoniano”.
Ainda nas palavras de Maack (1947) página 109:
Das nossas observações ressalta que os sedimentos vermelho-
castanhos inferiores foram depositados no limite entre o Ordoviciano e
Siluriano s. str., após findos os movimentos orogênicos, porém ainda
abastecidos com brechas e cinzas vulcânicas. Sedimentos lacustres com
cinzas vulcânicas e material de decomposição, de coloração marrom-
avermelhada dos quartzo-pórfiros, são encontrados também na base do
arenito Furnas, a oeste de Piraí-Mirim. [...].”
O banco flúvio-glacial superior, azul-acinzentado, na Serra São
Joaquim, foi depositado após o término dos movimentos orogênicos e
das atividades vulcânicas Eo-paleozoicas. Sendo os bancos de camadas
limitados superiormente pelo paleoplano pré-devoniano e o arenito
Furnas eo-devoniano, os sedimentos de drift glacial da Formação Iapó
podem ser considerados como restos de erosão do Neo-siluriano”.
A origem glacial para a Formação Iapó foi proposta por Maack (1947), e
corroborada por outros autores como Pereira (1992) e Assine et al. (1994).
A Formação Iapó está sobreposta pelos folhelhos trangressivos da formação Vila
Maria de idade Llandoveriana inferior (início do Siluriano). Esse fato permite
posicionar a Formação Iapó no limite Ordoviciano/Siluriano. A correlação com outra
Bacia Gondwânica também permite inferir correspondência com a glaciação neo-
ordoviciana (ASSINE et al. 1996).
36
2.2.2 Grupo Paraná
Constituído da base para o topo, pelas formações Furnas (Siluro-Devoniano) e
Ponta Grossa (Devoniano) (Figura 3), este grupo atinge espessura máxima superior a
800 m. Seu contato inferior é discordante, sobre rochas de unidades pré-cambrianas e
eo-paleozóicas. O contato superior é marcado por uma superfície de discordância
erosiva com arenitos glaciais permo-carboníferos do Grupo Itararé (ASSINE, 1996).
O Grupo Paraná documenta o segundo ciclo transgressivo-regressivo do registro
estratigráfico da Bacia do Paraná. A Formação Furnas exibe uma assinatura
transgressiva que culmina nos pelitos da base da Formação Ponta Grossa (MILANI et
al. 2007b).
É atribuída a Oliveira (1912) a primeira proposta de divisão litoestratigráfica do
pacote devoniano da região meridional da Bacia do Paraná. Para este autor, esta
sucessão é representada pela Série Campos Gerais, sendo subdividida a partir da base
em, “Grés de Furnas”, “Shistos de Ponta Grossa” e “Grés de Tibagi”. Os aspectos
sedimentológicos e paleontológicos deste pacote foram investigados inicialmente por
Kayser (1900), Clarke (1913) e Kozlowski (1913).
Petri (1948) formalizou as unidades devonianas da Bacia do Paraná em
concordância ao Código Norte Americano de Taxonomia Estratigráfica adotado na
época. Este autor confere o termo Série Paraná, para a sequência de rochas devonianas
do estado homônimo, apresentando a seguinte divisão do topo para a base:
Litoestratigrafia
Formação Ponta Grossa
Camadas de Transição
Série Paraná
Formação Furnas
Quadro 2: Representação das unidades litoestratigráficas devonianas da Bacia do
Paraná. Fonte: Petri (1948).
Consolidando a subdivisão de Petri (1948), Lange; Petri (1967) propuseram uma
divisão litoestratigráfica tripartite para a Formação Ponta Grossa no Estado do Paraná:
37
Litoestratigrafia
Membro São Domingos
Membro Tibagi
Formação Ponta Grossa
Membro Jaguariaíva
Grupo Paraná
Formação Furnas
Quadro 3: Representação das unidades litoestratigráficas devonianas da Bacia do
Paraná. Fonte: Lange; Petri (1967).
Através de dados de subsuperficie, Northfleet et al. (1969) e Schneider et al.
(1974) adotam a designação “Grupo Paraná”, para englobar as formações Furnas e
Ponta Grossa, sem mencionarem membros ou fácies, tratando-as como indivisas.
Grahn (1992; 2005), Grahn et al. (2000; 2002) e Gaugris; Grahn (2006)
baseados em análises micropaleontológicas e bioestratigficas, classificaram o
Devoniano do Estado do Paraná na seguinte ordem do topo para a base:
Litoestratigrafia Período Idade
Formação São
Domingos
Devoniano Médio a
Superior
Eifeliano -
Frasniano
Formação Ponta
Grossa
Devoniano Inferior
a Médio
Praguiano -
Emsiano
Grupo Campos Gerais
Formação Furnas Devoniano Inferior Lochkoviano
Quadro 4: Representação das unidades estratigráficas devonianas da Bacia do Paraná.
Fonte: Grahn (1992)
Na presente pesquisa optou-se pela classificação litoestratigráfica de Lange;
Petri (1967). Esta classificação foi correlacionada às sequências deposicionais de Assine
(1996) e Bergamaschi (1999), no intuito de ampliar a escala de detalhamento dos
afloramentos aqui descritos.
38
2.2.2.1 Formação Furnas
A denominação “grés das Furnas” foi utilizada por Oliveira (1912) para designar
os arenitos das escarpas da Serra das Furnas e de Serrinha, no Estado do Para
(BORGHI, 1996). A Formação Furnas foi proposta por Petri (1948), com seção-tipo na
região supracitada. Em superfície a formação não ultrapassa os 200 metros de espessura.
Em subsuperfície foram constatados 343 metros no poço 2-TL-MT (Três Lagoas-MT).
Aflora no flanco leste da Bacia, desde o sul do Paraná (Lapa-PR, Piên-PR) até as
imediações de Itapeva-SP, voltando a ocorrer no flanco norte da Bacia (ASSINE, 1996).
Seu contato basal é concordante com as rochas da Formação Vila Maria nas
regiões centrais e nordeste da bacia, na região do bordo leste da bacia, seu contato é
discordante com rochas dos grupos Açungui, Castro Itaiacoca e o Complexo
Cunhaporanga, e com rochas da Formação Iapó (BORGHI, 1996). No topo, é recoberta,
na maior parte da Bacia, pela Formação Ponta Grossa. Assine (1996) evidencia contato
discordante entre a Formação Furnas e o Grupo Itararé, na faixa de afloramentos do
flanco sudeste da bacia.
A Formação Furnas é frequentemente descrita como uma monótona sequência
de arenitos quartzosos brancos, de granulação média a grossa, feldspáticos e/ou
caulínicos, mal classificados e portadores de estratificações cruzadas de várias
naturezas, aos quais se interestratificam delgados níveis de conglomerados, sobretudo
na porção basal (ASSINE, 1996). Esta fácies variada permite que o Arenito Furnas seja
perfeitamente individualizado, facilmente diferenciável e claramente distinguido das
demais sequências areníticas que lhe são estratigraficamente superiores na coluna
geológica da Bacia do Paraná (BIGARELLA et al. 1966).
Assine (1996) através de uma análise detalhada da Formação Furnas na faixa de
afloramentos no Estado do Paraná (excluindo-se as camadas de transição) caracterizou
três associações faciológicas distintas, referindo-as como Unidade I (basal), Unidade II
(média) e Unidade III (topo). Essas associações possuem posição estratigráfica definida
e são reconhecidas regionalmente.
Unidade I: Disposta imediatamente acima da discordância com as unidades
subjacentes, em contatos planos e bem definidos. Faciologicamente esta unidade
constitui-se, predominantemente, de arenitos médios a muito grossos, intercalados com
camadas de arenitos conglomeráticos e conglomerados de granulão fina, com seixos
subangulosos a subarredondados. Os conglomerados apresentam-se em camadas de
39
pequena espessura atingindo no máximo 1 m, possuem geometria lenticular a irregular,
sendo texturalmente maciços ou com estratificação plano-paralela mal definida
(BIGARELLA et al. 1966).
O conjunto é granodecrescente, com redução progressiva dos termos
conglomeráticos, passando tradicionalmente para a Unidade II. As litologias da Unidade
I apresentam maior resistência à erosão que os estratos sobrepostos, originando relevos
escarpados ao longo das faixas de afloramentos. A paleocorrente discriminada para esta
unidade apresenta padrão unimodal, com paleofluxo principal para oeste.
Unidade II: Essencialmente arenosa, apresentando intercalações síltico-argilosas.
Estratificações cruzadas bipolares do tipo espinha de peixe o observadas localmente.
O padrão da paleocorrente desta unidade é unimodal, com sentido de transporte para
sudoeste.
Unidade III: Compõe-se de arenito médio a muito grosso, com estratificações
cruzadas tabular e acanalada, com espessuras que variam de 0,5 a 5,0 m. Sentidos
bipolares de fluxo caracterizando estratificações cruzadas do tipo espinha de peixe são
observados localmente. A unidade caracteriza-se pela existência de depósitos residuais
(lags) de seixos e calhaus, delgados e extensos (centenas a milhares de metros), que
ocorrem em superfícies erosivas planares. Os clastos o arredondados e assimétricos,
com diâmetro máximo de 15 centímetros. Os níveis síltico-argilosos são escassos e
pouco espessos nesta unidade, resultando numa morfologia de paredões mais íngremes
em comparação com a Unidade II. Na parte superior da Unidade III, ocorrem também
arenitos muito finos com estratificação cruzada hummocky e camadas síltico-argilosas,
muitas vezes portadoras de restos de vegetais vasculares primitivos. Os padrões de
paleocorrentes bimodal/bipolar a polimodal de sentidos variáveis (cruzadas tabulares
planares) e unimodal para sul (cruzadas acanaladas) caracterizam esta unidade.
Assine (1996) descreve uma seção colunar da Formação Furnas localizada no
Parque Estadual do Guartelá, em Tibagi-PR, esta seção possui o empilhamento vertical
apresentando o contato com o Grupo Castro e as três unidades propostas pelo autor.
Bergamaschi (1999) ao revisar a estratigrafia do Siluro-Devoniano paranaense
engloba a Formação Furnas dentro de sua sequência deposicional “A com idade
compreendida pelo intervalo entre o limite Ludloviano-Pridoliano e o Eo-Lochkoviano,
registrando um ciclo transgressivo-regressivo.
40
Para Bigarella et al. (1966), os principais problemas estratigráficos na Formação
Furnas surgem, sobretudo, em sua porção superior, na área de contato com a Formação
Ponta Grossa.
Na opinião de Petri (1948) existe uma continuidade de sedimentação entre o
Arenito Furnas e o Folhelho Ponta Grossa. Para este autor a ausência de hiato de
sedimentação entre a Formação Furnas (pelo menos na sua parte superior) e a Formação
Ponta Grossa é comprovada pela presença de um pacote de camadas bem caracterizado
entre essas duas formações, o sendo possível a distinção deste pacote como
pertencente à Formação Furnas ou à Formação Ponta Grossa. Petri (1948) esclarece que
o referido pacote se apresenta como passagem gradativa de arenito grosseiro para
arenito fino e síltico, e deste para folhelho, ou como folhelho intercalado em arenito
grosso. Desta forma, o autor introduz este pacote na estratigrafia do Devoniano
paranaense sob a denominão de Camadas de Transição.
Caster (1952) observa que o contato do Arenito Furnas com os Folhelhos
superpostos é relativamente abrupto, embora este autor reconheça que uma estreita zona
transicional ocorra algumas vezes.
No corte da estrada Tibagi-Castro (PR-340, km 60) Maack (1950/51) refere-se a
estruturas várvicas para as camadas argilosas do Furnas, interpretando-as como
originadas em clima glacial. Contudo, segundo Bigarella et al. (1966) a associação
litológica, o caráter do depósito e a disposição dos seixos, não corroboram aquela
interpretação, para este tipo de depósito rítmico. Maack (1950/51) ainda menciona que o
limite entre o Arenito Furnas e os Folhelhos Ponta Grossa é muito nítido. Este autor
atribui as Camadas de Transição de Petri (1948) como pertencentes ao Arenito Furnas.
Sanford; Lange (1960) consideram igualmente uma zona transicional entre o
Arenito Furnas e Folhelho Ponta Grossa.
Para Bigarella et al. (1966) a porção superior da Formação Furnas apresenta
maior número de horizontes com sedimentos clásticos mais finos, compreendidos por
siltitos, siltitos argilosos e arenosos e argilitos, alguns com caráter folhelhóide, porém
nunca folhelhos semelhantes aos da Formação Ponta Grossa. Estes horizontes de
sedimentos finos encaixam-se dentro da estrutura típica do Arenito Furnas, isto é, no
meio das camadas com estratos cruzados, ocorrendo aí principalmente sob forma de
lentes preenchendo canais ou sob a forma de camadas finas mais extensas depositadas
imediatamente acima de ampla superfície de erosão, a qual trunca uma sequência de
estratos cruzados.
41
Segundo Bergamaschi (1999) a Formação Furnas representa uma deposição
litorânea/marinha-costeira. Para Sanford; Lange (1960), Bigarella et al (1966) e Lange;
Petri (1967) a formação é de origem marinha, enquanto Northfleet et al (1969) e
Schneider et al. (1974), consideram esta formação como fluvial. Os icnofósseis
(Rusophycus e Cruziana) são muito comuns na formação e de importância
paleoambiental significativa, conferindo origem marinha aos sedimentitos onde se
fazem presentes.
Em termos paleontológicos, a Formação Furnas apresenta considerável registro
fóssil, com icnofósseis, esporos, acritarcos e plantas vasculares primitivas.
Borghi (1993; 1994) reconhece a icnoceis Cruziana, com os icnofósseis
Cruziana? isp., ?Dydimaulichnus furnai (LANGE) FERNANDES & NETTO 1985,
Palaeophycus tubularis HALL 1847, Rusophycus isp., Scoliciaisp. e a icnofácies
Skolithos, com os icnofósseis Cylindrichnus concentricus TOOTS in HOWARD 1966,
Lockeia isp., Skolithos cf. S. linearis HALDEMANN 1840 e S. magnus HOWELL
1944.
Dino; Rodrigues (1995) identificaram esporos e alguns acritarcos ocorrentes na
formação, incluindo-se Brochotriletes foveolatus NAUMOVA 1953, Dictiotriletes
emsiensis (ALLEN) MACGREGOR 1973, D. subgranifer MACGREGOR 1973,
Retusotriletes maculatus MACGREGOR & CAMFIELD 1976, Emphanisporites
rotatus MAC GREGOR 1961, E. micromatus RICHARDSON & LISTER 1969,
Synorisporites verrucatus RICHARDSON & LISTER 1969, Schizocystia pilosa
JARNIDÉ 1972, S. saharica JARNI1974, Tetraletes granulatus CRAMER 1966 e
T. variabilis CRAMER 1966.
Bigarella et al. (1966) verificam a ocorrência abundante de restos vegetais nas
camadas folhelhóides sílticas ou siltito-argilosas que ocupam a parte superior da
Formação Furnas, no conhecido afloramento na entrada do município de Tibagi-PR.
Segundo os autores, os restos vegetais encontram-se bastante fragmentados, variando
em diâmetro entre 1 e 4 mm, com comprimentos que alcançam 5 cm ou mais. Em geral
são relativamente mal preservados, consistindo de finas películas carbonosas.
Apresentam nervuras paralelas, sendo que alguns exemplares possuem ramificações
dicotônicas. Estes restos vegetais vasculares primitivos foram posteriormente apontados
por Bergamaschi (1992), Borghi (1993) e Assine (1996).
Rodrigues et al. (1987; 1989) registram a ocorrência de Psilophytales na
Formação Furnas, na região de Ponta Grossa-PR. Os vegetais encontrados em siltitos
42
estavam preservados como impressões de eixos fragmentados, podendo apresentar eixos
com dicotomia com comprimento de até 2 cm e largura variando entre 0,5 a 1,8 mm
além de esporângios terminais alongados a subesféricos com até 2,5 mm.
Mussa et al. (1996) em afloramentos de topo da Formação Furnas, em
Jaguariaíva-PR, citam a presença de inúmeras formas novas de plantas vasculares
primitivas, gondwânicas, com certo grau de endemismo. Essas formas agrupam-se em
(i) eixos estéreis com ramificações dicotômicas simples (e.g. Sulculiphyton
furnasensis); (ii) eixos rteis esporangíferos (e.g. Salopella brasiliana), esporofíticos
fragmentados (e.g. Sphaerullophyton originalis) e (iii) gametangióforos (e.g.
Edwardsnella campanulata).
