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comentários sobre as fotografias: Eu sou do interior, era aluno do colegial,
naquela época, eu não tinha formação nenhuma. Vivia-se na ocasião o Estado
Novo, um decreto de Getúlio de 10 de novembro de 1937, que procurava salientar a
importância do Estado, da propriedade privada, da família, da religião, inclusive o
Interventor Federal, Agamenon, era um entusiasta do Estado Novo, tinha formação
de direita, então procurou reviver um pouco os Municípios, este pavilhão era
interessante também. Por exemplo, aqui tem a Usina Santa Terezinha, do grupo
Pessoa de Queiroz. Havia, em Pernambuco, três grandes usinas: a Santa Terezinha,
Catende, e a Central Barreiros, da família de Estácio Coimbra, a mais moderna de
Pernambuco. Estácio foi uma figura a quem o Estado deve, os filhos não tinham o
espírito empreendedor do pai. A Usina Pedrosa, da família de Carlos de Lima
Cavalcante, antecessor de Agamenon, e muito perseguido por ele. A Companhia de
Tecidos de Paulista, grande produtora de tecidos, situada na cidade de Paulista,
era conhecida pelos irmãos Lundgren: Artur, Frederico e Herman, esse vivia no sul,
o Artur vivia aqui e ele tinha função política no tempo de Estácio Coimbra. O Artur
chegou a ser prefeito de Olinda, eles eram muito germanófilos, na época da guerra
foram muito perseguido, porque diziam que eles davam apoio aos nazistas,e depois
Agamenon organizou um campo de concentração em Aldeia, eles eram filhos de
suecos. A T.S.A.P. era situada em plena cidade, na rua Visconde de Suassuna, do
grupo Pessoa de Queiroz. Os Pessoa de Queiroz, eram três irmãos: João, com
tecidos, Francisco, e José, dono do Jornal do Commercio. A fábrica Pilar fabricava
biscoitos e massas, da família turtor, e era localizada dentro do Recife, tenho a
impressão que ficava perto da igreja do Pilar. Esta era a fábrica Cibalena, havia
outros laboratórios como dos Vasconcelos. O que era bom, também os stands dos
estados, este do Pará chamava muita atenção por causa dos produtos que
trouxeram , sobretudo perfumes e comidas, por exemplo a essência patchouli. A
fábrica Matarazzo, na época era o maior grupo industrial do Brasil, agora a
fábrica Beija-Flor é uma fábrica formada por dois italianos, Pedro Renda e Priore,
fazia uma série de biscoitos, cereais, caramelos, ah! eu comia muitos caramelos e
ela concorria com outra fábrica famosa a FrateliVita, era uma fábrica formada por
dois italianos, era famosa por fabricar o guaraná e a água gasosa, a gasosa era de
dois tipos de limão e de maçã; minha mulher falou há poucos dias sobre outro tipos,
mas eu não me lembro. No mesmo ano tinha havido o Congresso Eucarístico
Nacional, ficou famoso porque veio o Cardeal Dom Sebastião Nunes, vieram
também os Príncipes da família Imperial, houve uma serie de cerimônias religiosas
Agamenon aproveitou para fazer um trabalho contra o comunismo; ele era terrível,
ele expulsou muita gente do Estado, era um homem muito duro. Eu fui estudante de
direito em 41, o choque entre a Faculdade de Direito e Agamenon era terrível, ele
não brincava. Na Exposição foram usadas muitas fotografias e painéis, que na
época eram muito pouco usados. Esta foi uma exposição típica para consolidar a
doutrina do Estado Novo, Agamenon queria governar por mais de vinte anos”..
Comprova-se, segundo esse depoimento, que foi empregado um uso maciço de
imagens para convencer a população acerca do crescimento econômico fomentado pelo
regime estadonovista. (Foto-22).
Através da imagem negativa do comunismo, Agamenon conquistava o apoio
político e financeiro das classes dominantes. Com esta adesão dos industriais pernambucanos,
o Interventor implantou a legislação social; os sindicatos foram controlados pela
Interventoria, que em cada um deles colocava pessoas de sua confiança, líderes sindicais que
atuavam em colaboração com a polícia política, por isso qualquer liderança nascente era logo
podada, com a caracterização de comunista. Assim o Governo vigiava os passos dos
trabalhadores, nos sindicatos, e evitava as lutas de classes, exterminando as idéias comunistas