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AVALIAÇÃO QUALI-QUANTITATIVA
DO PERCOLADO GERADO NO ATERRO
CONTROLADO DE SANTA MARIA - RS
Tiago Luis Gomes
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
AVALIAÇÃO QUALI-QUANTITATIVA DO
PERCOLADO GERADO NO ATERRO CONTROLADO
DE SANTA MARIA - RS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Tiago Luis Gomes
Santa Maria, RS, Brasil
2005
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AVALIAÇÃO QUALI-QUANTITATIVA DO
PERCOLADO GERADO NO ATERRO CONTROLADO DE
SANTA MARIA - RS
por
Tiago Luis Gomes
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil, Área de Concentração em Recursos
Hídricos e Saneamento Ambiental, da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Ernando da Silva
Santa Maria, RS, Brasil
2005
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
AVALIAÇÃO QUALI-QUANTITATIVA DO PERCOLADO GERADO NO
ATERRO CONTROLADO DE SANTA MARIA - RS
elaborada por
Tiago Luis Gomes
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Civil
COMISÃO EXAMINADORA:
Carlos Ernando da Silva, Dr.
(Presidente/Orientador)
Marcelo Borges Mansur, Dr. (UFMG)
Maria do Carmo Cauduro Gastaldini, Dra. (UFSM)
Santa Maria, 30 de Maio de 2005.
Dedico este trabalho aos
meus pais, Luiz e Carmen,
a minha avó Nilza
e a minha querida Ivana.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Luiz Carlos Gomes e Carmen Maria Hollweg Gomes, que sempre
estiveram tão presentes na minha formação pessoal e profissional, apoiando-me
incondicionalmente em todas as situações;
À minha avó Nilza Guastavino Hollweg, que me cedeu espaço, atenção, carinho e
compreensão durante todos estes anos.
À minha querida Ivana Klafke Sperb, paciente nos momentos mais difíceis e para mim um
exemplo de capacidade e determinação.
Ao meu Orientador Carlos Ernando da Silva por ter acreditado e depositado certeza no
desenvolvimento de um trabalho sério desta magnitude.
Aos bolsistas de iniciação científica Teobaldo Frederico Gräbin e Diego Elias Ritter e mais
recentemente o laboratorista Thiago Augusto Formentini pelo apoio técnico na realização das
análises químicas das amostras de percolado.
Ao meu amigo e colega de Mestrado, professor Denecir Almeida Dutra por contribuir e
lutar para um mesmo ideal de Meio Ambiente ecologicamente equilibrado.
Ao colega de Mestrado Gilson Piovezzam, pelo auxílio durante algumas coletas mesmo
sob fortes intempéries.
A professora Maria do Carmo Cauduro Gastaldini, orientadora na iniciação científica,
sempre atenciosa e competente, com esclarecimentos pontuais, entretanto precisos.
Ao encarregado do aterro, Miguel Roque Cavalheiro, por contribuir na preservação da
calha Parshall e na formação do banco de dados de vazão.
Ao professor Arno Heldwein da Engenharia Agrícola, que contribuiu com dicas pontuais,
porém importantes a respeito de evapotranspiração.
Ao setor de transportes da Universidade Federal de Santa Maria que cedeu veículo e
motorista para serem realizadas as coletas.
Ao CNPq por conceder recursos financeiros para investimentos em infra-estrutura para
que a pesquisa alcançasse êxito.
À Secretaria de Gestão Ambiental de Santa Maria mais precisamente ao ex-secretário
Raul Vilaverde e o assessor técnico Geraldo Cervi, por fornecerem dados e fotos importantes
para a dissertação.
Ao Departamento de Hidráulica e Saneamento e as pessoas que o compõem, os
professores João Batista, Eloiza, Geraldo, Jussara, Irion, os funcionários Alcides e Astério.
À América Latina Logística do Brasil S/A por estimular a minha formação, disponibilizando
horários para a conclusão da pesquisa.
E finalmente, a Universidade Federal de Santa Maria que concedeu a mim ensinos de
Graduação e Pós-Graduação gratuitos e de qualidade.
“Todos tem direito ao meio ambiente,
ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se
ao Poder Público e a coletividade o
dever de defendê-lo e a preservá-lo
para as presentes e futuras gerações”.
(artigo 225, capítulo VI, Constituição da República Federativa do Brasil, 1988).
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 18
1.1. Objetivos .......................................................................................................19
1.1.1. Objetivos Gerais..............................................................................................19
1.1.2. Objetivos Específicos ......................................................................................19
1.2. Estrutura da Dissertação.................................................................................20
2. REVISÃO DA LITERATURA............................................................ 21
2.1. Resíduos Sólidos no Brasil.............................................................................21
2.2. Líquidos Percolados, Lixiviados ou Chorume...............................................25
2.3. O Volume de Percolado Gerado......................................................................31
2.3.1. Método do Balanço Hídrico .............................................................................35
2.3.2. O Método Racional..........................................................................................39
2.3.3. O Método Suíço ..............................................................................................40
3. ÁREA EM ESTUDO: ATERRO CONTROLADO DA CATURRITA.. 42
4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................... 48
4.1. Avaliação Quantitativa do Percolado Gerado................................................48
4.2. Avaliação Qualitativa do Percolado Gerado ..................................................50
4.2.1. Eficiência do Sistema de Tratamento do Percolado........................................53
4.2.2. Impacto do Lançamento de Efluentes .............................................................54
4.2.3. O Estado de Degradação Atual do Aterro .......................................................54
5. RESULTADOS................................................................................. 55
5.1. Resultados Quantitativos do Percolado Gerado ...........................................55
5.1.1. Estimativa da Vazão de Percolado Gerado utilizando-se o Método do Balanço
Hídrico.......................................................................................................................59
5.1.2. Estimativa da Vazão de Percolado Gerado utilizando-se o Método Racional.63
5.1.3. Estimativa da Vazão de Percolado Gerado utilizando-se o Método Suíço......67
5.1.4. Comparações dos Resultados entre os Métodos do Balanço Hídrico, Racional
e Suíço ......................................................................................................................70
5.2. Resultados Qualitativos do Percolado Gerado .............................................75
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................... 80
6.1. Conclusões.......................................................................................................80
6.2. Recomendações...............................................................................................83
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 84
ANEXOS .............................................................................................. 89
ANEXO A............................................................................................. 90
ANEXO B............................................................................................. 92
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos......................21
TABELA 2 - Quantidade diária de lixo coletado, por unidade de destino final. .........23
TABELA 3 - Variação dos parâmetros monitorados nos lixiviados gerados em célula
com revestimento de argila. ......................................................................................27
TABELA 4 - Variação dos parâmetros monitorados nos lixiviados gerados em célula
com revestimento de PEAD. .....................................................................................27
TABELA 5 - Valores observados de DBO, DQO e relação DBO/DQO em amostras
de percolado de aterros sanitários na fase metanogênica. .......................................30
TABELA 6 - Características dos lixiviados em alguns municípios brasileiros. ..........31
TABELA 7 – Valores do coeficiente de escoamento superficial (C’). ........................37
TABELA 8 – Umidade do solo (mm de água/m de profundidade de solo). ...............37
TABELA 9 - Valores de K para aplicação no Método Suíço......................................41
TABELA 10 – Balanço Hídrico para o Município de Santa Maria..............................50
TABELA 11 Vazão medida na calha Parshall, quantidade de amostragens e
percolação.................................................................................................................55
TABELA 12 Estimativa da vazão de percolado através do Método do Balanço
Hídrico utilizando séries históricas longas.................................................................60
TABELA 13 – Percentual de erro para o Método do Balanço Hídrico utilizando séries
longas........................................................................................................................61
TABELA 14 Estimativa da vazão de percolado através do Método do Balanço
Hídrico utilizando séries históricas curtas. ................................................................62
TABELA 15 – Percentual de erro para o Método do Balanço Hídrico utilizando séries
curtas. .......................................................................................................................63
TABELA 16 Estimativa da vazão de percolado através do Método Racional
utilizando séries históricas longas. ............................................................................64
TABELA 17 Percentual de erro para o Método Racional utilizando ries históricas
longas........................................................................................................................65
TABELA 18 Estimativa da vazão de percolado através do Método Racional
utilizando séries históricas curtas..............................................................................66
TABELA 19 Percentual de erro para o Método Racional utilizando ries históricas
curtas. .......................................................................................................................66
TABELA 20 Estimativa da vazão de percolado através do Método Suíço utilizando
séries históricas longas. ............................................................................................68
TABELA 21 Percentual de erro para o Método Suíço para séries históricas longas.
..................................................................................................................................68
TABELA 22 Estimativa da vazão de percolado através do Método Suíço utilizando
séries Curtas. ............................................................................................................69
TABELA 23 Percentual de erro para o Método Suíço utilizando séries históricas
curtas. .......................................................................................................................70
TABELA 24 Resultado da avaliação quantitativa através dos Métodos empíricos
para séries longas e curtas e a vazão real medida na calha.....................................72
TABELA 25 Síntese dos resultados do monitoramento qualitativo para a média de
concentrações, desvio padrão, máximos e mínimos.................................................77
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Erros encontrados em Métodos empíricos de estimativa de vazões
para diversos autores................................................................................................34
QUADRO 2 - Condições básicas para a utilização do Método do Balanço Hídrico. .35
QUADRO 3 - Parâmetros e o respectivo modo de obtenção para otodo do
balanço hídrico..........................................................................................................36
QUADRO 4 – Características das Lagoas de Estabilização. ....................................43
QUADRO 5 – Síntese de algumas características da Sub-bacia e do Aterro. ..........47
QUADRO 6 - Parâmetros e o respectivo modo de obtenção para otodo do
Balanço Hídrico.........................................................................................................59
QUADRO 7 - Parâmetros e o respectivo modo de obtenção para o Método Racional.
..................................................................................................................................63
QUADRO 8 - Parâmetros e o respectivo modo de obtenção para o Método Suiço. .67
QUADRO 9 Armazenamento de água no solo (AS) em função da
evapotranspiração potencial acumulada [Σneg (I-EP)]. Solo Siltoso (Asc = 120 mm)
..................................................................................................................................90
QUADRO 10 Resultados dos parâmetros de qualidade da água analisados na
pesquisa....................................................................................................................92
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Tempo de vida útil de um aterro sanitário mostrando as tendências
gerais do desenvolvimento da qualidade do gás e do percolado..............................29
FIGURA 2 Principais fatores que influenciam no balanço hídrico de um aterro
sanitário.....................................................................................................................32
FIGURA 3 - Esquema generalizado da formação do líquido percolado. ...................32
FIGURA 4 – Avaliação de erros de vazão para o aterro da Muribeca - PE...............34
FIGURA 5 Sub-Bacia Hidrográfica do Arroio Ferreira, Santa Maria e o Rio Grande
do Sul. .......................................................................................................................44
FIGURA 6 Carta Hipsométrica da Sub-Bacia do Arroio Ferreira e o Aterro ao
centro. .......................................................................................................................45
FIGURA 7 – Aterro da Caturrita com sua área total e sua área de contribuição para o
balanço hídrico..........................................................................................................46
FIGURA 8 Calha Parshall instalada na saída do sistema de tratamento de
percolado...................................................................................................................49
FIGURA 9 – Curva de calibração de Calha Parshall e a respectiva equação da curva,
relacionando lâmina de água e vazão.......................................................................49
FIGURA 10 Pontos de monitoramento no sistema de tratamento e no corpo
receptor adotados no presente trabalho....................................................................51
FIGURA 11 – Bancada principal do Laboratório de Hidráulica e Saneamento –
LABHIDRO – Setor de Apoio ao Saneamento. .........................................................52
FIGURA 12 Coleta no ponto de monitoramento afluente ao sistema de tratamento
de percolado..............................................................................................................53
FIGURA 13 Vazão medida e o número de observações de vazões para cada mês.
..................................................................................................................................56
FIGURA 14 Percolação medida, série histórica de precipitação e diferença entre
precipitação e evapotranspiração para o período da pesquisa. ................................57
FIGURA 15 Relação entre a percolação medida e a série histórica de precipitação
no período da pesquisa.............................................................................................57
FIGURA 16 Comportamento hídrico utilizando séries longas de precipitação e
evapotranspiração.....................................................................................................58
FIGURA 17 Avaliação de erros dos Métodos do Balanço Hídrico, Racional e Suíço
para séries históricas longas.....................................................................................71
FIGURA 18 Avaliação de erros dos Métodos do Balanço Hídrico, Racional e Suíço
para séries históricas curtas......................................................................................71
FIGURA 19 – Resultados dos Métodos empíricos e a Vazão Real para séries longas.
..................................................................................................................................73
FIGURA 20 – Resultados dos Métodos empíricos e a Vazão Real para séries curtas.
..................................................................................................................................73
FIGURA 21 Eficiência de remoção de DBO e DQO pelo sistema de lagoas de
estabilização para o histórico de dados de coleta.....................................................75
FIGURA 22 Eficiência de remoção de DBO e DQO pelo sistema de lagoas de
estabilização excluindo o período atípico para o histórico de dados de coleta. ........76
FIGURA 23 – DBO do ponto Efluente e o padrão de lançamento SSMA 05/89. ......78
FIGURA 24 – DQO do ponto Efluente e o padrão de lançamento SSMA 05/89. ......78
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
A Area da Bacia Receptora da Chuva
AS Armazenamento de Água no Solo de Cobertura
AS Variação do Armazenamento de Água no Solo de Cobertura
C Coeficiente de Escoamento ou “Runoff” para o Método Racional
C’ Coeficiente de Escoamento Superficial
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio em 5 dias à temperatura de 20
o
C
DQO Demanda Química de Oxigênio
E Evaporação
EP Evaporação Potencial
ER Evaporação Real
ES Escoamento Superficial
FEPAGRO Fundação Estadual de Pesquisas Agropecuárias
G Vapor de Água que Sai com os Gases
i Intensidade Média da Chuva
I Infiltração
K Coeficiente Dependente do Grau de Compactação dos Resíduos
L Água que Sai como Percolado
OD Oxigênio Dissolvido
P Precipitação
PEAD Polietileno de Alta Densidade
PER Percolação
Q Vazão Superficial
QM Vazão Mensal
R Escoamento Superficial (Runoff)
R^2 Coeficiente de ajuste
SSMA Secretária de Saúde e Meio Ambiente
T Tempo
U
w
Água Vinda com o Lixo
U
w
Água Absorvida ou Retida pelo Lixo
U
s
Água Absorvida ou Retida pela Camada de Cobertura
wm Umidade dos Resíduos a serem Aterrados
S Capacidade de Campo Final do Aterro
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
AVALIAÇÃO QUALI-QUANTITATIVA DO PERCOLADO GERADO NO ATERRO
CONTROLADO DE SANTA MARIA – RS
Autor: Tiago Luis Gomes
Orientador: Carlos Ernando da Silva
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 30 de Maio de 2005
A questão de maior preocupação quanto à degradação ambiental em um sistema de
disposição de resíduos sólidos urbanos é a geração de percolado (lixiviado ou chorume). A
elevada carga poluidora presente no percolado é devido à presença de compostos de origem
orgânica e inorgânica formados durante a decomposição dos resíduos. O gerenciamento
inadequado deste percolado pode levar à poluição dos compartimentos ambientais, em
particular, o solo, águas superficiais e águas subterrâneas. Através do monitoramento do
sistema de tratamento por lagoas de estabilização é possível avaliar a eficiência do processo de
remoção de poluentes e estimar o impacto gerado no lançamento dos efluentes em um corpo
receptor. Neste trabalho, estudou-se o impacto ambiental gerado no Aterro Controlado da
Caturrita, localizado no município de Santa Maria RS, inserido na Sub-Bacia hidrográfica do
Arroio Ferreira, com área total de 374.435,72 m
2
, recebendo aproximadamente 150 ton/dia de
resíduos sólidos urbanos. Pelos Métodos Suíço, Racional e Balanço Hídrico, fez-se estimativas
de vazões de percolado aferidas por medições reais no local, determinando a metodologia
empregada na avaliação quantitativa do percolado gerado. Quanto à avaliação qualitativa, a
mesma consistiu no monitoramento compreendido entre Agosto de 2003 e Março de 2005,
apresentado características do percolado gerado durante a disposição dos resíduos sólidos e na
qualidade da água no corpo receptor do efluente do sistema de tratamento de percolado,
possibilitando determinar a eficiência do sistema das lagoas de estabilização, o impacto do
lançamento de efluentes e o estado de degradação atual do aterro. Nos resultados quantitativos,
utilizando gráficos de avaliação de erros para séries longas (dados de 34 anos para precipitação
e 29 para evapotranspiração) e curtas (entre Maio de 2004 e Abril de 2005 para a precipitação e
evapotranspiração), obteve-se para os Métodos do Balanço Hídrico, Racional e Suíço,
respectivamente, 31%, 13% e 34% de erros, considerando séries históricas longas de dados, e
48%, 21% e 76%, considerando séries históricas curtas de dados. Para os aspectos qualitativos
do percolado, quanto ao estado de degradação dos resíduos, com nível de confiança de 95% a
razão média encontrada entre DBO/DQO foi de 0,46±0,08 e para o pH igual a 7,9±0,14. A
eficiência média do sistema de tratamento foi de 69±11% na remoção da DBO e 58±10% para a
DQO. Em 92% das ocorrências o efluente apresentou valores de DBO acima do limite máximo
de 200 mg/L. Situação semelhante é observada para o parâmetro DQO, que apresenta um limite
máximo de 450 mg/L. O Método do Balanço Hídrico mostrou-se apto para utilização em
dimensionamentos de sistemas de tratamento de efluentes com erro médio calculado de 34%
acima da vazão real e se mostrando suscetível às tendências mensais reais. Os processos de
degradação do percolado no aterro da Caturrita encontram-se no fim da fase acidogênica final,
em virtude dos valores encontrados para razão DBO/DQO e pH, evidenciando o quanto ainda é
possível degradar de matéria orgânica. A eficiência média do sistema de lagoas de tratamento,
apresentou-se insuficiente, uma vez que a média de concentrão do local é de 390±91 mg/L
(ponto efluente) para a primeira e 1403±209 mg/L (ponto efluente) para a segunda, sendo que
para atender a Portaria 05/89 SSMA-RS seria necessário uma concentração inferior a 200 mg/L
para DBO e 450 mg/L para a DQO.
Palavras-chaves: Resíduos Urbanos, Aterro Controlado, Percolado, Balanço Hídrico, DBO e
DQO
ABSTRACT
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
QUALI-QUANTITATIVE EVALUATION OF LEACHATE GENERATED IN A
LANDFILL IN SANTA MARIA - RS
Author: Tiago Luis Gomes
Advisor: Carlos Ernando da Silva
Date and Place: Santa Maria, May 30, 2005
The subject of greater concern related to environmental degradation in a disposal system of
urban solid wastes is the leachate generation. The high pollutant power of leachate is due to the
presence of organic and inorganic composts formed during the decomposition of wastes. The
inadequate leachate management can pollute environmental sites, particularly the soil, surface
waters and groundwater basin. Through the verification of a system of treatment conducted by
stabilization ponds it is possible to evaluate the efficiency of the process responsible for the
removal of pollutants and to esteem the impact generated by the outflow in a receptor. This
evaluation aimed to study the environmental impact generated in Caturrita's Landfill, located in
Santa Maria – RS, which has a total area of 374435.72 m
2
and is part of the hidrographic Sub
basin of Arroio Ferreira, receiving approximately 150 ton/day of urban solid wastes. Through
Swiss, Rational and Balance Water Methods, leachate flows were estimated and checked by real
measurements which took place on the site, thus determining the methodology employed in the
quantitative evaluation of the leachate which was generated. The qualitative evaluation consisted
of a monitoring system that was conducted from August 2003 to March 2005. It presented
characteristics of the leachate generated during the disposal of solid wastes, as well as
characteristics of the quality of water in the outflow receptor of the system of treatment of
leachate. This evaluation enabled the determination of the effectiveness concerning the system
of ponds used for stabilization, together with the determination of the outflow impact and the
present degradation status of the landfill. The quantitative results were obtained through the use
of error graphs evaluation for long series (data gathered from 34 years of precipitation and 29
years of evapotranspiration) and short series (between May 2004 and April 2005 for precipitation
and evapotranspiration) and presented for the Balance Water, Rational and Swiss Methods, 31%,
13% and 34% of error rate, considering long historic series of data; and 48%, 21% and 76%,
considering short historic series of data. Regarding the qualitative aspects of leachate, more
precisely its degradation status (solid waste degradation), showing a confidence level of 95%, the
mean ratio found between BOD/COD was 0.46± 0.08 and concerning the PH it was 7.9 ± 0.14.
