leitora, pois quem assinava as matérias eram jornalistas já conhecidas das leitoras –
permitindo um tom mais autoral às matérias –, uma tipografia bem moderna, muito branco e
muito espaço na diagramação para dar uma idéia de luxo. Enfim, uma série de novidades que
mexeram bastante com o mundo das revistas femininas.
Já a revista Elle, segundo Sulerrot, foi lançada no pós-guerra, em 1945. Sua criadora,
Hélène Fordon-Lazareff, passou alguns anos trabalhando os Estados Unidos na revista
Harper’s Bazzar tendo esta, naturalmente, grande influência na concepção de Elle. A revista
foi pioneira na publicidade em cores e suas páginas procuravam passar um aspecto de luxo. A
tiragem inicial foi de 110 mil exemplares, superando os 300 mil exemplares, três anos depois.
No Brasil, em 1959, foi lançada a revista Manequim pela Editora Abril. Apoiada na
idéia de levar a moda, via moldes, a todo o país, a revista teve uma excelente repercussão e
até hoje ainda circula. Manequim hoje é muito diferente de quando foi criada, mas ainda um
referencial quando o assunto é moda. Mas em
“1961 – para acompanhar não só a vida da mulher, que mudava, mas também a indústria
de eletrodomésticos, que nascia –, surge Claudia. No início, a revista não descola do
modelo tradicional: novelas, artigos sobre moda, receitas, idéias para a decoração e
conselhos de beleza. Aos poucos, porém, começa a publicar seções que vão dando conta
das mudanças na vida da mulher, como consultas jurídicas, saúde, orçamento doméstico e
sexo. Com Claudia nasce também a produção fotográfica de moda, beleza, culinária e
decoração no Brasil. Fotos desse tipo até então (e no começo de vida de Claudia também)
eram todas importadas” (Scalzo, 2004: 34).
Claudia foi um marco na história das revistas no Brasil. Sua concepção, seu
desenvolvimento, sua linguagem, sua estrutura, tudo bastante diferente. Embora nas primeiras
edições ainda tenha se parecido com algo próximo do que se fazia na época, aos poucos foi se
libertando e criando um novo jeito de fazer revistas no Brasil. “Recheada de propagandas,
elaborada com vistas às possibilidades abertas pela urbanização crescente e a expansão das
classes médias, seu público alvo são as mulheres destas classes – capazes de consumir os
produtos anunciados” (Bassanezi, 1996: 37). A partir de Claudia as revistas femininas no
Brasil se modernizaram, além de um caráter constitutivo, ao trazer em suas páginas temas até
então ausentes da grande mídia, como pílulas anticoncepcionais e a questão da liberação
sexual. Carla Bassanezi comenta que “em certos momentos, Jornal das Moças censura as
mulheres frívolas que se importam em demasia com cuidados pessoais. Entretanto, em
Claudia, uma revista que valoriza o consumismo tanto quanto as virtudes morais, este tipo de
censura não aparece: os cuidados com a beleza e a aparência nunca são demais”; apesar da