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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
AMANDA MENINO LEITE
RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE BOVINOS E BUBALINOS RECEBENDO
DIETAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE CONCENTRADO
RECIFE - PE
FEVEREIRO, 2010
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AMANDA MENINO LEITE
RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE BOVINOS E BUBALINOS RECEBENDO
DIETAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE CONCENTRADO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Zootecnia da Universidade Federal Rural de
Pernambuco, como parte dos requisitos para a obtenção
do grau de Mestre em Zootecnia.
Orientador: Profº Dr. Marcílio de Azevedo
Co-orientador: Profº Dr. Marcelo de Andrade Ferreira
RECIFE/PE
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Ficha catalográfica
L533r Leite, Amanda Menino
Reações fisiológicas de bovinos e bubalinos recebendo
dietas com diferentes níveis de concentrado / Amanda
Menino Leite. -- 2010.
42 f. : il.
Orientador: Marcílio de Azevedo.
Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade
Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Zootecnia,
Recife, 2010.
Inclui referências e anexo.
1. Ruminantes 2. Parâmetros fisiológicos 3. Níveis de
concentrado 4. Termorregulação I. Azevedo, Marcílio de,
orientador II. Título
CDD 636
RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE BOVINOS E BUBALINOS RECEBENDO
DIETAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE CONCENTRADO
AMANDA MENINO LEITE
Banca examinadora:
Orientador: ___________________________________________________
Prof°. Dr. Marcílio de Azevedo – D.Sc. – UFRPE
Examinadores:
_____________________________________________________
Prof°. Dr. Marcelo de Andrade Ferreira – D.Sc. – UFRPE
_____________________________________________________
Prof
a
. Dra. Ângela Maria Quintão Lana – D.Sc. – UFMG
_____________________________________________________
Prof
a
. Dra. Lúcia Helena de Albuquerque Brasil – D.Sc. – UFRPE
UFRPE – RECIFE
BIOGRAFIA DA AUTORA
Amanda Menino Leite, filha de Oleno Leite Filho e Hortencia Maria Souto
Alves Menino, nasceu em 05 de fevereiro de 1978, em João Pessoa, PB. Em agosto
de 2005 graduou-se em Zootecnia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco,
Recife/PE. Neste mesmo ano iniciou o curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas,
colando grau em fevereiro de 2008. Em Março de 2008, iniciou o curso de mestrado
na mesma instituição, sob orientação do Prof. Marcílio de Azevedo, realizando
estudos na Área de Produção Animal, com ênfase em Bioclimatologia Animal.
Agradecimentos Especiais
Obrigada Jesus, meu Paizinho querido, por seu infinito amor e
bondade, por conceder-me a graça de chegar até aqui, guiando os
meus passos e preparando todo o caminho. Obrigada por não
deixar-me esmorecer nem perder a fé.
Sem Ti, eu não seria nem faria nada, a Ti toda honra e toda glória
agora e para sempre. Amém.
Maria, mãezinha do céu, obrigada por todo
Vosso amor, intercessão e cuidados.
'Estai sempre alegres, orai incessantemente, dai graças
em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de
Deus a vosso respeito em Cristo Jesus' (1Ts 5, 16-18).
À minha mãe, Hortencia Maria Souto Alves Menino,
por uma vida inteira de dedicação, amor e cuidados; aos
meus irmãos, Alena Menino Leite, Bruno Adônis Menino
Leite e Lívio Iago Menino Leite, parceiros incondicionais;
e aos dois grandes amores da minha vida: minha filha,
Gabriela Menino Leite dos Santos, razão da minha
perseverança, e meu querido esposo Edmo Rolemberg
Leite dos Santos, um verdadeiro anjo enviado por Deus.
Dedico
À família mais linda que alguém poderia ter: meu
amado esposo Edmo Rolemberg L. dos Santos, e minha
amada filha, Gabriela Menino L. dos Santos, os meus
maiores tesouros.
Ofereço
Agradecimentos
À Universidade Federal Rural de Pernambuco, por ter me possibilitado a
realização do curso de Graduação e Pós-Graduação.
Ao CNPq, pela concessão da bolsa de auxílio financeiro, imprescindível na
realização do mestrado.
Aos meus avós, Abel Alves Menino e Maria de Lourdes Pinho Leite (in
memoriam)... Saudades.
À minha avó, Tereza Pinto Souto, e ao meu avô, Oleno Leite Filho, por todas as
contribuições ao longo da minha vida.
À minha mãe, Hortencia Maria Souto Alves Menino, pelo seu carinho, apoio,
força, dedicação, incentivo e, acima de tudo, amor.
Ao meu pai, Oleno Leite Filho, por sua torcida, ainda que distante.
Ao meu querido tio, Marcos Souto Alves, por todo o seu cuidado, atenção,
orientações e amor de pai em todos os momentos da minha vida.
A todos os meus tios e tias que me auxiliaram nesse longo caminho.
Aos meus irmãos, Alena Menino Leite e Lívio Iago Menino Leite, pelo incentivo
e cumplicidade, e ao meu irmão, Bruno Adônis Menino Leite, o meu muito obrigado
por toda generosidade e apoio, principalmente na reta final deste trabalho.
Ao meu esposo, Edmo Rolemberg Leite dos Santos, por sua compreensão,
conselhos, amor, disponibilidade e apoio incondicional.
Aos meus sogros, José Aloísio Dias dos Santos e Maria Bernadete Leite dos
Santos, por todas as contribuições dadas ao longo desses anos.
Aos meus cunhados, Edilma Régia, Erickson Rogério e Adriana Albuquerque,
por inúmeros momentos de doação.
As minhas sobrinhas lindas, Maria Eduarda e Ana Caroline pelo carinho,
amizade e apoio.
À minha querida amiga, Maria Luciana Menezes Wanderley Neves, por todo
apoio, carinho, contribuições, presença e orações, imprescindíveis na realização de
todas as etapas do mestrado.
À minha amiga, Merilene Maria dos Santos, por sua ajuda, amizade e carinho
em todos os momentos.
Ao meu orientador, Pro Marcílio de Azevedo, pela orientação impecável, por
todos os ensinamentos, conselhos, amizade, profissionalismo e disponibilidade, tão
essenciais na realização desse trabalho.
À Lígia Alexandrina Barros da Costa, por ceder os animais para a realização do
experimento, bem como por sua colaboração na execução do mesmo.
Ao professor Marcelo de Andrade Ferreira, por todo o seu apoio na realização
do experimento.
À professora Ângela Maria Quintão Lana, pelas valiosas contribuições nas
análises estatísticas, bem como sua atenção e profissionalismo.
À Juana Cariri Chagas, aluna da graduação em Zootecnia, pela sua ajuda na
execução do experimento.
Aos meus colegas, Érica Carla, Alessandra Oliveira, Kedes Pereira, Fabiana
Lopes, Carolina Alves e a todos os demais colegas da Pós-Graduação, pelas
contribuições concedidas.
