98CAPÍTULO 6. OFICINAS DE ROBÓTICA PEDAGÓGICA: APLICAÇÃO E RESULTADOS
que deveriam ser seguidas durante as atividades. Num segundo momento, utilizamos
uma técnica para que todos os participantes se integrassem. Depois, sentados em círcu-
los, discutimos o que era um robô para cada um. A maioria das crianças se referia como
um brinquedo, ou como um agente de desenho animado. Nesse encontro os alunos fo-
ram divididos em grupos. Como nesse ano tínhamos três leptops, então os alunos foram
agrupados em seis,formando três grupos. Esses grupos receberam as seguintes denomina-
ções: Grupo Vermelho, Grupo Azul e Grupo Amarelo. Cada aluno recebeu material para
participar das oficinas. Essa material consistia em um caderno, um crachá, uma pasta,
lápis, apontador e borracha. O material era da cor do grupo que o aluno pertencia. Isso
favoreceu a identificação de qual grupo o aluno pertencia.
Nas três oficinas seguintes, robôs já montados foram apresentados e usados pelas
crianças. Os alunos, a princípio, se mostraram meio receosos. Outros se mostraram
afoitos em responder sobre o que poderia fazer o robô, para que servia. Eram respostas
espontâneas, sem pensar, às vezes, no entanto, a maioria esperava que a monitora desse
a resposta para o questionamento feito. Às vezes parecia um monólogo. As monitoras,
nesse momento, questionavam os alunos sobre as respostas dadas, quais as suas crenças,
o que poderia ser feito, modificado. Os alunos nessa etapa se mostraram meio receosos
em responder aos questionamentos, em dar sua opinião, levantar hipóteses. Neste início,
o processo de montagem era meio individual, revelando que os alunos tinham pouco
contato com trabalho em grupo. Aos poucos, foram sendo introduzidos e utilizados outros
elementos mediadores, tais como os apresentados nas figuras 6.4(a), 6.4(b), 6.4(c), 6.4(d),
6.4(e) e 6.4(f), incentivando o trabalho em grupo.
Quando passamos à parte de construir com a ajuda do manual, observamos que os
conceitos abordados na etapa anterior foi bem assimilado pelos alunos. O interessante é
que o grupo aceitou bem a leitura infográfica exigida pelos manuais. Optamos em fazer
um manual com muitas imagens e indicações de como montar cada parte do protótipo
a ser construído na oficina. Nessa altura, os alunos estavam mais soltos, e o trabalho
começou a adquirir um formato mais coletivo. Os alunos ainda buscavam as respostas
nas monitoras, mas já começavam a trocar entre si, a ouvir o colega mais capaz.
As oficinas que mais exigiram do grupo foram, sem dúvida, as de construção sem
ajuda de um manual. Não na sua elaboração, pois afinal consistia em motivar o grupo a
construir um robô que pudesse executar uma tarefa, mas na transferência do controle da
atividade para os alunos. Essas oficinas foram divididas em duas etapas. Na primeira,
os alunos montavam o robô e o controlavam com a parte de controle do RoboEduc. Na
segunda, além de montar o robô, os alunos deveriam programá-los.
Apesar de já termos "criado" uma ZPD no que se refere à montagem de um robô e aos
conceitos de robótica, os alunos e monitoras se sentiram inseguros durante esse processo.
Foi tirado deles um elemento mediador importante, os manuais. Agora, era pensar sobre o
que fazer e para as monitoras era também novidade, pois poderiam surgir questionamentos
que não eram previsíveis, coisa que não acontecia antes, pois, de antemão, elas já sabiam
como montar e na falta de uma peça, qual outra substituir.
Esses foram momentos de muito colapso cognitivo, primeiro em ajudar os alunos a
se desprenderem dos manuais e criar a partir do que já sabiam e depois, foi ajudá-los
a sair do controle, outro elemento mediador, e a pensar como programar, que exige um