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ANACAROLINABAHIAYMONE
RESTRIÇÕESONTOGENÉTICASEFILOGENÉTICASNAEVOLUÇÃODAFORMADA
CÁPSULACEFÁLICAEMOITOESPÉCIESDEHELICONÍNEOS
(LEPIDOPTERA:NYMPHALIDAE)
DissertaçãoapresentadaaoProgramadePósGraduação
em Biologia Animal do Instituto de Biociências da
Universidade Federal do RioGrande do Sul, como parte
dos requisitos para obtenção do título de Mestre em
BiologiaAnimal.
Áreadeconcentração:BiologiaeComportamentoAnimal
Orientador:Prof.Dr.GilsonR.P.Moreira
Coorientador:Prof.Dr.PedroC.Estrela
UNIVERSIDADEFEDERALDORIOGRANDEDOSUL
PORTOALEGRE
2009
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Livros Grátis
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RESTRIÇÕESONTOGENÉTICASEFILOGENÉTICASNAEVOLUÇÃODAFORMADA
CÁPSULACEFÁLICAEMOITOESPÉCIESDEHELICONÍNEOS
(LEPIDOPTERA:NYMPHALIDAE)
ANACAROLINABAHIAYMONE
Aprovadaem24/03/2009
____________________________________
Profa.Dra.VeraLúciaS.ValenteGaiesky(UFRGS)
____________________________________
Profa.Dra.LarissaRosadeOliveira(USP)
____________________________________
Prof.Dr.LuísAlexandreCampos(UFRGS)
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO1
Alometriaeevoluçãodaformabiológica1
AinteraçãoHeliconiiniPassifloraceae4
FilogeniadeHeliconiini5
PadrõesdeoviposiçãoecomportamentoalimentaremHeliconiini8
SociabilidadeemHeliconiini11
Cápsulacefálicaemúsculoadutordasmandíbulas12
Objetivo14
MATERIALEMÉTODOS15
Larvas15
MorfometriaGeométrica19
Análisefilogenética23
RESULTADOS25
Análisesontogenéticas25
Análisesfilogenéticas51
DISCUSSÃO83
Análisesontogenéticas83
Análisesfilogenéticas86
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS93
APÊNDICE108
i
...Iseehardlyanywayofdistinguishingbetweentheeffects,ontheonehand,ofapart
being largely developed through natural selection and another and adjoining part
beingreducedbythissameprocess...,and,ontheotherhand,theactualwithdrawalof
nutrimentfromonepartowingtotheexcessofgrowthinanotherandadjoiningpart”.
[Darwin,1859.Ontheoriginofspecies,p.147]
ii
AGRADECIMENTOS
AgradeçoprimeiramenteaoProf.GilsonMoreirapeloimensoaprendizadoque
me proporcionou durante esses anos e pela força, incentivo e apoio ao longo do
desenvolvimento“ontogenético”destadissertação.
Ao Prof. Pedro Estrela por ter me introduzido às técnicas de morfometria
geométricaeaoambiente“R”.
A‘RDevelopmentCoreTeam’,pelolivreacessoefacilidadeanalíticaegráfica
paraseobterresultadosatravésdematrizesbrutas.
AoProf.Dr.AndrewBrower(MiddleTennesseeStateUniversity,TN,USA), por
ter fornecido as seqüências nucleotídicas de espécies de heliconíneos, analisados na
filogeniamoleculardeBeltránetal.(2007).
Àdoutoranda GisleneL.Gonçalves (PPGGenéticaUFRGS),pelarealizaçãodas
análises filogenéticas, às quais foram imprescindíveis para a etapa conclusiva deste
trabalho.
AoProf.Dr.OlafH.H.MielkeeàProfª.
Drª.MirnaM.Casagrandepelaacolhida
e apoiolaboratorial na UFPR, duranteo períodode coleta e criaçãode imaturos em
Curitiba.AodoutorandoEduardoCarneiro(PPGEntomologiaUFPR)eaoDr.JorgeS.S.
Bizarro,peloauxílionascoletasnoParanáeexcelenteexperiênciaemcampo.
A André Klein (PPG
GenéticaUFRGS), Augusto Ferrari (PPG Biologia Animal
UFRGS),LeonardoJorge eLucasKaminski (PPGEcologiaUNICAMPI)pelasvaliosas
sugestõesediscussões.
À Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo ensino gratuito e pelos
benefícios oferecidos aos estudantes de pósgraduação. Da mesma forma, aos
iii
professores dessa Universidade que, de uma forma ou de outra, sempre me
incentivaramapermanecernapesquisaacadêmica,desdeostemposdegraduação.
ÀCAPESpelabolsademestradoconcedida.
À Profª. Carla Ozorio, pela excelente experiência didática que proporcionou
durante a minha prática em Docência, na disciplina Zoologia de Campo. Da mesma
forma, aos alunos que orientei: Bruna Missaggia, Caroline Teixeira, Cláudio Reis,
Clarissa Bandeira, Daniel Zimmer, Joyce Baptista, Kauai Oliveira, Paula Martinelli da
Rosa,ThaynáLimaeValentinaZaffaroni.
À querida colega e amiga Érica Jaqueline Giani, pela parceria nas coletas e
criações,viagenseinesquecíveis“indiadas”.
AoscolegasdoLMCIUFRGS:ÁbnerCampos,DanessaBoligon,DarliMassardo,
DenisdaSilva,DeniseDall’Bosco,KimBarãoeRodrigoPetrypelocoleguismoeapoio
conjunto.
Aos meus familiares, em especial aos meus pais‐José Newton Aymone e
MargotBahiAymone‐eirmãos‐DanieleMarco,portudoquerepresentam!
ANestor
Sanders,pelasidéias“luminosas”,momentosdepazetranqüilidade,
amizadeecompanheirismo.
iv
RESUMO
As variações ontogenéticas e filogenéticas na forma da cápsula cefálica em oito
espécies de heliconíneos neotropicais (Lepidoptera: Nymphalidae) foram analisadas
através de métodos de morfometria geométrica. As configurações de marcos
anatômicos foram analisadas após ser aplicado o método de sobreposição de
Procrustes,que remove osefeitos de tamanho,translação erotação. Osresíduosde
sobreposição de Procrustes (correspondentes às variáveis de forma) foram, então,
submetidos a análises de componentes principais, bem como a análises de
deformaçõesrelativas, cujainterpretação gráficase deuatravésda funçãothin plate
splines. Para testar a significância das variações ontogenéticas e interespecíficas da
forma, foram realizadas MANOVA’s. As relações de proximidade fenotípica entre os
instaresdecadaespécie,eentreasespéciesparacadainstar,foramavaliadasatravés
deárvores deNeighborJoining construídascom baseemdistâncias deMahalanobis.
AsmatrizesdasdistânciasdeMahalanobisentreasespéciesparaoprimeiroequinto
instares foram comparadas através de teste de Mantel com as suas distâncias
genéticas.Estasforamestimadascombasenasseqüênciasnucleotídicasutilizadas na
filogenia molecular de Beltrán et al. (2007). Os métodos de morfometriageométrica
utilizadospermitiramevidenciarquetantoemnívelontogenéticoquantofilogenético,
todas as espécies de heliconíneos avaliadas
sofrem variações na forma de suas
cápsulas cefálicas, porém não correlacionadas com a filogenia reconhecida. Foi
constatadaaexistênciadeumarelaçãonãolinearentreasdistânciasmorfométricase
filogenéticas da literatura. Assim, os resultados indicam a presença de processos
evolutivosadicionais,guiadosporrestriçõesontogenéticaseecológicasagindosobrea
diferenciaçãodaformadascápsulascefálicasemHeliconiini.
1
INTRODUÇÃO
Aconexão entre ontogeniae evoluçãotem sidoobjeto de estudo maisde
um século, sendo Haeckel (1866) um dos pioneiros. Entretanto, permaneceu
estagnada durante certo período, até S. J. Gould publicar o clássico Ontogeny and
Phylogeny, em 1977. A partir de então, diversos autores têm buscado sintetizar a
biologia evolutiva e a biologia do desenvolvimento em uma única teoria, conhecida
comoevodevo (Atkinson1992, Hall 1992, Gilbert et al. 1996, Raff1996, Hall et al.
2003,Brakefield2006).
Ontogenia,no seuconceito maisamplo, refereseao desenvolvimento deum
organismodesdeozigotoatéamorte,estando,porisso,estreitamenterelacionadaà
evoluçãodashistóriasdevida(McKinney1986,McKinney&McNamara1991).
Deumpontodevistamaisrestrito,oconceitodeontogeniapodesereferirao
desenvolvimento decada parte ou estrutura corporalem um únicoindivíduo (Gould
1977,Alberch1980,Zelditchetal.2000,Webster&Zelditch2005).
Dessa maneira, a evolução de ontogenias, ou padrões de desenvolvimento,
aliados aos componentes de história de vida e à seleção natural, devem explicar
grandepartedaevoluçãomorfológicaedadiversidadecladísticanosdiferentesníveis
taxonômicos(Alberchetal.1979,Fink1982,McKinney 1988,Zelditchetal.
1993,Fink
&Zelditch1995,Zelditch&Fink1995,McNamara1997,Klingenberg1998,Beldadeet
al.2002,Smith2003,Nijhout2008).
Alometriaeevoluçãodaformabiológica
As relações entre as mudanças de forma e tamanho são denominadas
alometria (Gould 1966,
1977), a qual foi originalmente definida por Huxley (1950)
2
comoastaxasdiferenciaisdecrescimentoentrediferentesmedidasouestruturasde
umorganismo(Gayon2000).
Atualmente,aalometriatemsidosubdivididaemtrêsdiferentestipos,quesão
1)alometriaontogenética‐consideraasmudançasnamagnitudedeumorganismono
decorrer do seu desenvolvimento, 2) alometria estática‐relaciona ou compara a
magnitudede estruturasouórgãosentre indivíduoscoespecíficos nomesmoestágio
dedesenvolvimento‐e3)alometriafilogenética‐comparaoscrescimentosrelativos
dediferentesespéciesparaanálisedefilogenias,bemcomodeprocessoscausadores
deespeciação(Cheverud1982,Klingenberg&Zimmermann1992).
Aalometria temse reveladoum interessantepontodevista nacompreensão
de padrões ontogenéticos em relação à adaptação a fatores ecológicos e
comportamentais (Sinervo & Huey 1990, McKinney & McNamara 1991, Emlen 1996,
1997,Halletal.2003,Frankinoetal.2007),umavezquemuitospadrõesalométricos
são adaptativos‐objetos da seleção natural (Nijhout & Wheeler 1996, Nijhout &
Emlen1998,Stern&Emlen1999,Frankinoetal.2005).
Wolfetal.(2001)propuserammodelosondefatoresgenéticos,epigenéticose
epistáticosinteragentesseriamdeterminantesdascovariânciasontogenéticasentreas
características fenotípicas de um dado organismo. Assim, sugerem haver
uma inter
modularidade orgânicosistêmica, a qual pode se dar através de um feedback
acompanhadodeumtradeoffentreestruturasemdesenvolvimento.
