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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
QUÍMICA
REÚSO DE ÁGUA DE EFLUENTES DO TINGIMENTO DA
INDÚSTRIA TÊXTIL UTILIZANDO SISTEMAS DE
MEMBRANAS
TESE DE DOUTORADO
Cristiane Hildebrand
Florianópolis, Novembro de 2010.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
QUÍMICA
REÚSO DE ÁGUA DE EFLUENTES DO TINGIMENTO DA
INDÚSTRIA TÊXTIL UTILIZANDO SISTEMAS DE
MEMBRANAS
CRISTIANE HILDEBRAND
Tese de Doutorado submetida ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química da Universidade
Federal de Santa Catarina - UFSC,
como requisito à obtenção do Grau de
Doutor em Engenharia Química.
FLORIANÓPOLIS, SC - BRASIL
NOVEMBRO DE 2010
Termo
Dedicatória:
A minha mãe, pelo exemplo de vida
dedicação e persistência;
Ao meu pai, meu irmão, minha
cunhada;
E a minha sobrinha.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por todas as oportunidades que
me deu em seguir em frente.
À minha mãe, Maria Susanna, por horas de insistência e
persistência. Ao meu pai, Siegfried, ao meu irmão, Ricardo, e minha
cunhada, Kizzi, pelo apoio e pela moradia. À minha sobrinha, Maria
Clara, princesa da tia.
Às minha amigas, mesmo com a distância sempre estiveram me
apoiando de todas as formas, um grande muito obrigado, Cintia,
Michelle, Soraia, Adriana, Vanessa, Luciane, Michele Messomo,
Katiusca.
Um agradecimento especial às minhas amigas que mais me
aguentaram no laboratório, um sincero muito obrigado à Ana Paula
Faria, Gheise, Fernanda Batista, Fernanda Ferreira, Andressa, Josiane,
Karin e Carolina, que foram além de amigas e a todos que trabalham no
LABSIN e no LABMASSA.
Agradecimento especial para uma grande amiga, o meu mais
sincero agradecimento a Adriana Dervanoski da Luz.
Aos meus orientadores Profa. Selene M. A. Guelli Ulson de
Souza e Prof. Antônio Augusto Ulson de Souza, pelo apoio, aprendizado
e pela grande oportunidade que me deram em trabalhar com um grupo
excelente de amigos e professores.
Aos professores do Curso de Doutorado em Engenharia Química.
Às empresas Coteminas, Buettner, Tapajós e a Brandili, pelo
apoio financeiro e suporte técnico.
Ao CNPq, pelo apoio financeiro.
Um agradecimento ao Edevilson que sempre nos socorre na
secretaria do programa de Pós-Graduação.
É melhor tentar e falhar, que
preocupar-se e ver a vida passar;
É melhor tentar, ainda que em vão,
que sentar-se fazendo nada até o final;
Eu prefiro na chuva caminhar, que em
dias frios em casa me esconder;
Prefiro ser feliz embora louco, que em
conformidade viver.
(Martin Luther King)
RESUMO
O consumo de água e insumos químicos na indústria têxtil é elevado,
especialmente nos processos úmidos como a purga, alvejamento,
tingimento e acabamento. Como a água e a maior parte dos insumos
químicos utilizados não são agregados ao produto, a indústria têxtil é,
consequentemente, uma grande geradora de efluentes aquosos. Com a
legislação e regulamentos cada vez mais restritivos, além dos elevados
custos de captação da água e tratamento dos efluentes aquosos, a
recuperação dos efluentes torna-se uma necessidade. Neste trabalho é
investigado o uso de membranas de ultrafiltração e nanofiltração,
operando em fluxo perpendicular, em escala laboratorial, e com fluxo
tangencial em escala piloto, visando à remoção de contaminantes de
efluentes aquosos da indústria têxtil. Foi utilizada a membrana DK
(Osmonics), de nanofiltração, para avaliação do fluxo permeado e da
redução de cor para diferentes tipos de corantes: reativos, Turquesa
Remazol G, Amarelo Remazol GR; e ácido, Azul Lanaset 2R. Foram
investigados alguns dos parâmetros que influenciam diretamente no
desempenho das unidades de filtração: pH, temperatura e presença de
substâncias químicas auxiliares. Foram avaliadas as concentrações de
sais e corantes nos permeados da ultrafiltração, GK (Osmonics), como
pré-tratamento para o sistema de nanofiltração, verificando-se a redução
da cor durante o processo de pré-tratamento. Diferentes configurações
da unidade piloto foram utilizadas, avaliando-se a remoção de cor e
desempenho do fluxo permeado. Os permeados resultantes das unidades
pilotos foram utilizados em testes de tingimento, para avaliar a possível
reutilização dos efluentes neste processo. Os resultados dos
experimentos mostram que a membrana DK forneceu melhores
resultados em soluções que possuíam pH ácido, apresentando um fluxo
permeado médio de 60 L.m
-2
.h
-1
. Para soluções que continham corante e
substâncias auxiliares, os resultados apresentaram um fluxo permeado
de 20 L.m
-2
.h
-1
, bem como 100% de remoção de cor. O uso do processo
de ultrafiltração demonstrou ser efetivo como pré-tratamento,
apresentando baixa pressão osmótica do sistema e reduzindo
parcialmente os parâmetros de cor, demanda química de oxigênio
(DQO) e sólidos totais. Tanto os resultados obtidos em laboratório,
quanto os experimentos realizados em escala piloto, apresentaram
resultados positivos como uma redução de 99,9% na remoção de cor,
80% na remoção da DQO e 60% na remoção dos sólidos totais. Os
testes de reúso dos efluentes regenerados no processo de tingimento
foram bem sucedidos, atendendo aos parâmetros de qualidade exigidos
no processo industrial.
Palavras chaves: Efluente têxtil, Remoção de cor, Membranas,
Nanofiltração, Ultrafiltração.
ABSTRACT
The consumption of water and chemical inputs in the textile industry is
high, especially in wet processes such as purging, bleaching, dyeing and
finishing. Because water and most chemical inputs used are not added to
the product, the textile industry is therefore a major generator of
aqueous effluents. With the laws and regulations more restrictive than
the high costs of water collection and treatment of aqueous effluent, the
recovery of waste becomes a necessity. This work investigates the use
of ultrafiltration and nanofiltration, operating in perpendicular flow in
laboratory scale and pilot-scale tangential flow, aiming at removing
contaminants from aqueous effluents of textile industry. We used a
membrane DK (Osmonics) nanofiltration for evaluation of the permeate
flux and color reduction for different types of dyes: reactive Remazol
Turquoise G, Remazol Yellow GR, and Acid Blue 2R Lanaset. We
investigated some of the parameters that directly influence the
performance of the filtering units of pH, temperature and presence of
auxiliary chemicals. Concentrations of salts and dyes in the
ultrafiltration permeate, GK (Osmonics) as a pretreatment for
nanofiltration system, verifying the color removal during pretreatment.
Different configurations of the pilot plant were used, assessing whether
the removal of color and performance of the permeate flux. The
permeate resulting from the pilot units were used in the dyeing tests to
assess the possible reuse of effluent in this process. The experimental
results show that the DK membrane provided better results in solutions
that had acid pH, with an average permeate flux of 60 Lm
-2
.h
-1
. For
solutions containing dye and auxiliary substances, the results showed a
permeate flux of 20 Lm
-2
.h
-1
and 100% color removal. The use of
ultrafiltration was effective as pretreatment, with a low osmotic pressure
of the system and partly by reducing the parameters of color, chemical
oxygen demand (COD) and total solids. Both the results obtained in the
laboratory, the experiments are conducted on a pilot scale showed
positive results as a reduction of 99.9% on color removal 80% removal
of COD and 60% removal of total solids. Tests of effluent reclaimed
water reuse in the process of dyeing have been successful, given the
quality parameters required in the manufacturing process.
Key words: Textile effluent, Removal of color, Membranes,
Nanofiltration, Ultrafiltration, Reuse.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................... 29
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................... 33
2.1 NATUREZA DO EFLUENTE TÊXTIL .................................... 33
2.2 TRATAMENTO DE EFLUENTES ........................................... 35
2.3 SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS ......................................... 41
2.4 FENÔMENOS ENVOLVIDOS NOS PROCESSOS DE
SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS ............................................... 42
2.4.1 Polarização de concentração ................................................ 45
2.4.2 “Fouling” ............................................................................ 47
2.4.2.1 Incrustação por deposição ............................................ 47
2.4.2.2 Incrustação por precipitação ......................................... 47
2.4.2.3 Bioincrustações ............................................................ 48
2.5 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DAS MEMBRANAS
DE NANOFILTRAÇÃO PARA O TRATAMENTO DE
EFLUENTES TÊXTEIS ................................................................... 49
2.5.1 Retenção de Corantes pela Nanofiltração ........................... 52
2.5.2 Rejeição de Sal pela Nanofiltração ..................................... 53
2.6 PRÉ-TRATAMENTO ................................................................ 54
2.7 LIMPEZA ................................................................................... 59
3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................... 63
3.1 MATERIAIS ............................................................................... 64
3.1.1 Membranas ......................................................................... 64
3.1.2 Reagentes ............................................................................ 64
3.1.3 Equipamentos e dispositivos utilizados nos experimentos . 65
3.2 ANÁLISES DE CARACTERIZAÇÃO DO EFLUENTE .......... 67
3.2.1 Determinação espectrofotométrica ..................................... 67
3.2.3 Determinação do pH ........................................................... 67
3.2.4 Demanda química de oxigênio ........................................... 67
3.2.5 Determinação de sólidos totais ........................................... 68
3.3 ENSAIOS LABORATORIAIS .................................................. 68
3.3.1 Condicionamento da membrana ......................................... 69
3.3.2 Limpeza das membranas .................................................... 69
3.4 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS .......................................... 70
3.4.1 Influência da temperatura ................................................... 71
3.4.2 Influência do pH ................................................................. 71
3.4.3 Influência de substâncias auxiliares ................................... 72
3.4.4 Testes comparativos para diferentes corantes..................... 72
3.5 AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES
TIPOS DE SAIS SOBRE A MEMBRANA DE
ULTRAFILTRAÇÃO ...................................................................... 72
3.6 CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA DAS UNIDADES
PILOTOS .......................................................................................... 73
3.7 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS SOBRE AS
UNIDADES PILOTOS .................................................................... 75
3.7.1 Avaliação da influência do sal, barrilha e corante sobre o
desempenho das unidades pilotos ................................................. 75
3.7.2 Efluente modelo utilizando corantes reativos ..................... 75
3.7.3 Teste com efluente têxtil real utilizando o processo de
filtração por membranas ............................................................... 76
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................... 79
4.1 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS .......................................... 79
4.2 AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES
TIPOS DE SAIS SOBRE A MEMBRANA DE
ULTRAFILTRAÇÃO EM ESCALA LABORATORIAL ............... 88
4.3 TESTES DAS DIFERENTES CONFIGURAÇÕES DO
SISTEMA DAS UNIDADES PILOTOS ....................................... 100
4.4 TESTES PARA AVALIAÇÃO DE SAIS SOBRE AS
UNIDADES PILOTOS .................................................................. 103
4.5 TINGIMENTO ......................................................................... 114
5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES ................................................... 117
REFERÊNCIAS ................................................................................ 121
ANEXO A .......................................................................................... 131
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Características típicas de águas residuárias provenientes do
processo de tingimento e acabamento de uma indústria têxtil .... 33
Tabela 2 Métodos de aplicação de corantes e a estimativa do grau de
fixação para diferentes fibras. ..................................................... 34
Tabela 3 Processos de tratamento de efluentes e operações unitárias
envolvidas. .................................................................................. 36
Tabela 4 – Possibilidades de Tratamentos............................................. 37
Tabela 5 Eficiência (em %) na remoção de cor e de DQO utilizando
corantes reativos em diversos sistemas de tratamento. ............... 38
Tabela 6 – Resumo das aplicações de sistemas de tratamento combinado
para efluente têxtil. ..................................................................... 40
Tabela 7 Processos de separação por membranas e algumas de suas
aplicações. .................................................................................. 42
Tabela 8 Resumo da aplicação de membranas comerciais de
nanofiltração para o tratamento de efluentes têxteis. .................. 50
Tabela 9 Estratégia de pré-tratamento para o processo de filtração por
membranas .................................................................................. 55
Tabela 10 Parâmetros físico-químicos mais importantes para a análise
de alimentação da membrana. .................................................... 57
Tabela 11 Formas de remoção dos agentes causadores de incrustações
por deposição e precipitação, sobre as membranas .................... 60
Tabela 12 – Características das membranas usadas neste trabalho. ...... 64
Tabela 13 Planejamento experimental para avaliação da influência do
sal e corante, sobre a ultrafiltração ............................................. 73
Tabela 14 – Composição do banho simulado com corante reativo. ...... 76
Tabela 15 Descrição das formulações para o tingimento de algodão
com corantes reativos utilizando o permeado da água de mistura
da Nanofiltração. ........................................................................ 77
Tabela 16 Influência da concentração de cloreto de sódio, nas
temperaturas de 20°C e 45°C, na condutividade do permeado... 82
Tabela 17 Resultado experimental para a remoção relativa de DQO e
cor, para diferentes concentrações de corante e de NaCl, para uma
pressão de 10 kgf.cm
-2
e 20 kgf.cm
-2
. ......................................... 89
Tabela 18 Resultado experimental para o fluxo permeado (L.m
-2
.h
-1
)
para as diferentes concentrações do corante Preto Remazol e de
NaCl, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. ................................ 91
Tabela 19 Resultado experimental para a remoção relativa de DQO,
para diferentes concentrações de corante e de Na
2
SO
4
, para uma
pressão de 10 e 20 kgf.cm
-2
. ....................................................... 92
Tabela 20 Resultado experimental para o parâmetro do fluxo
permeado (L.m
-2
.h
-1
) para as diferentes concentrações do corante
Preto Remazol e de Sulfato de Sódio, sob as pressões de 10 e 20
kgf.cm
-2
. ..................................................................................... 95
Tabela 21 Resultado experimental para a remoção relativa de DQO,
para diferentes concentrações de corante e de Na
2
SiO
3
, para uma
pressão de 10 e 20 kgf.cm
-2
. ....................................................... 96
Tabela 22 Resultado experimental para o fluxo permeado (L.m
-2
.h
-1
)
para as diferentes concentrações do corante Preto Remazol e de
Silicato de Sódio, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. ............. 99
Tabela 23 Caracterização do efluente têxtil de coloração rosa com
diversas configurações do sistema de filtração: DC, RC, RC+C-
V, RC+C-P. .............................................................................. 102
Tabela 24 – Resultados dos efluentes sintéticos com sal, barrilha e
corante sobre a eficiência das membranas de ultrafiltração e
nanofiltração. ............................................................................ 103
Tabela 25 Descrição do comportamento das Unidades Pilotos de
Ultrafiltração e Nanofiltração para o banho sintético do efluente
do corante reativo – Cor Prata. ................................................. 105
Tabela 26 Parâmetros físico-químicos do banho sintético do corante
reativo – cor Prata. ................................................................... 107
Tabela 27 Resultados das amostras no espectrofotômetro para o
tingimento em laboratório do permeado da nanofiltração do
efluente sintético. ..................................................................... 107
Tabela 28 Caracterização do efluente da água de preparação, antes e
após o processo de nanofiltração. ............................................. 109
Tabela 29 Resultados das características do efluente da água de
lavação de tingimento............................................................... 110
Tabela 30 Resultados das características do efluente da água de
tingimento. ............................................................................... 112
Tabela 31 Resultados das características do efluente da água de
mistura. ..................................................................................... 113
Tabela 32 – Análise espectrofotométrica das amostras tingidas com
permeado do efluente industrial. .............................................. 115
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Representação esquemática do fracionamento de uma solução
utilizando permeação seletiva tangencial através de uma
membrana. .................................................................................. 43
Figura 2 Classificação dos Processos de Separação por Membranas.
(MM – massa molar). ................................................................. 44
Figura 3 O fenômeno da polarização de concentração em processos
com membranas. ......................................................................... 46
Figura 4 Queda no fluxo permeado causada pela polarização de
concentração e pela formação de incrustação. ............................ 47
Figura 5 – Substâncias que causam danos às membranas. .................... 57
Figura 6 Fluxograma dos experimentos realizados em laboratório e
nas unidades pilotos. ................................................................... 63
Figura 7 – Fotografia da (a) da unidade experimental utilizada nos
experimentos de bancada, (b) componentes da célula de filtração.
.................................................................................................... 65
Figura 8 – Fotografia da Unidade Piloto (a) parte frontal (b) parte
traseira. (Equipamento adquirido da empresa Membrasep). ...... 66
Figura 9 Estrutura do corante reativo Turquesa Remazol G, massa
molar 996 g.mol
-1
. ...................................................................... 70
Figura 10 Estrutura do corante reativo Amarelo Remazol GR, massa
molar 563 g.mol
-1
. ...................................................................... 71
Figura 11 Estrutura do corante ácido Azul Lanaset 2R, massa molar
472 g.mol
-1
. ................................................................................. 71
Figura 12 – Formula estrutural do corante reativo Preto Remazol B,
massa molar 995 g.mol
-1
. ............................................................ 72
Figura 13 Esquema do processo de filtração por membranas,
descartando o concentrado (DC). 1 tanque de alimentação da
ultrafiltração; 2 – bomba centrifuga; 3 – unidade de ultrafiltração;
4 tanque de permeado da ultrafiltração e de alimentação da
nanofiltração; 5 unidade de nanofiltração; 6 tanque de
permeado da nanofiltração; 7 válvula de controle do
concentrado e de pressão; 8 manômetro do concentrado; 9
manômetro do permeado; 10 tanque de descarte do
concentrado................................................................................. 74
Figura 14 Esquema do processo de filtração por membranas para as
configurações de recirculação do concentrado no tanque de
alimentação (RC), recirculação do concentrado no tanque de
alimentação com reciclo interno na unidade de filtração à pressão
e/ou vazão constante (RC+C-V e/ou RC+C-P). 1 – tanque de
alimentação da ultrafiltração; 2 bomba centrifuga; 3 unidade
de ultrafiltração; 4 tanque de descarte do permeado da
ultrafiltração e alimentação da nanofiltração; 5 unidade de
nanofiltração; 6 tanque de descarte do permeado da
nanofiltração; 7 válvula de controle do concentrado e da
pressão; 8 manômetro do concentrado; 9 manômetro do
permeado. ................................................................................... 74
Figura 15 Comportamento do fluxo permeado perpendicular em
função do tempo, nas temperaturas de 20 e 45°C através da
membrana DK (NF) com uma solução de corante Turquesa
Remazol G, para uma pressão de 20 kgf.cm
-2
. ........................... 80
Figura 16 Comportamento do fluxo permeado perpendicular em
função do tempo, para diferentes pHs, através da membrana DK
com uma solução de corante Turquesa Remazol G, para uma
pressão de 20 kgf.cm
-2
. ............................................................... 81
Figura 17 Comportamento do fluxo permeado perpendicular em
função do tempo, para diferentes concentrações de NaCl através
da membrana DK com uma solução de corante Turquesa
Remazol G, para uma pressão de 20 kgf.cm
-2
, nas temperaturas
de 20 e 45°C. .............................................................................. 83
Figura 18 Comportamento do fluxo permeado perpendicular em
função do tempo, para diferentes concentrações de umectante
através da membrana DK com uma solução de corante Turquesa
Remazol G, para uma pressão de 20 kgf.cm
-2
, nas temperaturas
de 20 e 45°C. .............................................................................. 84
Figura 19 Comportamento do fluxo permeado perpendicular em
função do tempo, para diferentes concentrações de dispersante
através da membrana DK com uma solução de corante Turquesa
Remazol G, para uma pressão de 20 kgf.cm
-2
, nas temperaturas
de 20 e 45°C. .............................................................................. 85
Figura 20 Comportamento do fluxo permeado perpendicular para os
diferentes corantes na membrana DK, a uma temperatura de 20°C
(a) sem substâncias químicas auxiliares, (b) com substâncias
químicas auxiliares. .................................................................... 87
Figura 21 Remoção de cor relativa para o corante Preto Remazol G e
para o NaCl, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. A 0,50 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e 27,50
g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D
2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante
e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal;
G 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H 5,00 g.L
-1
de
corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal. .......................................................................................... 89
Figura 22 Remoção da DQO relativa para o corante Preto Remazol G
e para o NaCl, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. A – 0,50 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e 27,50
g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D
2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante
e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal;
G 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H 5,00 g.L
-1
de
corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal. .......................................................................................... 90
Figura 23 Média do fluxo permeado para diferentes concentrações de
corante Preto Remazol G e NaCl, sob as pressões de 10 e 20
kgf.cm
-2
. A 0,50 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50
g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e
50,00 g.L
-1
de sal; D – 2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E
- 2,75 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de
corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G – 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-
1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal. ................................................. 91
Figura 24 Remoção de cor relativa para o corante Preto Remazol G e
para o Na
2
SO
4
, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. A – 0,50 g.L
-
1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e 27,50
g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D
2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante
e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal;
G 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H 5,00 g.L
-1
de
corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal. .......................................................................................... 93
Figura 25 Remoção da DQO relativa para o corante Preto Remazol G
e para o Na
2
SO
4
, sob as pressões de 10 e 20, kgf.cm
-2
. A 0,50
g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e
27,50 g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal;
D 2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de
corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G – 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00
g.L
-1
de sal. ................................................................................. 94
Figura 26 Média do fluxo permeado para diferentes concentrações de
corante Preto Remazol G e Na
2
SO
4
, sob as pressões de 10 e 20
kgf.cm
-2
. A 0,50 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50
g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e
50,00 g.L
-1
de sal; D – 2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E
- 2,75 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de
corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G – 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-
1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal. ................................................ 95
Figura 27 Remoção de cor relativa para o corante Preto Remazol G e
para o Na
2
SiO
3
, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. A 0,50
g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e
27,50 g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal;
D 2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de
corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G – 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00
g.L
-1
de sal. ................................................................................. 97
Figura 28 Remoção da DQO relativa para o corante Preto Remazol G
e para o Na
2
SiO
3
, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. A 0,50
g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e
27,50 g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal;
D 2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de
corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G – 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00
g.L
-1
de sal. ................................................................................. 98
Figura 29 Média do fluxo permeado para diferentes concentrações de
corante Preto Remazol G e Na
2
SiO
3
, sob as pressões de 10 e 20
kgf.cm
-2
. A 0,50 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50
g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e
50,00 g.L
-1
de sal; D – 2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E
- 2,75 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de
corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G – 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-
1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal. ................................................. 99
Figura 30 Redução relativa dos parâmetros de DQO, cor aparente e
sólidos totais (ST), para as diversas configurações: DC
descartando o concentrado, RC – recirculando o concentrado para
o tanque de alimentação, RC+C-V, recirculando o concentrado
para o tanque de alimentação com reciclo interno a uma vazão
constante, RC+C-P, recirculando o concentrado para o tanque de
alimentação com reciclo interno a uma pressão constante. ...... 101
Figura 31 Redução dos parâmetros: cor relativa, DQO e ST, para os
diferentes testes contendo sal (NaCl), barrilha (Na
2
CO
3
) e
corante. ..................................................................................... 104
Figura 32 – Comportamento das Unidades de Pilotos de filtração
Ultrafiltração e Nanofiltração em relação ao fluxo permeado. UF
P, permeado da ultrafiltração; UF C, concentrado da
ultrafiltração; NF P, permeado da nanofiltração; NF C,
concentrado da nanofiltração. ................................................... 106
Figura 33 Amostra do tingimento das cores vermelha, prata e verde
nos tecidos de algodão. ............................................................. 108
Figura 34 Fluxo permeado (L.m
-2
.h
-1
) da membrana de nanofiltração
para o efluente da água de preparação para uma pressão de 13,36
kgf.cm
-2
. .................................................................................... 110
Figura 35 Fluxo permeado (L.m
-2
.h
-1
) da membrana de nanofiltração
para o efluente da água de lavação de tingimento para uma
pressão de 13,36 kgf.cm
-2
. ........................................................ 111
Figura 36 Fluxo permeado (L.m
-2
.h
-1
) da membrana de nanofiltração
para o efluente da água de tingimento para uma pressão de 13,36
kgf.cm
-2
. .................................................................................... 112
SIMBOLOGIA
DQO Demanda Química de Oxigênio
DBO Demanda Biológica de Oxigênio
ST Sólidos Totais
NF Nanofiltração
UF Ultrafiltração
NaCl Cloreto de sódio
PtCo Platina Cobalto
Na
2
SiO
3
Silicato de sódio
Na
2
CO
3
Carbonato de sódio
DC Descartando concentrado
RC Recirculando o concentrado para o tanque de alimentação
RC+C-V
Recirculando o concentrado para o tanque de alimentação e
com reciclo interno a uma vazão constante
RC+C-P
Recirculando o concentrado para o tanque de alimentação e
com reciclo interno a uma pressão constante
1. INTRODUÇÃO
Os problemas gerados pela contaminação dos recursos naturais,
principalmente os hídricos, têm sido levados em consideração pela
população. A legislação ambiental, os instrumentos de fiscalização e as
implicações econômicas têm sido instrumentos fundamentais da política
ambiental. Empresas químicas situadas em pólos industriais
frequentemente se deparam com problemas na qualidade da água
captada, que limita a capacidade produtiva ou leva a maior gasto com
seu tratamento. O descarte dos efluentes nos cursos de água também traz
crescentes preocupações, tanto do ponto de vista ambiental, pela
emissão de diversos componentes de difícil remoção, como pelas
crescentes sanções econômicas através de taxas impostas pelos órgãos
governamentais responsáveis pelo controle ambiental.