The mean effectiveness of the system of treatment was 69±11% when BOD was removed and
58±10% when COD was removed. In 92 % of the cases, the outflow presented BOD values
above the maximum limit of 200 mg/L. A similar situation is observed regarding the COD
parameter, presenting a maximum limit of 450 mg/L. The Balance Water Method proved to be apt
to be used in dimensioning processes of systems of treatment of outflows, showing a mean error
of 34% above the real flow and was susceptible to the real montly tendencies. The degradation
processes of leachate in Caturrita's Landfill were found in the end of the final acidogenic phase,
due to the values found for the ratio BOD/COD and the PH, enphasizing how much organic
matter is still possible to be degraded. The mean effectiveness of the system of ponds of
treatment was showed to be insufficient, considering that the mean concentration on the site is
390± 91mg/L (outflow site) for the first and 1403±209 mg/L (outflow site) for the second. In order
to meet the values indicated by law (Portaria 05/89 SSMA–RS), it would be necessary a
concentration inferior to 200 mg/L for BOD and 450 mg/L for COD.
Key-words: Urban Wastes, Landfill, Leachate, Balance Water, BOD and COD.
1. INTRODUÇÃO
As características de consumo da sociedade moderna instituíram problemas de
degradação ambiental por lançamentos cada vez maiores e indiscriminados de
dejetos líquidos, sólidos e gasosos, de origens comerciais, industriais ou residenciais
ao meio ambiente. A geração crescente de resíduos sólidos urbanos, associada a
uma falta de investimentos no setor de saneamento, leva à propagação da
disposição dos resíduos em locais como córregos, rios ou, ainda, terrenos distantes.
Em grande parte, estas disposições finais são desprovidas de técnicas adequadas
de tratamento, instituindo agravantes ambientais como a contaminação de
mananciais de águas superficiais e/ou subterrâneas.
O Brasil apresenta um quadro agravante no que tange à infra-estrutura de
serviços de saneamento, sendo o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos,
ainda incipiente na realidade nacional, especialmente no tocante à utilização de
sistemas adequados para a disposição final dos resíduos.
A questão de maior preocupação quanto à degradação ambiental em um
sistema de disposição de resíduos sólidos urbanos é a geração de percolado
(também denominado de lixiviado ou chorume). A elevada carga poluidora presente
no percolado é devida à presença de compostos de origem orgânica e inorgânica
formados durante a decomposição dos resíduos. O gerenciamento inadequado
deste percolado pode levar à poluição dos compartimentos ambientais, em
particular, o solo, águas superficiais e águas subterrâneas. Por este motivo, a
concepção e o controle de um sistema de disposição final de resíduos sólidos
urbanos em aterros sanitários devem contemplar, além dos aspectos operacionais
nos processos de aterramento, o conhecimento das características do percolado
gerado para o dimensionamento adequado do sistema de tratamento do mesmo.
Neste contexto, a avaliação da quantidade e das características químicas de
percolados gerados na disposição dos resíduos é uma etapa fundamental na busca
de conhecimento que permitam a redução do impacto ambiental gerado por esta
atividade. A literatura apresenta métodos empíricos para a determinação do balanço
hídrico em aterros sanitários, possibilitando, assim, a estimativa do volume de
percolado gerado e fornecendo informações necessárias para o projeto de sistemas
de tratamento do mesmo. Através do monitoramento do sistema de tratamento, é
possível avaliar a eficiência de remoção de DBO e DQO pelas lagoas de
19
estabilização e estimar o impacto gerado no lançamento dos efluentes em um corpo
receptor.
1.1. Objetivos
1.1.1. Objetivos Gerais
Avaliar a quantidade e a qualidade do percolado gerado no aterro controlado da
Caturrita em Santa Maria – RS.
1.1.2. Objetivos Específicos
i. Avaliar, entre os métodos empíricos do Balanço Hídrico, Racional e
Suíço, o mais adequado para estimar vazões de efluentes líquidos ao
meio ambiente no Aterro Controlado de Santa Maria - RS;
ii. Avaliar o grau de degradação dos resíduos e os padrões de lançamento
de efluentes, conforme as concentrações de DBO e a DQO;
iii. Analisar a eficiência de remoção dos poluentes do sistema de tratamento
de percolado.
Estes meios de estudo deverão contribuir para a melhoria dos sistemas de
gerenciamento e tratamento de resíduos sólidos urbanos para aterros sanitários,
controlados ou lixões, visto que investigações de balanço hídrico e de concentrações
de poluentes são raras no país.
20
1.2. Estrutura da Dissertação
O presente trabalho consiste de 6 capítulos, apresentados sucintamente a
seguir:
No capítulo 1, são apresentados os aspectos gerais da importância do
tratamento dos resíduos, definindo-se os objetivos a serem alcançados.
O capítulo 2 apresenta uma rápida discussão sobre a evolução das questões
de resíduos sólidos no Brasil, com base na literatura revisada, focando-se nos
processos de formação, composição, estabilização e volume de geração dos
líquidos.
No capítulo 3, apresenta-se a área onde foram realizados os estudos, com
suas respectivas caracterizações geográficas, geológicas e topográficas.
No capitulo 4 são descritos os materiais e métodos adotados na avaliação
qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos locais, juntamente com o impacto
devido ao lançamento de efluentes, a eficiência do tratamento do percolado pelas
lagoas e o estado atual de degradação do aterro.
No capítulo 5, os resultados quantitativos e qualitativos, referentes ao volume
gerado percolado com o emprego dos Métodos simplificados juntamente com a
qualidade da água para os parâmetros afins da pesquisa, discutidos e analisados.
No capítulo 6, apresentam-se as conclusões desta pesquisa e recomendações
para trabalhos posteriores.
Os autores e instituições consultados para proporcionar suporte a pesquisa são
citados no capítulo 7 das referências bibliográficas.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Resíduos Sólidos no Brasil
A geração dos resíduos sólidos cresce proporcionalmente com o aumento da
população e com o consumo de produtos que geram variedades cada vez maiores
de elementos descartáveis como plásticos, metais, papelões. A industrialização
moderna tornou as embalagens, em geral, como parte anexa do produto de
consumo, contribuindo para a maior geração de inertes nos depósitos de resíduos. A
composição dos resíduos sólidos urbanos é uma característica que está diretamente
relacionada aos aspectos quantitativos e qualitativos dos líquidos percolados
gerados durante a decomposição destes resíduos. A Tabela 1 apresenta a
composição gravimétrica média dos resíduos sólidos urbanos em algumas cidades
do Brasil e do mundo.
TABELA 1 – Composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos.
Resíduos (%)
Brasil
(1999)
Santa
Maria,
RS
(1999)
Porto
Alegre,
RS
(1994)
São
Carlos,
SP
(1989)
Caxias
do Sul,
RS
(1991)
Davis,
EUA
(1990)
Osaka,
Japão
(1989)
Matéria Orgânica 67,0 57,0 58,6 56,7 53,4 6,4 11,7
Papéis 19,8 20,0 21,3 21,3 21,0 41,0 35,7
Plásticos 6,5 8,0 8,4 8,5 8,9 10,7 20,3
Vidros 3,0 2,0 1,3 1,4 2,6 5,8 7,1
Metais 3,7 5,0 4,4 5,4 5,4 7,9 5,3
Outros - 8,0 6,0 6,7 8,7 28,2 19,9
Fonte: Ciência & Meio Ambiente (1999)
É possível verificar que, para o Brasil e em alguns de seus municípios, a
composição dos resíduos sólidos urbanos gerados é semelhante, devido presença
elevada de matéria orgânica, enquanto em cidades como Davis (EUA) e Osaka
(Japão) ocorrem baixos percentuais de matéria orgânica e elevadas gerações de
descartáveis. Desta maneira, pode-se refletir, a diferenciação entre paises
desenvolvidos e em desenvolvimento quanto à composição gravimétrica dos
resíduos.
A geração de resíduos sólidos e conseqüentemente disposição final
constituem-se em preocupações ambientais pelo seu potencial poluidor. O aumento
da população urbana brasileira, associado à carência de programas de
22
gerenciamento e investimentos públicos na área de saneamento, resulta em um
quadro merecedor de atenção em relação à destinação final dos resíduos sólidos no
Brasil.
Segundo pesquisas realizadas no início dos anos 90 (IBGE, 1991), a
disposição final dos resíduos sólidos urbanos a céu aberto (lixões ou vazadouros)
era praticada em 76% dos municípios brasileiros. A disposição em aterros
controlados era adotada em 13%, em aterros sanitários em 10% e outras formas
(compostagem, reciclagem e incineração) em 1% dos municípios. Esta situação
demonstra, de forma clara, o descaso do fluxo final dos resíduos.
Os resultados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 (IBGE, 2000)
demonstraram que o quantitativo dos resíduos coletados no Brasil apresenta um
valor de 228.413 ton/dia. Deste montante, 21% o dispostos em lixões, 37% em
aterros controlados, 36% em aterros sanitários e 6% em outros sistemas de
disposição final.
A Tabela 2 apresenta, de forma regionalizada, a situação da disposição final
dos resíduos sólidos em 2000.
Analisando a situação por regiões brasileiras, percebe-se que a Região Norte
apresenta a situação menos favorável. Se excluirmos o Estado do Amazonas que
apresenta maior preocupação com o destino de seus resíduos, de um total de 8.203
ton/dia coletadas, 5.951 ton/dia possuem destino impróprio, perfazendo
aproximadamente 73%. Por outro lado, a Região Sudeste possui a situação mais
favorável com aproximadamente 9,7% com destino inadequado.
Segundo Jucá (2003), a forma de apresentação dos dados do IBGE (2000)
sugeriu indícios favoráveis no que se refere à quantidade de resíduos vazados nas
unidades de destinação final. Os resultados apontam que aproximadamente 73% de
todo o resíduo coletado no Brasil estaria tendo um destino final adequado, em
aterros sanitários ou controlados, devido principalmente a contribuição da região
sudeste em 65% do total.
Porém quando se analisam as informações tomando-se por base o número de
municípios, o efeito não é tão favorável. Os resultados apontam que 63,1% dos
municípios depositam seus resíduos em lixões, ainda sim, houve uma melhoria em
relação a 1991, quando este percentual era de 76%. A forma de disposição final em
aterros sanitários aumentou de 10 % para 13,7 %.
23
TABELA 2 - Quantidade diária de lixo coletado, por unidade de destino final.
Vazadouro a
céu aberto
(lixão)
Vazadouro
em áreas
alagadas
Aterro
controlado
Aterro
sanitário
Outros
Brasil
228.413 48.322 233 84.576 82.640 12642,9
REGIÃO NORTE
Amazonas
2.864 328 12 2.425 28 72
Rondônia 692 538 - 122 32 -
Acre
539 269 - 27 243 -
Roraima 133 133 - - - -
Pará 5.182 3.725 43 372 1.008 35,1
Amapá
456 454 2 - - 0,4
Tocantins 1.202 833 - 189 159 21,6
TOTAL NORTE
11.067 6.279 56 3.134 1.469 129,1
REGIÃO SUDESTE
Minas Gerais
15.664 4.779 20 4.182 5.297 1387,4
Rio de Janeiro 17.447 4.825 20 4.578 7.328 695,8
São Paulo
105.582 3.238 47 56.565 38.587 7144,9
Espírito Santo 2.924 914 - 526 1.331 152,5
TOTAL DO SUDESTE 141.617 13.756 87 65.851 52.542 9380,6
REGIÃO NORDESTE
Piauí
2.431 1.244 40 1.057 91 -
Ceará 10.151 2.752 - 78 7.307 14,8
Rio Grande do Norte 2.374 715 5 1.426 220 7,5
Paraíba
2.894 2.691 - 94 67 41,6
Pernambuco 6.281 3.022 - 812 2.301 145,8
Alagoas
2.999 1.698 - 1.096 185 20
Sergipe 1.377 768 - 579 30 -
Bahia 10.398 5.314 - 871 4.090 123,4
Maranhão
2.653 1.839 - 59 740 14,2
TOTAL NORDESTE 41.558 20.044 45 6.072 15.030 367,3
REG. CENTRO-OESTE
Distrito Federal 2.567 - - 2.022 - 545,3
Mato Grosso do Sul
1.757 728 8 786 194 41
Mato Grosso 2.164 877 - 492 599 195,4
Goiás
7.809 1.526 - 1.385 4.760 138,3
TOTAL CENTRO-OESTE 14.297 3.131 8 4.684 5.553 920
REGIÃO SUL
Para 7.543 2.902 9 1.658 2.727 247,5
Santa Catarina
4.864 1.064 8 1.127 2.455 209,8
Rio Grande do Sul
7.468 1.147 20 2.049 2.864 1388,6
TOTAL SUL 19.875 5.112 37 4.834 8.046 1845,9
Brasil e Unidades da
Federação
Quantidade diária de lixo coletado (t/dia)
Total
Unidade de destino final do lixo coletado
Fonte: IBGE (2000).
24
A situação é mais grave nos municípios com população inferior a 20.000
habitantes. Nestes, que representam 73,1% dos municípios brasileiros, 68,5% dos
resíduos gerados, são vazados em locais inadequados (Jucá, 2003).
O problema gerado pelos resíduos sólidos urbanos apresenta impactos de
ordem ambiental, econômico e social.
Em termos ambientais, a disposição inadequada dos resíduos sólidos pode
contribuir para a poluição do ar, das águas, do solo, estética, bem como promover
impactos negativos sobre a fauna e flora dos ecossistemas locais. Em relação aos
aspectos sanitários, o principal problema está na proliferação de vetores capazes de
transmitirem diversas enfermidades ao homem, por diferentes vias de transmissão
(FNS, 1999).
Do lado econômico, a produção exagerada de resíduos e a disposição sem
critérios representam um desperdício de materiais e energia. Em condições
adequadas, estes materiais poderiam ser reutilizados, possibilitando o uso racional
dos recursos naturais, redução dos custos de tratamento, armazenamento e
disposição, bem como a redução dos riscos para a saúde e o meio ambiente.
Em termos sociais, a disposição descontrolada de resíduos sólidos traz como
conseqüência, o aparecimento de catadores, pessoas que em busca do valor
econômico, catam certos resíduos, efetuando a reciclagem informal do lixo,
expondo-se aos riscos de acidentes com materiais perfuro-cortantes e ao contato
direto com resíduos infectantes e/ou perigosos. Estes catadores encontram-se em
condições indesejáveis de trabalho, expostos a ambiente insalubre, e muitas vezes
passam a residir dentro ou próximos aos lixões, buscando também parte de sua
alimentação nos rejeitos orgânicos dispostos, acarretando, geralmente inúmeras
infecções diarréicas. Estes problemas de saúde pública tendem a se agravar à
medida que a urbanização e o desenvolvimento tecnológico produzam volumes
crescentes de resíduos sólidos, cada vez mais complexos e tóxicos. Todos estes
aspectos apresentados podem ser multiplicados, se os resíduos domiciliares forem
dispostos juntamente com os resíduos de serviços de saúde. Neste caso, as
possibilidades de contaminações ambientais podem ser aumentadas, pelo risco de
transmissão de enfermidades ampliadas com contato dos catadores com estes
materiais, tornando os mesmos, suscetíveis a doenças e contaminações, o mesmo
acontecendo em seu entorno, pela exposição da população a seus efeitos.
25
Na maioria dos municípios brasileiros, os serviços de coleta de resíduos
urbanos não atende minimamente às necessidades da população em termos de
área de cobertura, freqüência ou aos aspectos técnico-operacional e segurança do
trabalho.
Segundo Bernardes Junior et alii. (s.d.), apud Sisino & Oliveira (2000, p. 72), o
índice de potencialidade de impacto ambiental de um depósito de resíduos está
relacionado com cinco objetivos:
O depósito não deve causar problemas à saúde pública;
O depósito não deve causar incômodo a população;
O depósito deve ser bem operado;
A instalação deve ser compatível com o uso do solo na região;
O depósito não deve causar danos à ecologia.
Frente à realidade apresentada o depósito que atender aos aspectos positivos
dos 05 itens anteriores pode ser qualificado como aterro sanitário, contudo, não
ocorrendo os mesmos, os depósitos de resíduos brasileiros, principalmente nos
pequenos municípios, poderão apresentar degradação ambiental por emissão de
efluentes líquidos, estes denominados percolados, lixiviados ou chorume.
2.2. Líquidos Percolados, Lixiviados ou Chorume
Os resíduos sólidos se decompõem dando origem aos líquidos percolados, que
constituem um problema sério relativo à degradação ambiental.
Segundo Ehrig (1992), o lixiviado, percolado ou chorume pode ser
caracterizado como a parte líquida da massa de resíduos, que percola através
desta, carreando materiais dissolvidos ou suspensos, que constituirão cargas
poluidoras ao meio ambiente. Na maioria dos aterros sanitários, o chorume é
composto pelo líquido que entra na massa de resíduos, proveniente de fontes
externas, tais como: sistema de drenagem superficial, chuvas, lençóis freáticos,
nascentes e além daqueles resultantes da decomposição dos resíduos sólidos. A
sua formação se pela digestão da matéria orgânica, por ação de enzimas
produzidas por bactérias. A função dessas enzimas é solubilizar a matéria orgânica
para que a mesma possa ser assimilada pelas células bacterianas.
26
Segundo Oliveira & Pasqual (2000), os resíduos sólidos inicialmente agem
como uma esponja, absorvendo água até que o material atinja um teor de umidade
conhecido como capacidade de retenção. Qualquer acréscimo de água resulta na
percolação de igual quantidade da massa, carreando substâncias solúveis e nocivas
presentes na massa de resíduos.
Entretanto, Schalch (1984) apud Oliveira & Pasqual (2000), comenta que,
devido à heterogeneidade da massa de resíduos, poderá ocorrer percolação de
chorume antes que a capacidade de retenção seja atingida, pois alguns dos canais
da massa de resíduos podem não absorver no instante a água. Segundo o autor a
absorção do lixiviado é variável e depende das características do subsolo.
Oliveira & Pasqual (2000) ressaltam que o acréscimo do nível de água no local
do aterro gera dois efeitos indesejáveis: primeiro, considerando a Lei de Darcy, o
aumento da pressão do percolado irá aumentar a taxa de vazamento do líquido
percolado no local, agravando o risco de possível contaminação da água
subterrânea; segundo, em tais circunstâncias, o nível de água contaminada pode
alcançar o topo da escavação, com a conseqüente dispersão lateral e possível
ameaça às fontes da superfície.
Torres et alii (1997) apud Schneider et alii (2000), advertem que os mananciais
de água, passíveis de recebimento do chorume apresentam modificação de
coloração, depreciação de oxigênio dissolvido e contagem de patogênicos, levando
a impactos no meio aquático com quebra do ciclo vital das espécies.
