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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS
Restrição de tiamina no período perinatal, induz, em animais
na idade adulta, déficits motores e alterações em parâmetros
centrais GABAérgicos e glutamatérgicos
Talita Hélen Ferreira e Vieira
BELO HORIZONTE
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS
Restrição de tiamina no período perinatal, induz, em animais
na idade adulta, déficits motores e alterações em parâmetros
centrais GABAérgicos e glutamatérgicos
Talita Hélen Ferreira e Vieira
Orientadora: Profª Angela Maria Ribeiro
Co-Orientadora: Profª Sílvia Rejane Castanheira Pereira
BELO HORIZONTE
2009
Dissertação apresentada ao Instituto de Ciências
Biológicas da Universidade Federal de Minas
Gerais PPG em Neurociências como parte dos
requisitos para obtenção do tulo de Mestre em
Neurociências.
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REITOR
Profº Ronaldo Tadêu Pena
PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Profª Elizabeth Ribeiro da Silva
DIRETORA DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Profª Maria Cristina Lima de Castro
COORDENADORA DA PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS
Profª Angela Maria Ribeiro
COLEGIADO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS
Profº Antônio Lúcio Teixeira Júnir (Subcoordenador)
Profº Helton José dos Reis
Profº Leandro Malloy Diniz
Profª Miriam Martins Chaves
Profº Fabrício de Araújo Moreira
Luciana Nocetti Croito (Representante discente)
Dedico este trabalho aos meus pais, Leandro Vieira e
Vânia Ferreira e aos meus irmãos Túlio e Tássio pelo
incentivo, confiança e amor incondicional durante essa
caminhada.
AGRADECIMENTOS
À DEUS por ter colocado em meu caminho pessoas especiais que contribuíram
para a realização deste sonho.
Aos meus pais, irmãos e familiares pelo amor, incentivo e confiança depositados.
Às professoras Angela Ribeiro e Sílvia Pereira pelos ensinamentos e imensa
contribuição para minha formação pessoal e profissional.
À amiga Rosária, pelo apoio sincero e ombro amigo nas horas difíceis.
Às amigas Bárbara, Gabriela (s) e Madalena, que mesmo de longe nunca
deixaram de me incentivar.
À Ana Raquel, Letícia, Danielle e Iêda pelos bons e inesquecíveis momentos
vividos.
À todos do Laboratório de Neurociência Comportamental e Molecular (LaNeC),
pela receptividade, paciência e conhecimentos partilhados.
Enfim, obrigada a todos que de alguma forma fizeram parte desta história e
tornaram possível este sonho.
“Há homens que lutam um dia e são bons.
outros que lutam um ano e são melhores.
os que lutam muitos anos e são muito bons.
Porém, os que lutam toda a vida.
Esses são os imprescindíveis."
Bertolt Brecht
Sumário
vii
Lista de Figuras e Tabelas...................................................................................... x
Abreviaturas e Símbolos......................................................................................... xiii
Resumo.................................................................................................................... xv
Abstract.................................................................................................................. xvii
Introdução............................................................................................................... 01
1. Considerações Gerais.................................................................................
01
2. Aspectos Neuroanatomicos e Funcionais do Controle Motor...................
02
3. Aspectos Gerais da Deficiência de Tiamina e Disfunções Encefálicas.....
04
4. Alterações Motoras e Deficiência de Tiamina...........................................
07
5. Alterações Neuroquímicas e Deficiência de Tiamina................................
09
6. Circuito Glutamatérgico e Controle Motor................................................
11
7. Circuito GABAérgico e Controle Motor...................................................
13
8. Interação entre Circuitos Neuroquímicos e Controle Motor.....................
15
9. Deficiência Maternal de Tiamina...............................................................
18
Justificativa..................................................................................................................... 21
Objetivos.......................................................................................................................... 24
Sumário
viii
Materiais e Métodos.........................................................................................................
25
1. Estabelecimento do Modelo e Delineamento Experimental.....................
25
2. Estudos Comportamentais.........................................................................
28
3. Dissecação do Cérebro e Medula Espinhal...............................................
32
4. Estudos Bioquímicos.................................................................................
33
5. Análise Estatística......................................................................................
37
Resultados.........................................................................................................................
38
1. Estudos Comportamentais.........................................................................
39
2. Estudos Bioquímicos.................................................................................
45
3. Estudos de Correlação...............................................................................
47
Discussão...........................................................................................................................
52
Considerações Finais e Perspectivas..............................................................................
59
Anexos...............................................................................................................................
62
Referências Bibliográficas...............................................................................................
85
Figuras e Tabelas
ix
Figuras
Figura 1
Esquema de um terminal sináptico glutamatérgico................................................
13
Figura 2
Esquema de um terminal sináptico GABAérgico...................................................
15
Figura 3
Representação esquemática dos
circuitos neuroquímicos dos núcleos da base, tálamo
e córtex cerebral.......................................................................................................
17
Figura 4
Representação esquemática do delineamento experimental......................................
26
Figura 5
Fotografia do equipamento utilizado para o teste de equilíbrio e coordenação motora
(Rotarod)...............................................................................................................
30
Figura 6
Fotografia do equipamento utilizado para o teste de impressão das patas.................
31
Figura 7
Representação esquemática dos componentes de um aparelho de Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência (HPLC).......................................................................
35
Figura 8
Representação esquemática de um cromatograma indicando o tempo de eluição dos
neurotransmissores................................................................................................
36
Figura 9
Gráfico com dados do desempenho dos animais no Rotarod....................................
40
Figura 10
Representação das
pegadas dos animais e gráfico com os dados quantitativos do
desempenho no teste de impressão das patas.........................................................
43
Figura 11
Gráfico com os dados das concentrações médias dos neurotransmissores, glutamato e
GABA, no tálamo, cerebelo e medula espinhal dos animais....................................
46
Figura 12
Gráfico de Dispersão: correlação entre as concentrações de GABA no tálamo e o
desempenho dos animais no Rotarod......................................................................
49
Figura 13
Gráfico de Dispersão: correlação entre as concentrações de GABA no tálamo e
cerebelo e a largura do passo dos animais...............................................................
50
Figura 14
Gráfico de Dispersão: correlação entre o comprimento do passo e a concentrações de
GABA no cerebelo dos animais................................................................................
51
Figuras e Tabelas
x
Tabelas
Tabela 1
Composição da ração produzida no laboratório........................................................
27
Tabela 2
Composição da mistura de sais..............................................................................
27
Tabela 3
Composição da mistura de vitaminas.....................................................................
28
Tabela 4
Dados referentes ao desempenho dos animais do grupo controle no rotarod.............
41
Tabela 5
Dados referentes ao desempenho dos animais do grupo restrito no rotarod...............
41
Tabela 6
Dados referentes ao desempenho dos animais do grupo
controle no teste de impressão
das patas................................................................................................................
44
Tabela 7
Dados referentes ao desempenho dos animais do grupo restrito no teste de impressão
das patas................................................................................................................
44
Anexos
Tabela
8
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no tálamo versus
desempenho dos animais do grupo controle no teste do rotarod..............................
63
Tabela 9
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no tálamo versus
desempenho dos animais do grupo
restrito
no teste do rotarod..............................
64
Tabela 10
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no tálamo versus
largura do passo dos animais do grupo controle.....................................................
65
Tabela 11
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no tálamo versus
largura do passo dos animais do grupo restrito........................................................
66
Tabela 12
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no tálamo versus
comprimento do passo dos animais do grupo controle............................................
67
Tabela 13
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no tálamo versus
comprimento do passo dos animais do grupo restrito.................................................
68
Tabela 14
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no cerebelo
versus desempenho dos animais do grupo controle no teste do rotarod.......................
69
Figuras e Tabelas
xi
Tabela 15
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no cerebelo
versus desempenho dos animais do grupo restrito no teste do rotarod..........................
70
Tabela 16
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no cerebelo
versus largura do passo dos animais do grupo controle.................................................
71
Tabela 17
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no cerebelo
versus largura do passo dos animais do grupo restrito...................................................
72
Tabela 18
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no cerebelo versus
comprimento do passo dos animais do grupo controle.............................................
73
Tabela 19
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato no cerebelo
versus comprimento do passo dos animais do grupo restrito.........................................
74
Tabela 20
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato na medula
espinhal versus desempenho dos animais do grupo controle no teste do rotarod.........
75
Tabela 21
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato na medula
espinhal versus desempenho dos animais do grupo restrito no teste do rotarod..........
76
Tabela 22
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato na medu
la
espinhal versus largura do passo dos animais do grupo controle...................................
77
Tabela 23
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato na medula
espinhal versus largura do passo dos animais do grupo restrito......................................
78
Tabela 24
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato na medula
espinhal versus comprimento do passo dos animais do grupo controle..........................
79
Tabela 25
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de glutamato na medula
espinhal versus comprimento do passo dos animais do grupo restrito.........................
80
Tabela 26
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de GABA no cerebelo versus
desempenho dos animais do grupo controle no teste do rotarod...............................
81
Tabela 27
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de GABA no cerebelo versus
desempenho dos animais do grupo restrito no teste do rotarod................................
82
Tabela 28
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de GABA na medula espinhal
versus desempenho dos animais do grupo controle no teste do rotarod....................
83
Tabela 29
(anexo)
Dados da Análise de Regressão Linear: concentração de GABA na medula espinhal
versus desempenho dos animais do grupo restrito no teste do rotarod.........................
84
Abreviaturas e Símbolos
xii
γ- gama
µ- Micro
αKGDH- Alfa-cetoglutarato desidrogenase
5-HIAA- Ácido 5-hidroxi-indolacético
AIDS- Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
Da- Dopamina
ERO- Espécie Reativa de Oxigênio
EW- Encefalopatia de Wernicke
GABA- Ácido γ-aminobutírico
GABA-T- GABA transaminase
GAD- Glutamic Acid Decarboxylase= Ácido glutâmico descarboxilase (glutamato
descarboxilase);
GAT-Transporters GABA= Proteínas de membrana transportadoras de GABA
Glu- Glutamato
GP- Globo pálido
GPm- Globo pálido interno (medial)
HIV- Vírus da Imunodeficiência Humana
HPLC- High Performance Liquid Chromatography=Cromatografia Líquida de Alta
Eficiências
Abreviaturas e Símbolos
xiii
IL- Interleucina
m- Mili
M- Molar
nm- Nanômetro
NMDA- N-metil-D-aspartato
OPA- Orto-oftaldeído
PDH- Piruvato desidrogenase
SNC- Sistema Nervoso Central
SNr- Substância negra porção reticular
STN- Núcleo subtalâmico
TDP- Tiamina difosfato
TNFα- Fator de Necrose Tumoral Alfa
TPP- Tiamina Pirofosfato
v/v- Volume por volume
WHO – Word Health Organization= Organização Mundial de Saúde
Resumo
xiv
A tiamina, vitamina B
1,
é um nutriente essencial para o tecido nervoso. Em estudos prévios,
nosso grupo de pesquisa demonstrou que a deficiência maternal de tiamina pode levar a
diminuição do peso cerebral e provocar alterações neuroquímicas no Sistema Nervoso Central
(SNC) da prole. Considerando a importância da tiamina para o desenvolvimento cerebral e
funções motoras o objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos de uma deficiência
parcial de tiamina, durante o período perinatal, na motricidade e em parâmetros
neuroquímicos da prole na idade adulta. Vinte ratos Wistar (peso = 437±41 gramas) foram
utilizados: dez provenientes de mães alimentadas ad libitum (Mães Controle - grupo MC) e
outros dez de mães alimentadas com dieta restrita em tiamina (Mães Restritas grupo MR)
durante o período perinatal. Todos os animais foram submetidos a testes comportamentais
(rotarod e impressão das patas) para análise de aspectos do comportamento motor (equilíbrio,
largura e comprimento dos passos). Após os testes comportamentais os animais foram mortos
por decapitação e o cerebelo, tálamos e medula espinhal foram retirados para análise da
concentração de GABA e glutamato através do método de cromatografia líquida de alta
eficiência (HPLC: High Performance Liquid Chromatography). Observamos que a restrição
de tiamina reduziu significativamente o tempo de permanência dos animais no rotarod
[Mann-Whitney U = 12,50; p = 0,01] e teve um efeito significativo, um aumento em relação
ao controle, sobre a largura do passo [MC = 4,30±0,51; MR = 4,94±0,63; F
(1,16)
= 5,40; p =
0,03]. Esse tratamento também afetou de forma significativa as concentrações de glutamato
no cerebelo [MC = 5219,30±1071,13; MR = 3999,24±421,40; F
(1,16)
= 11,01; p = 0,00] e
GABA no tálamo [MC = 192,11±33,00; MR = 250,64±65,53; F
(1,16)
= 5,26; p = 0,04].
Observamos correlação significativa entre o desempenho no rotarod e a concentração de
GABA no tálamo [r = -0,73; p = 0,04] assim como, entre a média da largura do passo e
ambos, a concentração de GABA no tálamo [r = -0,86; p = 0,006] e cerebelo [r = 0,73; p =
0,04] para os animais do grupo controle. Para os animais do grupo MR houve correlação
Resumo
xv
significativa entre o comprimento do passo e a concentração de GABA no cerebelo [r = -0,71;
p = 0,02]. Os resultados obtidos indicam que os circuitos GABAérgicos no tálamo são
importantes em aspectos relacionados à função motora e que a restrição maternal de tiamina
durante estágio precoce do desenvolvimento pode induzir déficits motores e alterações
neuroquímicas na prole, que persistem em períodos posteriores da vida.
PALAVRAS-CHAVES: deficiência de tiamina equilíbrio marcha tálamo cerebelo
medula espinhal – ácido γ-aminobutírico (GABA) – glutamato.
Abstract
xvi
Thiamine, also known as vitamin B
1
, is an essential nutrient required by all tissues including
the nervous system. In a previous study our group has shown that the maternal thiamine
deficiency can lead to decrease in brain weight and changes in central neurochemical
parameters assessed in the offspring. Considering the importance of thiamine to brain
development, including motor systems the purpose of the present study was to investigate the
effects of partial thiamine deficiency, during the perinatal period, on the motricity and
neurochemical parameters in adult rats. Twenty male Wistar rats (weight = 437±41g) were
used (ten of them born from normally-fed control mothers: CM and the other ten from
mothers fed with thiamine-restrict diet RM. All the animals were submitted to motor tests
(rotarod and paw print). After behavioral tests the rats were killed and their brain areas
(thalamus, cerebellum and spinal cord) separated for glutamate and GABA analysis by HPLC.
