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visão clara e nítida poderia expô-la a seu adversário, de tal modo que ela acabaria
por forçar a sua convicção" PERELMAN e TYTECA (1999, p. 2).
Enfim, com base na capacidade argumentativa das partes, será criado o
critério de justo, belo, agradável e razoável. Vender um produto requer argumentar
para criar desejos, formar conceitos, renovar o já dito e, nesse sentido, é pela arte
de argumentar, portanto, que se sustenta a capacidade de persuasão do texto
publicitário, já que este envolve o auditório nas garras da sedução. Meyer (1998)
contribui ao inserir e tratar a sedução como aspecto intrínseco ao fazer retórico,
entendendo-a nas relações sociais como um item referente à seara do fazer
persuasivo: a relação retórica e a sedução, portanto, devem fazer-se presentes na
análise retórica, haja vista que a "relação retórica consagra uma distância social,
psicológica, intelectual, que é constringente e de circunstância, que é estrutural
porque, entre outras coisas, se manifesta por argumentos ou por sedução" (MEYER,
1998, p. 26).
Reboul (2000), por sua vez, contribui para nossa análise com sua perspectiva
acerca da persuasão: a arte de persuadir pressupõe não estarmos sozinhos.
Lembra-nos que tal arte "só pode ser exercida quando se interpreta o discurso de
outrem" (Reboul, 1998) - e de que a Nova Retórica não deve se prestar a produzir
discursos, mas sim, a interpretá-los.
Interessam-nos as considerações sobre discurso, apresentadas por Foucault
(1979) quanto às relações de poder que são imbricadas no tecido discursivo e na
constituição da sociedade, e como nosso objeto de análise é o discurso publicitário,
delimitamos os caminhos para as análises que pretendemos fazer, com base no
conceito de que o discurso é uma prática, não apenas de representação do mundo,
mas de constituição do mundo, constituindo e construindo o mundo em significado
(FAIRCLOGH, 2001, p. 91).
Do ponto de vista de sua natureza, a pesquisa tem caráter aplicado, pois gera
conhecimentos, em língua portuguesa, para aplicação pedagógica na prática de
leitura dos meios de comunicação de massa. Quanto à forma de abordagem do
problema, a pesquisa é qualitativa, já que considera que há uma relação dinâmica
entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo
objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A
interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados, básicas no processo de