O estudo restrito da forma foi abordado biometricamente por D’Arcy
Wentworth Thompson, através de sua clássica obra, On Growth and Form, de 1917.
Segundo esta, a modificação
da forma biológica ao longo da evolução dos grupos
envolve a ação de fenômenos físicos, sendo passível, portanto, de descrição em
3
termos de leis matemáticas. Em especial, o uso de coordenadas cartesianas para
analisar mudanças na forma animal‐o que integra a sua conhecida ‘Teoria das
Transformações’.
Hoje, o estudo analítico da forma encontrase em crescente expansão,
sobretudo devido aos avanços técnicos e conceituais da morfometria geométrica
(Bookstein 1991, 1996, Monteiro & Reis 1999, Roth & Mercer 2000, Zelditch et al.
1995,Zelditchetal.1998,Zelditchetal.2004).
Dentro deste enfoque, a forma passou a ser conceituada como todas as
propriedades de uma configuração de pontos que não se alteram por efeitos de
tamanho,posiçãoeorientação(Kendall1977).
A morfometria geométrica tem sido amplamente utilizada em estudos
referentes, por exemplo, a estabelecimentos quanto à filogenia de espécies
estritamenteaparentadas(Rohlf1998,Monteiro&Abe1999),detecçãodeprocessos
heterocrônicos(Klingenberg&Spence 1993,Vinicius& Lahr 2003),caracterizaçãode
dimorfismosexual(Adams&Funk1997)ecompreensãodatrajetóriaontogenéticade
estruturas morfológicas no decorrer do desenvolvimento de um dado organismo
(Rodriguesetal.2005,Rodrigues&Moreira2005),dentreoutrasaplicações.
Diversos fatores biológicos causam alterações na forma entre indivíduos, tais
como o desenvolvimento ontogenético e a diversificação evolutiva. Diferenças na
forma podem ser devidas a diferentes respostas às mesmas pressões seletivas (ou
diferenças nas próprias pressões seletivas), bem como diferenças nos padrões de
crescimentoemorfogênese.Aanálisedaformaéumaabordagemparacompreender
essas diversas causas da variação e transformação morfológica (Zelditch et al. 2001,
Zelditchetal.2004).
4
Traçosfenotípicoscomplexos sãoconstruídosdurante odesenvolvimentopor
um intrincado arranjo de fatores e interações entre fatores, incluindo DNA, RNA,
proteínas, módulos desenvolvimentais e diversos fatores ambientais (Atchley 1991,
Wolf2002,Rice2004).Comoresultado,éodesenvolvimentoqueestruturaarelação
entreogenótipoeo fenótipo,desse modo,determinaaarquiteturagenética(Wu&
Hou2006).
Emnívelmorfológico,asprimeirascaracterísticasalvodaseleçãonatural,eque
refletem diretamente a adaptabilidade de um organismo a um dado meio, são o
tamanho e a forma. Assim, grande parte da evolução morfológica pode ser descrita
atravésdealteraçõesnaformae/outamanhodeumoumaistraçosindividuaisdeum
organismo(Klingenberg1998,Zelditchetal.2000,Webster&Zelditch2005).
A evolução morfológica dos insetos herbívoros se encontra diretamente
relacionada às pressões seletivas impostas pelas plantas hospedeiras, através de
barreirasfísicasequímicas (Bernays1991,Futuyma2000).Bernays(1991), emrazão
disso, alertaque amorfologia deve ser analisadaconjuntamente coma ecologiae o
comportamento,devidoàdireta interaçãoentreessestrêsfatores,principalmenteem
relação às plantas hospedeiras, cujos padrões morfoecológicos são altamente
variáveis.
AinteraçãoHeliconiiniPassifloraceae
Os heliconíneos (Lepidoptera, Nymphalidae), ou borboletasdomaracujá, são
umdosmaisconhecidosgruposdeborboletas(Beltránetal.2007).Devidoàcoloração
aposemáticadosadultos,participaçãoemanéismiméticosevariabilidadegeográfica,
têmsidoobjetodeestudostaxonômicosmaisdeumséculo(Stichel1906,Michener
5
1942, Emsley 1963, Brown & Mielke 1972, Turner 1976, Brown 1981, Brower 1994,
Brower&Egan1997,Penz1999,Beltránetal.2007).
Atualmente,Heliconiinipossuicercade70espécies(Brown1981),distribuídas
em 10 gêneros, que são: Agraulis Boisduval & Le Conte, Dione Hübner, Dryadula
Michener, Dryas Hübner, Eueides Hübner, Heliconius Kluk, Laparus Billberg, Neruda
Turner,PhilaethriaBillbergePodotrichaMichener.
Principalmente aquelas do gênero Heliconius m sido consideradas modelos
deestudoemecologiacomportamentaleevolução(Gilbert1991),empartedevidoa
suafáciladaptaçãoàscondiçõesdeinsetárioelaboratório(criaçãodeimaturos),bem
comoaofácilcultivodesuasplantashospedeiras‐osmaracujás(Passifloraceae).
A família Passifloraceae é representada por 600 espécies, distribuídas em 12
gêneros.NoBrasil,ocorremosgênerosMitostemma,Dilkea,TetrastylisePassiflora.O
gênero Passiflora abrange o maior número de espécies‐aproximadamente 400,
distribuídasem22subgêneros(Sacco1980).
Tanto os heliconíneos como as passifloráceas encontramse amplamente
distribuídos na região Neotropical (Benson et al. 1976). No contexto da interação
insetoplanta, têm fornecido um amplo aporte de conhecimento a respeito da
coevolução entre insetos e plantas hospedeiras (Gilbert 1975, 1991, Benson et al.
1976,Brower1997,Futuyma2000).
FilogeniadeHeliconiini
Além de sua reconhecida importância para estudos de cunho evolutivo e
ecológico,atualmenteéumdosgruposdeinsetosmaistrabalhadosdopontodevista
filogenético. As maiores contribuições ao estudo sistemáticofilogenético dos
6
heliconíneos,atéopresentemomento,foramMichener(1942),Emsley(1963),Brown
(1981),Leeetal.(1992),Brower(1994),Brower&Egan(1997),Penz(1999)eBeltrán
etal.(2007).Destes,apenasosquatroúltimosvaleramsedemétodoscladísticoseda
utilizaçãodedadosmoleculares.
Michener(1942),atravésdeumarevisãogenérica,combasenamorfologiados
adultos, propôs diagnoses e uma chave de identificação para sete gêneros de
Heliconiini,sendoomarcodivisórioparaasistemáticadessegrupo.
Emsley (1963) foi o primeiro a propor uma filogenia para as borboletasdo
maracujá.Atravésdecaracteresmorfológicosdosadultos‐comênfasenadistribuição
das escamas androconiais, estabeleceu um nível basal a partir do qual todas as
espécies divergiriam. A cladogênese do gênero Philaethria, nesta análise, foi
consideradaamaisantiga,ouseja,foioprimeirogêneroadivergir.
Brown (1981) baseouse na filogenia de Emsley (1963) para substanciar as
relações filogenéticas entre os heliconíneos. Desse modo, adicionou (indiretamente)
em sua análise caracteres tais como morfologia da pupa (Turner 1968),
comportamento do adulto (Gilbert 1975), bioquímica (Brown 1967) e genética
(Suomaleinenetal.1971),parasuplementarerefinarafilogeniapropostaporEmsley
(1963).
Lee et al. (1992) analisaram as relações filogenéticas entre dez espécies de
heliconíneos,com basenamorfologia eem sítiosde restriçãodegenes transcritores
deRNAribossomal.Aanálisecombinadadeambososdadosresultouemumaárvore
filogenéticasimilaraostrabalhosanteriores.
Brower (1994) utilizou dados seqüenciais de DNA mitocondrial e métodos
cladísticosparaanalisarafilogeniadeHeliconiini. Emborao enfoquedeseutrabalho
7
tenha sido dado aos gêneros Eueides, Neruda, Laparus e Heliconius, incluiu nove
gêneros de heliconíneos, excluindo somente o gênero Agraulis. Nesta proposta, o
gêneroHeliconiusfoiparafiléticocomrelaçãoaEueides,NerudaeLaparus.
Brower & Egan (1997) revisaram a filogenia de Brower (1994) usando a
combinação de seqüências de DNA mitocondrial e do gene nuclear wingless. Além
disso, foram incluídos na análise o gênero Agraulis e uma espécie (não heliconíneo)
representativa de um grupo externo. Conforme a análise combinada de ambas as
seqüências, o gênero Eueides formou uma linhagem ancestral emrelação ao gênero
Heliconius, que permaneceu parafilético com relação a Neruda e Laparus‐um
resultado diferente do obtido por Brower (1994), em que a posição de Eueides está
estreitamenterelacionadaaumalinhagemderivadadeHeliconius.
Penz (1999) analisou as relações filogenéticas entre 24 espécies de
heliconíneos, representativas dos 10 gêneros, com base em caracteres morfológicos
dosestágios imaturos(incluindoa morfologiadoovo, doprimeiroedoquintoinstar
larval e da pupa) e dos adultos. Conforme sua análise, o gênero Heliconius assumiu
umacondiçãomonofilética,comos
gênerosEueides,NerudaeLaparusintegrandoum
único clado, basal em relação ao gênero Heliconius . Esta foi a primeira análise
filogenética a utilizar formalmente os estágios imaturos. A supracitada autora ainda
ressaltaaimportânciadestesparaacompreensãofilogenéticadeHeliconiinae.
Finalmente, Beltrán et al. (2007) reavaliaram as relações
filogenéticas de 60
espéciesdeHeliconinae,atravésdegenesmitocondriais(CitocromoOxidasee16S)e
nucleares (Elongation factor1α, apterous, decapentaplegic e wingless). Os autores
valeramsedaárvoreobtidaparadiscutiraevoluçãodetrêscaracterísticasecológicas ‐
alimentaçãodepólen,cruzamentopupalegregariedadelarval.
8
Em todas as filogenias citadas, os gêneros Agraulis, Dione, Philaethria,
Podotricha, Dryas e Dryadula (não necessariamente nesta ordem) sempre foram os
primeirosadivergireindependentesdeHeliconius,Eueides,NerudaeLaparus.
PadrõesdeoviposiçãoecomportamentoalimentaremHeliconiini
Os ovos de Heliconiini podem ser encontrados nas mais diversas partes da
planta,comobrotos,gavinhasverdesousecas,superfícieadaxialouabaxialdefolhas
jovensouvelhas,oumesmoforadaplanta(Dell’Erbaetal.2005).
De um modo geral, os gêneros mais ancestrais (Agraulis, Dione, Philaethria,
Podotricha,Dryas eDryadula)ouovipositamindiscriminadamenteemqualquerparte
daplanta,aparentementesemexibirumapreferênciaespecíficaportecidosjovensou
velhos,ouofazemespecificamenteemtecidosvelhos‐folhasdurasegavinhassecas.