Conforme Pessin et alii (2003), os lixiviados podem conter substâncias
extraídas dos resíduos, assim como substâncias produzidas por reações químicas e
pela ação biológica no interior do aterro. A composição dos lixiviados de aterros de
resíduos urbanos varia amplamente à medida que o processo de degradação
biológica evolui. A variabilidade na composição dos lixiviados pode ser observada
nos resultados do estudo desenvolvido por Pessin et alii (2003), onde são
apresentados diversos parâmetros de monitoramento para dois tipos de células-
piloto. Uma das células apresentando impermeabilizações de fundo, laterais e topo
com geomembrana PEAD e outra com argila, durante um período aproximado de
720 dias no município de Caxias do Sul - RS. Os resultados obtidos são mostrados
nas Tabelas 3 e 4.
27
TABELA 3 - Variação dos parâmetros monitorados nos lixiviados gerados em célula com
revestimento de argila.
Parâmetros monitorados nos Padrões de Lançamento –
lixiviados da Célula em argila Portaria 05/89 SSMA/RS
pH 5,3 8 entre 6,0 e 8,5
D.Q.O (mgO2/L) 110 31.510 450
D.B.O (mgO2/L) 52 19.170 200
Nitrogênio Total (mg/L) 135 474 10
Cádmio (mg/L) <0,01 <0,01 0,1
Cromo (mg/L) 0,01 0,19 0,5
Chumbo (mg/L) 0,01 0,07 0,5
Ferro (mg/L) 5,12 632,5 10
Zinco (mg/L) 0,17 0,84 1
Intervalos Observados
Mínimo Máximo
Fonte: Pessin et alii (2003).
TABELA 4 - Variação dos parâmetros monitorados nos lixiviados gerados em célula com
revestimento de PEAD.
Parâmetros monitorados nos Padrões de Lançamento –
lixiviados da Célula em PEAD Portaria 05/89 SSMA/RS
pH 4,5 7,1 entre 6,0 e 8,5
D.Q.O (mgO2/L) 500 23.900 450
D.B.O (mgO2/L) 262 11.100 200
Nitrogênio Total (mg/L) 99 351 10
Cádmio (mg/L) <0,01 0,004 0,1
Cromo (mg/L) 0,01 1,22 0,5
Chumbo (mg/L) 0,04 29 0,5
Ferro (mg/L) 41,7 267 10
Zinco (mg/L) 0,09 6,3 1
Intervalos Observados
Mínimo Máximo
Fonte: Pessin et alii (2003).
De acordo com o trabalho desenvolvido por Pessin et alii (2003), verificou-se
que a diferenciação do processo de digestão anaeróbia nas células se deve à
influência do tipo de cobertura final, fato que implica no contingente de águas a
infiltrar, e conseqüentemente na solubilização dos materiais, em virtude da
diferenciação entre os materiais empregados. Dentre os materiais estudados por
Pessin et alii (2003), a célula com argila como material de vedação do aterro,
apresentou concentração de poluentes, ligeiramente maior que a célula com
vedação de geomembrana de PEAD. Contudo, em ambos os materiais de cobertura,
a carga poluidora remanescente mostrou-se semelhante.
28
Segundo Christensen & Kjeldsen (1995), apud Kjeldsen (2002), o
comportamento dos processos de estabilização dos lixiviados pode se apresentar
como mostrado na Figura 1. As principais fases foram identificadas através de
observações de sistemas existentes. As fases subseqüentes de decomposição, em
que os resíduos tornam-se aeróbios está baseada em teorias especulativas, porque
nenhum dado de campo está disponível para documentar o começo de condições
aeróbias. Isto se deve ao fato que a maioria dos aterros sanitários monitorados
possuem menos de 30 anos, estando os mesmos na fase de metanogênese estável.
Os lixiviados de aterros jovens, nos quais predominam a fase ácida do
processo de estabilização dos resíduos, apresentam elevadas concentrações de
sólidos dissolvidos e matéria orgânica, além de traços de substâncias perigosas
provenientes de alguns componentes dos resíduos urbanos (Fuller et alii, 1979;
Augenstein & Pacey, 1991; Lema et alii, 1995; Pessin et alii, 1997; Pessin et alii,
2000; Kromann & Christensen, 1998 apud Pessin et alii, 2003).
É no contexto da fase inicial da operação de aterros o período crítico quanto a
emissões de poluentes, caso os sistemas de drenagem de águas pluviais e de
contenção de lixiviados não estejam concluídos ou sejam ineficientes. À medida que
o processo de degradação biológica evolui, as concentrações de matéria orgânica,
sólidos dissolvidos e outros componentes diminuem significativamente.
A Figura 1 também apresenta as tendências gerais do desenvolvimento da
qualidade do gás e do percolado.
De acordo com Ehrig (1992), nos processos bioquímicos de digestão da
matéria orgânica que esta presente nos resíduos, é o grau de concentração de
poluentes que possui maior importância para os volumes de percolado produzidos,
conseqüentemente apresentando-se como a principal carga poluidora.
Adicionalmente, a razão DBO/DQO reflete o grau de degradação dos lixiviados
no aterro sanitário, aterro ou aterro controlado. Os processos de reações
bioquímicas da fermentação ácida (fase aeróbia) são caracterizados por valores
superiores a 0,4 da razão entre DBO e DQO, indicando que uma grande parte da
carga orgânica pode decompor-se bioquimicamente de forma facilitada.
29
A
e
r
ó
b
i
a
I II III IV V VI VII
VIII
Á
c
i
d
a
M
e
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o
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A
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A
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l
o
20
60
100
Vol%
CH4 O2
CO2 H2 N2
20
60
100
NH4
Cl
DBO
Metal Pesado
DQO
Arquivo
Especulação
Fonte: Farquhar & Rovers (1973) apud Kjeldsen et alii (2002).
FIGURA 1 - Tempo de vida útil de um aterro sanitário mostrando as tendências gerais do
desenvolvimento da qualidade do gás e do percolado.
Na fase da fermentação metanogênica (fase anaeróbia), ao contrário, se
alcançam valores inferiores a 0,1 para a razão entre DBO e DQO, que indica que as
substâncias orgânicas possuem dificuldades para continuar sua degradação.
Estudos de Arruda (1995) apud Fleck et alii (2000), demonstraram que uma
relação DBO/DQO>0,4 para os líquidos percolados é indicativa de predominância da
fase ácida, enquanto que a mesma relação assumindo valor igual ou inferior a 0,4
indica predominância da fase metanogênica. Com isso, uma baixa relação
DBO/DQO indica que o tratamento biológico se ineficiente para remoções
adicionais de matéria orgânica, devendo ser adotado tratamento aeróbio ou físico-
químico.
Kjeldsen et alii (2002) verificaram que a composição do percolado é
dependente do estágio de degradação dos resíduos. Na fase ácida, a concentração
é alta devido ao aumento da matéria orgânica e ocorre formação da amônia. Na fase
metanogênica, o conteúdo significativo dissolvido da matéria orgânica decresce e a
composição da matéria orgânica modifica-se, indicado por baixas relações
DBO/DQO próximas de 0,1.
30
A Tabela 5 mostra a DBO e DQO observadas e avalia a relação DBO/DQO em
percolado de aterros sanitários que estão na fase de metanogênica.
TABELA 5 - Valores observados de DBO, DQO e relação DBO/DQO em amostras de percolado
de aterros sanitários na fase metanogênica.
DBO
(mg/L)
DQO
(mg/L)
DBO/DQO Referência
5,7 - 1100 76 - 6997 -
Variação da concentração em aterros sanitários na Alemanha
entre 21 e 30 anos de idade, (Krumpelbeck and Ehrig, 1999)
290 1225 0,24
Concentração média em aterros sanitários na Alemanha
entre 21 e 30 anos de idade, (Krumpelbeck and Ehrig, 1999)
44 320 0,11
Concentração média no aterro sanitário velho de Dunish,
(Kjeldsen e Christophersem, 2001)
39 398 0,10
Resultados obtidos do aterro sanitário Sandsfarm,
(Robinson, 1995)
11 190 0,06
Resultados obtidos do aterro sanitário Bishop Middleham,
(Robinson, 1995)
38 517 0,07
Resultados obtidos do aterro sanitário Odsal Wood,
(Robinson, 1995)
1,0 53 0,02
Resultados obtidos do aterro sanitário East Park Drive,
(Robinson, 1995)
2,5 64 0,04
Resultados obtidos do aterro sanitário Marton Mere,
(Robinson, 1995)
180 3000 0,06
Concentração média do percolado na fase metanogênica,
(Ehrig, 1988)
Fonte: Kjeldsen (2002).
Contudo, algumas observações são importantes, como a influência climática,
onde em países de clima temperado a velocidade de reação para a degradação e
remoção da matéria orgânica e inorgânica do percolado é menor.
Para a realidade brasileira, onde o clima é tropical, esta mesma velocidade de
reação é maior, possuindo o país um sistema natural de tratamento de lixiviados
quando submetidos à irradiação solar em lagoas de estabilização, como acontece
em muitos casos.
Na Tabela 6 são apresentados características dos lixiviados de aterros
sanitários e lixões, por avaliação de DBO e DQO em alguns municípios brasileiros.
31
TABELA 6 - Características dos lixiviados em alguns municípios brasileiros.
259,1 1432,1 ponto de pior situação
1039 14286 lixão abandonado
235 1250 lixão abandonado
34200 65600 no aterro sanitário
15000 - 50000 21000 - 78000 no aterro sanitário
100 - 8000 300 - 16500 saída filtro anaeróbio
- 78250 no aterro sanitário
DBO (mg/L) DQO (mg/L) Observação
Extrema Porto Alegre - RS
Bauru - SP
Local
Bibliografia Clareto (1997) e Held (1996)
Capão da Canoa - RS
Aguazinha - PE
Muribeca - PE
Metropolitano Recife - PE
Fonte: Germano et alii (2002).
2.3. O Volume de Percolado Gerado
Conforme Ehrig (1992) e Lechner (1994), o volume de lixiviados produzido em
aterros sanitários, controlados ou lixões depende dos seguintes fatores:
Precipitação na área do aterro: será a lâmina de água, precipitada nesta área,
que determinará os volumes de lixiviados potenciais de contaminação;
Escoamento superficial: a operação ideal consistiria na condução através de
drenagens para pontos mais baixos e para fora da área de resíduos;
Infiltração subterrânea: no caso de aterros sanitários tecnicamente bem
concebidos, não deverá existir infiltração subterrânea;
Umidade natural da massa de resíduos: quanto maior a umidade, maior será
o grau de geração de lixiviados;
Grau de compactação dos resíduos: resíduos que sofrem compactação
periódica por trator de esteira em um aterro controlado por exemplo, liberam
maior quantidade de percolado do que aqueles dispostos soltos nos aterros
ou lixões;
Capacidade de retenção de umidade no solo: o solo que apresenta grande
capacidade de reter umidade propicia a saturação da zona permeável com
maior rapidez, por conseqüência, o escoamento na superfície do mesmo será
em maior intensidade e infiltração nula, que foi atingida a capacidade de
campo.
Segundo Fiúza (2000), a qualidade da operação de um aterro interfere na
quantidade de chorume produzido. O cuidado operacional com o recobrimento
32
P
ET
INFILTRAÇÃO
RESÍDUOS (S)
PER
RO
RO
G G
adequado pode, decididamente, diminuir a quantidade de chorume a ser gerado,
mesmo nas condições de chuvas intensas.
A Figura 2 aborda alguns dos principais fatores que influenciam no balanço
hídrico de um aterro sanitário.
Fonte: Lechner (1994).
FIGURA 2 – Principais fatores que influenciam no balanço hídrico de um aterro sanitário.
Para Lins & Jucá (2003), o fluxo de percolado é importante para a avaliação do
sistema de coleta e tratamento de efluentes nos aterros.
A Figura 3 apresenta um esquema generalizado da formação do líquido
percolado e a Equação 1 mostra a fórmula algébrica geral de como seria o balanço
hidrológico em uma célula de aterro (Farquhar, 1981).
Fonte: adaptado de Farquhar (1988).
FIGURA 3 - Esquema generalizado da formação do líquido percolado.
PER = Percolação no sis
tema coletor;
P = Precipitação;
RO = Runoff;
ET = Evapotranspiração;
G = Umidade natural do solo;
S = Umidade dos resíduos.
33
GSETROPPER
+
=
(1)
De forma semelhante Yuen et alii (1997), propõe a formulação para o balanço
hídrico, onde a umidade natural do solo e a umidade dos resíduos é agregada no
termo S da Equação 2.
SETROPPER
+
=
(2)
Alguns modelos matemáticos tais como o “Hydrologic Evaluation Landfill
Performance” - HELP, o FULLFILL, o SOILINER (todos estes baseados no Método
do Balanço Hídrico – WBM - da Agência de Proteção Ambiental dos Estados
Unidos), foram desenvolvidos para a estimativa da geração de percolado, além de
outros que proporcionam soluções numéricas unidimensionais, utilizando como
ferramenta o método de diferenças finitas (Ledesma et alii, 2000).
Yuen (1999) evidencia os vários modelos de balanço hídrico que estão
registrados na literatura. Alguns exemplos são o WBM (Fenn et alii, 1975), HSSWDS
(Perrier and Gibson, 1981), LSM (Meeks et alii, 1989), e o modelo mais utilizado o
“HELP” (Schroeder et alii, 1994; Peyton and Schroeder, 1988).
Jang et alii (2001), utilizaram o HELP para simular o fluxo de lixiviados no aterro
sanitário de Kimpo, na Koréia do Sul. Os autores verificaram que, para séries
históricas mensais e anuais longas, e com os aterros não mais em operação, o
modelo matemático possui boa precisão, apresentando um erro de 0,4%. O
resultado mostrou que os esforços se fazem válidos quando disponibilidade de
dados e condições favoráveis para o emprego do modelo como um aterro
tecnicamente bem concebido.
Em trabalhos de diversos autores como Correia Sobrinho & Azevedo (1999),
Capelo Neto (1999), Castro (2001), Medeiros et alii (2002) apud Jucá (2003), vários
estudos procuram fazer uma estimativa da geração do percolado. todos
empíricos foram utilizados para estimar o volume de percolado em aterros sanitários.
Os Métodos Suíço, Racional e do Balanço Hídrico destacaram-se em trabalhos de
Lins e Jucá em (2003) no aterro da Muribeca - PE. Para avaliação dos erros de cada
método empírico utilizado, os autores adotaram uma relação entre a vazão medida
34
no local (Aterro da Muribeca) e a vazão estimada pelos métodos, como ilustrado na
Figura 4.
Fonte: Lins (2003).
FIGURA 4 – Avaliação de erros de vazão para o aterro da Muribeca - PE.
No Quadro 1 são apresentados os diferentes erros obtidos por diversos
autores em pesquisas de vazão estimada por emprego de Métodos empíricos:
QUADRO 1 Erros encontrados em Métodos empíricos de estimativa de vazões para diversos
autores.
Autor / Método Balanço Hídrico Racional Suíço
Capelo Neto et alii (1999)
80 vezes superior à
vazão real
-
84 vezes superior à
vazão real
Castro (2001)
44% abaixo da
vazão real
40% acima da
vazão real
58% acima da
vazão real
Jucá (2003) 57,8% 46,5% 39%
Lins (2003)
25,91% abaixo da
vazão real
34,42% abaixo da
vazão real
64,14% abaixo da
vazão real
Hamada (1997); Leite et alii (1982) e Bengtsson et alii (1993), estudaram a
produção de percolado e propuseram modelos para prevê-lo, ainda assim, tal
previsão continua uma tarefa difícil e imprecisa devido ao grande número de
variáveis envolvidas e a diferença entre os locais de elaboração dos modelos e os
de aplicação (Capelo Neto et alii, 1999).
A seguir, apresentam-se as formulações dos principais métodos empíricos
utilizados na estimativa da geração de percolados em aterros sanitários,
anteriormente referenciados.
35
2.3.1. Método do Balanço Hídrico
É um método, segundo Capelo Neto et alii (1999), baseado no balanço hídrico
de aterros sanitários, desenvolvido por Fenn et alii (1975), podendo ser empregado
quando se dispõe de dados necessários e quando o tamanho do aterro justificar o
esforço de cálculo. O Quadro 2 apresenta as condições básicas para a utilização do
Método do balanço hídrico.
QUADRO 2 - Condições básicas para a utilização do Método do Balanço Hídrico.
1
Cobertura com solo de 60 cm de espessura e inclinação entre 2 a 4%.
2
Área de cobertura reservada para recobrimento com vegetação.
3
Infiltração no aterro proveniente somente de precipitação incidente.
4
Características hidráulicas do lixo e do material de cobertura uniformes.
5
Adição de umidade se dá somente após o fechamento de trincheira.
Área da trincheira bem maior que sua profundidade, ou seja,
movimento de água somente no sentido vertical.
6
Fonte: Adaptado de Fenn et alii (1975) apud Neto et alii (1999).
Conforme Lins & Jucá (2003), este é um Método que permite estimar o
percolado baseado em um fluxo unidimensional, na conservação de massa, e nas
características de transmissão e retenção da cobertura do solo. A precipitação e a
evaporação podem ser obtidas a partir de boletins meteorológicos. Enquanto que o
escoamento superficial, a infiltração e o armazenamento são obtidos empiricamente,
com o auxílio de tabelas.
De acordo com os autores acima, a obtenção da estimativa de vazão de
percolado e os parâmetros meteorológicos e outros dados utilizados neste Método
podem ser verificados no Quadro 3, Tabela 7 e Tabela 8:
36
QUADRO 3 - Parâmetros e o respectivo modo de obtenção para o Método do balanço hídrico.
PAMETROS MODO DE OBTENÇÃO
Precipitação (P) Boletins Pluviométricos.
Evaporação Potencial (EP) Boletins Hidrometeorológicos.
Escoamento Superficial (ES)
Valores empíricos tabelados que dependem
do tipo de solo e sua declividade (ES = C' x P).
Infiltração (I)
Obtido através da subtração da Precipitação
pelo Escoamento Superficial.
I – EP (1)
Diferença entre a água que infiltra e a que
evapora.
S (NEG (I – EP)) (2)
Calculado somando os valores negativos
de (I – EP).
Multiplicando-se o valor disponível da água p/ cada
solo pela espessura deste, quando (I-EP) > 0.
Quando o solo estiver abaixo da capacidade de
campo, (I-EP) < 0, obtém-se AS empiricamente.
Variação no armazenamento de
água no solo ( AS)
Diferença entre a água armazenada no solo, de
um mês para o outro ( AS = ASn – ASn-1).
Evaporação real (ER)
Quando (I – EP)> 0, então ER = EP e
quando (I – EP)<0, então ER = [EP + (I – EP) - AS].
Percolação em mm (PER) PER = P – ES – AS – ER.
Vazão mensal em L/s (QM) QM = (PER x ÁREA DO ATERRO)/2592000
Armazenamento de Água no
Solo de cobertura (AS) (3)
Fonte: Adaptado de Fenn et alii (1975) apud Capelo Neto et alii (1999).
Observações:
(1) Um valor negativo deste item indica perda potencial de água no solo e
um valor positivo indica uma recarga de água no solo de cobertura.
Quando a capacidade de campo do solo é atingida, esta água passará
a percolar através da massa de lixo.
(2) São adicionados os valores negativos de (I-EP) a partir do ultimo mês
que apresente valor positivo deste parâmetro.
(3) Quantidade de água que pode ser retida no solo e que influencia no
fluxo de percolado. Depende basicamente do tipo, estrutura,
capacidade de campo e profundidade do solo.