“Camadas de Transição”
Ao analisar afloramentos na cidade de Jaguariaíva-PR, Petri (1948) compõe uma
sequência de fácies granodecrescentes, desde arenitos médios a grossos na base da
Formação Furnas, até folhelhos portadores de fósseis marinhos típicos da Formação
Ponta Grossa no topo, sugerindo um contato de natureza concordante. A este intervalo
estratigráfico de no máximo 20 m de espessura, Petri (1948) designou informalmente o
termo “Camadas de Transição” (ASSINE, 1996; BERGAMASCHI, 1999).
Petri (1948) também identificou as Camadas de Transição no contato entre as
formações Furnas e Ponta Grossa na entrada do município de Tibagi-PR (km 60, PR-
340), observando fácies semelhantes àquelas das registradas em Jaguariaíva - PR,
inclusive com os mesmos icnofósseis (ASSINE, 1996).
Após o trabalho de Petri (1948) diversos autores abordaram em diferentes graus
de detalhe as “Camadas de Transição”. Assine (1996) posiciona as Camadas de
Transição” no topo da Formação Furnas, atendendo a definição original de Petri (1948),
assim, a base da Formação Ponta Grossa é marcada acima de um intervalo de aumento
gradativo da argilosidade, a partir do qual a seção se torna essencialmente pelítica.
Bergamaschi (1992) sob a escala de análise estratigráfica de 2ª ordem nas “Camadas de
Transição” em Tibagi-PR atribui o contato de natureza brusca para a referida seção, e o
posiciona na base da Formação Ponta Grossa. Segundo este autor, quando se introduz
uma visão genética nesta análise, o limite entre estas unidades poderia ser colocado na
base do intervalo dominado por arenito fino com estratificação cruzada hummocky e,
subordinadamente, laminação cruzada por ondas, cuja deposição teria ocorrido em
43
ambientes de shoreface inferior, ou seja, num contexto de águas rasas. Estes depósitos
truncam os sedimentos grossos do topo da Formação Furnas. Desta forma, as fácies
presentes nas “Camadas de Transição” correspondem ao registro da implantação de um
sistema de shoreface inferior sobre os depósitos transicionais a costeiros da Formação
Furnas. Esta hipótese é corroborada por Bergamaschi (1999), que identifica três fácies
acima das “Camadas de Transição” e ainda na porção inferior da Formação Ponta
Grossa: (1) fácies de siltito cinza-claro a cinza médio, entremeada com arenito muito
fino amarelado, fossilífera, que exibe um aspecto mosqueado pela acentuada
bioturbação que obliterou a fábrica original e que ocorrem sob a forma de estratos de
geometria tabular e lenticular; (2) fácies de siltito cinza médio a escuro muito fino,
podendo exibir estratificação cruzada hummocky; e (3) fácies de folhelho cinza escuro a
preto, finamente laminado e fossilífero.
No presente trabalho adota-se a interpretação de Bergamachi (1999), no intuito
de suprimir o termo Camadas de Transição, e posicionando estes estratos na base da
Formação Ponta Grossa.
2.2.2.2 Formação Ponta Grossa
A designação “schistos de Ponta Grossa” foi utilizada por Oliveira (1912) para
denominar as camadas argilosas abundantemente fossilíferas dos terrenos devonianos
próximos ao município de Ponta Grossa-PR, a proposição formal desta unidade foi
realizada por Petri (1948).
A Formação Ponta Grossa é uma unidade predominantemente pelítica, cujo
paleoambiente marinho plataformal é atestado por ampla variedade de mega (trilobites,
moluscos, braquiópodes, cnidários, equinodermas, dentre outros) e microfósseis
(acritarcas, quitinozoários, escolecodontes, esporomorfos, dentre outros). Sua espessura
é bastante variável, delineando duas sub-bacias (Sub-bacia de Apucarana e Sub-bacia
Alto Garças). A maior espessura foi constatada no poço 2-AP-1-PR (Apucarana), com
uma seção de 654 m (ASSINE, 1996).
As pesquisas palinoestratigráficas por meio de zoneamentos com base em
quitinozoários (LANGE, 1967; GRAHN et al. 2000; 2002; GRAHN, 2005; GAUGRIS;
GRAHN, 2006) e miósporos (DAEMON et al. 1967; LOBOZIAK et al. 1988; 1995;
1998; DINO et al. 1995; MELO; LOBOZIAK, 2003), permitiram a datação dos estratos
44
devonianos. Estes resultados indicam que o referido pacote pelítico depositou-se do
Praguiano ao Neofrasniano não terminal. A transgressão marinha na Bacia do Paraná
persistiu até pelo menos o Frasniano, embora não com a magnitude e o
desenvolvimento anóxico observados então nas bacias paleozóicas do Norte brasileiro.
No seu conjunto, a Formação Ponta Grossa registra condições de águas mais profundas,
de costa-a-fora (offshore transicional e offshore), sendo a seção dominantemente pelítica
pontuada localmente por progradações arenosas (shoreface), a mais significativa delas
correspondendo ao Membro Tibagi (MILANI et al. 2007b).
Membro Jaguariaíva
A seção-tipo deste membro encontra-se exposta ao longo da Estrada de Ferro
Jaguariaíva-Arapoti do km 2,2 ao km 6,6 no município de Jaguariaíva-PR. Sua
espessura varia de 50 a 100 metros. O contato basal com a Formação Furnas é
concordante gradacional, no topo da seção-tipo, este membro está em contato
discordante com o Grupo Itararé (LANGE; PETRI, 1967).
A parte inferior consiste de 7 metros de siltito intercalado com arenito grosso.
Seguem-se folhelhos moles, azulados, amarelados ou arroxeados, folhelhos arenosos
amarelo-acinzentado, contendo nódulos calcário-argilosos ou arenosos ou ainda
folhelhos duros, negros contendo pirita (LANGE; PETRI, 1967).
Para Assine; Petri (1996) os sedimentos que deram origem ao Membro
Jaguariaíva foram depositados em condições de baixa energia, com taxas de
sedimentação muito baixa e intensa colonização bentônica do fundo, resultando estratos
intensamente bioturbados, conferindo os horizontes paleontologicamente mais ricos da
Formação Ponta Grossa.
Daemon et al. (1967) baseados em análises palinológicas, propuseram a idade de
Devoniano Inferior (Emsiano) para este membro.
Na localidade tipo, o Membro Jaguariaíva está recoberto pelo Grupo Itararé
(Pensilvaniano). Seu conteúdo fossilífero é composto por bivalves, gastrópodes,
trilobitas, braquiópodes e outros, o ambiente de sedimentação é considerado marinho-
raso (LANGE; PETRI, 1967). Entretanto esta proposição perde o sentido frente ao
trabalho de Rodrigues (2002) e o reconhecimento de Bosetti (2004) das fácies de
offshore em áreas correlatas.
45
Membro Tibagi
A seção-tipo do Membro Tibagi está localizada às margens do Arroio São
Domingos de Cima, distando 6,5 km a oeste da cidade de Tibagi-PR, próximo à estrada
Tibagi - Serra dos Borges. Possui cerca de 50 metros de espessura. Seu contato basal é
concordante e gradacional com o Membro Jaguariva e recoberto pelo Membro São
Domingos, que para Lange; Petri (1967) parece ser gradacional.
Este membro é caracterizado pela presença de arenitos finos a muito finos,
lenticulares e fossilíferos, entremeados em folhelhos sílticos refletindo um contexto
regressivo de progradação de sistemas deltaicos provenientes da borda nordeste, onde é
bastante expressivo o aporte dos termos arenosos (MILANI et al. 2007b). Lange; Petri
(1967) identificaram uma ciclicidade arenito/folhelho que ocorre diversas vezes,
provocada por movimentos eustáticos. Seu conteúdo palinológico indicou para Daemon
et al. (1967) e Lange (1967) a idade Eifeliano.
De acordo com Bosetti (1989), o conteúdo fossilífero deste membro é muito
rico, onde os braquiópodes rhynchonelliformes, cricoconadeos, bivalves e trilobitas
estão presentes nas fácies ltico-argilosas. braquiópodes do gênero Australospirifer
iheringi predominam nas fácies areníticas.
Assine; Petri (1996) caracterizam o Membro Tibagi pela presença de arenitos
granocrescentes. Segundo estes autores, não apenas as sequências de fácies apresentam
padrão de granocrescência textural ascendente, mas também a sequência como um todo,
refletindo num aumento na porcentagem da fração areia em direção ao topo.
Em posições mais distais como na faixa de afloramentos no Estado do Paraná, os
arenitos deste membro constituem fácies de plataforma, onde barras arenosas de
offshore construídas por tempestades ocorrem intercaladas com folhelhos plataformais.
Em porções mais próximais, como na faixa de afloramentos no estado de Goiás, o
empilhamento evidencia a presença de deltas retrabalhados por ondas, num padrão de
granocrescência ascendente, de arenitos de plataforma dominada por tempestades na
base, a fácies de planície deltáica no topo (arenitos conglomeráticos no topo do Membro
Tibagi) (ASSINE; PETRI, 1996).
46
Membro São Domingos
Os folhelhos do Membro o Domingos encontram-se assentados sobre os
arenitos do Membro Tibagi na seção-tipo deste, segundo Lange; Petri (1967).
Litologicamente constitui-se de folhelhos predominantemente argilosos, com
intercalações betuminosas com espessura aproximada de 90 m. Na parte basal constitui-
se de arenito conglomerático, mal selecionado, seguindo-se de folhelhos micáceos ricos
em restos vegetais. Seguem-se camadas de folhelhos e siltitos que apresentam marcas
onduladas e laminação cruzada recobertas por arenitos e folhelhos argilosos. O contato
superior com o Grupo Itararé é discordante (LANGE; PETRI, 1967).
Lange (1967), analisando quitinozoários, indicou idade Eifeliano-Givetiano para
a base, e Frasniano para o topo do Membro São Domingos. Daemon et al. (1967),
baseados em esporomorfos conferiram idade Eifeliano-Frasniano para o membro.
A afirmação de que os afloramentos do Membro São Domingos no Paraná
apresentam-se normalmente muito pobres em megafósseis, exceção feita a restos
vegetais fragmentados (Spongiophyton) e icnofósseis, é um argumento muito difundido
na bibliografia. No entanto, trabalhos como Bosetti et al. (2009a) e Bosetti et al.
(2009b) têm contrastado esta concepção. Estes autores registraram na área-tipo do
Membro São Domingos um número significativo de megafósseis, fragmentos vegetais e
icnofósseis. A análise taxonômica dos bioclastos indicou que os taxa ocorrentes
compõem uma assembléia relictual da Província Malvinocáfrica com invertebrados não
malvinocáfricos associados.
47
Figura 3. Localização da sucessão siluro-devoniana no Estado do Paraná, com suas
respectivas formações (Modificado de BOSETTI et al. 2007a).
48
2.2.2.2.1 A Província Malvinocáfrica
O vocábulo “Malvinocáfrico” foi introduzido na literatura por Richter (1941),
objetivando principalmente, a substituição do adjetivo “austral”, anteriormente utilizado
por Clarke (1913). Este termo, criado para definir e caracterizar a fauna de
invertebrados marinhos ocorrentes nas formações devonianas de grande parte do
hemisfério sul, tornara-se inadequado pelo fato de que o uso do mesmo indicaria que
toda fauna devoniana do Hemisfério Sul teria caráter paleobiogeográfico
exclusivamente “austral”. Isso não poderia ser verdade, uma vez que características
morfológicas de formas euro-asiáticas (boreais) em faunas da Nova Zelândia e Austrália
já eram conhecidas (BOSETTI, 2007).
O termo Malvinocáfrico (Malvinocaffrische) surgiu da reunião dos nomes de
duas regiões de ocorrência da fauna austral de Clarke (1913), as Ilhas Malvinas e a
Província do Cabo (África do Sul) (BOSETTI, 2007).
A Bacia do Paraná foi sede, no Brasil, da fauna da Província Malvinocáfrica,
que floresceu essencialmente no hemisfério Sul (América do Sul, Antártica e África do
Sul), durante o Emsiano e o Eifeliano. Em oposição às entidades zoogeográficas
contemporâneas que dominavam os mares rasos do Hemisfério Norte e da Oceania, de
águas mais aquecidas, a referida província caracterizou-se por apresentar uma baixa
diversidade faunística, em que relativamente poucos taxa seriam bem representados por
numerosos indivíduos com ampla dispersão regional (SHIRLEY, 1965).
De acordo com Bosetti (2004, p. 32):
Esta fauna peculiar habitou regiões de águas rasas,
provavelmente frias, que então ocupavam porções do atual
território brasileiro, sul do Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai,
Argentina e Ilhas Malvinas (Falklands), Antártica e África do Sul.
A província é definida pelo notório endemismo apresentado por
certos grupos de invertebrados marinhos devonianos
ocorrentes, sobretudo trilobitas e braquiópodes, presumivelmente
adaptados a águas frias e dominando elevadas paleolatitudes no
Hemisfério Sul, especialmente no lapso Emsiano-Eifeliano. Além
das ocorrências supracitadas, a fauna ainda confere evidentes
influências malvinocáfricas detectáveis nas faunas das formações
49
Maecuru e Ererê (Devoniano da Bacia Sedimentar do Amazonas)
e, provavelmente nas formações Pimenteiras, Cabeças e Longá
basal (Devoniano da Bacia do Parnaíba). Daí alguns autores
considerarem a província como domínio (uma baixa
paleobiodiversidade em ampla região geográfica).”
A fauna Malvinocáfrica distinguiu-se, sobretudo por incluir certos gêneros
distintivos de braquiópodes (Chonetes, Notiochonetes, Derbyina, Australocoelia,
Australospirifer, Australostrophia, Schuchertella), trilobites phacopídeos (Calmonia,
Paracalmonia), cnidários conulários, equinodermos, vermes poliquetos, moluscos
pelecípodes, gastrópodes, cefalópodes, dentre outros, que são desconhecidos ou mal
representados nos conjuntos faunísticos contemporâneos do hemisfério Norte
(BOSETTI, 2007).
Atualmente reconhece-se como um fóssil-guia de estratos devonianos da
América do Sul e melhor representante da fauna malvinocáfrica, o braqupode
rhynchonelliforme Australocoelia tourteloti BOUCOT; GILL (1956).
A extinção da fauna é assunto ainda muito pomico, tanto em relação aos
fatores ambientais físicos, quanto em relação à geocronologia.
Copper (1977) sugere uma extinção em massa da fauna da Província
Malvinocáfrica na passagem Frasniano-Fameniano. Tal afirmativa é embasada na
hipótese de que um clima radicalmente frio teria causado a extinção da fauna recifal e
perirecifal. Isaacson (1978) contesta o trabalho de Copper (1977), dizendo que a
extinção se deu em função de uma acentuada regressão marinha no final do Devoniano.
Segundo Melo (1985), desconhecem-se formas malvinocáfricas na seção superior do
sistema Devoniano preservado atualmente na bacia do Paraná (folhelhos São
Domingos), mas o mesmo admite uma expansão temporal da fauna (se bem que com
índices muito baixos de ocorrência) até o Givetiano. Para Assine; Petri (1996), a
transgressão ocorrida na passagem Eifeliano-Givetiano acarretou uma mudança
ecológica drástica, responsável pelo desaparecimento da fauna da Província
Malvinocáfrica.
Bosetti (2004) em trabalho de coleta de alta resolução tafonômica descreveu, em
semi-detalhe, parte da seção-tipo do Membro São Domingos na região do Barreiro em
Tibagi, onde seus achados evidenciaram a presença de uma fauna de trilobites
calmoniídeos, conulários e braquiópodes rhynchonelliformes, todos supostamente
50
extintos nessa época de deposição, segundo os autores predecessores. Para este autor o
registro encontrado pareceu indicar que a fauna malvinocáfrica ultrapassara os limites
do Givetiano, chegando ao topo da sequência devoniana local sem aparente modificação
em sua paleobiodiversidade. No entanto, novos achados da mesma região, relatados em
Bosetti et al. (2009a; b), demonstraram que apenas alguns grupos malvinocáfricos
ultrapassaram esse limite e, assim mesmo, eles possuem morfologia subnormal quando
comparados aos típicos representantes da fauna malvinocáfrica, caracterizando, dessa
forma, uma aparente assembléia relictual da fauna malvinocáfrica no registro
paleontológico dos folhelhos São Domingos.
2.2.2.2.2 Estratigrafia de Sequências da seção Siluro-Devoniana
Seguindo os conceitos da Estratigrafia de Sequências e apoiando-se em dados
principalmente de subsuperfície, novas propostas de subdivisão da sucessão siluro-
devoniana foram elaboradas (e.g. ASSINE, 1996; 2001; BERGAMASCHI, 1999;
BERGAMASCHI; PEREIRA, 2001).