Aos professores e funcionários da Pós-Graduação em Zootecnia da UFRPE,
que direta ou indiretamente contribuíram para conclusão deste curso de mestrado.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.
Composão química dos ingredientes da dieta
22
Tabela 2.
Proporção dos ingredientes e composição química das dietas experimentais
23
Tabela 3.
Valores médios dos elementos climáticos observados pela manhã - 09h00 e à
tarde 15h00 - durante os quatro períodos experimentais
26
Tabela 4.
Médias para a temperatura retal (TR em °C), frequência respiratória (FR,
mov/min), temperatura da pele (TPL em °C) da manhã e da tarde e taxa de
sudorese (TSUD em g/m
2
/h) da manhã, dos bovinos e bubalinos.
28
Tabela 5.
Valores médios de temperatura retal (TR em °C), frequência respiratória (FR,
mov/min), temperatura da pele (TPL em °C) da manhã e da tarde, taxa de
sudorese (TSUD em g/m
2
/h) da manhã de bovinos e búfalos e coeficientes de
variação (CV), durante os 4 períodos experimentais.
30
Tabela 6.
Valores médios de temperatura retal (TR em °C), frequ
ência respiratória
(FR, mov/min), temperatura da pele (TPL em °C) da manhã e da tarde, (TSUD
em g/m
2
/h), da manhã e coeficientes de variação (CV), de bovinos e bubalinos
em função dos níveis crescentes de concentrado.
31
Tabela 7.
Médias, coeficiente de variação (CV), coeficiente de determinação (R²) e
equação de regressão (ER), para consumos de matéria seca (CMS) e proteína
bruta (CPB), em função dos veis crescentes de concentrado para os bovinos
(bo) e bubalinos (bu)
33
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Temperatura Retal (TR) da tarde dos bovinos e bubalinos em função dos
níveis crescentes de concentrado.
32
ANEXO
Figura 1 - Abrigo termométrico localizado no interior do galpão experimental (1) o
psicrômetro (2) e o termoigrômetro digital (3). 42
Figura 2 - Galpão experimental (1), os animais (2) e o globotermômetro, instalado no
interior do galpão experimental a 1,70 metro do piso (3). 42
SUMÁRIO
REVISÃO DE LITERATURA 15
1. RESUMO 18
2. ABSTRACT 19
3. INTRODUÇÃO 20
4. MATERIAL E MÉTODOS 21
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 26
6. CONCLUSÕES 35
7. REFERÊNCIAS 36
ANEXO 41
15
REVISÃO DE LITERATURA 1
2
A adaptabilidade ou capacidade de se adaptar pode ser avaliada pela habilidade do 3
animal em se ajustar às condições ambientais. Animais bem adaptados caracterizam-se pela 4
manutenção do desempenho produtivo durante a exposição ao estresse (BACCARI JR., 5
1990). Segundo o mesmo autor, a maior parte das avaliações de adaptabilidade dos animais 6
aos ambientes quentes estão incluídas em duas classes: adaptabilidade fisiológica, que 7
descreve a tolerância do animal nesses ambientes, principalmente modificações fisiológicas 8
para a manutenção do seu equilíbrio térmico; e adaptabilidade de rendimento, que descreve as 9
modificações na produtividade animal. 10
A temperatura retal e a frequência respiratória representam as melhores referências 11
fisiológicas para estimar a tolerância dos animais ao calor (BIANCA e KUNZ (1978). 12
Hopkins et al. (1978) afirmaram que valores de temperatura retal próximos à temperatura 13
normal da espécie podem ser tomados como índice de adaptabilidade. Animais que 14
apresentam menor aumento na temperatura retal e menor frequência respiratória quando 15
expostos a um ambiente quente são considerados mais tolerantes ao calor (BACCARI JR., 16
1986). 17
O meio ambiente é fator limitante à produção animal nos trópicos e os principais 18
elementos estressores são a temperatura e umidade do ar, ventos e radiação solar. Estes 19
elementos agem isoladamente ou em conjunto e interferem na alimentação, produção e 20
conforto térmico desses animais. Assim, para avaliar o impacto ambiental sobre os animais, 21
alguns índices de conforto térmico, combinando dois ou mais desses elementos 22
meteorológicos, têm sido utilizados para descrever, mais precisamente, os efeitos do ambiente 23
sobre a habilidade do animal em dissipar calor (WEST, 1999). 24
O Índice de Temperatura e Umidade (ITU), proposto por Thon (1958), citado por 25
BAÊTA, 1985), foi originalmente desenvolvido como um índice de conforto térmico para 26
humanos, tendo sido utilizado para descrever o conforto térmico de animais, uma vez que 27
alguns autores observaram quedas na produção de leite de vacas, associadas a aumentos no 28
valor de ITU. Esse índice é expresso por ITU = Tbs + 036Tpo + 41,5; onde, Tbs é a 29
temperatura do ar (°C) e Tpo é a temperatura do ponto de orvalho em (ºC). O índice de 30
temperatura de globo e umidade (ITGU), foi proposto por Buffington et al. (1981), com 31
modificações do ITU para vacas leiteiras expostas à radiação e é expresso pela seguinte 32
equação: ITGU = Tgn + 0,36Tpo + 41,5, onde Tgn é a temperatura do globo negro (°C) e Tpo 33
é a temperatura do ponto de orvalho (°C). Esses autores consideram o índice como mais 34
16
preciso para se medir conforto térmico, pois o valor absoluto de ITGU engloba os efeitos da 35
temperatura de bulbo seco, da velocidade do ar, da umidade e da radiação solar. 36
Apesar da associação histórica de búfalos com “habitats” tropicais, esses animais são 37
também sensíveis ao estresse pelo calor e alguns estudos têm revelado que a temperatura retal 38
e da pele aumentam rapidamente sob condições de radiação solar direta (MORAN, 1973) e, 39
em geral, suam menos que bovinos (JOSHI et al., 1968; KOGA et al., 1991). Entretanto, 40
quando são movidos para sombra ou aspergidos com água, a temperatura retal dos búfalos 41
decresce rapidamente, após o estresse calórico (CHIKAMUNE et al., 1987). 42
Em ambientes de temperaturas elevadas, quando a produção de calor corporal somada 43
ao ganho de calor proveniente do ambiente excede a capacidade de dissipação pelos animais; 44
todas as fontes que geram calor endógeno são reduzidas, principalmente, o consumo de 45
alimento e o metabolismo basal e energético, enquanto a temperatura corporal, a frequência 46
respiratória e a taxa de sudação aumentam. As alterações dos parâmetros indicam tentativas 47
do animal de minimizar o desbalanço térmico para manter a homeotermia (SOTA et al., 48
1996). Assim sendo, o desempenho animal em ambientes quentes está diretamente 49
relacionado à sua eficiência em dissipar o calor corporal excedente, preservando o seu 50
equilíbrio térmico. Porém, comparados aos bovinos, bubalinos têm menor variação na 51
temperatura retal e frequência respiratória quando expostos a altas temperaturas (MULLICK, 52
1960), suportam menos o calor quando expostos diretamente à radiação solar que o Nelore e 53
os mestiços bovinos (VILLARES et al., 1979) e são mais facilmente estressados pelo calor 54
ambiental que os bovinos nativos do Vietnã (THANH; CHANG, 2007). 55
O resultado de uma série de experimentos conduzidos para comparar a termorregulação 56
em búfalos com aquela de bovinos de origem temperada revelaram que a temperatura retal 57
dos búfalos flutua com as variações diurnas da temperatura do ar (KOGA et al., 1999a). Essa 58
