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onde há um número significativo de discussões; e, com maiores ocorrências de
assalto, os bairros onde estão as escolas Jociê Caminha, Michelson e Santo Amaro.
Pode-se inferir, a partir da análise desses dados, que os alunos pesquisados
tendem a identificar violência como força física, palpável e possível de ser vista.
Com essa perspectiva é evidente que a violência tem espaço privilegiado fora da
escola, mas para 29% dos alunos entrevistados há uma compreensão de que existe,
também, violência no interior da escola.
Ao analisar a violência, na percepção dos jovens estudantes do Grande Bom
Jardim, verifica-se que para a maioria a escola não se inclui no contexto da violência
geral, mas sim como um espaço onde se verificam poucos atos violentos com
situações de agressões físicas e ou outros de vitimação. A escola é percebida,
geralmente, como um espaço de convivência saudável, com oportunidade de
aquisição de conhecimentos e habilidades significativas, e experiências
enriquecedoras, necessárias ao seu desempenho na sociedade. Um aluno descreve
esta percepção, com as palavras:
A escola favorece muitos eventos para os alunos, como futebol, karatê,
futsal e outros. Todos trabalham com o mesmo objetivo, desde o vigia, até a
família, tendo apego, amor, união e harmonia. Todos querem ganhar
conhecimento e melhorar na vida, e viver num mundo melhor (Aluno da
Escola Jociê Caminha).
Entretanto, contrariamente, apresentam muitas críticas sobre o sistema
escolar e os professores, e são mais críticos, ainda, em relação à precariedade das
condições materiais e humanas em que se encontram as instituições educacionais.
A queixa sobre o descaso com o prédio escolar e os equipamentos é assumida,
também, como responsabilidade deles próprios, alunos, que os depredam e os
destroem. A fala de uma aluna reflete este quadro:
Os professores não ligam pra nada, não ensinam coisas boas. Tudo é largado,
sem nenhum cuidado. A escola fica na periferia, numa área de risco e traz para
dentro dela a violência. Pode haver tiroteio, arrastão, pode entrar morador
embriagado ou revoltado com a vida que leva, e jovens, muitas vezes,
lombrados com o uso da droga, que, em geral, estão metido em gangues. As
salas, os banheiros, e por toda a parte tem pichações, carteiras e móveis
quebrados e pátios caindo aos pedaços (Aluna da Escola Michelson).
Quanto às situações de violências presenciadas pelos estudantes na escola,
aparecem aquelas relacionadas aos seguintes aspectos: violência verbal, agressão