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RESUMO
CABRAL, Lucélia. Retenção de metais pesados em tecidos de fungos
micorrízicos arbusculares in vitro. 2008. 33p. Dissertação (Mestrado em
Ciência do Solo) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
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A contaminação do solo por metais pode interferir no funcionamento
normal das plantas e da biota do solo. A revegetação de áreas contaminadas é um
processo difícil e, por isso, uma atenção especial vem sendo dada aos
microrganismos do solo, que podem favorecer a fitorremediação nestes ambientes,
destacando-se os fungos micorrízicos arbusculares (FMAs). Tem sido sugerido que
a imobilização dos metais no micélio constitui o provável mecanismo de proteção
das micorrizas às plantas, mas os mecanismos envolvidos ainda não são bem
conhecidos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a capacidade de retenção de metais
pesados em tecidos de FMAs crescidos in vitro. Tecido micelial de Glomus clarum e
Glomus FDS1 foi obtido por meio do cultivo de raízes transformadas por
Agrobacterium rizogenes, enquanto Gigaspora gigantea foi obtido por meio da
inoculação deste em plântulas de batata-doce in vitro. Para a realização dos ensaios
de retenção, foram utilizadas soluções contendo Cu, Zn, Cd e Pb, na concentração
de 15 µmol L
-1
, aplicados isoladamente ou em mistura, sendo os FMAs expostos por
um período de 1, 3, 5, 15, 30, 45 e 120 minutos. Foi observado que a retenção de
metais pesados em tecidos de FMAs é um processo rápido, sendo mais intensa nos
20 minutos iniciais de exposição. A velocidade de retenção de Cu para G. clarum foi
elevada, atingindo valores da ordem de 595,7 µg de Cu g
-1
tecido fúngico/minuto,
enquanto, para Zn, esta foi de 138 µg de Zn g
-1
tecido fúngico/minuto para G.
gigantea. Independentemente dos isolados fúngicos testados, a velocidade de
retenção decresce na seguinte ordem: Cu>Zn>>Cd>Pb. Dentre os isolados de FMAs
testados, G. clarum apresentou maior capacidade máxima de retenção para Cu, Cd e
Pb, atingindo valores da ordem de 3.259, 69 e 39 µg g
-1
tecido fúngico,
respectivamente, enquanto para Zn foi G. gigantea, com capacidade máxima de
retenção de 729 µg de Zn g
-1
tecido fúngico. Quando os metais foram aplicados
simultaneamente em solução, verificou-se que a capacidade de retenção atingiu
valores de menor magnitude, tendo, para G. clarum e G. gigantea, a retenção de Cu
sido de 295 e 212 µg de Cu g
-1
tecido fúngico, enquanto que, para Zn, foi de 113 e
210 µg de Zn g
-1
tecido fúngico, respectivamente. Os resultados evidenciam a
elevada capacidade de retenção de Cu e Zn pelos tecidos fúngicos de G. clarum e G.
gigantea, sendo estes isolados promissores para futuros estudos em programas de
fitorremediação.
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Orientador: José Oswaldo Siqueira – Universidade Federal de Lavras
Co-orientador: Cláudio Roberto Fonseca Sousa Soares – Universidade Federal de
Lavras.