O mesmo não ocorre para os gêneros derivados (Heliconius, Laparus, Neruda e
Eueides), cujos ovos são freqüentemente depositados sobre tecidos jovens‐
meristemas
apicais,folhasjovensegavinhasverdes(Brown1981).
Emgeralaslarvasdeprimeiroinstarexibemumalocomoçãorelativamentede
curtoalcance,conseqüentementealimentamsederegiõespróximasaolocalondefoi
realizadaaoviposição,oqual,então,estáintimamenteassociadoaocomportamento
alimentardaslarvas(Alexander1961).
As espécies
de Passiflora apresentam diferentes graus de rigidez foliar, tanto
emnívelinterespecíficoquantointraespecífico.Nestenível,ograuderigidezpodese
dar em função da idade da folha, uma vez que a ontogênese da mesma implica em
maiordeposiçãodecelulose,hemicelulose, pectinaeoutrosconsolidantesdaparede
celular,oqueresultaemmaiorrigidezedurezadaestruturafoliar.
9
Alexander (1961), ao comparar as diferentes eficiências dos heliconíneos ao
lidarcomaingestãodetecidosduros,propôsqueestefatopoderiaestarassociadoa
diferenças na forma das mandíbulas. Por exemplo, no caso das larvas de Eueides
isabella e Heliconius melpomene, ambas alimentandose em Passiflora laurifolia,
diferememrelaçãoaostecidosfoliaresingeridos.EnquantoE.isabellaingereapenaso
parênquima, deixando a nervura central intacta, H. melpomene ingere tanto o
parênquima quanto a nervura central, sugerindo que as mandíbulas dessa espécie
seriam mais eficientes com relação às de E. isabella. Ao comparar a morfologia das
mandíbulasentreessasduasespécies,constatasequea regiãoincisora(responsável
porcortaroalimento)deH.melpomeneémuitomaisdesenvolvida,omesmovalendo
paraaregiãomolar(responsávelpelatrituração).
Outrasespécies,taiscomoDryasiuliaeHeliconiuserato,quecostumamingerir
oparênquimae anervuracentrale,adicionalmente,durante apassagempara outra
folha,podem tambémingeriropecíolo;eH.erato,alémdopecíolo,ocaule.Ambasas
espéciespossuemmandíbulascomasregiõesincisoraemolarbemdesenvolvidas.
Périco & Araújo (1991) e Périco (1995) analisaram as relações entre quatro
espécies de heliconíneos (Agraulis vanillae maculosa, Dryas iulia, Heliconius erato
phyllis e Heliconius ethilla narcaea) e suas passifloráceas hospedeiras. Avaliaram
tambémousodestasparaaoviposiçãodasfêmeaseaformadepartiçãoderecursos
pelaslarvas.Passiflorasuberosafoiaespéciequerecebeumaiorquantidadedeovos,
entretanto, não foi nela encontrado ovos de H. ethilla. A partição de recursos pode
ocorrer pela utilização de partes diferentes da planta ou pela utilização de habitats
diferentes. D. iulia e H. erato ovipositam praticamente nas mesmas espécies de
plantas, porém a primeira prefere ovipositar em gavinhas mais velhas, enquanto a
10
outra, assim como H. ethilla, utiliza preferencialmente folhas jovens, brotos ou
gavinhas(constatadotambémporBorges2005).EmsetratandodeAgraulis vanillae,
não um padrão específico de preferência. Foram também avaliados o tempo e a
taxadecrescimentodasquatroespéciesdeheliconíneoscriadasemnoveespéciesde
Passiflora, as quais apresentaram performance diferenciada para cada passiflorácea,
permitindo corroborar que existe uma especificidade na escolha das fêmeas para
oviposição,emvistadaperformancelarvalemdiferentesplantas.
Rodrigues& Moreira(1999) testaram oefeito daidade da folhade Passiflora
suberosanodesenvolvimentoenaperformancelarvaldeH. erato,sendoconstatado
queaslarvasdeprimeiroínstarnãoconseguemfazerusodetecidosmaduros(folhas
rígidas),havendonestecasoaltamortalidade.Aspoucaslarvassobreviventesfizeram
usodefolhasmadurassomenteatravésderaspagemdostecidos.
Silveira(2002)avaliou o mesmoefeito, porémna integridade dasmandíbulas
deH.eratophyllis.Constatouquediantedefolhasduras,asmandíbulassedesgastam,
podendohaver,inclusive,perdadedentes.
OpadrãodeconsumodaslarvasdeH.erato,portanto,inicia naregiãoapical
do ramo‐onde as folhas ainda são tenras, e avança em direção à base, havendo
preferênciaedependênciadaslarvasnosinstaresiniciaisportecidosjovens;aopasso
que nos instares finais, preferência por tecidos maduros (Rodrigues & Moreira
1999).
Rodrigues&Moreira(2002)avaliaramoefeitodavariaçãogeográficadeduas
passifloráceasutilizadaspelaslarvasdeHeliconiuseratosobreotamanhodosadultos
correspondentes. Demonstraram que os adultos provindos de larvas alimentadas
sobre P. misera são relativamente maiores que os provindos de larvas alimentadas
11
sobreP.suberosa.Aherdabilidadeestimada paraotamanhofoinula,indicandoquea
variaçãonotamanhodosadultosnãose porinfluênciagenética,naamplitudede
variaçãodetamanhoverificadaemcampo.
Rodrigues&Moreira(2004)analisaramavariaçãonotamanhodosadultosde
H. erato em função da variação sazonal na abundância de P. misera (sua espécie
preferida para oviposição) em relação a P. suberosa. Esta passiflorácea mantémse
perene durantetodo o ano, P. misera écompletamente desfolhadanos mesesde
outono e inverno. Nesses meses, os adultos de H. erato passam a ovipositar
alternativamente em P. suberosa, sendo os adultos gerados relativamente menores
queosgeradosnosmesesdeprimaveraeverão.Oefeitoestimadodatemperaturafoi
nulo. Desse modo, as variações sazonais, assim como as geográficas (Rodrigues &
Moreira2002),notamanhodosadultosdeH. eratosãoprimariamenteinfluenciadas
pelaqualidadeedisponibilidadedashospedeirasutilizadaspelaslarvas.
SociabilidadeemHeliconiini
Alémdasdiferenças nospadrõesdeconsumo, aslarvasde Heliconiinipodem
ainda ser classificadas em relação ao grau de sociabilidade, podendo ser solitárias,
semigregárias ou gregárias (Brown 1981). Assim, os ovos podem ser dispostos
isoladamente,empequenosgrupos,ounaformade clusterstípicos,quepodemvariar
de10(quantidademínimaparaumaespécieserclassificadacomogregária)a200ovos
(Brown1981).
Em Heliconiini, o hábito gregário ocorre em aproximadamente 50% das
espécies e está presente nos gêneros Dione, Eueides, Heliconius, Laparus e Neruda.
12
Segundo Beltrán et al. (2007), este hábito evoluiu pelo menos três vezes,
independentemente.
Bianchi & Moreira (2005) avaliaram o efeito da densidade larval na
sobrevivênciaedesenvolvimentodeDionejunojuno‐subespéciedecomportamento
gregário.Observaramqueataxadesobrevivênciafoisignificativamentereduzidanos
grupos com baixa densidade larval, e que tal comportamento pode estar associado,
portanto,àfacilitaçãoalimentar.
Cápsulacefálicaemúsculoadutordasmandíbulas
A cápsula cefálica de Lepidoptera é uma estrutura esclerotizada que, a cada
troca de instar, separase da epiderme, num processo denominado apólise (Heming
2003),concomitanteaoprocessodeformaçãodeumanovacápsulacefálica.
Internamente, o volume dessa estrutura é em grande parte preenchido pelo
músculo adutor das mandíbulas (Snodgrass 1935, Gronenberg et al. 1997, Vegliante
2005), o qual é responsável pelo movimento de fechar as mesmas. Esse músculo
originase principalmente na porção superior da cápsula cefálica e inserese
em um
apódemaconectadodiretamenteàbasedecadamandíbula(Chapman1998).
Asmandíbulas,porsuavez,sãoresponsáveispelafunçãoprimáriadecortaro
alimentoemfragmentosmenoresparaqueessespossamseringeridosetransferidos
ao intestino anterior (Chapman 1998). Esta função aparentemente simples envolve
umasériede
fatoresmecânicos,neuronaisequímicosque,integrados,determinarãoa
performancedoinsetofrenteàingestãodeseualimento.
Morfologicamente, cada mandíbula consiste de uma região incisora, onde se
situamosdentesresponsáveisporcortaroalimento,eumaregiãomolar,responsável
13
pormoer,trituraremacerar.Cadadentedaregiãoincisoraé inervadoporinúmeros
receptoressensoriais,osquaisdetectamadurezadoalimentoemodulamaforçaea
velocidade necessárias a serem aplicadas pelo músculo adutor (Scoble 1992,
Gronenbergetal.1997).Opadrãodeinervaçãodomúsculoadutortemsidoestudado
em himenópteros (Masuko 1986, Rehder 1989, Paul & Gronenberg 2002), em
ortópteros(Bainesetal.1990)enaslarvasdamariposaManducasexta(Griss1990).
O significado comportamental do músculo adutor é refletido por seu design
anatômico.Éconstituídopordoistiposdefibrasmusculares,asquaissãocompostas
por sarcômeros curtos (23μm) ou longos (56μm). Sarcômeros curtos estão
associados à rapidez da contração, enquanto os longos estão associados à força e
desempenhammovimentosnãomuitorápidos(Mülleretal.1992).
foi constatado que o músculo adutor determina diretamente a forma e o
tamanho da região cefálica em insetos mastigadores (Das 1937, Snodgrass 1935,
Matsuda1965).Porestardiretamenteenvolvidocomosrequerimentosbiomecânicos
damastigação, algunstrabalhos têmbuscado relacionaraforma e/ouo tamanhoda
região cefálica (como reflexo do crescimento do músculo adutor) com os diversos
hábitosalimentaresapresentadospelosinsetosmastigadores(Bernays1986,Bernays
&Hamai1987,Wheater&Evans 1989,Gronenberget al.1997,Gorb&Beutel
2000,
Brannenetal.2005).
Amorfometriageométricatemsidoextensamenteaplicadaemtrabalhoscom
fundo evolutivo, buscando relacionar forma à função e/ou a fatores relacionados à
ecologia dos organismos estudados. Trabalhos com esse viés têm sido realizados,
sobretudo, com vertebrados (Monteiro & Abe 1999, Bruner & Manzi 2001, León &
Zollikofer2001,Cardini2003,Kawakami&Yamamura2008).Desconhecemos,porém,
14
a existência de trabalhos que tenham se valido da utilização da morfometria
geométrica paraabordar as relaçõesexistentes entre os mecanismos deingestão de
insetosherbívorosesuasplantashospedeiras.
Objetivo
Combasenoestudoontogenéticodavariaçãonaformadacápsulacefálicade
espécies representativas das diferentes linhagens (utilizandose como referência a
filogenia de Beltrán et al. 2007) e hábitos alimentares dos heliconíneos, através de
métodosdemorfometriageométrica,estadissertaçãotevecomoobjetivoresponderà
seguintequestão:
‐AslarvasdeHeliconiinidediferentesgêneros,padrõesalimentaresegrausde
sociabilidadedistintos,apresentam variaçãoontogenéticae/ou filogenéticanaforma
desuascápsulascefálicas?