Assine (1996) interpreta o empilhamento estratigfico da sucessão devoniana da
Bacia do Paraná em três sequências deposicionais, limitados por três superfícies de
inundação máxima com ciclos de duração de 10 a 15 Ma. O autor também correlaciona
suas sequências deposicionais com as unidades litoestratigráficas de Lange; Petri (1967)
na seguinte ordem do topo para a base (Figura 4):
Quadro 5: Representação da seção devoniana da Bacia do Paraná. Fonte: Assine (1996).
51
Sequência Lochkoviana: Compreende as unidades I e II da Formação Furnas,
esta idade foi indicada pelo fato de estar sotoposta aos estratos praguianos da unidade
III da mesma formação. Inicia-se com um trato de sistemas transgressivo (TST),
desenvolvido sobre a superfície peneplanizada da discordância sobre o embasamento. A
pequena espessura, o caráter retrogradante e a tabularidade das camadas nos depósitos
costeiros da Unidade I indicam uma rápida transgressão, sem evidências de vales
incisos. A transgressão gerou espo para acomodação dos arenitos marinhos
plataformais da Unidade II, caracterizando um trato de sistema de mar alto (TSMA),
identificado nos perfis de raios-gama. O padrão das paleocorrentes das fácies deltaicas
da Unidade I, evidencia um mergulho para WNW quando do início da sedimentação da
sequência. As paleocorrentes dos arenitos plataformais da Unidade II são paralelas à
costa no flanco sudeste e dirigidas para costa-afora no flanco norte.
Sequência Praguiana-Eifeliana: Compreende a Unidade III da Formação Furnas
e os membros Jaguariaíva e Tibagi (não terminal). A exisncia de seixos e calhaus sob
a forma de depósitos residuais na Unidade III registra queda do nível de base, com
introdução de clastos na plataforma pela progradação de sistemas deltaicos,
caracterizando um trato de sistemas de mar baixo (TSMB). A Unidade III exibe
progressivo incremento de argilosidade em direção ao topo, compondo um
empilhamento transgressivo que culmina com os folhelhos marinhos emsianos do
Membro Jaguariaíva da Formação Ponta Grossa. A subida do mar foi rápida, de forma a
não haver interdigitação entre as formações, embora o contato seja provavelmente
diácrono, devendo as duas unidades ter coexistido lateralmente (ASSINE, 1996).
Os sedimentos que originaram o Membro Jaguariva foram depositados em
condições de baixa energia, com taxas de sedimentação muito baixas e intensa
colonização bentônica de fundo, resultando em estratos intensamente bioturbados e
muito fossilíferos. Nos folhelhos do Membro Jaguariaíva registra-se uma superfície de
inundação máxima (SIM) no Devoniano Inferior, onde uma tendência ascendente de
argilosidade e mínimo aporte sedimentar, materializando uma zona de condensação, na
qual são comuns folhelhos pretos ricos em matéria orgânica. Da superfície de inundação
máxima até o topo do Membro Tibagi tem-se um típico trato de sistemas de mar alto
(TSMA). Arenitos com padrões granocrescentes caracterizam o Membro Tibagi. Não
apenas as sequências de fácies apresentam padrão de granocrescência ascendente, mas
também a sequência como um todo.
52
Sequência Givetiana-Frasniana: Abrange o topo do Membro Tibagi e todo o
Membro São Domingos da Formação Ponta Grossa. Esta sequência constitui um ciclo
trangressivo-regressivo com superfície de inundação máxima no Givetiano (intervalo
bioestratigfico D4b de LANGE, 1967). Abaixo da superfície de inundação máxima
tem-se um trato de sistemas transgressivo (TST). Os sedimentos marinhos pelíticos do
trato transgressivo jazem diretamente sobre depósitos deltaicos ou marinhos
plataformais do topo da Sequência Praguiana-Eifeliana, numa situação em que a
superfície transgressiva coincide com o limite de sequência. Os folhelhos do Givetiano
representam uma expansão do sítio deposicional, sendo o registro do pico máximo de
transgressão no Devoniano da Bacia do Paraná. As assinaturas nos perfis de raios-gama
mostram o aumento de argilosidade no Membro São Domingos até uma posição
intermediária, quando o padrão se inverte delineando a superfície de inundação máxima
no Givetiano. Assim, há aumento na espessura e na granulometria dos arenitos,
caracterizando tratos de sistemas progradacionais de mar alto no Frasniano.
53
Figura 4. Arcabouço estratigráfico das sequências devonianas da Bacia do Paraná
(Fonte: ASSINE, 1996).
54
Bergamaschi (1999) e Bergamaschi; Pereira (2001) reconheceram no estado do
Paraná seis sequências deposicionais siluro-devonianas de ordem, definidas do topo
para a base (Figura 5):
Estratigrafia de Sequências Litoestratigrafia Período Idade
Sequência Deposicional “F”
Devoniano
Superior
Frasniano
Sequência Deposicional “E”
Devoniano
Médio
?NeoEifeliano -
Neogivetiano
Sequência Deposicional “D”
Devoniano
Médio
Eifeliano
Sequência Deposicional “C”
Devoniano
Inferior a
Médio
?Neoemsiano -
?Eo-eifeliano
Sequência Deposicional “B”
Fm. Ponta
Grossa
Devoniano
Inferior
?Neolochkoviano -
Emsiano
Sequência Deposicional “A” Fm. Furnas
Siluriano
Superior a
Devoniano
Inferior
?Pridoliano - Eo-
Lochkoviano
Quadro 6: Representação da seção siluro-devoniana da Bacia do Paraná. Fonte:
Bergamaschi (1999).
Sequência Deposicional A: Possui idade compreendida pelo intervalo entre o
limite Ludloviano-Pridoliano e o Eo-Lochkoviano, registrando um ciclo transgressivo-
regressivo.
Sequência Deposicional B: Apresenta idade variando entre Neo-Lochkoviano-
Praguiano a Eo-Emsiano. Contém depósitos marinhos transgressivos, acumulados sob
influência de tempestades. A sequência de inundação máxima localiza-se próximo ao
limite Praguiano-Emsiano. Baixos teores de Manganês e Zinco, associados a teores
relativamente elevados de Carbono Orgânico Total (COT), revelam condições de anoxia
durante a deposição desta seção condensada.
Sequência Deposicional C: Apresenta os limites de base e topo marcados, em
superfície, por truncamentos abruptos de arenitos de shoreface sobre pelitos de offshore.
Esta sequência possui idade variando entre ?Neo-Emsiano a ?Eo-Eifeliano. A porção
mais basal desta sequência pode compor um trato de sistema de mar baixo (TSMB),
55
sendo caracterizada em alguns poços pela presença de um pacote (10-25 m) de arenito
fino, geralmente exibindo base e topo abruptos, correspondendo, a arenitos de shoreface
intercalados a pelitos de plataforma.
Sequência Deposicional D: Em subsuperfície o limite inferior desta sequência se
associa muito provavelmente às superfícies geradas por regressões sobre as quais
progradam areias de shoreface bacia adentro. É atribda idade Eifeliana para a
sequência. Uma trangressão próxima ao topo da sequência, marca a localização da
superfície de inundação máxima (SIM) desta sequência.
Sequência Deposicional E: Apresenta idade variando entre o ?Neo-Eifeliano a
Neo-Givetiano. Seu trato principal é representado por um espesso trato de sistema
trangressivo (TST). Nesta sequência registra-se um pico trangressivo significativo da
seção devoniana. Nota-se na transgressão, um empilhamento agradacional de
parassequências constituídas por fácies relativamente mais distais em relação às
sequências sotopostas.
Sequência Deposicional F: Com idade estabelecida no Frasniano, esta é a única
sequência reconhecida que não aflora no bordo leste. Os picos expressivos que se
sobrepõem à Superfície de inundação máxima da sequência E marcam a base da
sequência F. O intervalo que exibe um padrão granodecrescente, limitado à base por
uma superfície facilmente reconhecível, deve representar o trato trangressivo de uma
última sequência reconhecida em alguns poços analisados.
56
Figura 5. Arcabouço estratigráfico das sequências siluro-devonianas da Bacia do Paraná
(Fonte: BERGAMASCHI, 1999).
57
2.2.3 Grupo Itararé
O Grupo Itararé contém os registros sedimentares da glaciação gondwânica
neopaleozóica na Bacia do Paraná (MILANI et al. 2007b). Na borda leste da Bacia do
Paraná este grupo é subdividido litoestratigraficamente a partir da base pelas formações
Campo do Tenente, Mafra e Rio do Sul (SCHNEIDER et al. 1974).
Na região em estudo, o Grupo Itararé é representado pelo Arenito Barreiro.
Trata-se de uma unidade informal que denomina os arenitos conglomeráticos que se
sobrepõem, em discordância erosiva, aos folhelhos devonianos do Membro São
Domingos.
2.2.3.1 Arenito Barreiro
O primeiro relato a este arenito é conferido a Oliveira (1927), na Serra do
Barreiro (Serra das Pedras Brancas) no município de Tibagi-PR. O autor atribuiu este
arenito como pertencente ao Arenito das Furnas, o qual atingiu aquela altitude devido à
falha geológica.
Maack (1934) por sua vez, posicionou o Arenito Barreiro no topo do Devoniano
paranaense. Oppenheim (1936) analisando afloramentos em estradas para Água Clara e
Puxa Nervo, com exposições de 5 m de conglomerado com matacões de filito, quartzo e
granito em contato transgressivo com o folhelho subjacente e sotoposto a 15 m de
Arenito Barreiro, propôs um sistema deposicional flúvio-glacial para o Arenito
Barreiro, portanto pertencente à série Itararé.
Maack (1946) demonstra a homogeneidade textural desta fácies arenosa,
apresentando frequente estrutura discordante diagonal (falsa estratificação) e estrutura
sedimentar entrecruzada, bem como bancos conglomeráticos com seixos bem
arredondados, sem estrias, constituídos por quartzo e quartzito, inferindo um sistema
deposicional fluvial para o Arenito Barreiro, correspondente ao arenito das Furnas, na
tentativa de confirmar a posição estratigráfica do Arenito Barreiro no topo do
Devoniano e estendê-lo a ocorrência deste arenito até Lambedor (Arapoti-PR) e “Serra”
do Monte Negro (Piraí do Sul-PR). Em trabalho posterior, Maack (1947) posiciona o
Arenito Barreiro como uma nova formação para o topo do Devoniano paranaense
58
denominado Grupo Barreiro. Paralelamente Caster; Petri (1947), posicionam o Arenito
Barreiro como pertencentes à Série Itararé (Carbonífero).
Petri (1948) examinando afloramentos descritos por Maack (1946) questiona
esta fácies arenosa posicionada no topo do Devoniano paranaense. Em Lambedor, Petri
(1948) evidencia uma disconformidade entre o Arenito Barreiro e as camadas
devonianas. O autor também nota sedimentos várvicos, possuindo 11 m de espessura,
com seixos de quartzo e granito de vários tamanhos, na base do Arenito Barreiro.
Seixos angulosos e estriados também são registrados. Em Tibagi-PR, Petri (1948)
observou na base do paredão que forma o Salto Santa Rosa, logo acima do topo do
folhelho devoniano, seixos angulosos de quartzito róseo, até de 12 cm de diâmetro,
correlacionando este arenito conglomerático com o que aflora em Lambedor acima dos
sedimentos várvicos. A partir desta análise, Petri (1948) incorpora o Arenito Barreiro
como pertencente aos arenitos glaciais do Grupo Itararé.
Bigarella et al. (1966) em virtude do caráter bastante duvidoso do Arenito
Barreiro, seu pouco detalhamento textural e estrutural, e sua maior semelhança ao
Grupo Itararé do que ao Arenito Furnas, decidem não incluí-lo na sequência devoniana.
Na presente pesquisa adota-se o trabalho de Petri (1948), posicionando desta
forma o Arenito Barreiro no contexto de arenitos e arenitos conglomeráticos
pertencentes ao Grupo Itararé.
Na área em estudo, é possível estabelecer um detalhamento estratigráfico do
Arenito Barreiro apenas para uma coluna geológica local, visto que o contato
discordante com os folhelhos do Membro São Domingos é evidente, pois o Grupo
Itararé ainda representa uma dificuldade a ser vencida, pois apesar da pesquisa intensa,
a sua subdivisão é ainda bastante discutida (GUIMARÃES et al. 2007).
59
3 DISCUSSÃO
O presente capítulo apresenta uma discussão a respeito dos temas de geoturismo,
turismo científico, turismo paleontológico e roteiros geológicos e paleontológicos, no
intuito de buscar a definição do recorte temático da presente pesquisa e a delimitação de
seu público alvo.
3.1 GEOTURISMO, TURISMO CIENTÍFICO, TURISMO PALEONTOLÓGICO E
ROTEIROS GEOLÓGICOS E PALEONTOLÓGICOS
3.1.1 Geoturismo: Conceitos e Trabalhos Desenvolvidos
Devido a sua imensa bio e geodiversidade, o Brasil apresenta um grande
potencial para os diferentes segmentos do turismo. Seu rico patrimônio natural e
cultural favorece, dentre outros, segmentos de turismo de aventura rural, cultural,
científico, pedagógico e o ecoturismo (NASCIMENTO et al. 2007a).
Nascimento et al. (2007b) apontam que pesquisadores preocupados em valorizar
e conservar o patrimônio natural, relacionado ao meio abiótico vêm promovendo a
divulgação de um novo segmento de turismo de natureza, o geoturismo (PIEKARZ;
LICCARDO, 2008; LICCARDO et al. 2008; LICCARDO; JUCHEM, 2008; dentre
outros). Tal atividade utiliza como atrativo turístico, as feições geológicas e
geomorfológicas, constituindo-se em uma ferramenta para assegurar a conservação e a
sustentabilidade do local visitado, por meio da educação e da interpretação ambiental.
Embora as atividades associadas ao geoturismo ocorram muito tempo, sua
terminologia passou a ser comumente utilizada a partir de meados da década de
1990, e sua primeira definição divulgada foi elaborada por Hose (1995) apud
Nascimento et al. (2007a) como sendo:
“A provisão de serviços e facilidades interpretativas que permitam aos
turistas adquirirem conhecimento e entendimento da geologia e
geomorfologia de um sítio (incluindo sua contribuição para o
desenvolvimento das Ciências da Terra), além de mera apreciação
estética”.
Posteriormente Ruchkys (2007), conceitua o Geoturismo como:
60
“Um segmento da atividade turística que tem o patrimônio geológico
como seu principal atrativo e busca sua proteção por meio da
conservação de seus recursos e da sensibilização do turista, utilizando,
para isto, a interpretação deste patrimônio tornando-o acessível ao
público leigo, além de promover a sua divulgação e o desenvolvimento
das ciências da Terra”.
Neste contexto, o geoturismo oferece ao público em geral, uma oportunidade de
aproximação com o patrimônio natural, no caso, a geodiversidade (NASCIMENTO et
al. 2007b). Deste modo, atende aos objetivos do público, sejam eles o aprendizado e/ou
a recreação.
Nascimento et al. (2007a; b) apresentam as principais ações realizadas no Brasil
para o incentivo da preservação e/ou conservação de sítios geológicos excepcionais
como patrimônio geológico, citando como a iniciativa mais importante e abrangente
nesse sentido a SIGEP Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos.
Este projeto, criado em 1997, envolve representantes de toda a comunidade geológica
brasileira: ABC - Academia Brasileira de Ciências; ABEQUA - Associação Brasileira
para Estudos do Quaternário; DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral;
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; IBAMA - Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis; IPHAN - Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional; PETROBRÁS - Petróleo Brasileiro S.A.; CPRM -
Serviço Geológico do Brasil; SBE - Sociedade Brasileira de Espeleologia; SBGeo -
Sociedade Brasileira de Geologia e SBP - Sociedade Brasileira de Paleontologia. O
SIGEP possui também o apoio de organizações internacionais, como: UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura; IUGS União
Internacional de Ciências Geológicas; IGCP Programa Internacional de Geociências,
IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza e GEOTOPES – Grupo de
Trabalho de Sítios Geológicos e Paleobiológicos.
Atualmente, o SIGEP conta com 86 sítios publicados e 89 propostas em estudo
ou em avaliação. A divulgação dos sítios, através de livros e da internet, objetiva não
apenas cumprir a meta de cadastrar os mesmos, mas também de fomentar ações de
preservação e/ou conservão imediatas (tombamento), principalmente de sítios que
encontram-se em risco ou em processo de depredação (SCHOBBENHAUS; WINGE,
2008).
