mo diga para indagar o que houve, porquanto não fui eu que levei a carta, mas uma
pessoa que saía para o correio. / Agradeço-lhe esta segunda remessa do Temps
(ASSIS, 1986, p. 1.065)
(...) resolvi mandar-lhe estas duas linhas, acompanhadas de um livro meu. / Antes de
falar do livro, agradeço muito as suas lembranças de amizade, que de quando em
quando recebo. A última, um retalho de jornal, acerca da partida de xadrez, foi-me
mandada à casa pelo Hilário; pouco antes tinha recebido pelo correio alguns jornais
franceses relativos à morte e enterro de Gambetta; e ainda há poucos dias tive em
mão uma remessa mais antiga, um cartão do "Falstaff Club", noite de 21 e junho de
1882. / Vê V. que, se se lembra dos amigos, o correio não o deixa mal, e é
transmissor das suas memórias. Oxalá faça o mesmo com o livro que ora lhe envio,
Papéis Avulsos, em que há, nas notas, alguma coisa concernente a um episódio do
nosso passado: a Época. (ASSIS, 1986, 1.037)
Em carta a Salvador de Mendonça, de 1875, Machado solicita que o amigo envie o
discurso de um autor francês: ―Procurei-te ontem sem ter a fortuna de encontrar-te; mas vai
aqui no papel o que eu te queria dizer, e é que, se depois de publicado o discurso do Dumas,
não fizeres empenho em conservar o original, o mandes a este‖ (ASSIS, 1986, p. 1.033). Para
Nabuco, o romancista agradece o exemplar de um periódico americano: ―Obrigado pelo
exemplar da Washington Life em que vem o seu telegrama ao Roosevelt. Já o havia lido, mas
agora tenho aqui o próprio texto original, com as belas palavras e conceitos que V. lhe soube
pôr, como aliás pôs a tudo‖ (ASSIS, 1986, p. 1.075).
Joaquim Nabuco parece ter sido aquele que enviou, com as cartas, os objetos mais
significativos para Machado de Assis. Primeiro, as ―ruínas do teatro grego e de uma de suas
vistas‖ (ASSIS, 1986, p. 1.068). Segundo, ―um ramo do carvalho de Tasso‖, com a sugestão
de uma homenagem ao autor de Quincas Borba na Academia, que acabou acontecendo e
gerando comoção ao homenageado. Em algumas cartas, Machado menciona o presente e a
homenagem feita em 1905, ocasião em que uma tela do autor foi exposta, discursos
realizados, uma carta de Nabuco lida, versos recitados:
Meu caro Nabuco. / Escrevo algumas horas depois do seu ato de grande amigo. Em
qualquer quadra da minha vida ele me comoveria profundamente; nesta em que vou
a comoção foi muito maior. Você deu bem a entender, com a arte fina e
substanciosa, a palmeira solitária a que vinha o galho do poeta. / O que a Academia,
a seu conselho, me fez ontem, basta de sobra a compensar os esforços da minha vida
inteira; eu lhe agradeço haver se lembrado de mim tão longe e tão generosamente. /
O Graça desempenhou a incumbência com as boas palavras que V. receberá. Antes
dele o Rodrigo Otávio leu a sua carta diante da sala cheia e curiosa. Ao Graça
seguiram com versos de amigo o Alberto de Oliveira e o Salvador de Mendonça. / A
recepção do Bandeira esteve brilhante. Lá verá o excelente discurso do novo
acadêmico. Respondendo-lhe, o Graça mostrou-se pensador, farto de idéias,
expressas em forma animada e rica. A Academia está, enfim, aposentada e alfaiada;
resta-lhe viver. / Adeus, meu querido amigo, ainda uma vez obrigado. Aceite um
apertado abraço do / Velho amigo / M. DE ASSIS. (ASSIS, 1986, p. 1.074)