15
MATERIALEMÉTODOS
Larvas
Oestudofoidesenvolvidocom oestágiolarvaldasseguintesespécies:Agraulis
vanillae (Linnaeus, 1758), Dione juno (Cramer, 1779), Philaethria wernickei (Röber,
1906), Dryas iulia (Fabricius, 1775), Eueides aliphera (Godart, 1819), Heliconius sara
(Fabricius,1793),Heliconiuserato(Linnaeus,1758)e HeliconiusethillaGodart,1819.A
escolha se deu em função da disponibilidade geográfica na região Sul do Brasil. A
Tabela1listaoslocaisdecoletadosespécimes,asplantashospedeirasutilizadaseo
hábitoalimentardaslarvas.
Aslarvasforamobtidasdeovoscoletadosemcampoouprovindosdeadultos
criados em insetário existente no Departamento de Zoologia‐Campus Vale, UFRGS,
PortoAlegre,oqualconsistedeumteladodearamede10mdecomprimentox5de
largurax2,7dealtura,revestidocomteladesombrite50%decorpreta,edividido em
10compartimentos(unidadesde2mx2m).
As borboletas criadas
em insetário (D. iulia, H. erato e H. ethilla) foram
mantidasjuntamente comramos das respectivashospedeiras, dispostosem garrafas
plásticas com água e providas de uma armação de arame e madeira, para auxílio à
orientaçãodosramos(Ferro1998).
Diariamente,nohoráriodemaioratividadedasborboletas(entre
10e14h),o
insetário era monitorado para renovação do complemento alimentar (solução de
pólen, mel e água destilada, seguindo a proporção 2:1:7, disposta em recipientes
plásticos‐descritoemdetalhesemFerro1998),coletadeovosereposiçãodosramos,
quandonecessário.
16
Em laboratório, os ovos (acondicionados em placas de Petri com papel filtro
umedecido) foram mantidos em câmara climatizada sob condições abióticas
controladas (25±1°C; fotofase 14h/luz/dia). Após a eclosão, as larvas foram
transferidas,individualmenteouemgrupo‐nocasodasespéciesgregárias‐paraos
ramosdasrespectivashospedeiras(Tab.1).
Osramoscomlarvaseramcobertoscomteladenáilon,vistoriadosdiariamente
etrocadosquandonecessário,demaneiraquesemprehouvessealimentodisponível.
Aslarvasforamcriadasseparadamenteatécompletarseoinstardesejado(L1
L5).Aslarva sentãoforamfixadasemfluidodeDietrichepreservadasemálcool70%.
ATabela2listaonúmerodeindivíduosutilizadosporespécie/instar.
17
Tabela1.Espéciesdoestudoerespectivosacrônimosutilizadosnasanálisesmorfométricas,locaisdecoleta,plantashospedeirase
hábitosalimentaresocial.
Espécie Acrônimo Localdecoleta Passiflorasp.
utilizada*
Hábitoalimentaresocial**
Agraulisvanillae AVM PortoAlegre,RS P.caerulea Generalista,solitária
Dionejuno DJJ PortoAlegre,RS P.edulis Folhasvelhas,gregária
Philaethriawernickei PW Curitiba,PR P.actinia Folhasvelhas,solitária
Dryasiulia DIA PortoAlegre,RS P.suberosa Folhasvelhas,solitária
Eueidesaliphera EAA Curitiba,PR P.actinia Folhasjovens,solitária
Heliconiussara HSA MorrodoBaú,SC P.truncata Folhasjovens,gregária
Heliconiuserato HEP PortoAlegre,RS P.misera Folhasjovens,solitária
Heliconiusethilla HEN PortoAlegre,RS P.alata Folhasjovens,solitária
*conformeregistrodeDell’Erbaetal.(2005);**conformeBrown(1981).
18
Tabela2.Númerode indivíduos(n)porinstarutilizadoparacadaespécieerespectivos
valorestotais.
Espécie
Instar Total
I II III IV V I‐V
Agraulisvanillae 20 20 20 20 20 100
Dionejuno 20 20 20 20 20 100
Philaethriawernickei 18 10 13 8 5 54
Dryasiulia 20 20 20 20 20 100
Eueidesaliphera 9 8 8 9 6 40
Heliconiussara 10 8 7 8 6 39
Heliconiuserato 20 20 20 20 20 100
Heliconiusethilla 20 20 20 20 20 100
Total 137 126 128 125 117 633
19
MorfometriaGeométrica
As cápsulas cefálicas, dissecadas com auxílio de uma tesoura oftalmológica,
foramfotografadasemvistafrontal,imersasemálcool70%,comcâmeradigitalNikon
Coolpix
®
995‐acopladaaummicroscópioestereoscópicoWild
®
M5.
Foramselecionadoscomomarcosanatômicos(Fig.1)basesdecerdaselimites
entre suturas. Tais estruturas são presentes em todos heliconíneos, num arranjo
espacial relativamente constante (Fleming 1960). Seguimos, portanto, os critérios de
homologiafilogenéticae topológica.Emgeral,noprimeiroinstartodasascerdassão
simples,eapartir dosegundo,algumaspodemsersubstituídasporescolos,osquais
correspondemaprojeçõesespessaseesclerotizadas(Stehr1987).
A digitação dos marcos anatômicos e sua localização em coordenadas
cartesianas foi realizada no progra ma TPSdig 2.10 (Rohlf 2006). As matrizes das
coordenadas brutas foram analisadas através de linguagem e ambiente “R”, versão
2.7.0(RDevelopmentCoreTeam2008).
Paraaanálisedaforma,foiaplicadoométododesobreposiçãodeProcrustes
(Rohlf&Slice1990)tantoparaascomparaçõesontogenéticas(sobreposiçãodetodos
os instares para cada espécie) quanto para as comparações interespecíficas
(sobreposição de todas as espécies para cada instar). O
método de sobreposição de
Procrustesbaseiase nos seguintespassos: 1) normalizatodas as configuraçõesa um
tamanho centróide unitário; 2) translada todas as configurações de modo que seus
centróides sobreponhamse em uma origem comum e 3) seleciona um ângulo de
referência de uma dada configuração, ajustando a rotação
das demais, buscando
sempre minimizara soma dos quadrados dasdistâncias entre os marcosanatômicos
homólogosdentretodasasconfigurações.
20
Posteriormente, com os resíduos das sobreposições de Procrustes‐
equivalentes às variáveis de forma‐foram realizadas Análises de Componentes
Principais(ACP). Estetipo de análiseapresenta a vantagemde resumira informação
contida nas variáveis originais em apenas alguns componentes principais (PCs), nos
quaismaximizaavariânciadaamostra.Assim,possibilitavisualizaroordenamento dos
grupos (aqui representados por instares e espécies‐associados respectivamente às
comparações ontogenéticas e interespecíficas) nos eixos de maior variação. Cabe
ressaltarque nessemétododeordenamentoasvariáveisanalisadas correspondem a
funções decovariância entreas variáveis originais(x, y), oque simplifica adescrição
dasdiferençasnaformaentreosindivíduosdaamostra.Porém,osagrupamentosem
ACPnãorepresentamunidadesestatisticamentedistintas.
Paratestarasignificânciadavariaçãoontogenéticaeinterespecíficadaforma,
foram realizadasanálises multivariadas da variância (MANOVA)sobre os resíduos de
sobreposiçãodeProcrustes(Dryden&Mardia1998).
Foramrealizadasanálises
dasdeformaçõesrelativas(RelativeWarpsAnalysis‐
RWA), com utilização deα=0 (que igual peso aos componentes da análise), no
programa TPSrelw 1.11 (Rohlf 2008). As deformações relativas foram, então,
graficamente representadas pela função Thin Plate Splines (TPS), cujos coeficientes
correspondemaosescoresdasdeformaçõesparciais(Adams&Rosenberg1998).
A função TPS caracteriza as diferenças na forma através de deformações em
uma placa infinitamente fina de proporções lineares infinitas, para ajustar uma
configuraçãodemarcosanatômicosqueestejasobreaplacaaumaconfiguraçãoque
estejaabaixodesta(Bookstein1996,Monteiro&Reis1999).
21
Foram analisadas as relações de proximidade fenotípica entre os instares
(comparações ontogenéticas) e entre as espécies (comparações interespecíficas)
através de distâncias de Mahalanobis (Mahalanobis 1936) e árvores de Neighbor
Joining (Saitou & Nei 1987) (NJ) das distâncias de Mahalanobis, em formato não
enraizado.
A presença de alometrias foi testada através de testes de correlação de
Pearsonentreaforma(utilizandooprimeirocomponenteprincipalobtidoapartirda
ACP) eo tamanhodecentróide, aolongo da ontogênesede cada espécie(alometria
ontogenética),eentreasespécies(alometriafilogenética)paracadainstar.
Foirealizadaumacomparaçãointerespecíficageral,incluindotodososinstares.
Nessecaso,parafacilitaravisualizaçãográficadaACP,estafoirealizadaapenascomas
médias dos escores das respectivas espécies. Foi também analisada a relação de
proximidadefenotípica,pormeiodasdistânciasdeMahalanobiserespectivaárvorede
NeighborJoning.
22
Fig.1.Marcosanatômicos:12,34basesdascerdasposterioresP2(denominadosescolosa
partirdosegundo instar);5,6‐parde cerdas posteriores P1;7,8 par decerdaslaterais L1;
9,10 parde cerdas adfrontais AF1; 11,12 par de cerdasfrontoclipeais F1;13,14 parde
cerdasanterioresA1;15,16extremidadesdabasedofrontoclípeo;17‐extremidadesuperior
do frontoclípeo; 18 ponto médio da base do frontoclípeo; 19 limite posterior da sutura
epicranial.ModificadodeSilvaetal.(2006).
23
Análisefilogenética
As relações filogenéticas entre as oito espécies de heliconíneos analisadas
nesse estudo foram reconstruídas a partir de 3.824 nucleotídeos‐seqüenciados de
regiões mitocondriais (Citocromo Oxidase e 16S) e nucleares (Elongation factor1α,
apterous, decapentaplegic e wingless)‐, utilizadas por Beltrán et al. (2007). Com
exceção da espécie Philaethria wernickei, a qual não foi analisada por Beltrán et al.
(2007), neste caso, a título de comparação, utilizamos as seqüências de Philaethria
dido.
Foram utilizados os métodos de Máxima Verossimilhança (MV) e distância
(NeighborJoining) através do programa PAUP* 4.0b10 (Swofford 2002), e Bayesiana
nosoftwareMrBayes3.0b4(Ronquist&Huelsenbeck2003).