Dentro deste contexto, o setor têxtil apresenta um especial
destaque devido ao seu grande parque industrial instalado, gerando
grandes volumes de efluentes, os quais, quando não corretamente
tratados, podem causar sérios problemas de contaminação ambiental.
Devido à sua própria natureza, os corantes são detectáveis a olho nu,
sendo possível em alguns casos, mesmo em concentrações tão baixas,
quanto 0,1mg.L
-1
. Esta característica apresenta vantagens e
desvantagens, pois uma pequena quantidade lançada em ambientes
aquáticos pode ser facilmente detectada pelo público e autoridades que
controlam assuntos ambientais, mas, no entanto, pode causar uma
acentuada mudança de coloração dos rios, afetando o ecossistema
(ZOLLINGER, 1991).
As características dos efluentes líquidos da indústria têxtil são
muito variadas, dependendo dos insumos químicos (corantes, sais,
ácidos, bases, amaciantes, entre outros) utilizados no processo que, por
sua vez, varia com as estações, quando são criadas as novas coleções,
exigindo ajustes no processo as novas condições de tingimento. Os
efluentes têxteis são de composição complexa, apresentam elevada
alcalinidade (pH12), elevados teores de sais (Cl
-
, SO
4
-
, Si
2
O
3
-2
), cor,
DQO e carbono orgânico total (COT), óleos e graxas, sólidos totais e
dissolvidos.
A poluição de corpos d’água com estes compostos provoca, além
da poluição visual, alterações em ciclos biológicos, afetando
principalmente os processos de fotossíntese. Além deste fato, estudos
têm mostrado que algumas classes de corantes, principalmente
30
azocorantes, e seus subprodutos, podem ser carcinogênicos e/ou
mutagênicos (KUNZ et al., 2002).
Um dos grandes desafios no tratamento do efluente têxtil é a
variedade e a intensidade de cor encontrada no mesmo. Muitos corantes
são recalcitrantes ao processo biológico de tratamento de efluentes,
fazendo com que este tratamento não seja suficiente para a completa
remoção de cor, sendo necessário um tratamento terciário específico
para a sua remoção. O tratamento físico-químico, através de
coagulação/floculação, é muito utilizado pelas indústrias na redução da
cor, mas apresenta a desvantagem do consumo elevado de sulfato ou
cloreto de alumínio, gerando elevada quantidade de lodo seco, cerca de
30 a 40 toneladas por mês em uma indústria de grande porte que trata
200 m
3
.h
-1
de efluente.
Uma tendência mundial é o desenvolvimento de processos que
utilizem com grande eficiência os insumos, maximizem o reúso de água
de processo e minimizem o gasto energético, a emissão de efluentes e a
captação de recursos hídricos. Neste contexto, destaca-se o processo de
separação por membranas para o tratamento do efluente aquoso, visando
o reúso da água na indústria têxtil, especialmente pelo apelo ambiental,
onde neste processo não são adicionados novos produtos químicos.
Os processos de separação por membranas são processos que
demandam pouca energia, pois na separação não mudança de fase ou
regeneração de componentes, além de apresentarem grande
especificidade na separação, seja pelo tamanho molecular ou pelo
comportamento físico-químico dos compostos envolvidos, sendo
incluídos na categoria de processos com tecnologia limpa (FERSI et al.
2005; UZAL et al., 2006).
As membranas podem ser operacionalmente definidas como
barreiras seletivas que separam duas fases fluidas. Desta forma, nos
processos de separação com membranas, uma corrente de alimentação é
separada em duas – concentrado e permeado.
As propriedades das membranas são de fundamental importância
para sua aplicação. Essas propriedades compreendem o fluxo permeado
e a seletividade da membrana a um determinado componente presente
na solução de alimentação.
Normalmente durante o processo de separação, principalmente
em processos que utilizam a pressão como a força motriz, ocorre uma
queda da permeação com o tempo. Esta queda pode ser provocada por
mudanças na morfologia da membrana devido à pressão aplicada, por
polarização de concentração ou pelas incrustações.
31
Enquanto a polarização de concentração é reversível, a sua
ocorrência pode dar origem a outros tipos de fenômenos que também
prejudicam irremediavelmente o desempenho da membrana. A este
fenômeno dá-se o nome de incrustações (fouling), que compreendem,
entre outros processos, a adsorção de moléculas do soluto na superfície
da membrana, o entupimento dos poros da membrana por partículas em
suspensão e o depósito de material em suspensão.
A formação das colmatagens aumenta os custos operacionais,
pois gera uma maior demanda de energia (pelo aumento da pressão de
operação), diminui os intervalos entre as limpezas químicas e reduz
significativamente o tempo de vida útil das membranas. A ocorrência de
colmatagens é, praticamente, inevitável, mas pode ser minimizada pela
escolha dos pré-tratamentos adequados, pelo correto dimensionamento
da planta e pela melhor seleção das condições de operação do sistema de
ultra e nanofiltração.
Os processos de coagulação/floculação, centrifugação,
microfiltração e ultrafiltração estão sendo estudados e utilizados como
pré-tratamento da nanofiltração (BES-PIÁ et al., 2005; LOPES et al.,
2005). Um dos efeitos nocivos para o desempenho dos sistemas de
nanofiltração é a deposição de material solúvel na membrana, levando à
redução do fluxo permeado, sendo o estudo deste fenômeno
imprescindível para poder minimizar as limpezas do sistema.
Na indústria têxtil o uso de processos de membranas para a
regeneração da água de efluentes para reúso é recente, especialmente
pelas características da água de reúso e do destino da mesma dentro do
processo têxtil.
Este trabalho tem como base pesquisas realizadas anteriormente
pelo grupo de pesquisa do laboratório LABSIN/LABMASSA, como de
Juliano (2004) que previamente preparou e caracterizou membranas de
nanofiltração para a prática de reúso do efluente têxtil e de Guelli U.
Souza et al. (2010), que utilizaram um processo combinado, ozonização
e tratamento biológico, para a remoção de cor e de DQO.
O presente trabalho tem como objetivo geral estudar o reúso de
água na tinturaria da indústria têxtil, utilizando o processo de separação
por membranas. Foram avaliadas as variáveis relevantes do processo,
como a remoção de cor e a presença de outras substâncias químicas
como eletrólitos no fluxo permeado. Este estudo visa determinar quais
as melhores condições para a utilização deste processo em escala piloto.
Os principais objetivos específicos do presente trabalho são:
32
Realizar estudo em escala laboratorial para avaliar a
influência dos principais parâmetros do processo,
verificando através da redução de cor e fluxo permeado,
utilizando efluentes têxteis formulados em laboratório;
Analisar as características do permeado (cor, DQO e
condutividade) para verificar a possibilidade de reúso deste
na própria unidade industrial onde o efluente foi gerado;
Determinar a influência de diferentes tipos de corantes e
eletrólitos na relação entre vazão e remoção de cor, tanto
para membrana de ultrafiltração como de nanofiltração;
Configurar as unidades pilotos de filtração através da
avaliação dos parâmetros de remoção de cor, DQO e sólidos
totais;
Reusar as águas regeneradas na etapa de tingimento,
determinando as possibilidades de reúso da água;
Avaliar a ultrafiltração como pré-tratamento ao processo de
nanofiltração, para efluentes da indústria têxtil de diferentes
etapas do processo.
O trabalho está estruturado da seguinte forma: no Capítulo II está
apresentada uma revisão bibliográfica sobre o assunto abordado, no
Capítulo III é apresentada a metodologia empregada no trabalho, no
Capítulo IV são apresentados os resultados e discussão dos mesmos e,
no Capítulo V, as conclusões e sugestões para futuros trabalhos.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo será apresentada a revisão bibliográfica sobre o
assunto abordado, verificando os principais tratamentos atualmente
utilizados, os fenômenos envolvidos no processo de separação por
membranas, as alternativas para o pré-tratamento e o processo de
limpeza da membrana.
2.1 NATUREZA DO EFLUENTE TÊXTIL
No processamento dos substratos têxteis, um gasto elevado de
água, sais minerais e corantes. Como consequência, é gerada uma
grande quantidade de efluentes de composição complexa. Os efluentes
têxteis geralmente contêm diversos tipos de corantes, surfactantes,
solventes e sais, dependendo do processo têxtil aplicado, tais como
lavagem, branqueamento, tingimento, acabamento, etc. (BARREDO-
DAMAS et al., 2006; SUKSAROJ et al., 2005).
A Tabela 1 apresenta as características picas de águas
residuárias provenientes de efluentes do tingimento e do processo de
acabamento, que contém uma variedade de componentes de diferentes
concentrações (MARCUCCI et al., 2003).
Tabela 1 Características típicas de águas residuárias provenientes do
processo de tingimento e acabamento de uma indústria têxtil
Componentes Valor
pH 2-10
Temperatura, °C 30-80
a
DQO, mg.L
-1
50-5000
b
DBO, mg.L
-1
200-300
Sólidos Totais Solúveis, mg.L
-1
50-500
Cor, PtCo >300
a
DQO demanda química de oxigênio;
b
DBO demanda bioquímica
de oxigênio.
Fonte: Modificado de MARCUCCI et al. (2003).
34
Entre os componentes que contribuem para a carga orgânica estão
os surfactantes, que são usados para reduzir a tensão superficial da água
durante o processamento (VANDERIVERE et al., 1998).
Existem várias classes de corantes utilizados durante o
tingimento. O método de aplicação do corante e o grau estimado de
fixação para diferentes combinações de corantes em fibras, podem ser
visualizados na Tabela 2. Atualmente, os corantes reativos são os
corantes mais utilizados, devido ao aumento acentuado na utilização
deste tipo de corantes em fibras celulósicas e a limitação técnica e
econômica dos outros corantes (GATEWOOD e HALL, 1996).
Tabela 2 Métodos de aplicação de corantes e a estimativa do grau de
fixação para diferentes fibras.
Classe Característica Fibra
Grau de
fixação, %
Ácido
Aniônico, solúvel em
água
Poliamida 80-95
Básico
Catiônico, solúvel em
água
Acrílico 95-100
Direto
Aniônico, solúvel em
água
Celulose 70-95
Disperso
Baixa solubilidade
em água
Poliéster 90-100 (0-10)
Reativo
Aniônico, solúvel em
água
Celulose 50-90 (10-50)
Enxofre
Coloidal, insolúvel
em água
Celulose 60-90 (10-40)
Cuba
Coloidal, insolúvel
em água
Celulose 80-95 (5-20)
Fonte: Modificado de AKBARI et al. (2002).
Todas as classes de corante não são biodegradáveis, ocasionando
problemas graves para o meio ambiente. Por isso, é importante a
remoção da cor dos efluentes antes do descarte no meio ambiente, a fim
de minimizar a poluição das águas.
Por outro lado, no processo de tingimento, o sal inorgânico é
adicionado para melhorar a adsorção do corante pelo tecido. O sal
monovalente, cloreto de sódio (NaCl), é o sal inorgânico mais comum e
35
tem sido utilizado amplamente no tingimento. Além do NaCl, sais
bivalentes, como por exemplo, sulfato de sódio (Na
2
SO
4
), são utilizados
como um sal alternativo durante o processo. A maior concentração de
sal no efluente pode ser um grande problema ambiental, devido à
salinização do solo. Portanto, ao submeter as águas residuárias a um
tratamento, não somente o problema ambiental deve ser considerado,
mas também a possibilidade de se recuperar substâncias químicas
reutilizáveis e minimizar o volume de resíduos descartados.
2.2 TRATAMENTO DE EFLUENTES
Os efluentes brutos do processo têxtil necessitam de tratamento,
para se ajustar aos valores máximos permitidos pela legislação para o
descarte dos mesmos em cursos de água. Os tratamentos de efluentes
podem ser divididos em primário, secundário, terciário e avançados.
Os tratamentos primários como a flotação ou sedimentação
removem parte dos sólidos suspensos e matéria orgânica. Porém deixam
no efluente um considerável teor de matéria orgânica e uma alta
demanda bioquímica de oxigênio (DBO).
Os tratamentos secundários têm como função principal a remoção
de sólidos suspensos e matéria orgânica biodegradável, podendo-se
efetuar ainda a desinfecção.
Os tratamentos terciários e avançados envolvem combinações de
operações unitárias e processos para um fim específico. São empregados
com a finalidade de reciclagem da água e ou produtos.
A Tabela 3 apresenta um resumo dos tipos de tratamento de
efluentes.
A escolha do processo, ou a sequência dos processos, depende
das características do efluente, qualidade requerida do efluente final,
custo, disponibilidade de área para o tratamento e tecnologia adequada.
A Tabela 4 apresenta um resumo dos possíveis tratamentos com
suas vantagens e desvantagens.
pesquisas que relatam o desempenho do tratamento de
efluentes têxteis utilizando diferentes processos (SENTHIKUMAR e
MUTHUKUMAR, 2007; MARMAGNE e COSTE, 1996). Efluentes
têxteis geralmente consistem de diferentes tipos de corante, detergentes,
graxa e óleo, metais pesados, sais inorgânicos e fibras em quantidade
dependendo do processo de tingimento (LOPEZ et al., 1999.).
36
Tabela 3 Processos de tratamento de efluentes e operações unitárias
envolvidas.
Tratamento Tipo de Processo
Principais Operações
Unitárias
Primário
Físico
Equalização
Gradeamento
Clarificação/Sedimentação
Flotação
Químico
Neutralização
Coagulação/Sedimentação
Secundário
Biológico
Lodos ativados
Filtros biológicos
Lagoas de estabilização
Físico-químico Adsorção
Terciário
Químico
Coagulação/Precipitação
Ozonização
Cloração
Físico
Clarificação
Ultrafiltração
Avançados Físico
Osmose Inversa
Evaporação
Fonte: PERES e ABRAHÃO (1998).
Os efluentes são geralmente caracterizados pelos parâmetros
globais, como a demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda
química de oxigênio (DQO), carbono orgânico total (COT), pH, cor e
sólidos suspensos (SS).
Atualmente, as indústrias têxteis são equipadas com a sua própria
planta de tratamento de efluente, que geralmente combina um processo
biológico aeróbio e um processo físico-químico. No entanto, a maioria
destes métodos tradicionais foi considerada inadequada devido à grande
variabilidade de composição de efluentes têxteis, que requerem
tratamentos específicos.
A Tabela 5 mostra a eficiência dos sistemas de tratamento para a
descoloração e remoção de DQO que foram empregados nos efluentes
de tingimentos com corantes reativos.
37
Tabela 4 – Possibilidades de Tratamentos.
Processo Vantagens Desvantagens
Biodegradação
Taxas de 90% de
eliminação de
substâncias por
oxidação.
Baixa
biodegradabilidade
de corantes
Custos elevados
Coagulação/Floculação
Eliminação de
corantes solúveis
Produção de lama
Custos elevados
Adsorção por carvão
ativado
Excelente redução
de sólidos suspensos
e substâncias
orgânicas
Custos elevados do
carvão ativado
Bloqueamento de
filtro
Tratamento por ozônio
Excelente
descoloração
Nenhuma redução na
DQO
Custos adicionais
Processo eletroquímico
Capacidade de
adaptação a
diferentes volumes e
cargas poluentes
Lama com grande
quantidade de
hidróxido de ferro
Osmose Inversa
Remoção total de
sais minerais,
corantes reativos
hidrolisados e
auxiliares químicos.
Alta pressão
Nanofiltração
Separação de
compostos
orgânicos de baixa
massa molecular e
íons bivalentes a
sais monovalentes
Custo elevado
Ultrafiltração-
Microfiltração
Menor pressão,
comparativamente à
nanofiltração.
Qualidade
insuficiente no
tratamento de águas
residuárias
Fonte: Adaptação de ALLÈGRE et al. (2006).
38
Tabela 5 Eficiência (em %) na remoção de cor e de DQO utilizando
corantes reativos em diversos sistemas de tratamento.
Corante
Coagulação/floculação Carvão Ativado
a
R
DQO
b
R
COR
a
R
DQO
b
R
COR
Azul Reativo 204 28,5 53,0 70,6 69,0
Azul Reativo 209 31,0 88,8 89,8 78,5
Vermelho Reativo 184 23,4 22,6 69,4 77,6
Azul Reativo 41 60,0 38,3 74,6 57,4
Azul Reativo 49 19,0 35,4 19,2 94,6
Corante
Ozonização MF
a
R
DQO
b
R
COR
a
R
DQO
b
R
COR
Azul Reativo 204 67,3 99,7 2,3 5,2
Azul Reativo 209 45,8 99,0 0,9 4,2
Vermelho Reativo 184 85,2 99,7 0,6 6,7
Azul Reativo 41 44,8 99,5 0,4 7,4
Azul Reativo 49 85,9 99,4 0,5 5,0
Corante
UF NF
a
R
DQO
b
R
COR
a
R
DQO
b
R
COR
Azul Reativo 204 80,0 95,5 89,6 97,9
Azul Reativo 209 76,5 94,0 94,2 97,0
Vermelho Reativo 184 80,9 96,2 89,1 98,3
Azul Reativo 41 76,1 94,0 93,3 97,2
Azul Reativo 49 81,3 92,3 93,8 96,9
a
R
DQO
– redução de DQO;
b
R
COR
– redução de cor.
Fonte: Modificado de MARMAGNE e COSTE, 1996.
De acordo com Marmagne e Coste (1996), o processo de
coagulação e floculação não é adequado para a remoção do corante
reativo formando um floco de má qualidade. Este método de tratamento,
no entanto, era adequado para o tratamento na remoção de corante
disperso e de enxofre. Eles também realizaram os estudos na remoção de
cor dos diferentes tipos de corante utilizando carvão ativado. Os
resultados indicaram uma elevada remoção (maior que 90%) para os
corantes ácidos. Para os corantes reativos, a remoção foi de 50%.
39
Como pode ser visualizado na Tabela 5, o processo de
ozonização mostra uma maior remoção do corante reativo em relação
aos outros tratamentos, independentemente do tipo do corante reativo
usado. É muito eficaz para a oxidação e remoção dos pigmentos, que se
constitui em um dos principais fatores que inviabilizam a reciclagem de
água na indústria têxtil. Esta observação foi semelhante ao trabalho
realizado pelo Selcuk (2005), onde foi possível uma remoção de cor
maior do que 98% utilizando o processo de ozonização, em um pequeno
intervalo tempo de contato com o ozônio. Além disso, para aumentar a
eficiência do sistema de tratamento por ozonização, Tzitzi et al. (1994)
relatam uma melhor eficiência do tratamento combinando
coagulação/precipitação-ozonização em uma única etapa de tratamento.
Guelli U. Souza et al. (2010) descrevem um processo combinado
de ozonização e tratamento biológico para remoção de corante reativo.
No entanto, muitas vezes, o tratamento combinado pode não ser efetivo
na remoção de DQO. Para aumentar a remoção de cor e DQO, é
necessário aumentar a dose de ozônio e de coagulantes para atingir o
objetivo de tratamento. Este procedimento, muitas vezes, ocasiona o
aumento do custo de operação ou até forma subprodutos tóxicos durante
o processo de ozonização (ZHANG et al., 2004).
Tradicionalmente, o tratamento combinado de processos, tais
como lodo ativado e coagulação química, tem sido usado amplamente
no tratamento de efluentes têxteis (VANDERIVERE et al., 1998). Os
processos combinados foram introduzidos no tratamento de efluentes
têxteis para satisfazer à legislação exigida. Atualmente, uma série de
experimentos em escala laboratorial tem demonstrado a viabilidade de
diversas tecnologias de tratamento combinado para a recuperação de
água e de produtos químico dos efluentes têxteis.