Observed that animals from RM group showed significant reduction of time spent on the
rotarod [Mann-Whitney U = 12,50; p = 0,01] and increase in hind-base width [MC =
4,30±0,18; MR = 4,94±0,20; F
(1,16)
= 5,40; p = 0,03]. The treatment also affected significantly
the concentrations of glutamate in cerebellum [MC = 5219,31±1071,13; MR =
3999,24±421,39; F
(1,16)
= 11,01; p = 0,00] and GABA in thalamus [MC = 192,11±33,00; MR=
250,64±65,54; F
(1,16)
= 5,26; p = 0,04]. For animals from CM group there was significant
correlation between the performance on the rotarod and thalamus GABA concentration [r = -
0,73; p = 0,04] and between the average hind-base width and both thalamus [r = -0,86; p =
0,006] and cerebellum [r = 0,73; p = 0,04] GABA concentration. For animals from the RM
group there was significant correlation between the stride length and the cerebellum GABA
concentration [r = -0,71; p = 0,02]. These results indicates that thalamus GABAergic circuits
are important for aspects of motor function and that the maternal thiamine restriction during
the early stages of development can induce motor deficits and neurochemical changes in
offspring that persist in later periods of life.
Abstract
xvii
KEYWORDS: thiamine deficiency balance gait thalamus cerebellum spinal cord
γ-aminobutyric acid (GABA) – glutamate.
Introdução
1
1. Considerações Gerais
A tiamina, também conhecida como vitamina B
1
, é um nutriente essencial encontrado em
altas concentrações em músculos, órgãos e tecido cerebral. Esta vitamina participa de funções
cerebrais metabólicas e celulares, incluindo o metabolismo de carboidratos e produção de
neurotransmissores (Mulholland, 2006). A ausência da tiamina no organismo de seres
humanos tem sido associada a uma rie de distúrbios neurológicos caracterizados por
alterações que vão desde comprometimentos no sistema nervoso periférico (SNP),
(Butterworth, 2003) até importantes e irreversíveis alterações no sistema nervoso central
(SNC) do indivíduo (Langlais & Savage, 1995; Butterworth, 2003).
O estudo das disfunções associadas à deficiência da tiamina tem sido possível através da
utilização de modelos experimentais, principalmente roedores. A deficiência da vitamina B
1
pode ser induzida diretamente nestes animais através da administração de uma dieta alimentar
deficiente desta vitamina associada ou não (Pires et al., 2001) à inibidores de enzimas
responsáveis pela produção da forma ativa da tiamina (Langlais & Savage, 1995). A
deficiência também pode ser indireta através da utilização desse tratamento durante o período
gestacional (Bâ et al., 2005), com a finalidade de induzir, na prole, o fenômeno programming.
Conforme Lucas (1991), esse fenômeno é desencadeado quando um estímulo ou um insulto é
provocado em um período crítico do desenvolvimento animal e é capaz de ocasionar
mudanças adaptativas anatômicas, fisiológicas, metabólicas e comportamentais que podem
persistir em períodos posteriores da vida do indivíduo (Godfrey & Barker, 2001).
Nesse contexto, algumas pesquisas têm sido realizadas objetivando avaliar os efeitos da
deficiência de tiamina, durante o período gestacional, sobre aspectos relacionados à histologia
Introdução
2
(Bâ et al., 2005), morfologia (Roecklein et al., 1985), neuroquímica (Fournier & Butterworth,
1990; Freitas-Silva et al., 2008) e desempenho do animal em tarefas cognitivas (Freitas-Silva
et al., 2008), em fases posteriores do desenvolvimento. Por outro lado, apesar de estar bem
documentado (Butterworth, 1982; Butterworth, 2003; Mulholand, 2006) que a deficiência de
tiamina afeta estruturas encefálicas relacionadas à modulação do controle motor, poucos são
os trabalhos que abordam os efeitos sobre aspectos de funções motoras específicas.
Pesquisas que objetivam esclarecer os mecanismos moleculares afetados pela deficiência da
vitamina B
1
relacionados com aspectos comportamentais específicos, como por exemplo,
motores, podem contribuir para a descoberta dos substratos neurofisiológicos envolvidos com
essas funções comportamentais. Além disto, estudos sobre os efeitos da deficiência em
períodos precoces do desenvolvimento podem contribuir para o conhecimento dos distúrbios
motores mais afetados nestas fases e as conseqüências em períodos posteriores do
desenvolvimento.
2. Aspectos Neuroanatomicos e Funcionais do Controle Motor
Resultados obtidos em estudos neuroanatomicos e funcionais sugerem a presença de quatro
áreas encefálicas relacionadas à organização e ao controle do movimento: motora primária,
motora suplementar, pré-motora e motora cingular (He et al., 1993; Kurata, 1994; Godschalk
et al., 1995; Wise, 1996). Segundo Grillner & Wallen, (1985) essas áreas influenciam vias
descendentes e interneurônios medulares através de suas conexões com o tronco encefálico,
núcleos da base e cerebelo (Nair et al., 2003) para possibilitar a ocorrência do movimento.
Introdução
3
O cerebelo, juntamente com o estriado, é um componente de circuitos cortical-subcorticais
envolvidos em aspectos distintos do aprendizado e controle motor (Friston et al., 1992;
Grafton, 1994; Jenkins et al., 1994; Seitz et al., 1994; Toni et al., 1998; Middleton & Strick,
2002). Ele recebe aferências de quase todo sistema sensorial e regula grande parte das
eferências dos circuitos motores (Nair et al., 2003). De acordo com Jenkins et al. (1994) o
cerebelo é mais ativado em fases iniciais do processo de aprendizagem motora, ao passo que o
estriado é significativamente mais ativo durante a execução de tarefas aprendidas (Grafton,
1994). Até pouco tempo atrás, conforme Centonze et al. (2008), considerava-se que o
cerebelo e os núcleos da base não eram interconectados, entretanto, achados recentes
contradizem essa visão e outros autores propõem uma importante interconexão entre essas
estruturas (Ichinohe et al., 2000; Hoshi et al., 2005).
Grande parte do conhecimento sobre aspectos envolvidos no controle motor tem sido possível
através de trabalhos realizados em modelos experimentais, gatos e macacos, principalmente
no que diz respeito ao estudo da postura (Grillner & Wallen, 1985) e marcha (Eidelberg et al.,
1981; Morie et al., 1999). Segundo Grillner & Wallen, (1985) a postura e a marcha são
fundamentados em programas motores espinhais automatizados que são iniciados e regulados
por circuitos supra-espinhais. Vários desses circuitos, no tronco encefálico e cerebelo, têm
sido identificados através de estimulações químicas e elétricas pontuais nestas regiões (Shik
& Orlovsky, 1976; Whelan, 1996; Mori et al., 2001). Por exemplo, em trabalhos de Eidelberg
et al. (1981) macacos apresentaram alterações no comportamento motor, iniciação da marcha,
após terem recebido estimulo elétrico no tegmento mesencefálico. Ainda, conforme estes
mesmos autores, regiões mesencefálicas específicas, juntamente com suas projeções para
formação reticular ponte-medular, regiões subtalâmicas e cerebelo compõem as principais
regiões e vias responsáveis pela marcha (locomoção).
Introdução
4
De acordo com vários autores (Chambers & Sprague, 1955a, b; Dichgans & Diener, 1984;
Thach et al., 1992; Thach & Bastian, 2004; Morton & Bastian, 2004), o cerebelo, mais
especificamente a região medial (vérmis), merece atenção especial quando se analisa a
marcha, uma vez que fica sob o seu comando a adequação da postura e a manutenção do
equilíbrio durante a caminhada. Alguns achados apresentados por Udo et al. (1980) e Yu &
Eidelberg, (1983) demonstraram que lesões ocorridas no cerebelo de gatos são capazes de
induzir alterações na marcha desses animais (hipermetria), corroborando o envolvimento do
cerebelo durante a locomoção (Ito, 1984; Orlovsky et al., 1999; Morton & Bastian, 2004).
Jahn et al. (2004), utilizando imagens de ressonância magnética funcional em humanos,
também demonstrou a participação do cerebelo, juntamente com tálamo e núcleos da base
quando os indivíduos mentalizavam diferentes situações que envolviam aspectos relacionados
à postura e marcha (ficar de pé, caminhar e correr), demonstrando a complexidade na
organização dos circuitos neurais que exercem o controle do movimento e a importância
desses para a ocorrência do mesmo.
3. Aspectos Gerais da Deficiência de Tiamina e Disfunções Encefálicas
A tiamina
é uma vitamina (B
1
) utilizada por todos os tecidos do organismo, incluindo o tecido
nervoso (Martin et al., 2003). A maioria das descrições sobre suas ações no sistema nervoso
se relaciona com aspectos metabólicos, nos quais, em sua forma difosfatada (tiamina
difosfato- TDP ou tiamina pirofostato-TPP) ela atua como cofator de enzimas envolvidas no
metabolismo da glicose (Bâ, 2008; Navarro et al., 2008) como, a piruvato desidrogenase
(PDH), o complexo α-cetoglutarato desidrogenase (α-KGDH) e a transcetolase citosólica
(Martin et al., 2003; Butterworth, 2003; Bubber et al., 2004; Navarro et al., 2008). O
funcionamento adequado destes sistemas enzimáticos é necessário para a ocorrência de
Introdução
5
numerosas reações bioquímicas no organismo, incluindo a síntese de neurotransmissores,
produção de ácidos nucléicos, ácidos graxos, esteróides e certos complexos de açúcar (Martin
et al., 2003). Além do papel da tiamina como coenzima, evidências obtidas em estudos com
cultura primária de neurônios têm indicado uma possível função dessa vitamina na modulação
de canais iônicos (Oliveira et al., 2007).
Segundo Martin et al. (2003), dada a importância da vitamina B
1
no organismo, uma possível
redução na concentração dos seus níveis teciduais pode interferir em numerosos mecanismos
celulares e desencadear processos neurodegenerativos e disfunções cerebrais, podendo
resultar em um importante distúrbio denominado Encefalopatia de Wernicke (EW)
(Butterworth, 2003). A EW é caracterizada por oftalmoplegia, ataxia, perda de memória,
confusão mental (Butterworth et al., 2008) e hipoatividade da marcha e postura (Zubaran et
al., 1997). Além da EW, em humanos a deficiência de tiamina é também encontrada em
estados graves de desnutrição associada ao alcoolismo, na ndrome da Imunodeficiência
Adquirida (HIV-AIDS) e em doenças gastrointestinais (Butterworth, 2009).
Butterworth, (2003) utilizando exames por imagem de pacientes que apresentavam deficiência
de tiamina observou que algumas estruturas encefálicas apresentam certa seletividade e uma
maior susceptibilidade à essa deficiência. Destacando-se o tálamo, corpos mamilares, região
periventricular e cerebelo.
De acordo com Langlais & Savage, (1995) lesões cerebrais similares às lesões encontradas
em indivíduos com a EW podem ser induzidas experimentalmente em ratos através da
utilização de dieta deficiente em tiamina, conforme descrito em estudo realizado por nosso
Introdução
6
grupo (Pires et al, 2001) ou através da combinação da administração parenteral de piritiamina
- inibidor da pirofosfoquinase - e utilização de dieta deficiente de tiamina (Hakim & Pappius,
1983; Vortmeyer & Colmant, 1988; Langlais & Savage, 1995) também utilizado por nosso
grupo (Pires et al., 2005, Carvalho et al., 2006). Neste mesmo contexto, há ainda o modelo de
deficiência maternal, no qual a deficiência de tiamina é induzida no período gestacional e/ou
de amamentação (Bâ et al., 2005).
Em animais experimentais, relatos de que a deficiência de tiamina leva a perdas celulares
no hipocampo, cerebelo, amídala, tálamo, colículo inferior e complexo olivar superior (Irle &
Markowitsch, 1983; Vortmeyer & Colmant, 1988). Os sinais clínicos, geralmente
apresentados pelos animais são queda de pêlo, hiperatividade a estímulos, postura hipotônica,
ataxia, anorexia, perda do reflexo de endireitamento e convulsões podendo, em situações de
desnutrição grave, evoluir para a morte (Mosseau et al., 1996; Ciccia & Langlais, 2000).
Os mecanismos fisiopatológicos responsáveis pelas lesões encefálicas ocorridas na deficiência
de tiamina e a vulnerabilidade seletiva de certas estruturas do SNC a essas lesões não são bem
conhecidos (Butterworth et al., 2008). Entretanto, alguns mecanismos têm sido propostos
como responsáveis por disfunções celulares na deficiência da vitamina B
1
(Butterworth et al.,
2008). Por exemplo, aumentos nos níveis cerebrais de espécies reativas de oxigênio,
conhecidas como ROS que são as siglas do termo em inglês Reactive Oxigen Species, têm
sido relatados (Langlais et al. 1997) em ratos com deficiência de tiamina juntamente com
evidências de aumentos na expressão da óxido nítrico sintase (Kruse et al., 2004) e de
citocinas proinflamatórias (Fator de Necrose Tumoral Alfa - TNFα; Interleucinas (IL) IB e 6)
(Todd & Butterworth, 1999). Por outro lado, outros autores têm sugerido que a morte celular
Introdução
7
observada na deficiência de tiamina pode estar relacionada com uma redução dos níveis de
TDP e conseqüente diminuição na atividade das enzimas que a utilizam como cofator, como a
α-cetoglutarato desidrogenase, piruvato desidrogenase e a transcetolase citosólica
(Butterworth et al., 1993).
Seja qual for o mecanismo biológico envolvido na deficiência da vitamina B
1,
o que se tem
em comum é que esta deficiência pode acarretar danos importantes para o indivíduo (Bâ et al.,
1999; et al., 2005; Pires et al., 2005; Carvalho et al., 2006). Dessa forma, trabalhos nos
quais os objetivos são analisar os efeitos dessa deficiência em aspectos comportamentais
específicos podem contribuir para a identificação precoce daqueles indivíduos acometidos
pela carência de tal vitamina, haja vista que, conforme dados apresentados pela Organização
Mundial de Saúde, (1999) a deficiência da vitamina B
1
ainda tem sido, frequentemente, sub-
diagnosticada em muitos segmentos da população mundial. Dados clínicos que sejam capazes
de identificar possíveis sinais de tal condição podem auxiliar na abordagem dos indivíduos
acometidos pela deficiência da tiamina.
4. Alterações Motoras e Deficiência de Tiamina
Vários estudos, utilizando modelos experimentais, indicam que as lesões cerebrais observadas
em roedores são semelhantes às encontradas em indivíduos com a EW (Hakim & Pappius,
1983; Langlais & Savage, 1995), viabilizando, cada vez mais, o estudo a cerca dos
mecanismos envolvidos na deficiência de tiamina e dos possíveis impactos desta deficiência
em diversos aspectos do comportamento do indivíduo.