37
TABELA 7 – Valores do coeficiente de escoamento superficial (C’).
Estação Seca Estação Úmida
0 a 2% 0,05 0,10
2 a 7% 0,10 0,15
0 a 2% 0,18 0,17
2 a 7% 0,18 0,22
Coeficiente C'
Arenoso
Argiloso
DeclividadeTipo de Solo
Fonte: Fenn et alii (1975) apud Capelo Neto et alii (1999).
TABELA 8 – Umidade do solo (mm de água/m de profundidade de solo).
Capacidade de Ponto de Água
Campo (mm/m)
Murchamento (mm/m)
Disponível (mm/m)
Arenoso
200 50 150
Siltoso
300 100 200
Argiloso
375
125
250
Tipo de Solo
Fonte: Fenn et alii (1975) apud Capelo Neto et alii (1999).
Quando ocorrência de meses com déficit hídrico, no Quadro 9 do Anexo - A
é fornecido a quantidade da perda de água armazenada em função da perda
potencial de água acumulada para uma camada, considerando solo siltoso.
Supondo que não haja infiltração representativa de percolado pelas paredes
laterais nem pelo fundo das trincheiras, pode-se expressar a relação do balanço
hídrico (água que entra é igual à água que sai, adicionada a água retida),
matematicamente desta forma, conforme a Equação 3 de Blight et alii (1997) apud
Capelo Neto et alii (1999):
sww
UURLGEUP
+
+
+
+
+
=
+
(3)
em que:
P = Precipitação;
U
w
= Água vinda com o lixo (contribui apenas uma vez no balanço hídrico);
E = Evaporação;
G = Vapor de água que sai com os gases;
L = Água que sai como percolado;
38
R = Escoamento superficial (runoff);
U
w
= Água absorvida ou retida pelo lixo;
U
s
= Água absorvida ou retida pela camada de cobertura.
Conforme Capelo Neto et alii (1999), em um balanço hídrico anual, o termo
U
w
continuará a ser positivo e L será zero até que a capacidade de campo seja
atingida. Neste momento, o resíduo não absorverá mais água e o termo U
w
desaparecerá, aparecendo L em seu lugar.
Com o mesmo intuito, cita-se o trabalho realizado por Parsons (1995), apud
Gariglio (2003) que propõe uma equação para o balanço hídrico assumindo
desprezíveis a quantidade de água gerada nos processos de digestão da matéria
orgânica e a quantidade perdida na forma de vapor juntamente com os gases. As
premissas deste modelo são referenciadas a seguir.
O balanço hídrico pode ser positivo ou negativo, ou seja, pode gerar ou não
efluentes líquidos em quantidade significativa, em um dado tempo. Assim, os aterros
podem ser subdivididos em: Aterros com balanço hídrico positivo (Aterros
Saturados) e Aterros com balanço hídrico negativo (Aterros Não Saturados). Pode-
se fazer uma aproximação em relação a algumas características que deverá possuir
um aterro e sua área de implantação:
Precipitação x Evapotranspiração: Se a precipitação for maior que o grau
de evaporação na região do aterro, pode-se considerar que o mesmo
será saturado. Caso contrário, com a evaporação superando os índices
de precipitação na região do aterro, este não produzirá líquidos lixiviados
em quantidades preocupantes, sendo classificado como não saturado.
Escoamento superficial: Caso o aterro analisado possua um bom
sistema de drenagem superficial e uma boa compactação do solo de
cobertura das camadas intermediárias, pode-se considerar que até 12%
do volume precipitado sobre o aterro será escoado superficialmente e
não contribuirá para a formação de líquidos lixiviados.
Capacidade de Campo: Considerando um bom grau de compactação
dos resíduos e das camadas intermediárias, a capacidade de campo
pode ser maior e conseqüentemente, o aterro irá reter mais água,
produzindo menos líquido lixiviado.
39
Adotando a equação proposta por Parsons (1995), apud Gariglio (2003),
considera-se para avaliar as condições climáticas em que ocorrerá pouca ou
nenhuma geração de líquido lixiviado, a seguinte equação:
wmSERP
+
+
=
(4)
em que:
P = Média de precipitação anual em milímetros de chuva;
R = Quantidade de água de chuva que escoa superficialmente;
E = Grau de evaporação em relação ao total precipitado;
S = Capacidade de campo final do aterro.
wm = Umidade dos resíduos a serem aterrados;
2.3.2. O Método Racional
Segundo Wilken (1978) apud Castro (2001) e citado por Lins (2003), o cálculo
da vazão superficial por este Método baseia-se em três parâmetros: área da bacia
de contribuição; intensidade e duração das chuvas, e o coeficiente de escoamento,
conforme a equação abaixo:
AiCQ ..
=
(5)
em que:
Q = vazão superficial máxima (L/s ou m
3
/s);
C = coeficiente de escoamento ou “runoff”, relação entre o pico de vazão e a
chuva média sobre a área receptora;
i = intensidade média da chuva (L ou m
3
por ha.s);
A = área da bacia receptora da chuva (ha).
Para se obter a parcela da precipitação que infiltra, deve-se subtrair o volume
total precipitado sobre a área do aterro, do volume escoado, que é calculado pelo
Método racional dentro do mesmo intervalo de tempo. Devendo, deste resultado,
subtrair a parcela de água evapotranspirada. Tem-se, portanto, a expressão
algébrica mostrada a seguir:
40
[
]
t
AEPESP
Q
.)(
= (6)
em que:
Q = Vazão do percolado em litros por segundo;
P = Precipitação média mensal, em milímetros;
EP = Evaporação Potencial, em milímetros;
A = Área de contribuição em metros quadrados;
t = Número de segundos em 1 mês (2592000 s);
ES = (P . C) = Escoamento superficial, em milímetros;
C = Coeficiente de escoamento superficial ("run-off", adimensional) que foi de
0,3, no estudo de Lins & Jucá (2003).
2.3.3. O Método Suíço
Este Método tem uma formulação simplificada, não sendo considerada a
evapotranspiração potencial, como descrito por Lins & Jucá (2003).
Capelo Neto et alii (1999) ressaltam que a aplicação do Método Suíço é
simples, contudo deixa a desejar na precisão.
Conforme Orth (1981) apud Neto et alii (1999), a expressão para a aplicação
do todo Suíço, no qual se estima a vazão de percolado é mostrada a seguir. Os
valores de K para aplicação do Método são apresentados na Tabela 9.
t
KAP
Q
..
= (7)
em que:
Q = Vazão média do percolado em litros por segundo;
P = Precipitação média mensal (mm);
A = Área total do aterro (m
2
);
t = Número de segundos em 1 mês que é de 2592000 segundos;
K = Coeficiente que depende do grau de compactação dos resíduos sólidos
urbanos. Foi considerado para o estudo de Lins & Jucá (2003) K = 0,5.
41
TABELA 9 - Valores de K para aplicação no Método Suíço.
Tipo de Aterro Peso Específico do Lixo
K
Aterros Fracamente Compactados 0,4 a 0,7 ton/m³ 0,25 a 0,50
Aterros Fortemente Compactados Acima de 0,7 ton/m³ 0,15 a 0,25
Fonte: Orth (1981) apud Capelo Neto et alii (1999).
3. ÁREA EM ESTUDO: ATERRO CONTROLADO DA CATURRITA
O Aterro Controlado da Caturrita insere-se no contexto da sub-bacia
hidrográfica do Arroio Ferreira, fazendo parte do município de Santa Maria RS,
como apresentado na Figura 5.
A sub-bacia hidrográfica do Arroio Ferreira, mostrada mais detalhadamente na
Figura 6, apresenta uma área de drenagem de 5.207,72 ha, que se intercalam entre
as zonas industriais, urbanas e rurais. O Arroio Ferreira, principal rio da sub-bacia,
possui uma extensão de 18.735 m e é afluente do Arroio Picadinho, cujas águas
deságuam no Arroio Arenal, conseqüentemente no Rio Vacacaí, que por sua vez
deságua no Rio Jacuí, desembocando no Rio Guaíba, fazendo parte da Bacia do
Sudeste.
A área onde está instalado o aterro encontra-se posicionada entre as
coordenadas 29º39’43” de latitude Sul e 53º52’30” de longitude Oeste do meridiano
de Greenwich, com cotas altiméricas entre 76 e 98m (Topographia & Planejamento
Rural S/C Ltda, 1999). Esta área está situada no Bairro Caturrita, aproximadamente
7 Km do centro da cidade de Santa Maria. O Aterro Controlado da Caturrita possui
uma área total de 374.435,72 m
2
e sua área de contribuição para o balanço hídrico é
de 37.429 m
2
(Figura 7).
Conforme dados da Secretaria Municipal de Gestão Ambiental de Santa Maria,
a atual área de disposição de resíduos sólidos é utilizada cerca de 20 anos.
Inicialmente, a Prefeitura Municipal operava o sistema de coleta e disposição dos
resíduos com ausência de técnicas de engenharia para seu tratamento. Nos últimos
anos o serviço foi terceirizado, culminado em melhores técnicas de tratamento e
disposição final, entretanto ainda insuficientes para transformar o local em um Aterro
Sanitário. Atualmente, o aterro recebe aproximadamente 150 ton/dia de resíduos
sólidos urbanos.
Dentro da área do aterro estão dispostas as lagoas de tratamento de
percolado, onde parte da concentração de afluentes provenientes do aterro, são
removidos por este sistema de estabilização.
As características das lagoas são mostradas no Quadro 4.
43
QUADRO 4 – Características das Lagoas de Estabilização.
Lagoas
Largura
(m)
Comprimento
(m)
Área
(m
2
)
Volume
(m
3
)
Detenção
Hidráulica (dias)
1
Lagoa 01 – Afluente 16 38 608 1064 5
Lagoas 02 - Intermediária 28,5 62 1767 3092 50
Lagoas 03 - Efluente 17 38,4 653 1142 5
Considerando que ocorrem perdas de 10% no volume das lagoas em função
da declividade dos taludes, o volume útil das três lagoas ficaria em 4769 m
3
.
A profundidade nas lagoas é de 1,75 m, inclusive da lagoa de polimento que
não esta apresentada no Quadro 4, sendo que esta lagoa é responsável unicamente
pela devolução dos líquidos ao meio ambiente, no caso, encaminhando os efluentes
do sistema de lagoas ao Arroio Ferreira.
As lagoas 01, 02 e 03 apresentam impermeabilização com geomembrana de
PEAD, enquanto que a constituição da lagoa de polimento é de argila.
A seleção da área em estudo para o balanço hídrico obedeceu a critérios que
correspondessem ao emprego da melhor técnica para que se obtivesse os
resultados mais precisos. O local escolhido possuía drenagens sub-superficiais e
perimetrais ao aterro, sendo estas responsáveis pela condução do percolado até as
lagoas de tratamento. Desta maneira, as lagoas conduziriam percolado tratado até o
Arroio Ferreira, passando pela calha Parshall, onde se faria a medida da vazão real.
1
O tempo de detenção hidráulica é baseado nas referências apresentadas pela empresa que projetou e atualmente faz a
operação do aterro. O trabalho que serviu como fonte foi o Projeto Executivo do Aterro Controlado para Resíduos Sólidos
Domésticos, elaborado pela empresa PRT – Prestação de Serviços, em Janeiro de 2003 e cedido pela Prefeitura Municipal de
Santa Maria.
44
Fonte: Dutra (2001)
FIGURA 5 – Sub-Bacia Hidrográfica do Arroio Ferreira, Santa Maria e o Rio Grande do Sul.
ESCALA: 1/350.000
ESCALA: 1/1.800.000
45
N
218
220 222
224 226
228
216
6708
6710
6714
6712
6716
6718
6720
REDE DE DRENAGEM
FERROVIAS E ESTRADAS
> 380
300 - 380
220 - 300
140 - 220
< 140
FONTE: CARTA TOPOGRÁFICA DE SANTA MARIA/RS - FOLHA SH 22-V-C-IV-1
ELABORAÇÃO: DENECIR DE ALMEIDA DUTRA
ESCALA GRÁFICA
1000
0
1000
2000 3000
4000 m
ESCALA 1:50.000
CARTA HIPSOMÉTRICA DA SUBBACIA
DO ARROIO FERREIRA
ATERRO CATURRITA
Fonte: Carta Topográfica do Exército – Folha SH 22-V-C-IV-1 apud Dutra (2001).
FIGURA 6 – Carta Hipsométrica da Sub-Bacia do Arroio Ferreira e o Aterro ao centro.
46
²
Fonte: Topographia & Planejamento Rural S/C Ltda (1999).
FIGURA 7 Aterro da Caturrita com sua área total e sua área de contribuição para o balanço
hídrico.
Nos aspectos climáticos, trata-se de uma região subtropical de chuvas durante
quase todo o ano. Este clima possui uma taxa de precipitação pluviométrica anual
excedendo a evapotranspiração para séries longas de dados.
A temperatura média anual é de 18,8ºC, variando no intervalo de 12,9ºC a
24,6ºC, para médias mensais e absolutas superiores a 30ºC no verão e inferiores a
5ºC no inverno (Barros Sartori, 1979 apud Robaina et alii, 2002).
Quanto à vegetação, em estudos encomendados pela Prefeitura Municipal de
Santa Maria (Áreas para Instalação de Aterro Sanitário, 2001), na localidade
apresentam-se: grama forquilha (Paspalum notattum), carqueja (Baccharis trimera),
47
e alecrim do campo (Vernonia nudiflora), ocorre também as touceras do Cynodon
dactylon.
Robaina et alii (2001) pesquisaram áreas para instalação de aterros sanitários,
trazendo algumas referências quanto ao uso e ocupação do solo na bacia do Arroio
Ferreira, sendo estes baseados na pecuária extensiva, com criação de gado bovino
ocupando os campos nativos da região. Em algumas propriedades existem lavouras
de pastagens, com o cultivo de azevém, utilizadas para a criação do gado bovino,
variedades de cana de açúcar, milho, feijão, entre outros cultivares. Todas estas
lavouras têm finalidade de subsistência familiar, assim como a própria pecuária.
Para a constituição do solo, em trabalhos “in loco” a empresa responsável pela
operação da área realizou, em 2003, sondagem com profundidade de 8,21m
obtendo silte argiloso com pouca areia fina para as amostras. Pinheiro et alii (2002)
e Robaina et alii (2001) confirmaram em seus trabalhos as características
apresentadas de geomorfologia e pedologia do solo da região do aterro, constituindo
em formação Santa Maria de siltitos argilosos. A argila montmorilonita é a mais
corriqueira, possuindo a área alta densidade de drenagem em decorrência dos
valores muitos baixos de condutibilidade hidráulica. As características supracitadas
mostram a possibilidade de condição inadequada para instalação de
empreendimentos vultuosos neste tipo de solo, tornando a questão apegada o
apenas a rede de drenagem, mas também a constituição do solo.
O Quadro 5 apresenta uma síntese das informações apresentadas
anteriormente.
QUADRO 5 – Síntese de algumas características da Sub-bacia e do Aterro.
Área da Sub-Bacia Hidrográfica Arroio Ferreira 5.207,72 Ha
Extensão do Rio Principal da Sub-Bacia 18.735,78 m
Coordenadas do Aterro Controlado Latitude: 29º39’43” – Longitude: 53º52’30”
Área total do Aterro Controlado 374.435,72 m
2
Área utilizada no Balanço Hídrico 37.429 m
2
= ~10% da área total
Quantidade de Resíduos disponibilizada 150 ton/dia
Período de atividade 20 anos
Distância do Centro do Município 7 Km
Cota Altimétrica Entre 76 e 98m
Constituição predominante do solo Silte Argiloso
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Avaliação Quantitativa do Percolado Gerado
A metodologia utilizada na avaliação da quantidade de percolado gerado no
Aterro Controlado da Caturrita consiste na utilização de vazões estimadas que
correspondessem à realidade do local e também medições reais da vazão para
aferição dos modelos.
Os métodos avaliados na estimação teórica das vazões de percolado foram os
Métodos Suíço, Racional e do Balanço Hídrico, com séries históricas longas e
curtas. As séries longas compreendem dados de precipitações de 34 anos e
evapotranspiração de 29 anos. Nas séries curtas, os dados de precipitação e
evapotranspiração foram considerados durante período de realização do estudo, ou
seja, no período de Maio de 2004 e Abril de 2005. A metodologia de cálculo dos
métodos empíricos é apresentada no capítulo 2.
Os dados de Precipitação para séries longas foram obtidos da estação da
Fepagro Florestas do Distrito de Boca do Monte, sendo os mesmos mensais e
compreendidos entre 1970 e 2004, enquanto que os parâmetros de
Evapotranspiração foram obtidos da Embrapa através da estação meteorológica
83936 do 8
o
distrito de Meteorologia (29°42' Sul de latitude, 053°42' Oeste de
longitude e altura de 95 m), estação tipo convencional. Os dados obtidos
corresponderam ao período entre 1961 e 1990. Para as séries curtas, utilizaram-se
dados da Fepagro entre Maio e Dezembro de 2004 e do INMET entre Janeiro e Abril
de 2005. Ambas as séries utilizam médias mensais para os históricos de dados.
Para aferir os dados estimados de vazão pelos métodos simplificados, foram
realizadas medições esporádicas de vazões entre Maio e Agosto de 2004, enquanto
a partir de Setembro de 2004 foram realizadas duas medições diárias de vazão, uma
pela manhã outra à tarde, de Segunda a Sábado, excluindo Domingos e Feriados.
As medições de vazão foram realizadas na saída do sistema de tratamento de
percolados (lagoas de estabilização), devido à lagoa afluente na época da instalação
da calha possuir dois ramais de entrada. Utilizou-se uma calha Parshall, 3
polegadas, em fibra de vidro, como apresentada na Figura 8. Fazia-se à leitura da
lâmina de água, em centímetros, e posteriormente convertia-se em vazão através da
curva de calibração com sua respectiva equação, conforme Figura 9.
49
FIGURA 8 – Calha Parshall instalada na saída do sistema de tratamento de percolado.
y = 8,5902x
1,5363
R
2
= 0,9996
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0 5 10 15 20 25 30
Lâmina D'água (cm)
Vazão (m
3
/dia)
FIGURA 9 Curva de calibração de Calha Parshall e a respectiva equação da curva,
relacionando lâmina de água e vazão.
Segundo dados de temperatura, evapotranspiração, armazenamento no solo,
deficiência hídrica, disponibilizados pela Embrapa entre o período de 1961 e 1990 e
dados de precipitação entre 1970 e 2004, cedidos pela Fepagro-RS, o município de
Santa Maria possui o seguinte Balanço Hídrico apresentado na Tabela 10.
50
TABELA 10 – Balanço Hídrico para o Município de Santa Maria.
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Médias Totais
Temperatura
C)
24,6 24 22,2 18,8 16 12,9 13,5 14,6 16,2 18,8 21,4 22,7
18,8 -
Precipitação (mm)
1970 - 2004
145 123 142 149 120 143 148 117 133 153 127 125
135,3 1.623
Evapotranspiração
Potencial (mm)
135 116 104 67 46 28 31 38 48 72 97 118
75,0 900
Armazenamento
água solo (mm)
100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
100,0 1.200
Evapotranspiração
Real (mm)
135 116 104 67 46 28 31 38 48 72 97 118
75,0 900
Deficiência
Hídrica (mm)
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0,0 0
Excedente
(mm)
10 7 38 82 74 115 117 79 85 81 30 7
60,3 723
Fonte: adaptado da EMBRAPA (2004).
Os dados de precipitação e evapotranspiração mostrados na Tabela 10 foram
utilizados para gerar os resultados das estimativas de vazões para séries históricas
longas.