O modelo de evolução das seqüências para todo o conjunto de genes foi
estimado de acordo com o critério de informação de Akaike (GTR+I+G) utilizando o
programa ModelTest 3.7 (Posada & Crandall 1998). A árvore de MV utilizou a busca
heurística através da árvore inicial
de NJ, e o colapso dos ramos através de Tree
bisection reconnection (TBR), no programa PAUP*. Efetuouse 100 replicações de
bootstrapnãoparamétrico(Felsenstein1985),utilizandoaopçãoFASTSTEPparaobter
aconfiançadatopologiadaárvore.
Para a análise de distância foram construídas árvores no PAUP* utilizando o
métododeNJ(Saitou&Nei1987).Aconfiabilidadedasárvoresfoitestadautilizando
1.000replicaçõesdebootstrap(Hedges1992).
A análise bayesiana foi estimada com base no modelo evolutivo que mais se
ajustouaosdados(GTR+I+G),implementadonoprogramaMrModelTest2.2(Nylander
2004). Quatro cadeias de Markov e Monte Carlo foram rodadas simultaneamente;
24
cadacadeiafoiiniciadaapartirde umaárvorealeatória,ereplicadaparaummilhãode
gerações,amostrando umaárvore acada centésimageração. Os escoresdos valores
de verossimilhança das amostras foi plotado contra o tempo de geração para
determinar quando a cadeia se tornou estacionária. Todos os pontos amostrais
anterioresàestabilidade(2.000árvores) foramdescartadoscomoamostrasburnin.Os
dadosremanescentesapósodescartedeamostrasburninforamutilizadosparagerar
uma árvore consenso de regra majoritária, onde a porcentagem de amostras
recobrindoqualquer cladoemparticular representaramaprobabilidade posteriordo
clado (Ronquist & Huelsenbeck 2003). As probabilidades acima de 90% foram
consideradasindicativasdesignificânciadesuporte.
Também, foi gerada uma matriz de distância entre as seqüências das oito
espéciesatravésdométododemáximacomposiçãodeverossimilhança,assumindoa
distância de Tamura & Nei (1993), no software Mega 4.0 (Tamura et al. 2007).A
verossimilhança composta é definida como a soma de valores de verossimilhança
relacionados. Tamura et al. (2004) demonstraram que a distância pareada e os
parâmetros de substituição relacionados são estimadoscom precisão através da
maximizaçãodaverossimilhançacomposta.
Esta matriz de distância foi correlacionada com as matrizes obtidas a
partir de
dados morfogeométricos (distâncias de Mahalanobis), para o primeiro e quinto
instares, utilizando o teste de Mantel (Mantel 1967) com 10000 permutações (α =
0.05)noprogramaXLstat
©
.
25
RESULTADOS
Análisesontogenéticas
AMANOVA realizadaparatestarse existemdiferençasnaforma dascápsulas
cefálicasentreosinstaresfoialtamentesignificativaparatodasasespécies(Tab.3).
As análisesde ordenamento dos componentes principais para comparaçãoda forma
entreosinstaresdecadaespécie(Fig.2AB)mostraram,paratodasasespécies,queo
primeiro componente principal (PC1), o qual contém uma grande proporção da
variânciaexplicada (de 37% emH. eratoa 71% emH. sara),diferencia claramenteo
primeiro instar dos demais. A ordenação dos demais instares segue a ordem
ontogenética;ouseja,L2estáordenadomaispróximodeL3doqueaosoutrosinstares
noPC1,eassimsucessivamente.Estaobservaçãoécorroboradapelopequenograude
diferenciação dos instares no segundo componente principal (PC2) segundo
componentedemaiorvariação.EmA.vanillae ,D.juno,D.iulia,H.saraeH.eratoo
praticamente nenhuma diferenciação no PC2 entre os instares 2 a 5. Isto é uma
indicação de que o maior eixo de variação de forma domina a totalidade da
modificaçãoontogenética.
Porém,estenãoéocasoparaP.wernickei,E.alipheraeH.ethilla,ondeoPC2
separa os instares 2
5. Nesses casos, o padrão de variação da forma parece mais
complexoerespondeadoiseixosdemaiorvariação.
Asanálisesdasdeformaçõesrelativasaolongodaontogênesedecadaespécie‐
visualizadasatravésdafunçãothinplatesplines(Figs.310),permitiramidentificarque
aregiãoposteriordacápsula
cefálica(Fig.1,marcosanatômicos1,2,3,4)cresce,em
largura,proporcionalmentemaisquearegiãoanterior(marcosanatômicos13,14).
26
Aregião frontoclipeal(marcos anatômicos11,12,13, 14,17) eas cerdasAF1
(marcos anatômicos 9, 10) não apresentaram grandes alterações posicionais.
Entretanto, no contexto geral das espécies, é possível notar que, do primeiro aos
demaisinstares, um crescimentoproporcionalmentemenorda áreafrontoclipeal,
em relação ao crescimento da cápsula cefálica em áreas direcionadas lateralmente
e/ou posteriormente, onde, de fato, ocorrem as mais evidentes transformações
ontogenéticas.
Em quase todas as espécies, as distâncias de Mahalanobis (Tab.4)‐também
representadasemárvoresdeNeighborJoining(Figs.1118)‐entreoprimeiroinstare
os demais foi maior em relação às outras distâncias entre instares; com exceção da
espécie P. wernickei, em que a maior distância se deu entre L2 e L5,estando, desse
modo,L1maispróximodeL5comparativamenteàL2.Emrelaçãoaosdemaisinstares
deP. wernickei,seguirammaioresasdistânciasdoprimeiroinstar,emrelaçãoàL3e
L4.
ApenasemD.junoeD.iulia,asdistânciasdeMahalanobisforamcrescentesao
longodosinstares,i.e.,seguiramaseqüênciaL1L2L3L4L5.Paraasdemaisespécies,
aordemdeproximidademorfométricaentreosinstaresnãoseguiuumpadrãolinear,
ouseja,não
houverelaçãocomaontogenia.EmA.vanillae,aseqüênciadedistâncias
entreoprimeiroinstareosdemaisfoiL1L3L2L4L5;emP.wernickei,L1L4L2L5;em
E. aliphera,L1L2L5L3L4; emH. sara,L1L2L4L3L5;em
H. erato,L1L3L2L4L5;e
emH.ethilla,L1L3L2L4L5.
AsanálisesdecorrelaçãodePearson(Tab.5,Fig.19AB)efetuadasparatestara
relaçãoentreaforma(PC1)eotamanhodocentróide,aolongodaontogênese,foram
significativasparatodasasespécies.
27
Tabela3.Resultadosdas MANOVAsrealizadasparatestarasvariaçõesontogenéticas
naformadascápsulascefálicasemoitoespéciesdeheliconíneos.
Espécies Pillai Faprox. Pr(>F)
Agraulisvanillae 2.5473 4.2324 <2.2e
16
Dionejuno 3.0281 7.5208 <2.2e
16
Philaethriawernickei 3.1859 3.7682 2.715e
11
Dryasiulia 2.6971 4.9966 <2.2e
16
Eueidesaliphera 3.5986 3.9847 2.852e
07
Heliconiussara 3.8734 6.9103 9.16e
08
Heliconiuserato 3.2473 10.4128 <2.2e
16
Heliconiusethilla 2.8537 6.0092 <2.2e
16
28
A
Figura 2 AB. Ordenamento dos instares nos componentes 1 e 2 das análises de
componentes principais, realizadas com os resíduos de sobreposição de Procrustes,
para a forma da cápsula cefálica ao longo da ontogênese em oito espécies
heliconíneos.Entreparêntesesaspercentagensdevariânciaexplicadasporcadaeixo.
29
B
Figura2.Continuação.
30
Figura3.Deformaçõesrelativas‐visualizadasatravésdafunçãothinplatesplines‐das
cápsulascefálicasaolongodaontogênese
de Agraulisvanillae.
31
Figura 4. Deformaçõesrelativas‐visualizadasatravésdafunçãothinplatesplines‐das
cápsulascefálicasaolongodaontogênesedeDionejuno.
32
Figura 5. Deformaçõesrelativas‐visualizadasatravésdafunçãothinplatesplines‐das
cápsulascefálicasaolongodaontogênesedePhilaethriawernickei.
33
Figura6. Deformaçõesrelativas‐visualizadasatravésdafunçãothinplatesplines‐das
cápsulascefálicasaolongodaontogênesedeDryasiulia.
34
Figura 7. Deformaçõesrelativas‐visualizadasatravésdafunçãothinplatesplines‐das
cápsulascefálicasaolongodaontogênesedeEueidesaliphera.
35
Figura 8. Deformaçõesrelativas‐visualizadasatravésdafunçãothinplatesplines‐das
cápsulascefálicasaolongodaontogênesedeHeliconiussara.
36
Figura 9. Deformaçõesrelativas‐visualizadasatravésdafunçãothinplatesplines‐das
cápsulascefálicasaolongodaontogênesedeHeliconiuserato.
37
Figura 10. Deformações relativas‐visualizadas através da função thin plate splines‐
dascápsulascefálicasaolongodaontogênesedeHeliconiusethilla.
38
Tabela 4. Distâncias de Mahalanobis entre os instares em oito espécies de
heliconíneos.
Espécie Instares
Agraulisvanillae
L1 L2 L3 L4
L2 318.5
L3 275.6 16.7
L4 325.8 35.6 12.8
L5 374.5 69.6 28.4 13.1
Dionejuno
L2 484.9
L3 522.9 20.7
L4 593.6 42.1 16.8
L5 617.7 96.3 64.1 32.2
Philaethriawernickei
L2 595.1
L3 565.8 94.9
L4 576.9 272.1 72.5
L5 797.8 856.3 477.9 196.7
Dryasiulia
L2 298.0
L3 313.1 12.3
L4 385.1 62.7 29.5
L5 434.1 189.5 123.8 47.9
39
Tabela4.Continuação.
Espécie Instares
Eueidesaliphera
L1 L2 L3 L4
L2 436.3
L3 450.7 42.6
L4 577.6 186.4 150.5
L5 450.4 188.5 114.9 89.2
Heliconiussara
L2 2338.4
L3 2980.9 81.3
L4 2738.5 123.6 90.71
L5 3110.8 298.0 202.1 139.7
Heliconiuserato
L2 523.4
L3 498.6 38.1
L4 531.9 63.9 20.1
L5 599.5 140.4 73.7 40.5
Heliconiusethilla
L2 468.1
L3 432.9 46.4
L4 521.4 117.1 30.8
L5 609.4 201.7 85.9 18.4
40
Figura11.ÁrvoredeNeighborJoiningdasdistânciasdeMahalanobisentreosinstares
deAgraulisvanillae.
41

Figura12.ÁrvoredeNeighborJoiningdasdistânciasdeMahalanobisentreosinstares
deDionejuno.
42
Figura13.ÁrvoredeNeighborJoiningdasdistânciasdeMahalanobisentreosinstares
dePhilaethriawernickei.
43
Figura14.ÁrvoredeNeighborJoiningdasdistânciasdeMahalanobisentreosinstares
deDryasiulia.
44
Figura15.ÁrvoredeNeighborJoiningdasdistânciasdeMahalanobisentreosinstares
deEueidesaliphera.