flutuação foi o resultado do transporte ativo de calor através do aumento do fluxo sanguíneo 59
do núcleo do corpo para a sua superfície (KOGA et al., 1999b), pois segundo Reece (1996), o 60
sangue circulante é um distribuidor do calor corpóreo. 61
Uma das alternativas propostas por Beede e Collier (1986) para atenuar o estresse pelo 62
calor em ruminantes é reduzir a relação volumoso:concentrado da dieta dos animais. A 63
produção de calor no corpo e sua temperatura são mais elevadas quando um consumo 64
predominante de forragens ou níveis elevados de proteína bruta no concentrado (BACCARI 65
Jr., 2001). Para Hafez (1973), rações compostas exclusivamente de volumoso, traduzem-se 66
em maiores temperaturas corporais e frequências respiratórias em relação àquelas ricas em 67
concentrado. Segundo Lucci (1977), rações com baixo teor de volumoso seriam mais 68
17
indicadas para as condições tropicais, em virtude do seu menor incremento calórico. 69
Entretanto, os resultados disponibilizados pela pesquisa com bovinos e bubalinos não 70
corroboram esta assertiva. Barcelos et al. (1989) encontraram valores significativamente mais 71
elevados de frequência respiratória em bubalinos e bovinos Nelore, Holandês e seus mestiços, 72
submetidos a dietas com maior porcentagem de concentrado na dieta. Guimarães et al. (2001), 73
também avaliaram a termorregulação de búfalos submetidos a duas proporções de volumoso e 74
concentrado, observaram que o tipo de dieta fornecida aos búfalos não influenciou a 75
temperatura retal dos animais, e os bubalinos que receberam a dieta mais rica em concentrado 76
apresentaram aumento significativo na taxa de sudação e frequência respiratória. 77
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi verificar o efeito da inclusão de 78
concentrado na dieta de bovinos e bubalinos sobre os parâmetros fisiológicos dos animais. 79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
18
Respostas fisiológicas de bovinos e bubalinos recebendo dietas com diferentes níveis de 103
concentrado
1
104
105
Amanda Menino Leite
2
, Marcílio de Azevedo
3
, Marcelo de Andrade Ferreira
3,4
, Antônia 106
Sherlânea Chaves Véras
3,4
, Lígia Alexandrina Barros da Costa
5
, Maria Luciana 107
Menezes Wanderley Neves
5
, Ângela Maria Quintão Lana
6
108
109
Programa de Pós-graduação em Zootecnia, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal Rural de
110
Pernambuco, Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n, 52171-900, Dois Irmãos, Recife, Pernambuco, Brasil.
111
*Autor para correspondência. E-mail: mandinha[email protected]
112
113
RESUMO - O objetivo deste trabalho foi verificar as respostas fisiológicas de bovinos e 114
bubalinos, recebendo dietas com diferentes proporções de volumoso e concentrado. O 115
experimento foi conduzido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de 116
Pernambuco, no período de fevereiro a junho de 2006. Foram utilizados quatro bubalinos e 117
quatro bovinos, alimentados com rações contendo níveis crescentes de concentrado, com base 118
da matéria seca (MS). Os animais foram alojados em baias individuais de piso concretado, em 119
galpão coberto com telha de fibrocimento. O delineamento experimental foi inteiramente 120
casualizado com arranjo em parcelas subdivididas, sendo a parcela composta por um arranjo 121
fatorial 2 x 4 (duas espécies e quatro níveis de concentrado: 0, 24, 48, 72%) e na subparcela o 122
período de avaliação. O ensaio foi analisado por turnos, manhã e tarde. O experimento teve 123
duração de 114 dias. O ambiente foi monitorado por intermédio de um abrigo termométrico, 124
localizado no interior do galpão. A termorregulação foi avaliada por medidas da temperatura 125
retal (TR), frequência respiratória (FR), temperatura de pele (TP) e taxa de sudação (TSUD). 126
Durante o período experimental, a temperatura do ar variou de 25,6 a 31,0 ºC, o Índice de 127
temperatura e umidade (ITU) de 76,0 a 81,6 e o Índice de temperatura de globo e umidade 128
(ITGU) de 77,7 a 84,8 e a Carga Térmica de Radiação (CTR) de 480,1 a 538,4. O aumento 129
nos níveis de concentrado na dieta de bovinos e bubalinos ocasionou aumentos na TR, FR e 130
TPL dos animais, entretanto, esses valores se mantiveram dentro da faixa fisiológica normal. 131
Palavras-chave: ruminantes, parâmetros fisiológicos, termorregulação, níveis de concentrado 132
1
Parte da dissertação de mestrado da primeira autora, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia
– PPGZ, DZ/UFRPE, Recife/PE, financiada pelo CNPq
2
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia -
PPGZ, DZ/UFRPE
e-mail: mandinhazoo@gmail.com
3
Professor da UFRPE – PPGZ, DZ/UFRPE
4
Bolsista de produtividade em Pesquisa do CNPq
5
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia
PPGZ, DZ/UFRPE
6
Professora da Escola de Veterinária do DZOO/ UFMG
19
Physiological responses of cattle and buffaloes fed diets with different levels of 133
concentrate 134
135
136
ABSTRACT - The objective of this work was to investigate the physiological responses 137
of cattle and buffaloes to warm temperatures is affected when fed diets with different 138
proportions of forage and concentrate. The experiment was conducted in the Animal Science 139
Department at the Federal Rural University of Pernambuco, from February to June 2006. Four 140
male buffaloes and four steers were fed diets with increasing levels of concentrate, on dry 141
matter basis (DM). Animals were housed in individual pens with cemented floor and covered 142
with asbestos-cement tiles. It was used a split-plot arrangement in a complete randomized 143
experimental design. The experiment lasted for 114 days. The environment was monitored by 144
a meteorological station installed at the experimental area. Thermoregulation was evaluated 145
by measures of rectal temperature (RT), respiratory rate (RR), skin temperature (TP), and 146
sweating rate (TSUD). Average air temperature ranged from 25.6 to 31.0 ºC, the temperature 147
and humidity index (THI) from 76.0 to 81.6 the black globe temperature and humidity index 148
(BGHI) from 77.7 to 84.8, and Radiant Thermal Charge (RTC) from 480.1 to 538.4 watts/m². 149
Higher levels of concentrate in the diet of cattle and buffaloes increased RT, RR, and TP of 150
animals, but these values remained within the normal physiological range. 151
Key Words: ruminants, physiologic parameters, thermoregulation, levels of concentrate 152
153
154
155
156
157
158
159
160
161
162
163
164
165
166
20
INTRODUÇÃO 167
168
A adaptabilidade ou capacidade de se adaptar pode ser avaliada pela habilidade do 169
animal em se ajustar às condições ambientais. Animais bem adaptados caracterizam-se pela 170
manutenção no desempenho produtivo durante a exposição ao estresse (BACCARI JR., 171
1990). 172
Quando em ambientes de temperaturas elevadas, a produção de calor corporal somada 173
ao ganho de calor proveniente do ambiente excede a dissipação pelos animais: todas as fontes 174
que geram calor endógeno são reduzidas, principalmente o consumo de alimento e o 175