4.2. Avaliação Qualitativa do Percolado Gerado
A avaliação qualitativa do percolado gerado no aterro da Caturrita, Santa Maria
RS, consistiu no monitoramento das características do percolado gerado na
disposição dos resíduos sólidos e na qualidade da água no corpo receptor do
efluente do sistema de tratamento de percolado.
Os pontos de monitoramento adaptados para o presente trabalho foram
definidos para possibilitar a avaliação das características do percolado gerado, a
eficiência do sistema de tratamento de percolado e, ainda, avaliar o impacto de
lançamento do efluente do sistema de tratamento no corpo receptor, ou seja, o
Arroio Ferreira. Os pontos de monitoramento são apresentados na Figura 10 e o
descritos a seguir:
Lixiviados Afluentes: local de coleta de amostras de percolado drenado da
área de disposição dos resíduos. Os líquidos percolados, provenientes dos
51
drenos horizontais existentes no aterro são transportados por tubulação para
a primeira lagoa do sistema de tratamento.
Lixiviados Efluentes: local de coleta de amostras de percolado na saída do
sistema de lagoas de estabilização, onde o líquido percolado é submetido ao
tratamento, reduzindo carga poluidora inicialmente presente no percolado.
Este efluente é encaminhado, a partir deste ponto, para lançamento no Arroio
Ferreira.
Montante do rio Arroio Ferreira: local de coleta de água no córrego Arroio
Ferreira, a montante do lançamento do percolado tratado pelas lagoas de
estabilização. Este ponto está localizado a 50 m do ponto de lançamento do
efluente.
Jusante do Arroio Ferreira: local de coleta de água no Arroio Ferreira, a
jusante do lançamento do percolado tratado pelas lagoas de estabilização.
Este ponto está localizado a 50 m do ponto de lançamento do efluente,
permitindo a mistura do efluente com a água do arroio.
Lançamento: o ponto onde ocorre o lançamento dos efluentes provenientes
das lagoas de estabilização no Arroio Ferreira. É um ponto onde não são
realizadas coletas, ele define o limite entre montante e jusante em relação ao
lançamento das cargas poluidoras pelo sistema de lagoas de tratamento.
Fonte: Secretaria Municipal de Gestão Ambiental de Santa Maria (2003).
FIGURA 10 Pontos de monitoramento no sistema de tratamento e no corpo receptor
adotados no presente trabalho.
52
As variáveis de qualidade monitoradas consistiram nos seguintes parâmetros:
Temperatura, Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de
Oxigênio (DBO), Oxigênio Dissolvido (OD), pH, Turbidez, Condutividade Elétrica,
Sólidos Totais e Sólidos Suspensos. Todas as metodologias analíticas utilizadas
seguiram os procedimentos estabelecidos no Standard Methods for the Examination
of Water and Wastewater (APHA, 1998).
As determinações analíticas foram realizadas no Laboratório de Hidráulica e
Saneamento LABHIDRO Setor de Apoio ao Saneamento, do Departamento de
Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal de Santa Maria (Figura 11).
FIGURA 11 Bancada principal do Laboratório de Hidráulica e Saneamento LABHIDRO
Setor de Apoio ao Saneamento.
Inicialmente, foram realizadas 4 campanhas de coletas nos pontos de
monitoramento, no período de Agosto de 2003 a Novembro de 2003. Estas coletas
foram exploratórias, objetivando a confirmação dos melhores pontos para a
obtenção das amostragens. A partir de Maio de 2004, a freqüência foi ampliada em
2 coletas por mês, para garantir maior confiabilidade dos dados. O histórico formado
compreende 25 datas, com resultados mostrados no Anexo B Quadro 10. A Figura
12 apresenta o procedimento de coleta em um dos pontos de monitoramento.
Vale ressaltar, que em algumas datas de coletas não havia lançamentos de
efluentes ao Arroio Ferreira, logo se considerou que a concentração dos parâmetros
de montante eram iguais as de Jusante. Mediante este fato, alguns limitantes foram
previstos durante as pesquisas, como a coleta do efluente dentro da lagoa de
polimento, visto que, o mesmo poderia ocorrer caso houvesse insuficiência de vazão
53
na circulação entre as lagoas. A lagoa de polimento apresentaria o resultado mais
próximo da concentração real dos parâmetros.
FIGURA 12 – Coleta no ponto de monitoramento afluente ao sistema de tratamento de
percolado.
4.2.1. Eficiência do Sistema de Tratamento do Percolado
A eficiência do sistema de tratamento do percolado foi avaliada através do
percentual de remoção da carga orgânica, em termos de DBO e DQO. Estas
variáveis foram selecionadas por quantitativamente representar a principal carga
poluidora do percolado. A Equação 8 apresenta a formulação para o cálculo da
eficiência, em termos percentuais.
100.
=
Afluentei
EfluenteiAfluentei
i
C
CC
Eficiência
(8)
onde:
C
i
: concentração do parâmetro i (mg/L)
i: parâmetro DQO ou DBO.
O Efluente representa o valor da concentração de DBO ou DQO na saída do
sistema de tratamento, enquanto que o Afluente representa a concentração dos
mesmos parâmetros na entrada da primeira lagoa.
54
4.2.2. Impacto do Lançamento de Efluentes
Com base na Portaria 05/89 SSMA/RS, onde a mesma apresenta os limites
aceitáveis para lançamentos de efluentes líquidos, dispondo sobre critérios e
padrões a serem observados por todas as fontes poluidoras que lancem seus
efluentes nos corpos d’água do Estado do Rio Grande do Sul, verificaram-se as
concentrações efluentes do aterro da Caturrita para os parâmetros DBO e DQO.
Com os valores médios destas concentrações provenientes das lagoas de
tratamento do percolado, possibilitou-se a verificação da situação atual do
lançamento de efluentes ao Arroio Ferreira.
A norma técnica 01/89 da Portaria 05/89 faz referências que os limites de
concentrações de DBO e DQO a serem lançadas ao meio ambiente na melhor das
hipóteses (vazões de efluentes menores que 20 m
3
/dia) devem ser iguais ou
inferiores a 200 mg/L e 450 mg/L, respectivamente. Estes valores, servem como
referencial para a determinação do impacto ambiental causado pela emissão de
cargas poluidoras, uma vez que, o banco de dados proveniente das análises do
percolado efluente é formado. Possuindo um histórico resultados de concentrações
de DBO e DQO, com intervalos de confiança adequados, tornaram-se possíveis
comparações da realidade presente nos efluentes das lagoas, baseados nos limites
aceitáveis da legislação do Estado do Rio Grande do Sul.
4.2.3. O Estado de Degradação Atual do Aterro
Para avaliar o estado de degradação dos resíduos, utilizou-se a razão
DBO/DQO para o ponto Afluente, pois este é o que melhor representa a situação
dos resíduos do aterro, com ausência de tratamento prévio aos seus lixiviados. Um
valor encontrado inferior a 0,1 para a razão DBO/DQO indicaria que as substâncias
orgânicas estariam com dificuldades de continuar o processo de degradação,
necessitando de tratamento sico-químico. Para valores superiores a 0,4 ter-se-ia
indicativo da fase acidogênica do aterro e inferiores da fase metanogênica.
Com o parâmetro pH também é possível contribuir para a identificação do atual
estágio de degradação do aterro, visto que valores inferiores a 6,0 servem como
indícios da faixa de acidez, assim como entre 6,0 e 8,5 instigam tendências à faixa
de metanogênese.
5. RESULTADOS
5.1. Resultados Quantitativos do Percolado Gerado
Os resultados quantitativos do percolado foram obtidos por intermédio da
estimativa de geração da vazão de efluentes no aterro da Caturrita, estes baseados
na utilização dos seguintes métodos empíricos: o Método do Balanço Hídrico, o
Método Racional e o Método Suíço. Todos os três utilizam metodologias bastante
difundidas para a previsão de vazões, conforme apresentado no capitulo 2.
Para aferição dos métodos empíricos, mediu-se a vazão total de efluente do
sistema, utilizando-se uma calha tipo Parshall na saída do sistema de lagoas de
estabilização.
Na Tabela 11 são mostrados os dados observados de vazão com o intervalo de
confiança para cada mês, com seu respectivo número de amostragens para o mês e
o equivalente de percolação, que é calculado a partir da razão entre a vazão da
calha e a área considerada no cálculo do balanço drico, multiplicado o resultado
pelo número de dias em 01 mês. Para o mês de Maio de 2004 não intervalo de
confiança, pois foi observado apenas um único valor, contudo se tem noção da
situação através dos intervalos de confiança para os demais meses.
TABELA 11 – Vazão medida na calha Parshall, quantidade de amostragens e percolação.
Mês
Vazão
Medida na
Calha (m
3
/dia)
Número de
Amostragens
no Mês
Percolação
(mm)
mai/04
49 1 39
jun/04
32 ± 9 2 25
jul/04
47 ± 46 3 38
ago/04
78 ± 65 2 62
set/04
68 ± 37 32 55
out/04
36 ± 19 52 29
nov/04
78 ± 54 52 62
dez/04
2,3 ± 1,6 54 2
jan/05
0 ± 0 50 0
fev/05
0 ± 0 48 0
mar/05
0 ± 0 54 0
abr/05
59 ± 10 52 47
Mesmo com uma série histórica, proveniente de uma quantidade grande de
amostras, observaram-se vazões nulas para os meses de Janeiro, Fevereiro e
56
Março de 2005. A Figura 13 mostra a relação entre o número de amostragens e a
vazão medida para cada mês, observando que a partir de Setembro de 2004 as
vazões medidas melhoraram a confiabilidade. Em geral, a vazão comportou-se de
maneira coerente, visto que, tanto para os meses mais chuvosos (de menor
evapotranspiração) quanto para os meses menos chuvosos (de maior
evapotranspiração) ocorreram tendências esperadas para as estações climáticas.
Salienta-se que as vazões medidas na calha Parshall estão vinculadas a
alguns limitantes que poderiam alterar o status quantitativo das mesmas, podendo
citar: a ausência de impermeabilização de base no aterro, que poderia gerar maior
percolação na calha, ou ainda, a percolação constante que entrava na primeira
lagoa em todos os momentos, contudo insuficiente para circular entre as demais e
gerar vazão na calha.
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
m
ai/04
ju
n
/04
ju
l
/
04
ago
/0
4
se
t/04
o
u
t/04
n
ov/0
4
dez
/0
4
j
an/05
fev/05
m
ar
/0
5
a
br
/05
s
Vazão (m
3
/dia)
0
10
20
30
40
50
Amostragens
Vazão Amostragens
FIGURA 13 – Vazão medida e o número de observações de vazões para cada mês.
Devido à maior seca nos últimos anos no Rio Grande do Sul, o município de
Santa Maria sofreu com os baixos índices pluviométricos. Esta pouca chuva refletiu
na pequena vazão de percolado em Dezembro de 2004, chegando em média a 2,3
m
3
/dia e a vazões nulas para os meses posteriores de verão. Os valores de vazões
foram verificados junto à calha Parshall no ponto Efluente e demonstrados na Figura
13 e na Tabela 11.
A Figura 14 mostra a relação entre a precipitação no período pesquisado e o
percolado real gerado e também a diferença entre a precipitação e a
evapotranspiração, no aterro da Caturrita entre Maio de 2004 e Abril de 2005.
57
Para o mês de Agosto de 2004, aproximadamente 94% do que precipitou
tornou-se percolado, sendo esta a maior relação encontrada. Fazendo-se uma
média entre os meses do estudo, pode-se dizer que, aproximadamente, 34% das
chuvas tornaram-se percolado. A Figura 14, também mostra o quanto a
evapotranspiração influi na percolação, para os meses de Dezembro de 2004 e
Janeiro e Fevereiro de 2005, quando a diferença entre precipitação e
evapotranspiração foi negativa a percolação foi nula. A Figura 15 apresenta a
relação entre precipitação e percolação para o período entre Maio de 2004 e Abril de
2005.
-100,0
-80,0
-60,0
-40,0
-20,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
160,0
180,0
200,0
220,0
mai
/
04
jun/04
ju
l/
0
4
ago/04
set/04
o
ut/
0
4
nov/
0
4
de
z
/
0
4
jan/05
fe
v
/0
5
m
a
r/0
5
a
br/
0
5
s
(mm)
Precipitação Precip-Evapot Percolação
FIGURA 14 Percolação medida, série histórica de precipitação e diferença entre precipitação
e evapotranspiração para o período da pesquisa.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
ma
i
/04
j
u
n
/
04
j
u
l/
0
4
ago/04
set/
0
4
out/04
nov/04
d
e
z/04
ja
n/05
fev
/05
mar
/
0
5
a
b
r/0
5
s
Percolação/Precipitação (%)
FIGURA 15 Relação entre a percolação medida e a série histórica de precipitação no período
da pesquisa.
Devido ao período atípico na região, pelas baixas precipitações, utilizaram-se
séries históricas longas para demonstrar a analogia geral entre precipitações e
58
evapotranspiração na região de Santa Maria RS. A Figura 16 apresenta os meses
e seus respectivos comportamentos hídricos das médias mensais de séries
históricas de precipitação e evapotranspiração.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Mês
Comportamento Hídrico (mm)
Precipitão Evapotranspiração
FIGURA 16 Comportamento hídrico utilizando séries longas de precipitação e
evapotranspiração.
Como observado na Figura 16, historicamente, o município de Santa Maria não
apresenta déficit hídrico, pois a precipitação supera em todos os meses a
evapotranspiração, inclusive nos meses de verão, quando ocorrem períodos com
maior insolação. A média para a precipitação e evapotranspiração segundo a Figura
16 são 135 mm e 75 mm, respectivamente.
Analisando o período da pesquisa, observa-se que em alguns meses ocorre
déficit hídrico, retratando que o período entre Maio de 2004 e Abril de 2005 foi
atípico pela escassez e chuva em média 95 mm, adicionada a elevados índices de
evapotranspiração iguais em média a 89 mm.
Comparando as precipitações e evapotranspirações médias, para o histórico de
dados e para o período da pesquisa, nota-se o quanto foi seco no período entre
2004 e 2005, principalmente para os meses de inverno como mostra a Figura 14, a
subtração entre as médias de precipitação e evapotranspiração resultam em 6 mm,
enquanto para a série histórica a mesma situação resulta em 60 mm. Quanto menor
é o valor de subtração encontrado, menor será a produção dos lixiviados no ano em
questão.
De maneira geral, a situação para períodos climáticos atípicos, não demonstra
a realidade de percolação. Cita-se, por exemplo, a necessidade de dimensionar um
sistema de tratamento de efluentes de um aterro, que teria maior exatidão com um
histórico grande de dados, pois um histórico pequeno poderia induzir a uma margem
de erro elevada no dimensionamento.
59
5.1.1. Estimativa da Vazão de Percolado Gerado utilizando-se o Método do Balanço
Hídrico
No Quadro 6 são mostrados os coeficientes e parâmetros que foram utilizados
para a estimativa das vazões de percolado para séries históricas longas.
QUADRO 6 - Parâmetros e o respectivo modo de obtenção para o Método do Balanço Hídrico.
PARÂMETROS MODO DE OBTENÇÃO
Precipitação (P) Boletins Pluviométricos FEPAGRO (1970 – 2004).
Evaporação Potencial (EP) Boletins Hidrometeorológicos EMBRAPA (1961 – 1990)
Escoamento Superficial
(ES = C’ x P)
Para C’ utilizou-se 0,15 e 0,18 com inclinação de 2 a 7%, para
meses secos e úmidos respectivamente, visto que são valores
intermediários entre solo Argiloso e Arenoso, pois o solo local é
um Silte Argiloso.
Infiltração (I)
Obtido através da subtração da Precipitação pelo Escoamento
Superficial.
I – EP Diferença entre a água que infiltra e a que evapora.
Σ (NEG (I – EP)) Calculado somando os valores negativos de (I – EP).
Armazenamento de Água no
Solo de cobertura (AS)
Foi obtido o valor de 120 mm, fazendo o produto entre a
espessura de solo 0,6 m a disponibilidade de água 200 mm/m.
O desenvolvimento da seqüência para meses de déficit hídrico,
conforme Quadro 9 – Anexo A.
Variação no armazenamento
de água no solo (AS)
Diferença entre a água armazenada no solo, de um mês para o
outro (AS = ASn – ASn-1).
Evaporação real (ER)
Quando (I – EP)> 0, então ER = EP e quando (I EP)<0, então
ER = [EP + (I – EP) - AS].
Percolação em mm (PER) PER = P – ES – AS – ER.
Vazão mensal em m
3
/dia (QM) QM = ((PER x 37429)/2592000)*3,6*24
Fonte: adaptado de Lins (2003).
Com a breve explicação do Quadro 6, obtiveram-se os resultados de vazões
mensais da série histórica longa de dados, 34 anos para a precipitação e 29 anos
para a evapotranspiração, estes apresentados na Tabela 12:
60
TABELA 12 Estimativa da vazão de percolado através do Método do Balanço Hídrico
utilizando séries históricas longas.
Mês jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Precipitação
Mensal (mm)
145 123 142 149 120 143 148 117 133 153 127 125
Evapotranspiração
Potencial (mm)
135 116 104 67 46 28 31 38 48 72 97 118
C' (adotado) 0,15 0,15 0,15 0,15 0,18 0,18 0,18 0,18 0,15 0,15 0,15 0,15
Escoamento
Superficial (mm)
21,8 18,4 21,3 22,3 21,6 25,8 26,6 21,0 19,9 22,9 19,1 18,7
Infiltração (mm) 123,5 104,3 120,5 126,6 98,4 117,3 121,1 95,7 112,8 129,6 108,1 105,9
I - EP (mm) -11,5 -11,7 16,5 59,6 52,4 89,3 90,1 57,7 64,8 57,6 11,1 -12,1
Σ (neg(I-EP)) (mm)
-35 -35 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -35
AS = I - EP>0 (mm) 94 94 120 120 120 120 120 120 120 120 120 94
Variação de AS 0 0 26 0 0 0 0 0 0 0 0 -26
ER (mm) 124 104 104 67 46 28 31 38 48 72 97 132
Percolação (mm) 0 0 0 60 52 89 90 58 65 58 11 0
Vazão Calculada
Mét. Balanço Hídrico
(m
3
/dia)
0 0 0 74 65 111 112 72 81 72 14 0
Comparando-se a vazão real medida na calha Parshall com a vazão calculada
pelo Método do Balanço Hídrico, verifica-se que o Método simplificado estimou um
valor aproximado 34% superior a medição real no período observado.
Nos meses de Dezembro a Abril, como observado na Tabela 12, o Método do
Balanço Hídrico apresentou vazão nula. De maneira simplificada, a média de vazão
de percolado considerando os 12 meses do ano ficou em 50,2 m
3
/dia.
Na Tabela 13, pode-se constatar o número de vezes
2
(em módulo) que o
Método do Balanço Hídrico apresentou-se superior ou inferior à vazão real. Da
mesma forma, é calculado o erro percentual (em módulo) em cada mês. Na
ocorrência de alguma divisão por zero o valor abordado para o erro é considerado
incoerente.
2
Analogia retratada em trabalho de Capelo Neto (1999) e apresentada na revisão bibliográfica, em que o autor se refere ao
número de vezes em que a vazão real apresentou-se superior ou inferior a vazão calculada, diferentemente dos demais
autores que tratam a situação em termos percentuais.
61
TABELA 13 – Percentual de erro para o Método do Balanço Hídrico utilizando séries longas.