Introdução
8
Dados obtidos por diferentes autores têm demonstrado que importantes estruturas encefálicas
envolvidas na modulação e integração das respostas motoras (Lalonde & Strazielle, 2007) são
seletivamente comprometidas na deficiência de tiamina, destacando-se o tálamo, cerebelo
(Butterworth, 2003, Martin et al., 2003) e medula espinhal (Butterworth, 1982), tornando
possível que os indivíduos com deficiência de B
1
apresentem distúrbios relacionados à
motricidade.
Freeman et al. (1987) utilizando o teste do “campo aberto”, em um de seus trabalhos com
camundongos como modelo experimental de deficiência de tiamina, relataram diminuição do
comportamento motor exploratório dos animais deficientes de tiamina, tanto no que diz
respeito à distância percorrida quanto ao número de levantamentos sob as patas traseiras, o
que segundo Whishaw & Kolb, (2005) poderia traduzir alterações no comportamento motor
dos animais. Os efeitos da deficiência de tiamina no desenvolvimento motor de animais
experimentais também foram avaliados nas proles de mães submetidas à deficiência de B
1
durante a lactação e a gestação ( & Seri, 1993, 1995; Bâ, 2008). Conforme resultados
apresentados por esses autores, a deficiência de tiamina se relaciona com veis mais baixos
de desenvolvimento funcional para algumas habilidades relacionadas ao desenvolvimento
motor dos animais (Bâ, 2008), corroborando a hipótese de que a deficiência de tiamina pode
interferir em circuitos neurais relacionados ao comportamento motor do indivíduo.
Além dos trabalhos nos quais os autores analisam o impacto desta deficiência no
desenvolvimento motor (Bâ & Seri, 1993, 1995; Bâ, 2008), existem outros nos quais é
discutido este impacto em aspectos mais específicos, como por exemplo, na mielinogênese.
Trostler et al. (1977) observaram que animais cujas mães foram submetidas à privação de
Introdução
9
tiamina, durante o período gestacional, apresentaram redução no diâmetro das camadas de
mielina, sugerindo um papel para esta vitamina na mielinização da fibra nervosa. Embora os
autores não tenham realizado testes comportamentais específicos, para avaliar aspectos
relacionados à motricidade, é possível supor que esses animais poderiam apresentar déficits
motores, dada a importante relação entre a mielinização da fibra nervosa e a motricidade (Ure
& Rodriguez, 2002).
Sendo assim, é provável que os mecanismos responsáveis pelas lesões neuropatológicas
induzidas pela deficiência de tiamina, que resultam em interferências motoras, sejam
múltiplos e necessitem de estudos mais detalhados para melhor entendê-los.
5. Alterações Neuroquímicas e Deficiência de Tiamina
Importantes evidências têm sido obtidas a cerca das disfunções neurológicas apresentadas por
indivíduos e/ou animais experimentais acometidos ou submetidos à deficiência de tiamina
(Mosseau et al., 1996; Zubaran et al., 1997; Ciccia & Langlais, 2000; Butterworth et al.,
2008). Grande parte dos trabalhos aponta em direção ao acometimento seletivo de algumas
estruturas encefálicas conseqüentes a esta deficiência (Irle & Markowitsch, 1983; Vortmeyer
& Colmant, 1988; Butterworth, 2003). Essas estruturas, através de análises histológicas,
apresentam sinais de lesões caracterizadas por gliose e perda celular localizada (Langlais &
Savage, 1995). De acordo com alguns autores (Langlais & Zhang, 1997; Calingasan et al.
1998, Todd & Butterworth, 1999 e Gibson & Zhang, 2002) a ocorrência da lesão é geralmente
precedida de importantes alterações bioquímicas celulares.
Introdução
10
Em estudos prévios, vários pesquisadores observaram que a deficiência de tiamina afeta
diferentes circuitos neuroquímicos e interfere em importantes aspectos comportamentais do
indivíduo (Pires et al., 2005; Carvalho et al., 2006; Nakagawasai et al., 2007). Por exemplo,
dados obtidos por nosso grupo demonstraram o comprometimento do neocórtex e do
hipocampo de ratos submetidos a episódios de deficiência de tiamina. Os animais, além de
apresentarem disfunções no sistema colinérgico (alteração na liberação de acetilcolina e na
atividade da acetilcolinesterase), apresentaram alteração na memória espacial quando
avaliados no Labirinto Aquático de Morris (LAM) (Pires et al., 2005). Além das disfunções
colinérgicas, nosso grupo (Carvalho et al. 2006) observou que a deficiência da vitamina B
1
afeta a recaptação de glutamato no córtex pré-frontal e altera a memória espacial de ratos.
Achados recentes, obtidos em nosso laboratório (Vigil et al., 2008), também apontam em
direção ao comprometimento de circuitos serotonérgicos no tálamo de animais que receberam
dieta deficiente em tiamina, haja vista que foi observado, nessa estrutura, elevação nos níveis
de 5-HIAA (ácido 5-hidroxi-indolacético), metabólito da serotonina. Conforme resultados
apresentados por Nakagawasai et al. (2007) 20 dias de dieta deficiente em tiamina é suficiente
para causar degeneração em neurônios noradrenérgicos e, possivelmente, em neurônios
dopaminérgicos no locus ceruleus de camundongos adultos.
um corpo crescente de evidências que demonstram também que a deficiência de tiamina
pode causar alterações nos circuitos glutamatérgico (Todd & Butterworth, 1999; Savage et al.,
1999) e GABAérgico (Butterworth et al., 1979; Butterworth, 1989). Sabe-se que esses
circuitos podem estar envolvidos em funções motoras (Mora et al., 2007). Como a deficiência
de tiamina pode comprometer estruturas, como cerebelo e tálamo (Butterworth, 2003), que
processam e integram respostas motoras (Lalonde & Strazielle, 2007), questões importantes a
Introdução
11
serem abordadas são aquelas que se referem aos efeitos da deficiência desta vitamina sobre
aspectos motores e aos mecanismos neuroquímicos envolvidos nesses processos.
Uma vez que a deficiência de tiamina tem a capacidade de interferir nas funções
GABAérgicas e glutamatéricas, é plausível supor que as alterações motoras apresentadas
pelos indivíduos comprometidos pela carência de B
1
deva-se, pelo menos em parte, a
distúrbios relacionados à esses circuitos, haja vista que segundo Foster & Kemp, (2006) a
interação coordenada, respectivamente, entre os estímulos inibitórios e excitatórios originados
nestes circuitos é fundamental para o desenvolvimento e manutenção de complexas funções
no organismo do indivíduo.
6. Circuito Glutamatérgico e Controle Motor
De acordo com Salinska & Stafiej (2003), o glutamato é o principal aminoácido envolvido em
respostas sinápticas excitatórias no sistema nervoso central, local onde se encontra distribuído
de maneira ampla e uniforme. Conforme Watkins & Jane (2006), a participação desse
aminoácido em respostas excitatórias é possível pela sua capacidade de ativar, após sua
liberação no espaço extracelular, uma variedade de receptores pós-sinápticos específicos, que
em última instância, culminam com a abertura de canais permeáveis aos íons cálcio e sódio
(Meldrum, 2000).
Diversos autores descrevem a participação do glutamato em vários processos fisiológicos
como a neurogênese, migração celular, plasticidade neuronal e processos de aprendizagem e
memória (Nacher et al., 2002; McGee & Bredt, 2003). Além disto, dados apresentados por
Introdução
12
Ozawa et al. (1998) também tem sugerido a participação deste neurotransmissor em
atividades relacionadas à funções motoras.
Wardas et al. (1997) utilizando ligantes radioativos, em estudos com ratos jovens e idosos,
mostraram evidencias da participação do sistema glutamatérgico em processos relacionados à
motricidade, sugerindo que distúrbios motores encontrados em ratos idosos podem ser
conseqüentes à alterações em subunidades de receptores glutamatérgicos centrais. Sanchez-
Perez et al. (2005) também demonstraram que os receptores de glutamato cerebelares do tipo
N-Metil D-Aspartato (NMDA) são essenciais para a aquisição do aprendizado motor e para a
execução de atividades relacionadas à coordenação motora, corroborando a participação deste
circuito neuroquímico no controle motor.
A figura 1 apresenta de maneira esquemática o ciclo de liberação e recaptação do glutamato
na fenda sináptica pelo astrócito. O glutamato liberado na fenda sináptica, após um evento
excitatório pré-sináptico, difunde-se para o terminal pós-sináptico onde se liga aos receptores
específicos desencadeando uma cascata de reações celulares. Um dos mecanismos de
inativação do processo é a recaptação do neurotransmissor, via transportadores específicos,
para o neurônio pré-sináptico e/ou astrócito (Rothstein, 2000).
Introdução
13
Fonte: Rothstein, J. D. Neurobiology: bundling up
excitement. Nature. 2000; 407: 141-143.
Figura 1: Representação esquemática de um terminal glutamatérgico mostrando o ciclo de
liberação e recaptação do neurotransmissor na fenda sináptica pelo astrócito.
Glutamate
receptors= Receptores de glutamato; Glutamate= Glutamato; Glutamine= Glutamina. Presynaptic neuron=
Neurônio Pré-sináptico; Postsynaptic neuron= Neurônio s-sináptico; Astroglial cell= Astrócito; Phosphate
activated glutaminase= Glutaminase ativada por fosfato; Synaptic vesicle= Vesícula sináptica; Glutamate
synthetase= Glutamato sintetase; Glutamate receptors= Receptores de glutamato; Glutamine= Glutamina.
7. Circuito GABAérgico e controle motor
O aminoácido γ-aminobutírico (GABA) é um neurotransmissor inibitório presente nos
sistemas nervoso central e periférico. Ele é sintetizado a partir do glutamato e promove a
redução da excitabilidade neuronal ao se ligar em receptores ionotrópicos (GABA A e GABA
C) que são canais iônicos permeáveis ao íon cloreto e a receptores metabotrópicos (GABA B)
acoplados a proteína G que regulam a condutância de canais de potássio e cálcio (Bambrilla et
al., 2003; Ben-Ari et al., 2007) (figura 2).
Introdução
14
Apesar da evidente propriedade inibitória do GABA, diversos trabalhos sugerem um conjunto
de funções sinalizatórias GABAérgicas (Parra et al., 1998; Dumitriu et al., 2007). No córtex
cerebral foi descrito o papel do GABA no controle da excitabilidade neuronal e
processamento de informação (McCormick et al., 1993; Krnjevic, 1997), na plasticidade
neuronal (Jones, 1993) e na sincronização da rede neuronal (Buszaki & Chrobak, 1995).
De acordo com Chevalier & Deniau, (1990) é possível também que o GABA atue na
modulação de circuitos motores, uma vez quefoi constatado a presença de importantes vias
GABAérgicas nos núcleos da base, os quais, dentre outras funções, conforme Chen & Yung,
(2004) auxiliam no controle motor. Dados obtidos por Bianchi et al. (2003) estão de acordo
com a participação do GABA na execução da atividade motora. Segundo esses autores um
desequilíbrio na liberação de GABA em vias estriato-palidais e estriato-nigrais pode estar
relacionado, pelo menos em parte, com alterações motoras observadas em modelos animais da
doença de Parkinson.
Introdução
15
Fonte: Brambilla, P.; Perez, J.; Barale, F.; Schettini, G.
& Soares, J.C. GABAergic dysfunction in mood
disorders. Molecular Psychiatry. 2003; 8: 721-737.
Figura 2: Representação esquemática de um terminal sináptico. O GABA é sintetizado a
partir do glutamato. Após liberado na fenda sináptica ele pode se ligar a receptores específicos
nos neurônios pós-sinápticos ou ser recaptado por transportadores localizados nas células
gliais e neurônios pré-sinápticos.
GABAergic neuron= neurônio GABAérgico; Glutamine= Glutamina;
Glutamate= Glutamato; Glutaminase=Glutaminase; Autoreceptor GABA B= auto-receptor (receptor pré-
sináptico) GABA B; GAT= Proteínas de membrana transportadoras de GABA: tipos 1, 2 e 3; GAD= ácido
glutâmico descarboxilase; Postsynaptic neuron= neurônio s-sináptico; GABA A= receptor GABA A; GABA
B= receptor GABA B; Glial cell= célula da glia; GABA-T= GABA transaminase; Mitochondria= mitocôndria;
Kreb’s Cycle= ciclo de Krebs; Succinic acid= ácido succínico; glutamina sinthetase= glutamina sintetase.
8. Interação entre Circuitos Neuroquímicos e Controle Motor
A interação entre o glutamato, o GABA e a dopamina nos núcleos da base tem sido sugerida
como importante substrato neuronal para a organização de diversas funções relacionadas a
atividade motora (Mora et al., 2007). Embora a natureza destas interações seja ainda pouco
entendida, as diversas disfunções envolvendo estes sistemas neurotransmissores têm sido
Introdução
16
estudadas (Mora et al., 2007; Cauli et al., 2009). Na doença de Parkinson, por exemplo, fica
evidente a interdependência das interações entre esses sistemas de neurotransmissores para a
geração de respostas motoras, haja vista que, conforme Kickler et al. (2009) nesta patologia o
distúrbio inicial provém de alterações na transmissão dopaminérgica na substância negra e,
consequentemente, em disfunções nas transmissões GABAérgicas e glutamatérgicas capazes
de promover importantes alterações na motricidade do indivíduo.
Alguns pesquisadores, utilizando modelo experimental, têm demonstrado a relação entre esses
três sistemas de neurotransmissores. Segundo Cauli et al. (2009) a ativação de receptores
glutamatérgicos no núcleo accumbens é capaz de melhorar respostas motoras, em modelos de
encefalopatia hepática, através da ativação de mecanismos envolvendo o GABA e o
glutamato no córtex cerebral. Kalivas & Duffy, (1997) utilizando modelos experimentais
também observaram que aferências dopaminérgicas no estriado e núcleo accumbens são
capazes de regular a neurotransmissão GABAérgica e glutamatérgica em circuitos
corticoestriatais (Cepeda et al., 1993; West et al., 2003; Bamford et al., 2004; Surmeier et al.,
2007) corroborando o papel destes neurotransmissores na execução de respostas motoras.
Uma vez que os circuitos estriatais recebem aferências glutamatérgicas de diferentes regiões
corticais e do tálamo (Carrilo-Reid et al., 2008) é possível propor que projeções que chegam
até estas estruturas, sejam elas de qualquer origem, tenham a capacidade de modular
indiretamente o funcionamento dos circuitos estriatais e, possivelmente, ajustar respostas
específicas durante a execução de tarefas motoras. Os dados obtidos por Centozane et al.
