61
zação dos recursos naturais era incipiente e obedecia a um padrão de respeito com
a natureza. Acreditava-se que o homem seria julgado por tudo aquilo que fizesse
contra ela. Esta era uma criação divina e deveria ser respeitada, logo o homem não
a agredia indiscriminadamente e dela retirava só o necessário para o seu sustento.
Ainda assim o homem modificou o seu ambiente a fim de adequá-lo as suas
necessidades. Com isso as agressões de grande porte, começaram especialmente
na fase da Revolução Industrial (SOFIATTI, 2000).
Carvalho (2003, p. 67) defende que:
O dinamismo da civilização industrial introduziu radicais mudanças no Meio
Ambiente físico. Essas transformações implicaram na formação de novos
conceitos sobre o ambiente e o seu uso. A Revolução Industrial, que teve
início no século XVIII, alicerçou-se, até as primeiras décadas do último
século, nos três fatores básicos da produção: a natureza, o capital e o
trabalho. Porém desde meados do século XX um novo, dinâmico e
revolucionário fator foi acrescentado: a tecnologia. Esse elemento novo
provocou um salto, qualitativo e quantitativo, nos fatores resultantes do
processo industrial. Passou-se a gerar bens industriais numa quantidade e
numa brevidade de tempo antes impensáveis. Tal circunstância,
naturalmente, não se deu sem graves prejuízos à sanidade ambiental.
Este relacionamento problemático entre o homem e o meio ambiente,
intensificado a partir das transformações tecnológicas, conforme observado, tem no
antropocentrismo seu principal fundamento. Este pensamento coloca como o sujeito
(homem) em oposição ao objeto (natureza), tratando-os como realidades distintas,
em que ao homem é dado o poder de dominar a natureza.
proteger do frio e intempéries naturais. Tinham uma compreensão mítica da natureza (Odisséia e a
Ilíada de Homero). O mito entra como uma tentativa de explicação da realidade, sendo uma forma de
o homem garantir simbolicamente seu lugar no cosmo. A noção de cosmo e de natureza que aqui
começa a se esboçar é essencial e caracterizará a concepção dos pensadores pré-socráticos. Grécia
Antiga: filósofos da natureza (século 40 a 50 a. C) – primeiros a estudar a natureza e seus processos
naturais. Compartilhavam a visão de que tudo integra a natureza: o ser humano, a sociedade por ele
construída, o mundo exterior e até os deuses. Procuravam, por diversos caminhos, criar uma teoria
capaz de sintetizar os fenômenos e enquadrá-los em categorias estruturadas, sendo seus principais
elementos de pesquisa: a água, o fogo, o ar e a terra. Entre os principias filósofos da natureza
podemos citar: Tales de Mileto (625-558 a. C), Anaximandro (560 a. C), Anaximedes (550-526 a.
C), Herácito, de Éfeso (580-540 a. C).Verifica-se que, permitindo a visão do homem integrado ao
mundo exterior, os filósofos pré-socráticos não se postaram numa atitude de adoração ou
contemplação da natureza (physis), mas de interrogação em busca de seu segredo, embora não
tenham conseguido expurgar os mitos de seus sistemas de pensamento.Sócrates (344 a. C), Platão
(428-348 a/C). E Aristóteles (384-322 a /C.) - conceito de natureza diferente da fase anterior.
Começa a haver uma valorização do homem e das idéias e um certo desprezo pelos elementos
físicos objeto de estudo dos pensadores anteriores (tidos como expressão do pensamento mítico e
não filosófico). Inicia-se o que se passou a chamar de antropocentrismo, de base racionalista, que
começou a determinar de forma diferente a consideração da natureza (SOFIATTI, 2000).