O desempenho destes processos de tratamento integrado é
resumido na Tabela 6 e pode oferecer informações importantes para a
indústria têxtil.
As tecnologias de tratamento combinado são promissoras, mas
todas ainda sofrem limitações que requerem mais investigação e
desenvolvimento.
40
Tabela 6 Resumo das aplicações de sistemas de tratamento
combinado para efluente têxtil.
Processos de
Tratamento
1ª Etapa 2ª Etapa Observações
Físico/membrana
(CHOO et al.,
2007)
Coagulação UF* Foi obtida remoção de
partículas coloidais, 97%
da turbidez. Estudo
mostrou que coagulantes
inorgânicos foram mais
eficientes para a remoção
de partículas quando
comparados com
coagulantes poliméricos.
Membrana
(BARREDO-
DAMAS et al.,
2006)
UF* NF** UF é adequada para o pré-
tratamento da OI/NF para
o processo de reutilização
de águas residuárias.
Físico/Membrana
(SUKSAROJ et
al., 2005)
Coagulação
Floculação
NF** A qualidade do permeado
após a
coagulação/floculação
não corresponde à
exigência de reutilização
do setor. No entanto este
método pode funcionar
como pré-tratamento da
NF.
Físico e químico
(LIN e PENG,
1996).
Coagulação
e eletrocoa-
gulação
oxidativa
Troca de
íons
O efluente apresentou
uma redução de cor,
turbidez e DQO.
*UF – ultrafiltração; **NF – nanofiltração; ***MF - microfiltração.
A utilização de combinações de membranas também tem sido
investigada, como mostrado na Tabela 6. Em comparação com os
estudos sobre processo de tratamentos convencionais, a quantidade de
informações na literatura sobre os processos combinados de membranas
é muito limitada. Processos que combinam tratamento convencional e
membrana m sido aplicados para resultar em custos mais baixos do
capital investido e maior produtividade. O principal problema na
41
operação de sistemas de membranas são as incrustações, fouling
coloidal sobre a superfície da membrana, originadas com os efluentes
têxteis, contribuindo para este efeito a presença dos corantes e a carga
orgânica (LAU e ISMAIL, 2009).
2.3 SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS
A técnica de filtração por membranas está sendo aplicada
extensivamente em processos industriais com o objetivo de concentrar,
purificar e melhorar o produto final. Existem quatro tipos básicos de
membranas, cuja utilização varia conforme o tamanho da partícula:
Osmose Inversa, Nanofiltração, Ultrafiltração e Microfiltração
(CROSSLEY, 1998).
Osmose Inversa (OI) é realizada através da aplicação mecânica
de uma pressão superior à pressão osmótica da solução, de modo a
passar a água por uma membrana semipermeável. A técnica é
normalmente utilizada para obtenção de água pura para laboratórios e
processos em plantas dessalinizadoras produtoras de água potável e na
remoção de corantes na indústria têxtil (CROSSLEY, 1998; SANIN,
1997 e COOPER, 1993).
A Tabela 7 apresenta os principais processos de separação por
membranas e suas diversas aplicações.
Nanofiltração (NF) é utilizada na separação de partículas como
pequenos íons e moléculas orgânicas grandes (acima de 300 g.mol
-1
) e
sais polivalentes (CROSSLEY, 1998 e SANIN, 1997). No tratamento de
efluentes têxteis, a nanofiltração é também usada na remoção de
corantes.
Ultrafiltração (UF) é utilizada industrialmente em processos de
purificação e concentração. O processo permite a passagem de
moléculas pequenas e eletrólitos e retém substâncias orgânicas de alta
massa molar (g.mol
-1
) de tamanho de partícula entre 0,05 e 0,15µm
(CROSSLEY, 1998). Na indústria têxtil, a utilização da ultrafiltração
tem sido utilizada na recuperação de gomas.
Microfiltração (MF) é usada na clarificação ou pré-tratamento,
sendo aplicada na remoção da cor aparente, retendo apenas partículas
maiores do que 0,1µm.
A filtração por membranas requer um alto investimento que pode
ser amortizado em um período relativamente curto quando se pretende
recuperar um produto.
42
Tabela 7 Processos de separação por membranas e algumas de suas
aplicações.
Processo
Força
motriz
Material retido
Material que
permeia
Microfiltração
(MF)
0,5 – 2atm
Material em
suspensão,
bactérias.
MM >>
500.000g.mol
-1
Água e sais
dissolvidos
Ultrafiltração
(UF)
1 – 7 atm
Coloides,
macromoléculas.
MM >
5.000g.mol
-1
Água, sais solúveis
de baixa MM,
açúcares
Nanofiltração
(NF)
5 – 25atm
Moléculas de
MM média, entre
500 e 2.000g.mol
-
1
Água, sais e
moléculas de baixa
MM
Osmose Inversa
(OR)
15 – 80atm
Todo material
solúvel ou em
suspensão
Água
Diálise
(D)
Diferenci-
al de
concen-
tração
Moléculas de
MM >
5.000g.mol
-1
Íons e orgânicos de
baixa MM
Eletrodiálise
(ED)
Diferenci-
al de
potencial
elétrico
Macromoléculas
e compostos não
iônicos
Íons
Pervaporação
(PV)
Pressão de
vapor
Líquido menos
permeável
Líquido mais
permeável
MM – Massa Molar. Fonte: Modificado de HABERT et al. (1997).
2.4 FENÔMENOS ENVOLVIDOS NOS PROCESSOS DE
SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS
As membranas podem ser definidas como barreiras seletivas ao
transporte, separando duas fases fluidas. Desta forma, nos processos de
separação com membranas, a corrente de alimentação é separada em
duas: concentrado e permeado, como representado esquematicamente na
Figura 1.
43
Figura 1 Representação esquemática do fracionamento de uma
solução utilizando permeação seletiva tangencial através de uma
membrana.
A separação utilizando membranas pode ocorrer por diferença na
interação dos permeantes com o material que forma a membrana
(mecanismo de sorção-difusão) ou por exclusão devido à diferença de
tamanho entre as partículas ou moléculas. Na primeira situação as
membranas são consideradas densas, ou seja, o transporte dos
permeantes ocorre por processos difusivos através dos espaços
intersticiais (volume livre) do material que forma a membrana. Na
segunda situação as membranas são consideradas porosas e o transporte
ocorre preferencialmente através dos poros, predominando o mecanismo
de transporte convectivo. Desta forma, a aplicação de determinada
membrana depende basicamente de sua morfologia e do material que a
constitui (BORGES et al., 1997).
Os processos de separação por membranas que utilizam gradiente
de pressão como força motriz são classificados de acordo com o
tamanho das partículas ou moléculas a serem separadas, como pode ser
visualizado na Figura 2. Quanto menor o tamanho destas espécies,
menor deve ser o tamanho de poro da membrana e, consequentemente,
maior deve ser a diferença de pressão aplicada (BORGES et al., 1997).
44
Figura 2Classificação dos Processos de Separação por Membranas.
(MM – massa molar).
Fonte: BORGES et al.(1997).
A separação por membranas pode ser avaliada em termos de
rejeição, fluxo permeado e recuperação de água. A caracterização das
membranas quanto ao fluxo permeado é dada através da seguinte
relação, apresentada na Equação (1) (MULDER, 1987):
(
)
∆πPLJ
p
=
(1)
onde J é o fluxo permeado (L.m
-2
.h
-1
), L
p
é a permeabilidade do
solvente, P é a diferença de pressão entre os dois lados da membrana e
π é a diferença de pressão osmótica entre os dois lados da membrana.
A seletividade das membranas de separação pode ser avaliada
através da rejeição ao soluto R(%) apresentada na Equação (2), dada
por:
(
)
O p
O
C C
R (%) 100
C
x
=
(2)
onde C
o
e C
p
representam a concentração do soluto na alimentação e no
permeado, respectivamente.
45
A recuperação é definida como a razão entre as vazões de
permeado e da alimentação, expressa em termos de percentagem, de
acordo com a Equação (3). Ela é utilizada para descrever a eficiência de
operação de um sistema e está relacionada ao potencial de formação de
incrustações.
P
A
Q
Recuperação (%) 100
Q
x=
(3)
onde Q
P
é a vazão de permeado e Q
A
é a vazão da alimentação.
Quanto mais alta a recuperação, mais alta será a concentração dos
solutos rejeitados pela membrana na corrente do concentrado,
aumentando o potencial para a formação de colmatagens. Quando não
existem meios para se modificar a solubilidade dos sais, como o uso de
produtos que evitem as incrustações ou adição de ácidos, haverá um
limite de recuperação para a planta de filtração.
A permeação seletiva da água pela membrana leva a um aumento
da concentração dos solutos rejeitados próximo a sua superfície, sendo
gerado um gradiente de concentração, que atua para que haja a difusão
desses solutos de volta para o seio da alimentação. Esse fenômeno é
chamado de polarização de concentração.
2.4.1 Polarização de concentração
A polarização de concentração é um fenômeno inerente a todo
processo de separação por membranas. Toda vez que os componentes de
uma solução permeiam seletivamente através de uma membrana, ocorre
um aumento de concentração do soluto com menor permeabilidade na
interface membrana/solução.
Na condição de regime permanente, o arraste por convecção dos
solutos em direção à superfície da membrana é igual ao fluxo difusivo
destes para o seio da solução. Entre as principais consequências do
aumento de concentração dos solutos próximo à superfície da membrana
está o aumento da pressão da solução nesta região, o que diminui a força
motriz e o fluxo do solvente. A maior concentração de soluto também
favorece seu transporte através da membrana, contribuindo para redução
da seletividade do processo. Este fenômeno é ilustrado
esquematicamente na Figura 3.
46
Figura 3 O fenômeno da polarização de concentração em processos
com membranas.
Fonte: VARGAS (2006).
Os possíveis efeitos negativos da polarização por concentração
são:
Decréscimo do fluxo permeado devido ao aumento da
pressão na superfície da membrana;
Aumento da passagem de soluto através da membrana;
Precipitação de soluto se a concentração exceder o limite de
solubilidade do sal;
Favorecimento de incrustações por deposição.
Embora a polarização de concentração seja reversível, a sua
ocorrência pode dar origem a outros tipos de fenômenos que prejudicam
irremediavelmente o desempenho da membrana, como Incrustações por
deposição, precipitação e bioincrustações.
Em um sistema de filtração por membranas, é comum observar
uma queda contínua no fluxo permeado, indicando que outros
fenômenos, além da polarização de concentração, devem estar presentes.
Em alguns casos, o fluxo permeado fica tão reduzido que inviabiliza a
operação. A variação continuada do fluxo permeado com o tempo é
atribuída a possíveis alterações na membrana, provocadas pelas espécies
presentes na solução processada. Essas alterações, em geral, são
relacionadas à formação de incrustação na superfície da membrana
(fouling). A Figura 4 ilustra a redução do fluxo permeado provocada
pela polarização de concentração e pela formação de incrustação na
membrana.
47
Figura 4 – Queda no fluxo permeado causada pela polarização de
concentração e pela formação de incrustação.
Fonte: VARGAS (2006).
2.4.2 “Fouling”
Os principais problemas operacionais dos processos de separação
por membranas são causados por vários tipos de incrustação, que
incluem: incrustação por deposição, por precipitação e bioincrustações.
A formação das colmatagens aumenta os custos operacionais, pois gera
uma maior demanda de energia (pelo aumento da pressão de operação),
diminui os intervalos entre as limpezas químicas e reduz
significativamente o tempo de vida útil das membranas (SEIDEL e
ELIMELECH, 2002).
2.4.2.1 Incrustação por deposição
Habert et al. (2005) relatam que pode ocorrer deposição de
materiais sólidos suspensos, gradativamente sobre a superfície da
membrana, tais como: coloides, materiais orgânicos, produtos de
corrosão, hidróxido de ferro, algas e materiais particulados finos. Estes
sólidos podem causar entupimento nos módulos de alimentação das
membranas, sendo que muitos destes materiais podem ser extremamente
difíceis de remover podendo levar a colmatações irreversíveis,
conduzindo à perda do desempenho do sistema de filtração por
membrana pela diminuição do fluxo e da rejeição.
2.4.2.2 Incrustação por precipitação
Segundo Vrouwenvelder et al. (2003), a incrustação por
precipitação decorre da precipitação de compostos solúveis presentes na
48
alimentação, quando estes atingem o limite de solubilidade. Como o
permeado consiste de água com baixa concentração de sal, a
concentração de íons na alimentação aumenta. Devido à polarização de
concentração, este efeito se intensifica próximo à superfície da
membrana, podendo atingir o limite de solubilidade dos sais ou
moléculas solúveis e ocorrer a precipitação. Os sais mais comuns de
precipitar, em ordem de importância, são: carbonato de cálcio, sulfato de
cálcio, complexos de sílica, sulfato de bário, sulfato de estrôncio e
fosfato de cálcio.
2.4.2.3 Bioincrustações
As bioincrustações ocorrem devido ao acúmulo de material
orgânico na superfície da membrana que resulta na formação de
biofilmes (BAKER e DUDLEY, 1998). No caso de processos como
osmose inversa e nanofiltração, a formação de biofilme aumenta a
resistência ao transporte, reduzindo o fluxo permeado ou levando à
necessidade de maior consumo de energia pelo aumento da pressão de
operação.
Biofilmes são sistemas muito complexos que consistem em
células microbianas e colônias introduzidas em um gel de um
polissacarídeo cuja estrutura e composição são funções da idade do
biofilme e das condições ambientais (CAMMAROTA, 1998). Eles
podem ser formados por vários tipos de organismos, incluindo os
patogênicos (NIVENS et al., 1995). Algumas bactérias, como
Pseudomonas, Enterobacter, Flavobacterium, Alcaligenes,
Staphylococcus e Bacillus, possuem uma forte tendência a formar
biofilmes (POULSEN, 1999).
A formação do biofilme é iniciada pela adesão de
microrganismos à superfície da membrana, que passa a ser uma
superfície condicionada. Ao término do processo de adesão, as células
começam a crescer pela conversão de matéria orgânica e outros
nutrientes em materiais extracelulares, gerando, por fim, o biofilme.
As substâncias poliméricas extracelulares são misturas de
polissacarídeos, proteínas, ácidos nucleicos, lipídeos e outros compostos
poliméricos que são encontrados entre as células, os quais são
responsáveis pela estrutura e integridade funcional, pois possuem uma
estabilidade mecânica e alta densidade de fragmentos celulares
(POULSEN, 1999).
49
Mattila-Sandholm e Wirtanen (1992) relatam que a estrutura
destes biofilmes depende de alguns fatores, como: composição e
rugosidade do suporte; composição e concentração do substrato;
mudanças no ambiente (luminosidade, temperatura, pH e concentração
de oxigênio); colonização inicial (adesão e desprendimento); interação
entre os microrganismos e condições hidrodinâmicas.
Outros parâmetros também podem afetar o desenvolvimento do
biofilme, tais como, disponibilidade de nutrientes; temperatura;
velocidade e turbulência. O número de Reynolds, ou seja, a velocidade
tangencial de escoamento introduz forças de cisalhamento e pode afetar
o crescimento do biofilme; uma força de cisalhamento elevada pode
aumentar o arraste parcial do biofilme, além de afetar sua morfologia e a
densidade (COSTA, 2006).
2.5 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DAS MEMBRANAS DE
NANOFILTRAÇÃO PARA O TRATAMENTO DE EFLUENTES
TÊXTEIS
Na literatura, uma série de estudos sobre os efeitos das
diferentes condições de operação de efluentes têxteis no desempenho da
nanofiltração. Estudo em escala laboratorial e piloto indicam um grande
potencial do uso da nanofiltração para a reutilização de água e produtos
químicos dos efluentes têxteis. A Tabela 8 resume a aplicação de
membranas poliméricas comercialmente disponíveis de nanofiltração
para o uso de tratamento de efluentes têxteis. Observa-se na Tabela 8
que algumas das membranas comerciais alcançaram a remoção máxima
de sais e corante, enquanto outras obtiveram maiores fluxos.
50
Tabela 8 Resumo da aplicação de membranas comerciais de
nanofiltração para o tratamento de efluentes têxteis.
Membrana
(empresa)
Configuração
(material
polimérico)
MWCO
a
Condições de
processo
Avalia
ção
MPS 31
(Weizmann)
(LOPES et
al., 2005)
Espiral
(NA)
b
NA
b
Concentração de
corante entre 400-
500 mg.L
-1
, a
60°C e uma
pressão de
operação de 25
bars. Foram
adicionados sais
nas soluções nas
seguintes
concentrações:
NaCl (10g.L
-1
),
CaCl
2
(10g.L
-1
) e
Na
2
SO
4
(15g.L
-1
).
P
m
=
66,25
Lm
-2
h
-1
R
corante
=
94,9%
NF45
(Dow/film
tec)
(LOPES et
al., 2005)
Espiral
(poliamida)
200 Mesma condição
anterior
P
m
=
39,2
Lm
-2
h
-1
R
corante
= 92%
DK 1073
(Osmonics)
(LOPES et
al., 2005)
Espiral
(poliamida)
300 Mesma condição
anterior
P
m
=
60,25
Lm
-2
h
-1
R
corante
=
94,5%
ATF 50
(Membrane
Technology)
(CHEN et
al., 1997)
Espiral
(película fina de
piperazineamida
com polisulfona).
340 Foram avaliados
dois tipos de
efluente industrial,
com diferentes
DQO e pH para
diferentes
pressões.e
temperatura.
R
DQO
=
95%
para
pH
10,2
R
DQO
=
80,9%
para
pH 5,5
51
Tabela 8 Resumo da aplicação de membranas comerciais de
nanofiltração para o tratamento de efluentes têxteis (Continuação)
Membrana
(empresa)
Configuração
(material
polimérico)
MWCO
a
Condições de
processo
Avalia
ção
DK 2540
(Osmonics)
(BES-PIA et
al., 2005)
Espiral
(NA)
b
NA
b
Efluente
industrial com
DQO de 1576g.L
-
1
,
P
m
=
60L.m
-
2
h
-1
R
sal
=
60-80%
NTR 7450
(Nitto-Denko)
(VAN DER
BRUGGEN et
al., 2001)
Plana
(poliéter
sulfonada)
600-800 Solução sintética
de banho de
tingimento
contendo Laranja
reativo 16
(RO16) ou Azul
reativo 2 (RB2),
Na
2
SO
4
,
surfactante-
EDTA, Na
2
SiO
3
e
NaOH.
P
m
=
64Lm
-
2
h
-1
R
corante
=
92,1%
R
sal
=
60-80%
para
pressão
de
operaçã
o de 20
bar
UTC 20
(Toray Ind.)
(VAN DER
BRUGGEN et
al., 2001)
Plana
(poliamida)
180 Os corantes
RO16 e RB2
foram estudados
com NaOH,
Na
2
SO
3
, EDTA,
Na
2
SO
4
.
R
corante,
RO16
=
99%
R
corante,
RB2
= >
99,3%
TFC-SR2
(Fluid
System)
(TANG e
CHEN, 2002)
Plana (Película
fina de
polisulfona)
200-400 Foram utilizados
corante Preto
Reativo 5 e NaCl
em um efluente
sintético.
P
m
=
45,05
Lm
-2
h
-1
R
corante
=
97,71%
a
MWCO massa molar de corte;
b
NA não disponível; P
m
permeabilidade; R
corante
– redução de cor média (%).
52
2.5.1 Retenção de Corantes pela Nanofiltração
Lopes et al. (2005) relatam que as membranas de nanofiltração
como NF 45 e DK 1073 apresentaram um bom desempenho em termos
de retenção de cor. A rejeição máxima de cor alcança 99,2% e 99,8%,
respectivamente, com uma concentração de corante inicial de 450-500
mg.L
-1
. Com relação ao desempenho da MPS 31, os resultados de
retenção de cor variaram entre 90,1-97,3%. No entanto, em média, o
percentual de rejeição de cor da MPS 31 foi ligeiramente superior a NF
45 e DK 1073, conforme pode ser visualizado na Tabela 8. Isto pode ser
devido à sua menor massa molecular de corte (MWCO). Por outro lado,
Sungpet et al. (2004) atribuem a rejeição de corante para a segunda
camada formada pelo corante retido na superfície da membrana, pois a
membrana MPF 36 (MWCO 1000), tendo MWCO maior do que MPF
34 (MWCO 200), apresentou uma maior remoção de corante, na
presença de um corante reativo e cloreto de sódio. Desta forma
concluíram que as camadas secundárias formadas pelo corante podiam
ser aplicadas através do efeito Donnan, responsável pela remoção de
corante em vez de MWCO da membrana. A camada de incrustações
ocorreu devido à absorção do corante sobre a membrana, resultando em
um aumento da rejeição do corante.
Tang e Chen (2002) estudaram a retenção de corante utilizando a
membrana TFC-SR2. Os autores concluíram que houve um aumento da
concentração de corante Preto Reativo 4 gradualmente a partir de 92ppm
para 1.583ppm, a rejeição de cor manteve-se constante a uma pressão de
alimentação de 5 bar. Isso indica que a rejeição do corante é
independente da concentração de corante. Isto também foi verificado por
Akbari et al. (2002) e Van der Bruggen et al. (2001). Segundo Akbari et
al. (2002), a rejeição de cor apenas diminui ligeiramente com o aumento
da concentração de 2.000ppm para 6.000ppm, para uma pressão de
alimentação de 10 bar. Neste caso, eles concluíram que a transferência
de massa das moléculas de corante ao longo da membrana era suficiente
para evitar o acúmulo de polarização de concentração de corante na
superfície da membrana. No entanto, as moléculas de corante foram
capazes de induzir a cor na superfície da membrana, o que resultou em
fouling (VAN DER BRUGGEN et al., 2005).
Além do estudo sobre o efeito da concentração de corante na
remoção da cor, Koyuncu (2002) realizou um estudo para investigar o
efeito da concentração salina sobre a rejeição de corante, utilizando a
membrana DS5 DK. O autor relata que a menor remoção de cor foi
observada com o aumento da concentração de NaCl. Resultados
53
semelhantes também foram relados por Tang e Chen (2002). Ao
aumentar a concentração de sal, o efeito Donnan se torna menos eficaz
nas membranas carregadas negativamente. Este seria para promover a
penetração das moléculas de corante através da membrana e retenção do
corante. No entanto, no trabalho de Jiraratananon et al. (2000), foi
relatado que a rejeição de corante permanece inalterada em três
diferentes membranas de nanofiltração (ES20, NTR-729HF e LES90) na
presença de NaCl, o que indica que houve uma retenção do corante
vermelho reativo (BeneFIX), dominado principalmente pelo efeito
estérico, em vez do efeito Donnan. Isso é devido ao tamanho do raio dos
poros destas membranas, que é tipicamente menor do que o raio do
corante hidrolisado.