No Brasil, propostas e ações que incentivem o geoturismo são listadas por
Nascimento et al. (2007a; b):
61
14 roteiros do Serviço Geológico do Brasil CPRM, que instituiu o Programa
Geoecoturismo do Brasil. O roteiro principal é a “Coluna White” (Paraná-Santa
Catarina);
A Petrobrás lançou em 2004, o Projeto Caminhos Geológicos da Bahia;
A DRM-RJ (Serviço Geológico Estadual) idealizou em 2001, o Projeto
Caminhos Geológicos do Estado do Rio de Janeiro;
O Estado do Paraná, por meio da Minerais do Paraná MINEROPAR S.A
Serviço geológico estadual, iniciou em 2003 o projeto Sítio Geológicos e
Paleontológicos do Estado do Paraná;
Nascimento et al. (2007a; b) ainda comentam sobre o potencial geoturístico do
Brasil, levantando diversas localidades e destacam os diferentes tipos de patrimônios
(geológico, geomorfológico, mineralógico, espeleológico, arqueológico e
paleontológico) em que a prática geoturística pode ser desenvolvida.
Para Souza et al. (2007) o trabalho do geoturismo assemelha-se ao da Educação
Patrimonial. No entanto, a Educação Patrimonial trabalha com os grupos locais, de
preferência escolas ou associação de moradores, onde o objetivo principal é a busca do
conhecimento através do objeto/monumento. o geoturismo tem como enfoque os
turistas, pessoas que possivelmente não têm nenhuma relação com o local, e que estão
em busca de lazer, recreação e/ou aprendizado.
Souza et al. (2007) destacam que a opção de utilização ou divulgação do sítio
geológico para o turismo é arriscada, pois se a divulgação do tio for feita sem instruir
de modo eficaz a população, poderá haver algum tipo de depredação, mesmo que a
intenção da divulgação seja assegurar a sua salvaguarda. Brilha (2006) aponta que antes
de iniciar programas de divulgação, uma rigorosa avaliação sobre os riscos de
deterioração do sítio devido à exposição ao público deve ser feita.
Ressalta-se adicionalmente a preocupação externada por alguns autores sobre
a disponibilização e utilização dos sítios geológicos, paleontológicos, e arqueológicos
para a prática do turismo. Estes são considerados patrimônios culturais e são protegidos
por lei como bens materiais e imateriais pertencentes à União. No Brasil, o Geoturismo
tem sido desenvolvido em diversas regiões, tais como Minas Gerais (RUCHKYS,
2007), Paraná (MOREIRA, 2008) e outras desccritas por Nascimento et al. (2008).
62
3.1.2 Turismo Científico e Turismo Paleontológico: Definição e Trabalhos
Desenvolvidos.
O Turismo Científico é uma modalidade de turismo destinado ao público
motivado em realizar estudos e pesquisas científicas num determinado lugar. Segundo
Santos; Rosa (2001), o turismo científico desenvolve-se em áreas que, por motivos
científicos, representam importantes testemunhos da cultura humana (desde a pré-
história até a época atual) e servem para pesquisas arqueológicas e/ou paleontológicas.
De acordo com Souza; Corrêa (2000), o turismo científico pode ser definido
como:
“É feito por pesquisadores, de diversas áreas do conhecimento, com o
intuito de investigar a natureza e a cultura de diversos locais.
Normalmente o alvo o as áreas tropicais e sua biodiversidade.
Efetuado de forma individual ou em pequenos grupos, sempre movido
por motivação científica. Implica sempre em viagens com interesse de
estudo ou pesquisa”.
A partir das definições dos conceitos de geoturismo e turismo científico, pode-se
observar alguns aspectos convergentes e divergentes nas duas conceituações. Ambos os
conceitos convergem ao abordarem a possibilidade de aprendizagem com o turismo, em
que o turista possui acesso aos meios de informação pertinentes ao local visitado.
Entretanto, os conceitos divergem ao mencionar o público-alvo. Para o geoturismo, o
público-alvo é o geoturista, este objetiva o lazer, a recreação, e também o conhecimento
sobre o local visitado. Já para o turismo cienfico, o público-alvo é o pesquisador; este
possui um conhecimento científico do local visitado, e seu objetivo é motivado pela
realização de estudos, pesquisas científicas, aulas ou atividades práticas de campo.
É importante salientar as poucas referências existentes que conceituem o turismo
científico, ou pelo menos, diferenciem-no de geoturismo.
No Brasil, onde verificam-se ações de incentivo para realização do Turismo
Científico voltados à paleontologia, esta prática é desenvolvida de diversas maneiras.
Neste contexto, o turismo paleontológico vem sendo cada vez mais abordado na
literatura, (CARVALHO, 2004; CARVALHO; DA-ROSA, 2008a; b; PERINI;
CALVO, 2005; 2008; DA-ROSA, 2008).
Segundo Carvalho (2004) esta modalidade de turismo é um tipo de turismo de
natureza, no qual, os aspectos relacionados à história da vida na Terra, trabalhos de
63
escavação paleontológica e observações das transformações do meio ambiente são os
principais elementos de demanda. O turismo paleontológico pode representar uma
atividade importante para o desenvolvimento econômico de regiões afastadas dos
grandes centros industriais e percursos turísticos tradicionais.
Como exemplo de desenvolvimento econômico, pode-se citar o município de
Tibagi-PR, que nos anos de 2007 a 2009 recebeu mais de 15 visitas de acadêmicos,
pesquisadores e professores de diversas universidades brasileiras (Universidade
Estadual de Ponta Grossa-UEPG, Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS,
Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ e Universidade de São Paulo-USP),
movimentando um total de 200 visitantes, motivados em conhecer e pesquisar o
patrimônio paleontológico local. Estes turistas, classificados no contexto do turismo
científico, investiram nos setores de comércio do município, cifras superiores a R$
10.000,00.
O turismo paleontológico está apenas começando no Brasil. Para Carvalho; Da-
Rosa, (2008b) o turismo paleontológico também é um tipo específico de geoturismo ou
ecoturismo, relacionado com a história da vida na Terra. Esta modalidade é realizada
em museus, parques, rotas turísticas e escavações guiadas, possibilitando uma conexão
entre a preservação do patrimônio paleontológico e o desenvolvimento econômico
regional. O trabalho do geoturismo propicia o entendimento da geodiversidade e o
esclarecimento da população acerca da importância dos conhecimentos geológicos,
promovendo a preservação de geossítios relevantes. Algumas das principais localidades
fossilíferas do Brasil, nas quais os fósseis são abundantes e/ou apresentam excepcional
estado de preservação, têm excelente potencial para o turismo paleontológico. A
associação com museus regionais, nos quais podem ser apreciadas exposições que
abordam os aspectos relativos à paleofauna e paleoflora locais, também têm grande
relevância para a atividade do turismo científico voltado à paleontologia.
Segundo Da-Rosa (2008) não uma definição formal para turismo
paleontológico, sendo um tipo específico de turismo científico, relacionado ao
ecoturismo. O turismo paleontológico é uma forma de interação entre o turista
(individual ou em grupo) e o conhecimento paleontológico de determinadas regiões,
como parte da compreensão da evolução.
Perini; Calvo (2005; 2008) definem especificamente três categorias para o
turismo paleontológico: 1) a visita aos museus é definida como Turismo Paleontológico
Clássico (TPC); 2) outra categoria de turismo é a visitação “no sítio” dos museus, cuja
64
atividade é basicamente conhecer sítios paleontológicos estáticos; os autores definem
esta atividade turística como Turismo Paleontológico Externo (TPE) já que estes sítios
geralmente dependem de algum museu criado e está incluído como uma visita extra; 3)
a última categoria é definida como Turismo Paleontológico Alternativo (TPA) em que o
turismo paleontológico é mostrado em todos os seus ramos. É considerado um tipo
especial de turismo que consiste na interação dos visitantes com a ciência
paleontológica e o trabalho paleontológico propriamente dito. Neste sentido, o sítio é o
fator chave no planejamento desta atividade. Este tipo de turismo pode ser definido
como a visita ao sítio paleontológico com a intenção de aprender e interagir com os
fósseis. Durante as visitas, além do prazer da atividade turística, é simplificado o
aprendizado do valor científico dos fósseis, sua importância e sua necessidade de
proteção. Atualmente, o turismo paleontológico alternativo é realizado em curtos
períodos em poucos lugares na América do Sul (PERINI; CALVO, 2005; 2008).
Considerando as três categorias apresentadas por Perini; Calvo (2005; 2008), o
Turismo Paleontológico Alternativo consiste na participação do visitante nas
escavações, preparação dos fósseis, na intenção de conhecer os diferentes métodos de
investigação científica, e das informações relacionadas ao material ssil e às condições
paleoambientais. O turista participa de todas as etapas de trabalho de campo, sendo
função do paleonlogo a de distribuir as tarefas. Os autores ainda apontam para um
detalhe importante, aqueles turistas que se demonstram incapazes de manipular os
materiais, negligente aos cuidados com os materiais sseis, especialmente os mais
delicados, não podem participar deste tipo de atividade.
Permitir que o turista leigo possua acesso direto aos sítios fossilíferos, bem como
participar de escavações, mesmo que tenha supervisão de um paleontólogo ou outra
pessoa qualificada, poderia acarretar na inerente perda de informações importantes do
material fóssil. Esta preocupação é externada por muitos autores (CARVALHO, 2004;
BRILHA, 2006; SOUZA et al. 2007; DA-ROSA, 2008; CARVALHO; DA-ROSA,
2008a; b), que assim como Perini; Calvo (2005; 2008) e o autor da presente dissertação,
importam-se mais com a preservação do fóssil, do que com a satisfação do turista.
Neste contexto, Carvalho (2004), Carmo; Carvalho (2004), Tavares et al. (2007),
e Carvalho; Da-Rosa (2008a; b) citam algumas das principais localidades fossilíferas
brasileiras, nas quais os fósseis são abundantes ou apresentam estados excepcionais de
preservação e seriam de interesse para o desenvolvimento de atividades de turismo
65
paleontológico. São também apresentados museus regionais na qual a prática do turismo
paleontológico é desenvolvida:
1. Grande floresta petrificada permiana do Brasil Central, localizada entre os
estados de Tocantins, Maranhão e Piauí (Bacia do Parnaíba, Formação Pedra de
Fogo);
2. Floresta petrificada de Mata, localizada no município de Mata e São Pedro do
Sul-RS (Bacia do Paraná, formões Santa Maria e Caturrita e Arenito Mata);
3. Dinossauros de Uberaba, na localidade de Peirópolis, município de Uberaba-MG
(Bacia do Paraná, Formação Marília);
4. Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri, localizado em
Santana do Cariri-CE (Bacia do Araripe);
5. Museu de Ciências Naturais e de História Barra do Jardim, localizado em
Jardim-CE (Bacia do Araripe);
6. Museu dos Fósseis - Centro de Pesquisas Paleontológicas da Chapada do
Araripe, localizado em Crato-CE (Bacia do Araripe);
7. Parque Vale dos Dinossauros, localizado em Sousa-PB (Bacia do Rio do Peixe);
8. Museu de Paleontologia de Monte Alto, localizado em Monte Alto-SP (Bacia do
Paraná, Grupo Bauru);
9. Ilha do Cajual, localizado na baía de São Marcos em Alcântara-MA (Bacia de
São Luís);
10. Parque Paleontológico São Jo de Itaboraí, localizado em Itaboraí-RJ (Bacia de
São José de Itaboraí);
11. Megafauna do Neógeno da Região Amazônica, localizado no estado do Acre e
Amazônia ocidental (Bacia do Acre, Formação Solimões);
12. Megafauna do Pleistoceno - Cavernas de Minas Gerais e Bahia (Grupo Bambuí);
13. Museu do Homem Americano, localizado em São Raimundo-PI;
14. Museu de Ciências da Terra - Departamento Nacional da Produção Mineral,
localizado em Rio de Janeiro-RJ;
15. Centro Paleontológico de Mafra, localizado em Mafra-SC;
16. Rota Paleontológica na região central do Rio Grande do Sul.
66
3.1.3 Roteiros Geológicos e Paleontológicos: Na busca de um conceito teórico-
metodológico
A partir das definições e exemplos sobre as formas de utilização e divulgação do
patrimônio geológico, expostas anteriormente, surgem outras estratégias que também
possibilitam a proteção do mesmo, é o caso dos Roteiros geológicos e paleontológicos.
No sentido de conduzir uma excursão geológica e paleontológica na Bacia do
Paraná, voltados à comunidade científica, muitos autores elaboraram roteiros de
excursão mediante a seleção de pontos de afloramentos de diversos períodos geológicos
ocorrentes no Estado do Paraná. Na maioria das vezes, estes roteiros foram executados
durante eventos científicos promovidos na área da geologia e paleontologia, com o
objetivo de divulgar alguns pontos de afloramentos para pesquisadores não
familiarizados com o assunto. Por exemplo, Zalán et al. (1987a) apresentam um roteiro
de excursão sobre a estratigrafia e estruturas da Bacia do Paraná, durante o 3º Simpósio
Sul-Brasileiro de Geologia. sler et al. (2000) apresentam o roteiro geológico e
paleontológico intitulado Paraná Basin Records of Siluro-Devonian to Permo-Triassic
Biological and Environmental Changes, Southern Brazil” durante o 31º Congresso
Internacional de Geologia.
Baseados nesta perspectiva, Santos; Rosa (2001) elaboraram um roteiro
paleontológico do Período Triássico para o município de Faxinal do Soturno-RS,
apresentando o contexto geológico e paleontológico regional, no intuito de incentivar e
implantar o turismo científico na região.
Durante o I Simpósio de Roteiros Geológicos do Paraná em 2002, foram
apresentadas propostas de roteiros geológicos-paleontológicos para a região dos
Campos Gerais do Paraná. Vasconcellos et al. (2002) apresentaram um roteiro
geológico com as rochas da Bacia de Castro. Os autores levantaram e descreveram seis
afloramentos próximos aos municípios de Castro e Piraí do Sul. Azevedo et al. (2002)
propuseram um “Roteiro Paleontológico do Devoniano do Estado do Paraná”,
compreendendo cinco afloramentos clássicos pertencentes às formações Furnas e Ponta
Grossa, e localizados ao longo de rodovias e estradas de ferro. Ghilardi et al. (2002)
elaboraram um roteiro paleontológico na estrada de ferro Jaguariaíva-Arapoti-PR,
descrevendo as variações faunísticas e tafonômicas no contexto da estratigrafia de
sequências. Orlandi Filho et al. (2006) propuseram um roteiro geológico da Coluna
White na Serra do Rio do Rastro-SC, implantado ao longo da rodovia SC-438 e
67
sinalizado por um conjunto de 17 marcos de concreto, que caracterizam as feições mais
significativas da geologia de cada ponto e aspectos da geologia regional.
Milani et al. (2007a) elaboraram um roteiro geológico com alguns afloramentos
localizados nos munipios de Ponta Grossa e Tibagi no estado do Paraná, visando a
divulgação de exposições rochosas importantes para a geologia do petróleo para
pesquisadores.
3.1.4 Uso do Patrimônio Fossilífero e Gestão do Terririo
Os sítios fossilíferos devem ser considerados como “monumento natural
cultural” devido a sua importância cienfica e o interesse blico. Eles representam
momentos únicos da história geológica da Terra (CARVALHO; DA-ROSA, 2008a).
Embora a sociedade reconheça a importância cultural dos sítios fossilíferos e dos
fósseis, as escavações não autorizadas e depredações ainda ocorrem. Em outras
palavras, atividades minerárias realizadas em rochas sedimentares têm um importante
impacto econômico nas comunidades locais, onde aqueles sítios fossilíferos estão sendo
utilizados para transformação econômica, e assim limitam a adoção de estratégias mais
eficientes para a preservação.
A comunidade o-acadêmica deve perceber que os fósseis fazem parte de um
patrimônio público cultural, tornando-se importante para a reativação e/ou
desenvolvimento da economia local, bem como, auxiliando no resgate dos valores e da
identidade cultural regional. Em um mundo em processo de globalização, o patrimônio
paleontológico vem beneficiando as comunidades locais, através da abertura de cursos
de capacitação, crescimento do setor terciário, como hotéis, pousadas, restaurantes,
dentre outros. Desta forma, melhorando a qualidade de vida da população. Este
processo de desenvolvimento econômico e social, de comunidades locais, a partir da
utilização e gestão do patrimônio fossilífero pode ser observado em diversas regiões do
Brasil, como por exemplo, Peirópolis-MG (LOPES; DIAS, 2008), Faxinal do Soturno-
RS (SANTOS; DA-ROSA, 2001), Santa Maria-RS (DA-ROSA, 2004), São José de
Itaboraí-PR (MANSUR; NASCIMENTO, 2007), dentre outros. O uso dos sítios
fossilíferos deve ser baseado em programas educacionais, vinculados a uma forte
legislação e adequados à realidade de cada região. Assim, o tráfico e a depredação do
patrimônio fossilífero podem diminuir, ou até mesmo terminar. Entretanto o Estado
68
deve fornecer os meios para proteger e inspecionar o uso do patrimônio paleontológico
(CARVALHO; DA-ROSA, 2008a).