Vazões
(m
3
/dia)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Medida
0 0 0 59 49 32 47 78 68 36 78 2
Balanço
Hídrico
0 0 0 74 65 111 112 72 81 72 14 0
|N. vezes|
0 0 0 1,3 1,3 3,5 2,4 1,1 1,2 2,0 5,6 incoer.
|% de Desvio| 0% 0% 0% 27% 34% 252% 140% 7% 18% 101% 82% incoer.
O erro máximo encontrado foi de 252% para o mês de Junho e o mínimo de
0% para janeiro, Fevereiro e Março, enquanto que para o período de 12 meses foi
de 34%. As causas de o desvio médio, estar em 34%, pode se encontrar vinculado à
ausência de impermeabilização no aterro, uma vez que, haveria maior geração de
percolado, minimizando a diferença entre o valor calculado e o medido.
No mês de Dezembro, ocorreram incoerências de dados, visto que a vazão
medida nula não teve reciprocidade nula na calculada.
Para as séries históricas curtas, no quadro 6 são mostrados os coeficientes
que foram utilizados para a estimativa dos valores de vazões calculadas no período
compreendendo Maio de 2004 e Abril de 2005, exceto os boletins pluviométricos que
são da FEPAGRO em 2004 e do INMET em 2005 e os Hidrometeorológicos que são
também do INMET tanto para 2004 quanto para 2005. Através destes, obtiveram-se
os resultados entre Maio de 2004 e Abril de 2005 de vazões do aterro da Caturrita,
estes apresentados na Tabela 14:
62
TABELA 14 Estimativa da vazão de percolado através do Método do Balanço Hídrico
utilizando séries históricas curtas.
Mês jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Precipitação
Mensal (mm)
72 38 159 216 89 68 64 67 79 83 129 73
Evapotranspiração
Potencial (mm)
160 102 115 63 38 36 40 56 75 111 121 157
C' (adotado) 0,15 0,15 0,15 0,15 0,18 0,18 0,18 0,18 0,15 0,15 0,15 0,15
Escoamento
Superficial (mm)
10,7 5,7 23,9 32,4 16,1 12,2 11,5 12,0 11,9 12,5 19,3 10,9
Infiltração (mm) 60,8 32,0 135,2 183,6 73,2 55,8 52,2 54,6 67,4 70,9 109,5 61,8
I - EP (mm) -99,0 -69,9 20,2 120,6 35,3 19,9 12,7 -1,7 -7,7 -40,2 -11,8 -94,9
Σ (neg(I-EP)) (mm) -325 -325 0 0 0 0 0 -325 -325 -325 -325 -325
AS = I - EP>0 (mm) 9 9 120 120 120 120 120 9 9 9 9 9
Variação de AS 0 0 111 0 0 0 0 -111 0 0 0 0
ER (mm) 61 32 115 63 38 36 40 166 67 71 109 62
Percolação (mm) 0 0 0 121 35 20 13 0 0 0 0 0
Vazão Calculada
Mét. Balanço Hídrico
(m
3
/dia)
0 0 0 150 44 25 16 0 0 0 0 0
Comparando-se a vazão real medida na calha Parshall com a vazão calculada
utilizado Método do Balanço Hídrico, verifica-se que o Método simplificado estimou
um valor aproximado 48% inferior a medição real no período observado entre Maio
de 2004 e Abril de 2005.
A vazão estimada foi nula para todos os meses exceto em Abril, Maio Junho e
Julho, conforme mostrado na Tabela 14. Simplificadamente, a média de vazões de
percolado, considerando o período de medição ficou em 20 m
3
/dia.
Na Tabela 15, pode-se constatar o número de vezes (em módulo) que o
Método do Balanço Hídrico apresentou-se superior ou inferior à vazão real. Da
mesma forma, é calculado o erro percentual (em módulo) em cada mês. Na
ocorrência de alguma divisão por zero o valor abordado para o erro é considerado
incoerente.
63
TABELA 15 – Percentual de erro para o Método do Balanço Hídrico utilizando séries curtas.
Vazões
(m
3
/dia)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Medida 0 0 0 59 49 32 47 78 68 36 78 2
Balanço
Hídrico
0 0 0 150 44 25 16 0 0 0 0 0
|N. vezes| 0 0 0 2,56 1,1 1,3 2,9 incoer. incoer. incoer. incoer. incoer.
|% de Desvio| 0% 0% 0% 156% 10% 22% 66% incoer. incoer. incoer. incoer. incoer.
O erro máximo encontrado foi de 156% para Abril, o mínimo de 0% de Janeiro
a Abril, enquanto que para o período dos 12 meses observados foi de 48%.
Nos meses de Agosto a Dezembro ocorreram incoerências de dados, pois a
vazão calculada nula não teve reciprocidade nula também na vazão medida.
5.1.2. Estimativa da Vazão de Percolado Gerado utilizando-se o Método Racional
A seguir, no Quadro 7, são apresentados os coeficientes utilizados na
estimação da vazão de percolado empregando-se Método Racional, com base em
informações de séries históricas longas.
QUADRO 7 - Parâmetros e o respectivo modo de obtenção para o Método Racional.
PARÂMETROS MODO DE OBTENÇÃO
Precipitação (P) Boletins Pluviométricos FEPAGRO (1970 – 2004).
Evaporação Potencial (EP) Boletins Hidrometeorológicos EMBRAPA (1961 – 1990)
Área de contribuição para o
Balanço Hídrico (A)
A = 37429m
2
Número de segundos em 1
mês (t)
t = 2592000 segundos
Coeficiente de escoamento
superficial (c)
c = 0,4 considerando aterro com cobertura de solo exposto,
declividade entre 0 e 5% e textura do solo entre uma areia e
um silte argiloso.
Escoamento Superficial
(Es = P x c)
Escoamento Superficial em mm, depende da precipitação do
mês.
Vazão em m
3
/dia (Q) Q = {[(P - Es – EP) x A] / t} x 86,4
64
Através do Quadro 7 foi possível a obtenção dos resultados mensais da série
histórica de vazões do aterro da Caturrita, utilizando o Método Racional. Os
resultados são apresentados na Tabela 16.
TABELA 16 Estimativa da vazão de percolado através do Método Racional utilizando séries
históricas longas.
Mês
Precipitação
Mensal
(mm)
Runoff =
c . Prec.
(mm)
c (adotado) = 0,4
Evapotranspiração
Potencial
(mm)
Vazão pelo
Método
Racional
(L/s)
Vazão pelo
Método
Racional
(m
3
/dia)
jan
145
58
135
0,0
0
fev
123
49
116
0,0
0
mar
142
57
104
0,0
0
abr
149
60
67
0,3
28
mai
120
48
46
0,4
32
jun
143
57
28
0,8
72
jul
148
59
31
0,8
72
ago
117
47
38
0,5
40
set
133
53
48
0,5
39
out
153
61
72
0,3
24
nov
127
51
97
0,0
0
dez 125 50 118 0,0 0
Comparando-se a vazão real medida na calha Parshall com a vazão calculada
utilizando o Método Racional, verifica-se que o Método simplificado estimou um valor
aproximado 31% inferior a medição real no período observado.
Nos meses de Novembro a Março como observado na Tabela 16 o todo
Racional apresentou vazão nula. De maneira simplificada, a dia de vazão de
percolado considerando os 12 meses do ano ficou em 26 m
3
/dia.
Na Tabela 17, pode-se constatar o número de vezes (em módulo) que o
Método Racional apresentou-se superior ou inferior à vazão medida. Da mesma
forma, é calculado o erro percentual (em módulo) em cada mês. Na ocorrência de
alguma divisão por zero o valor abordado para o erro é considerado incoerente.
65
TABELA 17 – Percentual de erro para o Método Racional utilizando séries históricas longas.
Vazões
(m
3
/dia)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Medida
0 0 0 59 49 32 47 78 68 36 78 2
Racional
0 0 0 28 32 72 72 40 39 24 0 0
|N. vezes|
0 0 0 2 1,5 2,3 1,5 1,9 1,7 1,5 incoer. incoer.
|% de Desvio| 0% 0% 0% 52% 34% 128% 54% 49% 42% 32% incoer. incoer.
O erro máximo encontrado foi de 128% para o mês de Junho e o mínimo de
0% para Janeiro, Fevereiro e Março, enquanto que para o período de 12 meses foi
de 31%.
Os meses que ocorreram incoerências foram Novembro e Dezembro, visto a
ausência de reciprocidade entre a vazão nula calculada ou medida.
Para séries curtas, no quadro 7 são mostrados os coeficientes que foram
utilizados para a estimativa dos valores de vazões calculadas para o Método
Racional no período compreendendo Maio de 2004 e Abril de 2005. Os boletins
pluviométricos são da FEPAGRO em 2004 e do INMET em 2005 e os
Hidrometeorológicos são do INMET tanto para 2004 quanto para 2005.
De posse dos dados, pelo Método Racional, obtiveram-se os resultados entre
Maio de 2004 e Abril de 2005 de vazões do aterro da Caturrita, estes apresentados
na Tabela 18:
66
TABELA 18 Estimativa da vazão de percolado através do Método Racional utilizando séries
históricas curtas.
Mês
Precipitação
Mensal
(mm)
Runoff =
c . Prec.
(mm)
c (adotado)=0,4
Evapotranspiração
Potencial
(mm)
Vazão pelo
Método
Racional
(L/s)
Vazão pelo
Método
Racional
(m
3
/dia)
jan
72 29 160 0,0 0
fev
38 15 102 0,0 0
mar
159 64 115 0,0 0
abr
216 86 63 1,0 83
mai
89 36 38 0,2 20
jun
68 27 36 0,1 6
jul
64 25 40 0,0 0
ago
67 27 56 0,0 0
set
79 32 75 0,0 0
out
83 33 111 0,0 0
nov
129 52 121 0,0 0
dez
73 29 157 0,0 0
Comparando-se a vazão real medida na calha Parshall com a vazão calculada
utilizando o Método Racional, verifica-se que o Método simplificado estimou um valor
aproximado 76% inferior a medição real no período observado entre Maio de 2004 e
Abril de 2005.
A vazão estimada foi nula para todos os meses, exceto Abril, Maio e Junho,
conforme mostrado na Tabela 19. De maneira simplificada a média de vazão de
percolado considerando o período de medição ficou em 9,1m
3
/dia.
Na Tabela 19, pode-se constatar o número de vezes (em módulo) que o
Método Racional apresentou-se superior ou inferior à vazão real. Da mesma forma,
é calculado o erro percentual (em módulo) em cada mês. Na ocorrência de alguma
divisão por zero o valor abordado para o erro é considerado incoerente.
TABELA 19 – Percentual de erro para o Método Racional utilizando séries históricas curtas.
Vazões
(m
3
/dia)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Medida 0 0 0 59 49 32 47 78 68 36 78 2
Racional 0 0 0 83 20 6 0 0 0 0 0 0
|N. vezes| 0 0 0 1,4 2,5 5,2 incoer. incoer. incoer. incoer. incoer. incoer.
|% de Desvio| 0% 0% 0% 42% 60% 81% incoer. incoer. incoer. incoer. incoer. incoer.
67
O erro máximo encontrado foi de 81% para Junho, o mínimo de 0% de Janeiro
a Abril, enquanto que para o período dos 12 meses observados foi de 76%.
Nos meses de Julho a Dezembro e Abril ocorreram incoerências de dados, pois
a vazão calculada nula não teve reciprocidade nula também na vazão medida.
5.1.3. Estimativa da Vazão de Percolado Gerado utilizando-se o Método Suíço
No Quadro 8 são mostrados os coeficientes e parâmetros que foram utilizados
para a estimativa das vazões de percolado utilizando o Método Suíço, com base em
séries históricas longas de dados.
QUADRO 8 - Parâmetros e o respectivo modo de obtenção para o Método Suiço.
PARÂMETROS MODO DE OBTENÇÃO
Precipitação (P) Boletins Pluviométricos FEPAGRO (1970 – 2004).
Grau de Compactação (K)
K = 0,25, considerando aterro de fraca a fortemente
compactado.
Área de contribuição para o
balanço hídrico (A)
A = 37429m
2
Número de segundos em 1
mês (t)
t = 2592000 segundos
Vazão em m
3
/dia (Q) Q = [(P x A x K) / t] x 86,4
Através da obtenção dos parâmetros do Quadro 8, obtiveram-se os resultados
mensais da série histórica de vazões pelo Método Suíço aplicado ao Aterro da
Caturrita, estes são apresentados na Tabela 20:
68
TABELA 20 Estimativa da vazão de percolado através do Método Suíço utilizando séries
históricas longas.
Mês
Precipitação
Mensal
(mm)
Vazão pelo
Método Suiço
(L/s)
Vazão pelo
Método Suiço
(m
3
/dia)
jan
145 0,5 45
fev
123 0,4 38
mar
142 0,5 44
abr
149 0,5 46
mai
120 0,4 37
jun
143 0,5 45
jul
148 0,5 46
ago
117 0,4 36
set
133 0,5 41
out
153 0,6 48
nov
127 0,5 40
dez
125 0,4 39
Confrontando-se a vazão real medida na calha Parshall com a vazão calculada
utilizando o Método Suíço, verifica-se que o Método simplificado estimou um valor
aproximado 13,0% superior a medição real no período observado.
Observa-se, diferentemente dos Métodos anteriores, que o Suíço distribui a
vazão uniformemente durante o ano, não apresentando em nenhum momento
valores nulos. Considerando o histórico de precipitações, a vazão média calculada
foi de 42,2 m
3
/dia.
Na Tabela 21, pode-se constatar o número de vezes (em módulo) que o
Método Suíço apresentou-se superior ou inferior à vazão real. Da mesma forma, é
calculado o erro percentual (em módulo) em cada mês. Na ocorrência de alguma
divisão por zero o valor abordado para o erro é considerado incoerente.
TABELA 21 – Percentual de erro para o Método Suíço para séries históricas longas.
Vazões
(m
3
/dia)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Medida 0 0 0 59 49 32 47 78 68 36 78 2
Suiço 45 38 44 46 37 45 46 36 41 48 40 39
|N. vezes| incoer. incoer. incoer. 1 1,3 1,4 1,0 2,1 1,6 1,3 2,0 16,9
|% de Desvio| incoer. incoer. incoer. 21% 24% 41% 2% 53% 39% 33% 49% 1594%
69
O erro máximo encontrado foi de 1594% para o mês de Dezembro e o mínimo
de 2% para Julho, enquanto que para o período de 12 meses foi de 13,0%.
Em alguns meses ocorreram incoerências de dados, visto que a vazão medida
nula entre Janeiro e Março não teve reciprocidade nula na calculada.
Nas séries históricas curtas o Quadro 8 apresenta os coeficientes que foram
utilizados para a estimativa dos valores de vazões calculadas no período
compreendendo Maio de 2004 e Abril de 2005. Os boletins pluviométricos utilizados
são da FEPAGRO em 2004 e do INMET em 2005.
Detendo os coeficientes foram calculados os resultados entre Maio de 2004 e
Abril de 2005 de vazões do Aterro da Caturrita, estes apresentados na Tabela 22:
TABELA 22 Estimativa da vazão de percolado através do Método Suíço utilizando séries
Curtas.
Mês
Precipitação
Mensal
(mm)
Vazão pelo
Método Suiço
(L/s)
Vazão pelo
Método Suiço
(m
3
/dia)
jan
72 0,3 22
fev
38 0,1 12
mar
159 0,6 50
abr
216 0,8 67
mai
89 0,3 28
jun
68 0,2 21
jul
64 0,2 20
ago
67 0,2 21
set
79 0,3 25
out
83 0,3 26
nov
129 0,5 40
dez
73 0,3 23
Confrontando-se a vazão real medida na calha Parshall, com a vazão calculada
utilizando o Método Suíço, verifica-se que o Método simplificado estimou um valor
aproximado 21% inferior a medição real no período observado.
Como mostrado para séries longas, observa-se o Método Suíço distribuir a
vazão uniformemente durante o ano, não apresentando em nenhum momento
valores nulos para vazões, devido principalmente a ausência do parâmetro
evapotranspiração em sua rotina de cálculo. Considerando o histórico de
precipitações de 12 meses a vazão média calculada foi de 29,5 m
3
/dia.
Na Tabela 23, pode-se constatar número de vezes (em módulo) que o Método
Suíço apresentou-se superior ou inferior à vazão medida. Da mesma forma, é
70
calculado o erro percentual (em módulo) em cada mês. Na ocorrência de alguma
divisão por zero o valor abordado para o erro é considerado incoerente.
TABELA 23 – Percentual de erro para o Método Suíço utilizando séries históricas curtas.
Vazões
(m
3
/dia)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Medida 0 0 0 59 49 32 47 78 68 36 78 2
Suiço 22 12 50 67 28 21 20 21 25 26 40 23
|N. vezes| incoer. incoer. incoer. 1,1 1,8 1,5 2,4 3,7 2,8 1,4 1,9 9,9
|% de Desvio| incoer. incoer. incoer. 15% 43% 33% 58% 73% 64% 27% 48% 888%
O erro máximo encontrado foi de 888% para Dezembro, o mínimo de 15% para
Abril, enquanto que para o período dos 12 meses observados a média foi de 21%.
Nos meses de Janeiro a Março ocorreram incoerências de dados, pois a vazão
medida nula não teve reciprocidade nula também na vazão calculada.
5.1.4. Comparações dos Resultados entre os Métodos do Balanço Hídrico, Racional
e Suíço
A noção da quantidade de percolado gerado se torna importante a partir do
momento que se necessita dimensionar sistemas de tratamento e disposição final de
resíduos. Fundamentado nos fatores anteriores, métodos empíricos foram
desenvolvidos para satisfazer as necessidades de dimensionamentos, conforme a
disponibilidade de parâmetros.
No presente trabalho, utilizou-se de três métodos empíricos, são eles: os
métodos do Balanço Hídrico, Racional e Suíço, assim sendo, fizeram-se
comparações das vazões obtidas entre as séries longas e curtas para os históricos
de dados.
Conforme os gráficos de avaliações de erros, utilizando os resultados dos três
Métodos empíricos, inseriram-se os dados de vazão calculada, no eixo dos x” e os
da vazão medida através da calha Parshall no eixo dos “y”. Os gráficos de
avaliações de erros são apresentados nas Figuras 17 e 18, respectivamente, para
séries históricas longas e curtas de precipitação e evapotranspiração.
71
0,0
30,0
60,0
90,0
120,0
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0
Vazão Estimada (m
3
/dia)
Vazão Real (m
3
/dia)
Racional Suiço Balanço drico
FIGURA 17 Avaliação de erros dos Métodos do Balanço Hídrico, Racional e Suíço para séries
históricas longas.
0,0
40,0
80,0
120,0
160,0
0 40 80 120 160
Vazão Estimada (m
3
/dia)
Vazão Real (m
3
/dia)
Racional Suiço Balanço drico
FIGURA 18 Avaliação de erros dos Métodos do Balanço Hídrico, Racional e Suíço para séries
históricas curtas.
Com o cálculo estimativo para séries históricas longas e curtas, chegou-se a
Tabela 24, baseada nos gráficos das Figuras 17 e 18 de avaliação de erros,
sintetizando a avaliação para ambas séries históricas de dados.
72
TABELA 24 Resultado da avaliação quantitativa através dos Métodos empíricos para séries
longas e curtas e a vazão real medida na calha.