Outras observações foram relatadas por Chakraborty et al. (2003)
sobre a retenção de corante utilizando uma membrana de nanofiltração
orgânica com MWCO 400. Os autores atribuíram a diminuição da
retenção de corante após certo período de estudo ao acúmulo de
partículas do soluto sobre a membrana, ocasionando a polarização,
aumentando a permeação de solutos por convecção através da
membrana.
Além desses efeitos, mais estudos sobre a remoção de cor foram
realizados utilizando a membrana de nanofiltração (AKBARI et al.,
2002; MO et al., 2008; FERSI et al., 2005; QIN et al., 2007). As
pesquisas relatam que a eficiência da remoção de cor também depende
de uma série de outros fatores como a caracterização das águas
residuárias, as massas moleculares dos corantes utilizados, as condições
hidráulicas, fator de redução de volume, temperatura, pH, pressão, etc.
2.5.2 Rejeição de Sal pela Nanofiltração
Os sais mais utilizados pela indústria têxtil são o cloreto de sódio
(NaCl) e sulfato de sódio (Na
2
SO
4
), os quais são utilizados como
agentes eletrolíticos e retardantes durante o processo de tingimento. A
quantidade de sal necessária depende das necessidades de cada processo.
Para determinar o transporte de sal através de uma membrana é
comumente utilizada a Equação 4:
τ
ACK
Q
s
s
)(
= (4)
54
onde
s
Q é o taxa mássica de sal que passa através da membrana,
s
K é o
coeficiente de permeabilidade da membrana para o sal, C
é a
diferença de concentração de sal transmembrana entre os dois lados da
membrana,
A
é a área da superfície da membrana e
τ
é a espessura da
membrana. A passagem do sal através da membrana é proporcional à
diferença de concentração de sal, mas independente da pressão.
Tang e Chen (2002) relatam que a diminuição na rejeição de sal
ocorre com o aumento da concentração de sal. Sais inorgânicos, como o
NaCl, podem ser completamente ionizados em Na
+
e Cl
-
em ácido ou
água pura. Como o aumento da concentração de sal, aumenta a
concentração de Na
+
e, com base no princípio do efeito de Donnan, a
força repulsiva da carga negativa da membrana diminui com o aumento
da concentração de eletrólito. A baixa força repulsiva significa uma
menor resistência à passagem dos ânions Cl
-
através da membrana e,
portanto, a rejeição de sal é reduzida.
Além disso, a maior concentração de sal pode levar a uma
acumulação da polarização de concentração na superfície da membrana,
resultando em menor fluxo e separação. Shu et al. (2005) atribuíram a
redução da rejeição de NaCl ao aumento da concentração de NaCl no
sentido de proteção. O efeito indesejável de polarização de
concentração, no entanto, pode ser minimizado através da manutenção
de um alto de fluxo da fase líquida ao longo da membrana e da aplicação
de promotores de turbulência (espaçadores) entre as membranas
(BITTER, 1991).
Uma superfície neutra da membrana apresenta uma rejeição
menor de sal, quando comparada com uma membrana com carga, para
um determinado tamanho de poros. O mecanismo de rejeição de sal é
principalmente baseado no efeito estérico da superfície neutra da
membrana. A exclusão de Donnan, no entanto, desempenha um papel
importante na retenção de sal em membranas carregadas negativamente.
2.6 PRÉ-TRATAMENTO
A escolha adequada do pré-tratamento dependerá das
características intrínsecas de cada caso em particular. A etapa de
caracterização da corrente aquosa é fundamental para a seleção do
processo de pré-tratamento mais adequado a ser utilizado. Segundo
Wend et al. (2003), o pré-tratamento é de suma importância para a
manutenção da eficiência e desempenho das membranas e, em muitos
55
casos, determina o comportamento da planta industrial. dois fatores
que devem ser considerados na escolha do pré-tratamento:
Se a membrana e a corrente de alimentação não forem
compatíveis, o desempenho da membrana será aquém do
esperado;
Muitos sistemas com membranas têm uma quantidade
substancial de sólidos suspensos e/ou íons e particulados que
podem precipitar na superfície da membrana durante o
processo de permeação. O principal objetivo do pré-
tratamento é fazer com que a corrente de alimentação não
contenha quantidades significativas de sólidos suspensos ou
espécies que possam precipitar na superfície da membrana.
Assim três regras que devem ser seguidas para que a planta
industrial tenha um bom desempenho: remoção dos sólidos suspensos;
remoção dos oxidantes e prevenção das precipitações na superfície das
membranas.
Algumas estratégias de pré-tratamento estão sugeridas na Tabela
9.
Tabela 9 Estratégia de pré-tratamento para o processo de filtração por
membranas
Estratégia Ações
Aumento da solubilidade Controle de pH, temperatura de
complexantes
Retardo da precipitação Uso de anti-incrustantes
Remoção dos íons de baixa
solubilidade
Abrandadores
Remoção de sólidos suspensos Filtros, centrífugas/decantadores,
precipitação, sedimentação, floculação
Remoção de solventes orgânicos Destilação
Controle de microrganismos Pasteurização, esterilização e
tratamento químico
Remoção de sólidos orgânicos
dissolvidos
Nanofiltração e Ultrafiltração
(remoção de ácidos húmicos ou fase
orgânica emulsionada)
Fonte: WEND et al. (2003).
56
Os materiais que podem depositar na superfície das membranas
de filtração são vastos, sendo compostos por partículas inorgânicas
(óxidos metálicos, coloides, etc.), matéria orgânica, e bactérias, fungos,
algas e protozoários. A quantidade e extensão das colmatagens são
fortemente relacionadas com a qualidade da alimentação (WEND et al.,
2003).
O mecanismo de incrustação de proliferação dos microrganismos
nos biofilmes nas superfícies da membrana é a combinação destes
efeitos mais comuns os quais são responsáveis pela queda na eficiência
das membranas. Em contrapartida, o controle pode ser feito por:
Tratamento físico e/ou químico para remoção ou
estabilização de particulados e/ou íons;
Aumento da periodicidade nas limpezas das membranas;
Desenvolvimento de membranas com menor potencial de
colmatação através da modificação das propriedades físico-
químicas de sua superfície;
Aplicação de biocidas.
uma variedade de possíveis pré-tratamentos para o processo
de filtração por membranas, porém nenhum deles irá eliminar
completamente as incrustações nas membranas.
Considerando-se estes aspectos, a análise físico-química da
alimentação torna-se importante, principalmente no que se refere à
análise dos tipos de ânions e de cátions presentes, uma vez que, a partir
destas análises, é possível predizer o potencial de ocorrência de
incrustação por precipitação. Na Tabela 10 estão apresentados os
parâmetros físico-químicos mais importantes que devem ser
considerados na análise da alimentação da membrana.
Uma vez que as propriedades da alimentação são conhecidas, é
possível escolher os métodos de pré-tratamento mais adequados, a fim
de que os fenômenos de colmatagens sejam minimizados no decorrer da
operação dos processos de separação por membranas.
Um pré-tratamento pode ser necessário quando a alimentação
contém substâncias que afetam a integridade física da membrana, tais
como ácidos, bases, cloro livre, bactérias e oxigênio livre. A Figura 5
destaca as substâncias que geram problemas nos processos de separação
por membranas por alteração das propriedades seletivas das membranas.
57
Tabela 10Parâmetros físico-químicos mais importantes para a análise
de alimentação da membrana.
Temperaturas máxima e mínima (ºC)
pH Condutividade (µS.cm
-
1
)
Concentração de íons (mg.L
-
1
):
Cátion Ânion
Na
+
Cl
-
K
+
SO
4
2
-
Ca
2+
NO
3
-
Mg
2+
PO
4
3
-
NH
4
+
HCO
3
-
Fe
2+
F
-
Mn
4+
CO
3
2
-
Sr
2+
SiO
2
(mg.L
-
1
) CO
2
livre (mg.L
-
1
L)
O
2
livre (mg.L
-
1
) Cloro livre (mg.L
-
1
L)
Sólidos totais dissolvidos (mg.L
-
1
)
Fonte: Rautenbach e Albrecht, (1989).
Figura 5 – Substâncias que causam danos às membranas.
Fonte: Adaptada de Rautenbach e Albrecht (1989),
58
No entanto, por melhor que seja o pré-tratamento, ao longo da
operação haverá um decaimento no fluxo permeado fazendo-se
necessária a realização de limpezas químicas para a recuperação do
fluxo permeado.
Considerações
Desde os primeiros relatos do uso de pré-tratamento para a
redução de incrustações e o aumento do tempo útil das membranas,
vários estudos com tratamentos físico-químicos e utilização das próprias
membranas como pré-tratamento.
Fabris et al. (2007) relatam em seus estudos uma combinação de
pré-tratamento com a finalidade de reduzir o material orgânico natural
da microfiltração de escala laboratorial, sendo que o tratamento inclui
adsorvente industrial e carvão ativado, bem como a coagulação com
alumínio. Os resultados obtidos demonstraram que os pré-tratamentos,
que reduzem a maioria dos materiais de alta massa molar (g.mol
-1
) e o
carbono orgânico total, minimizam as colmatagens, porém os processos
que reduzem totalmente os carbonos orgânicos totais, mas não
conseguem eliminar os componentes coloidais, foram incapazes de
impedir as colmatagens.
Avlonitis et al. (2008) avaliam o uso da nanofiltração no efluente
da indústria têxtil de algodão, onde uma grande concentração de sais
e matérias orgânicas, que acaba dificultando o seu tratamento.
Escolheram este processo a fim de reduzir a quantidade de escoamento
da água e ao mesmo tempo para a reutilização da água tratada. Foi
utilizada a membrana de nanofiltração TRISEP (4040-XN45-TSF),
conseguindo retirar completamente a coloração do efluente e reduzir em
mais de 72% a concentração total de sal, e eliminando o teor de matéria
orgânica do efluente.
Gozálvez-Zafrilla et al. (2008) apresentam em seus estudos o
tratamento direto com o uso da nanofiltração e a nanofiltração após o
pré-tratamento com a ultrafiltração nos efluentes da indústria têxtil após
o tratamento biológico. Este efluente possuía altos valores de DQO e de
sólidos totais dissolvidos (STD). Com a finalidade de verificar a
possibilidade de reutilização de águas residuárias têxteis, os autores
avaliaram três diferentes membranas de nanofiltração (NF 90, NF 200,
NF 270). Como resposta do estudo foi avaliado o fluxo permeado,
retenção de sal e redução de DQO. A NF 90 foi a que apresentou o
melhor resultado, com 99% de redução de DQO e a maior retenção de
sal em escala laboratorial. Após este estudo foi avaliado em conjunto o
59
uso de ultrafiltração e nanofiltração. Os autores obtiveram um aumento
de 50% no fluxo permeado e uma redução de 40% de DQO na
nanofiltração.
Fersi e Dhahhi (2008) relatam que o tratamento de águas
residuárias por processo de separação por membrana apresenta algumas
limitações, como as incrustações o que acarreta um declínio rápido no
fluxo. Este processo afeta sua eficiência através do bloqueamento ou
formação de uma camada gel em cima dos poros das membranas. A fim
de limitar o efeito destas colmatações, os autores estudaram uma
combinação entre os dois processos de membrana, ou seja, utilizaram a
ultrafiltração como tratamento prévio para o processo de nanofiltração.
Apresentaram uma comparação do uso direto da nanofiltração e a
combinação entre ultrafiltração/nanofiltração. Os resultados
experimentais mostraram que a combinação de
ultrafiltração/nanofiltração melhorou a qualidade do permeado através
do aumento da retenção dos parâmetros avaliados, onde a retenção de
cor foi de 95%, a retenção de sais dissolvidos, em torno de 80% e a
retenção dos íons bivalentes, cerca de 95%. Esta combinação melhorou
a eficiência no tempo de utilização da membrana.
2.7 LIMPEZA
Com a frequência indicada para cada caso e com o procedimento
correto de limpeza, muitos incrustantes podem ser removidos da
superfície da membrana. A camada de incrustantes na superfície da
membrana ou sua presença nos espaçadores existentes nos elementos de
membrana, em espiral, pode diminuir a retro-difusão dos sais para o seio
da solução (BYRNE, 2002).
Os procedimentos de limpeza apropriados são vitais para manter
o desempenho das membranas de filtração. Normalmente, a necessidade
de uma limpeza é indicada pela redução no fluxo do permeado. Uma
modificação de 10-15% reduzindo o fluxo permeado, ou a redução da
rejeição salina; aumentando a perda de carga ou a pressão de
alimentação, podem ser um indicativo da necessidade da realização da
limpeza da membrana (AL-AHMAD et al., 2000).
O procedimento para redução de bioincrustações consiste na
adição de biocidas ou aplicações intermitentes de biocidas em pequenas
quantidades. O método mais utilizado e eficaz e de custo baixo para a
remoção dos microrganismos é a cloração, porém como a maioria das
membranas poliméricas têm baixa resistência ao cloro, seu excesso
60
precisa ser removido, por meio de adsorção em carvão ativado ou pela
adição do bissulfito de sódio (MEYER, 2003).
Segundo Rautenbach e Albrecht (1989), as membranas devem ser
submetidas a uma limpeza periódica para eliminação dos sais
precipitados e dos sólidos depositados nas suas superfícies. Levando em
consideração o composto que se deposita sobre a membrana, esta deve
ser submetida a uma limpeza com uma solução ácida (por exemplo,
quando o sal depositado é o carbonato de cálcio - CaCO
3
) ou com uma
solução básica (por exemplo, quando a alimentação contém sílica).
A análise físico-química da alimentação e do concentrado, bem
como a inspeção visual da superfície da membrana utilizada, após sua
utilização no processo de separação são ferramentas que auxiliam a
busca do produto de limpeza mais adequado para a remoção das
colmatagens. O procedimento de limpeza adotado é considerado
eficiente quando o fluxo permeado é recuperado, ou seja, quando este
atinge um valor próximo ao seu valor no início do processo de
separação.
A base mais comumente empregada para a limpeza das
membranas é o hidróxido de sódio (NaOH), sendo que o ácido cítrico
(C
6
H
8
O
7
) é o ácido mais utilizado, uma vez que ele também é capaz de
atuar como agente quelante. Na Tabela 11 está apresentada uma síntese
dos principais agentes que promovem a ocorrência de colmatações por
precipitação e por deposição na superfície das membranas, bem como as
formas de remoção (WILBERT et al., 1998).
Tabela 11 Formas de remoção dos agentes causadores de incrustações
por deposição e precipitação, sobre as membranas
Agente Remoção
Substâncias inorgânicas Solução ácida
Métodos físicos (ultrassom,
magnético e hidrodinâmico)
Substâncias orgânicas (ácidos
húmico e fúlvico)
Solução básica
Detergente
Coloides (sílica, hidróxidos,
óxidos)
Solução básica
Detergente
Bactérias, algas e fungos Solução básica
Detergente
Enzimas
Fonte: WILBERT et al. (1998).
61
Segundo Madaeni e Mansourpanah (2004), a limpeza das
membranas é um passo essencial para a manutenção da permeabilidade
e seletividade do processo de membranas. A limpeza deve remover os
depósitos e restituir as características iniciais da membrana de fluxo e
rejeição. No entanto, a escolha dos métodos de limpeza e dos agentes
químicos depende da configuração do módulo, resistência da membrana
e natureza dos incrustantes. O melhor método para avaliação da
composição do depósito presente na membrana é a necropsia, que é uma
análise destrutiva.
As técnicas de limpeza para restauração das membranas são
divididas em duas categorias: limpezas físicas, as quais são baseadas em
tratamentos mecânicos, como a remoção dos incrustantes da superfície
da membrana por deslocamento; limpezas químicas, que dependem
estritamente das reações químicas dos agentes de limpeza com os
incrustantes para removê-los da superfície da membrana e limpezas
físico-químicas.
dados na literatura, para se obter uma limpeza efetiva, é
aconselhável haver alta quantidade de líquido (1:50 – 1:6000), pois
assim haverá formação de bolhas, aumentando o efeito das forças
mecânicas na superfície. Porém, o ajuste ótimo da relação líquido/gás
depende do espaço existente no módulo, definido pelos espaçadores.
Outros fatores influenciam na eficácia da limpeza da membrana,
tais como, a turbulência, que atua na superfície como força mecânica;
tensão superficial, sendo adicionados surfactantes para diminuir a
tensão, diminuindo desta forma a adesão de depósito na superfície da
membrana; viscosidade, sendo que a alta viscosidade dificulta a
limpeza; e pH, pois para cada tipo de membrana um pH ótimo que
auxilia na limpeza.
A indústria têxtil apresenta uma grande variedade de insumos em
seus efluentes, podendo variar de empresa para empresa como o período
de fabricação de seus artigos, sendo que muitos destes insumos podem
ser reaproveitados no processo fabril. Para este reúso optou-se pelo uso
do processo de separação por membranas. Os parâmetros serão
analisados para uma configuração para se verificar se haverá ou não a
necessidade de pré-tratamento para o uso com as membranas, bem como
a limpeza para que mantenha o desempenho da membrana estável.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo são apresentados os materiais e métodos utilizados
nos testes, os equipamentos utilizados nos ensaios de ultrafiltração e
nanofiltração e, em seguida, as análises das amostras de permeado e
efluente. A parte experimental de bancada, do presente trabalho, foi
realizada no Laboratório de Transferência de Massa LABMASSA
do Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos do
Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina e os
testes em escala piloto foram realizados em diversas empresas do Vale
do Itajaí (SC), Coteminas S.A., Buettner, Brandili, as quais são
financiadoras do projeto INOTÊXTIL/FINEP.
Na Figura 6 é apresentado um fluxograma sobre as análises e
procedimentos experimentais realizados nas empresas e no laboratório.
Figura 6 Fluxograma dos experimentos realizados em laboratório e
nas unidades pilotos.
Planejamento
Escala Laboratorial Escala Piloto
Análise dos
principais
parâmetros
NF
Análise de
sais sobre
UF
Testes de
configurações
Avaliação
de Sais
Efluente
Sintético
Real
Tingimento
64
3.1 MATERIAIS
3.1.1 Membranas
Foram utilizadas membranas comerciais de nanofiltração (DK) e
Ultrafiltração (GK), membranas de poliamida de GE Osmonics
®
, de
configuração plana para os testes com unidade laboratorial e três
membranas de configuração espiral: microfiltração, ultrafiltração e
nanofiltração para testes com as unidades pilotos. A Tabela 12 apresenta
as características de cada membrana utilizada nos ensaios laboratoriais e
pilotos.
Tabela 12Características das membranas usadas neste trabalho.
Tipo de
Membrana
Indústria Material Estrutura
a
MWCO, Unidade
b
DK Osmonics Poliamida Plana N/A Bancada
c
GK Osmonics Poliamida Plana 2000 Bancada
b
NF Osmonics Poliamida Espiral N/A Piloto
c
UF – 1 Osmonics Poliamida Espiral 10.000 Piloto
c
UF – 2 Osmonics Poliamida Espiral 30.000 Piloto
a
Massa molar de corte;
b
Membrana de nanofiltração;
c
Membrana de
ultrafiltração.
3.1.2 Reagentes
Durante os testes laboratoriais foram utilizados diferentes
reagentes químicos para modificar as propriedades físico-químicas dos
efluentes e suas composições, com o intuito de se observar a influência
de fatores relevantes que afetam o processo durante a filtração, e
substâncias químicas auxiliares para o processo de tingimento de tecido
de algodão:
Ácido Acético Glacial CH
3
COOH (grau de pureza de 99,7 %
- Biotec);
Cloreto de sódio – NaCl (grau de pureza de 99,5% - Quimex);
Hidróxido de Sódio – NaOH (grau de pureza de 99% - Reagen e
Industrial);
65
Carbonato de Sódio – Na
2
CO
3
(industrial);
Silicato de Sódio – Na
2
SiO
3
(grau de pureza de 100% - Vetec);
Sulfato de Sódio – Na
2
SO
4
(grau de pureza de 99% - Nuclear);
Antiquebra, emulgador e dispersante (Industrial).
Corantes reativos: Azul Turquesa Remazol G, Amarelo
Remazol GR, Azul Lanaset 2R; Preto Remazol B; Vermelho
Remazol RR, Laranja Remazol 3R.
3.1.3 Equipamentos e dispositivos utilizados nos experimentos
A célula de filtração foi utilizada em fluxo perpendicular, e
projetada para os experimentos de bancada, conforme ilustrado na
Figura 7. A célula possui volume interno de 387cm
3
, podendo
comportar uma membrana com a área filtrante de 10,2cm
2
. A célula foi
confeccionada em aço inoxidável AISI 316, material resistente que
suporta altas pressões, necessárias para o processo de separação. A
temperatura do processo foi mantida constante pela circulação de água
de um banho termostatizado através da camisa da célula.
(a) (b)
Figura 7 – Fotografia da (a) da unidade experimental utilizada nos
experimentos de bancada, (b) componentes da célula de filtração.
66
A unidade também apresenta um sistema de agitação magnética
desenvolvido para ficar suspenso no meio do líquido, proporcionando
uma agitação uniforme e não havendo a necessidade de colocar uma
barreira entre o sistema de agitação e a membrana, evitando que o
contato com a membrana pudesse danificá-la. A pressão do sistema foi
exercida pela introdução de nitrogênio comercial. Foi utilizado um
manômetro, com limite de pressão de 70,0 kgf.cm
-2
, para o controle da
pressão no sistema.
A unidade piloto de fluxo tangencial foi projetada pela Empresa
Membrasep, conforme ilustrado na Figura 8. O vaso onde fica localizada
a membrana espiral foi confeccionado em aço inoxidável, possui uma
bomba centrifuga para auxiliar na alimentação, bem como promover a
pressão interna na unidade, possui dois rotâmetros, um para o
concentrado e outro para o permeado, duas válvulas de três vias
(alimentação e concentrado), manômetro, termômetro, válvula de reciclo
e uma válvula para controlar a saída de concentrado, bem como a
pressão do sistema. Este sistema foi projetado para as membranas de
MF, UF e NF
(a) (b)
Figura 8 Fotografia da Unidade Piloto (a) parte frontal (b) parte
traseira. (Equipamento adquirido da empresa Membrasep).