(2008) fornecem suporte à esta suposição indicando que, através da facilitação de sinapses
glutamatérgicas, o cerebelo é capaz de influenciar a atividade estriatal para produzir respostas
Introdução
17
motoras adaptativas e compensar os déficits cerebelares apresentados por animais
experimentais em conseqüência de uma hemicerebelectomia.
Além disto, através das vias motoras direta e indireta, envolvidas no controle do movimento,
o estriado com suas aferências dopaminérgica e glutamatérgica e suas eferências
GABAérgicas é capaz de influenciar neurônios nigrais, palidais e talâmicos e modular as
respostas motoras (Mora et al., 2007; Dostrovsky et al., 2002; Kreitzer et al., 2008) como um
todo. A organização desses sistemas, conforme apresentado na figura 3, está de acordo com a
participação dos neurotransmissores GABA e glutamato no controle dessas respostas.
Fonte: Adaptado a partir de Kreitzer, A.C. & Malenka, R.C. Striatal
Plasticity and Basal Ganglia Circuit Function. Neuron. 2008; 60: 543-545.
Figura 3: Representação esquemática dos circuitos neuroquímicos dos núcleos da base,
tálamo e córtex cerebral envolvidos no controle de respostas motoras. Em destaque
(pontilhado) as vias motoras direta e indireta.
Cerebral cortex= córtex cerebral; Thalamus=
tálamos; Striatum= estriado; GP= globo pálido; GPm= globo pálido interno(medial); STN= núcleo
subtalâmico; SNr= substância negra reticular; Glu= glutamato; GABA= ácido
γ
-aminobutírico; Da=
dopamina. As linhas pontilhadas representam, a via motora direta (estriado GPm e SNr tálamo
córtex cerebral) e indireta (estriado GP STN GPm e SNr tálamo córtex cerebral).
Introdução
18
9. Deficiência Maternal de Tiamina
A desnutrição neonatal constitui um dos maiores problemas sociais do mundo, ocorrendo com
freqüência, principalmente, em países subdesenvolvidos (Wurtmam & Wurtmam, 1975). A
gravidade da desnutrição decorre do fato dos principais sistemas biológicos se desenvolverem
na idade fetal e na infância, ocorrendo, o principal período de proliferação neuronal, antes do
nascimento, e os processos de desenvolvimento das células gliais, mielinização e maturação
bioquímica, no período pós-natal. Dessa forma, alterações nessas etapas do desenvolvimento
têm potencial para provocar danos permanentes nos indivíduos (Wurtmam & Wurtmam,
1975).
Segundo Ramakrishnan et al. (1999), em média, 20 a 30% das mulheres grávidas sofrem de
deficiência de vitaminas, uma vez que com a evolução da gravidez há um aumento das
demandas nutricionais exigidas pelo organismo (Baker et al., 1975). Estima-se que cerca de
75% das mulheres grávidas, sem suplementação alimentar, apresentariam déficits de pelo
menos um tipo de vitamina (Ramakrishnan et al., 1999). Neste contexto, a deficiência da
vitamina B
1
merece destaque. Em estudos prévios, nosso grupo (Pires et al., 2001; Pires et al.,
2005; Carvalho et al., 2006) e outros autores (Butterworth, 2003; Butterworth et al., 2008)
mostraram que a deficiência da vitamina B
1
em indivíduos adultos
,
afeta diferentes aspectos
neuroquímicos, morfológicos e cognitivos. Contudo, pouco se sabe a respeito dos efeitos
desta deficiência nutricional em períodos pré e perinatal e suas possíveis consequências em
fases posteriores do desenvolvimento do indivíduo (Butterworth, 1987).
et al. (1999, 2005) mostraram que a deficiência maternal de tiamina durante o período
gestacional e/ou de amamentação pode acarretar, para a prole, uma série de distúrbios que vão
Introdução
19
desde alterações histológicas em diferentes regiões encefálicas (Bâ et al., 1999, 2005) até
importantes alterações bioquímicas (Fournier & Butterworth, 1990) e morfoanatômicas
(Roecklein et al., 1985). Em estudos histológicos realizados no hipocampo de ratos que
sofreram deficiência maternal de tiamina nos períodos pré, peri e pós-natal foi observado
atrofia e diminuição da densidade de células piramidais e granulares nas regiões de CA1, CA2
e CA3 (Bâ et al., 1999, 2005). Utilizando também modelos experimentais de deficiência de
tiamina no período gestacional, Fournier & Butterworth, (1990) observaram redução na
atividade de enzimas dependentes de tiamina relacionadas ao metabolismo energético, tais
como a transcetolase citosólica, a piruvato desidrogenase e o complexo α-cetoglutarato
desidrogenase. Roecklein et al. (1985) também observaram que uma dieta deficiente em
tiamina durante a gestação associada ou não a injeções de piritiamina (inibidor da
pirofosfoquinase) foi capaz de provocar retardo no desenvolvimento do feto. Em estudos mais
recentes, utilizando cultura de neurônios granulares do cerebelo, nosso grupo (Oliveira et al.,
2007) mostrou que a deficiência da vitamina B
1
durante a gestação pode aumentar a
susceptibilidade de grupos celulares encefálicos específicos à morte celular devido a uma
redução na condutância dos canais de potássio dependentes de voltagem.
Considerando que o desenvolvimento cerebral se inicia no período pré-natal (Miller, 1995) é
possível que uma restrição nutricional durante este período também seja capaz de alterar
substratos biológicos necessários para o pleno funcionamento celular, principalmente,
relacionados à formação do SNC (Davison & Dobbing, 1966). Trabalhos de Trostler et al.
(1977) sustentam esta suposição. Segundo esses autores a deficiência maternal de tiamina
pode provocar na prole, diminuição do peso cerebral e alterações neuroquímicas e
metabólicas no SNC potencialmente capazes de interferir no processo de mielinização de
neurônios.
Introdução
20
Conforme apresentado, grande parte dos trabalhos realizados utilizando modelo de deficiência
de tiamina, apresentam resultados de experimentos realizados de forma independente
indicando alterações relacionadas a aspectos morfológicos celulares (Roecklein et al., 1985;
et al., 1999, 2005), histológicos (Bâ et al., 1999, 2005) bioquímicos (Fournier &
Butterworth, 1990) e metabólicos (Trostler et al., 1977) não se preocupando em analisar a
relação dessas alterações com aspectos comportamentais específicos.
Dada a importância da tiamina na ontogênese (Greenwood et al., 1985; Greenwood & Craig,
1987) e do seu importante papel em diferentes aspectos da fisiologia celular, estudos que
objetivam esclarecer os mecanismos neuroquímicos afetados pela restrição ou deficiência
dessa vitamina, durante o desenvolvimento, são importantes para se compreender a relação
entre disfunções neurais e aspectos comportamentais específicos, como por exemplo, motores.
Estes estudos podem elucidar mecanismos neurofisiológicos que atuam como substratos
biológicos dessas funções comportamentais e, além disto, podem contribuir para o
conhecimento dos distúrbios causados pela deficiência, em etapas precoces do
desenvolvimento, que repercutem na prole e refletem na vida adulta.
Justificativa
21
Justificativa
De acordo com dados apresentados pela Organização Mundial de Saúde WHO, (1999),
apesar do número de pessoas mal nutridas no mundo ter diminuído nas últimas décadas, a
deficiência de tiamina ainda é um fator preocupante em países em desenvolvimento. Segundo
Rolfe et al. (1993) em regiões urbanas da África e Ásia ela é apontada como importante causa
de complicações durante a gravidez e uma potencial causa, evitável, de morte materna.
Embora a Organização Mundial de Saúde recomende uma suplementação de 0,4 e 0,5 mg/dia
de tiamina durante a gestação e lactação, respectivamente, evidências de que essa prática
ainda não é muito habitual (Baker et al., 2002). De acordo com dados apresentados por Baker
et al. (2002) em um estudo que buscou analisar a concentração sanguínea de 10 diferentes
tipos de vitaminas em 563 mulheres grávidas, a tiamina foi frequentemente encontrada em
níveis abaixo do recomendado durante todos os trimestres da gravidez.
Conforme Wurtmam & Wurtmam, (1975) a gravidade da desnutrição durante a gravidez
decorre do fato dos principais sistemas biológicos se desenvolverem na idade fetal e na
infância, ou seja, alterações nessas etapas do desenvolvimento podem provocar danos
permanentes nos indivíduos. Embora seja bem documentada a importância da tiamina durante
o período gestacional (WHO, 1999; et al., 1999, 2005) poucos são os trabalhos realizados
com o propósito de se entender as consequências, biológicas e comportamentais, dessa
deficiência nutricional durante esse período do desenvolvimento.
Alguns trabalhos nos quais foi realizada a indução da deficiência de tiamina no período
gestacional de ratos têm apresentado dados que demonstram ampla variedade de prejuízos na
prole, relacionados à aspectos morfológicos (Bâ et al., 1999, 2005) e bioquímicos celulares
Justificativa
22
(Fournier & Butterworth, 1990). Apesar da vulnerabilidade seletiva de estruturas corticais à
deficiência de tiamina (Butterwoth, 1982; Butterworth, 2003) e do conhecimento de que essas
estruturas estão relacionadas ao comportamento motor (Lalonde & Strazielle, 2007), não
existem na literatura estudos delineados no sentido de se entender os efeitos desta deficiência,
durante o período de ontogênese, na motricidade da prole na idade adulta. Um dos poucos
trabalhos realizados neste contexto foi executado por Trostler et al. (1977) que, embora não
tenham analisado o impacto da deficiência em aspectos motores específicos, observaram que
animais que tiveram suas mães privadas de tiamina durante o período gestacional,
apresentaram redução no diâmetro das camadas de mielina. Conforme Ure & Rodrigues,
(2002) a mielinização pode traduzir informações sobre o funcionamento motor.
Considerando que os resultados obtidos por & Seri (1993, 1995) e (2008) estão de
acordo com a hipótese que a deficiência de tiamina poderia interferir em circuitos neurais
relacionados ao comportamento motor e, conhecendo as evidências sobre a importância da
tiamina no desenvolvimento cerebral, levantamos as seguintes questões: a deficiência de
tiamina maternal, durante o período de formação (perinatal) do sistema nervoso central,
poderia afetar a motricidade de indivíduos da prole? Esses efeitos poderiam persistir por
períodos posteriores da vida? Quais aspectos da atividade motora seriam afetados? Quais
seriam os substratos biológicos relacionados às disfunções motoras específicas detectadas?
Estudos delineados com o objetivo de contribuir para responder essas questões podem
representar uma importante forma de se conhecer, não apenas componentes do mecanismo
desses processos neurodegenerativos, como também a relação fisiológica entre funções
motoras específicas e atividades neuroquímicas centrais. Além disto, o conhecimento dos
substratos fisiológicos relacionados a esses aspectos motores podem ajudar no esclarecimento
Justificativa
23
dos mecanismos associados à outros distúrbios neurodegenerativos que também envolvem
disfunções em aspectos motores, além daquele causado pela deficiência de tiamina.
Objetivos
24
1. Geral
Estudar, em modelo experimental, os efeitos da deficiência parcial de tiamina (restrição)
durante o período perinatal sobre parâmetros bioquímicos e comportamentais de ratos
adultos e a correlação entre esses diferentes parâmetros.
2. Específicos
2.1. Estabelecer o modelo de restrição de tiamina durante o período perinatal em ratos
da linhagem Wistar;
2.2. Estabelecer as condições para aplicação dos métodos para avaliações das variáveis
comportamentais (equilíbrio, coordenação motora e marcha) através dos testes Rotarod
e Impressão das patas;
Em animais adultos provenientes de mães restritas e controles:
2.3. Avaliar o desempenho dos animais nos testes comportamentais, mencionados no
item 2.2.;
2.4. Determinar as concentrações de GABA e glutamato no cerebelo, tálamo e medula
espinhal;
2.5. Avaliar as correlações entre os parâmetros neuroquímicos e entre esses e os
comportamentais.
Materiais e Métodos
25
1. Estabelecimento do Modelo e Delineamento Experimental
No presente estudo foram utilizados ratos machos e fêmeas da linhagem Wistar
fornecidos pelo Centro de Bioterismo (CEBIO) da Universidade Federal de Minas
Gerais. Durante os experimentos, todos os animais foram mantidos no biotério do
Laboratório de Neurociência Comportamental e Molecular (LaNeC) desta mesma
Instituição. Os animais foram mantidos em condições adequadas de umidade e
temperatura, em ciclos de 12 horas claro/escuro, recebendo água e ração ad libitum.
Todos os procedimentos experimentais foram registrados e submetidos ao Comitê de
Ética em Experimentação Animal (CETEA), com o número de protocolo 153/09.
Durante, aproximadamente, 12 dias, amostras de secreção vaginal das fêmeas foram
coletadas e analisadas através do microscópio óptico para a detecção do melhor dia para
a ocorrência do acasalamento. Quando as fêmeas se encontravam no período proestro
um rato Wistar macho foi colocado dentro da gaiola (caixa plástica forradas com
maravalha) na proporção de 1:2 fêmeas. A ocorrência do acasalamento foi confirmada
pela presença de espermatozóide no esfregaço vaginal das fêmeas, indicando o primeiro
dia de gestação.
Fêmeas grávidas foram, aleatoriamente, selecionadas e mantidas individualmente em
caixas plásticas forradas com maravalha, por todo o período gestacional (cerca de 21
dias), recebendo ração padrão (Mães Controle) ou ração restrita em tiamina (Mães
Restritas). O tratamento foi do décimo primeiro dia de gestação até o quinto dia de
amamentação da prole. A dieta restrita em tiamina correspondeu a 90% de restrição em
tiamina com relação à dieta controle. As concentrações de todos os demais constituintes
Materiais e Métodos
26
da ração foram iguais àquelas da ração padrão. A composição da ração está apresentada
nas tabelas 1, 2 e 3.
No primeiro dia após o parto a prole, proveniente de pelo menos três mães de cada
grupo, foi inspecionada e somente os machos permaneceram com as mães em uma
proporção de cinco a oito filhotes por fêmea. Após o desmame, todos os filhotes foram
alimentados com ração comercial, contendo concentrações padrões de todos os
constituintes, por todo o período restante do experimento. Dez animais provenientes de
mães restritas e 10 provenientes de mães controle foram, aleatoriamente, selecionados
para serem avaliados na idade adulta (~ 3 meses de idade), quanto a aspectos motores e
neuroquímicos, conforme descrito a abaixo. A figura 4 mostra de forma esquemática, o
delineamento do estudo, ao longo do tempo, a partir do nascimento da prole.