MÊS
Medida na
Calha
(m
3
/dia)
Longas Curtas Longas Curtas Longas Curtas Real
Jan
0 0 45 22 0 0 0
Fev 0 0 38 12 0 0 0
Mar 0 0 44 50 0 0 0
Abr 28 83 46 67 74 150 59
Mai 32 20 37 28 65 44 49
Jun 72 6 45 21 111 25 32
Jul
72 0 46 20 112 16 47
Ago
40 0 36 21 72 0 78
Set
39 0 41 25 81 0 68
Out
24 0 48 26 72 0 36
Nov
0 0 40 40 14 0 78
Dez
0 0 39 23 0 0 2
Média do Meses
26 9 42 30 50 20 37
Somatório Anual 308 109 506 354 602 235 448
R^2 0,20 0,06 0,03 0,04 0,33 0,06 1,00
Erro Médio -31% -76% 13% -21% 34% -48% 0%
Erro Máximo 128% 81% 1594% 888% 252% 156% -
Erro Mínimo 0% 0% 2% 15% 0% 0% -
Método
Balanço Hídrico
(m
3
/dia)
Método Suiço
(m
3
/dia)
Método Racional
(m
3
/dia)
Os valores encontrados na Tabela 24 nas séries históricas longas são
resultados dos melhores ajustes dos coeficientes de cada Método, baseados em
características locais do aterro da Caturrita. De posse do melhor ajuste para séries
históricas longas, foi possível à calibração e conseqüente utilização dos coeficientes
para séries históricas curtas da Tabela 24, no caso entre Maio de 2004 e Abril de
2005.
Os valores negativos para os erros médios, indicam que a vazão calculada
apresentou-se inferior a vazão real medida, enquanto que os valores positivos
indicam que a vazão calculada apresentou-se superior a vazão real medida.
Nas Figuras 19 e 20, percebe-se a discrepância da estimativa dos todos
empíricos para ambas as séries, quando agrupados graficamente.
73
0,0
30,0
60,0
90,0
120,0
J
A
N
FEV
MA
R
A
B
R
MA
I
J
U
N
JUL
A
GO
SET
OU
T
N
OV
DE
Z
Mês
m
3
/dia
Racional Vazão Real Balao Hídrico Suiço
FIGURA 19 – Resultados dos Métodos empíricos e a Vazão Real para séries longas.
0,0
30,0
60,0
90,0
120,0
150,0
JAN
FEV
M
AR
ABR
M
AI
JUN
J
UL
AG
O
SET
OUT
NO
V
D
E
Z
Mês
m
3
/dia
Vazão Real Suiço Balao Hídrico Racional
FIGURA 20 – Resultados dos Métodos empíricos e a Vazão Real para séries curtas.
Os erros médios para os Métodos do Racional, Suíço e Balanço drico, foram
respectivamente, 31%, 13% e 34%, considerando séries longas. O segundo e o
terceiro acima da vazão real e o primeiro abaixo. Foram resultados melhorados em
relação à pesquisa de Capelo Neto (1999) e com aproximações semelhantes a
Castro (2001), Jucá (2003) e Lins (2003), conforme apresentado no Quadro 1 da
revisão bibliográfica.
74
Para ries curtas, os erros médios calculados foram de 76%, 21% e 48%,
respectivamente para os Métodos Racional, Suíço e Balanço Hídrico. Os três
inferiores a vazão real medida. A explicação pode estar no fato dos Métodos não
considerarem variáveis importantes como a capacidade de campo e a umidade dos
resíduos, ou ainda, o grau de compactação, tomando-se os Métodos Racional e
Balanço Hídrico.
Conforme os resultados, é importante expor que o trabalho de avaliação
quantitativa do percolado gerado, apresenta consigo algumas limitações que podem
ter influenciado na vazão real do sistema. Pode-se citar que:
O aterro não apresenta impermeabilização lateral, isto é, parte da
precipitação escapa dos limites da área e as lagoas não recebem em
totalidade os líquidos percolados;
Parcelas dos lixiviados são infiltradas no solo na base do aterro pela
ausência de impermeabilização de fundo, seja por argila ou
geomembrana;
A calha Parshall foi instalada a Jusante do sistema de lagoas no ponto
efluente. Para corresponder melhor a vazão real, a sua instalação
deveria ocupar o ponto afluente, entretanto, a lagoa 01 recebia naquele
período dois tributários de drenagem provenientes do aterro,
segmentando as vazões;
Para os meses de Dezembro de 2004 a Março de 2005 obteve-se vazão
nula pela ausência ou insuficiência de percolação entre as lagoas. Neste
período, a calha Parshall permaneceu sem a presença de lâmina de
água. Este fato pode ser explicado pelo somatório dos efeitos de
evaporação nas lagoas adicionado a possível existência de pontos de
infiltração na manta, sendo estes superiores a vazão de entrada no
sistema no ponto afluente. Em observações durante as coletas,
verificava-se a presença de vazão afluente entrando na lagoa 01;
O aterro de destinação final de resíduos encontra-se em operação, o
que não é recomendável na aplicação de modelos que simulam geração
de percolado.
75
5.2. Resultados Qualitativos do Percolado Gerado
O monitoramento qualitativo do percolado foi realizado no período de
Agosto/2003 a Março/2005. A Tabela 25 apresenta a síntese dos resultados. Os
elevados valores de pH (média de 7,9±0,14) e relação DBO/DQO de 0,46±0,08
observado no afluente do sistema de tratamento, sugerem que os processos de
degradação do percolado no aterro encontram-se no fim da fase acidogênica e início
da fase metanogênica. Apesar da variabilidade das concentrações das variáveis
monitoradas, o pH sempre apresentou valores superiores a 7,0.
O resultado da eficiência na remoção de matéria orgânica pelo sistema de
tratamento por Lagoas de Estabilização é apresentado na Figura 21. Observa-se
uma variabilidade significativa no percentual de remoção de matéria orgânica. A
eficiência média foi de 69% na remoção de DBO e 58% para a DQO, enquanto que
os máximos e nimos foram de 96% e 0,4% para a DBO e 98% e 2,7% para DQO,
respectivamente. Essa variabilidade pode estar associada à precariedade
operacional do aterro e, em especial, às mudanças realizadas no ao sistema de
drenagem do percolado, que ocorreram ao longo do período de estudo.
R
2
= 0,02
R
2
= 0,26
0
20
40
60
80
100
12/8/03 10/12/03 8/4/04 6/8/04 4/12/04
Data
Remoção (%)
DBO DQO
FIGURA 21 Eficiência de remão de DBO e DQO pelo sistema de lagoas de estabilização
para o histórico de dados de coleta.
Contudo, excluindo o período atípico que compreende as datas de coletas
entre 06/08/04 e 08/10/04, devido à ligação de novas células de resíduos ao sistema
de drenagem, é possível melhorar o ajuste da linha de tendência, conforme
apresentado na Figura 22. Com isso, a eficiência média seria de 82% na remoção de
76
DBO e 64% para a DQO, enquanto que os máximos e mínimos seriam de 96% e
46% para a DBO e 98% e 6% para DQO, respectivamente. O coeficiente de ajuste
passaria de 0,02 para 0,47, otimizando em 23,5 vezes a qualidade do ajuste para a
DBO, enquanto o coeficiente de DDO passaria de 0,26 para 0,54, melhorando em
2,07 vezes a qualidade do ajuste.
R
2
= 0,47
R
2
= 0,54
0
20
40
60
80
100
12/8/03 10/12/03 8/4/04 6/8/04 4/12/04
Data
Remoção (%)
DBO DQO
FIGURA 22 Eficiência de remoção de DBO e DQO pelo sistema de lagoas de estabilização
excluindo o período atípico para o histórico de dados de coleta.
As exclusões de algumas datas, demonstram o quanto é importante à
qualidade de operação de um aterro sanitário. Basta se fazer uma ligação de uma
nova célula ao sistema de drenagem para comprometer a eficiência do sistema de
tratamento do percolado. O decréscimo da qualidade do efluente final é visível,
elevando as concentrações de DBO e DQO emitidas ao Arroio Ferreira.
77
TABELA 25 Síntese dos resultados do monitoramento qualitativo para a média de
concentrações, desvio padrão, máximos e mínimos.
Parâmetro Unidade Ponto Média
Desvio
Padrão
Mínimo Máximo
Afluente 2202 1642 353 5610
Efluente 390 233 153 1088
Montante 8 17 0,5 83
DBO mg/L
Jusante
73 72 0,8 227
Afluente
4569 2955 1746 13130
Efluente
1403 532 112 2883
Montante
19 27 1,6 115
DQO mg/L
Jusante
210 175 4,2 667
Afluente 7,9 0,3 7,1 8,4
Efluente 8,4 0,6 7,7 9,9
Montante 7,0 0,4 6,1 7,7
pH -
Jusante 7,6 0,5 7,0 8,3
Afluente
291 126 95 539
Efluente
160 77 39 348
Montante
96 126 21 522
Turbidez NTU
Jusante
114 121 21 502
Afluente
1,0 1,5 0,0 5,5
Efluente
2,2 1,5 0,2 5,6
Montante
7,2 1,7 4,3 11,1
Oxigênio
Dissolvido
mg/L
Jusante
5,5 1,9 1,6 9,9
Afluente
11669 4606 4710 19420
Efluente
5687 1845 2050 11610
Montante
50 31 23 163
Condutividade
Elétrica
µS/cm
Jusante
865 860 49 2970
Afluente
6488 3881 6 17300
Efluente
3186 821 143 4255
Montante
239 303 71 1204
Sólidos Totais mg/L
Jusante
719 461 87 1676
Afluente
218 194 21 790
Efluente
90 57 17 227
Montante
118 181 9 576
Sólidos
Suspensos
mg/L
Jusante
165 239 11 838
Nas Figuras 23 e 24 apresentam-se as situações do lançamento do Efluente do
sistema de tratamento do percolado frente à Portaria SSMA N. 05/89. Verifica-se que
em 92% das ocorrências, o Efluente apresentou valores de DBO acima do limite
máximo de 200 mg/L. Situação semelhante é observada para o parâmetro DQO, que
apresenta um limite ximo de 450 mg/L. O impacto deste lançamento promove a
degradação significativa do corpo hídrico receptor (Arroio Ferreira), alterando
bruscamente a concentração de DBO de 8 mg/L a montante para 73mg/L a jusante,
e DQO de 19 mg/L a montante para 210 mg/L a jusante, considerando valores
médios.
78
Considerando que os corpos hídricos da bacia hidrográfica da área em estudo
não foram submetidos ao processo de enquadramento, considera-se que os
mesmos devam atender aos requisitos de qualidade da classe 2 (Brasil, 2005).
Verifica-se que o corpo hídrico já apresenta uma situação desfavorável em relação a
DBO e DQO e o lançamento promove uma degradação total do mesmo. Apesar do
oxigênio dissolvido, a jusante do ponto de lançamento, apresentar um valor médio
relativamente elevado (5,5±0,9 mg/L), acredita-se que este valor decresça
rapidamente ao longo do percurso do corpo hídrico pela intensificação dos
processos de estabilização da matéria orgânica, podendo chegar a uma condição de
anaerobiose.
0
200
400
600
800
1000
1200
13/8/03 13/12/03 13/4/04 13/8/04 13/12/04
Data
DBO (mg/L)
Efluente - DBO
Limite SSMA 05/89
FIGURA 23 – DBO do ponto Efluente e o padrão de lançamento SSMA 05/89.
0
600
1200
1800
2400
3000
13/8/03 13/12/03 13/4/04 13/8/04 13/12/04
Data
DQO (mg/L)
Efluente - DQO
Limite SSMA 05/89
FIGURA 24 – DQO do ponto Efluente e o padrão de lançamento SSMA 05/89.
79
Após o relato e apresentação dos resultados, ressalta-se que a avaliação
qualitativa apresentou dificuldades inerentes às atividades de campo, podendo
destacar:
A pequena lâmina de água restante nas lagoas, devido ao período de
estiagem determinou a ausência de circulação de lixiviados entre o
sistema de lagoas de estabilização e a calha Parshall para os meses de
Dezembro de 2004 a Março de 2005. A alternativa que se adotou, foi à
coleta da amostra do efluente dentro da lagoa de polimento, ao invés da
coleta na calha Parshall, por motivo da ausência de vazão de circulação
entre as lagoas.
A mistura entre os resíduos mais antigos em processo de degradação
mais avançado, com os resíduos novos, pode ter contribuído na
elevação da média de concentração de efluentes líquidos. Esta situação
pode ter determinado na oscilação na concentração dos parâmetros, ora
com valores mais elevados, ora com valores mais reduzidos,
principalmente para a DBO e DQO.
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1. Conclusões
O presente trabalho objetivou avaliar a quantidade e a qualidade do percolado
gerado no aterro controlado da Caturrita em Santa Maria – RS.
Para analisar a quantidade de percolado, foram utilizados métodos empíricos
(Balanço Hídrico, Racional e Suíço) para gerar estimativas que correspondessem à
realidade mais próxima apresentada no local, com aferições realizadas por medições
reais de vazão.
Na avaliação qualitativa, procurou-se verificar o grau de degradação dos
resíduos, padrões de lançamento de efluentes previstos na legislação e a eficiência
de remoção dos poluentes pelas lagoas, baseados sobretudo nas concentrações de
DBO e DQO. Para tanto, foram monitoradas as características do percolado gerado
através de amostras de água de 4 pontos.
Estes fatores relevantes à qualidade e quantidade do percolado gerado,
motivaram o desenvolvimento do trabalho, abordando os seguintes aspectos
conclusivos:
O Método empírico que mais se aproximou da vazão real do aterro da
Caturrita foi o Suíço, considerando a série histórica longa de dados de
precipitação de 34 anos e de evapotranspiração de 29 anos, com erro médio
de 13% acima da vazão real. Para o período compreendido entre Maio de
2004 e Abril de 2005 de séries curtas também o Método Suíço foi o que
conseguiu o melhor ajuste com erro percentual médio de 21% abaixo da
vazão real. Entretanto o Método Suíço distribui uniformemente suas vazões
durante o ano, com isso não se aproxima das curvas de tendências da
medida real, prejudicando a qualidade da simulação mês a mês;
Para vazões mensais o todo Suíço sempre irá estimar geração de
percolado, visto que desconsidera importantes variáveis como a
evapotranspiração;
O Método do Balanço Hídrico mostrou-se apto para utilização em
dimensionamentos de sistemas de tratamento de efluentes, pois apresentou
erro médio calculado em 34% acima do real e se mostrando suscetível às
81
tendências mensais da vazão medida de efluentes para a série histórica. Em
caso de instalação de lagoas de tratamento superestimaria o volume e a área
útil, tratando o percolado com maior eficácia do que um sistema sub-
dimensionado por aplicação inadequada de Método. A opção pelo super-
dimensionamento estaria vinculado a maior demanda de recursos financeiros
e técnicos assim como disponibilidade de área útil para instalação;
O ponto de Montante ao Arroio Ferreira, eventualmente, apresenta indícios
fracos de contaminação. Quando ocorrem chuvas uma elevação nos
sólidos e na concentração de DBO e DQO, podendo atingir níveis de
concentrações superiores a 80 mg/L para a DBO e 115 mg/L para DQO;
É relevante a diferença entre os aterros sanitários na fase metanogênica que
apresentam baixa relação DBO/DQO, com valores inferiores a 0,1 e o aterro
da Caturrita em Santa Maria igual a 0,46±0,08, evidenciando o que ainda é
possível degradar de matéria orgânica. Isto ocorre justamente pelo fato do
recebimento diário de aproximadamente 150 toneladas de resíduos,
dificultando os processos de estabilização orgânica da massa de resíduos;
Os resultados da relação DBO/DQO igual a 0,46±0,08 (ponto de pior
situação) identificam uma similaridade das características da concentração do
percolado do aterro da Caturrita com os depósitos de resíduos da pesquisa de
Germano et alii (2002), que encontrou para esta mesma relação valores entre
0,10 e 0,52. Isto ocorre porque em geral estes depósitos de resíduos o
carentes de técnicas de engenharia eficientes, resultando em maiores
concentrações de conteúdos orgânicos e inorgânicos. nos Aterros
Sanitários estudados por Kjeldsen (2002), em países com maiores
preocupações ambientais foram encontrados valores entre 0,11 e 0,02 para a
relação DBO/DQO;
Os processos de degradação do percolado no aterro da Caturrita encontram-
se no fim da fase acidogênica final, visto que o valor da relação DBO/DQO é
de 0,46±0,08, bastante próximo a 0,40 (limite entre a acidogênese e a
metanogênese, referenciado por Kjeldsen, 2002) e também pelo fato do pH
mostrar-se em média igual a 7,9±0,14 (ponto afluente) fora da faixa de acidez
e dentro da faixa metanogênica (faixa de acidez pH < 6,0);
82
O aterro da caturrita se encontra na fase de transição entre metanogênica e
acidogênica, não estando dentro dos limites considerados da metanogênese
pelo fato de haver mistura entre o lixo novo e o velho. Os resíduos antigos
elevam a concentração de matéria orgânica presente no lixo, aumentando,
assim, o valor da razão DBO/DQO;
As características de DBO e DQO para o ponto considerado afluente são
encontradas com facilidade em qualquer aterro de Resíduos Sólidos Urbanos
que estejam no mesmo estágio de degradação da Matéria Orgânica que se
encontra o aterro da Caturrita. o ponto denominado efluente é típico de
operação mal executada em aterros (concentrações médias de DBO e DQO
de 390±91 mg/L e 14031403±209 mg/L, respectivamente), com sistema de
lagoas aquém da eficiência necessária para devolver os quidos dentro do
padrão aceitável para lançamento de Efluentes de DBO < 200mg/L,
estabelecidos pela Portaria 5/89 do SSMA/RS com ausência de efeitos
danosos ao meio ambiente e a mananciais envolvidos;
A cobertura mal executada ou inexistente, também pode ter interferido na
qualidade do percolado gerado, juntamente com a previsão das vazões pelos
Métodos simplificados. Fatores de operação do aterro como ligação de novas
células aos drenos de percolado podem ter contribuído na oscilação da DBO
e DQO para o ponto Afluente, encontrando-se desde máximos de 5610 mg/L
e 13130 mg/L a mínimos de 353 mg/L e 1746 mg/L, respectivamente,
semelhante ao relatado por Fiúza (2000);
A eficiência média do sistema de lagoas de tratamento ficou em 69% na
remoção da DBO e 58% para DQO, o que é insuficiente, uma vez que a
média de concentração do local é de 390±91 mg/L (ponto efluente) para a
primeira e 1403±209 mg/L (ponto efluente) para a segunda, sendo que para
atender a Portaria 5/89 SSMA-RS seria necessário uma concentração inferior
a 200 mg/L para DBO e 450 mg/L para a DQO. Uma maneira de concretizar
esta possibilidade consistiria em aumentar a área e o volume úteis com maior
número de lagoas, implantar um sistema de aeração mecânico e adição
química, dentre outros.
O balanço drico para Santa Maria RS não apresenta déficit hídrico para
séries históricas, independentemente do mês avaliado, contudo, isto é
83
possível apenas se não analisarmos os eventos meteorológicos por
probabilidades de ocorrência, onde certamente verifica-se em algumas
situações deficiência hídrica, bem como verificado na série analisada entre
Maio de 2004 e Abril de 2005.
6.2. Recomendações
Conforme os estudos e observações durante a pesquisa recomenda-se:
Um Método viável para se reduzir às concentrações efluentes consistiria
em realizar atividades diárias de cobertura dos resíduos com material
argiloso. Em aterros bem operados encontram-se relações discretas
entre o volume de precipitações e as concentrações de poluentes,
confirmado em estudos de Fiúza et alii (2000);
A instalação de um medidor automático de vazão na calha Parshall, a
fim de minimizar erros e obter um histórico de dados maior e confiável;
A instalação de uma calha Parshall no leito do Arroio Ferreira a fim de
possibilitar a medição de vazões do rio e, conseqüentemente, avaliação
das águas quanto à carga poluidora originada das concentrações
efluentes as lagoas do aterro;
Encerradas as atividades de disposição final de resíduos, testar modelos
matemáticos computacionais complexos, baseados no Método do
balanço hídrico para estimativa de vazões;
Realizar o estudo do balanço hídrico no aterro da Caturrita, possuindo
como base de dados eventos de precipitação e evapotranspiração por
probabilidades de ocorrência, conforme séries históricas anteriores;
Realizar o estudo do grau de compactação dos resíduos, coeficiente de
escoamento do aterro, capacidade de campo do material de cobertura
para aperfeiçoar as simulações;
Estudar o perfil do oxigênio dissolvido no Arroio Ferreira, a jusante do
ponto de lançamento de efluentes, principalmente quanto aos processos
de estabilização da matéria orgânica presentes na água.