Hornes (2006) salienta que a ideia de formação de roteiros que possibilitem a
disseminação do conhecimento, auxiliando a educação ambiental, podem também
proteger o patrimônio natural.
Segundo Hornes (2006, p. 40)
“A exemplo citam-se os afloramentos fossilíferos, existentes em Ponta
Grossa e Tibagi, que deveriam ser considerados como patrimônio e
estão sendo saqueados inclusive por acadêmicos e pesquisadores (com o
intuito de colecionar) ou são simplesmente ignorados pelas prefeituras.
Um patrimônio destes se utilizado de forma coerente pode se constituir
em uma das grandes atrações do município. Contudo, ainda existem
necessidades de iniciativas concretas que possibilitem a utilização e a
conservação do patrimônio.”
Na verdade, apenas em alguns casos isolados isso possa ter acontecido. Estes
afloramentos são constantemente investigados por pesquisadores de diversas
universidades, brasileiras e internacionais. Estas pesquisas se preocupam em elucidar as
questões sobre o Devoniano sul-brasileiro e divulgadas na comunidade científica.
O mais preocupante é a crescente expansão urbana ocorrente nestes municípios e
a destruição de vários pontos de coleta parece ser um fato inevitável.
No município de Tibagi, existe um afloramento (Ponto 5 deste roteiro),
localizado na margem da rodovia PR-340, que foi parcialmente depredado através da
ocupação irregular da área. Os fósseis prospectados deste afloramento foram utilizados
em diversas teses e dissertações (GHILARDI, 2004; ZABINI, 2007; SOARES, 2007).
Cruz (2008) ao abordar sobre o uso do potencial paleontológico do município de
Ponta Grossa, observou que os 133 afloramentos fossilíferos da Formação Ponta Grossa
identificados por Scheibel (1992; 1996), não existem mais, devido ao crescimento
urbano do município. Estes afloramentos, segundo Scheibel (1992; 1996), eso sendo
“sepultados pelo asfalto”.
69
4 METODOLOGIA DE TRABALHO E TÉCNICAS UTILIZADAS
Para a elaboração do presente relario as seguintes etapas foram adotadas:
a) Revisão bibliográfica;
b) Planejamento dos trabalhos de campo;
c) Coleta dos dados;
d) Confecção de material cartográfico e iconográfico e;
e) Integração e interpretação dos dados.
4.1 ÁREA DE ESTUDO
4.1.1 Os Campos Gerais do Paraná
A expressão “Campos Gerais do Paraná” foi consagrada por Maack (1948), ao
definir uma zona fitogeográfica natural situada sobre o Segundo Planalto Paranaense,
composta por campos limpos, campos cerrados e matas galerias ou capões isolados de
Floresta Ombrófila Mista (FOM) ou Floresta com Araucária (Araucaria angustifolia).
Esta definição integra os critérios fitogeográficos e geomorfológicos, que por sua vez
exprimem a estrutura geológica e natureza das rochas, responsáveis pela formação de
solos rasos e arenosos, pouco férteis, que favorecem a vegetação de campos, e o
aparecimento do limite natural representado pela Escarpa Devoniana (MELO et al.
2007).
Entretanto a região dos Campos Gerais do Paraná não possui uma definição
única e permanente, visto que esta tem sido modificada, atendendo as necessidades e
conveniências de uma identidade regional dentro de um estado com marcante dinâmica
territorial nas últimas décadas (DITZEL; LÖWEN SÄHR, 2001).
Segundo Melo et al. (2007) a identidade histórica e cultural da região dos
Campos Gerais com o ciclo do tropeirismo no século XVIII, ainda hoje tem grande
influência na cultura e costumes da população dos Campos Gerais do Paraná. Para
tanto, outras definições têm sido adotadas, no intuito de atender aos objetivos e
interesses diversos, resultando em delimitações também diferentes.
70
Melo et al. (2007) adotam a definição original de Maack (1948) baseada em
critérios naturais, assim, a região dos Campos Gerais situa-se na porção centro leste do
Estado do Paraná, abrangendo porções das mesorregiões Centro Oriental e Sudeste
paranaense, distribuindo-se por uma faixa de território curva com convexidade para
noroeste, com 11.761,41 km
2
de extensão, situada entre as coordenadas 23º 45’ e 26º
15de latitude Sul e 49º 15e 545de longitude Oeste. Compreendendo pelo menos
parte de 22 municípios: Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Porto Amazonas, Balsa
Nova, Palmeira, Campo Largo, Ponta Grossa, Teixeira Soares, Imbituva, Ipiranga,
Tibagi, Carambeí, Castro, Imbaú, Telêmaco Borba, Ventania, Piraí do Sul, Jaguariaíva,
Sengés, Arapoti e São José da Boa Vista (Figura 6).
4.1.1.1 Castro
O município de Castro 24°47'28''S e 50°00'25''W está localizado na Região
Centro-Sul do estado do Paraná, limita-se com os municípios de Carambeí e Tibagi (a
Oeste), Campo Largo, Ponta Grossa e Rio Branco do Sul (a Sul), Itaperuçu (a Sudeste),
Cerro Azul e Doutor Ulisses (a Leste) e Piraí do Sul (a Norte), liga-se a outros
municípios através das rodovias: PR-151; PR-340 e PR-090 ou Rodovia do Cerne.
4.1.1.2 Tibagi
O município de Tibagi 24º30’49”S e 50º24’55”W está situado no Segundo
Planalto Paranaense. Limita-se com os Municípios de Telêmaco Borba e Ventania (a
Norte), Imbaú e Reserva (a Oeste), Ivaí, Ipiranga e Ponta Grossa (ao Sul), Carambeí,
Castro e Piraí do Sul (a Leste), liga-se a outros municípios através das rodovias: PR-340
e BR-153 ou Transbrasiliana.
71
Figura 6. Mapa de localização da região dos Campos Gerais do Paraná, com destaque
aos municípios de Castro e Tibagi (Modificado de MELO et al. 2007).
72
4.2 ESCOLHA DOS PONTOS DO ROTEIRO
Para a presente análise foram delimitados os afloramentos pertencentes às bacias
de Castro e do Paraná. Localizados ao longo das rodovias PR-151, PR-340, BR-153 e
estradas secundárias existentes nos municípios de Castro e Tibagi (Figura 7).
Os pontos do roteiro foram selecionados segundo os critérios a seguir:
Afloramentos que apresentam peculiaridades como contatos geológicos,
abundância e diversidade fossilífera, dentre outros;
Boa representatividade vertical e horizontal dos estratos;
Os critérios adotados justificam-se pelos seguintes motivos: (1) os afloramentos
descritos são de longa data conhecidos pela comunidade científica, o que auxilia no
seu posicionamento estratigráfico e correlação com outros; (2) os afloramentos inéditos
devem ser descritos e correlacionados; (3) as peculiaridades encontradas no afloramento
são relevantes, pois representam importantes eventos ocorridos à época da deposição, e
(4) a representação vertical e horizontal dos estratos deve ser observada no sentido de se
conseguir uma amostragem mais completa e uma visão mais clara do empilhamento
litológico.
73
Figura 7. Mapa geológico com a localização dos pontos de parada (Modificado de
MINEROPAR, 2006).
74
4.3 MATERIAL FÓSSIL
O material paleontológico analisado foi coletado em afloramentos da Formação
Ponta Grossa, no município de Tibagi, nas margens das rodovias PR-340, BR-153 e
estrada do bairro de São Domingos. Todo o material fóssil, representado por um total de
aproximadamente 1.000 amostras, encontra-se depositado no Laboratório de
Paleontologia e Estratigrafia do Departamento de Geociências da Universidade Estadual
de Ponta Grossa (UEPG), sob a sigla “DEGEO/MPI” (Departamento de
Geociências/Museu de Paleontologia de Invertebrados).
4.4 TRABALHOS DE CAMPO
Foram realizadas várias atividades de campo (aproximadamente 800 horas) nas
regiões de Castro e Tibagi, para reconhecimento regional e descrição de seções
estratigficas de superfície, segundo o contexto geológico das bacias de Castro e do
Paraná na região em estudo.
As descrições foram realizadas com o auxílio de uma planilha de campo
contendo os seguintes elementos:
a) Ponto;
b) Localização e Acesso;
b.1) Coordenadas Geográficas e UTM;
c) Descrição;
d) Unidade Litoestratigfica;
e) Idade;
f) Litologia;
g) Conteúdo Fóssil.
Na descrição dos afloramentos, buscou-se definir as litologias, as estruturas
sedimentares e o conteúdo fossilífero ocorrente, no intuito de obter um controle
base/topo do afloramento. O empilhamento litológico foi realizado com o uso de
clinômetros. A coleta do material paleontológico foi efetuada com a utilizão de
ferramentas como martelos, talhadeiras, picaretas, pás, enxadas e martelete rompedor
Bosch® ligado a um gerador Toyama®.
75
Para cada ponto de parada, foram levantadas seções colunares próprias (baseadas
na escala granulométrica proposta por WENTWORTH, 1922) e as seções colunares
descritas, para fins de correlação com os arcabouços estratigráficos existentes. Com
isso foi possível determinar o posicionamento estratigráfico dos afloramentos isolados.
Adotou-se os trabalhos de Moro (1993), Moro et al. (1993), Bonancin et al.
(1994), Moro et al. (1994) e Teixeira et al. (2004) para as rochas pertencentes à Bacia
de Castro (Ordoviciano Inferior).
Para a sequência neo-ordoviciana da Bacia do Paraná (Formação Iapó) adotou-se
o arcabouço estratigráfico de Assine (1996), Assine et al. (1994); Assine; Petri (1996) e
Assine et al. (1996). Pelo fato do arcabouço estratigráfico de Assine (1996) ser
construído com dados de subsuperfície, optou-se para as sequências siluro-devoniana e
devoniana (formações Furnas e Ponta Grossa), pelos arcabouços estratigráficos
construídos com dados de superfície (e.g. BERGAMASCHI, 1999; BERGAMASCHI;
PEREIRA, 2001; e BOSETTI; HORODYSKI, 2008).
76
5 RESULTADOS
O Roteiro Geológico proposto é um instrumento de auxílio didático e de apoio
científico para as atividades práticas de campo desenvolvidas por turistas de instituições
de Ensino Superior e Pesquisa (Perfis I e II).
Os 20 afloramentos levantados e perfilados que compõem a Paleo-Rota aqui
proposta, pertencem geologicamente às bacias de Castro e do Paraná. O roteiro tem
início nas rochas vulcânicas e vulcanocsticas cambro-ordovicianas da Bacia de Castro,
na região de Castro. Abrange também, as rochas glaciais neo-ordovicianas da Formação
Iapó, rochas flúvio-marinhas da Formação Furnas de idade Siluro-Devonianas, rochas
marinhas devonianas da Formação Ponta Grossa, e encerra com as rochas neo-
carboníferas do Grupo Itararé na região de Tibagi (todas pertencentes à Bacia do
Paraná).
O roteiro dá ênfase aos afloramentos pelíticos da Formação Ponta Grossa
(Devoniano), onde possibilidade de se encontrar material ssil composto por
invertebrados marinhos (braquiópodes, moluscos, trilobites, cnidários e equinodermos
dentre outros), fragmentos vegetais e icnofósseis.
A partir da proposta de implantação da Paleo-Rota para fins didáticos e
científicos em afloramentos fossilíferos, chegou-se a organização dos mesmos. Para
tanto, elaborou-se um mapa com a distribuição dos afloramentos como Pontos de
Parada, em concordância ao empilhamento estratigráfico regional, bem como sugestões
de roteiros as serem desenvolvidos.
5.1 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL, EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO E
CORRELAÇÃO DOS AFLORAMENTOS ESTUDADOS.
Foram levantados 20 pontos de parada localizados ao longo das rodovias PR-
151, PR-340, estrada do bairro de São Domingos em Tibagi-PR e BR-153. Os
afloramentos estudados abrangem rochas vulcânicas e vulcanoclásticas ordovicianas,
pertencentes ao Grupo Castro (Ponto de Parada 1), diamictitos glaciais da Formação
Iapó e arenitos flúvio-marinhos da Formação Furnas (Ponto de Parada 2 e 3), siltitos e
arenitos da Formação Furnas em contato abrupto aos folhelhos marinhos da Formação
Ponta Grossa (Ponto de Parada 4), rochas pelíticas da Formação Ponta Grossa (Pontos
77
de Parada 5-10, 13-20) e arenitos glaciais do Grupo Itararé (Pontos de Parada 11 e 12)
(Figuras 8 e 9).
A figura 10 apresenta três formas de realização da Paleo-Rota, os percursos
foram delimitados a partir da organização dos afloramentos em dias de trabalho. A seta
vermelha representa um roteiro menor, fornecendo aos usuários 13 afloramentos com
importantes registros geológicos, como as rochas do embasamento, contatos geológicos,
estruturas sedimentares e ocorrência ssil, com um percurso total de 193 km. A seta
verde representa um roteiro intermediário, com 15 afloramentos num percurso total de
203 km. A seta roxa apresenta os 20 afloramentos levantados, totalizando 215 km de
percurso, conforme quadro 7.
Rota
Ponto
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Rota 1 X X X X X X X X X X X X X
Rota 2 X X X X X X X X X X X X X X X X
Rota 3 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X
Quadro 7. Distribuição dos pontos de parada nos diferentes roteiros propostos.
A figura 11 apresenta a distribuição e a sequência dos pontos de parada em
concordância ao empilhamento estratigráfico e geocronologia das bacias de Castro e do
Paraná na região em estudo.
Os afloramentos pertencentes às formações Furnas e Ponta Grossa foram ainda
correlacionados com o arcabouço estratigráfico de sequências de Bergamaschi (1999)
(Figura 12) e com a seção colunar Tibagi - Alto do Amparo de Bosetti; Horodyski
(2008) (Figura 13).
78
Figura 8. Cartograma do roteiro com a localização dos primeiros 11 pontos de parada de
acordo com o contexto geológico regional (Modificado de MINEROPAR, 2006;
MAACK, 1950/51).
79
Figura 9. Cartograma do roteiro com a localização dos pontos de parada de acordo com
o contexto geológico regional (Modificado de MINEROPAR, 2006).
80
Figura 10. Cartograma apresentando os três percursos diferentes de desenvolvimento do
roteiro.
81
Figura 11. Carta estratigráfica simplificada da Bacia de Castro e do Paraná (seção Eo-Paleozóica) com o
posicionamento dos pontos de parada (Modificado de BERGAMASCHI, 1999; MILANI et al. 2007b).
82
Figura 12. Distribuição dos afloramentos do roteiro no arcabouço estratigráfico de
sequências de Bergamaschi (1999).
83
Figura 13. Distribuição dos afloramentos do roteiro na seção colunar Tibagi-Alto do
Amparo de Bosetti; Horodyski (2008).
84
5.2 ROTEIRO GEOLÓGICO
5.2.1 Ponto de Parada 1 (Seção 1)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
1
PR-151, km
290
Castro Castro
Associação
Tronco
Cambro-
Ordoviciano
Inferior
Coordenadas Geográficas
24º48’29,88”S 50º00’52,79”O
UTM
22J 599623,22mE 7255870,31mS
Descrição
A seção aflorante tem aproximadamente 7 metros de espessura e 20 metros de
comprimento (Estampa 1). O afloramento representa uma fácies da Associação Tronco
de Moro et al. (1994), associação que compõe a base do Grupo Castro (Figura 14).
Litologia:
A seção estudada representa um pacote da Associação Tronco. Esta é constituída
por um riolito com textura afanítica, com fenocristais de rfiros de feldspato potássico
(microclínio ou ortoclásio) euédricos com faces bem definidas (hexágonos e
romboedros alongados) e poucos cristais porfiríticos de quartzo. Localmente a estrutura
fluidal do riolito é muito nítida, evidenciada pelo alinhamento de cristais de pórfiros de
feldspato (Estampa 1). Fraturas subverticais orientados a N35ºW75ºNE e N55ºE85ºSE
foram registrados na seção. A seção apresenta-se muito intemperizada, onde o feldspato
perde o potássio e se transforma em caulim. Todo este conjunto constitui uma sequência
predominantemente ácida.
Apesar de constar na coluna estratigráfica ocorrência de derrames de andesitos
na região, as características mineralógicas (quartzo, feldspato potássico) e coloração
avermelhada devido à presença de óxido de ferro e de feldspato potássico, sãopicas de
rochas riolíticas (M.Sc. Luiz Carlos Gody, 2010, informação pessoal).
85
Figura 14. Posicionamento estratigráfico do Ponto de Parada 1 na coluna estratigráfica
do Grupo Castro (Modificado de MORO et al. 1994; TEIXEIRA et al. 2004).