Bomba
Pré
-
filt
ro
Pré
-
filtro
Saída do
permeado
Saída de
concentrado
Válvula de
alimentação
Vaso de
filtração
67
3.2 ANÁLISES DE CARACTERIZAÇÃO DO EFLUENTE
Todas as análises realizadas seguiram as normas do “Standard
Methods for Examination of Water and Wastewater” (APHA, 1995).
3.2.1 Determinação espectrofotométrica
Foram realizados dois procedimentos para a medida de cor uma
através da redução da cor a qual foi avaliada em termos da redução
percentual da área espectral, integrada entre os comprimentos de onda
de interesse (190-700nm). A presença do corante foi determinada por
espectrofotometria em um espectrofotômetro UV mini 1240 Shimadzu.
Os resultados de reduções dos compostos indesejáveis foram calculados
em função da absorbância inicial do efluente e a absorção da amostra
após a filtração. O segundo método utilizado foi pelo padrão Pt-Co.
3.2.2 Determinação da condutividade
A condutividade foi determinada por um condutivímetro
Tecnopen, sendo mensurada em µS.cm
-1
, medida diretamente à
temperatura ambiente. As condutividades dos efluentes estudados estão
relacionadas diretamente com a presença dos eletrólitos, álcalis e ácidos
utilizados na correção do pH da solução.
3.2.3 Determinação do pH
O pH das amostras (alimentação e permeado) foi medido à
temperatura ambiente utilizando-se um pHmetro, Quimis, modelo Q-
400M2. Para a modificação do pH, foram utilizadas soluções de
carbonato de sódio e ácido acético nos testes com efluentes sintéticos.
3.2.4 Demanda química de oxigênio
O método utilizado para determinação da DQO baseia-se na
oxidação química da matéria orgânica por dicromato de potássio a altas
temperaturas em meio ácido com a utilização de um catalisador (sulfato
de prata). Esse método foi adotado devido à capacidade de suportar a
interferência das altas concentrações de cloretos (6 g.L
-1
) e por
necessitar de um volume pequeno de amostra, consequentemente,
gerando um menor volume de resíduo.
68
As análises foram realizadas adicionando-se ao frasco de digestão
2,5mL de amostra, 1,5mL de solução digestora contendo dicromato de
potássio, ácido sulfúrico e sulfato de mercúrio, e 3,0mL de solução
catalítica de sulfato de prata em ácido sulfúrico. A função do sulfato de
mercúrio é evitar a possível interferência de substâncias como cloretos.
A mistura é aquecida a 140 ± 2ºC por 120 minutos. Após o
resfriamento, a absorbância é medida em 600nm.
A DQO da amostra é obtida por interpolação na curva analítica,
expressa em mgO
2.
L
-1
, preparada a partir de padrão de biftalato de
potássio na faixa compreendida entre 0 e 1000 mgO
2
.L
-1
. Para amostras
com DQO superior a 800 mgO
2
.L
-1
foram utilizadas alíquotas diluídas.
Através da análise de DQO, é possível avaliar a quantidade total
de matéria orgânica presente no efluente, que é responsável pela
poluição ambiental, quando despejado em cursos d’água. Sabendo-se o
valor da DQO do efluente antes e após a nanofiltração, obtém-se a
percentagem de redução da mesma.
3.2.5 Determinação de sólidos totais
Na determinação de sólidos totais, os resultados são expressos em
mg.L
-1
. Inicialmente tara-se até massa constante as cápsulas de
porcelana, submetidas à temperatura de 110ºC (cápsulas vazias). Após a
adição de 2,50 mL de amostra, estas são postas em estufa a 110ºC por
60 minutos. Após são resfriadas até à temperatura ambiente em
dessecador e pesadas em balança analítica com precisão. A diferença
entre a massa da cápsula mais amostra e da cápsula vazia está
diretamente relacionada com o teor de sólidos totais, conforme
apresentado na Equação 5.
(
)
V
1000 x M M
ST
BA
=
(5)
onde: ST sólidos totais (mg.L
-1
); M
A
massa do cadinho seco (mg);
M
B
massa do cadinho + massa da amostra após a secagem (mg); V
volume da amostra (mL).
3.3 ENSAIOS LABORATORIAIS
Os ensaios de nanofiltração e ultrafiltração foram realizados na
célula de filtração às pressões de 20 e 10 kgf.cm
-2
, respectivamente, com
69
agitação magnética. Todas as membranas utilizadas foram
condicionadas antes dos experimentos através de filtração de água
destilada.
Em intervalos regulares de tempo, amostras de permeado foram
coletadas e pesadas em balança analítica para a quantificação do fluxo
permeado, expresso em L.h
-1
.m
-2
, sendo conveniente expressá-lo desta
forma, para que se possa comparar a permeabilidade de membranas com
áreas distintas (PETRUS, 1997). Também foram coletadas amostras
antes do início e no final dos experimentos, para verificação da redução
da concentração do corante.
3.3.1 Condicionamento da membrana
O condicionamento da membrana, neste caso, é uma etapa
importante processo de filtração, pois durante o condicionamento a
membrana sofre o efeito da compactação, que consiste em um
“esmagamento” da região esponjosa da mesma, assim provocando uma
queda significativa no fluxo permeado nos primeiros instantes.
Depois de realizado o condicionamento da membrana por 4
horas, ela estará apta ao uso. Se a membrana não for usada
imediatamente deve-se deixá-la na célula submersa em água, pois se ela
“secar” retornará parcialmente à sua forma original, havendo assim a
necessidade de realizar novamente a sua compactação. A pressão
utilizada para o condicionamento foi a mesma que se aplicou no
experimento.
3.3.2 Limpeza das membranas
A limpeza das membranas é de fundamental importância, tendo
como objetivo eliminar a camada de gel e a incrustação, restaurando
parcial ou totalmente o fluxo permeado original. Neste trabalho, após os
ensaios de ultrafiltração e nanofiltração, foi realizada a limpeza da
membrana somente com água destilada a uma pressão de 20 kgf.cm
-2
,
por um período de 30 minutos. Este tipo de limpeza foi utilizado para as
unidades de bancada, pois os corantes utilizados na indústria têxtil m
um forte caráter hidrofílico podendo assim ser parcialmente ou
totalmente retirados da membrana.
Para as unidades pilotos, a limpeza foi realizada da seguinte
forma: inicialmente era utilizada água limpa (água industrial), deixando-
se recircular por 5 minutos e de repouso por 15 minutos, repetindo este
70
processo quatro vezes. Em seguida, foi repetido o processo anterior com
uma solução ácida (pH = 4,0) e básica (pH = 10,0).
3.4 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS
Inicialmente avaliaram-se os parâmetros como temperatura, pH,
concentração de sais, umectantes, dispersantes, diferentes tipo de
corante com a finalidade de verificar a influência dos mesmos sobre a
membrana de nanofiltração.
Os efluentes utilizados neste trabalho foram efluentes sintetizados
em laboratório para obter-se um alto grau de repetibilidade durante os
ensaios preliminares, pois os efluentes industriais possuem
características diversas devido às substâncias que cada indústria utiliza e
do método empregado. Para a fabricação dos efluentes sintéticos foram
utilizados os seguintes corantes: Turquesa Remazol G, Amarelo
Remazol GR, e Azul Lanaset 2R, todos na concentração 0,1g.L
-1
em
água destilada, sendo os primeiros dois corantes reativos e, o último, um
corante ácido. As Figuras 9 a 11 apresentam a estrutura dos corantes.
Figura 9 Estrutura do corante reativo Turquesa Remazol G, massa
molar 996 g.mol
-1
.
71
Figura 10 Estrutura do corante reativo Amarelo Remazol GR, massa
molar 563 g.mol
-1
.
Figura 11 Estrutura do corante ácido Azul Lanaset 2R, massa molar
472 g.mol
-1
.
3.4.1 Influência da temperatura
Para verificar a influência da temperatura no fluxo permeado
utilizou-se a membrana DK e uma solução com corante Turquesa
Remazol G na concentração de 0,1 g.L
-1
. Normalmente o efluente é
gerado na tinturaria à temperatura de 80-90ºC, podendo ser tratado
quando estiver à temperatura de 45ºC, sem degradar a membrana
(JULIANO, 2004). Foram investigadas duas temperaturas: 20°C e a
45ºC.
3.4.2 Influência do pH
Para determinar a influência do pH no fluxo permeado utilizou-se
a membrana DK e um efluente com corante Turquesa Remazol G na
concentração de 0,1 g.L
-1
. Os efluentes foram preparados e ajustados a
valores de pH entre 3,0-12,0, em meio tamponado.
72
3.4.3 Influência de substâncias auxiliares
Para determinar a influência de substâncias auxiliares no fluxo
permeado utilizou-se a membrana DK e um efluente com corante
Turquesa Remazol G na concentração de 0,1 g.L
-1
. Foram testadas
soluções contendo de 20,0-30,0 g.L
-1
de cloreto de sódio (NaCl); 1,0-2,0
g.L
-1
de umectante; e 1,0-2,0 mL.L
-1
de agente dispersante. Os testes
com aditivos foram avaliados separadamente, nas temperaturas de 20°C
e a 45ºC.
3.4.4 Testes comparativos para diferentes corantes
Para verificar a influência de diferentes corantes sobre a
membrana, utilizou-se a membrana DK e efluentes com diferentes
corantes: Turquesa Remazol G, Azul Lanaset 2R e Amarelo Remazol
GR, todos na concentração de 0,1 g.L
-1
. Nestes efluentes também foram
adicionados os aditivos a fim de verificar a influência dos mesmos (20,0
g.L
-1
de cloreto de sódio, 1,0 mL.L
-1
de agente dispersante, 2,0 g.L
-1
de
agente umectante) na eficiência do processo.
3.5 AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE
SAIS SOBRE A MEMBRANA DE ULTRAFILTRAÇÃO
Com o objetivo de avaliar a influência de sais na remoção de cor
de efluentes têxteis, pelo processo de separação por membranas, foram
realizados ensaios em batelada em uma célula de separação por
membranas. Os ensaios foram realizados com membrana de
ultrafiltração, marca Osmonics, modelo Sepa CF TF (Thin Film) UF
GK, com ponto de corte de 2000 g.mol
-1
.
Para estes ensaios experimentais, foram utilizados: o cloreto de
sódio (NaCl), silicato de sódio (Na
2
SiO
3
), sulfato de sódio (Na
2
SO
4
) e o
corante Preto Remazol B, optou-se por este corante ser o mais utilizado
nas indústrias em questão. A fórmula estrutural do corante Preto
Remazol B é apresentada na Figura 12.
Figura 12 Formula estrutural do corante reativo Preto Remazol B,
massa molar 995 g.mol
-1
.
73
Os seguintes parâmetros foram investigados nos experimentos
realizados: redução de cor relativa, redução de DQO, fluxo (L.h
-1
m
-2
),
pH e condutividade. As seguintes concentrações de corante e sal, para
cada um citado anteriormente, foram utilizadas nos testes realizados:
corante [0,5, 2,75 e 5,0 g.L
-1
] e para o sal [5,0, 27,5 e 50,0 g.L
-1
],
conforme pode ser visualizado na Tabela 13. Os ensaios foram
realizados em duplicata e para cada tipo de sal foi seguido o mesmo
planejamento.
Tabela 13 Planejamento experimental para avaliação da influência do
sal e corante, sobre a ultrafiltração
Ensaios [corante] (g.L
-1
) [Sal] (g.L
-1
)
1 +1 5,00 +1 50,00
2 +1 5,00 -1 5,00
3 -1 0,50 +1 50,00
4 -1 0,50 -1 5,00
5 +1 5,00 0
27,50
6 -1 0,50 0
27,50
7 0
2,75
+1
50,00
8 0
2,75
-1 5,00
9 0
2,75
0
27,50
3.6 CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA DAS UNIDADES PILOTOS
Foram realizados testes de configuração do sistema das unidades
pilotos, com o intuito de verificar a melhor configuração para os testes.
Nas Figuras 13 e 14 são apresentadas esquematicamente as
configurações propostas para realização desta etapa do trabalho. Foi
utilizado o processo de separação por membranas em série. Para a
realização deste teste foi utilizado um efluente industrial real de
coloração rosa da empresa Brandili, resultado de várias misturas do
banho de lavação. Foram avaliados os parâmetros de DQO, cor aparente
e sólidos totais, foram retiradas amostras periodicamente para análises
dos parâmetros. Foram utilizadas as seguintes configurações:
descartando o concentrado (DC), recirculando o concentrado para o
tanque de alimentação (RC), recirculando o concentrado para o tanque
de alimentação e com reciclo interno a uma vazão constante (RC+C-V),
recirculando o concentrado para o tanque de alimentação e com reciclo
interno a uma pressão constante (RC+C-P).
74
Figura 13 Esquema do processo de filtração por membranas,
descartando o concentrado (DC). 1 tanque de alimentação da
ultrafiltração; 2 bomba centrifuga; 3 unidade de ultrafiltração; 4
tanque de permeado da ultrafiltração e de alimentação da nanofiltração;
5 unidade de nanofiltração; 6 tanque de permeado da nanofiltração;
7 válvula de controle do concentrado e de pressão; 8 manômetro do
concentrado; 9 manômetro do permeado; 10 tanque de descarte do
concentrado.
Figura 14 Esquema do processo de filtração por membranas para as
configurações de recirculação do concentrado no tanque de alimentação
(RC), recirculação do concentrado no tanque de alimentação com reciclo
interno na unidade de filtração à pressão e/ou vazão constante (RC+C-V
e/ou RC+C-P). 1 tanque de alimentação da ultrafiltração; 2 bomba
centrifuga; 3 – unidade de ultrafiltração; 4 – tanque de descarte do
permeado da ultrafiltração e alimentação da nanofiltração; 5 unidade
de nanofiltração; 6 – tanque de descarte do permeado da nanofiltração; 7
válvula de controle do concentrado e da pressão; 8 manômetro do
concentrado; 9 – manômetro do permeado.
75
3.7 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS SOBRE AS UNIDADES
PILOTOS
Nesta fase, o trabalho foi dividido em quatro etapas: para a
primeira etapa de ensaios foram avaliados os efeitos (permeação) dos
sais sobre a membrana de ultrafiltração e nanofiltração, avaliando a
remoção de cor, DQO e sólidos totais; para a segunda etapa foi utilizado
um banho modelo da água de tingimento de tecido de algodão,
avaliando a remoção de sólidos totais, sólidos fixos, sólidos voláteis,
pH, condutividade, DQO e cor; para terceira etapa foram utilizados
efluentes reais da indústria têxtil com a finalidade de verificar qual água
que poderia influenciar sobre o desempenho da membrana e para quarta
etapa foram realizados tingimentos para verificar o reúso das mesmas.
3.7.1 Avaliação da influência do sal, barrilha e corante sobre o
desempenho das unidades pilotos
Para estes ensaios nas unidades de ultrafiltração e nanofiltração,
foram utilizados efluentes sintéticos com retorno do concentrado ao
tanque de alimentação, conforme ilustra a Figura 13, utilizando as
seguintes condições:
Água + cloreto de sódio (10g.L
-1
);
Água + cloreto de sódio (10g.L
-1
) + carbonato de sódio (5g.L
-1
);
Água + cloreto de sódio (10g.L
-1
) + carbonato de dio (5g.L
-1
)
+ corante preto Remazol G (2,8g.L
-1
).
Os ensaios tiveram a finalidade de verificar a influência destes
parâmetros sobre o processo de separação na unidade de nanofiltração,
avaliando-se os parâmetros sólidos totais e fluxo de permeado. A opção
por efluentes sintéticos se deve à facilidade no controle dos parâmetros
de composição do efluente na entrada do sistema de separação por
membranas.
3.7.2 Efluente modelo utilizando corantes reativos
Foi realizada uma sintetização de um efluente modelo resultante
do banho de tingimento com um corante reativo. Neste banho levou-se
em conta que apenas 10% do corante reativo e 100% dos auxiliares
permanecem no banho após o processo de tingimento, considerando que
os produtos auxiliares não se fixam à fibra. A composição do banho é
apresentada na Tabela 14.
76
Tabela 14 – Composição do banho simulado com corante reativo.
Componente Químico (gL
-
1
)
anti quebra 1,0
emulgador 1,0
dispersante; 2,0
cloreto de sódio 15,0
carbonato de sódio 6,0
corante (cor Prata) 4,9. 10
-
3
3.7.3 Teste com efluente têxtil real utilizando o processo de filtração por
membranas
Com a finalidade de verificar as possibilidades do reúso da água
originada no processo de tingimento por esgotamento, foram realizados
testes na unidade de nanofiltração utilizando-se os seguintes efluentes:
Água da etapa de preparação de tecido;
Água da etapa de tingimento;
Água da etapa da lavação de tingimento;
Água de mistura (25,0% da água de preparação, 25,0% da
água de tingimento, 50,0% da água de lavação do
tingimento).
O permeado destes efluentes foi utilizado novamente no processo
de tingimento.
3.7.4 Tingimento
Os testes de tingimentos foram realizados no LABMASSA com o
permeado da água de mistura proveniente da unidade piloto de
nanofiltração. Foram realizados diversos tingimentos em laboratório
utilizando corante reativo e tecido de algodão. Para estes ensaios foram
utilizados os corantes: Azul Turquesa Remazol G, Vermelho Remazol
RR, Laranja Remazol 3R.
Na Tabela 15 é descrita cada receita utilizada no processo de
tingimento. Para as receitas de uma única cor, foi utilizada a
concentração de 0,5 g.L
-1
de corante e para a tricromia, foi utilizada a
concentração total de 0,7 g.L
-1
de corante (0,4 g.L
-1
de Azul Turquesa
Remazol G, 0,2 g.L
-1
de Vermelho Remazol RR e 0,1 g.L
-1
de Laranja
Remazol 3R).
77
Tabela 15 Descrição das formulações para o tingimento de algodão
com corantes reativos utilizando o permeado da água de mistura da
Nanofiltração.
Formulação Padrão – Água Destilada
- Antiquebra 1,0 g.L
-
1
- Emulgador 1,0 g.L
-
1
- Dispersante 2,0 g.L
-
1
- Sal 10,0 g.L
-
1
- Barrilha 5,0 g.L
-
1
- Corante
(a)
0,5 g.L
-
1
Formulação 1
- Antiquebra 1,0 g.L
-
1
- Emulgador 1,0 g.L
-
1
- Dispersante 2,0 g.L
-
1
- Sal 10,0 g.L
-
1
- Barrilha 5,0 g.L
-
1
- Corante
(a)
0,5 g.L
-
1
Formulação 2
- Antiquebra 1,0 g.L
-
1
- Emulgador 1,0 g.L
-
1
- Dispersante 2,0 g.L
-
1
- Sal 10,0 g.L
-
1
- Corante
(a)
0,5 g.L
-
1
Formulação 3
- Antiquebra 1,0 g.L
-
1
- Emulgador 1,0 g.L
-
1
- Dispersante 2,0 g.L
-
1
- Barrilha 5,0 g.L
-
1
- Corante
(a)
0,5 g.L
-
1
Formulação 4
- Antiquebra 1,0 g.L
-
1
- Emulgador 1,0 g.L
-
1
- Dispersante 2,0 g.L
-
1
- Corante
(a)
0,5 g.L
-
1
(a)
0,5 g.L
-1
para um único corante para a tricomia foi utilizada a mesma
receita, porém para uma concentração de 0,7 g.L
-1
.
78
Realizou-se inicialmente um tingimento padrão utilizando água
destilada e para os demais testes foi utilizado o permeado proveniente da
água de mistura descrita anteriormente. Com esta água foram realizadas
diversas receitas, inicialmente utilizando na solução apenas um único
corante e depois uma tricromia (mistura de três corantes).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados os resultados experimentais
obtidos no sistema de separação por membranas aplicado na remoção de
cor dos efluentes têxteis sintéticos e reais. Estes resultados foram
obtidos em unidades de bancada e piloto, sendo testada a reutilização do
permeado no processo de tingimento.
4.1 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS
Inicialmente, com o objetivo de verificar o desempenho da
unidade de nanofiltração, em escala laboratorial, foi quantificado o fluxo
permeado e a remoção de cor aparente; foram avaliados parâmetros que
podem influenciar o processo de separação por membranas, tais como a
temperatura, pH, substâncias químicas auxiliares do tingimento e dos
diferentes corantes.
Foram escolhidos três parâmetros para controle: pH,
condutividade e a redução de cor. A membrana utilizada para estes
ensaios foi a DK, uma membrana de nanofiltração, pois se considerando
os resultados obtidos de testes preliminares, esta apresentou resultados
eficientes na remoção de cor e alto desempenho de fluxo.
Inicialmente, verificou-se o desempenho da membrana em
relação à temperatura, sendo este parâmetro relevante em função dos
efluentes industriais têxteis saírem do processo de tingimento de
algodão na faixa de temperatura de 60-90°C. Para avaliar o efeito da
temperatura, utilizou-se apenas um efluente sintético (corante e água
destilada) Azul Turquesa G, na concentração de 0,1 g.L
-1
, sem adição de
substâncias químicas auxiliares, nas temperaturas de 20 e 45°C. A
influência da temperatura sobre o fluxo permeado é apresentada na
Figura 15.
Pode-se observar na Figura 15 que os resultados obtidos à
temperatura de 45°C apresentaram um fluxo médio de 100 L.m
-2
.h
-1
,
sendo superior à temperatura de 20°C. O aumento da temperatura fez o
fluxo aumentar significativamente mantendo a remoção de 100% do
corante presente na solução. O fluxo permaneceu estável para ambas as
temperaturas analisadas.
80
Figura 15 Comportamento do fluxo permeado perpendicular em
função do tempo, nas temperaturas de 20 e 45°C através da membrana
DK (NF) com uma solução de corante Turquesa Remazol G, para uma
pressão de 20 kgf.cm
-2
.
O processo de filtração por membrana é regulado por fatores,
incluindo a alimentação, propriedades da solução, propriedades da
membrana, transferência de massa, pressão aplicada, configuração do
sistema e as condições operacionais. Os quatro primeiros são
influenciados pela temperatura da água de alimentação, afetando,
portanto, o desempenho global do processo. O aumento da temperatura
diminui a viscosidade da solução, aumentando a difusividade do soluto e
a pressão osmótica da solução de alimentação. O aumento da
temperatura também aumenta a solubilidade do solvente, o que pode
levar a uma aplicação reduzida da pressão (JIN et al., 2009). A
temperatura máxima permitida para o uso desta membrana é de 85°C.