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ANEXOS
90
ANEXO A
QUADRO 9 Armazenamento de água no solo (AS) em função da evapotranspiração potencial
acumulada [Σneg (I-EP)]. Solo Siltoso (Asc = 120 mm)
Σneg (I-EP) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0 125
124
123
122
121
120
119
119
117
116
10 115
114
113
112
111
110
109
108
107
106
20 106
105
104
103
102
102
101
100
99 99
30 98 97 95 95 94 94 93 92 91 90
40 90 89 88 87 86 86 85 84 84 83
50 83 82 82 81 80 80 79 79 78 77
60 76 76 75 74 74 73 73 72 72 71
70 70 70 69 69 68 68 67 67 66 65
80 65 64 64 63 63 62 62 61 61 60
90 60 59 59 58 58 57 57 56 56 55
100 55 55 54 54 53 53 53 52 52 51
110 51 51 50 50 49 49 49 48 48 47
120 47 47 46 46 45 45 45 44 44 43
130 43 43 42 42 41 41 41 41 40 40
140 40 40 39 39 39 38 38 38 38 37
150 37 37 36 36 36 35 35 35 34 34
160 34 34 33 33 33 32 32 32 32 31
170 31 31 31 30 30 30 30 30 30 29
180 29 29 29 29 28 28 28 27 27 27
190 26 26 26 26 26 25 25 25 25 25
200 24 24 24 24 24 23 23 23 23 23
210 22 22 22 22 22 22 22 21 21 21
220 21 21 21 21 20 20 20 20 20 20
230 19 19 19 19 19 18 18 18 18 18
240 18 18 17 17 17 17 17 17 17 17
250 16 16 16 16 16 16 16 16 15 15
260 15 15 15 15 15 15 14 14 14 14
270 14 14 14 14 14 13 13 13 13 13
280 13 13 13 13 13 12 12 12 12 12
290 12 12 12 12 12 11 11 11 11 11
300 11 11 11 11 11 10 10 10 10 10
310 10 10 10 10 10 10 10 10 9 9
320 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9
330 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8
340 8 8 8 8 8 7 7 7 7 7
350 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
360 7 7 7 7 7 7 6 6 6 6
370 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6
380 6 6 6 6 6 5 5 5 5 5
390 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
400 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
410 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
420 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
430 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
440 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
450 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
91
Σneg (I-EP) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
460 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
470 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
480 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
490 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
500 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
510 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
520 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
530 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
540 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1
550 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
560 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
570 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
580 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
590 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
600 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
610 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
620 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
630 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Fonte: Rocca (1981) apud Lins (2003).
92
ANEXO B
QUADRO 10 – Resultados dos parâmetros de qualidade da água analisados na pesquisa
Data 13/8/2003
25/9/2003
21/10/2003
21/11/2003
11/5/2004
Parâmetro
Pontos
Montante Arroio 6,61 1,51 2,81 0,73 1,52
Jusante Arroio 181,54 97,58 33,27 208,89 178,05
Efluente Lagoas 665,63 518,18 445,83 1088,22 421,29
DBO
(mg/L)
Afluente Lagoas 2157,58 1860,87 2139,13 3559,84 779,05
Montante Arroio 11,88 8,37 13,06 5,52 11,66
Jusante Arroio 397,48 380,41 78,37 281,38 666,66
Efluente Lagoas 1709,91 2883,4 2233,47 2041,38 1783
DQO
(mg/L)
Afluente Lagoas 3899,81 3673,82 3947,76 3917,24 1900
Montante Arroio 6,73 7,07 6,99 7,17 6,06
Jusante Arroio 8,22 8,13 7,22 8,17 8,03
Efluente Lagoas 8,27 8,2 7,88 8,15 8,03
pH
Afluente Lagoas 7,79 7,78 8,05 7,49 7,45
Montante Arroio 102,14 42,3 82,53 43,45 70,13
Jusante Arroio 110,82 66,9 73,78 121,72 116,94
Efluente Lagoas 221,88 137,27 276,49 130,02 109,32
Turbidez
(NTU)
Afluente Lagoas 420,59 341,73 94,64 232,04 431,67
Montante Arroio 50 54,9 61,9 36,2 36,6
Jusante Arroio 1878 2040 373 2970 2180
Efluente Lagoas 7030 7260 6630 6070 5660
Condutividade
(µ
µµ
µS/cm)
Afluente Lagoas 12430 12780 10310 6260 5210
Montante Arroio - - - - 151
Jusante Arroio - - - - 1676
Efluente Lagoas - - - - 4255
Sólidos
Totais
(mg/L)
Afluente Lagoas - - - - 3608
Montante Arroio 50 55 62 36,2 90,8
Jusante Arroio 1880 2040 373 2970 1609
Efluente Lagoas 7030 7260 6630 6070 4128
Sólidos
Dissolvidos
(mg/L)
Afluente Lagoas 12430 12780 10310 6260 3461
Montante Arroio - - - - 60,23
Jusante Arroio - - - - 67
Efluente Lagoas - - - - 127
Sólidos
Suspensos
(mg/L)
Afluente Lagoas - - - - 146,67
Montante Arroio - - - - 7,1
Jusante Arroio - - - - 3,27
Efluente Lagoas - - - - 0,51
OD
(mg/L)
Afluente Lagoas - - - - 0,64
Montante Arroio - - - - 18,1
Jusante Arroio - - - - 17,9
Efluente Lagoas - - - - 20,4
Temperatura
da água (ºC)
Afluente Lagoas - - - - 23,3
Montante Arroio - - - - 21,6
Jusante Arroio - - - - 22,2
Efluente Lagoas - - - - 22
Temperatura
do ar (ºC)
Afluente Lagoas - - - - 23,2
93
Data 24/5/2004
4/6/2004 18/6/2004
2/7/2004 16/7/2004
Parâmetro
Pontos
Montante Arroio 0,76 1,91 1,55 2,39 1,51
Jusante Arroio 91,735 79,885 64,78 75,185 64,675
Efluente Lagoas 276,47 343,035 292,69 339,195 202,85
DBO
(mg/L)
Afluente Lagoas 1124,64 1349,005 1927,64 1334,54 1823,915
Montante Arroio 1,626 6,48 15,56 13,58 6,03
Jusante Arroio 292,68 323,89 326,85 264,15 286,79
Efluente Lagoas 1349,59 1344,13 1291,83 1237,73 1267
DQO
(mg/L)
Afluente Lagoas 2829,27 3206,48 4264,59 3018,87 4589
Montante Arroio 7,34 7,03 6,27 - -
Jusante Arroio 8,33 8,17 8 - -
Efluente Lagoas 8,49 8,31 7,65 - -
pH
Afluente Lagoas 7,9 7,84 8,18 - -
Montante Arroio 62,2 54,27 121,76 66,71 96,41
Jusante Arroio 80,86 87,08 98,92 60,96 102,76
Efluente Lagoas 133,32 143,94 348,13 82,73 120,89
Turbidez
(NTU)
Afluente Lagoas 353,25 369,31 111,66 273,14 394,78
Montante Arroio 43,2 39 23 27,2 28,8
Jusante Arroio 1483 1377 1256 952 1215
Efluente Lagoas 4880 5820 11610 5200 4500
Condutividade
(µ
µµ
µS/cm)
Afluente Lagoas 9600 10250 5620 10500 10800
Montante Arroio 79 146,4 107,6 288,8 119,2
Jusante Arroio 1068 981,6 913,2 735,2 882,4
Efluente Lagoas 3605 3819,2 3641,6 3210,8 3096,8
Sólidos
Totais
(mg/L)
Afluente Lagoas 5,787 6632 5731,6 6268,4 7068,8
Montante Arroio 62,8 130,8 5,2 130,8 67,6
Jusante Arroio 1027,33 936,4 861,2 690 833,6
Efluente Lagoas 3553 3707,2 3551,6 3142,8 3041,8
Sólidos
Dissolvidos
(mg/L)
Afluente Lagoas 5659,66 6475,33 5556,1 6118,4 6804
Montante Arroio 16,2 15,6 102,4 158 51,6
Jusante Arroio 40,67 45,2 52 45,2 48,8
Efluente Lagoas 52 112 90 68 55
Sólidos
Suspensos
(mg/L)
Afluente Lagoas 127,34 156,67 175,5 150 264
Montante Arroio 7,78 6,4 5,99 - 9,21
Jusante Arroio 4,26 1,55 4,41 - -
Efluente Lagoas 2,4 1,36 1,86 - -
OD
(mg/L)
Afluente Lagoas 1,01 0,23 0,66 - -
Montante Arroio 16,7 20,6 17,6 23 15
Jusante Arroio 16,6 17,1 18 23 17
Efluente Lagoas 16,4 20,5 19 26 16
Temperatura
da água (ºC)
Afluente Lagoas 19,7 22,5 21,3 25 20
Montante Arroio 16,5 23,4 21,8 - 17
Jusante Arroio 16,7 21,7 21,8 - 17
Efluente Lagoas 16,7 23,6 21,8 - 17
Temperatura
do ar (ºC)
Afluente Lagoas 24,7 23,4 21,8 - 17
94
Data 23/7/2004
6/8/2004 20/8/2004
27/8/2004
10/9/2004
Parâmetro
Pontos
Montante Arroio 1,17 4,635 0,89 1,11 4,25
Jusante Arroio 3,49 7,21 146,09 30,535 21,07
Efluente Lagoas 205,7 356,2 493,59 219,81 351,71
DBO
(mg/L)
Afluente Lagoas 1550 430,435 598,61 532,87 352,96
Montante Arroio 10,16 56,68 14,29 6,3 48,86
Jusante Arroio 22,03 74,49 349,21 86,61 102,29
Efluente Lagoas 1322 1182,19 1698,41 1653,53 1328,24
DQO
(mg/L)
Afluente Lagoas 5627 2040,49 1746,03 2236,22 1984,73
Montante Arroio - - 6,72 6,67 6,61
Jusante Arroio - - 7,61 7,486 7,51
Efluente Lagoas - - 7,93 8,33 8,34
pH
Afluente Lagoas - - 7,9 8,22 8,17
Montante Arroio 41,21 - 74,33 41,67 445,8
Jusante Arroio 46,49 - 94,85 42,14 379,7
Efluente Lagoas 191,23 - 150,41 73,08 102,3
Turbidez
(NTU)
Afluente Lagoas 323,8 - 148,8 142,32 378,1
Montante Arroio 38,4 - 30,4 39 40
Jusante Arroio 129,9 - 1142 384 337
Efluente Lagoas 4560 - 5870 5840 5510
Condutividade
(µ
µµ
µS/cm)
Afluente Lagoas 13570 - 5160 11470 9340
Montante Arroio 82,4 1204 122,8 71 615
Jusante Arroio 141,2 1002 780,8 230 611,6
Efluente Lagoas 3428,4 3276,4 3393,2 3394 3300
Sólidos
Totais
(mg/L)
Afluente Lagoas 9687,2 4349,2 3276,8 5395 5193,6
Montante Arroio 64 628 93,8 51,4 88
Jusante Arroio 119,6 164 725,8 210 289,6
Efluente Lagoas 3201,7 3074,4 3299,2 3290 3267
Sólidos
Dissolvidos
(mg/L)
Afluente Lagoas 9574,8 4123,2 3172,8 5347 4627,77
Montante Arroio 18,4 576 29 19,6 527
Jusante Arroio 21,6 838 55 20 322
Efluente Lagoas 226,7 202 94 104 33
Sólidos
Suspensos
(mg/L)
Afluente Lagoas 112,4 226 104 48 565,83
Montante Arroio 6,4 - 8 8,8 8,94
Jusante Arroio 5,7 - 7,46 4,37 9,89
Efluente Lagoas 1,48 - 1,84 2,47 1,32
OD
(mg/L)
Afluente Lagoas 0,95 - 1,07 5,54 4,38
Montante Arroio 15 - 18,1 19,3 15,5
Jusante Arroio 14 - 18 19,9 15,6
Efluente Lagoas 17 - 17,7 23,6 15,8
Temperatura
da água (ºC)
Afluente Lagoas 21 - 18,9 16,6 17,1
Montante Arroio 22 - 20 20,9 15,2
Jusante Arroio 22 - 20 20,9 15,2
Efluente Lagoas 22 - 20 20,9 15,2
Temperatura
do ar (ºC)
Afluente Lagoas 21 - 20 20,9 15,2
95
Data 24/9/2004
8/10/2004
22/10/2004
5/11/2004
22/11/2004
Parâmetro
Pontos
Montante Arroio 0,87 0,45 0,5 5,46 83,44
Jusante Arroio 226,63 0,75 2,19 5,49 67,36
Efluente Lagoas 937,44 473,50 615,81 239,88 153,15
DBO
(mg/L)
Afluente Lagoas 1912,19 541 5336,03 2174,31 874,7
Montante Arroio 11,94 7,27 2,79 77,03 115,05
Jusante Arroio 388,06 8,73 11,15 172,97 99
Efluente Lagoas 1283,58 1607 1714,19 1013,51 842,81
DQO
(mg/L)
Afluente Lagoas 3194,02 2938 11916,38 5054,05 2541,81
Montante Arroio 7,018 7,04 6,96 7,412 -
Jusante Arroio 8,295 6,97 7,05 7,232 -
Efluente Lagoas 8,363 8,18 8,4 8,49 -
pH
Afluente Lagoas 7,665 8,07 7,1 8,022 -
Montante Arroio 55,67 31,26 41,4 521,53 -
Jusante Arroio 329 34,68 47,9 502,22 -
Efluente Lagoas 167,9 160,34 176,6 109,13 -
Turbidez
(NTU)
Afluente Lagoas 321,3 384,4 538,5 459,26 -
Montante Arroio 33,2 42,5 32,6 162,8 -
Jusante Arroio 1537 65,5 76,5 165,5 -
Efluente Lagoas 8680 6247 4840 2050 -
Condutividade
(µ
µµ
µS/cm)
Afluente Lagoas 4710 15350 15480 10380 -
Montante Arroio 84,4 77,2 143,43 798 -
Jusante Arroio 1208 87,2 145,62 905,2 -
Efluente Lagoas 2842 3185 142,7 2809,6 -
Sólidos
Totais
(mg/L)
Afluente Lagoas 5220,4 7748 147,45 7195,6 -
Montante Arroio 67,2 67,2 33 380 -
Jusante Arroio 889 75,8 76 319,2 -
Efluente Lagoas 5048,4 3141 4840 2743,6 -
Sólidos
Dissolvidos
(mg/L)
Afluente Lagoas 2791 7661 15480 6725,6 -
Montante Arroio 17,2 10 20,34 418 -
Jusante Arroio 319 11,4 19,72 586 -
Efluente Lagoas 51 95,18 22,67 66 -
Sólidos
Suspensos
(mg/L)
Afluente Lagoas 172 87 20,46 470 -
Montante Arroio 11,1 7,58 7,38 7,1 4,3
Jusante Arroio 4,85 7,34 6,12 6,73 3,1
Efluente Lagoas 1,7 2,31 2,78 0,58 3,7
OD
(mg/L)
Afluente Lagoas 0,8 1,25 0,05 0,27 0,1
Montante Arroio 16,8 22,1 23,3 19,9 22
Jusante Arroio 17,6 21,1 23 19,9 21,4
Efluente Lagoas 18,6 22,5 24,6 19,9 24,9
Temperatura
da água (ºC)
Afluente Lagoas 21,6 24 23,7 21,8 20,5
Montante Arroio 18,7 23,3 24 22 24,3
Jusante Arroio 18,7 23,2 24 22 24,3
Efluente Lagoas 18,7 23,3 24 22 24,3
Temperatura
do ar (ºC)
Afluente Lagoas 18,7 23,3 24 22 24,3
96
Data 3/12/2004
7/1/2005 21/1/2005
18/2/2005
21/3/2005
Parâmetro
Pontos
Montante Arroio 1,76 19,05 26,3 20,7 6,5
Jusante Arroio 1,76 14,54 - - -
Efluente Lagoas 156,11 236,34 248,3 243,5 237,2
DBO
(mg/L)
Afluente Lagoas 4204 5193,7 4588 5610,3 3097,87
Montante Arroio 4,04 10,04 4,1 7,8 11,21
Jusante Arroio 4,23 8,37 - - -
Efluente Lagoas 848,4 1255,5 808,2 112,2 1258,64
DQO
(mg/L)
Afluente Lagoas 13130 9290,7 4794,3 7024,3 5466,24
Montante Arroio 6,97 6,88 7,66 7,45 7,12
Jusante Arroio 6,97 6,93 7,66 7,45 7,12
Efluente Lagoas 8,41 9,4 8,5 9,52 9,83
pH
Afluente Lagoas 7,48 7,97 8,19 8,07 8,39
Montante Arroio 22,3 60,2 21,2 29,6 75,57
Jusante Arroio 22,3 77 21,2 29,6 75,57
Efluente Lagoas 38,5 315 87,4 236 170,43
Turbidez
(NTU)
Afluente Lagoas 308 138 135,1 235 176,06
Montante Arroio 48,9 50,7 62,3 113 50,09
Jusante Arroio 48,9 58,7 62,3 113 50,09
Efluente Lagoas 4260 4190 4410 4460 5230
Condutividade
(µ
µµ
µS/cm)
Afluente Lagoas 19420 18950 13150 18470 19150
Montante Arroio 132 - 86,4 86,5 147,2
Jusante Arroio 132 - - - -
Efluente Lagoas 2814 - 3102 3502 3712,4
Sólidos
Totais
(mg/L)
Afluente Lagoas 17300 - 8013 10905,5 9524,8
Montante Arroio 1472 - 76,8 77,3 111,2
Jusante Arroio 1472 -
Efluente Lagoas 2796,8 - 3027 3360 3546,4
Sólidos
Dissolvidos
(mg/L)
Afluente Lagoas 16510,4 - 7710,5 10844,5 9440,8
Montante Arroio 148 - 9,6 9,2 36
Jusante Arroio 148 - - - -
Efluente Lagoas 17,2 - 75 61 166
Sólidos
Suspensos
(mg/L)
Afluente Lagoas 790 - 302,5 142 84
Montante Arroio 6,48 4,3 6,3 5,8 6,98
Jusante Arroio 6,48 5,15 6,3 5,8 6,98
Efluente Lagoas 1,93 5,53 1,8 5,6 0,21
OD
(mg/L)
Afluente Lagoas 0,1 1,18 0 0,4 0,16
Montante Arroio 22,8 27,2 34 24 23,4
Jusante Arroio 22,8 26,7 34 24 23,4
Efluente Lagoas 23,8 27,8 37,1 23,5 22,3
Temperatura
da água (ºC)
Afluente Lagoas 26,7 28,7 34 27,7 24,8
Montante Arroio 28 32 29 22,6 26,8
Jusante Arroio 28 32 29 22,6 26,8
Efluente Lagoas 28 32 29 22,6 26,8
Temperatura
do ar (ºC)
Afluente Lagoas 28 32 29 22,6 26,8
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