86
Estampa 1. Ponto de Parada 1.
87
5.2.2 Ponto de Parada 2 (Seção 2)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
Paraná Furnas Unidade I
Siluriano superior
2
PR-340, km
219
Paraná
Rio
Ivaí
Iapó
Neo-ordoviciano -
Neo-Ashgilliana a
Llandoveriana
Coordenadas Geográficas
24º46’01,76”S 50º09’06,58”O
UTM
22J 585749,56mE 7260565,79mS
Descrição
A seção aflorante apresenta 19 m de espessura, sendo os primeiros 2m
representados pela Formação Iapó e os 15 m restantes pela Formação Furnas (Figura
15). Maack (1947) descreveu esta seção, interpretando como depósitos de origem
glacial.
Litologia:
A base do afloramento inicia com 2 m de diamictitos cinza-azulados da
Formação Iapó, este pacote possui matriz ltico-argilosa contendo clastos de tamanho
variado. Sobreposto aos diamictitos, em contato discordante está o arenito da Formação
Furnas com aproximadamente 15 m de espessura (Estampa 2). Este arenito contém
camadas de arenito grosso e conglomerados que intercalam-se em níveis centimétricos.
O conjunto é granodecrescente em direção ao topo, com redução progressiva dos termos
conglomeráticos. Esta cies é litologicamente correspondente à Unidade I de Assine
(1996).
Conteúdo fóssil:
Não foi registrado conteúdo megafossilífero.
88
Figura 15. Seção colunar do Ponto de Parada 2 (Fonte: MAACK, 1947).
89
Estampa 2. Ponto de Parada 2.
90
5.2.3 Ponto de Parada 3 (Seção 3)
Unidade Litoestratigfica
Ponto
de
Parada
Localização Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
Unidade III
Unidade II
Paraná
Furnas
Unidade I
Devoniano -
Lochkoviano a
Neo-Lochkoviano
Paraná
Rio
Ivaí
Iapó
Neo-ordoviciano -
Neo-Ashgilliana a
Llandoveriana
3
Parque
Estadual do
Guartelá
Castro Castro
Cambro-
Ordoviciano
Inferior
Coordenadas Geográficas
24°33'44,88"S 50°15'33,78"O
UTM
22J 574999,91mE 7283299,44mS
Descrição:
A seção possui espessura superior a 250 m (Figura 17). Este afloramento foi
descrito por Assine (1996) e representa a melhor exposição da Formação Furnas no
Estado do Paraná. Apresenta na base o contato com as rochas vulcânicas do Grupo
Castro, diamictitos da Formação Iapó e as três unidades da Formação Furnas.
Litologia:
A seção inicia com 10 m de rochas vulcânicas pertencentes ao Grupo Castro,
acima deste, em discordância assentam-se um pacote de 28 m com arenitos
conglomeráticos intercalado por camadas de arenito muito grosso com estratificação
cruzada planar típicos da Unidade I, o conjunto é granodecrescente, onde culmina na
transição para a Unidade II. Acima deste, na altura dos 40 m da seção, inicia-se um
extenso pacote com aproximadamente 110 m de arenito grosso a médio com
estratificação cruzada planar, acanalada e sigmoidal com cerca de 5 m de espessura,
intercalados com níveis decimétricos de siltito, traços sseis paralelos ao plano de
acamamento são observados nos níveis areníticos, este conjunto é pertencente a
91
Unidade II da Formação Furnas. Aos 150 m da seção colunar, ocorre a transição da
Unidade II para a Unidade III, onde os níveis de arenito grosso são sobrepostos por
camadas com aproximadamente 5 m de arenito muito grosso com estratificação cruzada
cruzada acanalada, níveis centimétricos de conglomerados o també registrados.
Acima deste ocorre uma camada de 15 m de arenito muito grosso com estratificação
cruzada acanalada. Sobreposto encontra-se uma camada de 10 m de arenito grosso a
muito grosso com estratificação cruzada planar, com granocrescência ascendente
culminando com arenitos conglomeráticos em depósitos residual de seixos e calhaus.
Acima deste, no topo da seção, ocorre uma camada com cerca de 25 m de arenito grosso
com estratificação cruzada acanalada e planar. Níveis conglomeráricos são também
observados. Em direção ao topo, as camadas areníticas tornam-se granodescrescente
culminando em cerca de 2 m de arenito médio (Figura 16).
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
ICNOFÓSSEIS Icnofósseis indeterminados
92
Figura 16. Seção colunar Ponto 3 (Modificado de ASSINE, 1996).
93
Estampa 3. Ponto de Parada 3.
94
5.2.4 Ponto de Parada 4 (Seção 4)
Unidade Litoestratigfica
Ponto
de
Parada
Localização Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
Ponta
Grossa
Jaguariaíva
4
PR-340, km
60
Paraná
Paraná
Furnas Unidade III
Devoniano -
Lochkoviano a
Neo-Lochkoviano
Coordenadas Geográficas
24°31'41,01"S 50°23'57,86"O
UTM
22J 560837.05mE 7287177.71mS
Descrição:
A seção possui aproximadamente 16 m de espessura e 100 m de comprimento,
na qual o contato entre as formões Furnas e Ponta Grossa é evidenciado ao nível dos
10 m do afloramento. Esta seção pertence ao início da Seção Colunar Tibagi-Telêmaco
Borba de Bergamaschi (1999).
Litologia:
Na base da seção colunar um predomínio de fácies de arenito médio portador
de estratificação cruzada com geometria sigmoidal e estratificação cruzada planar, com
cerca de 2 m de espessura. Intercalados a estes arenitos, ocorrem camadas com
aproximadamente 0,50 m de siltito dio esbranquiçado e arenito muito fino. Acima
destes ocorrem camadas com 2 m de arenito médio com estratificação cruzada planar e
sigmoidal, intercalados com camadas de 0,50 m de siltito dio, esbranquiçado onde
são registrados pequenos fragmentos de restos vegetais primitivos. No intervalo de 9 a
12,8 m da seção observa-se um banco tabular de siltito fino que grada para siltito
grosso, onde podem ser observados estratificações plano-paralelas, estratificações de
baixo ângulo e sutis truncamentos também de baixo ângulo, este pacote evidencia a
transgressão da Formação Furnas. Acima desta fácies, em contato abrupto, iniciam-se os
pelitos típicos da Formação Ponta Grossa, representados no afloramento por siltito
95
cinza-médio, micáceo, fossilífero, intercalados com camadas de 0,50 m de arenito fino
portador de estrutura micro-hummocky, típicos da Formação Ponta Grossa (Figura 17;
Estampa 4).
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
BRACHIOPODA Lingulata Lingulídeo indeterminado
ICNOFÓSSEIS Icnofósseis indeterminados
DIVISÃO
RHYNIOPHYTA
Fragmentos de vegetais vasculares
Abundância Relativa dos Fósseis
39%
30%
30%
1%
Braquiópodes Lingulídeos
Icnofósseis
Fragmentos vegetais
Outros
Gráfico 1. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 4.
96
Figura 17. Seção colunar Ponto 4 (Modificado de BERGAMASCHI, 1999).
97
Estampa 4. Ponto de Parada 4.
98
5.2.5 Ponto de Parada 5 (Seção 5)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização
Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
5
PR-340, km
266
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
Jaguariaíva
Devoniano -
Praguiano
Coordenadas Geográficas
24°30'47,94"S 50°25'51,93"O
UTM
22J 557633,48mE 7288822,57mS
Descrição
Esta seção foi denominada de Tibagi 1 por Zabini (2007), possui
aproximadamente 2 m de espessura e 10 m de comprimento (Estampa 5). Insere-se na
altura de 37 m da Seção Colunar Tibagi Telêmaco Borba de Bergamaschi (1999).
Ghilardi (2004) trabalhou nesta seção com a tafonomia de alta resolução com ênfase nos
trilobites ocorrentes. Zabini (2007) também realizou coleta de alta resolução, com
ênfase nos lingulídeos.
Litologia:
A seção aflorante é constituída a partir da base por 0,40 m de argilito cinza-
escuro a preto, sobreposto por 1,60 m de siltito cinza-escuro finamente laminado, toda a
seção apresenta grande quantidade de megafósseis (Figura 18).
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
BRACHIOPODA Lingulata Lingulídeo indeterminado
Rhynchonellata Australocoelia tourteloti BOUCOT;
GILL, 1956
ARTHROPODA Trilobita Calmonia sp. CLARKE, 1913
99
Abundância Relativa dos Fósseis
45%
40%
15%
5%
Braquiópodes Lingulídeos
Australocoelia tourteloti
Calmonia sp.
Outros
Gráfico 2. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 5.
100
Figura 18. Seção colunar Ponto 5.
101
Estampa 5. Ponto de Parada 5.
102
5.2.6 Ponto de Parada 6 (Seção 6)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização
Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
6
PR-340, km
270
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
Jaguariaíva
Devoniano -
Praguiano
Coordenadas Geográficas
24°30'5,55"S 50°26'42,90"O
UTM
22J 556206,14mE 7290136,37mS
Descrição
Denominado de Tibagi 2 por Zabini (2007), esta seção possui aproximadamente
19 m de espessura e 25 m de comprimento (Estampa 6), pertence ao Membro
Jaguariaíva da Formação Ponta Grossa. Zabini (2007) insere esta seção na Sequência B,
altura de 49 m em relação à Formação Furnas na Seção Colunar Tibagi Telêmaco
Borba, segundo o arcabouço de Bergamaschi (1999). Este afloramento representa o
início da seção colunar Tibagi-Alto do Amparo de Bosetti; Horodyski (2008).
Litologia:
A seção é constituída por folhelho síltico e siltito fino cinza claro a cinza escuro,
contendo abundância de megafósseis. Lentes centimétricas de arenito fino a muito fino
apresentando estratificação cruzada do tipo micro-hummocky ocorrem na porção dia
da seção, sendo também frequentes as ocorrências de finas crostas endurecidas por
óxidos de Ferro (Cfe), que normalmente são desconnuas. Acima dos 6 m da seção
inicia-se a Superfície de Inundação Máxima (SIM) da sequência B de Bergamaschi
(1999). A SIM é representada por uma extensa camada de folhelho argiloso, preto,
micáceo, muito fossilífero com camadas também centimétricas de arenito fino a médio
apresentando estratificação cruzada do tipo micro-hummocky (Figura 19).
103
Conteúdo Fóssil
FILO CLASSE ESPÉCIE
Lingulata Lingulídeo indeterminado
OrbiculoideaORBIGNY, 1847
BRACHIOPODA
Rhynchonellata Australospirifer sp. CASTER, 1939
Cricoconarida Tentaculites sp. VON
SCHLOTHEIM, 1820
MOLLUSCA
Bivalvia Bivalvia indeterminado
ANELLIDA Polychaeta Escolecodonte indeterminado
Abundância Relativa dos Fósseis
60%
10%
5%
20%
3%
2%
Braquiópodes Lingulídeos
Braquiópodes Rhynchonellideos
Moluscos Cricoconarida
Moluscos Bivalvios
Escolecodontes
Outros
Gráfico 3. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 6.
104
Figura 19. Seção colunar Ponto 6.
105
Estampa 6. Ponto de Parada 6.
106
5.2.7 Ponto de Parada 7 (Seção 7)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização
Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
7
PR-340, km
277
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
Tibagi
Devoniano -
?Neo-Emsiano
Coordenadas Geográficas
24°29'54,22"S 50°27'31,32"O
UTM
22J 554799,70mE 7290435,82mS
Descrição
Denominado de Ponto 90 por Zabini et al. (2009), esta seção possui 4 m de
espessura e 20 m de comprimento (Estampa 7), pertence ao Membro Tibagi da
Formação Ponta Grossa. Zabini et al. (2009) inserem esta seção na Sequência C, altura
de 90 m em relação à Formação Furnas na Seção Colunar Tibagi Telêmaco Borba,
segundo o arcabouço de Bergamaschi (1999).
Litologia:
A seção inicia com uma camada de 1 m de arenito grosso maciço, micáceo,
aparentemente sem registro fóssil. Acima deste ocorre uma camada de 1 m de arenito
médio maciço também sem registro fóssil. Estes veis se repetem até a altura dos 2 m
da seção colunar, onde se registrou concentrações de lingulídeos inteiros, mal
preservados, dispostos perpendiculamente ao plano de acamamento (posição de vida).
Fragmentos de conulariídeos são também registrados. Acima deste pacote arenítico,
assenta-se uma camada centimétrica de siltito grosso, maciço, aparentemente afosilífero.
Sobreposto encontra-se uma camada de arenito grosso, maciço, miceo, onde também
não houve registro fóssil. Acima deste, ocorre uma camada com aproximadamente 1,5
m de siltito grosso, plano-paralelo, com presença de icnofósseis diversos e trilobites
calmoniídeos desarticulados, dispostos no plano de acamamento. Ocorrem em direção
ao topo, uma camada centimétrica de arenito grosso e lentes de arenito fino portador de
estrutura micro-hummocky (Figura 20).
107
Conteúdo Fóssil
FILO CLASSE ESPÉCIE
BRACHIOPODA Lingulata Lingulídeo indeterminado
ARTHROPODA Tilobite Calmoniídeo indeterminado
CNIDARIA Conulatae Conulariídeo indeterminado
ICNOFÓSSIL Icnofóssil indeterminado
Abundância Relativa dos Fósseis
50%
10%
1%
30%
9%
Braquiópodes Lingulídeos
Trilobites
Conulariídeos
Icnofósseis
Outros
Gráfico 4. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 7.
108
Figura 20. Seção colunar Ponto 7.
109
Estampa 7. Ponto de Parada 7.
110
5.2.8 Ponto de Parada 8 (Seção 8)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização
Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
8
PR-340, km
280
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
São
Domingos
Devoniano - Neo-
Eifeliano
Coordenadas Geográficas
24°28'25,36"S 50°31'28,63"O
UTM
22J 548175,23mE 7293246,81mS
Descrição
A seção possui 40 m de espessura e 350 m de comprimento (Estampa 8),
pertence ao Membro São Domingos da Formação Ponta Grossa. Insere-se na Sequência
E da Seção Colunar Tibagi Telêmaco Borba, segundo o arcabouço de Bergamaschi
(1999).
Litologia:
A seção inicia com uma camada de 6 m de folhelho argiloso, preto, bastante
físsil, onde se registrou pequenos fragmentos vegetais, e a ocorrência de um possível
?Euryptirida desarticulado, o que dificulta sua taxonomia. Acima deste pacote, ocorre
uma camada de 5 m de siltito grosso, plano-paralelo portador de estrutura micro-
hummocky. Acima deste, ocorre uma camada de 2 m de siltito médio, sobreposto
encontra-se uma camada de 1 m de siltito grosso com fragmentos vegetais e molucos do
gênero ?Ctenoceras sp. Acima deste, ocorre uma camada de siltito médio, que grada
para siltito grosso, e culmina em uma camada decimétrica de argilito com estratificação
plano-paralela. Sobreposto, encontra-se uma extensa camada de siltito médio e grosso,
plano-paralelo, micáceo e muito fossilífero, com presença marcante de trilobites
calmoniídeos, icnofósseis e conulariídeos. Estrutura micro-hummocky e moluscos
?Ctenoceras o observado acima destes estratos. A partir dos 30 m da seção colunar
até o topo da seção, ocorre uma camada com 10 m de espessura de siltito médio, com
111
estratificação plano-paralela, onde a ocorrência de braquiópodes rhynchonellídeos e
discinídeos, conulariídeos, Spongiophyton spp. e fragmentos vegetais (Figura 21).
Conteúdo Fóssil
FILO CLASSE ESPÉCIE
Lingulata OrbiculoideaORBIGNY, 1847 BRACHIOPODA
Rhynchonellata Derbyina whitiorum CLARKE,
1913
Australospirifer sp. CASTER, 1939
Schuchertella agassizi HARTT,
1874
MOLLUSCA Cephalopoda ?Ctenoceras sp. NOETLING, 1884
ARTHROPODA Trilobite Calmoniídeo indeterminado
CNIDARIA Conulatae Conulariídeo indeterminado
ICNOFÓSSEIS Icnofóssil indeterminado
DIVISÃO
NEMATOPHYTOPHYTA
Spongiophytaceae
Spongiophyton spp. KRÄUSEL,
1954
ALGAS
INDETERMINADAS
? ?
Abundância Relativa dos Fósseis
15%
15%
20%
10%
10%
10%
19%
1%
Braquiópodes Lingulídeos
Braquiópodes Rhynchonellideos
Moluscos cefalópodes
Trilobites
Conulariídeos
Icnofósseis
Fragmentos vegetais
Outros
Gráfico 5. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 8.
112
Figura 21. Seção Colunar Ponto 8.
113
Estampa 8. Ponto de Parada 8.