Segundo Cheryan (1986), as temperaturas mais altas influenciam
positivamente o fluxo permeado tanto na região controlada pela pressão,
quanto na região controlada pela transferência de massa. Por estas
razões, o ideal é que a temperatura de processo seja a maior possível,
porém não ultrapassando os limites térmicos operacionais da membrana.
O segundo parâmetro analisado foi o pH. Para avaliar o efeito do
pH, utilizou-se apenas um efluente sintético (solução de corante e água
destilada) na concentração de 0,1 g.L
-1
de corante, sem substâncias
químicas auxiliares, para pHs ácido, neutro e básico. Os resultados
81
experimentais da influência do pH sobre o fluxo permeado são
apresentados na Figura 15.
Como pode ser observado na Figura 16, o pH básico (11,25)
reduziu drasticamente o fluxo permeado, enquanto que o pH ácido
(3,60) aumentou significativamente o fluxo, comparativamente ao pH
neutro. Para os diferentes valores de pH, verificou-se que a retenção de
cor atingiu 100,0%. Para o fluxo permeado, para a solução com pH 3,00,
não foi possível filtrar no período de 120 minutos, pois o fluxo
permeado foi alto e todo o volume da célula foi filtrado em menos de
120 minutos.
A variação de pH pode alterar a permeabilidade de uma
membrana por modificar as interações entre as cadeias dos polímeros
que a constituem. Estas alterações podem afastar ou aproximar estas
cadeias fazendo com que aumente ou diminua a permeabilidade da
mesma, afetando desta forma o volume livre do material da membrana,
diminuindo por sua vez a difusão.
Figura 16 Comportamento do fluxo permeado perpendicular em
função do tempo, para diferentes pHs, através da membrana DK com
uma solução de corante Turquesa Remazol G, para uma pressão de 20
kgf.cm
-2
.
Ressalta-se que um aumento significativo no fluxo permeado pelo
ajuste de pH implica na redução também na área filtrante, considerando
uma unidade industrial que processe uma mesma quantidade de efluente.
82
Isto significa uma redução importante no custo de implantação do
sistema. É preciso ser considerado que os valores extremos de pH
podem levar a uma desestruturação das membranas e alterar a sua
funcionalidade, comprometendo os níveis de retenção de soluto.
O terceiro parâmetro analisado foi a adição de sal (Cloreto de
Sódio NaCl). Para avaliar o efeito da concentração de NaCl sobre a
membrana, utilizou-se um efluente sintético (corante e água destilada)
na concentração de 0,1 g.L
-1
de corante e dois níveis de concentração de
sal 20,0 e 30,0 g.L
-1
. Os dados experimentais relativos à influência da
concentração de sal na condutividade e no fluxo permeado são
apresentados na Tabela 16 e Figura 17, respectivamente.
Tabela 16 Influência da concentração de cloreto de sódio, nas
temperaturas de 20°C e 45°C, na condutividade do permeado.
Condutividade mS.cm
-1
Temperatura de 20°C Temperatura de 45°C
Tempo de
filtração
20 g.L
-
1
NaCl
30 g.L
-
1
NaCl
20 g.L
-
1
NaCl
30 g.L
-
1
NaCl
Sem filtração 17,93 17,66 17,93 17,66
0 – 30
minutos
16,91 17,40 17,53 18,14
30 – 60
minutos
17,91 17,43 17,23 17,33
60 – 90
minutos
18,09 17,56 17,26 17,96
90 – 120
minutos
17,95 17,50 17,94 17,80
Na Figura 17 pode ser observado que a adição de 20,0 g.L
-1
de
NaCl provocou uma redução no fluxo permeado em comparação ao
efluente sem aditivo; porém quando foi adicionado 30,0 g.L
-1
, houve um
aumento no fluxo, tanto para temperatura 20°C quanto para a
temperatura de 45ºC. Verificou-se que a remoção de cor foi de 100%.
Nyström et al. (1995) relatam que, com o aumento da
concentração de sal, ocorre um aumento do fluxo, pois as moléculas
com a mesma carga da membrana tendem a reduzir o entupimento dos
poros da membrana e a formação de precipitado devido à repulsão de
cargas. Este efeito explica o comportamento do sistema em estudo
quando é adicionado 30,0 g.L
-1
de sal no efluente sintético. A membrana
83
utilizada neste experimento é de poliamida. As membranas de poliamida
possuem caráter hidrofílico, ou seja, são polares, e como a molécula de
NaCl também é polar, ocorre a redução de precipitações, o que
compensa a diferença de pressão osmótica (LOPES et al., 2005;
JULIANO, 2004).
O efeito da rejeição de sal depende da característica da membrana
de nanofiltração, como tamanho do corte molecular, carga da membrana
e a permeabilidade da água pura (MOHAMMAD et al., 2007).
Figura 17 Comportamento do fluxo permeado perpendicular em
função do tempo, para diferentes concentrações de NaCl através da
membrana DK com uma solução de corante Turquesa Remazol G, para
uma pressão de 20 kgf.cm
-2
, nas temperaturas de 20 e 45°C.
As membranas de nanofiltração podem ser usadas em soluções de
alta concentração de sais multivalentes ou fracionadas devido à
diferença da densidade de cargas e do tamanho da molécula. O efeito da
carga é importante para a separação dos sais usando a nanofiltração,
especialmente devido ao efeito da exclusão de Donnan, pois este
influencia no fracionamento de sais, quando estes estiverem misturados
numa única solução (TANNINEN et al., 2006).
Pode-se também observar na Tabela 16 que a condutividade
praticamente não variou antes e após a filtração.
O quarto parâmetro analisado foi a adição de um agente
umectante. Para avaliar o efeito da utilização de agente umectante
84
utilizou-se um efluente sintético (corante e água destilada), na
concentração de 0,1 g.L
-1
de corante e adição de agente umectante em
dois níveis de concentração, 1,0 2,0 g.L
-1
. A influência da
concentração do agente umectante no fluxo permeado pode ser
verificada na Figura 18. Observa-se através da mesma que o agente
umectante influencia diretamente o fluxo permeado, pois a adição do
mesmo reduziu significativamente o fluxo para ambas as temperaturas
de 20 e 45°C, em comparação aos resultados obtidos com os efluentes
sintéticos sem a adição do agente umectante.
Figura 18 Comportamento do fluxo permeado perpendicular em
função do tempo, para diferentes concentrações de umectante através da
membrana DK com uma solução de corante Turquesa Remazol G, para
uma pressão de 20 kgf.cm
-2
, nas temperaturas de 20 e 45°C.
Segundo Steinhart (2000), os agentes umectantes são tensoativos
que têm como função principal emulgar o ar presente no tecido, mais
especificamente, substituir as superfícies de contato ar/tecido por uma
superfície de contato água/tecido. A presença do agente umectante
influenciou negativamente o fluxo permeado, como pode ser visualizado
na Figura 18. Todos os ensaios apresentaram 100% de remoção de cor.
O decréscimo no valor do fluxo permeado pode ser devido ao
aumento da viscosidade da solução, pois quanto maior for a viscosidade,
maior será a resistência à passagem da solução pela membrana e menor
será o fluxo permeado. Outra justificativa para este comportamento pode
85
estar associada ao efeito do umectante se ligar às moléculas de água e
aumentar, consequentemente, a resistência das mesmas à passagem pela
membrana (STEINHART, 2000).
O quinto parâmetro analisado foi a adição do agente dispersante
ao meio. Para avaliar o efeito da utilização de agente dispersante,
utilizou-se um efluente sintético (corante e água destilada) na
concentração de 0,1g.L
-1
de corante e adição de agente dispersante em
dois níveis de concentração: 1,0 e 2,0 mL.L
-1
. A influência da
concentração de agente dispersante no fluxo permeado é ilustrada na
Figura 19.
Através da Figura 19 pode-se observar que o agente dispersante
aumentou significativamente o fluxo permeado, e que para alguns casos
não foi possível realizar uma operação de 120 minutos, devido à
capacidade volumétrica do equipamento.
Figura 19 Comportamento do fluxo permeado perpendicular em
função do tempo, para diferentes concentrações de dispersante através
da membrana DK com uma solução de corante Turquesa Remazol G,
para uma pressão de 20 kgf.cm
-2
, nas temperaturas de 20 e 45°C.
A maior concentração de dispersante favoreceu o fluxo permeado
obtido, assim como para a maior temperatura, 45
o
C, maior foi este
efeito. Para todos os ensaios, houve 100% de remoção de cor da
solução. O agente dispersante diminui a viscosidade da solução,
evitando assim a precipitação sobre a membrana, aumentando desta
forma o fluxo permeado (STEINHART, 2000).
86
Outro parâmetro analisado foi tipos diferentes de classes de
corantes. O sucesso do tingimento em uma indústria têxtil depende do
emprego correto das diferentes classes de corantes nos diversos tipos de
tecidos. Cada corante apresenta uma afinidade por um tipo de tecido.
Para os ensaios realizados, foram empregados dois tipos de corantes
reativos, Turquesa Remazol G e Amarelo Remazol GR, e o corante
ácido Azul Lanaset 2R.
Os corantes reativos apresentam afinidade por algodão, outras
fibras celulósicas e lã; no entanto, os corantes ácidos apresentam
afinidade por e poliamida. Desta forma procurou-se avaliar a
influência entre o tipo de corante e o fluxo permeado, sobre a membrana
DK, considerando-se a hipótese de haver alguma interação entre o
corante a e membrana.
Para avaliar o efeito da utilização das diferentes classes e
tamanhos de corantes na membrana DK, utilizou-se um efluente
sintético (corante e água destilada) na concentração de 0,1 g.L
-1
de
corante, para cada tipo de corante citado anteriormente. De forma
comparativa foram adicionadas substâncias químicas auxiliares nos
efluentes sintéticos (20,0 g.L
-1
de cloreto de sódio, 2,0 g.L
-1
de agente
umectante e 1 mL.L
-1
de agente dispersante), conforme pode ser
visualizado na Figura 20.
Pode-se observar, na Figura 20, que o corante Azul Lanaset 2R
apresentou um fluxo permeado superior aos outros corantes analisados;
após 90 minutos não foi possível realizar a operação de filtração, pois
apresentou um fluxo alto ocasionando a filtração em menos de 120
minutos, para ambos os casos (com e sem aditivos). O corante ácido
ocasionou um maior fluxo permeado devido a uma menor interação com
a membrana.
Os resultados comprovaram que os corantes: Azul Lanaset 2R e
Azul Turquesa Remazol G obtiveram 100% de remoção de cor,
enquanto que o Amarelo Remazol GR apresentou uma remoção de 98%.
A menor remoção de cor do corante Amarelo Remazol GR ocorreu
devido às moléculas deste corante ser menor do que as moléculas dos
outros dois corantes; este fator afeta também o fluxo permeado.
87
(a)
(b)
Figura 20 Comportamento do fluxo permeado perpendicular para os
diferentes corantes na membrana DK, a uma temperatura de 20°C (a)
sem substâncias químicas auxiliares, (b) com substâncias químicas
auxiliares.
88
4.2 AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE
SAIS SOBRE A MEMBRANA DE ULTRAFILTRAÇÃO EM
ESCALA LABORATORIAL
Foi realizado um planejamento experimental fatorial 2
2
com
pontos centrais (Planejamento Composto Central), com intuito de
verificar o comportamento de diferentes tipos de sais sobre a eficiência
da membrana de ultrafiltração, pois em testes preliminares realizados
tanto na unidade de escala laboratorial quanto em escala piloto foi
verificada a remoção parcial da cor quando utilizada a membrana de
ultrafiltração como pré-tratamento para membrana de nanofiltração. A
análise estatística, com as curvas de superfície, encontra-se no anexo A.
Para estes ensaios utilizou-se o corante Preto Remazol B, corante
muito utilizado pela indústria têxtil, e sais como cloreto de sódio (NaCl),
sulfato de sódio (Na
2
SO
4
) e silicato de sódio (Na
2
SiO
3
). Variou-se a
concentração do corante em 0,50, 2,75 e 5,00 g.L
-1
e para os sais nas
concentrações de 5,00, 27,50 e 50,00 g.L
-1
. Estes ensaios foram
realizados em escala laboratorial nas pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. As
Tabelas 17 a 22 e as Figuras 21 a 29 apresentam os resultados obtidos
nos ensaios de remoção de cor relativa, remoção de demanda química de
oxigênio, os valores médios dos fluxos e a pressão osmótica do sistema.
A Tabela 17 apresenta os resultados referentes às diferentes
concentrações de cloreto de sódio e corante, Preto Remazol G, para a
remoção relativa de cor e de DQO para as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
.
Observa-se na Tabela 17 que para a remoção de cor foi mais eficiente
para a pressão de 10 kgf.cm
-2
do que para a pressão de 20 kgf.cm
-2
, o
que pode ser confirmado pelos resultados apresentados na Figura 21.
Pode-se ainda observar na Tabela 17 que a remoção relativa de
DQO foi maior para os resultados com uma pressão de 20 kgf.cm
-2
para
os pontos com concentração acima de 2,75 g.L
-1
de corante. Este
comportamento pode ser visualizado na Figura 22.
89
Tabela 17 Resultado experimental para a remoção relativa de DQO e
cor, para diferentes concentrações de corante e de NaCl, para uma
pressão de 10 kgf.cm
-2
e 20 kgf.cm
-2
.
Corante
(g.L
-1
)
NaCl
(g.L
-1
)
DQO
10
kgf.cm
-2
DQO
20
kgf.cm
-2
Cor
10
kgf.cm
-2
Cor
20
kgf.cm
-2
0,50
5,00 0,051 0,034 0,671 0,230
27,50 0,204 0,194 0,536 0,446
50,00 0,419 0,463 0,628 0,500
2,75
5,00 0,681 0,722 0,735 0,531
27,50 0,295 0,579 0,241 0,164
50,00 0,038 0,426 0,162 0,112
5,00
5,00 0,890 0,902 0,714 0,566
27,50 0,771 0,817 0,618 0,534
50,00 0,419 0,463 0,963 0,950
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
A B C D E F G H I
Ensaios
Cor relativa
10 kgf.cm-2 20 kgf.cm-2
Figura 21 Remoção de cor relativa para o corante Preto Remazol G e
para o NaCl, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. A 0,50 g.L
-1
de
corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal;
C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D – 2,75 g.L
-1
de corante e
5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75
g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00
g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal.
90
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
A B C D E F G H I
Ensaios
DQO relativa
10 kgf/c m2
20 kgf/c m2
Figura 22 Remoção da DQO relativa para o corante Preto Remazol G
e para o NaCl, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. A 0,50 g.L
-1
de
corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal;
C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D – 2,75 g.L
-1
de corante e
5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75
g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00
g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal.
Observa-se que para alguns casos foi possível reduzir
aproximadamente 90% dos parâmetros como é o caso de 5,00 g.L
-1
de
corante e 50,00 g.L
-1
de sal para a remoção de cor, e 5,00 g.L
-1
de
corante e 5,00 g.L
-1
de sal para a remoção de DQO. Outro fator
observado foi que os ensaios de maior concentração de cor foram os que
apresentaram melhores eficiências de remoção. Porém a partir do
momento em que foi aumentando a concentração de corante na solução,
o fluxo permeado foi reduzindo com o aumento da concentração de
corante e sal, conforme se pode observar na Tabela 18 e na Figura 23.
91
Tabela 18 Resultado experimental para o fluxo permeado (L.m
-2
.h
-1
)
para as diferentes concentrações do corante Preto Remazol e de NaCl,
sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
.
Corante (g.L
-1
) NaCl (g.L
-1
)
Pressão
10 kgf.cm
-2
Pressão
20 kgf.cm
-2
0,50
5,00 46,40 84,68
27,50 42,54 73,31
50,00 40,60 74,88
2,75
5,00 39,55 66,29
27,50 37,00 65,69
50,00 35,40 61,06
5,00
5,00 34,23 56,37
27,50 32,19 52,16
50,00 31,22 44,63
Figura 23 Média do fluxo permeado para diferentes concentrações de
corante Preto Remazol G e NaCl, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. A
0,50 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e
27,50 g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D
2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante e
27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G – 5,00
g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50
g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal.
92
Observa-se na Figura 23 que conforme ocorre o aumento da
concentração de corante, um decréscimo proporcional no fluxo
permeado; isto acontece tanto para a pressão de 10 kgf.cm
-2
quanto para
a pressão de 20 kgf.cm
-2
. Para a pressão de 20 kgf.cm
-2
os fluxos foram
maiores em relação à pressão de 10 kgf.cm
-2
. Isto ocorre devido ao fato
que o aumento da pressão acaba impulsionando uma maior passagem
dos solutos e do solvente pela membrana. Desta forma, para maiores
valores de pressão, obtêm-se menores remoções de cor e de DQO.
A Tabela 19 apresenta os resultados referentes às diferentes
concentrações de sulfato de sódio e corante Preto Remazol G, para a
remoção relativa de cor e de DQO, para as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
.
Observa-se na Tabela 19 que foi possível remover em torno de 30 a 70
% da cor, conforme as concentrações de sal e corante. A pressão de 10
kgf.cm
-2
apresentou uma remoção em torno de 5% a mais em relação à
pressão de 20 kgf.cm
-2
, conforme apresentado na Figura 24.
Tabela 19 Resultado experimental para a remoção relativa de DQO,
para diferentes concentrações de corante e de Na
2
SO
4
, para uma pressão
de 10 e 20 kgf.cm
-2
.
Corante
(g.L
-1
)
Na
2
SO
4
(g.L
-1
)
DQO
10 kgf.cm
-2
DQO
20
kgf.cm
-2
Cor
10
kgf.cm
-2
Cor
20
kgf.cm
-2
0,50
5,00 0,420 0,378 0,370 0,351
27,50 0,591 0,477 0,534 0,539
50,00 0,639 0,547 0,622 0,626
2,75
5,00 0,681 0,500 0,448 0,414
27,50 0,757 0,680 0,589 0,534
50,00 0,822 0,822 0,680 0,647
5,00
5,00 0,803 0,711 0,387 0,340
27,50 0,834 0,840 0,597 0,560
50,00 0,847 0,866 0,697 0,679
93
Figura 24 Remoção de cor relativa para o corante Preto Remazol G e
para o Na
2
SO
4
, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. A 0,50 g.L
-1
de
corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal;
C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D – 2,75 g.L
-1
de corante e
5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75
g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00
g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal.
Pode-se ainda observar na Tabela 19 que a remoção relativa de
DQO foi maior para a pressão de 10 kgf.cm
-2
, com variação de 5-15%
em relação à pressão de 20 kgf.cm
-2
, exceto para os ensaios F, H e I,
onde a diferença não foi significativa entre os dois veis de pressão
investigados, conforme pode ser visualizado na Figura 25.
94
Figura 25 Remoção da DQO relativa para o corante Preto Remazol G
e para o Na
2
SO
4
, sob as pressões de 10 e 20, kgf.cm
-2
. A0,50 g.L
-1
de
corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal;
C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D – 2,75 g.L
-1
de corante e
5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75
g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00
g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal.
Outro fator observado foi que, nos ensaios de maior concentração
de corante, foram obtidas as maiores eficiências de remoção. Porém o
aumento da concentração de corante na solução ocasionou uma redução
do fluxo permeado, conforme se pode observar na Tabela 20 e na Figura
26.
95
Tabela 20 Resultado experimental para o parâmetro do fluxo
permeado (L.m
-2
.h
-1
) para as diferentes concentrações do corante Preto
Remazol e de Sulfato de Sódio, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
.
Corante
(g.L
-1
)
Na
2
SO
4
(g.L
-1
)
Pressão
10 kgf.cm
-2
Pressão
20 kgf.cm
-2
0,50
5,00 32,16 72,35
27,50 25,80 58,49
50,00 23,59 45,85
2,75
5,00 32,57 68,65
27,50 25,80 44,54
50,00 34,86 41,87
5,00
5,00 32,25 61,71
27,50 29,29 47,23
50,00 21,64 38,80
Figura 26 Média do fluxo permeado para diferentes concentrações de
corante Preto Remazol G e Na
2
SO
4
, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
.
A 0,50 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e
27,50 g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D
2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante e
27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G – 5,00
g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50
g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal.
96
Observa-se na Figura 26 que, conforme ocorre o aumento da
concentração de corante, um decréscimo proporcional no fluxo
permeado; isto acontece tanto para a pressão de 10 kgf.cm
-2
quanto para
a pressão de 20 kgf.cm
-2
. Para a pressão de 20 kgf.cm
-2
os fluxos foram
maiores em relação aos obtidos na pressão de 10 kgf.cm
-2
. Este efeito
ocorre devido ao fato da pressão ser a força motriz do processo, e a
maior pressão facilita a passagem do fluxo pela membrana de
ultrafiltração apresentando menores remoções de cor e de DQO.
A Tabela 21 apresenta os resultados referentes às diferentes
concentrações de silicato de sódio e corante Preto Remazol G, para a
remoção relativa de cor e de DQO, para as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
.
Observa-se na Tabela 21 que a remoção de cor foi em torno de 35
a 75 %, conforme as concentrações de sal e corante utilizadas e em
relação à pressão não houve uma diferença significativa entre os
resultados obtidos para a pressão de 10 e 20 kgf.cm
-2
.
Tabela 21 Resultado experimental para a remoção relativa de DQO,
para diferentes concentrações de corante e de Na
2
SiO
3
, para uma
pressão de 10 e 20 kgf.cm
-2
.
Corante
(g.L
-1
)
Na
2
SiO
3
(g.L
-1
)
DQO
10 kgf.cm
-2
DQO
20 kgf.cm
-2
Cor
10 kgf.cm
-2
Cor
20 kgf.cm
-2
0,50
5,00 0,236 0,196 0,369 0,394
27,50 0,315 0,221 0,493 0,475
50,00 0,683 0,538 0,585 0,580
2,75
5,00 0,654 0,504 0,400 0,438
27,50 0,738 0,742 0,597 0,591
50,00 0,924 0,895 0,696 0,686
5,00
5,00 0,382 0,236 0,499 0,498
27,50 0,660 0,522 0,598 0,592
50,00 0,922 0,862 0,797 0,795
97
Figura 27 Remoção de cor relativa para o corante Preto Remazol G e
para o Na
2
SiO
3
, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. A 0,50 g.L
-1
de
corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal;
C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D – 2,75 g.L
-1
de corante e
5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75
g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00
g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal.
Pode-se ainda observar na Tabela 21 e Figura 27 que a remoção
relativa de DQO foi maior para os resultados obtidos com uma pressão
de 10 kgf.cm
-2
. Observa-se que na Figura 27 os ensaios F e I foram os
que apresentaram maior remoção de DQO no ensaio, variando em torno
90% de remoção.