metabolismo basal e energético, enquanto a temperatura corporal, a frequência respiratória e a 176
taxa de sudação aumentam. As alterações dos parâmetros indicam tentativas do animal de 177
minimizar o desbalanço térmico para manter a homeotermia (Sota et al., 1996). Assim sendo, 178
o desempenho animal em ambientes quentes está diretamente relacionado à sua eficiência em 179
dissipar o calor corporal excedente, preservando o seu equilíbrio térmico. 180
O meio ambiente é fator limitante à produção de bovinos e bubalinos nos trópicos e os 181
principais elementos estressores são a temperatura e umidade do ar, ventos e radiação solar. 182
Estes elementos agem isoladamente ou em conjunto e interferem na alimentação, produção e 183
conforto térmico dos bovinos e bubalinos. Apesar da associação histórica de búfalos com 184
“habitats” tropicais, esses animais são também sensíveis ao estresse pelo calor e alguns 185
estudos têm revelado que a temperatura retal e a da pele aumentam rapidamente sob 186
condições de radiação solar direta (MORAN, 1973) e búfalos, em geral, suam menos que 187
bovinos (JOSHI et al., 1968; KOGA et al., 1991). Entretanto, quando são movidos para 188
sombra ou aspergidos com água, a temperatura retal dos búfalos decresce rapidamente, após o 189
estresse calórico (CHIKAMUNE et al., 1987). Porém, comparados aos bovinos, os bubalinos 190
têm menor variação na temperatura retal e frequência respiratória quando expostos a altas 191
temperaturas (MULLICK, 1960) e suportam menos o calor quando expostos diretamente à 192
radiação solar que o Nelore e os mestiços bovinos (VILLARES et al., 1979). Também são 193
mais facilmente estressados pelo calor ambiental que os bovinos nativos do Vietnã (THANH; 194
CHANG, 2007). O resultado de uma série de experimentos conduzidos para comparar a 195
termorregulação em búfalos com aquela de bovinos de origem temperada revelaram que a 196
temperatura retal dos búfalos flutua com as variações diurnas da temperatura do ar (KOGA et 197
al., 1999a). Essa flutuação foi o resultado do transporte ativo de calor através do aumento do 198
fluxo sanguíneo do núcleo do corpo para a sua superfície (KOGA et al., 1999b), pois segundo 199
Reece (1996) o sangue circulante é um distribuidor do calor corpóreo. 200
21
Uma das alternativas propostas por Beede e Collier (1986) para atenuar o estresse pelo 201
calor em ruminantes é reduzir a relação volumoso:concentrado da dieta dos animais. A 202
produção de calor no corpo e sua temperatura são mais elevadas quando um consumo 203
predominante de forragens ou níveis elevados de proteína bruta no concentrado (BACCARI 204
Jr., 2001). Para Hafez (1973), rações compostas exclusivamente de volumoso, traduzem-se 205
em maiores temperaturas corporais e frequências respiratórias, em relação àquelas ricas em 206
concentrado. Segundo Lucci (1977), rações com baixo teor de volumoso seriam mais 207
indicadas para as condições tropicais em virtude do seu menor incremento calórico. 208
Entretanto, os resultados disponibilizados pela pesquisa com bovinos e bubalinos não 209
corroboram esta assertiva. Barcelos et al. (1989) encontraram valores significativamente mais 210
elevados de frequência respiratória em bubalinos e bovinos Nelore, Holandês e seus mestiços, 211
submetidos a dietas com maior porcentagem de concentrado na dieta. Guimarães et al. (2001), 212
também avaliaram a termorregulação de búfalos submetidos a duas proporções de volumoso e 213
concentrado, e observaram que o tipo de dieta fornecida aos búfalos não influenciou a 214
temperatura retal dos animais e os bubalinos que receberam a dieta mais rica em concentrado 215
apresentaram aumento significativo na taxa de sudação e frequência respiratória. Diante do 216
exposto, o objetivo deste trabalho foi verificar o efeito da inclusão de concentrado na dieta de 217
bovinos e bubalinos sobre os parâmetros fisiológicos dos animais em condições de calor. 218
219
MATERIAL E MÉTODOS 220
221
O experimento foi realizado no período de Fevereiro a Junho de 2006, no Departamento 222
de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, localizada no município de 223
Recife, Zona da Mata de Pernambuco, latitude 03’ 14" e longitude 34º 52’ 52". O clima da 224
Região Metropolitana do Recife, segundo classificação de Köppen, é do tipo As’ tropical 225
quente e úmido, com verão seco e chuvas de outono-inverno. Possui temperatura média anual 226
de 25,8 ºC, podendo variar entre 24 e 26 ºC. A umidade relativa do ar varia entre 72,5 e 85%, 227
e apresenta média anual de índice pluviométrico superior a 1600 mm (ANDRADE, 2003). 228
Foram utilizados quatro bovinos 5/8 Holandês-Zebu e quatro bubalinos da raça Murrah, 229
com peso vivo médio inicial de 461,19 ± 7,59 e 455,44 ± 7,85 kg, respectivamente, e em 230
média 24 meses de idade, submetidos inicialmente ao tratamento contra endo e ectoparasitos. 231
Os animais foram alojados em baias individuais, com piso de concreto, contendo bebedouros 232
e comedouros de alvenaria. 233
22
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com arranjo em parcelas 234
subdivididas, sendo a parcela composta por um arranjo fatorial 2 x 4 (duas espécies e quatro 235
níveis de concentrado) e na subparcela o período de avaliação. O ensaio foi analisado por 236
turnos, manhã e tarde. 237
O volumoso utilizado foi o feno de capim-Tifton (Cynodon ssp.) e o concentrado foi 238
constituído por milho moído, farelo de soja e sal mineral. O fornecimento de alimentos foi 239
realizado à vontade, duas vezes ao dia, às 8h30 e 15h30, e ajustado para permitir sobras de 5 a 240
10% do total de MS fornecida, para garantir o consumo voluntário e manter os níveis dos 241
diferentes ingredientes nos respectivos tratamentos. A água esteve permanentemente à 242
disposição dos animais. 243
Na Tabela 1 eso apresentadas as composições qmicas dos ingredientes das dietas e na 244
Tabela 2, as proporções dos ingredientes nas dietas experimentais, bem como a composição 245
química das dietas experimentais, na base da MS. 246
247
Tabela 1. Composão química dos ingredientes da dieta 248
Table 1. Chemistry composition of ingredients in diets
249
Alimentos
Feeds
Itens
itens
Feno de Tifton
Tifton hay
Milho de Moido
Cracked corn
Farelo de Soja
Soybean meal
MS (%) (DM)
88,11 88,55 88,24
PB
2
(CP) 8,02 9,92 50,00
FDN
2
(NDF) 79,32 15,32 15,23
FDA
2
(ADF)) 34,97 2,40 8,78
EE
2
(EE) 2,56 4,87 3,34
MM
2
(MM) 8,04 2,11 8,32
MO (OM) 91,96 97,89 91,68
CHT
2
(TC) 81,12 83,11 38,34
CNF
2
(NFC) 2,06 67,79 23,10
MS = maria seca, PB = protna bruta, FDN = fibra em detergente neutro, FDA = fibra em 250
detergente ácido, EE = extrato etéreo, MM = maria mineral, MO = maria ornica, CHT = 251
carboidratos totais, CNF = carboidratos o fibrosos. 252
DM = dry matter, CP = crude protein, NDF = fiber in neutral detergent, ADF= fiber in acid detergent, EE = ether
253
extract, MM = mineral matter, OM = organic matter, TC = total carbohydrates, NFC = non fiber carbohydrates.
