RESUMO
Título: Resultados funcionais em pacientes com artrose patelofemoral submetidos
à artroplastia de interporsição retinacular
Introdução: A degeneração da articulação patelofemoral é uma patologia relativamente
comum, ocorrendo em 5% a 9% dos pacientes com artrose isolada do joelho. Avanço
progressivo do processo degenerativo acompanhado de dor, rigidez articular e considerável
limitação funcional são achados comumente presentes, tornando-se, muitas vezes,
necessária a adoção de intervenções cirúrgicas. O tratamento cirúrgico para pacientes
jovens, apresentando estágio avançado de artrose isolada da articulação patelofemoral,
permanece controverso. Diversas técnicas cirúrgicas, incluindo liberação do retináculo
lateral, avanço da tuberosidade tibial, implante autólogo de condrócitos, patelectomia,
artroplastia patelofemoral e artroplastia total do joelho têm sido empregadas, apresentando
ampla variação nos índices de sucesso. Além disso, a rotina pós-operatória e a necessidade
de imobilização e proteção do reparo, após alguns procedimentos, tendem a repercutir nos
resultados funcionais finais e no retorno às atividades de vida diária. Não há solução perfeita
para o tratamento cirúrgico da artrose patelofemoral isolada. As opções terapêuticas
disponíveis até proporcionam resultados funcionais aceitáveis, mas os problemas inerentes
a cada uma delas não podem ser considerados desprezíveis. Algumas das cirurgias sem
implantes artificiais costumam comprometer, significativamente, a morfologia articular, com
resultados estéticos bastante desconfortáveis, principalmente para pacientes do sexo
feminino. As cirurgias com implantes, por outro lado, agregam um custo adicional
significativamente alto, na forma do valor intrínseco desses implantes, já que os demais
custos hospitalares são equivalentes aos procedimentos convencionais. Dessa forma, o
desenvolvimento de um procedimento cirúrgico alternativo, capaz de promover alívio das
queixas álgicas, melhora funcional, reabilitação precoce e resultado estético aceitável traria
não somente grandes benefícios para os pacientes com artrose patelofemoral em estágios
avançados de comprometimento articular, como também certo alívio para os gestores das
secretarias municipais de saúde no que se refere ao alto custo dos implantes.
Objetivo: Avaliar os resultados funcionais de pacientes com artrose patelofemoral
submetidos a uma nova técnica cirúrgica, artroplastia de interposição retinacular.
Material e Métodos: O estudo descreve uma série de 11 casos de pacientes com
diagnóstico de artrose patelofemoral isolada, submetidos à artroplastia de interposição
retinacular no Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, que foram avaliados quanto à função e movimento articular do joelho durante o pré e
o pós-operatório. O tempo de seguimento pós-operatório foi de, no mínimo, 2 anos. A
avaliação da função foi realizada utilizando-se a Escala de Atividades de Vida Diária para
Análise do Joelho. As amplitudes de movimento de flexão e extensão do joelho foram
mensuradas por meio de um goniômetro universal. Foram comparados os resultados
obtidos durante o pré e pós-operatório.
Resultados: Após um período médio de seguimento de 25,9 meses (entre 24 e 29 meses),
10 dos 11 pacientes apresentaram melhora nos resultados funcionais. A média de escores
da Escala de Atividades de Vida Diária para Análise do Joelho foi 34,0 ± 12,4 (IC 95%=25,7-
42,3) antes da cirurgia e 55,8 ± 11,2 (IC95%=48,3-63,4) após a cirurgia, apresentando uma
melhora estatisticamente significativa (p<0,001). O paciente que não evidenciou melhora
funcional pós-operatória apresentou progressão da artrose tibiofemoral e, após 2 anos de
pós-operatório, foi submetido à artroplastia total do joelho. Não foi observado aumento