98
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
A B C D E F G H I
Ensaios
DQO relativa
10 kgf.cm-2 20 kgf.cm-2
Figura 28 Remoção da DQO relativa para o corante Preto Remazol G
e para o Na
2
SiO
3
, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
. A0,50 g.L
-1
de
corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal;
C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D – 2,75 g.L
-1
de corante e
5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75
g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G 5,00 g.L
-1
de corante e 5,00
g.L
-1
de sal; H – 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50 g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal.
Outro fator observado foi que os ensaios realizados com maior
concentração de corante foram os que apresentaram os melhores
resultados de remoção. Porém a partir do momento em que foi
aumentando a concentração de corante na solução, o fluxo permeado foi
reduzindo nos ensaios, conforme se pode observar nos resultados da
Tabela 22 e da Figura 29.
99
Tabela 22 Resultado experimental para o fluxo permeado (L.m
-2
.h
-1
)
para as diferentes concentrações do corante Preto Remazol e de Silicato
de Sódio, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-2
.
Corante (g.L
-1
) Na
2
SiO
3
(g.L
-1
)
Fluxo
permeado
10 kgf.cm
-2
Fluxo
permeado
20 kgf.cm
-2
0,50
5,00 43,88 76,53
27,50 28,52 58,70
50,00 23,59 45,85
2,75
5,00 37,34 64,31
27,50 36,40 55,76
50,00 30,78 54,11
5,00
5,00 32,25 61,71
27,50 32,55 52,09
50,00 21,64 38,80
Figura 29 Média do fluxo permeado para diferentes concentrações de
corante Preto Remazol G e Na
2
SiO
3
, sob as pressões de 10 e 20 kgf.cm
-
2
. A 0,50 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; B - 0,50 g.L
-1
de corante
e 27,50 g.L
-1
de sal; C - 0,50 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; D
2,75 g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; E - 2,75 g.L
-1
de corante e
27,50 g.L
-1
de sal; F - 2,75 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal; G – 5,00
g.L
-1
de corante e 5,00 g.L
-1
de sal; H 5,00 g.L
-1
de corante e 27,50
g.L
-1
de sal; I – 5,00 g.L
-1
de corante e 50,00 g.L
-1
de sal.
100
Observa-se na Figura 29 que conforme ocorre o aumento da
concentração de corante, um decréscimo no fluxo permeado. Isto
acontece tanto para a pressão de 10 kgf.cm
-2
quanto para a pressão de 20
kgf.cm
-2
. Para a pressão de 20 kgf.cm
-2
os fluxos foram maiores em
relação à pressão de 10 kgf.cm
-2
, devido ao fato da pressão ser a força
motriz, conforme discutido anteriormente, ocasionando menores
remoções de cor e de DQO.
Pode-se observar nas Figuras 23, 26, 29 que quanto menor for a
concentração de corante e menor for concentração de sal, maior será o
fluxo, pois o aumento da concentração dos mesmos aumenta o teor de
sólidos presentes na solução. Para estes ensaios se avaliou apenas os
diferentes tipos de sal, pois os mesmos apresentam massas moleculares
diferentes. Foi possível observar que a solução que continha cloreto de
sódio apresentou maiores fluxos em relação aos outros sais, porém foi a
que apresentou menor eficiência na remoção de cor e DQO.
Koyuncu et al. (2004) explicam que a diferença da pressão
osmótica através de membranas de nanofiltração e osmose inversa
aumenta com o aumento da concentração de sal e diminui o fluxo
permeado. Foi observado que houve uma diminuição no fluxo permeado
com o aumento da concentração de sal. Em concentrações altas de sais,
maiores que 20 g.L
-1
, o fluxo permeado foi altamente influenciado pela
diferença da pressão osmótica através da membrana.
A velocidade do fluxo de alimentação também afetou o fluxo
permeado. Analisando de uma forma geral, a obtenção de alto fluxo
permeado, com alta redução de cor e de DQO é favorecida pela maior
concentração de corante e menor concentração de sal (MAJEWSKA-
NOWAK et al., 1996). A diferença na retenção do cloreto de sódio e do
sulfato de sódio pode ser explicada através do tamanho dos íons Cl
-
e
SO
4
-2
. O raio do íon cloreto solvatado é de 0,33nm e do íon sulfato é de
0,38nm. Devido a esta diferença de tamanho e carga iônica, os sais têm
diferentes coeficientes de difusão na água (TANNINEN et al., 2006).
4.3 TESTES DAS DIFERENTES CONFIGURAÇÕES DO SISTEMA
DAS UNIDADES PILOTOS
Foram realizados preliminarmente testes para avaliar diferentes
configurações do sistema das unidades pilotos de UF e NF com o intuito
de verificar a melhor configuração para os testes para avaliação do reúso
de água. Na Figura 30 e na Tabela 23 o apresentados os resultados da
caracterização do efluente da indústria têxtil - Brandili, utilizando
101
diferentes configurações do sistema de separação por membranas em
serie. Foram avaliados os parâmetros de DQO, cor aparente e sólido
totais, sendo retiradas amostras em intervalos de 15 minutos, até
completar o volume total do tanque de 250 L. Para alguns experimentos,
a amostragem foi realizada em períodos menores que 15 minutos, pois o
volume e a condição eram favoráveis para uma filtração rápida. Foram
utilizadas as seguintes configurações: descartando o concentrado (DC),
recirculando o concentrado para o tanque de alimentação (RC),
recirculando o concentrado para o tanque de alimentação e com reciclo
interno a uma vazão constante (RC+C-V), recirculando o concentrado
para o tanque de alimentação e com reciclo interno a uma pressão
constante (RC+C-P).
Pode-se observar na Tabela 23 e na Figura 30 os resultados da
caracterização do efluente têxtil industrial após a passagem pelo
processo de separação por membranas.
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
UF NF UF
15
UF
30
UF
35
NF
15
NF
30
UF
15
UF
30
UF
45
NF
15
NF
30
UF
15
UF
30
UF
45
NF
15
NF
30
Amostras
Redução Relativa
DQO Cor ST
DC RC RC+C-V RC+C-P
Figura 30 Redução relativa dos parâmetros de DQO, cor aparente e
sólidos totais (ST), para as diversas configurações: DC descartando o
concentrado, RC recirculando o concentrado para o tanque de
alimentação, RC+C-V, recirculando o concentrado para o tanque de
alimentação com reciclo interno a uma vazão constante, RC+C-P,
recirculando o concentrado para o tanque de alimentação com reciclo
interno a uma pressão constante.
102
Tabela 23 Caracterização do efluente têxtil de coloração rosa com
diversas configurações do sistema de filtração: DC, RC, RC+C-V,
RC+C-P.
Amostra
DQO
(mg O
2
.L
-1
)
Cor Aparente
(PtCo)
Sólidos Totais
(mg.L
-1
)
Efluente inicial 1.651 594 2.634
UF –DC 968 440 2.059
NF – DC 223 52 556
UF 15 – RC 869 507 2.274
UF 30 – RC 918 481 2.358
UF 35 – RC 1.018 522 2.356
NF 15 – RC 372 22 1.132
NF 30 – RC 422 23 1.402
UF 15 – RC+C-V 620 500 1.842
UF 30 – RC+C-V 682 337 1.898
UF 45 – RC+C-V 769 377 2.032
NF 15 – RC+C-V 322 17 924
NF 30 – RC+C-V 335 15 1.198
UF 15 – RC+C-P 670 357 1.878
UF 30 – RC+C-P 956 227 1.944
UF 45 – RC+C-P 1.105 277 2.050
NF 15 – RC+C-P 24 17 492
NF 30 – RC+C-P 12 15 652
Nas diferentes configurações investigadas houve a remoção de
aproximadamente de 100% da cor aparente. Para o parâmetro DQO, a
configuração que apresentou uma alta eficiência na remoção foi a
RC+C-P, sendo que esta configuração também apresentou uma remoção
de 80% de sólidos totais. Para a membrana de ultrafiltração, a
configuração de RC+C-P apresentou uma excelente remoção, da ordem
de 90%, dos parâmetros estudados.
103
4.4 TESTES PARA AVALIAÇÃO DE SAIS SOBRE AS UNIDADES
PILOTOS
Foram realizados ensaios na empresa Brandili, localizada na
região do Alto Vale do Itajaí, com as unidades pilotos com a finalidade
de se observar a influência do sal, barrilha e corante sobre a eficiência
das membranas. Desta forma, foram elaborados banhos sintéticos
contendo estas substâncias químicas auxiliares para verificar os efeitos
sobre a separação nos sistemas de membrana. Os resultados dos ensaios
estão apresentados nas Tabelas 24 a 27 e nas Figuras 31 a 33. Na Tabela
24 e na Figura 31 são apresentados os resultados da caracterização do
efluente têxtil sintético. Para estes experimentos foi avaliada a presença
de sal, barrilha e corante, pois estas substâncias químicas estão presentes
no tingimento de substratos de algodão com corantes reativos. Os
sistemas de filtração foram operados em série e recirculando o
concentrado no tanque de alimentação.
Tabela 24 – Resultados dos efluentes sintéticos com sal, barrilha e
corante sobre a eficiência das membranas de ultrafiltração e
nanofiltração.
Sólidos
Totais
(mg.L
-1
)
DQO
(mg O
2
.L
-1
)
Cor Aparente
(PtCo)
Solução de NaCl
Banho 7.800 235 77
UF 6.950 186 7
NF 3.050 148 7
Solução de NaCl
+ Na
2
CO
3
Banho 14.200 2.520 22
UF 12.200 2.098 11
NF 9.800 546 5
Solução de NaCl
+ Na
2
CO
3
+
corante
Banho 21.150 5.103 1.860
UF 20.200 4.060 1.459
NF 19.650 2.917 8
*UF – ultrafiltração; ** NF – nanofiltração.
104
Figura 31 Redução dos parâmetros: cor relativa, DQO e ST, para os
diferentes testes contendo sal (NaCl), barrilha (Na
2
CO
3
) e corante.
Pode-se observar tanto na Tabela 24 quanto na Figura 31 que foi
possível remover cerca de 100% de cor na solução que continha sal,
barrilha e corante, após o uso da nanofiltração. Para a solução que
continha apenas sal e barrilha, foi possível reduzir aproximadamente
75% de DQO. Porém, na Figura 31 se pode verificar que na solução
onde sal, barrilha e corante a remoção de sólidos foi menor, em
relação aos demais ensaios; isto pode ser explicado, pois o concentrado
retornava para o tanque de alimentação, o que acabava acarretando em
uma elevação na concentração de sólidos totais no tanque de
alimentação.
estudos que relatam a influência do sal ou maiores
concentrações de soluto sobre a pressão osmótica e sobre a redução de
fluxo permeado. A maioria dos trabalhos relata o envolvimento do uso
do sal/misturas de moléculas orgânicas. Mohammad et al. (2007)
estudaram a rejeição de KCl, K
2
SO
4
, MgCl
2
e MgSO
4
até 350 equiv.m
-3
;
no entanto o estudo não levou em conta a redução do fluxo devido à
concentração de sal.
Em altas concentrações de sais, a diferença da difusividade se
torna mais significativa. A diferença da difusividade dos sais permite
105
uma separação mais seletiva quando estes estiverem misturados
(TANNINEN et al., 2006).
A indústria têxtil no processo de tingimento não utiliza apenas
sal, barrilha e corante, sendo que mais substâncias químicas
auxiliares utilizadas no processo de tingimento. Para os ensaios de reúso
foi sintetizado um efluente simulando o descarte do tingimento de um
corante reativo. Este banho levou-se em consideração que apenas 10%
dos corantes reativos estariam no banho, bem como 100% das
substâncias químicas auxiliares, que não se fixam à fibra. A Figura 32 e
Tabela 25 apresentam o comportamento do fluxo das unidades pilotos
de ultrafiltração e nanofiltração, em relação ao tempo de utilização; o
teste foi realizado sem reciclo e sem recirculação de concentrado. O
permeado da nanofiltração foi reservado com a finalidade de realizar
tingimentos em laboratório para avaliar a possibilidade de reúso.
Tabela 25 – Descrição do comportamento das Unidades Pilotos de
Ultrafiltração e Nanofiltração para o banho sintético do efluente do
corante reativo – Cor Prata.
Ultrafiltração
Tempo
Fluxo permeado
Vazão concentrado Pressão Volume
(min) L.h
-1
.m
-2
L.h
-1
.m
-2
kgf.cm
-2
(Litro)
0 24,00 68,30 8,44 -
1 19,51 73,18 8,44 10
3 14,64 73,18 8,44 10
6 9,75 73,18 8,44 10
9 9,75 68,30 8,44 10
12 7,32 68,30 8,44 5
14 4,88 70,73 8,44 5
Nanofiltração
Tempo
Fluxo permeado
Vazão concentrado Pressão Volume
(min) L.h
-1
.m
-2
L.h
-1
.m
-2
kgf.cm
-2
(Litro)
0 17,08 97,56 13,36 -
2 17,08 97,56 13,36 5
106
Figura 32 – Comportamento das Unidades de Pilotos de filtração
Ultrafiltração e Nanofiltração em relação ao fluxo permeado. UF P,
permeado da ultrafiltração; UF C, concentrado da ultrafiltração; NF
P, permeado da nanofiltração; NF – C, concentrado da nanofiltração.
O volume inicial a ser filtrado foi de 250 L. Foi reservado 50 L
de permeado da ultrafiltração e após a passagem do efluente pela
nanofiltração foi reservado 5 L para os testes subsequentes de
tingimento em laboratório. Amostras foram reservadas do banho
sintético inicial, do permeado e do concentrado da ultrafiltração e do
permeado da nanofiltração para análises de pH, cor, DQO,
condutividade e sólidos totais, sendo que estes resultados estão
apresentados na Tabela 26.
Com o permeado da nanofiltração, foram realizados testes em
laboratório de tingimento com três diferentes cores, vermelho, prata, e
verde. Para comparação dos resultados, foram realizados tingimentos
com estas mesmas cores, utilizando água industrial. Na Tabela 27 são
apresentados os resultados obtidos através do espectrofotômetro,
determinando-se, através deste ensaio, se as amostras serão ou não
aprovadas.
107
Tabela 26 Parâmetros físico-químicos do banho sintético do corante
reativo – cor Prata.
Amostra pH
Condutividade
(mS.cm
-1
)
DQO
(mg.L
-1
)
Cor (PtCo)
Inicial 6,88 18,55 4.358,03 9,83
UF - Permeado 7,04 18,36 3.352,33 8,28
NF - Permeado 7,37 9,47 732,55 0,94(
#
90%)
Amostra
Sólidos Totais
(mg.L
-1
)
Sólidos Fixos
(mg.L
-1
)
Sólidos Voláteis
(mg.L
-1
)
Inicial 32.500,00 19.900,00 12.600,00
UF – P* 23.500,00 17.300,00 6.200,00
NF – P**
8100,00 6800,00 1.300,00
*UF-P permeado da ultrafiltração; **NF-P permeado da
nanofiltração;
#
porcentagerm de remoção de cor.
Tabela 27 Resultados das amostras no espectrofotômetro para o
tingimento em laboratório do permeado da nanofiltração do efluente
sintético.
Padrão L* a* b* Força (%) E
cmc
Vermelho 38,05 54,07 21,88 100,00 0,00
Amostra L* C* H* E
cmc
Força (%) Resultado
Verm – 1 -1,37 0,63 0,98 0,99 117,04 Reprovado
Verm – 2 -1,44 0,62 1,45 1,21 117,46 Reprovado
Padrão L* a* b* Força (%) E
cmc
Prata 76,76 -0,82 1,64 100,00 0,00
Amostra L* C* H* E
cmc
Força (%) Resultado
Prata – 4 -0,04 0,58 0,10 0,78 102,07 Aprovado
Prata – 5 -0,08 0,42 0,10 0,58 102,07 Aprovado
Padrão L* a* b* Força (%) E
cmc
Verde 46,29 -32,20 -7,30 100,00 0,00
Amostra L* C* H* E
cmc
Força (%) Resultado
Verde – 7 -0,15 0,35 0,05 0,19 99,61 Aprovado
Verde – 8 -0,15 0,35 0,05 0,19 98,27 Aprovado
108
O sistema CIELAB é capaz de medir a intensidade da cor, força e
a própria tonalidade (+a – cor vermelha; -a – cor verde; +b – cor
amarela, -b cor azul, +L cores claras; -L cores escuras). Pode-se
observar na Tabela 27 que, pelo teste do espectrofotômetro, a amostra
de cor vermelha não foi aprovada, por apresentar cor aproximadamente
17% mais forte do que em relação ao padrão, sendo que visualmente não
possibilidade de verificar esta diferença. Outro parâmetro relevante é
a força colorística, que neste caso está mais forte do que o padrão. Para
as amostras de cor Prata e Verde, todas as amostras foram aprovadas,
obtendo-se um baixo desvio padrão entre as amostras. Na Figura 33 são
apresentadas as amostras tingidas em laboratório.
Padrão Vermelho Vermelho 1 Vermelho 2
Padrão Prata Prata 5 Prata 6
Padrão Verde Verde 7 Verde 8
Figura 33 Amostra do tingimento das cores vermelha, prata e verde
nos tecidos de algodão.
109
Na Figura 33 pode-se observar que não houve diferença
significativa entre as amostras com os respectivos padrões, para os
tingimentos realizados em laboratório. Em relação à cor vermelha a
solução seria utilizar uma concentração menor de corante para ajustar a
cor.
Foi avaliado o comportamento da membrana de nanofiltração
para o tratamento de efluentes têxteis reais, tais como da água de
preparação, água de tingimento, água de lavação de tingimento e água
de mistura (25% água de preparação, 25% da água de tingimento, e 50%
da água de lavação de tingimento), sendo que os resultados são
apresentados nas Tabelas 28 a 31 e nas Figuras 34 a 36. Estes ensaios
foram realizados na empresa Coteminas S.A.
A Tabela 28 apresenta os resultados referentes à água de
preparação do tecido de algodão para o tingimento utilizando a
membrana de nanofiltração.
Tabela 28 Caracterização do efluente da água de preparação, antes e
após o processo de nanofiltração.
Amostras pH
Condutividade
(mS.cm
-1
)
Cor
(PtCo)
DQO
(mg O
2
.L
-1
)
Inicial – Água
de preparação
4,07 0,188 262,00 2.781,20
Permeado
4,27 1,666 8,00(
#
97%) 1.415,43
Concentrado
3,99 2,460 531,00 4.444,95
Amostras
Sólidos Totais
(mg.L
-1
)
Sólidos Fixos
(mg.L
-1
)
Sólidos Voláteis
(mg.L
-1
)
Inicial – Água
de preparação
5.500,00 1.200,00 4.300,00
Permeado
3.050,00 500,00 2.550,00
Concentrado
7.250,00 1.450,00 5.800,00
#
porcentagem de remoção de cor.
Pode-se observar na Tabela 28 que foi possível remover cerca de
97% da cor, 49% da DQO e 44,5% de sólidos totais. Para as demais
análises não foi observada uma remoção significativa. A Figura 34
apresenta o desempenho da membrana de nanofiltração ao passar o
efluente têxtil proveniente da preparação do tecido de algodão.
110
Figura 34 Fluxo permeado (L.m
-2
.h
-1
) da membrana de nanofiltração
para o efluente da água de preparação para uma pressão de 13,36
kgf.cm
-2
.
Na Figura 34 pode-se observar que o fluxo permeado se manteve
estável após 15 minutos de filtração, permanecendo num fluxo de 9,75
L.h
-1
.m
-2
. O volume de alimentação foi de 380 L e o volume de
permeado adquirido foi de 200 L e 180 L de concentrado. A Tabela 29
apresenta os resultados da caracterização do efluente inicial, bem como
do permeado e do concentrado da unidade de filtração com a membrana
de nanofiltração para o efluente da água de lavação de tingimento.
Tabela 29 Resultados das características do efluente da água de
lavação de tingimento.
Amostras pH
Condutividade
(mS.cm
-1
)
Cor
(PtCo)
DQO
(mg O
2
.L
-1
)
Inicial – Água de
Lavação
9,25 10,780 1.404,00 446,98
Permeado
9,19 7,460 22,00(
#
99%) 99,33
Concentrado
9,30 12,940 2.453,00 1.105,03
Amostras
Sólidos Totais
(mg.L
-1
)
Sólidos Fixos
(mg.L
-1
)
Sólidos Voláteis
(mg.L
-1
)
Inicial – Água de
Lavação
10.000,00 8.700,00 1.300,00
Permeado
9.800,00 8.450,00 1.350,00
Concentrado
13.250,00 11.250,00 2.000,00
#
porcentagem de remoção de cor.
111
Pode-se observar na Tabela 29 que foi possível remover cerca de
98% da cor e 77% da DQO. Para as demais análises não foi observada
uma remoção significativa. A Figura 35 apresenta o desempenho da
membrana de nanofiltração para o efluente da água de lavação de
tingimento.
Figura 35 Fluxo permeado (L.m
-2
.h
-1
) da membrana de nanofiltração
para o efluente da água de lavação de tingimento para uma pressão de
13,36 kgf.cm
-2
.
Na Figura de 35 pode-se observar que o fluxo do permeado se
manteve estável por toda filtração, permanecendo em 14,5 L.h
-1
.m
-2
. O
volume de alimentação foi de 250 L, o volume de permeado obtido foi
de 210 L e o de concentrado foi de 40 L. A Tabela 30 apresenta os
resultados referente à caracterização da água de tingimento.
112
Tabela 30 Resultados das características do efluente da água de
tingimento.
Amostras pH
Condutividade
(mS.cm
-1
)
Cor
(PtCo)
DQO
(mg O
2
.L
-1
)
Inicial – Água de
Tingimento
11,39
20,780 27.485,00 2.433,55
Permeado
9,36 20,160 208,00 (
#
99,5%) 2.321,80
Concentrado
9,99 19,770 50.971,00 5.165,08
Amostras
Sólidos Totais
(mg.L
-1
)
Sólidos Fixos
(mg.L
-1
)
Sólidos Voláteis
(mg.L
-1
)
Inicial – Água de
Tingimento
94.300,00 54.400,00 39.900,00
Permeado
77.900,00 47.150,00 30.750,00
Concentrado
232.700,00 72.750,00 159.950,00
#
porcentagem de remoção de cor.
Pode-se observar na Tabela 30 que foi possível remover cerca de
99% da cor e 17% de sólidos totais. Para as demais análises não foi
observada uma remoção significativa. A Figura 36 apresenta o
desempenho da membrana de nanofiltração com o efluente têxtil
proveniente da água de tingimento.