254
1
FONTE: Pereira (2007);
2
% MS
(DM)
255
256
23
Tabela 2. Proporção dos ingredientes e composição química das dietas experimentais 257
Table 2 Ingredients and
Chemistry composition of
experimental diets
258
Níveis de concentrado na dieta
Levels of concentrate in the diet
0,0 24,0 48,0 72,0
Ingredientes
Ingredients
(% de matéria seca da dieta)
(% of dry matter in diet)
Feno de Tífton
Tifton hay
100,0 76,0 52,0 28,0
Milho Moído
Cracked corn
0,0 17,76 35,52 53,28
Farelo de Soja
Soybean meal
0,0 6,24 12,48 18,72
Nutrientes
Nutrients
Composição bromatológica das dietas
Chemistry composition of diets
MS (%) (DM) 88,11 88,20 88,28 88,37
MO (OM) 91,96 92,99 94,03 95,07
PB
2
(CP)
8,02 10,98 13,94 16,89
FDN
2
(NDF)
79,32 63,95 48,59 33,22
FDA
2
(ADF))
45,07 35,50 25,93 16,36
EE
2
(EE)
2,56 3,02 3,48 3,93
MM
2
(MM)
8,04 7,01 5,97 4,93
CHT
2
(TC)
81,12 78,81 76,49 74,17
CNF
2
(NFC)
2,06 15,04 28,03 41,02
NDT
2
(TDN) 54,91 57,10 64,46 66,96
MS = maria seca, MO = maria ornica, PB = proteína bruta, FDN = fibra em detergente neutro, 259
FDA = fibra em detergente ácido, EE = extrato etéreo, MM = maria mineral, CHT = carboidratos 260
totais, CNF = carboidratos não fibrosos. 261
DM = dry matter, OM = organic matter, CP = crude protein, NDF = fiber in neutral detergent, ADF= fiber in acid
262
detergent, EE = ether extract, MM = mineral matter, TC = total carbohydrates, NFC = non fiber carbohydrates, TDN =
263
total digestible nutrient.
264
1
FONTE: Marques, (2008);
2
% MS
(DM)
265
266
267
268
269
24
O experimento teve duração de 114 dias, sendo 30 dias para adaptação dos animais ao 270
manejo e instalações, seguido de 4 períodos de 21 dias, dos quais 14 foram destinados à 271
adaptação dos animais às dietas e 7 para coleta de dados. Os períodos 1 e 2 corresponderam 272
ao mês de abril e os períodos 3 e 4 corresponderam aos meses de maio e junho, 273
respectivamente. 274
Os parâmetros fisiológicos temperatura retal (TR em °C), frequência respiratória (FR, 275
mov/min) e temperatura de pele (TPL em °C) foram avaliados três dias seguidos em cada 276
período, nos turnos da manhã e da tarde e a taxa de sudação (TSUD em g/m
2
/h) foi mensurada 277
apenas pela manhã, sendo uma vez em cada período experimental. A TR foi obtida por 278
intermédio de um termômetro clínico digital, introduzido no reto de cada animal; a FR pela 279
contagem dos movimentos respiratórios no flanco do animal durante 30 segundos, 280
multiplicando-se o resultado por dois para obter a frequência respiratória por minuto. A TPL 281
foi obtida em cada flanco dos animais, por intermédio de um termômetro infravermelho 282
digital, portátil, com mira laser circular. Nas análises estatísticas foram utilizadas as médias 283
de TPL obtidas nos dois flancos. A TSUD foi obtida por intermédio do método colorimétrico 284
proposto por Schleger e Turner (1965). 285
O ambiente foi monitorado às 9h e 15h, durante três dias consecutivos em cada período 286
experimental, por intermédio de um abrigo termométrico localizado no interior do galpão, 287
onde foram instalados um psicrômetro para medida das temperaturas dos bulbos seco (Tbs) e 288
úmido (Tbu), e um termômetro de extrema, para obtenção de temperaturas máxima e mínima 289
do dia. Um globotermômetro foi instalado no interior do galpão experimental a 1,70 metro do 290
piso, correspondendo à altura do dorso dos animais. Os valores mensurados através do 291
psicrômetro e termômetro de globo negro foram registrados para os cálculos das estimativas 292
médias dos índices de temperatura e umidade (ITU), temperatura de globo e umidade (ITGU) 293
e Carga Térmica de Radiação (CTR), bem como para avaliação da variação desses índices 294
durante os diferentes períodos do experimento. A velocidade do vento foi medida por 295
intermédio de um anemômetro digital portátil, também na altura do dorso dos animais. O 296
índice de temperatura e umidade (ITU), foi calculado utilizando-se a equação proposta por 297
Thon (1958, citado por BAÊTA, 1985): ITU = Tbs + 036Tpo + 41,5; onde, Tbs é a 298
temperatura do ar (°C) e Tpo é a temperatura do ponto de orvalho em (ºC). O índice de 299
temperatura de globo e umidade (ITGU) foi determinado de acordo com a fórmula 300
desenvolvida por Buffington et al. (1981): ITGU = Tgn + 0,36Tpo + 41,5, onde Tgn é a 301
temperatura do globo negro (°C) e Tpo é a temperatura do ponto de orvalho (°C). A Carga 302
Térmica de Radiação (CTR), foi calculada utilizando-se a equação referenciada por Esmay 303
25
(1969): CTR =
σ
x (TRM)
4
, onde a CTR é a Carga Térmica de Radiação (W/m
2
),
σ
é a 304
Constante de Stefan Boltzmann (5,67x10
-8
W/m
2
/K
4
) e TRM é a temperatura radiante média 305
(K), obtida pela equação: TRM = 100
[2,51 x v(Tgn – Tbs) +(
)
4
]
1/4
, em que vv é a 306
velocidade do vento (m/s)
e Tbs é a temperatura do bulbo seco (°C). Para os cálculos da 307
umidade relativa do ar e da temperatura do ponto de orvalho foi utilizado o Programa 308
Computacional para o Cálculo das Propriedades Psicométricas do ar GRAPSI 6.0 (UFV, 309
2006). 310
Procedeu-se a um estudo para verificar se as pressuposições de distribuição normal e 311
homocedasticidade dos dados foram atendidas. Os resultados foram analisados 312
estatisticamente por meio de análises de variância e regressão, utilizando-se o Sistema de 313
Análises Estatísticas e Genéticas SAEG (UFV, 2003) e as médias foram comparadas pelo 314
teste de Tukey em nível de 5% de significância. 315
316
317
318
319
320
321
322
323
324
325
326
327
328
329
330
331
332
333
334
335
336
26
RESULTADOS E DISCUSSÃO 337
338
Os valores médios dos elementos climáticos e índices de conforto térmico, durante os 339
quatro períodos experimentais se encontram na Tabela 3. 340
341