45
Figura16.ÁrvoredeNeighborJoiningdasdistânciasdeMahalanobisentreosinstares
deHeliconiussara.
46
Figura17.ÁrvoredeNeighborJoiningdasdistânciasdeMahalanobisentreosinstares
deHeliconiuserato.
47
Figura18.ÁrvoredeNeighborJoiningdasdistânciasdeMahalanobisentreosinstares
deHeliconiusethilla.
48
Tabela 5. Resultados das análises de correlação de Pearson entre a forma (PC1) e o
tamanhodocentróideaolongodaontogênesedeoitoespéciesdeheliconíneos.
Espécies t correlação valorp
Agraulisvanillae 11.8685 0.7679327 <2.2e16
Dionejuno 9.7957 0.7033697 4.441e16
Philaethriawernickei 27.3555 0.9669675 <2.2e16
Dryasiulia 13.0508 0.7967232 <2.2e16
Eueidesaliphera 10.1206 0.8540474 2.444e12
Heliconiussara 6.0013 0.7023242 6.253e07
Heliconiuserato 9.676 0.8433878 8.458e12
Heliconiusethilla 16.6707 0.8598265 <2.2e16
49
A
Figura19AB.CorrelaçõesdePearsonentreaforma(PC1)eotamanhodecentróide
aolongodaontogênesedequatroespéciesdeheliconíneos.
50
B
Figura19.Continuação.
51
Análisesfilogenéticas
AMANOVArealizadaparatestaravariaçãointerespecíficanaformadacápsula
cefálicafoialtamentesignificativaparatodososinstares(Tab.6).
A proporção da variância explicada no primeiro componente principal das
análises de ordenamento dos componentes principais para comparação da forma
entreasespécies(Fig.20AE)varioude53%noprimeiroinstar,a68%‐noquinto.
Conforme o avanço da ontogênese, as análises de componentes principais
apresentaram crescentes graus de distanciamento entre as espécies. No primeiro
instar (Fig.20A), as espécies ordenaramse relativamente muito próximas,
apresentando A. vanillae agrupada com H. ethilla, H. erato, H. sara, D. juno e E.
aliphera.ComaltosescoresnoPC1,encontramseD.iuliaeP.wernickei,separadasde
A.vanillaeedasdemaisespécies.
No segundo instar (Fig.20B), H. ethilla, H. sara, D. iulia e P. wernickei
agruparamseisoladamentedasdemaisespécies.Entretanto,noPC1,H.ethillanãose
diferencia de H. erato, assim como H. sara não se diferencia de D. juno e de P.
wernickei.A.vanillae,mantevese,emcertograu,agrupadacomD.juno,E.alipherae
H.erato.
No terceiro instar (Fig.20C), o PC1 separou H. ethilla, porém
indiferenciadamente de H. erato, com baixos escores. E. aliphera e A. vanillae (em
parte também indiferenciadas de H. erato e de D. iulia)agruparamse com escores
intermediários.ComaltosescoressituamseD.juno,H.sara,P.wernickeieD.iulia.
Noquartoinstar(Fig.20D),D.juno eH.saraapresentaramosmaioresescores
no PC1, permanecendo indiferenciadas entre si. D. iulia e P. wernickei mostraram
escoresintermediários‐juntamentecomA.vanillae.Emboraagrupadaisoladamente,
52
H.erato,permaneceuindiferenciadadeE.alipheraeH.ethilla,aqualsemantevecom
os menores escores. Em nível de PC2, P. wernickei aproximase de A. vanillae, com
escoresmaiselevadosquedeD.iulia.
No quinto instar (Fig.20E), D. juno e H. sara apresentaram escores ainda
maioresemrelaçãoàsdemaisespéciesnoPC1.Entretanto,noPC2essasduasespécies
mostraramse diferenciadas entre si. P. wernickei teve maiores escores no PC2 e,
comparativamenteaosinstaresanteriores,distanciousedeD. iulia‐aproximandose
mais de E. aliphera e A. vanillae. H. erato mantevese com escores intermediários e
indiferenciadadeE. aliphera,P. wernickei,eempartedeA. vanillae eH. ethilla,que
mantevesecomosmenoresescoresemníveldePC1.
A proximidade fenotípica entre as espécies, representada pelas distâncias de
Mahalanobis (Tab.7), não seguiu um padrão seqüencial constante ao longo dos
instares, o que pode ser também visualizado nas árvores de NeighborJoining das
distânciasdeMahalanobis(Fig.21AE).
No primeiro instar, A. vanillae esteve mais próxima morfometricamente do
gêneroHeliconius,mastopologicamente,segueasuarelaçãofilogenéticacomD.juno,
P. wernickeieD. iulia (Tab.7,Fig.21A).No segundoinstar (Tab.7,Fig.21B),A. vanillae
aproximasedeD.junoeseguidamentedeH.erato.Noterceiroinstar(Tab.7,Fig.21C),
suas menores distâncias se dão, em ordem crescente, entre H. erato, E. aliphera, D.
iulia e D. juno. No quarto instar (Tab.7, Fig.21D), aproximase de P. wernickei,
mantendoessaproximidadenoquintoinstar(Tab.7,Fig.21E),ondemantémdamesma
formasuaproximidade emrelaçãoa E. aliphera,H. eratoe D. juno, distanciandose,
porém,deD.iulia.
53
As distâncias de Mahalanobis entre D. iulia e P. wernickei foram menores
reciprocamente até o terceiro instar (Tab.7, Fig.21AC). No quarto instar (Tab.7,
Fig.21D), apesar da menor distância de D. iulia ainda permanecer em relação a P.
wernickei,estarelativamentetornasemaispróximadeA.vanillae .Enoquintoinstar
(Tab.7, Fig.21E) P. wernickei distanciase sobremaneira de D. iulia, aproximandose
maisdeH.erato,A.vanillaeeE.aliphera.
Asrepresentaçõesgráficasdavariaçãonaforma,visualizadasatravésdafunção
thinplatesplines,organizadasnasárvoresdeNeighborJoining(Fig.21AE),permitiram
identificarqueaproximidademorfométricaentreP.wernickeieD.iulia ,doinstar1ao
4, devese ao estreitamento da região posterior da cápsula cefálica, uma vez que
nessasduasespéciesascerdasP2(Fig.1,marcosanatômicos1,2,3,4/escolosa partir
deL2)sãorelativamentemaispróximasentresiquenasdemaisespécies.Entretanto,
no quinto instar (Fig.21E), a distância entre os escolos de P. wernickei aumenta,
enquantoemD.iuliaosescolospermanecemrelativamentepróximosentresi.
AsbaixasdistânciasdeMahalanobisentreD.junoeH.sarapodemtambémser
explicadasatravés dasrepresentaçõesgráficasde thin
plate splines(Fig.21AE). Essas
duas espécies, ao longo da ontogênese investem proporcionalmente mais no
crescimentoemalturaqueemlargura,oquelhesconfere,apartirdosegundoinstar,
umaspectolateralmenteestreitadoemrelaçãoàsdemaisespécies(Tab.7,Fig.21AE).
E. aliphera e H. ethilla são espécies que
investem proporcionalmente mais
em largura que em altura, o que explica a crescente proximidade entre essas duas
espécies ao longo dos instares (Tab.7, Fig.21AE). Até o quarto instar, H. ethilla
mantevesepróximadeH.erato.Porémnoquintoinstar,devidoaomaiorcrescimento
54
em largura, H. ethilla e E. aliphera tornamse mais próximas entre si, enquanto H.
eratomantémseucrescimentouniformeemsetratandodelarguraealtura.
As análises de correlação de Pearson (Tab.8, Fig.22) efetuadas para testar a
relação interespecífica entre a forma e o tamanho das cápsulas cefálicas para cada
instar, resultou em valores estatisticamente significativos excetuandose o quinto
instar.
A análise dos componentes principais para comparação interespecífica
utilizandose todos os instares, e apenas as médias de cada espécie, foi analisada
atravésdosPCs1e2,3e4,5e6(Fig.23AC).Omaioreixodevariação(PC1)explicou
47%davariaçãototal (Fig.23A)e nãomostroudiferenciaçãoentreasespécies,assim
como os demais componentes principais analisados (Fig.23BC). As distâncias de
Mahalanobis(Tab.9)forambaixas,deummodogeral,secomparadasàsdistânciasdas
comparaçõesinterespecíficasporinstar.AárvoredeNeighborJoiningcorrespondente
(Fig.24)apresentouumatopologiaresumidaparatodosinstares.
As árvores filogenéticas com base nas seqüências nucleotídicas reconstruídas
pelos métodos de Máxima Verossimilhança (MV), NeighborJoining e Bayesiana
(Fig.25AC)apresentaramtopologiassemelhantes, corroborandoasrelaçõesinferidas
por Beltrán et al. (2007) (Apêndice 1). Heliconius apresentou um clado monofilético
bemsuportado(agrupandoH.erato,H.ethillaeH.sara),proximamenterelacionadoa
Eueides,emconcordânciacomashipótesesmolecularesprévias(Brown1981;Brower
& Egan 1997, Beltrán et al. 2007). As topologias com base em modelos evolutivos
indicaram baixa resolução nas relações de D. iulia, P. dido,
D. juno e A. vanillae,
emboraaárvoredeMV,assimcomoadeNJ,tenhaagrupadoD.iuliacomP.didoeD.
55
junocomA.vanillae.TaisresultadosconcordamcomaquelesobtidosporBeltránetal.
(2007).
A matriz de distância calculada a partir do número de diferenças entre
seqüências pareadas (DG) é apresentado na Tabela 10. As correlações (teste de
Mantel) entre a matriz das distâncias de Mahalanobis do primeiro instar versus DG
apresentou r= 0.27 (p= 0.39), e entre o quinto instar versus DG, r = 0.22 (p = 0.49)
(Fig.26AB),sendoportantonãosignificativas.
56
Tabela6.ResultadosdasMANOVAsrealizadasparatestaravariaçãointerespecíficana
formadentrodecadainstar.
Instares Pillai Faprox. Pr(>F)
I 4.7476 7.7772 <2.2e16
II 5.1305 9.0849 <2.2e16
III 5.0006 8.4519 <2.2e16
IV 5.287 10.111 <2.2e16
V 5.2418 8.9440 <2.2e16
57
A
Figura 20 AE. Ordenamento das espécies nos componentes 1 e 2 das análises de
componentes principais, realizadas com os resíduos de sobreposição de Procrustes,
para o primeiro (A), segundo (B), terceiro (C), quarto (D) e quinto instar (E). Entre
parêntesesaspercentagensdevariânciaexplicadasporcadaeixo.
58
B
Figura20.Continuação
59
C
Figura20.Continuação
60
D
Figura20.Continuação.
61
E
Figura20.Continuação.
62
Tab.7.DistânciasdeMahalanobisentreasespéciesparacadainstar.