114
5.2.9 Ponto de Parada 9 (Seção 9)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização
Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
9
Estrada de
São
Domingos,
Tibagi.
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
São
Domingos
Devoniano - Neo-
Eifeliano
Coordenadas Geográficas
24°32'43,26"S 50°30'39,90"O
UTM
22J 549521,97mE 7285306,30mS
Descrição
A área de afloramentos rochosos localizada no bairro São Domingos em Tibagi
é caracterizada por apresentar o registro fóssil muito fragmentado e de difícil coleta com
materiais de uso convencional. Recomenda-se neste afloramento apenas a coleta para
estudos científicos aplicados.
A seção aflorante apresenta 20,5 m de espessura (Estampa 9). Este ponto insere-
se litoestratigraficamente no Membro o Domingos, correspondente ao topo da
Formação Ponta Grossa, de acordo com o arcabouço estratigráfico de Bergamaschi
(1999), este ponto insere-se na Sequência E.
Litologia:
O pacote apresenta espessura de 20,5 m, cuja base é composta por uma camada
de 6 m de arenitos mal selecionados que variam de médios a grossos, maciços, com
níveis conglomeráticos, contendo seixos de quartzo e quatzito, cujos diâmetros são
sempre inferiores a 1 cm. Essas camadas são aparentemente afossilíferas. Como
capeamento dos arenitos ocorre um intervalo de 2 m de uma intercalação entre siltitos e
folhelhos sílticos, bioturbados, contendo fragmentos de vegetais não identificados,
dispostos paralelos ao plano de acamamento. Na porção média, ocorrem 5 m (parte
encontra-se encoberto) de folhelho preto, muito duro, laminado, sem qualquer vestígio
de megafósseis ou bioturbação. Sobreposto a essa fácies ocorre uma camada de arenito
conglomerático em uma espessura que não ultrapassa 0,50 m. No topo da seção foram
115
registrados 2 m de folhelhos sílticos, duros, micáceos, de coloração amarelo-ocre,
intensamente fraturados, cerosos, e uma sucessão de 4,5 m de siltitos médios a grossos
também fraturados; ambas as fácies são abundantemente fossilíferas (Figura 22).
Uma particularidade de todos os bioclastos encontrados nesses pacotes, bem
como dos icnofósseis, são suas pequenas dimensões quando comparados às demais
ocorrências dos mesmos taxa em outras fácies da Formação Ponta Grossa e mesmo de
outras unidades. Apesar do tamanho diminuto, todos os taxa coletados apresentam-se
em estágio ontogenético avançado (e.g. Linhas de crescimento em lingulídeos e
discinídeos, segmentação distinta dos escleritos de trilobites, número de câmaras em
moluscos cefalópodes, dentre outros), ou seja, são representantes de formas adultas.
Bosetti et al. (2009a), referem-se com prudência ao fenômeno conhecido como
“Efeito Lilliput” (Lilliput Effect), proposto por Urbanek (1993). O termo define o
aparecimento temporário de redução do tamanho do corpo em animais, como resultado
de eventos de extinção. O Efeito Lilliput, foi diagnosticado em muitas assembléias
fósseis sobreviventes da maioria das crises bióticas do registro paleontológico, inclusive
nas cinco grandes extinções globais.
Estudos tafonômicos realizados por Bosetti et al. (2009b) com os grupos fósseis
ocorrentes nesta seção, evidenciaram que a tafocenose é parautóctone, ou seja, situa-se
próxima ao sítio de vida, sendo o transporte nulo ou pouco significativo.
Através das análises tafonômicas e sedimentológicas, Bosetti et al. (2009b)
observaram que a variação morfológica dos fósseis encontrados não é resultado de
tendenciamentos tafonômicos causados pela fossildiagênese, e que também, não houve
significativa seleção hidrodinâmica dos fósseis. A partir destes dados, tais autores
afirmam que os níveis estratigráficos prospectados o supostamente aqueles
depositados após a extinção da fauna malvinocáfrica. Todos estes atributos somados
conferem a esta concentração um status de fauna relictual da Província Malvinocáfrica e
demais invertebrados associados, incluindo os fenótipos de tamanhos subnormais, e a
presença de taxon adventício, que em conjunto são evidências de uma real resposta
adaptativa na fauna relictual em condições de estresse pós-síndrome.
116
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
Lingulata Lingulídeo indeterminado
OrbiculoideaORBIGNY, 1847
BRACHIOPODA
Rhynchonellata Derbyina whitiorum CLARKE,
1913
Australocoelia sp. BOUCOT; GILL,
1956
Schuchertella agassizi HARTT,
1874
Bivalvia Nuculana ? viator REED, 1925 MOLLUSCA
Cephalopoda ?Ctenoceras sp. NOETLING, 1884
Trilobite Pennaia pauliana CLARKE, 1913 ARTHROPODA
Ostracoda Ostracoda indeterminado
CNIDARIA Conulatae Conulariídeo indeterminado
ICNOFÓSSEIS Icnofácies
Zoophycos
Phycosiphon isp. VON FISCHER-
OOSTER, 1858
DIVISÃO
NEMATOPHYTOPHYTA
Spongiophytaceae
Spongiophyton spp. KRÄUSEL,
1954
ALGAS
INDETERMINADAS
? ?
Abundância Relativa dos Fósseis
15%
15%
25%
40%
5%
Braquiópodes Lingulídeos
Moluscos cefalópodes
Conulariídeos
Fragmentos vegetais
Outros
Gráfico 6. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 9.
117
Figura 22. Seção colunar Ponto 9.
118
Estampa 9. Ponto de Parada 9.
119
5.2.10 Ponto de Parada 10 (Seção 10)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização
Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
Itararé
Carbonífero
Superior
10
Estrada de
São
Domingos,
Tibagi.
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
São
Domingos
Devoniano -
?Neo-Eifeliano-
Neo-Givetiano
Coordenadas Geográficas
24°33'38,20"S 50°30'21,67"O
UTM
22J 550026,89mE 7283621,65mS
Descrição
Em ponto localizado dentro de uma área particular, com visitação permitida
mediante o pagamento de taxa de entrada e o proprietário não permite a realização de
coleta de material e também proíbe a entrada com martelos.
A seção aflorante apresenta aproximadamente 12 m de espessura, sendo os 6 m
inferiores representados pelo Membro São Domingos da Formação Ponta Grossa,
sobreposto ocorre 6 m de arenitos grossos e conglomeráticos pertencentes ao Arenito
Barreiro do Grupo Itararé (Estampa 10). Os folhelhos devonianos inserem-se na
sequência E de Bergamaschi (1999). Este seção representa possivelmente as fácies mais
recentes do Devoniano paranaense.
Litologia:
A seção é iniciada por pouco mais de 1 m de siltito argiloso, maciço e de
coloração escura. Acima deste ocorre uma camada com cerca de 4,5 m de siltito médio
a grosso, maciço, de coloração cinza claro, localmente variando para escuro, com finas
lentes de areia apresentando notáveis estruturas sedimentares do tipo micro-hummocky
(HCS). Um engrossamento granulométrico é detectado por uma camada de arenito fino,
120
maciço, de coloração cinza clara, com uma fina camada de arenito grosso sobreposta a
este, também apresentando estruturas sedimentares do tipo HCS. Acima deste pacote
ocorre 1 m de siltito argiloso, duro e de coloração escura contendo trilobitas
calmoniídeos, lingulídeos e icnosseis. Capeando a seção foi observado um contato
erosivo e discordante com os Arenitos Barreiro do Grupo Itararé (Carbonífero Superior)
(Figura 23).
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
BRACHIOPODA Lingulata Lingulídeo indeterminado
ARTHROPODA Trilobita ? Calmonia CLARKE, 1913
DIVISÃO
NEMATOPHYTOPHYTA
Spongiophytaceae
Spongiophyton spp. KRÄUSEL,
1954
ALGAS
INDETERMINADAS
? ?
ICNOFÓSSEIS
INDETERMINADOS
? ?
Abundância Relativa dos Fósseis
1%
1%
48%
50%
Braquiópodes Lingulídeos
Trilobites
Icnofósseis
Fragmentos vegetais
Gráfico 7. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 10.
121
Figura 23. Seção colunar Ponto 10.
122
Estampa 10. Ponto de Parada 10.
123
5.2.11 Pontos de Parada 11 e 12
Unidade Litoestratigfica
Ponto
de
Parada
Localização Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
11
Pousada
Puxa-
Nervo,
Tibagi.
Paraná
Itararé
Carbonífero
Superior
12
Pousada
Salto Santa
Rosa,
Tibagi.
Paraná
Itararé
Carbonífero
Superior
Ponto de Parada 11
Coordenadas Geográficas
24°33'49,05"S 50°31'18,81"O
UTM
22J 548542,78mE 7283381,15mS
Ponto de Parada 12
Coordenadas Geográficas
24°33'26,90"S 50°31'43,25"O
UTM
22J 547731,42mE 7283972,80mS
Descrição
Ambos os pontos localizam-se dentro de áreas particulares, com visitação
permitida mediante o pagamento de taxa de entrada, os proprietários o permitem a
realização de coleta de material, bem como a entrada com martelos.
Nas áreas estudadas, o Arenito Barreiro compreende extensos paredões, que por
falha, formam as cachoeiras Salto Puxa-Nervo e Salto Santa Rosa (Estampas 11 e 12).
Este arenito outrora posicionado no topo do Devoniano parananese (MAACK, 1934;
1946; 1947; 1950/51), hoje é reconhecidamente interpretado como representante do
Grupo Itararé (CASTER; PETRI, 1947; PETRI, 1948).
124
Litologia:
O Arenito Barreiro apresenta grande variação em sua granulometria, os níveis
areníticos intercalam-se entre fino e grosso. Espessas camadas de arenitos
conglomeráticos com seixos angulosos e estriados são registrados principalmente nos
afloramentos encontrados na Pousada Salto Santa Rosa. Na cachoeira que forma o Salto
Santa Rosa a ocorrência de um dique de diabásio, oriundo do magmatismo Serra
Geral ocorrido durante o Período Cretáceo na Bacia do Paraná. Este magmatismo afetou
fortemente a região dos Campos Gerais, originando o soerguimento do Arco de Ponta
Grossa. Com isto, grande parte dos afloramentos existentes na região do Barreiro em
Tibagi, encontram-se falhados e fraturados.
125
Estampa 11. Ponto de Parada 11.
126
Estampa 12. Ponto de Parada 12.
127
5.2.12 Ponto de Parada 13 (Seção 13)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização
Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
13
BR-153, km
211
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
Tibagi
Devoniano -
?Neo-Emsiano
Coordenadas Geográficas
24°34'29,19"S 50°27'5,03"O
UTM
22J 555550,20mE 7282028,36mS
Descrição
A seção aflorante possui aproximadamente 6 m de espessura e 123 m de
comprimento (Estampa 13). Este ponto insere-se na porção basal da Seção Colunar
Tibagi-Alto do Amparo de Bosetti; Horodyski (2008), situa-se no Membro Tibagi,
correlato a sequência C de Bergamaschi (1999).
Litologia:
A seção aflorante inicia com 2,5 m de siltito grosso maciço intensamente
bioturbado e com presença de megafósseis. Sobreposto a este pacote ocorre 3,5 m de
siltito dio a grosso, micáceo, mal estratificado aparentemente pouco fossilífero
(Figura 24).
128
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
Lingulata OrbiculoideaORBIGNY, 1847 BRACHIOPODA
Rhynchonellata Derbyina whitiorum CLARKE, 1913
Australocoelia tourteloti BOUCOT;
GILL, 1956
Schuchertella agassizi HARTT, 1874
Australostrophia sp. CASTER, 1939
ARTHROPODA Trilobita Calmonia sp. CLARKE, 1913
ICNOFÓSSEIS Icnofácies Cruziana
? Rosselia isp. DAHMER, 1937
ICNOFÓSSEIS
INDETERMINADOS
? ?
Abundância Relativa dos Fósseis
30%
30%
10%
25%
5%
Braquiópodes Lingulídeos
Braquiópodes Rhynchonellideos
Trilobites
Icnofósseis
Outros
Gráfico 8. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 13.
129
Figura 24. Seção colunar Ponto 13.
130
Estampa 13. Ponto de Parada 13.
131
5.2.13 Ponto de Parada 14 (Seção 14)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização
Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
14
BR-153, km
211,5
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
Tibagi
Devoniano -
?Neo-Emsiano
Coordenadas Geográficas
24°34'45.22"S 50°26'57.67"O
UTM
555755.02mE 7281534.43mS
Descrição
A seção aflorante possui aproximadamente 4 metros de espessura e 250 metros
de comprimento (Estampa 14). Este ponto insere-se na porção mediana da Seção
Colunar Tibagi-Alto do Amparo de Bosetti; Horodyski (2008), situa-se no Membro
Tibagi, correlato a sequência C de Bergamaschi (1999).
Litologia:
A seção estudada inicia com 1,2 m de folhelho síltico, físsil, muito fossilífero,
sobreposto por 1,8 m de siltito grosso, cinza médio e maciço. Capeando a seção
encontra-se 1 m de siltito médio com estraficação plano-paralela (Figura 25).
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
Lingulata OrbiculoideaORBIGNY, 1847 BRACHIOPODA
Rhynchonellata Schuchertella agassizi HARTT, 1874
Australostrophia sp. CASTER, 1939
Cricoconarida Tentaculites sp. VON SCHLOTHEIM,
1820
MOLLUSCA
Bivalvia Janeia sp. KING, 1850
ARTHROPODA Trilobita Calmonia sp. CLARKE, 1913
132
Abundância Relativa dos Fósseis
30%
30%
20%
10%
10%
Braquiópodes Discinídeos
Moluscos Cricoconarídeos
Moluscos Bivalvios
Trilobites
Outros
Gráfico 9. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 14.
133
Figura 25. Seção colunar Ponto 14.
134
Estampa 14. Ponto de Parada 14.
135
5.2.14 Ponto de Parada 15 (Seção 15)
Unidade Litoestratigfica
Ponto
de
Parada
Localização
Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
15
BR-153, km
214
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
Tibagi
Devoniano - ?Neo-
Emsiano
Coordenadas Geográficas
24°35'7,98"S 50°26'16,09"O
UTM
22J 556932,00mE 7280854,74mS
Descrição
A seção aflorante possui aproximadamente 28 m de espessura e 350 m de
comprimento (Estampa 15). Insere-se na porção mediana da Seção Colunar Tibagi-Alto
do Amparo de Bosetti; Horodyski (2008), situa-se no Membro Tibagi, correlato a
sequência C de Bergamaschi (1999).
Litologia:
A porção basal da seção possui cerca de 4,4 m de siltito médio a grosso. Nela
ocorrem camadas decimétricas de arenitos finos portadores de estruturas sedimentar
micro-hummocky (HCS) intercaladas com siltito médio folhelhoso e escuro com grande
abundância do icnogênero Zoophycos isp. e braquiópodes linguliformes e
rhynchonelliformes.
Acima desta seção inicia-se um pacote sedimentar com aproximadamente 4,6 m
de arenito fino com estruturas sedimentar micro-hummocky (HCS) portadores de
camadas descontínuas de concreções ferruginosas.
A partir dos 9 m da seção colunar, insere-se um extenso pacote com 16 m de
siltito fino a médio com lentes centimétricas de arenito fino. No topo da seção encontra-
se uma camada de 1,9 m de argilito, com intercalações de camadas decimétricas de
siltito fino a médio, e presença do braquiópode Australocoelia tourteloti. Capeando a
seção encontra-se 1,1 m de siltito grosso (Figura 26).
136
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
Lingulata OrbiculoideaORBIGNY, 1847 BRACHIOPODA
Rhynchonellata Derbyina whitiorum CLARKE, 1913
Australocoelia tourteloti BOUCOT;
GILL, 1956
Schuchertella agassizi HARTT, 1874
Australostrophia sp. CASTER, 1939
ARTHROPODA Trilobita Homalonotus sp. KONIG, 1825
ICNOFÓSSEIS Icnofácies
Zoophycos
Zoophycos isp. MASSALONGO, 1855
Abundância Relativa dos Fósseis
30%
30%
10%
25%
5%
Braquiópodes Discinídeos
Braquiópodes Rhynchonellideos
Trilobites
Icnofósseis
Outros
Gráfico 10. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 15.
137
Figura 26. Seção Colunar Ponto 15.
138
Estampa 15. Ponto de Parada 15.