Figura 4: Representação esquemática do delineamento experimental, a partir do
nascimento da prole. A parte superior da barra representa a escala do tempo (em dias) e
a parte inferior indica as etapas do experimento.
Materiais e Métodos
27
Nutrientes Quantidade em g/Kg de ração
Amido de Milho 507
Polvilho 169
Caseína* 200
Óleo de Soja 50
Mistura de Sais
a
50
Mistura de Vitaminas
b
10
Celulose 10
Colina-HCl 4,0
Tocoferol (vitamina E) 0,4
BHT (conservante) 0,1
Tabela 1: Composição da ração produzida no laboratório (padrão)
* A caseína da ração restrita em tiamina foi autoclavada, secada e triturada antes do uso
para garantir a ausência de vitamina B
1
na mesma.
a
Ver tabela 2
b
Ver tabela 3
Sais minerais % por mistura de sais
NaCl 13,93
KI 0,08
MgSO
4
.7H
2
O 5,73
CaCO
3
38,14
MnSO
4
.H
2
O 0,40
FeSO
4
.7H
2
O 2,70
ZnSO
4
.7H
2
O 0,05
CuSO
4
.5H
2
O 0,05
CoCl
2
.6H
2
O 0,02
KH
2
PO
4
38,90
Tabela 2: Composição da mistura de sais
Materiais e Métodos
28
Vitaminas % por mistura de vitaminas
Acetato de Retinol 0,40
Colecalciferol 0,06
Menadiona 0,05
i-Inositol 1,00
Niacina 0,40
Pantotenato de Cálcio 0,40
Riboflavina 0,08
Tiamina-HCl* 0,05
Piridoxina-HCl 0,05
Ácido fólico 0,02
Biotina 0,004
Vitamina B
12
0,0003
Sacarose 97,49
Tabela 3: Composição da mistura de vitaminas
* A porcentagem de Tiamina-HCl na ração restrita foi de 0,005% (valor correspondente
a 10% da quantidade utilizada na ração padrão).
2. Estudos Comportamentais
Os testes comportamentais foram executados com os animais (da prole) na fase adulta,
quando esses estavam com aproximadamente 3 meses de idade.
2.1. Teste do Rotarod
2.1.1. Equipamento
O rotarod consiste em um aparelho composto por um cilindro giratório de 5 cm de
diâmetro e 28 cm de comprimento posicionado horizontalmente a 40 cm de uma
plataforma e conectado a um motor elétrico que funciona em diferentes velocidades
Materiais e Métodos
29
(figura 5). O animal é colocado sobre o cilindro em rotação ajustada e deve tentar
manter o corpo em equilíbrio, realizando todos os ajustes posturais necessários, através
da coordenação dos movimentos de suas quatro patas (Wang et al., 2006).
2.1.2. Avaliação do equilíbrio e coordenação motora
O teste do rotarod foi utilizado para avaliar o equilíbrio e a coordenação motora dos
ratos (Shi et al., 2007; Simola et al. 2008). O protocolo utilizado foi adaptado a partir
do descrito por Simola et al. (2008) e consistiu de uma sessão de aclimatação, uma de
treinamento e uma sessão de teste.
Durante a sessão de aclimatação, que foi realizada por três dias consecutivos, os ratos
foram colocados sobre o cilindro giratório com o aparelho desligado (zero rotação por
minuto 0 rpm) durante 5 minutos em três tentativas consecutivas, sendo o intervalo
intertentativa de 30 minutos.
Posteriormente, foi realizada a sessão de treinamento, na qual os animais, por três dias
consecutivos, foram treinados a permanecerem sobre o cilindro giratório a uma
velocidade constante de 5 rpm. A sessão de treinamento constituiu-se de duas
oportunidades para cada rato (duas tentativas) por dia, durante 5 minutos e também com
um intervalo de 30 minutos entre as tentativas. Durante o treino, se o animal caísse, esse
era reconduzido à barra pelo experimentador.
Materiais e Métodos
30
As últimas sessões, correspondentes aos testes, foram realizadas 24 e 48 horas após o
final do último dia de treinamento. Nos testes os animais foram submetidos a um
procedimento semelhante a um dia de treinamento, entretanto foi dado para cada rato 3
oportunidades (três tentativas) em cada um dos dias de teste. Quando o animal sofria
uma queda o mesmo era retirado do aparelho e o tempo de permanência sobre o
cilindro, sem cair (latência), registrado. Os dados foram expressos como a média ± erro
padrão de 3 tentativas. Para o teste realizado vinte e quatro horas após o último dia de
treinamento, a velocidade constante do aparelho foi de 5 rpm (Simola et al., 2008) e
para quarenta e oito horas, 25 rpm (Dhir et al., 2008). Em todas as tentativas da
aclimatação, treino e testes, os animais foram colocados perpendicularmente ao eixo do
cilindro com a cabeça voltada em direção oposta ao sentido da rotação.
Figura 5: Fotografia do equipamento utilizado para a avaliação do equilíbrio e
coordenação motora dos animais (Rotarod).
Materiais e Métodos
31
2.2. Teste de Impressão das Patas
Esse teste foi utilizado com a finalidade de avaliar o padrão da marcha dos animais
(Lagrán et al., 2004). Ele foi realizado imediatamente após o último dia de teste no
rotarod e foi adaptado a partir do método descrito por Lagrán et al. (2004).
2.2.1. Equipamento e procedimento
O aparelho é colocado em uma sala iluminada e consiste em um “corredor” de madeira
(10x10x70cm), forrado com papel branco, o qual apresenta em uma de suas
extremidades uma caixa escura (figura 6). Os roedores naturalmente procuram se alojar
em ambientes mais seguros e pouco iluminados, assim, quando o animal é colocado na
extremidade do corredor oposta à caixa, ele caminha em direção à mesma. As patas
traseiras dos animais são previamente pintadas com tinta preta não tóxica, para que ao
caminhar sobre o papel, as pegadas de suas patas sejam registradas. Este procedimento é
repetido pelo menos três vezes (três tentativas) para cada animal.
Figura 6: Fotografia do equipamento utilizado para a avaliação dos componentes da
marcha, comprimento e largura dos passos, dos animais.
Materiais e Métodos
32
2.2.2. Avaliação do padrão da marcha
O padrão da marcha foi avaliado em um mínimo de cinco ciclos de marcha para cada
tentativa e os dados expressos como a média de pelo menos três tentativas, conforme
mencionado acima. Um ciclo completo de marcha foi definido, conforme Lagrán et al.
(2004), como a distância de um par de patas traseiras para o próximo par de patas
traseiras. Dois parâmetros foram avaliados: o comprimento e a largura do passo. O
comprimento do passo foi medido como a distância média de locomoção entre uma pata
e a próxima imediatamente à frente. Já a largura, foi medida como a distância média
entre as patas traseiras, direita e esquerda.
3. Dissecação do cérebro e medula espinhal
No dia seguinte à última avaliação comportamental, os animais foram mortos por
decapitação. O cérebro, juntamente com o cerebelo foi rapidamente retirado da cavidade
craniana e dissecado de acordo com as coordenadas estereotáxicas apresentadas por
Paxinos & Watson, (1986). O encéfalo foi colocado ventralmente sobre uma superfície
plana e o cerebelo foi separado do cérebro e do tronco encefálico. Em seguida foi
realizado um corte sagital no cérebro, separando os dois hemisférios, para possibilitar a
visualização da região medial diencefálica e permitir a retirada dos tálamos. Todos os
procedimentos para a separação das regiões encefálicas foram executados sobre uma
Placa de Petri invertida sobre pedaços de gelo.
Para a retirada dos segmentos medulares de T
1
e T
2
foi realizado um corte transversal
imediatamente acima do processo espinhoso da primeira vértebra torácica (T
1
) e
Materiais e Métodos
33
imediatamente abaixo da segunda rtebra torácica (T
2
). Em seguida foi realizado
laminectomia e retirado o fragmento medular. Todas as amostras teciduais foram
acondicionadas em tubos plásticos tipo Eppendorf e armazenadas a -80ºC. Os ensaios
bioquímicos, descritos abaixo, foram executados dentro de no máximo 15 dias.
4. Estudos Bioquímicos
4.1 Determinação da concentração de GABA e glutamato
Todos os procedimentos realizados para a dosagem dos neurotransmissores GABA e
glutamato foram executados através da técnica de Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência (HPLC= High Performance Liquid Chromatography) através do método
desenvolvido por nosso grupo (Freitas-Silva et al.,2009), conforme descrito abaixo.
4.2. Processamento das amostras
As amostras de cerebelo, tálamo e medula espinhal foram pesadas (aproximadamente 10
mg de cada estrutura) e homogeneizadas em 15 volumes de solução constituída por
metanol e água (85:15 v/v). Em seguida, a suspensão foi centrifugada, a 4ºC, durante 15
minutos, em uma força centrifuga relativa de 7.800 x g (Sorvall RC-5B). O
sobrenadante obtido foi coletado e mantido no gelo até ser submetido à derivatização.
4.3. Procedimento de Derivatização
O objetivo da derivatização é aumentar a sensibilidade de detecção e a seletividade da
separação cromatográfica. A derivatização pré-coluna das amostras foi realizada
conforme descrito previamente por Mengerink et al. (2002) e Kutlán & Molnár-Perl,
Materiais e Métodos
34
(2003). A reação de derivatização foi feita misturando-se 200 µL de amostra, 40 µL de
orto-oftaldeído (OPA) metanólico (5 mg/mL) preparado diariamente, 150 µL de tampão
borato (pH 9,9) e 10 µL de ácido 3-mercaptopropiônico (MPA). A solução resultante foi
agitada e injetada no sistema cromatográfico após 1 minuto, à temperatura ambiente.
Abaixo seguem as descrições detalhadas sobre o sistema cromatográfico e método
utilizado para separação, detecção e análise dos neurotransmissores.
4.4. Equipamento e princípios de funcionamento
Conforme esquema apresentado na figura 7, o equipamento de cromatografia quida,
HPLC, é composto de um reservatório para o tampão de separação (fase móvel), bomba,
válvula de injeção, pré-coluna, coluna (fase estacionária), detector (fluorescência) e
integrador. A seguir uma descrição simplificada dos componentes e do principio de
funcionamento: a bomba impulsiona a fase móvel pelo sistema até a coluna e, nesse
trajeto a fase móvel arrasta a amostra até a coluna, local onde ocorrerá a separação dos
compostos de acordo com o grau de polaridade dos componentes da mistura. Após a
separação, os componentes da amostra passam pelo detector, neste caso um fluorímetro,
o qual através de um determinado comprimento de onda permite a detecção dos
componentes de interesse que eluem da coluna em tempos diferentes. O integrador,
então capta a intensidade de fluorescência emitida pelo detector e a transforma em
dados digitais. Os picos gerados pela fluorescência de cada composto podem ser
visualizados, no formato digital ou impresso, e constituem o perfil cromatográfico de
uma determinada amostra. Com a utilização de uma curva padrão, onde concentrações
conhecidas dos compostos de interesse são aplicadas no sistema, análises quantitativas
podem ser obtidas a partir do programa associado ao integrador. O resultado é expresso
Materiais e Métodos
35
em concentrações dos neurotransmissores (µg/g de tecido) calculada através da área dos
picos de cada componente separado e detectado.
Figura 7: Representação esquemática dos componentes de um aparelho de
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC).
4.5. Condições Cromatográficas
O sistema cromatográfico utilizado é um cromatógrafo Shimadzu (LC-10AD, Tokyo,
Japan) com válvula injetora de 200 µL (Rheodyne 7725-I, California, USA) e detector
fluorescente (FLD - Shimadzu spectrofluorometric detector RF-551, Tokyo, Japan)
acoplado a uma bomba modelo LC-10. Os comprimentos de onda, de excitação e
emissão, utilizados foram de 337 e 454 nm, respectivamente. Uma coluna
cromatográfica analítica de fase reversa C18 (150 mm×4,6 mm, ID) e uma pré-coluna
(RT 250-4 E. Merck, Darmstadt E.R., Germany) foram utilizadas nas análises. O
integrador (Shimadzu C-
R7Ae plus) acoplado ao sistema cromatográfico forneceu a
área dos picos dos cromatogramas a partir da intensidade de fluorescência o
análises. A fase móvel
isocrática
tetrahidrofurano e metanol (50:1:49 v/v), pH 4,0.
glutamato e GABA foi de aproximadamente 2,74
respectivamente e a
s concentrações em
as áreas dos picos e respectivas curvas padrões. Para ilustrar, um perfil
está apresentado na figura
8
Figura 8:
Cromatograma representativo da análise
GABA no tálamo dos animais do grupo controle
Glutamato e GABA foi de 2,74
Materiais e
R7Ae plus) acoplado ao sistema cromatográfico forneceu a
área dos picos dos cromatogramas a partir da intensidade de fluorescência o
isocrática
consistiu de uma solução 0,05M de acetato de sódio,
tetrahidrofurano e metanol (50:1:49 v/v), pH 4,0.
O tempo médio de eluição do
glutamato e GABA foi de aproximadamente 2,74
±
0,35 e 7,82
s concentrações em
µ
g/g de tecido foram calculadas de acordo com
as áreas dos picos e respectivas curvas padrões. Para ilustrar, um perfil
8
.
Cromatograma representativo da análise
da
concentração de Glutamato e
GABA no tálamo dos animais do grupo controle
.
O tempo médio de retenção ± dpa para
Glutamato e GABA foi de 2,74
± 0,35 e 7,82 ±
0,51 minutos, respectivamente.
Materiais e
Métodos
36
R7Ae plus) acoplado ao sistema cromatográfico forneceu a
área dos picos dos cromatogramas a partir da intensidade de fluorescência o
btida nas
consistiu de uma solução 0,05M de acetato de sódio,
O tempo médio de eluição do
0,35 e 7,82
±0,51 minutos,
g/g de tecido foram calculadas de acordo com
as áreas dos picos e respectivas curvas padrões. Para ilustrar, um perfil
cromatográfico
concentração de Glutamato e
O tempo médio de retenção ± dpa para
0,51 minutos, respectivamente.
Materiais e Métodos
37
5. Análise Estatística
Todos os dados obtidos foram analisados através do programa Statistical Package for
the Social Sciences (SPSS), versão 12.0. Os dados obtidos nos testes comportamentais e
bioquímicos foram tratados por One-Way ANOVA de forma independente, sendo os
valores expressos como média e erro padrão. Os dados relativos ao desempenho dos
animais no rotarod foram analisados pelo Mann–Whitney U uma vez que os dados
tratados através do teste Kolmogorov-Smirnov não apresentaram distribuição normal.