Tabela 3. Valores médios dos elementos climáticos observados pela manhã - 09h00 e à tarde 15h00 -
342
durante os quatro períodos experimentais
343
Table 3. Average values of the climatic elements observed in the morning – 9 A.M. - and at afternoon
344
- 3 P.M. - during the four experimental periods
345
346
PERÍODOS (period)
VARIÁVEL
Variable
TURNO
Session
1 2 3 4
Tbs (Tbs
)
Manhã
(Morning)
30,3 29,6 25,6 27,6
Tarde
(Afternoon)
31,0 30,3 27,6 27,6
UR (
RH)
Manhã
(Morning)
77,5 79,3 89,8 78,7
Tarde
(Afternoon)
71,6 75,4 79,0 78,7
vv (ws
)
Manhã
(Morning)
1,1 0,2 0,5 0,2
Tarde
(Afternoon)
0,6 0,2 0,3 0,7
ITU (THI) Manhã
(Morning)
81,2 80,4 76,0 77,6
Tarde
(Afternoon)
81,6 81,0 77,6 77,6
ITGU (BGHI) Manhã
(Morning)
84,2 84,8 77,7 80,0
Tarde
(Afternoon)
84,3 84,7 80,0 79,7
CTR (RTC) Manhã
(Morning)
538,4 519,0 480,1 493,5
Tarde
(Afternoon)
520,2 528,2 486,9 500,8
Tbs = Temperatura do Bulbo Seco (°C), UR = Umidade Relativa do Ar (%), vv = Velocidade dos
347
Ventos (m/s), ITU = Índice de Temperatura e Umidade, ITGU = Índice de Temperatura Globo e
348
Umidade, CTR = Carga Térmica Radiante (W/m
2
)
349
Ta = dry bulb temperature (°C), HR = relative air humidity (%), WS = wind speed (m/s), THI =
350
temperature and humidity index, BGHI = Black globe-humidity index, RTC = radiant thermal charge
351
352
Durante o período experimental, a temperatura média do ar variou de 25,6 a 31,0ºC, a 353
umidade relativa de 71,6 a 89,8%, a velocidade dos ventos de 0,2 a 1,1 m/s, o ITU de 76,0 a 354
81,6, o ITGU de 77,7 a 84,8 e a CTR de 480,1 a 538,4
(W/m
2
)
(Tabela 3). As temperaturas 355
27
máxima e mínima observadas durante o experimento foram, respectivamente: 35 e 28ºC 356
(período 1); 34 e 28ºC (período 2); 29 e 23ºC (período 3) e 31 e 23ºC (período 4). 357
A temperatura média máxima observada durante o período experimental (31°C) foi 358
maior que a crítica superior (27°C) da zona de conforto para a maioria das espécies 359
domésticas, citada por Fuquay (1981). Segundo Goswami e Narain (1962), a zona de 360
termoneutralidade para búfalos está na faixa de 15,5 a 21,2 °C, também abaixo da temperatura 361
máxima observada durante o período experimental (31ºC). Entretanto, esses mesmos 362
pesquisadores observaram estresse térmico quando a temperatura ultrapassou 29,0°C. 363
Guimarães et al. (2001) verificaram sintomas de estresse pelo calor em temperatura de 36,0 364
°C, bem acima da zona de conforto para a espécie bubalina citada por Goswami e Narain 365
(1962). Pereira (2005) citou o valor de 31 ºC de temperatura ambiente como o valor crítico 366
para novilhos mestiços; esse valor crítico está igual à temperatura máxima (31ºC) observada 367
durante o período experimental. Titto et al. (1997) observaram aumentos na temperatura retal 368
em búfalos submetidos à temperatura ambiente de 34,7°C. 369
Thanh et al. (2007) avaliaram diferenças adaptativas entre búfalos e bovinos e 370
encontraram variações na frequência respiratória de búfalos do Pântano iguais a 20-35 371
(mov/min) e nos bovinos vietnamitas de 18-21 (mov/min), durante os meses de fevereiro a 372
maio, cuja temperatura do ar e UR variaram entre 24 – 39 ºC e 57 – 86 %, respectivamente. 373
De acordo com Nääs (1998), o ITU é o parâmetro mais utilizado para avaliação do 374
estresse rmico. No entanto, apesar da grande variação nos limites de ITU para definir 375
situações de conforto ou estresse, observado em diversos trabalhos, Hahn (1985) cita que 376
valores de ITU acima de 78 são estressantes para todas as espécies animais. Entretanto, Costa 377
(2007), em um trabalho pioneiro realizado no Nordeste do Brasil, baseando-se na temperatura 378
retal, estimou níveis críticos de índices de conforto para novilhas bubalinas e encontrou o 379
valor de 79,5 para o ITU e 89,1 para o ITGU, com a temperatura do ar variando de 17 a 33 ºC 380
durante o período experimental. A literatura consultada não disponibiliza níveis críticos de 381
índices de conforto térmico para novilhos da espécie bovina. Baseado nesses índices de 382
conforto e valor crítico de temperatura do ar, pode-se afirmar que os animais foram 383
submetidos a condições estressantes apenas nos períodos 1 e 2. 384
As médias da TR, FR, e TPL dos bubalinos e bovinos, nos períodos da manhã e da 385
tarde, e as médias da TSUD no período da manhã, encontram-se na Tabela 4. 386
387
388
28
Tabela 4. Médias para temperatura retal (TR em °C), frequência respiratória (FR mov/min), 389
temperatura da pele (TPL em °C) da manhã e da tarde e taxa de sudorese (TSUD em g/m
2
/h) 390
da manhã, dos bovinos e bubalinos 391
Tabela 4. Averages for the rectal temperature (RT, °C),
respiratory rate (RR, mov.min.), skin
392
temperature (ST, °C) in the morning and afternoon and sweating rate of cattle and buffaloes (SR, g.m
-
393
2
.h
-1
) in the morning
394
TR (RT) FR (RR) TPL (ST) TSUD (SR)
ANIMAL
Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã
(animal)
(morning) (afternoon) (morning) (afternoon) (morning) (afternoon) (morning)
Bubalino
Buffaloes
38,38 b 38,59 b 27,33 b 25,92 b 36,80 b 37,09 b 63,12 b
Bovino
Cattle
38,65 a 38,90 a 45,13 a 48,60 a 37,86 a 37,97 a 94,12 a
Médias seguidas por letras distintas, na coluna, diferem entre si, pelo teste F (P<0,05) 395
Averages followed by different letters in the column differ one another by F test (P <0.05)
396
397
Houve efeito significativo de espécies, veis de concentrado e de períodos nos 398
parâmetros avaliados. Não houve interação significativa de e ordem entre os fatores 399
estudados. Observou-se efeito significativo (P< 0,05) da espécie animal sobre a TR, FR, TPL 400
e TSUD (Tabela 4). A TR, FR, TPL e TSUD dos bubalinos foram menores (P<0,05) que a 401
dos bovinos nos períodos da manhã e da tarde. De um modo geral, as variações de TR e FR 402