139
5.2.15 Ponto de Parada 16 (Seção 16)
Unidade Litoestratigfica
Ponto
de
Parada
Localização
Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
16
BR-153, km
217
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
Tibagi
Devoniano - Eo-
Eifeliano
Coordenadas Geográficas
24°36'34.88"S 50°26'37.73"O
UTM
556305.55mE 7278167.73mS
Descrição
Neste ponto é possível observar a movimentação das camadas da Formação
Ponta Grossa através da intrusão causada pelo dique de diabásio, com direção NW,
durante o Mesozoico, ocasionado pelo soerguimento do Arco de Ponta Grossa. Neste
afloramento, um pacote de arenito do Grupo Itararé encaixa-se entre os diques de
diabásio (Estampa 16; Figura 27). Devido a esta movimentação, optou-se por não
trabalhar com o afloramento da Formação Ponta Grossa ali ocorrente, pois esta teve seu
posicionamento estratigráfico muito afetado, dificultando sua correlação. Mais a frente,
distando cerca de 100 m a frente do dique, encontra-se um afloramento da Formação
Ponta Grossa, sem a interferência de diques.
A seção aflorante apresenta aproximadamente 8 m de espessura e 130 m de
comprimento (Estampa 17). Litoestratigraficamente pertence ao Membro Tibagi,
correlato à sequência C de Bergamaschi (1999). Insere-se na porção final da Seção
Colunar Tibagi-Alto do Amparo de Bosetti; Horodyski (2008).
Litologia:
A porção basal apresenta 2 m de siltito escuro de granulometria média,
folhelhoso, bioturbado e fossilífero. Os 6 m restantes é composto por siltito amarelo-
claro folhelhoso e muito fossilífero (Figura 28).
140
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
Lingulata Lingulídeo indeterminado
OrbiculoideaORBIGNY, 1847
BRACHIOPODA
Rhynchonellata Derbyina whitiorum CLARKE, 1913
Australocoelia tourteloti BOUCOT;
GILL, 1956
Schuchertella agassizi HARTT, 1874
Australostrophia sp. CASTER, 1939
Bivalvia Janeia sp. KING, 1850 MOLLUSCA
Monoplacophora Bucaniella sp. MEEK, 1871
ARTHROPODA Trilobita Calmonia sp. CLARKE, 1913
Abundância Relativa dos Fósseis
40%
20%
10%
10%
10%
10%
Braquiópodes Lingulídeos
Braquiópodes Rhynchonellideos
Moluscos Bivalvios
Moluscos Monoplacophora
Trilobites
Outros
Gráfico 11. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 16.
Figura 27. Diagrama esquemático da movimentação ocasionada pelo dique de diabásio.
141
Estampa 16a. Movimentação ocasionada pelo dique de diabásio.
142
Figura 28. Seção colunar Ponto 16
143
Estampa 16b. Ponto de Parada 16.
144
5.2.16 Ponto de Parada 17 (Seção 17)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
17
BR-153, km
220
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
Membro São
Domingos
Devoniano -
Eifeliano
Coordenadas Geográficas
24°38'2,19"S 50°27'40,35"O
UTM
22J 554533,28mE 7275485,35mS
Descrição
O afloramento possui cerca de 10,5 m de espessura e 20 m de comprimento
(Estampa 17). Litoestratigraficamente pertence ao Membro São Domingos, correlato à
sequência D de Bergamaschi (1999).
Litologia:
O afloramento é composto litologicamente, a partir da base, por 0,50 m de siltito
fino, maciço com coloração cinza claro. Acima se encontra 0,40 m de argilito siltoso
maciço. Sobrepostos a estes ocorrem 0,90 m de siltito fino, maciço de coloração cinza
claro, muito fossilífero e portador de icnofóssil Zoophycos isp., seguido por 0,20 m de
arenito fino, amarelado, contendo estrutura micro-hummocky (HCS). Acima destes
estratos é registrada uma camada de 6,90 m de siltito fino, maciço, de coloração cinza
escuro, muito fossilífero, sendo comum discinídeos do gênero Orbiculoidea sp. e
moluscos bivalves. Ocorrem em meio a este siltito intercalações de camadas de arenitos
finos contendo estruturas micro-hummocky. Capeando a seção ocorrem 2,0 m de arenito
fino aparentemente sem registro fóssil (Figura 29).
145
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
Lingulata OrbiculoideaORBIGNY, 1847 BRACHIOPODA
Rhynchonellata Australospirifer sp. CASTER 1939
MOLLUSCA Bivalvia Janeia sp. KING, 1850
ECHINODERMATTA Stelleroidea Echinasterella STURTZ, 1890
ICNOFÓSSEIS Icnocies
Zoophycos
Zoophycos isp. MASSALONGO, 1855
Abundância Relativa dos Fósseis
30%
5%
10%
5%
25%
25%
Braquiópodes Lingulídeos
Braquiópodes Rhynchonellideos
Moluscos Bivalvios
Equinodermos Stelleroidea
Icnofósseis
Outros
Gráfico 12. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 17.
146
Figura 29. Seção colunar Ponto 17.
147
Estampa 17. Ponto de Parada 17.
148
5.2.17 Ponto de Parada 18 (Seção 18)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
18
BR-153, km
223
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
Membro
São
Domingos
Devoniano -
Eifeliano
Coordenadas Geográficas
24°38'49,11"S 50°27'13,61"O
UTM
22J 555283,08mE 7274049,80mS
Descrição
O afloramento possui 44,75 m de espessura e 150 m de comprimento (Estampa
18). Litoestratigraficamente pertence ao Membro São Domingos, correlato à sequência
D de Bergamaschi (1999).
Litologia:
A seção inicia com uma camada de 1,75 m de arenito médio, amarelado,
micáceo e portador de estrutura micro-hummocky. Acima deste ocorre 1,75 m de arenito
grosso, maciço, com abundância de braquiópodes rhynchonelliformes do gênero
Australospirifer sp. Sobreposto encontra-se mais uma camada de arenito grosso. Acima
encontra-se um pacote de 3 m de siltito fino, maciço. A partir dos 10 m da seção, ocorre
um pacote com 7 m de siltito fino, amarelo claro. Ao nível dos 18 m da seção, ocorre
mais um pacote de 7 m de siltito fino. Na altura dos 27 m da seção, encontra-se uma
camada com 0,20 m de siltito fino, sobreposto por 0,20 m de folhelho argiloso, cinza
escuro. Acima deste, ocorre uma camada de 6 m de siltito fino, maciço. A partir dos 34
m da seção, inicia-se em direção ao topo, uma camada de aproximadamente 10 m de
argilito, apresentando coloração variegada, com estrutura plano-paralela. veis
fossilíferos são observados no meio deste pacote argiloso, com predominância de
braquiópodes lingulídeos e anelídeos escolecodontes. (Figura 30).
149
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
BRACHIOPODA Lingulata Lingulídeo indeterminado
Rhynchonellata Australospirifer sp. CASTER, 1939
ANELLIDA Escolecodonte indeterminado
Abundância Relativa dos Fósseis
25%
50%
25%
Braquiópodes Lingulídeos
Escolecodontes
Braquiópodes Rhynchonellideos
Gráfico 13. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 18.
150
Figura 30. Seção colunar Ponto 18.
151
Estampa 18. Ponto de Parada 18.
152
5.2.18 Ponto de Parada 19 (Seção 19)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
19
BR-153, km
236
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
Membro
São
Domingos
Devoniano -
Eifeliano
Coordenadas Geográficas
24°45'44,75"S 50°28'13,43"O
UTM
22J 553546,85mE 7261259,03mS
Descrição
O afloramento possui 5,5 m de espessura e 105 m de comprimento (Estampa
19). Litoestratigraficamente pertence ao Membro São Domingos, correlato à sequência
D de Bergamaschi (1999).
Litologia:
O afloramento inteiro é composto por 5,5 m de argilito, finamente laminado, de
coloração cinza escuro, moluscos cefalópodes são encontrados na base do afloramento
(Figura 31).
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
MOLLUSCA Cephalopoda ?Ctenoceras sp. NOETLING, 1884
153
Figura 31. Seção colunar Ponto 19.
154
Estampa 19. Ponto de Parada 19.
155
5.2.19 Ponto de Parada 20 (Seção 20)
Unidade Litoestratigráfica
Ponto
de
Parada
Localização
Bacia
Grupo Formação Membro
Idade
Itararé
Carbonífero
Superior
20
BR-153, km
238
Paraná
Paraná
Ponta
Grossa
Membro
São
Domingos
Devoniano -
Eifeliano
Coordenadas Geográficas
24°46'39,76"S 50°27'43,82"O
UTM
22J 554371,24mE 7259561,70mS
Descrição:
O afloramento possui aproximadamente 6 m de espessura e 15 m de
comprimento (Estampa 20). Litoestratigraficamente pertence ao Membro o
Domingos, correlato à sequência E de Bergamaschi (1999).
Litologia:
O afloramento é composto a partir da base por 1 m de siltito argiloso, laminado e
fraturado. Acima deste ocorre uma camada de 1 m de siltito médio que também
apresenta-se laminado e fraturado. Sobrepostos ocorrem 50 cm de arenito grosso,
maciço, conglomerático, com seixos de quartzo e quatzito, cujo diâmetro é sempre
inferior a 1 cm. Acima deste pacote são registrados 50 cm de siltito grosso fraturado.
Capeando toda a seção encontram-se em contato discordante e erosivo os arenitos do
Grupo Itararé. Este arenito de granulometria grosseira possui 3 m de espessura (Figura
32).
156
Conteúdo Fóssil:
FILO CLASSE ESPÉCIE
ICNOFÓSSEIS Icnofósseis indeterminados
DIVISÃO
NEMATOPHYTOPHYTA
Spongiophytaceae
Spongiophyton spp. KRÄUSEL,
1954
ALGAS
INDETERMINADAS
Abundância Relativa dos Fósseis
50%50% Icnofósseis
Fragmentos Vegetais
Gráfico 14. Abundância relativa dos fósseis encontrados no Ponto de Parada 20.
157
Figura 32. Seção colunar Ponto 20.
158
Estampa 20. Ponto de Parada 20.
159
Estampa 21. Fácies da Formação Furnas. (A) Estratificação cruzada planar Unidade I
da Formação Furnas, Ponto de Parada 2; (B) Intercalação de níveis areníticos e
conglomeráticos da Unidade I, Ponto de Parada 2; (C) Arenito da Unidade I da
Formação Furnas, Ponto de Parada 2; (D) Níveis conglomeráticos com seixos e calhaus
Unidade II, Guartelá; (E) Seixos e matacões da Formação Furnas; (F) Estratificação
cruzada planar do Arenito Furnas, Guartelá.
160
Estampa 22. Fósseis da Formação Ponta Grossa. (A) Concentração fossilífera com
valvas de Schuchertella sp. e trilobites desarticulados, Ponto de Parada 13; (B) valva de
Australospirifer sp., Ponto de Parada 13; (C) valvas conjugadas de Australospirifer sp.,
Ponto de Parada 13; (D) valvas conjugadas de Australospirifer sp., Ponto de Parada 13;
161
(E) Australospirifer sp. em aparente posição de vida, Ponto de Parada 13; (F) Valva de
Schuchertella sp., Ponto de Parada 13; (G) Molucos tentaculitídeos com orientação
preferencial, Ponto de Parada 14; (H) Concentração de moluscos bivalves do gênero
Janeia sp., Ponto de Parada 14.
162
Estampa 23. Fósseis da Formação Ponta Grossa. (A) Australocoelia tourteloti, Ponto de
Parada 15; (B) Australocoelia tourteloti, Ponto de Parada 15; (C) Valva de Janeia sp.
(D) Concentração de valvas de moluscos bivalves, Ponto de Parada 16; (E) Tórax de
trilobite homalonotídeo desarticulado, Ponto de Parada 15; (F) Trilobite calmoniídeo,
163
Ponto de Parada 14; (G) Concentração ?Serpulites sp. e Tentaculitídeos; (H)
Orbiculoidea baini e Schuchertella sp. fragmentado na coleta.
164
Estampa 24. Fósseis da Formação Ponta Grossa. (A) Lingulídeo mal preservado em
arenito, Ponto de Parada 7; (B) Lingulídeo mal preservado em arenito, Ponto de Parada
165
7; (C) Valvas de lingulídeos, Ponto de Parada 6; (D) Valvas de lingulídeos, Ponto de
Parada 6; (E) Valvas de lingulídeos, Ponto de Parada 6; (F) Valvas de lingulídeos,
Ponto de Parada 6; (G) Valvas de lingulídeos, Ponto de Parada 6; (H) Valvas de
lingulídeos, Ponto de Parada 6.
166
Estampa 25. Fósseis vegetais e animais. (A) Fragmento de Spongiophyton spp. Ponto de
Parada 9; (B) Fragmentos de vegetais vasculares do topo da Formação Furnas, Ponto de
Parada 4;(C) Lingulídeo; (D) Valva de Australostrophia sp.; (E) Australospirifer sp.
167
Ponto de Parada 17; (F) Australospirifer sp. Ponto de Parada 13; (G) Australospirifer
sp. Ponto de Parada 13; (H) Asteroidea indeterminado, Ponto de Parada 17.
168
Estampa 26. Fósseis da Formação Ponta Grossa. (A) Fragmento de conulariídeo em
169
arenito grosso, Ponto de Parada 7; (B) Australospirifer sp.; (C) Valva de lingulídeo; (D)
Valva de lingulídeo; (E) Trilobite calmoniídeo enrolado, Ponto de Parada 16; (F) Tórax
de trilobite calmoniídeo desarticulado, Ponto de Parada 16; (G) Pigídio de trilobite
calmoniídeo desarticulado, Ponto de Parada 16; (H) Tórax-pigídio de Pennaia pauliana,
Ponto de Parada 9.
170
Estampa 27. Fósseis da Formação Ponta Grossa. (A) Concentração de valvas de
Australocoelia tourteloti e Orbiculoidea baini, Ponto de Parada 13; (B) Concentração
de valvas de Australocoelia tourteloti, Ponto de Parada 5; (C) Icnofóssil ?Rosselia isp.
Ponto de Parada 13; (D) Icnofóssil Zoophycos isp. Ponto de Parada 15; (E) Icnofósseis
indeterminados, Ponto de Parada 10; (F) Icnofósseis indeterminados, Ponto de Parada
16.
171
Estampa 28. Estruturas sedimentares e contato geológico da Formação Ponta Grossa.
(A) Estrutura micro-hummocky, Ponto de Parada 6; (B) Estrutura micro-hummocky,
Ponto de Parada 17; (C) Estrutura micro-hummocky, Ponto de Parada 15; (D) Estrutura
micro-hummocky, Ponto de Parada 15; (E) Estrutura micro-hummocky, Ponto de Parada
172
10; (F) Contato geológico entre a Formação Ponta Grossa e o Grupo Itararé, Ponto de
Parada 10.
173
6 CONCLUSÕES
Com base nos resultados da pesquisa bibliográfica e dos trabalhos de campo
desenvolvidos, conclui-se que:
1. Os municípios de Castro e Tibagi (PR) apresentam substancial potencial
geocientífico (geológico e paleontológico) para o desenvolvimento de roteiros
de campo voltados a aulas práticas e/ou pesquisa básica e aplicada.
2. Tais municípios desenvolvem um turismo ecológico e rural, com a visitação
de trilhas, cachoeiras, dentre outros. Esta dissertação contribui para a efetivação
de um novo segmento de turismo na região, o turismo cienfico direcionado às
geociências;
3. As seções colunares aqui descritas não são definitivas, um vez que estudos estão
sendo efetuados e as mesmas serão completadas com novos dados;
4. O roteiro proposto permite o acompanhamento das sucessões litológicas,
estratigráficas, sedimentológicas e paleobiológicas entre o lapso Ordoviciano
Inferior - Carbonífero Superior na Região dos Campos Gerais do Paraná.
5. O roteiro permite o desenvolvimento da Paleo-Rota em três percursos
alternativos envolvendo um número variado de afloramentos a serem visitados.
6. A definição do roteiro passando por pontos geocienficos relevantes contribui
para o conhecimento e inerente preservação do patrimônio natural numa
perspectiva de gestão do território;
174
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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tectono-sedimentares mesopaleozóicas da Bacia do Paraná, Sul do Brasil. Revista
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Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geologia Sedimentar, USP.
ASSINE, Mário Luiz; PETRI, Setembrino. Sequências e tratos deposicionais no pré-
Carbonífero da Bacia do Paraná, Brasil In: SIMPÓSIO SUL-AMERICANO DO
SILURO DEVONIANO PALEONTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA, 1996. Ponta
Grossa, Anais... Ponta Grossa: Gráfica Planeta, 1996. p. 357-361.
ASSINE, Mário Luiz; PERINOTTO, JoAlexandre de Jesus; ALVARENGA, Carlos
José Souza de. A Formação Iapó: Registro Glacial no Limite Ordoviciano/Siluriano,
Bacia do Paraná, Sul do Brasil In: SIMPÓSIO SUL-AMERICANO DO SILURO
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