As seguintes análises de regressão linear (Winer, 1962) foram realizadas: i) entre GABA
e glutamato nas três regiões, tálamo, cerebelo e medula espinhal; ii) entre GABA ou
glutamato nas três regiões e desempenho no rotarod; iii) entre GABA ou glutamato nas
três regiões analisadas e largura do passo e vi) entre GABA ou glutamato nas três
regiões analisadas e comprimento do passo. As diferenças foram consideradas
estatisticamente significativas no nível de 5 % (p<0,05).
Resultados
38
Consideração Sobre o Tamanho da Amostra Utilizada nas Análises Estatísticas
Embora o estudo tenha iniciado com uma amostra total de 20 animais (n=10 em cada
grupo), todos os resultados apresentados são referentes a uma amostra de 18 animais,
pois 2 animais do grupo controle ficaram doentes e foram excluídos das análises.
Apresentação dos Resultados na Forma Gráfica
Para efeito de simplificação, nas representações gráficas, os grupos são denominados
pela associação de caracteres: MC = grupos de animais provenientes de mães que
receberam dieta padrão durante o período perinatal (controle) e MR = grupos de animais
provenientes de mães que receberam dieta restrita de tiamina durante o mesmo período.
Resultados
39
1. Estudos Comportamentais
1.1. Rotarod test
O teste de Mann-Whitney U mostrou que o desempenho dos animais no rotarod foi
significativamente afetado pela restrição de tiamina durante o período perinatal.
Animais nascidos de mães restritas (grupo MR) apresentaram significativa redução da
média dos tempos (latência) que permaneceram sobre a barra do rotarod na velocidade
constante de 25 rpm, teste realizado 48 horas após o treino, quando comparados aos
animais provenientes de mães controle (grupo MC) [Mann Whitney U=12,500; p =
0,01] (Figura 9). Entretanto, para a velocidade de 5 rpm, teste realizado 24 horas após o
treino, não foi observado diferença significativa entre os grupos [F(
1,16
) = 0,79; p =
0,39] (Figura 9, Tabelas 4 e 5).
Resultados
40
Figura 9: Dados do desempenho no teste do Rotarod dos animais provenientes de
mães controles (MC), barras verdes, e restritas em tiamina (MR), barras pretas.
Média de três tentativas ± erro padrão, do tempo (segundos) de permanência sobre a
barra giratória do Rotarod nas velocidades de 5 e 25 rpm. *p<0,05, MC (n=8) versus MR
(n=10).
Resultados
41
Animais Média das latências de três tentativas
Grupo MC
(controle)
5 rpm
(segundos)
25 rpm
(segundos)
1 300 15,0
2 300 36,7
3 300 14,3
4 300 10,0
5 300 47,0
6 300 100,0
8 300 26,0
10 300 43,3
Média ± Erro Padrão 300 ± 0 36,5 ± 9,2
Tabela 4: Dados referentes ao desempenho dos animais do grupo CONTROLE
(MC) no teste do Rotarod nas velocidades de 5 e 25 rpm. Os resultados representam a
média de três tentativas para cada rato, em cada uma das velocidades. As médias ± erro
padrão, para cada grupo, são apresentadas na última linha.
Animais Média das latências de três tentativas
Grupo MR
(restrito)
5 rpm
(segundos)
25 rpm
(segundos)
1 300 22,0
2 300 2,7
3 300 4,7
4 300 8,3
5 300 8,3
6 300 14,3
7 298 12,3
8 300 59,7
9 300 9,7
10 300 3,7
Média ± Erro Padrão 299,8 ± 0,2 14,6 ± 5,3
Tabela 5: Dados referentes ao desempenho dos animais do grupo RESTRITO
(MR) no teste do Rotarod nas velocidades de 5 e 25 rpm. Os resultados representam a
média de três tentativas para cada rato, em cada uma das velocidades. As médias ± erro
padrão, para cada grupo, são apresentadas na última linha.
Resultados
42
1.2. Teste de Impressão das Patas
Conforme mencionado na sessão “Material e Métodos”, através deste teste foram
analisadas duas variáveis: o comprimento e a largura do passo das patas traseiras dos
animais, conforme apresentado na figura 10, painel A. Não houve diferença
significativa entre a média do comprimento dos passos dos grupos MC e MR [F(
1,16
) =
1,39; p = 0,26] (Figura 10, painel B). Entretanto, foi observado um aumento
significativo na média da largura do passo dos animais do grupo MR [F(
1,16
) = 5,40; p =
0,03] (Figura 10, painel B). As tabelas 6 e 7 apresentam os dados referentes à largura e
o comprimento do passo dos animais.
Resultados
43
Figura 10: Dados do desempenho dos animais no teste de impressão das patas.
Painel A: Representação das pegadas dos animais dos grupos MC (esquerda) e MR
(direita). As linhas contínuas, em vermelho, com as marcações 1 (vertical) e 2
(horizontal) representam, respectivamente, o comprimento e a largura do passo. Painel
B: Dados quantitativos, Média ± Erro Padrão do comprimento e largura dos passos, em
cm, dos animais durante a marcha. O padrão da marcha foi analisado utilizando-se um
mínimo de 5 ciclos de marcha para cada tentativa, e a média de pelo menos três
tentativas. Os grupos são denominados pela associação de caracteres: MC = animais
provenientes de mães controle (coluna verde) e MR = animais provenientes de mães
restritas (coluna preta). *p<0,05 MC (n=8) versus MR (n=10).
Resultados
44
Animais Distâncias referentes às pegadas dos animais
Grupo MC
(controle)
Largura do passo
(cm)
Comprimento do passo
(cm)
1 4,13 5,70
2 5,13 6,37
3 3,61 6,68
4 4,04 6,60
5 4,11 7,07
6 4,84 6,79
8 3,92 5,64
10 4,62 8,15
Média ± Erro Padrão 4,30 ± 0,18 6,63 ± 0,28
Tabela 6: Dados do teste de impressão das patas referente à largura e ao
comprimento do passo dos animais do grupo CONTROLE (MC). Os resultados
apresentados representam, para cada animal, a média de três tentativas e pelo menos
cinco ciclos de marcha. As médias ± erro padrão, para cada grupo, são apresentadas na
última linha.
Animais Distâncias referentes às pegadas dos animais
Grupo MR
(restrito)
Largura do passo
(cm)
Comprimento do passo
(cm)
1 5,55 6,10
2 4,35 7,10
3 6,12 6,24
4 4,21 5,87
5 5,50 6,51
6 4,93 6,42
7 5,03 6,33
8 4,33 6,52
9 4,45 6,07
10 4,94 5,72
Média ± Erro Padrão 4,94 ± 0,20 6,29 ± 0,12
Tabela 7: Dados do teste de impressão das patas referente à largura e ao
comprimento do passo dos animais do grupo RESTRITO (MR). Os resultados
apresentados representam, para cada animal, a média de três tentativas e pelo menos
cinco ciclos de marcha. As médias ± erro padrão, para cada grupo, são apresentadas na
última linha.
Resultados
45
2. Estudos Bioquímicos
2.1. Determinações das concentrações de glutamato e GABA
As concentrações médias de cada um dos neurotransmissores, glutamato e GABA,
encontradas no tálamo, cerebelo e medula espinhal dos animais dos grupos MC e MR
estão apresentadas na figura 11.
Glutamato: One-Way ANOVA não mostrou efeito significativo da restrição maternal de
tiamina na concentração média de glutamato no tálamo [MC = 4132,60 ± 860,19; MR =
4115,88 ± 674,29; F(
1,16
) = 0,00; p = 0,96] e medula espinhal [MC= 2193,36 ± 422,18;
MR= 2035,93 ± 223,18; F(
1,16
) = 1,04; p= 0,32] da prole. Entretanto, a concentração
média de glutamato no cerebelo [MC = 5219,31 ± 1071,13; MR = 3999,24 ± 421,39;
F
(1,16)
= 11,01; p = 0,00] dos animais do grupo MR foi significativamente menor que a
dos animais do grupo MC (painel A, figura 11).
GABA: Em relação ao GABA, não foi observado diferença significativa entre as
concentrações médias desse neurotransmissor, quando se compara os animais do grupo
MC com os animais do grupo MR, no cerebelo [MC = 221,07 ± 77,61; MR = 199,37 ±
78,37; F(
1,16
) = 0,344; p = 0,57] e medula espinhal [MC = 82,37 ± 32,35; MR = 85,73 ±
33,53; F(
1,16
) = 0,05; p = 0,83]. No entanto, foi observado aumento significativo de sua
concentração no tálamo [MC = 192,11 ± 33,00; MR = 250,64 ± 65,54; F(
1,16
) = 5,26; p=
0,04] nos animais nascidos de mães restritas (MR), conforme apresentado na figura 11,
painel B.
Resultados
46
Figura 11: Concentrações em µ
µµ
µg/g de tecido (média ± erro padrão) de glutamato
(Painel A) e GABA (Painel B) no tálamo, cerebelo e medula espinhal dos animais
dos grupos MC, barras verdes, e MR, barras pretas. Os grupos são denominados
pela associação de caracteres: MC: animais provenientes de mães controle e MR:
animais provenientes de mães restritas. * p < 0.05. ** p < 0.01, MC (n=8) versus MR
(n=10).
Resultados
47
3. Estudos de Correlação
De posse dos dados bioquímicos e comportamentais, Análises de Regressão Linear
foram realizadas para avaliar possíveis correlações entre os diversos parâmetros
determinados.
Não foi verificada correlação significativa entre as concentrações de glutamato (em
qualquer uma das três regiões analisadas) e as variáveis comportamentais (latência no
Rotarod ou comprimento do passo ou largura do passo), para os grupos MC e/ou MR
(dados em anexo, tabelas 8 a 25). Por outro lado, a análise de regressão linear mostrou
correlação significativa entre o desempenho no teste do Rotarod (latência) dos animais
nascidos de mães controle e a concentração de GABA no tálamo [r = -0,73; p = 0,04]
(Figura 12). Entretanto, não foi observada correlação significativa entre esses dois
parâmetros determinados nos animais nascidos de mães restritas [r = 0,01; p = 0,97]
(Figura 12). Não foram observadas também correlações significativas entre as
concentrações de GABA, no cerebelo ou medula espinhal, e o desempenho no teste do
Rotarod para os animais de nenhum um dos grupos (dados em anexo, tabelas 26 a 29).
Foram observadas correlações significativas entre a média da largura do passo dos
animais do grupo MC e a concentração de GABA no tálamo [r = -0,86; p = 0,006] e
cerebelo [r = 0,73; p = 0,04], conforme apresentado na figura 13, painel A e B,
respectivamente, entretanto não foi encontrada correlação entre essas variáveis para os
animais do grupo MR (Figura 13, painel A e B).
Resultados
48
A figura 14 apresenta os dados referentes ao comprimento do passo e a concentração de
GABA no tálamo (painel A) e cerebelo (painel B) dos animais dos grupos MC e MR.
Não houve correlação significativa entre esses parâmetros no tálamo para ambos os
grupos, MC [r = -0,59; p = 0,12], MR [r = -0,07; p = 0,83], nem no cerebelo para os
animais do grupo MC [r = -0,02; p = 0,95]. Entretanto houve correlação significativa
entre o comprimento do passo e a concentração de GABA no cerebelo no grupo MR [r=
-0,71; p = 0,02].
Resultados
49
Figura 12: Gráfico de Dispersão, mostrando a correlação entre a latência
(segundos) de permanência dos animais na barra giratória do Rotarod e a
concentração de GABA (µg/g tecido) no tálamo, para os animais dos grupos MC
(linha continua e círculos verdes cheios) e MR (linhas pontilhadas e triângulos
pretos cheios). Velocidade constante da barra giratória: 25 rpm. Para cada animal, os
dados comportamentais representam a média de três tentativas e a concentração de
GABA a média da determinação em três amostras. Os grupos são denominados pela
associação de caracteres: MC - animais provenientes de mães controle e MR animais
provenientes de mães restritas. * p < 0.05, MC (n=8) versus MR (n=10).
Resultados
50
Figura 13: Gráfico de Dispersão, mostrando a correlação entre a largura do passo
e a concentração de GABA g/g tecido) no TÁLAMO (Painel A) e CEREBELO
(Painel B) para os animais dos grupos MC (linha continua e círculos verde cheios)
e MR (linhas pontilhadas e triângulos pretos cheios). Para cada animal, a largura do
passo foi avaliada através da média de três tentativas para um mínimo de 5 ciclos de
marcha e a concentração de GABA no tálamo e cerebelo pela média de triplicatas para
cada estrutura. Os grupos são denominados pela associação de caracteres: MC - animais
provenientes de mães controle e MR animais provenientes de mães restritas. * p <
0.01, MC (n=8) versus MR (n=10).
Resultados
51
Figura 14: Gráficos de Dispersão mostrando a correlação entre o comprimento do
passo e a concentração de GABA g/g tecido) no TÁLAMO (Painel A) e
CEREBELO (Painel B) para os animais dos grupos MC (linha continua e círculos
verdes cheios) e MR (linhas pontilhadas e triângulos pretos cheios). Para cada
animal os dados representam: para o comprimento do passo a média de três tentativas
para um mínimo de 5 ciclos de marcha e, para a concentração de GABA a média de
determinações realizadas em triplicatas. Os grupos são denominados pela associação de
caracteres: MC - animais provenientes de mães controle e MR animais provenientes
de mães restritas. * p<0.05, MC (n=8) versus MR (n=10).
Discussão
52
No presente estudo foram avaliados os efeitos de uma dieta restrita (deficiente) em
tiamina, durante o período perinatal, sobre parâmetros motores e neuroquímicos da
prole na idade adulta. Apresentamos, pela primeira vez, dados indicando que a restrição
de tiamina durante esse período afeta a prole quanto ao: (a) equilíbrio e a coordenação
motora; (b) padrão da marcha e; (c) níveis de glutamato e GABA, em regiões
específicas do sistema nervoso central. Além disto, foi observado que níveis do
neurotransmissor inibitório, GABA, correlacionam-se com aspectos específicos do
comportamento, sugerindo a importância desse sistema nos ajustes relacionados à
atividade motora.