observadas no presente estudo estão dentro dos limites fisiológicos considerados normais para 403
búfalos e bovinos. Gutiérrez e Gonzáles (1998) citam os valores normais de temperatura 404
corporal e frequência respiratória de búfalos, variando de 38,3 a 39,3°C e 18 a 22 mov/min, 405
respectivamente. Para bovinos taurinos adultos, Silva (2000) cita os valores normais de 406
temperaturas retais, variando de 37,5 a 39,3°C, e dos zebuínos variando de 38,5 a 39,7°C. De 407
acordo com Silanikove (2000), ruminantes com FR variando de 40 a 60 mov/min denotam 408
estresse mínimo pelo calor, e de 80-120 mov/min, estresse alto. Dessa forma, as variações de 409
TR e FR observadas nos animais sugerem uma situação de baixo estresse pelo calor. Esses 410
resultados podem ser explicados pela pequena diferença entre o maior valor de ITU, 411
observado no experimento (81,6), e o valor crítico (79,5) estimado por (Costa, 2007) para 412
bubalinos. Dessa maneira, pode-se inferir que durante os períodos I e II o estresse pelo calor 413
foi de pequena magnitude e insuficiente para provocar grandes impactos na fisiologia dos 414
animais, ou seja, com uma pequena mobilização do aparelho respiratório, somado às perdas 415
de calor por sudação, os animais conseguiram manter a homeotermia. Além disso, segundo 416
29
West (1999), quando bovinos são expostos a estresse calórico, redução no consumo de 417
MS. Entretanto, Marques (2008), trabalhando concomitantemente no mesmo experimento, 418
onde os CMS em kg/dia, %PV e %PV
0,75
dos bovinos e búfalos aumentaram linearmente 419
(P<0,05), com o aumento dos níveis de concentrado. Chikamune & Shimizu (1983), ao 420
trabalharem com fêmeas adultas secas e não-prenhas, também verificaram menor temperatura 421
retal e frequência respiratória nas búfalas (37,6°C e 12,7 mov/min) em relação às vacas da 422
raça Holandesa (38,5°C e 22,6 mov/min). Barcelos et al. (1989), em um estudo com novilhos 423
castrados de 16 meses de idade, constataram menor (P<0,05) temperatura retal e frequência 424
respiratória em bubalinos (38,46°C e 14 mov/min) que nos bovinos 5/8 Holandês-Zebu 425
(38,77°C e 17 mov/min). Durante o período experimental, as variações de temperatura do ar e 426
UR foram de 14,3 30,7ºC e 40,5 90,0 %, respectivamente. Chikamune & Shimizu (1983) 427
sugeriram que os bubalinos possuem uma menor taxa metabólica que os bovinos, o que seria 428
uma justificativa para esses resultados. 429
Búfalos suam menos que os bovinos devido a menor quantidade de glândulas 430
sudoríparas comparadas aos bovinos, porém as vias respiratórias nessa espécie são de maior 431
relevância na manutenção da homeotermia (Villares et al., 1979). Em geral, animais que 432
apresentam maior capacidade de sudação utilizam menos a FR para dissipar calor (Azevedo, 433
2004). Assim, é possível afirmar que apesar da taxa de sudação dos bubalinos ter sido menor 434
que a dos bovinos (P<0,05), os menores valores de FR para essa espécie mostram a eficiente 435
utilização desta via para manutenção do equilíbrio térmico. O aumento da temperatura da pele 436
é um dos principais fatores que estimula a taxa de sudação, sendo assim, a maior taxa de 437
sudação apresentada pelos bovinos em relação aos bubalinos está coerente com a maior TPL 438
observada nessa espécie animal. 439
Os valores médios das variáveis fisiológicas TR, FR, TPL e TSUD dos bovinos e 440
búfalos nos quatro períodos experimentais estão apresentados na Tabela 5. 441
442
443
444
445
446
447
448
449
450
30
Tabela 5. Valores médios de temperatura retal (TR em °C), frequência respiratória 451
(FR, mov/min), temperatura da pele (TPL em°C) da manhã e da tarde, taxa de sudorese 452
(TSUD em g/m
2
/h) da manhã de bovinos e búfalos e coeficientes de variação (CV), durante os 453
4 períodos experimentais 454
Tabela 5.
(Averages for rectal temperature (RT, °C),
respiratory rate (RR, mov.min
-1
), skin
455
temperature (ST, °C) in the morning and at afternoon, sweating rate of cattle and buffaloes (SR, g.m
-
456
2
.h
-1
) in the morning, and coefficients of variation (CV) during the four experimental periods
457
TR
(RT)
FR
(RR)
TPL
(ST)
TSUD
(SR)
PERÍODO
Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã
(period)
(morning) (afternoon) (morning) (afternoon) (morning) (afternoon) (morning)
1
38,7a 38,9a 41,9a 44,0a 38,3a 38,1a
2
38,5ab 38,8a 40,2a 38,2a 38,1a 37,7ab
3
38,4b 38,7a 26,8b 33,5a 36,1b 37,1b
4
38,4b 38,6a 36,0ab 33,3a 36,9b 37,2b
CV(%)
0,54 0,56 23,69 24,86 1,81 1,54
59,7bc
53,8c
89,3ab
111,7a
27,8
Médias seguidas por letras diferentes, na coluna, diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05) 458
Averages followed by different letters in the column differ one another by Tukey test (P <0.05)
459
460
Houve efeito (P<0,05) de período sobre a TR, FR e TPL no turno da manhã, TPL no 461
turno da tarde e TSUD (Tabela 5), onde se observa que os parâmetros fisiológicos foram 462
maiores nos períodos mais estressantes 1 e 2, exceto a TSUD, que foi significativamente 463
maior (P<0,05) nos períodos 3 e 4. Apesar dessa diferença significativa, vale ressaltar que a 464
taxa de sudação é uma característica muito variável (CV = 27,8%), conforme evidenciado em 465
diversas pesquisas. 466
Os valores médios das variáveis fisiológicas TR, FR, TPL e TSUD dos bovinos e 467
búfalos, nos quatro níveis de concentrado (0, 24, 48 e 72%), estão apresentados na Tabela 6. 468
469
470
471
472
473
474
475
476
31
Tabela 6. Valores médios de temperatura retal (TR em °C), frequência respiratória 477
(FR, mov/min) e temperatura da pele (TPL em °C) da manhã e da tarde, (TSUD em g/m
2
/h) 478
da manhã e coeficientes de variação (CV), de bovinos e bubalinos em função dos níveis 479
crescentes de concentrado 480
Tabela 6.