Instar Espécies
AVM DIA DJJ EAA HEN HEP HSA
L1
DIA 119.6
DJJ 56.2 104.0
EAA 78.2 205.7 133.3
HEN 45.4 244.0 118.0 75.5
HEP 34.0 176.7 96.1 66.1 20.8
HSA 30.1 139.1 47.8 50.6 58.1 36.6
PW 146.9 34.5 119.1 166.2 248.9 191.4 135.3
L2
DIA 162.9
DJJ 68.3 195.2
EAA 152.9 226.8 174.2
HEN 88.5 226.2 238.4 119.9
HEP 81.9 114.5 170.9 93.5 56.4
HSA 121.1 118.4 74.9 88.7 223.7 115.8
PW 182.4 66.4 147.0 220.1 288.3 175.2 114.5
63
Tab.7.Continuação.
Instar Espécies
AVM DIA DJJ EAA HEN HEP HSA
L3
DIA 88.7
DJJ 90.9 120.8 
EAA 85.9 160.3 140.9
HEN 97.3 212.1 276.6 102.6
HEP 62.7 105.4 200.5 86.7 50.5 
HSA 97.9 73.3 44.1 87.3 224.5 131.9
PW 98.4 51.9 84.5 105.3 230.6 136.7 60.8
L4
DIA 91.4
DJJ 85.4 188.7
EAA 151.2 221.0 309.7
HEN 87.4 186.2 202.9 90.9 
HEP 81.1 77.2 230.9 139.1 90.9 
HSA 93.6 111.7 82.4 176.0 168.2 129.8
PW 49.1 60.2 119.4 122.3 113.1 87.1 66.4
64
Tab.7.Continuação.
Instar Espécies
AVM DIA DJJ EAA HEN HEP HSA
L5
DIA 104.3
DJJ 75.6 159.9
EAA 69.3 174.8 206.4
HEN 103.6 224.68 245.8 55.9 
HEP 73.2 74.88 181.9 65.3 69.4 
HSA 92.1 106.18 87.3 161.4 200.1 113.5
PW 70.7 95.1 167.3 83.4 110.5 67.2 139.1
65
A
Figura 21 AE. Árvores de NeighborJoining das distâncias de Mahalanobis para o
primeiro(A),segundo(B),terceiro(C),quarto(D)equintoinstar(E).

66
B
Figura21.Continuação.
67
C
Figura21.Continuação.
68
D
Figura21.Continuação.
69
E
Figura21.Continuação.
70
Tabela 8. Resultados das análises de correlação de Pearson entre a forma (PC1) e o
tamanhodocentróide,paraasespéciesdentrodecadainstar.
Instar t correlação valorp
I 7.2777 0.5308305 2.515e11
II 7.2313 0.5446304 4.326e11
III 8.8097 0.61739 8.438e15
IV 4.7955 0.3968855 4.597e06
V 1.3886 0.1284146 0.1676
71
Figura22.CorrelaçõesdePearsonentreaforma(PC1)eotamanhodocentróidepara
oitoespéciesdeheliconíneosdentrodecadainstar.
72
A
Figura23AC.Ordenamentodasespéciesnoscomponentes1e2(A),3e4(B)e5e6
(C) das análises de componentes principais, realizadas com os resíduos de
sobreposiçãodeProcrustes,paratodososinstares.Entreparêntesesaspercentagens
devariânciaexplicadasporcadaeixo.
73
B
Figura23.Continuação.
74
C
Figura23.Continuação.
75
Tab.9.DistânciasdeMahalanobisentreasespéciesparatodososinstares.
AVM DIA DJJ EAA HEN HEP HSA
DIA 19.4

DJJ 24.0 44.8

EAA 32.1 37.8 74.0

HEN 22.2 30.3 74.3 22.9

HEP 22.9 28.7 68.3 19.4 7.8

HSA 19.2 19.7 25.7 25.6 37.3 25.6
PW 31.5 14.9 48.0 38.1 48.7 43.6 25.6
76
Figura24.ÁrvoredeNeighborJoiningdasdistânciasdeMahalanobisentreasespécies,
incluindotodososinstares.
77
Tabela10.Estimativadedivergênciaentreoitoseqüênciasdeheliconíneospareadas,
utilizandoométododemáximacomposiçãodeverossimilhança(distânciadeTamura
Nei1993).
AVM DIA DJJ EAA HEN HEP HSA
DIA 112
DJJ 96 105
EAA 87 103 76
HEN 91 114 84 73
HEP 92 119 86 70 61
HSA 93 104 87 92 97 91
PW 81 92 80 76 88 85 82
78
A
Figura 25 AC. Árvores filogenéticas nãoenraizadas para oito espécies de
heliconíneos com base na análise combinada de dados de mtDNA (CO e 16S) e
nuclear (EF1α, DPP, AP, e WG), totalizando 3.824 nucleotídeos. A, máxima
verossimilhança; B,NeighborJoining; C, análise bayesiana. Osvalores nos ramos
em A e B indica o suporte de bootstrap para o equivalente, após 1000
replicações,eemCaprobabilidadeposterior.
79
B
Figura25.Continuação.
80
C
Figura25.Continuação.
81
A
Figura26AB.CorrelaçõesdePearsonentreamatrizdedistanciagenética(DG)versus
distânciadeMahalanobisutilizandootestedeMantel.A,distanciaL1xDG;B,L5xDG.
82
B
Figura26.Continuação.
83
DISCUSSÃO
Os métodos de morfometria geométrica utilizados permitiram evidenciar que
tanto em nível ontogenético quanto filogenético, todas as espécies de heliconíneos
avaliadassofremvariaçõesnaformadesuascápsulascefálicas.
Análisesontogenéticas
As análises de componentes principais juntamente com a função thin plate
splines permitiram identificar que a principal diferença entre o primeiro instar e os
demais se deve à constrição da região posterior da cápsula cefálica em L1,
relativamenteàcrescenteexpansãoaolongododesenvolvimentonosdemaisinstares.
Sugerimosqueessadiferençaédevidaaocrescimentointernodomúsculoadutordas
mandíbulas,oqualoriginaseprincipalmentenaporçãosuperiordacápsulacefálicae
inserese em um apódema conectado diretamente à base da mandíbula (Chapman
1998).Aconstriçãoobservadanoprimeiroinstaréresponsávelpelanítidaseparação
desteemrelaçãoaosdemaisinstaresnasanálisesdecomponentesprincipais.
Bernays (1986) comparou o tamanho das cápsulas cefálicas e
a área do
apódemadomúsculoadutordaslagartasdePseudaletiaunipuncta,alimentadascom
folhastenrasourígidas.Demonstrouquefrenteàingestãodefolhasrígidas,omúsculo
adutor tornouse muito mais desenvolvido e, conseqüentemente, o tamanho das
cápsulascefálicasfoimaior,emrelaçãoàslarvascriadascomfolhas
tenras.Omesmo
foidemonstradoporBernays&Hamai(1987)paraosortópterosLocustamigratoriae
Chorthippus curtipennis. Em ambos os gafanhotos, a largura da cabeça foi
significativamentemaiorquandocriadosnasgramíneasdemaiordureza(Triticumsp.
paraL.migratoriaePoasp.paraC.curtipennis).
84
Gorb & Beutel (2000) demonstraram que as diferenças na forma da região
cefálica, entre três diferentes linhagens de coleópteros, podem ser atribuídas a
requerimentos biomecânicos correlacionados às diferentes estratégias alimentares
apresentadasporcadaumadessaslinhagens.
Brannenn et al. (2005) inferiram que a alometria cefálica ao longo da
ontogêneselarvaldocoleópteroAgabusdesintegratus édevidaàvariaçãoestratégico
alimentar durante o seu desenvolvimento. Principalmente na região superior da
cápsula cefálica é que se deram as maiores dilatações, provavelmente devidas ao
crescimentoexageradodomúsculoadutor,emseuspontosdeorigem.
Assim,nocontextodopresentetrabalho,aregiãoposteriordacápsulacefálica
podeestar representandoasmaiores transformaçõesnodesenvolvimentodacabeça
comoum todo(incluindoomúsculoadutoredemaisórgãoscefálicos internos).Etal
crescimento pode estar relacionado biomecanicamente não somente ao padrão
alimentar das larvas, mas também ao crescente tempo empregado por estas na
alimentação com o avanço da ontogênese (Alexander
1961) e, possivelmente, às
crescentestaxasdeingestãoeconsumo.
A significância estatística das correlações de Pearson entre a forma e o
tamanhoaolongodaontogêneseindicaquealometriaontogenéticaparatodasas
espéciesanalisadas.
As variações observadas na forma das cápsulas cefálicas das espécies aqui
analisadas não se
deram, contudo, de forma linear. As distâncias morfométricas
(distâncias de Mahalanobis) entre os instares não foram crescentes ao longo da
ontogênese. Isto sugere que a forma da cápsula cefálica em Heliconiini não é
modulada apenas por fatores deterministicamente ontogenéticos. Possivelmente, ao
85
longo da ontogênese imposição de diferentes pressões seletivas, ou diferentes
respostas a uma pressão seletiva constante. A forma dos instares, portanto, é
resultado de um complexo de pressões seletivas interagentes e processos de
desenvolvimento, os quais podem estar sujeitos a restrições evolutivas e
desenvolvimentaisquenãopermitamgrandesmodificações.
No contexto do presente trabalho, desconhecemse as pressões seletivas
responsáveis pela nãolinearidade no desenvolvimento ontogenético da forma da
cápsula cefálica. Se fossem levadas em conta apenas as pressões impostas pelas
plantas hospedeiras, poderseia então inferir que a forma é definida por diferentes
respostasdaslarvasfrenteàingestãodestashospedeiras.
Emrelaçãoaospadrõesontogenéticosdealimentação,porexemplo,nogênero
Heliconius as larvas iniciam o desenvolvimento alimentandose em folhas tenras e
avança para folhas maduras conforme a ontogênese (Rodrigues & Moreira 1999).
Porém,paragrandepartedosgênerosdecladogênesemaisantiga,consomemfolhas
maduras ao longo de toda a ontogênese. Em adição, resta futuramente analisar as
variações ontogenéticas na forma das mandíbulas, as quais são consideráveis,
conformeavaliaçõespreliminaresefetuadas(G.R.P.Moreira,UFRGS,dadosinéditos).

Análisesfilogenéticas
As análises de componentes principais para as comparações interespecíficas
mostraramumarelaçãodescontínuaentreasespéciesnosdiferentesinstares,sendo
que a proximidade morfométrica entre as espécies parece envolver uma mistura
complexa de fatores filogenéticos e ecológicos. Assim, as incongruências entre a
86
variação na forma da região cefálica e a filogenia molecular de Beltrán et al. (2007)
podem ser devidasa convergências adaptativas associadas a aspectos biomecânicos,
relacionadosaohábitoalimentaregraudesociabilidadedasespécies.