Natureza das Alterações Comportamentais e Bioquímicas
A deficiência de tiamina provoca uma série de anormalidades comportamentais em
animais experimentais (Gibson et al., 1982), as quais, através de testes e tarefas
específicas, podem ser avaliadas e detectadas (Whishaw & Kolb, 2005). No presente
estudo, através da utilização de um teste específico, rotarod, para avaliação do
equilíbrio e coordenação motora, (Shi et al., 2007; Simola et al. 2008) foi observado
que animais provenientes de mães alimentadas com dieta restrita em tiamina, durante o
período perinatal, apresentaram pior desempenho quando comparados com os animais
provenientes de mães alimentadas com dieta padrão. Shi et al. (2007) embora não
tenham analisado especificamente a prole de mães submetidas à deficiência de tiamina
observou que animais adultos submetidos diretamente a esta deficiência apresentaram
redução em até 97% no desempenho nesta mesma tarefa, o que está de acordo com os
resultados encontrados, no presente estudo, para os animais submetidos à restrição
indireta, ou seja, através da mãe em período importante do desenvolvimento e
avaliados, posteriormente, na fase adulta. O baixo desempenho no rotarod, de animais
Discussão
53
expostos direta ou indiretamente a episódios de deficiência de tiamina pode ser
explicado, pelo menos em parte, pela vulnerabilidade seletiva, à deficiência de tiamina,
de algumas estruturas encefálicas (Lavoie & Butterworth, 1995) especializadas em
integrar e modular respostas relacionadas ao equilíbrio e coordenação motora do
indivíduo (Lalonde & Strazielle, 2007). Conforme Martin et al. (2003), o cerebelo,
estrutura a qual é atribuída estes papéis (Lalonde & Strazielle, 2007), apresenta-se
seletivamente comprometido na deficiência de tiamina, principalmente a região do
vérmis cerebelar (Lavoie & Butterworth, 1995; Baker et al., 1999) a qual é vista
histologicamente, sob estas condições, com significativa redução no número e tamanho
das células de Purkinje (Philips et al., 1987). De acordo com Jahn et al. (2008) lesão na
região do vérmis cerebelar é condizente com quadro clínico de perda de equilíbrio e
coordenação motora.
Outra hipótese para a ocorrência dos déficits de equilíbrio e coordenação motora
observada nos animais seria em relação à perda ou redução na comunicação excitatória
do cerebelo com outras estruturas encefálicas relacionadas com a motricidade,
especialmente, o estriado. Devido à existência de conexões do cerebelo com esta
estrutura, via cleos talâmicos, (Ichinohe et al., 2000; Hoshi et al., 2005) também é
plausível que danos na estrutura cerebelar provoque interrupção da comunicação
excitatória glutamatérgica (Uusisaari et al., 2007) ao tálamo e, consequentemente,
diminuição de sua modulação (Dostrovsky et al., 2002) sobre células nigroestriatais
dopaminérgicas, interferindo, portanto, na organização dos circuitos motores
subcorticais e possibilitando o surgimento dos sinais clínicos apresentados pelos
animais. Esta hipótese está de acordo com os resultados obtidos no presente estudo que
mostram uma diminuição significativa na concentração de glutamato no cerebelo desses
Discussão
54
animais e também são compatíveis com as evidências obtidas por Kirik et al. (1998);
Barneoud et al. (2000); Deumens et al. (2002), que demonstraram que tanto déficits
moderados quanto mínimos, no tônus dopaminérgico, são capazes de afetar a
coordenação motora de animais submetidos à depleção de dopamina nos núcleos da
base. O fato do sistema dopaminérgico também ser afetado pela deficiência de tiamina
(Nakagawasai et al., 2007) torna possível, conforme mencionado acima, que os déficits
motores apresentados pelos animais do grupo MR sejam também devidos à bloqueios
na transmissão sináptica dopaminérgica devido às alterações em vias motoras
neuromodulatórias de origem cerebelar.
Conforme Stolze et al. (2003), neste contexto, também seria esperado que os animais
apresentassem, além de déficits no equilíbrio, um padrão de marcha alterado,
caracterizado por alargamento da base de apoio (marcha atáxica), refletindo um efeito
compensatório para minimizar o distúrbio no equilíbrio. Nossos dados estão de acordo
com Stolze et al. (2003) e com os achados apresentados por Hudson & Krebs, (2002)
para indivíduos que apresentavam distúrbio cerebelar e déficits de equilíbrio. Os
animais do grupo MR apresentaram aumento da base de apoio (largura do passo).
Conforme Walberg, (1972) a ocorrência da marcha atáxica pode ser atribuída a uma
perda de conexão entre vias neurais cerebelares e vias vestibulares levando a uma perda
de controle postural e consequentemente, como mecanismo compensatório, a realização
da marcha com o alargamento da base de apoio. Em um estudo em que foram analisados
cerebelos de humanos que sofreram deficiência de tiamina, Baker et al. (1999)
relataram perda da conexão entre vias vestíbulo-cerebelares além de significativa
Discussão
55
diminuição na densidade celular e atrofia da camada molecular do vérmis cerebelar,
dando suporte aos achados do nosso estudo, haja vista que, conforme mencionado
acima, esta região cerebelar é a mais vulnerável à deficiência de tiamina (Lavoie &
Butterworth 1995; Baker et al., 1999). De acordo com Jahn et al. (2008), indivíduos
com lesão e/ou atrofia nessa região cerebelar podem apresentar ataxia. A perda da
conexão entre vias cerebelares e vestibulares, possivelmente, conseqüente a lesão do
cerebelo e/ou a diminuição do tônus glutamatérgico cerebelar sobre estruturas do
sistema vestibular pode ter contribuído para induzir alterações neuroquímicas e ativar
mecanismos compensatórios em outras estruturas corticais e/ou subcorticas, como por
exemplo, o estriado e provocar o surgimento da marcha atáxica. Embora no presente
estudo não tenha sido realizado uma avaliação específica sobre aspectos neuroquímicos
no estriado dos animais, nossa hipótese está de acordo com os resultados apresentados
por Centonze et al. (2008) os quais sugerem que mudanças adaptativas em sinapses
glutamatérgicas e GABAérgicas estriatais são capazes de mediar a recuperação
espontânea e a manutenção de estados compensatórios de origem cerebelar.
O acometimento de neurônios glutamatérgicos no cerebelo dos animais do grupo MR
poderia influenciar diretamente as sinapses GABAérgicas do tálamo, por exemplo,
através da via rtico-cerebelo-tálamo-cortical (Centonze et al., 2008) e contribuir para
o aumento do GABA, conforme observado em nosso estudo. Uma possível resposta
talâmica ao déficit na aferência glutamatérgica (proveniente do cerebelo) poderia
ocorrer na tentativa de reajustar o sistema para manter um equilíbrio entre as
modulações excitatórias e inibitórias. De acordo com essa lógica seria esperado uma
diminuição na liberação de GABA no tálamo e uma conseqüente resposta dos neurônios
Discussão
56
GABAérgicos no sentido de aumentar a sua síntese no tálamo e, portanto, sua
concentração, corroborando os achados do nosso estudo.
Outra possível explicação seria a existência de mecanismos de desinibição capazes de
potencializar a transmissão GABAérgica no tálamo. Uma redução no número de
neurônios glutamatérgicos no cerebelo dos animais do grupo MR, induziria uma
diminuição do tônus excitatório glutamatérgico sobre os neurônios GABAérgicos das
células de Purkinje cerebelar. Estas células, por sua vez, apresentariam uma tonicidade
diminuída sobre os neurônios glutamatérgicos dos núcleos profundos do cerebelo
(Uusisaari et al., 2007), os quais exerceriam sua modulação excitatória sobre os
neurônios GABAérgicos do tálamo, permitindo assim o aumento da concentração do
neurotransmissor GABA nesta estrutura e facilitando sua modulação inibitória sobre as
demais estruturas do SNC. O trabalho de Celada et al. (1999) está de acordo com a
ocorrência de mecanismos de desinibição em vias neurais GABAérgicas em estruturas
subcorticais, dando suporte a nossa hipótese. O resultado encontrado no presente
estudo, em relação ao nível de GABA no tálamo está de acordo com qualquer uma das
duas hipóteses descritas acima.
Seja qual for o mecanismo que fundamenta as alterações observadas, é importante
destacar que a deficiência de tiamina no período perinatal pode repercutir na vida
adulta, na forma de distúrbios no equilíbrio, na coordenação motora e na marcha.
Apontando nessa direção, nossos resultados mostram que a deficiência provoca uma
perda da correlação, entre a concentração de GABA no tálamo e o desempenho no
rotarod e, entre a largura do passo e a concentração de GABA no tálamo e cerebelo
Discussão
57
sugerindo a importância do sistema GABAérgico como substrato biológico dos ajustes
relacionados à atividade motora.
Um dado interessante, mas ainda pouco claro é o fato da restrição induzir alterações que
culminam com o aparecimento de uma correlação significativa, não observada nos
animais controles, entre o comprimento do passo e os níveis de GABA no cerebelo.
Possivelmente, a necessidade de alargamento do passo, para compensar um distúrbio no
equilíbrio, acarretaria também em ajustes neurobiológicos relacionados ao comprimento
do passo, o qual, dentre outros processos e aspectos comportamentais, passaria a ser
modulado pelo sistema GABAérgico cerebelar.
A partir dos dados obtidos no presente estudo, levantamos a seguinte hipótese: ajustes
neuroquímicos compensatórios devem acontecer ao longo do desenvolvimento, na
tentativa de compensar de forma adaptativa, ou seja, de acordo com a relevância do
aspecto comportamental afetado, os prejuízos causados pela deficiência de tiamina, de
modo a alterar a atividade de circuitos neuroquímicos para assegurar aspectos
comportamentais relevantes para a sobrevida do animal. Dessa forma, através da
observação clínica, na ausência da aplicação de testes específicos, poderia não ser
possível visualizar diferenças no comprimento, largura do passo, equilíbrio e
coordenação motora de indivíduos que sofreram deficiência de tiamina durante fases
precoces do desenvolvimento. Entretanto atividades que requerem uma maior demanda
de coordenação e controle preciso de movimentos podem ser prejudicadas. Esta idéia
está de acordo com os resultados observados no Rotarod, onde foram observados efeitos
da deficiência apenas quando a demanda foi aumentada (25rpm). Os dados obtidos no
Discussão
58
presente trabalho sugerem que avaliações quantitativas, com diferentes níveis de
complexidade, de aspectos motores específicos podem ser relevantes para detecção de
possíveis distúrbios decorrentes da deficiência de tiamina.
Considerações Finais e Perspectivas
59
Considerando a definição proposta por Lucas, (1991) para o conceito de Programming,
a deficiência de tiamina poderia ser um agente capaz de desencadear esse tipo de
fenômeno. Essa hipótese é corroborada pelos dados apresentados no presente trabalho
indicando que a deficiência desta vitamina durante o período perinatal é capaz de
induzir na prole, alterações que persistem em períodos posteriores da vida.
A deficiência de tiamina durante o período de ontogênese afeta o circuito GABAérgico
talâmico e o glutamatérgico cerebelar, isto é, ela induz um aumento na concentração de
GABA no tálamo e uma diminuição na concentração de glutamato no cerebelo. Além
disso, esta deficiência afeta a motricidade dos animais o que clinicamente é manifestado
sob a forma de distúrbios no equilíbrio e coordenação motora e por modificações no
padrão da marcha (aumento da largura do passo).
De acordo com os dados obtidos no presente trabalho, é provável que o substrato
biológico envolvido nas alterações motoras apresentadas pelos animais que sofreram a
deficiência de tiamina no período perinatal esteja relacionado ao distúrbio observado no
sistema GABAérgico talâmico desses animais, haja vista que em animais controle
uma correlação entre a concentração do neurotransmissor GABA no tálamo e respostas
fisiológicas de equilíbrio, coordenação motora e marcha, situação essa não observada
para os animais do grupo MR.
Considerando a correlação encontrada entre a concentração de GABA no cerebelo e o
comprimento do passo dos animais do grupo MR, não observada para os animais
Considerações Finais e Perspectivas
60
controle, é possível concluir também que o GABA cerebelar, para esses animais assume
a função de facilitar (possibilitar) a ocorrência de mecanismos compensatórios em
resposta ao déficit de equilíbrio apresentado por eles, ou seja, o circuito GABAérgico
do cerebelo deve se tornar responsável pela regulação do comprimento do passo para
permitir então que outros circuitos se encarreguem de regular a largura e tornar possível
a realização de uma marcha funcional. Até aonde sabemos os dados observados nesse
estudo sugerem pela primeira vez a importância de circuitos inibitórios talâmicos e
cerebelares em respostas motoras adaptativas conseqüentes a um processo de possível
disfunção em regiões do SNC decorrente da deficiência de tiamina.
Conforme mencionado anteriormente, a partir dos dados apresentados, levantamos a
hipótese de que ajustes neuroquímicos compensatórios devem acontecer ao longo do
desenvolvimento, na tentativa de compensar os prejuízos causados pela deficiência de
tiamina, de modo a alterar a atividade de circuitos neuroquímicos com a finalidade de
assegurar aspectos comportamentais relevantes para a sobrevida do animal.
Partindo desse pressuposto seria interessante que fossem realizados, sob essa mesma
ótica, trabalhos com animais de diferentes faixas etárias (jovens e idosos) objetivando
analisar, ao longo do tempo, as modificações ocorridas em circuitos neuroquímicos
inibitórios e excitatórios e suas possíveis relações com as respostas comportamentais
observadas nesses animais. Pesquisas delineadas neste sentido podem contribuir para a
compreensão dos mecanismos envolvidos na organização dos circuitos neuroquímicos
no sentido de contemplar respostas motoras adaptativas.
Considerações Finais e Perspectivas
61
Considerando que a deficiência de tiamina altera a motricidade dos animais e interfere
em circuitos neuroquímicos relacionados ao comportamento motor, seria interessante
que em pesquisas futuras fosse incluído, além do tálamo e cerebelo, avaliações no
estriado, dada sua íntima relação com o circuito dopaminérgico nos núcleos da base e
sua importante participação na execução de respostas motoras. Além disto, como
existem evidencias de que a deficiência provoca alterações estruturais em diferentes
regiões corticais, seria também interessante realizar análises morfométricas nas referidas
estruturas, acompanhadas de determinações de parâmetros neuroquímicos de outros
sistemas. Desta forma seria possível ampliar os estudos de correlações entre esses
parâmetros e os ficits motores observados e compreender melhor os substratos
biológicos subjacentes a essas funções motoras.
ANEXOS
63
TABELA 8: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no TÁLAMO e o desempenho dos animais do grupo CONTROLE no teste do ROTAROD.