Figura 36 Fluxo permeado (L.m
-2
.h
-1
) da membrana de nanofiltração
para o efluente da água de tingimento para uma pressão de 13,36
kgf.cm
-2
.
113
Na Figura 36 pode-se observar que o fluxo do permeado se
manteve estável por toda filtração, permanecendo num fluxo de 9,75
L.h
-1
.m
-2
. O volume de alimentação foi de 300 L, o volume de permeado
adquirido foi de 200 L e de concentrado foi de 100 L. A Tabela 31
apresenta o resultado da caracterização do efluente têxtil de uma mistura
da água de preparação, lavação de tingimento e do próprio tingimento.
Tabela 31 Resultados das características do efluente da água de
mistura.
Amostras pH
Condutividade
(mS.cm
-1
)
Cor
(PtCo)
DQO
(mg O
2
.L
-1
)
Inicial – Água de
Mistura
7,35 16,650 3.413 2.470,79
Permeado 120
minutos
8,01 16,410 13 (
#
99,8%) 757,38
Amostras
Sólidos Totais
(mg.L
-1
)
Sólidos Fixos
(mg.L
-1
)
Sólidos Voláteis
(mg.L
-1
)
Inicial – Água de
preparação
41.200,00 16.450,00 24.750,00
Permeado 120
minutos
33.500,00 19.000,00 18.950,00
#
porcentagem de remoção de cor.
Pode-se observar na Tabela 31 que foi possível remover cerca de
100% da cor, 69% da DQO e 18% de sólidos totais. Para as demais
análises não foi observada uma remoção significativa.
Pode-se verificar nas Tabelas 28 a 31, que a água da lavação de
tingimento foi que apresentou um fluxo mais elevado, 14,50 L.h
-1
.m
-2
;
isto se deve ao fato do efluente apresentar menor quantidade de sólidos
totais presentes. O maior índice de sólidos totais está presente no
efluente proveniente do tingimento. Com base nestes resultados pode-se
verificar que os efluentes com alta concentração de sólidos totais podem
prejudicar o desempenho da membrana de nanofiltração. Porém para o
efluente da água de preparação, a concentração de sólidos totais é menor
do que da água de lavação de tingimento, mas esta não apresenta um
desempenho efetivo em relação ao fluxo permeado, pois o efluente
apresenta gomas, o que acaba ocasionando um baixo desempenho da
membrana.
114
4.5 TINGIMENTO
Com o permeado da água de mistura foram realizados diversos
tingimentos em laboratório utilizando corante reativo e tecido de
algodão. Para estes ensaios foram utilizados os corantes: Azul Turquesa
Remazol G, Vermelho Remazol RR, Laranja Remazol 3R.
Inicialmente foi realizado um tingimento padrão utilizando água
destilada e, para os demais testes, foi utilizada a água do permeado
proveniente da água de mistura, descrita anteriormente. Com o reúso
desta água foram preparadas diversas soluções de tingimento, utilizando
apenas um único corante na concentração de 0,5 g.L
-1
e tricomia cuja
concentração da mistura de corante foi de 0,7 g.L
-1
(0,4 g.L
-1
de Azul
Turquesa Remazol G, 0,2 g.L
-1
de Vermelho Remazol RR e 0,1 g.L
-1
de
Laranja Remazol 3R).
Os resultados da leitura pelo espectrofotômetro estão
apresentados na Tabela 32. Estes resultados são apresentados na forma
de CIELAB ou (L*a*b*), os quais permitem a especificação de
parâmetros de cores em termos de um espaço tridimensional. A axial L é
conhecida como luminosidade e se estende de 0 (preto) a 100 (branco), e
as coordenadas a* e b* representam respectivamente, vermelho-verde e
amarelo-azul. O termo E é derivado da palavra alemã Empfindung, que
significa sensação, ou seja a diferença da amostra com o padrão.
O tingimento com o corante Vermelho Remazol RR apresentou
uma coloração “rosada” devido a uma falta de ajuste inicial de pH,
conforme pode ser visualizado na Tabela 32.
Para o tingimento da tricomia, não foi utilizada a receita 4, pois
não havia efluente suficiente.
Conforme os resultados apresentados na Tabela 32, pode-se
observar que a Formulação 2, para todos os casos, foi a que mais se
aproxima do padrão. De todas as cores utilizadas, o Azul Turquesa
Remazol G foi que mais se aproximou do padrão. Com base nestes
resultados pode-se observar que é possível sim reutilizar o efluente do
processo de tingimento de algodão, porém existe a necessidade de
ajustar as formulações de tingimento para que se possa chegar a
reproduzir a cor padrão. a necessidade de se fazer ajuste para cada
cor. De acordo com os resultados apresentados na Tabela 32, a amostra
utilizando o corante Vermelho Remazol RR resultou após o tingimento
em uma coloração rosada.
115
Tabela 32 – Análise espectrofotométrica das amostras tingidas com
permeado do efluente industrial.
Amostra L* a* b* E Resultado
Azul Turquesa
Remazol G – Padrão
70,17 -28,60 -18,27 ----- -------
Formulação 1 66,27 -31,12 -20,79 2,28 Reprovado
Formulação 2 70,85 -28,88 -18,53 0,41 Aprovado
Formulação 3 68,07 -29,87 -6,44 1,1 Aprovado
Formulação 4 71,42 -9,26 -17,41 0,72 Aprovado
Vermelho
Remazol RR – Padrão
63,32 33,36 -6,91 ---- ---------
Formulação 1 64,03 34,83 -5,87 1,15 Aprovado
Formulação 2 64,23 35,2 -6,22 1,1 Aprovado
Formulação 3 63,73 35,34 -6,13 1,04 Aprovado
Formulação 4 66,49 33,78 -5,65 1,58 Reprovado
Laranja
Remazol 3R – Padrão
74,55 21,76 12,32 ---- ---------
Formulação 1 68,13 26,87 14,00 3,95 Reprovado
Formulação 2 74,70 22,36 11,83 0,99 Aprovado
Formulação 3 71,04 28,19 14,84 4,06 Reprovado
Formulação 4 72,42 24,47 12,69 1,95 Reprovado
Tricomia – Padrão 64,43 -4,91 -15,12 ---- -------
Formulação 1 60,81 -4,62 -14,73 1,57 Reprovado
Formulação 2 61,68 -3,19 -16,41 2,41 Reprovado
Formulação 3 60,14 -2,45 -13,02 3,14 Reprovado
Com os experimentos realizados pode-se estabelecer um
comparativo relacionando as diferentes membranas e os diferentes
corantes utilizados.
No tratamento de efluente do tingimento têxtil a membrana de
ultrafiltração foi considerada como um método promissor de pré-
tratamento da nanofiltração. A possível contaminação da superfície da
membrana de nanofiltração com óleos ocasionaria uma lesão na mesma,
afetando o seu desempenho irreversivelmente.
O fluxo permeado aumentou com o aumento da pressão para
todas as concentrações de sal e corante; porém, houve uma diminuição
116
do fluxo com o aumento da concentração de sal. Isto também contribuiu
para a redução de cor e redução de DQO.
Observou-se no decorrer dos experimentos que a configuração da
Unidade piloto influencia nos resultados experimentais, facilitando ou
não a passagem do efluente pela membrana, bem como altas
concentrações de sais diminuem drasticamente o seu desempenho. Para
muitos casos, onde havia pouco material lido disperso no efluente,
não se utilizou a ultrafiltração como pré-tratamento.
Muito embora o reúso de água no processo de tingimento tenha
mostrado resultados positivos em relações às receitas utilizadas, a
necessidade de correção de receita para a reprodução exata da cor
padrão. Este efeito pode ser explicado pela presença de sal monovalente
na água do permeado.
5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES
Foram escolhidos os seguintes parâmetros para monitoramento da
regeneração de água dos efluentes da indústria têxtil por sistemas de
membranas: temperatura, pH, DQO, sólidos suspensos totais, sólidos
solúveis, sólidos fixos, sólidos voláteis, concentração de sal, dispersante
e umectantes, fluxo permeado, fluxo de concentrado. Estes parâmetros
são importantes, pois afetam a eficiência e desempenho das membranas.
A temperatura se mostrou um parâmetro importante quando se
está trabalhando com membranas, pois as mesmas se mostram mais
efetivas em temperatura mais elevada quando comparadas com
temperaturas ambientes. Para a temperatura de 45ºC foi possível
remover 99% da cor presente no efluente modelo. É importante verificar
que é possível trabalhar com temperatura mais elevada, pois há efluentes
que saem do processo de tingimento com temperatura entre 60 - 120°C.
O comportamento das membranas em relação ao pH se mostrou
importante, pois em pH ácidos ou neutros se apresentaram mais efetivas
na remoção de cor, aproximadamente 99% na remoção de cor, além de
apresentarem fluxo permeado mais elevado quando relacionado com pH
básico.
A concentração de sais como cloreto de sódio, silicato de sódio e
sulfato de sódio afetou de modo adverso o fluxo permeado: quanto
maior a concentração de corante e menor a concentração de sal, maior o
fluxo permeado. Estes efeitos podem ser atribuídos à pressão osmótica
que aumenta com o aumento da concentração de sal e diminui o fluxo
do permeado. Foi observado que houve uma diminuição no fluxo
permeado com aumento da concentração de sal. A avaliação do
comportamento do sal no sistema é importante para a indústria, pois este
é muito utilizado no processo de tingimento.
A presença de umectante influenciou negativamente o fluxo
permeado. A utilização de umectante auxilia a diminuição da tensão
superficial da fibra com a água ocasionando desta forma um aumento da
viscosidade da solução.
O uso de dispersantes na indústria têxtil é comum, pois estes
auxiliam na manutenção da suspensão das substâncias insolúveis
presentes no processo. A presença destes influencia positivamente no
fluxo, ou seja, quando maior for a concentração de dispersante no meio,
maior será o fluxo permeado obtido. O agente dispersante
118
provavelmente diminui a viscosidade da solução, aumentando assim o
fluxo permeado.
Durante a realização dos ensaios experimentais, observou-se que
uma alta concentração de substâncias orgânicas e suspensas na
solução; esta característica é observada nos efluentes reais da indústria
têxtil. O uso direto da membrana de nanofiltração não apresenta um alto
desempenho, ocasionando muitas paradas para limpeza da mesma. No
sistema investigado, foi inserido um sistema de ultrafiltração como pré-
tratamento.
No sistema de ultrafiltração foi possível observar a retenção de
parte da cor, sendo avaliada a concentração de sal em relação à
concentração de corante para este sistema. Verificou-se que a presença
de sal dificulta a passagem do corante pela membrana, não sendo este
efeito relatado na literatura. Observou-se ainda, nos casos estudados,
que o aumento da concentração de sal e o aumento da concentração de
corante podem reduzir significativamente a redução de cor e a DQO.
Não houve uma mudança significativa do fluxo permeado para a
membrana de ultrafiltração no estudo da influência da concentração de
sal e corante.
No estudo realizado pôde-se concluir que o processo de
separação por membranas de ultrafiltração e nanofiltração é eficiente
para a remoção de cor dos efluentes têxteis e para a regeneração de água
para o reúso.
A configuração das unidades pilotos de ultrafiltração e
nanofiltração também se mostra importante, pois a melhor configuração
estava baseada no desempenho da membrana, como na remoção de
DQO e cor.
Testes realizados com o reúso de água em diferentes etapas do
processamento têxtil mostram ser este processo de regeneração de água
muito promissor, porém necessitando ajustes de formulação no processo
de tingimento.
Sugestões de trabalhos futuros
o Verificar a possibilidade de reutilizar o concentrado no processo
de tingimento;
o Verificar a utilização do efluente têxtil do tanque de
equalização;
o Verificar a melhor configuração do sistema de membranas em
série para uma maior recuperação do permeado;
119
o Estabelecer um modelo para adequação das formulações
visando o reúso de água;
o Como os banhos de tingimentos apresentam alta concentração
de material suspenso, verificar se o processo não é mais efetivo
utilizando o efluente oriundo do tanque de equalização.
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ANEXO A
Foi realizado um planejamento experimental fatorial 2
2
com
pontos centrais (Planejamento Composto Central). Este planejamento
permite verificar a curvatura de um plano, ou seja, verificar a existência
de termos quadráticos no modelo de regressão. Para o planejamento
composto central, quatro diferentes modelos podem ser testados, sendo
que no presente trabalho foram avaliados os termos lineares e
quadráticos dos efeitos principais e interações, conforme pode ser
visualizado nas Tabelas A1 a A10, para o corante Preto Remazol B.
O programa Statistica, versão 7.0, foi utilizado para a análise dos
resultados obtidos, com a finalidade de verificar a influência de
diferentes concentrações de sal e de corante na ultrafiltração. Para estas
análises, foram usados os parâmetros: redução de cor e redução de
DQO. Não houve modificação do pH em nenhum dos experimentos e a
condutividade teve variação desprezível. Nas Tabelas A1 a A10 e nas
Figuras A1 a A4 são apresentados os resultados obtidos.
Tabela A1 Resultado experimental para a remoção relativa de DQO,
para diferentes concentrações de corante e de NaCl, para uma pressão de
10kgf.cm
-2
.
Corante (g.L
-1
) NaCl (g.L
-1
) Redução de DQO relativa
0,5 5,0 0,051
27,5 0,117
50,0 0,041
2,75 5,0 0,660
27,5 0,295
50,0 0,038
5,0 5,0 0,893
27,5 0,771
50,0 0,419
Posteriormente efetuou-se o cálculo dos efeitos independentes
sobre a resposta, que podem ser visualizados na Tabela A2.
132
Tabela A2 – Principais efeitos na redução relativa de DQO.
Efeito DP* t(12) p
Lim.
Conf.
(-95%)
Lim.
Conf.
(+95)
Média 0,360 0,052 6,932 0,000 0,247 0,473
(1)C (L) 0,624 0,056 10,966 0,000 0,500 0,748
C (Q) 0,102 0,098 1,035 0,320 -0,112 0,317
(2)S (L) -0,368 0,056 -6,463 0,000 -0,492 -0,244
S(Q) -0,088 0,098 -0,894 0,388 -0,303 0,126
1L x 2L -0,232 0,069 -3,325 0,006 -0,383 -0,080
C – corante, S – sal, *DP – desvio padrão.
Considerando os valores de “p” da Tabela A2, observa-se que
alguns parâmetros não são significativos, valores que estão na cor preta,
para um limite de confiança de 95%. Este comportamento é melhor
observado pela Figura A1.
Figura A1 – Gráfico de Pareto para redução relativa de DQO.
Pode-se observar na Figura A1 que os termos lineares foram os
únicos que têm fator significativo na redução da DQO, ou seja, a
concentração de corante, sal e a interação corante/sal. Como alguns dos
efeitos não são significativos, deve-se ignorá-los antes de partir para a
análise dos coeficientes de regressão para a obtenção do modelo,
conforme mostrado na Tabela A3.
133
Tabela A3 – Coeficientes de Regressão, para redução relativa de DQO.
Coef. Regressão Desvio Padrão t(4) p
Media 0,365 0,023143 15,77504 0,000000
(1)C (L) 0,312 0,028345 11,01649 0,000000
(2)S (L) -0,184 0,028345 -6,49337 0,000014
1L x 2L -0,116 0,034715 -3,34102 0,004850
C – corante; S – sal; Nível de confiança de 95%.
Os coeficientes de regressão são considerados como parâmetros
do modelo. É através deles que se obtém o modelo experimental
codificado.
DQO = 0,365 + 0,312Corante - 0,184Sal - 0,116 Corante x Sal
Após a obtenção do modelo, foi realizada a análise de variância
para avaliar a significância estatística do modelo estimado para a
redução máxima de DQO, conforme mostrado na Tabela A4.
Tabela A4 - Análises de variância (ANOVA), para redução relativa de
DQO.
SS GL MS F p
(1)Corante (L) 1,1701 1 1,1701 121,3631 0,000000
(2)Sal (L) 0,4065 1 0,4065 42,1639 0,000014
1L x 2L 0,1076 1 0,1076 11,1624 0,004850
Erro Puro 0,1350 14 0,0096
Total 1,8192 17
Nível de confiança de 95%.
Baseado na Tabela A4 foi obtida a Tabela A5 para validar o
modelo, através da comparação do F
calculado
com o F
tabelado.
Tabela A5 Análise de variância para o desenvolvimento experimental
(Rearranjo ANOVA), para redução relativa de DQO.
SS GL MS Fcalculado Ftabelado
Regressão 1,6842 3 0,561396 58,2298 3,343889
Resíduos 0,1350 14 0,009641
Total 1,8192 17
Coeficiente de correlação (R
2
) = 0,99705; R = 0,99582
F (95%; 3, 14) = 3,343889
134
O F
tabelado
(F
95%, 3, 14
= 3,343889) foi 17 vezes menor que o
F
calculado
(58,2298), mostrando a validade do modelo. Como o modelo foi
validado, pôde-se obter as superfícies de resposta e as curvas de
contorno, para melhor observar as faixas de resposta, conforme ilustrado
na Figura A2.
(a)
(b)
Figura A2 Análise da influência da concentração de sal e de corante
na redução relativa de DQO; (a) Superfície de Resposta e (b) Curva de
Contorno.
135
Para a Curva de Contorno ilustrada na Figura A2(b), observa-se
que quanto maior for a concentração de corante e menor for a
concentração de sal, maior será a redução de DQO. A reta tracejada no
gráfico da Curva de Contorno apresenta a trajetória desejada de
operação do sistema, ou seja, à medida que a concentração de corante
aumenta na célula e a concentração de sal diminui, a eficiência de
remoção de DQO seria máxima. Na prática existe uma tendência de
retenção de sal bivalente, o que levaria a uma menor eficiência do
processo.
Na Tabela A6 são apresentados os valores experimentais para a
redução de cor obtida durante os testes de diferentes concentrações de
corante e Cloreto de Sódio.
Tabela A6 Resultado experimental para a redução relativa de cor, para
diferentes concentrações de corante e de NaCl, para uma pressão de 10
kgf.cm
-2
.
Corante (g.L
-
1
) NaCl (g.L
-
1
) Redução de cor relativa
0,5 5,0 0,967
27,5 0,902
50,0 0,857
2,75 5,0 0,975
27,5 0,924
50,0 0,895
5,0 5,0 0,997
27,5 0,962
50,0 0,963
Os efeitos independentes sobre a resposta podem ser visualizados
na Tabela A7.
Tabela A7 – Principais efeitos na redução relativa de cor.
Efeito DP t(12) p
Lim.
Conf.
(-95%)
Lim.
Conf.
(+95)
Média 0,9226 0,001 606,343 0,0000 0,9193 0,9259
(1)C (L) 0,0655 0,001 39,284 0,0000 0,0618 0,0691
C(Q) 0,0196 0,002 6,799 0,0000 0,0133 0,0259
(2)S (L) -0,0752 0,001 -45,110 0,0000 -0,0788 -0,0716
S (Q) 0,0262 0,002 9,084 0,0000 0,0199 0,0325
1L x 2L 0,0381 0,002 18,658 0,0000 0,0336 0,0425
C – corante; S – sal, DP – desvio padrão.
136
Considerando os valores de “p” da Tabela A7, observa-se que
todos os parâmetros são significativos para um limite de confiança de
95%. Este comportamento é melhor observado pela Figura A3.
Figura A3 – Gráfico de Pareto para redução relativa de cor.
Pode-se observar no Gráfico de Pareto, Figura A3, que os termos
lineares, quadráticos e interação corante/sal são fatores significativos
para a redução de cor. Todos os efeitos são significativos; a partir destes,
pôde-se encontrar os coeficientes de regressão para a obtenção do
modelo, conforme ilustrado na Tabela A8.
Tabela A8 – Coeficientes de Regressão.
Coef.
Regressão
Desvio
Padrão
t(4) P
Média 0,923 0,001522 606,3436 0,000000
(1)C (L) 0,033 0,000833 39,2844 0,000000
C (Q) 0,010 0,001443 6,7996 0,000019
(2)S (L) -0,038 0,000833 -45,1104 0,000000
S (Q) 0,013 0,001443 9,0849 0,000001
1L x 2L 0,019 0,001021 18,6587 0,000000
C – corante; S – sal; Nível de confiança de 95%.
137
Os coeficientes de regressão são considerados como os
parâmetros do modelo. É através deles que se obtém o modelo
experimental codificado.
Cor = 0,923 + 0,033Corante + 0,010Corante
2
- 0,038Sal + 0,013Sal
2
+ 0,019Corante x Sal
A análise da variância para avaliar a significância estatística do
modelo estimado, para a redução máxima de cor, é mostrada na Tabela
A9.
Tabela A9 Análises de variância (ANOVA), para redução relativa de
cor.
SS GL MS F P
(1)C (L) 0,0129 1 0,0129 1543,264 0,000000
C (Q) 0,0004 1 0,0004 46,234 0,000019
(2)S (L) 0,0170 1 0,0170 2034,946 0,000000
S (Q) 0,0007 1 0,0007 82,535 0,000001
1L x 2L 0,0029 1 0,0029 348,149 0,000000
Erro Puro 0,0001 12 0,0000
Total 0,0339 17
C – corante; S –sal; Nível de confiança de 95%.
Baseado na Tabela A9, elaborou-se a Tabela A10, para validar o
modelo através da comparação do F
calculado
com o F
tabelado.
Tabela A10 Análise de variância para desenvolvimento experimental
(Rearranjo ANOVA), para redução relativa de cor.
SS GL MS Fcalculado Ftabelado
Regressão 0,0338 5 0,006759 811,0257 3,105875
Resíduos 0,0001 12 8,33E-06
Total 0,0339 17
Coeficiente de correlação (R
2
) = 0,99705; R = 0,99582
F (95%; 5, 12) = 3,105875
O F
tabelado
(F
95%, 5, 12
= 3,105875) foi 261 vezes menor que o
F
calculado
(811,0257), mostrando a validade do modelo. Como o modelo
138
foi validado, pôde-se obter a superfície de resposta e as curvas de
contorno para melhor observar as faixas de resposta, conforme ilustrado
na Figura A4.
(a)
(b)
Figura A4 Análise da influência da concentração de sal e de corante
na redução relativa de cor; (a) Superfície de Resposta e (b) Curva de
Contorno.
139
Pode-se observar na Figura A4 que a redução de cor pode variar
com a concentração de sal e corante. Majewska-Novak et al. (1996)
observaram que quanto maior for a concentração de sal, menor será a
permeação de água e menor será a taxa de rejeição de corante, ou seja,
menor será a remoção de cor.
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