Em relação à gregariedade, as larvas de D. juno nos instares iniciais se
alimentamemgruposquepodemvariarde 60a 140larvas, eemH. sara podemser
encontradas até 200 larvas (Brown 1981). O fato dessas espécies manteremse boa
parte do estágio larval (basicamente nos instares iniciais, a partir do quarto instar
passamasedesagregar)dispostaslateralmente entresi, podetercontribuídoparaa
realocaçãodocrescimentoprincipalmente emaltura,em detrimentodo crescimento
lateral.Porém,comoocomportamento(representadopelohábitogregário)modulao
desenvolvimento para estabelecer a arquitetura da forma da cápsula cefálica, ainda
desconhecemse as razões correspondentes. No caso de H. sara, é evidente a
existência de restrição ecológica para a evolução da forma da cápsula cefálica no
gênero Heliconius, considerando que a mesma se aproxima daquela de D. juno,
pertencenteàcladogênesemaisantiga.
Nocasode H. sara,ahipótesedeumapossível estasemanutençãode uma
formaancestral(representadaporD.juno),podeserdescartada,umavezqueohábito
gregário,conformeBeltránetal.(2007), evoluiuindependentepelomenostrêsvezes.
Ohábitogr egárioemHeliconiiniestápresentenosgênerosDione,Eueides,Heliconius,
LaparuseNeruda(sendoqueostrêsúltimossãoparafiléticos).
Contrariamente, E. aliphera e H. ethilla, que apresentam hábito solitário,
investemproporcionalmentemaisemlargura,investindoseucrescimentoemdireções
laterais.
87
Aforma deA.vanillae(espéciedecladogênesemaisantigaepadrãoalimentar
generalista)emboaparteassemelhouseaH.sara.Podemosobservarqueaformade
A. vanillae ao longo dos instares, e comparativamente às demais espécies, aparenta
ser uma forma consenso entre as demais espécies, uma vez que, em termos de
proporção, não investe nem muito em altura nem muito largura. O mesmo foi
constatadoparaH.erato.
P. wernickei e D. iulia apresentaram como peculiaridade as baixas distâncias
entre as cerdas P2 ou escolos, evidenciando o aspecto de que sua região anterior é
relativamente mais larga. Isto talvez possa ser respondido através do estudo
alométricodasmandíbulasemrelaçãoàcápsulacefálica.Ambasespéciesalimentam
se sobre folhas velhas, a partir do primeiro instar (Brown 1981). Então, será que
essas espécies investem mais no desenvolvimento das mandíbulas em si, e por isso
reduzem a realocação de energia que poderia ser destinada ao desenvolvimento do
músculo adutor em seus pontos de origemna região posterior? Será que o músculo
adutor nessas espécies originase principalmente em pontos laterais, o que poderia
influenciar a dinâmica anatômica de seus aspectos biomecânicos? A largura anterior
da cápsula cefálica pode ser reflexo, nesse caso, do tamanho das mandíbulas,
entretanto, esse aspecto resta ser avaliado. Esse padrão de forma, observada no
presente estudo apenas para essas duas espécies, pode ser classificada
filogeneticamente como ancestral. Dentro de um contexto desenvolvimental, a
arquiteturadessaformapodesermoldadapormeiodecompetiçãoentreasdiferentes
regiões topológicas da cápsula cefálica. Diante da ingestão de folhas velhas, talvez a
primeiramodificação alométrica tenhasedado noinvestimentorelativamentemaior
emtamanho(eforma?)demandíbulas.Odesl ocamentode energiaenutrientespara
88
o desenvolvimento destas, talvez tenha “suprimido” o crescimento em largura da
região posterior. A partir do quarto instar P. wernickei inicia um processo de
divergência de sua forma comum com D. iulia. Isso foi devido ao crescente
distanciamento entre seus escolos (provavelmente conseqüência do crescimento
acentuado do músculo adutor no espaço entre os escolos). Não podemos, porém,
analisar isoladamente a significância biomecânica do músculo adutor. Apesar de ser
imprescindívelopapelbiológicodesteparaaingestão,asuarelaçãoalométricacomas
mandíbulastambémdeveserfuturamenteavaliada.
Por fim, cabe levantar o fato de que, contrariamente ao hábito gregário que
evoluiu pelo menos três vezes independentemente, os padrões alimentares ao que
tudo indica são bem estabelecidos filogeneticamente. Isto é, em se tratando das
espécies de cladogênese mais antiga (aqui estudadas), A. vanillae apresenta
comportamento generalista alimentamse indiscriminadamente tanto de folhas
jovens quanto de velhas nos instares iniciais, D. iulia e P. wernickei alimentamse
exclusivamentedefolhasvelhas.OgêneroEueidesaparentaseroelonaevoluçãodos
padrõesalimentaresdeHeliconiini,uma vezque érepresentadopor espéciesque se
alimentam ou de folhas velhas ou de folhas jovens. E. aliphera alimentase, nos
instares
iniciais, preferencialmente na face abaxial de folhas jovens (Périco 1995,
Dell’Erbaetal.2005). OgêneroHeliconius,porsuavez,érepresentadointeiramente
por espécies que iniciam seu desenvolvimento em folhas jovens (Brown 1981).
Portanto, os padrões alimentares generalistas e aquele apresentado pelas demais
espécies que primeiro divergiram (alimentação de
folhas velhas) não evoluíram
novamente,demodoquese desconhece umaespéciedeHeliconiusque sealimente
naturalmente de folhas velhas, nos instares iniciais. Benson (1978) propôs que a
89
evoluçãodospadrõesalimentaresdeHeliconiinipoderiaestarassociadaàpartiçãode
recursos.
Em relação ao hábito gregário, SillénTullberg (1988) propôs queeste surgiu
posteriormente à evolução da impalatabilidade, uma vez que a gregariedade é
desvantajosaparaorganismospalatáveisquevivememhábitatsexpostos.
A significância das correlações de Pearson para os instares 1 a 4 indica que,
paraestes,alometriafilogenética,enquantoqueparaoquintoinstarnão.
Em relação às variações interespecíficas nos padrões ontogenéticos de
alimentação, resta futuramente analisar as variações filogenéticas na forma das
mandíbulas.
Asanálisesdecomponentesprincipaisreferentesàanáliseinterespecíficageral
mostraramquasenuladiferenciaçãoentreasespécies,devidoàinclusãodosresíduos
desobreposiçãodetodososinstareseespécies.
Atopologia da árvoredeNeighbor Joining mostrouo gêneroEueides inserido
entreosramosdogêneroHeliconius.H.sara,porém,muitopróximadeA.vanillae ;e
D.
juno , relativamente apresentou a maior distância entre as demais espécies. P.
wernickeieD. iuliamostraramsepróximas,sobretudodevidoàsemelhançadosseus
padrõesdeformadosinstares1a4.
Do ponto de vista topológico, os testes de Mantel demonstraram que as
árvores morfométricas de NeighborJoining,
com base na forma da cápsula cefálica,
não se relacionaram significativamente às árvores filogenéticas, morfológicas e/ou
moleculares,deHeliconiini(Leeetal.1992,Brower1994,Brower&Egan1997, Penz
1999,Beltránetal.2007).
90
A forma da cápsula cefálica demonstra estar sob influência de fatores
ecológicos e comportamentais associados à sociabilidade larval. Em termos
morfogeométricos,asespéciesdebitogregárioaquiestudadas(D.junoeH.sara),a
despeitodesuaaltadistânciafilogenética(Beltránetal.2007),apresentaramestreita
relação de proximidade fenotípica, com base na morfometria geométrica da cápsula
cefálica. Principalmente H. sara contribuiu para a incongruência topológica entre as
árvores morfométricas e a filogenéticade Beltrán et al. (2007), sobretudo devido ao
seudistanciamento,combasenamorfometriageométrica,deH.eratoeH.ethillaea
suaaproximaçãodeD.juno,queporsuavez,mantémsepróximadeA.vanillae.
Podeseinferir,portanto,que aforma dacápsulacefálica,somenteemparte,
está relacionada a fatores filogenéticos. Devido a restrições impostas pelo hábito
social, as espécies gregárias apresentam convergência na forma de suas cápsulas
cefálicas.Ouseja,aexpressãofenotípicanaformadascápsulascefálicasdeHeliconiini,
por uma pressão seletiva associada ao hábito gregário, não se correlaciona
integralmenteàsfilogeniasmolecularesdeHeliconiini.Desse modo,estecritérionão
pode ser utilizado como um caractere discreto em análises de filogenia, pois não é
influenciadaporestanasuaintegridade.
Entrementes, uma vez que também é influenciada por fatores ecológicos e
comportamentais, a forma da cápsula cefálica pode ser empregada à melhor
compreensão das paisagens adaptativas e fenotípicas desenvolvimentais,
principalmente associadas às restrições ecológicas e filogenéticas atuantes no
desenvolvimentolarvaldeHeliconiini.
91
Perspectivas
Para o desenvolvimento completo deste trabalho, pretendemos incluir mais
espécies, principalmente dentro do espectro de variação dos hábitos alimentares e
sociais. Pretendemos incluir outras espécies de hábitos semigregário e gregário,
representantesdosgênerosDione, Eueides, Heliconius, Neruda eLaparus.Salientase
aindaqueostrêsúltimossãoparafiléticos(Beltránetal.2007),equedoisdestesnão
foramcontempladosnopresenteestudo,assimcomoPodotricha(dehábitosolitário).
É crescente o número de trabalhos com enfoque evolutivo desenvolvimental
(Brakefield2006,Nijhout2008).Aausência de correlaçãoentrealgoritmosgenéticose
morfológicostemcadavezmaisdespertadointeresseaoslimitescompreendidosentre
o genótipo e o fenótipo. As relaçõesgenótipofenótipo são ainda pouco conhecidas,
sendo apenas evidente que entre esses dois níveis atua um complexo
multidimensional de fatores interagentes, mecanismos epigenéticos, variáveis
ambientaisemódulosdesenvolvimentais(Wolf2002).Devidoàlimitaçãoexperimental
para o estudo das interações multifatoriais
do desenvolvimento, essa abordagem é
tratadaporenquantoapenasemmodelosteóricosematemáticos(Wolf2002,Wu&
Hou2006,Nijhout2008).
Nijhout (2008) conceituou essa abordagem dentro de um modelo
multidimensional de paisagens fenotípicas desenvolvimentais, cujas superfícies
definem o desenvolvimento do fenótipo associado às múltiplas combinações de
fatoresinfluentes.
Onúmerodefatorescontribuintesparaavariaçãofenotípicadefine
o número de dimensões do espaço em que uma determinada paisagem existe.
Teoricamente, se não houvesse limitações quanto à utilização dos inúmeros fatores
responsáveis pela expressão de um traço fenotípico qualquer (p.ex. a forma), as
92
paisagens correspondentes seriam analisadas em um espaço multidimensional (i.e.,
emumhiperespaço).
Dentrodocontextodopresentetrabalho,identificarascausaseconseqüências
danãolinearidadeobservadaentreaformadacápsulacefálicaeaspectosdafilogenia
é importante para compreender como a variação ontogenética da forma pode ser
adaptadaàabordagemevolutivadabiologiadesenvolvimento.
93
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Apêndice1.Filogeniaparaasespéciesdeheliconíneoscombasenaanálisecombinada
dedadosdeDNAnuclear(EF1α,DPP,AP,eWG)emitocondrial(COe16S),referentes
aBeltránetal.(2007).
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