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,56211311
R-Quadrado 0,315971148
R-quadrado
ajustado 0,201966339
Erro padrão 26,05865575
Observações 8
ANOVA
Gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
1882,037513
1882,037513
2,77155983
0,14700728
Resíduo 6
4074,321237
679,0535396
Total 7
5956,35875
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 115,3134195
48,20711651
2,392041421
0,053876091
-2,645145002
233,271984
-
2,645145002
233,271984
Variável X 1
-
0,019062098
0,011450081
-
1,664800237
0,14700728
-0,047079438
0,008955241
-
0,047079438
0,008955241
64
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,187042955
R-Quadrado 0,034985067
R-quadrado
ajustado -0,0856418
Erro padrão 17,55897396
Observações 10
ANOVA
Gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
89,42046683
89,42046683
0,290027155
0,604859932
Resíduo 8
2466,540533
308,3175666
Total 9
2555,961
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 33,81047185
36,15590307
0,935130061
0,377085031
-49,56519008
117,1861338
-
49,56519008
117,1861338
Variável X 1
-
0,004674695
0,008680284
-
0,538541693
0,604859932
-0,024691465
0,015342075
-
0,024691465
0,015342075
TABELA 9: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no TÁLAMO e o desempenho dos animais do grupo RESTRITO no teste do ROTAROD.
65
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,411455292
R-Quadrado 0,169295458
R-quadrado
ajustado 0,030844701
Erro padrão 846,8200002
Observações 8
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
876863,8868
876863,8868
1,222784629
0,311170954
Resíduo 6
4302624,677
717104,1128
Total 7
5179488,563
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 7102,38159
2702,292519
2,628280077
0,039149653
490,1100126
13714,65317
490,1100126
13714,65317
Variável X 1
-
690,8322727
624,7375819
-
1,105795926
0,311170954
-2219,510063
837,8455173
-2219,510063
837,8455173
TABELA 10: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no TÁLAMO e a LARGURA DO PASSO dos animais do grupo CONTROLE.
66
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,333623242
R-Quadrado 0,111304468
R-quadrado
ajustado 0,000217526
Erro padrão 674,212379
Observações 10
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
455452,4391
455452,4391
1,001958163
0,34614825
Resíduo 8
3636498,656
454562,332
Total 9
4091951,095
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 2353,661988
1773,356056
1,327235994
0,221056994
-1735,704408
6443,028384
-
1735,704408
6443,028384
Variável X 1 356,6757088
356,3270062
1,000978603
0,34614825
-465,0158404
1178,367258
-
465,0158404
1178,367258
TABELA 11: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no TÁLAMO e a LARGURA DO PASSO dos animais do grupo RESTRITO.
67
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,343029347
R-Quadrado 0,117669133
R-quadrado
ajustado -0,029386012
Erro padrão 872,7373256
Observações 8
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
609465,9264
609465,9264
0,800170119
0,405493835
Resíduo 6
4570022,637
761670,4395
Total 7
5179488,563
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 6588,736276
2763,041218
2,384595725
0,054425865
-172,1820122
13349,65456
-
172,1820122
13349,65456
Variável X 1 -370,6917691
414,4019384
-
0,894522286
0,405493835
-1384,696781
643,3132432
-
1384,696781
643,3132432
TABELA 12: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no TÁLAMO e o COMPRIMENTO DO PASSO dos animais do grupo CONTROLE.
68
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,112864593
R-Quadrado 0,012738416
R-quadrado
ajustado
-
0,110669282
Erro padrão 710,6182271
Observações 10
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
52124,97695
52124,97695
0,103222219
0,756229742
Resíduo 8
4039826,118
504978,2647
Total 9
4091951,095
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 5349,878364
3847,430755
1,390506732
0,201834641
-3522,312859
14222,06959
-
3522,312859
14222,06959
Variável X 1
-
196,2053091
610,6947121
-
0,321282148
0,756229742
-1604,469839
1212,059221
-
1604,469839
1212,059221
TABELA 13: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no TÁLAMO e o COMPRIMENTO DO PASSO dos animais do grupo RESTRITO.
69
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,053753869
R-Quadrado 0,002889478
R-quadrado
ajustado -0,163295609
Erro padrão 1154,197446
Observações 8
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
23162,61659
23162,61659
0,01738711
0,899405479
Resíduo 6
7993030,461
1332171,744
Total 7
8016193,078
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 5147,256482
681,9816225
7,547500274
0,000280657
3478,507571
6816,005393
3478,507571
6816,005393
Variável X 1 1,971983994
14,95511253
0,131860191
0,899405479
-34,62185802
38,565826
-
34,62185802
38,565826
TABELA 14: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no CEREBELO e o desempenho dos animais do grupo CONTROLE no teste do ROTAROD.
70
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,023120503
R-Quadrado 0,000534558
R-quadrado
ajustado
-
0,124398623
Erro padrão 446,8308135
Observações 10
ANOVA
Gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
854,2854344
854,2854344
0,004278749
0,949450926
Resíduo 8
1597262,207
199657,7759
Total 9
1598116,492
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0% Superior 95,0%
Interseção 4007,664276
191,1761484
20,96320231
2,81415E-08
3566,811288
4448,517265
3566,811288
4448,517265
Variável X 1
-
0,578128513
8,838244324
-0,06541214
0,949450926
-20,95915645
19,80289943
-
20,95915645
19,80289943
TABELA 15: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no CEREBELO e o desempenho dos animais do grupo RESTRITO no teste do ROTAROD.
71
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,231452531
R-Quadrado 0,053570274
R-quadrado ajustado -0,104168013
Erro padrão 1124,482356
Observações 8
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
429429,6618
429429,6618
0,339614909
0,581276142
Resíduo 6
7586763,416
1264460,569
Total 7
8016193,078
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 3141,022108
3588,342574
0,875340647
0,415051271
-5639,335844
11921,38006
-
5639,335844
11921,38006
Variável X 1 483,4510915
829,581715
0,582764884
0,581276142
-1546,462234
2513,364417
-
1546,462234
2513,364417
TABELA 16: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no CEREBELO e a LARGURA DO PASSO dos animais do grupo CONTROLE.
72
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,308885703
R-Quadrado 0,095410378
R-quadrado ajustado
-
0,017663325
Erro padrão 425,0940475
Observações 10
ANOVA
Gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
152476,8983
152476,8983
0,843789276
0,385173431
Resíduo 8
1445639,594
180704,9492
Total 9
1598116,492
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 2979,61801
1118,109259
2,664871956
0,028588659
401,2534359
5557,982583
401,2534359
5557,982583
Variável X 1 206,3735531
224,6658383
0,918580033
0,385173431
-311,7067987
724,4539048
-
311,7067987
724,4539048
TABELA 17: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no CEREBELO e a LARGURA DO PASSO dos animais do grupo RESTRITO.
73
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,684129599
R-Quadrado 0,468033308
R-quadrado ajustado 0,379372193
Erro padrão 843,04485
Observações 8
ANOVA
Gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
3751845,363
3751845
5,278901648
0,061303002
Resíduo 6
4264347,715
710724,6
Total 7
8016193,078
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 11313,29031
2669,036376
4,238717
0,005447471
4782,393584
17844,18704
4782,393584
17844,18704
Variável X 1
-
919,7307204
400,3030577
-2,29759
0,061303002
-1899,237014
59,77557369
-
1899,237014
59,77557369
TABELA 18: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no CEREBELO e a COMPRIMENTO DO PASSO dos animais do grupo CONTROLE.
74
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,512814919
R-Quadrado 0,262979141
R-quadrado ajustado 0,170851534
Erro padrão 383,7064616
Observações 10
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
420271,3028
420271,3
2,854509618
0,1295892
Resíduo 8
1177845,189
147230,6
Total 9
1598116,492
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 7503,186082
2077,464361
3,611704
0,006864685
2712,544679
12293,82749
2712,544679
12293,82749
Variável X 1
-
557,1250485
329,7516137
-1,68953
0,1295892
-1317,533633
203,2835357
-
1317,533633
203,2835357
TABELA 19: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO no CEREBELO e a COMPRIMENTO DO PASSO dos animais do grupo RESTRITO.
75
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,153799616
R-Quadrado 0,023654322
R-quadrado ajustado -0,139069958
Erro padrão 450,5858175
Observações 8
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
29512,98808
29512,98808
0,145364429
0,716140981
Resíduo 6
1218165,474
203027,5789
Total 7
1247678,462
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 2274,688028
266,2380237
8,543813527
0,00014101
1623,227054
2926,149002
1623,227054
2926,149002
Variável X 1
-2,225953909
5,838309233
-
0,381266874
0,716140981
-16,51178194
12,05987412
-
16,51178194
12,05987412
TABELA 20: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO na MEDULA ESPINHAL e o desempenho dos animais do grupo CONTROLE no teste do ROTAROD.
76
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,121647906
R-Quadrado 0,014798213
R-quadrado ajustado -0,10835201
Erro padrão 234,9625689
Observações 10
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
6633,938404
6633,938404
0,120163915
0,73779824
Resíduo 8
441659,2703
55207,40879
Total 9
448293,2087
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 2012,456356
100,5285168
20,01876104
4,04401E-
08
1780,637181
2244,275531
1780,637181
2244,275531
Variável X 1
1,611048467
4,647523242
0,346646672
0,73779824
-9,10615934
12,32825627
-9,10615934
12,32825627
TABELA 21: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO na MEDULA ESPINHAL e o desempenho dos animais do grupo RESTRITO no teste do ROTAROD.
77
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,151320416
R-Quadrado 0,022897868
R-quadrado ajustado -0,139952487
Erro padrão 450,7603363
Observações 8
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
28569,17706
28569,17706
0,140606806
0,720575612
Resíduo 6
1219109,285
203184,8808
Total 7
1247678,462
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 2729,410697
1438,424086
1,897500691
0,106538374
-790,2862387
6249,107633
-
790,2862387
6249,107633
Variável X 1
-
124,6968236
332,5463763
-0,37497574
0,720575612
-938,4084914
689,0148441
-
938,4084914
689,0148441
TABELA 22: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO na MEDULA ESPINHAL e a LARGURA DO PASSO dos animais do grupo CONTROLE.
78
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,142309898
R-Quadrado 0,020252107
R-quadrado ajustado -0,102216379
Erro padrão 234,3113118
Observações 10
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
9078,882092
9078,882092
0,165365864
0,694925399
Resíduo 8
439214,3266
54901,79083
Total 9
448293,2087
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 1787,127394
616,3004371
2,899766553
0,019898825
365,9360388
3208,318749
365,9360388
3208,318749
Variável X 1
50,35796884
123,8355314
0,406652019
0,694925399
-235,2072785
335,9232162
-
235,2072785
335,9232162
TABELA 23: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO na MEDULA ESPINHAL e a LARGURA DO PASSO dos animais do grupo RESTRITO.
79
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,602574911
R-Quadrado 0,363096524
R-quadrado ajustado 0,256945944
Erro padrão 363,9255303
Observações 8
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
453027,7121
453027,7121
3,420579763
0,113872012
Resíduo 6
794650,7496
132441,7916
Total 7
1247678,462
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 4310,943542
1152,1694
3,741588298
0,009604476
1491,686589
7130,200495
1491,686589
7130,200495
Variável X 1
-319,595468
172,8027905
-
1,849480944
0,113872012
-742,4286631
103,237727
-
742,4286631
103,237727
TABELA 24: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO na MEDULA ESPINHAL e o COMPRIMENTO DO PASSO dos animais do grupo CONTROLE.
80
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,153520855
R-Quadrado 0,023568653
R-quadrado ajustado -0,098485265
Erro padrão 233,9143918
Observações 10
ANOVA
Gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
10565,66705
10565,66705
0,193100338
0,671976817
Resíduo 8
437727,5417
54715,94271
Total 9
448293,2087
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 2591,502023
1266,45981
2,046256819
0,074942439
-328,9595341
5511,96358
-
328,9595341
5511,96358
Variável X 1
-
88,33570452
201,0225417
-
0,439431836
0,671976817
-551,8945165
375,2231075
-
551,8945165
375,2231075
TABELA 25: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GLUTAMATO na MEDULA ESPINHAL e o COMPRIMENTO DO PASSO dos animais do grupo RESTRITO.
81
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,213323263
R-Quadrado 0,045506815
R-quadrado ajustado -0,113575383
Erro padrão 81,90130801
Observações 8
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
1918,830132
1918,830132
0,286058498
0,611987798
Resíduo 6
40246,94552
6707,824253
Total 7
42165,77565
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 200,3272345
48,39309524
4,139583003
0,006081454
81,9135965
318,7408726
81,9135965
318,7408726
Variável X 1 0,56758099
1,061207753
0,534844368
0,611987798
-2,029100832
3,164262812
-
2,029100832
3,164262812
TABELA 26: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de GABA
no CEREBELO e o desempenho dos animais do grupo CONTROLE no teste do ROTAROD.
82
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,031624614
R-Quadrado 0,001000116
R-quadrado ajustado -0,123874869
Erro padrão 83,07824535
Observações 10
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
55,27765787
55,27765787
0,008008939
0,930890303
Resíduo 8
55215,9588
6901,99485
Total 9
55271,23646
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 201,511227
35,54495009
5,66919426
0,000470838
119,5444252
283,4780288
119,5444252
283,4780288
Variável X 1 -0,147061065
1,643274833
-
0,08949268
0,930890303
-3,936459622
3,642337493
-
3,936459622
3,642337493
TABELA 27: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GABA no CEREBELO e o desempenho dos animais do grupo RESTRITO no teste do ROTAROD.
83
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,20614404
R-Quadrado 0,042495365
R-quadrado ajustado -0,117088741
Erro padrão 34,19192763
Observações 8
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
311,3143237
311,3143237
0,266288206
0,624290533
Resíduo 6
7014,527489
1169,087915
Total 7
7325,841813
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 90,72470618
20,20301324
4,490652216
0,004145016
41,28971375
140,1596986
41,28971375
140,1596986
Variável X 1 -0,228617319
0,443030027
-
0,516031207
0,624290533
-1,31267274
0,855438102
-1,31267274
0,855438102
TABELA 28: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de GABA
na MEDULA ESPINHAL e o desempenho dos animais do grupo CONTROLE no teste do ROTAROD.
84
RESUMO DOS RESULTADOS
Estatística de regressão
R múltiplo 0,100001536
R-Quadrado 0,010000307
R-quadrado ajustado -0,113749654
Erro padrão 35,38940768
Observações 10
ANOVA
gl SQ MQ F
F de
significação
Regressão 1
101,2080036
101,2080036
0,080810589
0,783421146
Resíduo 8
10019,28141
1252,410176
Total 9
10120,48941
Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores
95%
superiores
Inferior
95,0%
Superior
95,0%
Interseção 82,83019902
15,1413252
5,47047223
0,000594116
47,91424053
117,7461575
47,91424053
117,7461575
Variável X 1 0,198989572
0,699997006
0,284272033
0,783421146
-1,415206417
1,813185561
-
1,415206417
1,813185561
TABELA 29: Planilha de dados apresentando os resultados obtidos através da Análise de Regressão Linear entre a concentração de
GABA na MEDULA ESPINHAL e o desempenho dos animais do grupo RESTRITO no teste do ROTAROD.
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