Averages for the rectal temperature (RT, °C),
respiratory rate (RR, mov.min
-1
), skin
481
temperature (ST, °C) in the morning and in the afternoon, sweating rate of cattle and buffaloes (SR,
482
g.m
-2
.h
-1
) in the morning, and coefficients of variation (CV), in function of the increasing levels of
483
concentrated
484
TR
(
RT)
FR
(
RR)
TPL
(
ST)
TSUD
(SR)
Níveis de
Concentrado
(%)
(Levels of concentrate)
Manhã
(Morning)
Tarde
(Afternoon)
Manhã
(Morning)
Tarde
(Afternoon)
Manhã
(Morning)
Tarde
(Afternoon)
Manhã
(Morning)
0
38,4a 38,6b 31,7a 30,1b 36,8a 37,0b 71,0a
24
38,5a 38,7ab 33,1a 32,2ab 37,4a 37,5ab 71,6a
48
38,6a 38,8ab 39,9a 42,7ab 37,7a 37,7ab 85,0a
72
38,6a 38,9a 40,2a 44,0a 37,5a 37,9a 86,9a
CV (%)
0,54 0,56 23,69 24,86 1,81 1,54 27,8
Médias seguidas por letras diferentes, na coluna, diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05) 485
Averages followed by different letters in the column differ one another by Tukey test (P <0.05)
486
487
Os níveis de concentrado influenciaram a TR, FR e TPL dos animais no turno da tarde, 488
mas não houve diferença (P>0,05) na TSUD (Tabela 6), o que indica que os animais se 489
termorregularam bem, pois não houve necessidade de utilização das vias cutâneas para perda 490
do calor metabólico. 491
A Figura 1 apresenta a regressão da TR da tarde em função dos níveis de concentrado. 492
A análise de regressão mostrou que o modelo linear foi o que melhor explicou as variações da 493
TR da tarde em função dos veis de concentrado, para os bovinos e bubalinos (Figura 1). 494
Não houve ajuste para regressão da FR da tarde e TPL da tarde em função dos níveis de 495
concentrado para os bovinos e bubalinos. 496
497
498
499
500
501
502
32
503
504
505
506
507
508
509
510
511
512
513
514
Figura 1. Temperatura Retal (TR) da tarde dos bovinos e bubalinos em função dos 515
níveis crescentes de concentrado 516
Figure 1. Rectal temperature of cattle and buffaloes (TR) at afternoon in function of the increasing levels
517
of concentrated
518
519
Pelo valor do coeficiente de determinação nota-se que o aumento dos níveis de 520
concentrado podem explicar 98% das variações ocorridas na TR da tarde dos bovinos e 521
bubalinos (Figura 1). A TR da tarde dos bovinos e búfalos aumentou 0,03ºC para cada 522
aumento de 1% no nível de concentrado. 523
O aumento dos níveis de concentrado não alteraram (P>0,05) as variáveis fisiológicas 524
no turno da manhã, porém, no turno da tarde, constataram-se efeitos significativos (P<0,05) 525
dos níveis de concentrado sobre a TR, FR e TPL (Tabela 6). A TR, FR TPL registradas no 526
turno da tarde foram mais elevadas nos animais que receberam dieta com 72% de concentrado 527
em relação a dos animais que não receberam concentrado, sendo estes valores semelhantes 528
aos dos animais que receberam suplementação de 24% e 48% de concentrado na dieta. O 529
maior consumo de volumoso em relação ao concentrado proporciona um maior incremento 530
calórico no corpo do animal. Dessa maneira, esperava-se que a dieta com mais concentrado 531
proporcionasse menores valores de TR, FR, TPL e TSUD, o que não aconteceu. Pelo 532
contrário, animais submetidos à dieta com 72% de concentrado apresentaram maiores valores 533
de TR, FR e TPL. Esses resultados, provavelmente, devem-se ao maior consumo de matéria 534
seca e de proteína nesses animais. 535
536
38,60
38,65
38,70
38,75
38,80
38,85
38,90
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Níveis de concentrado (%)
TRt C)
TRt=38,6483+0,00279515*NC r
2
=0,98
33
No trabalho de Marques (2008), realizado com os mesmos animais do presente 537
experimento durante o mesmo período experimental, constatou que com o aumento dos níveis 538
de concentrado o consumo de matéria seca (CMS) e proteína bruta (PB) também aumentaram 539
(Tabela 7). 540
541
Tabela 7. Médias, coeficiente de variação (CV), coeficiente de determinação (R²) e equação 542
de regressão (ER), para consumos de matéria seca (CMS) e proteína bruta (CPB), em função 543
dos níveis crescentes de concentrado para os bovinos (bo) e bubalinos (bu) 544
Table 7. Average, coefficients of variation (CV), coefficients of determination (R2) and regression equation (RE)
545
for the intakes dry matter (DMI) and crude protein (CPI), in function of the increasing levels of concentrated of
546
cattle (ca) and buffaloes (bu)
547
548
Níveis de concentrado na dieta
Levels of Concentrate in diet
CV R
2
ER
Itens/Itens
0,0 24,0 48,0 72,0
Bovino / cattle
CMS (kg/d) DMI (kg/d)
6,87 9,91 12,05 13,21 12,62 0,96 Ŷ=7,3352+0,0882*x
CPB (kg/d) CPI (kg/d)
0,55 1,12 1,84 2,10 18,59 0,97 Ŷ=0,6005+0,0223*x
Búfalo / buffaloes
CMS (kg/d) DMI (kg/d)
7,53 8,48 9,73 9,56 3,54 0,85 Ŷ=7,7191+0,0306*x
CPB (kg/d) CPI (kg/d)
0,61 0,96 1,49 1,48 7,93 0,89 Ŷ=0,6637+0,0131*x
* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F
549
* Significant at 5% of probability, by F test.
550
Fonte: Adaptado de Marques (2008)
551
552
O aumento da PB da dieta pode ocasionar excesso na produção de amônia com 553
consequente conversão a ureia no fígado. Conforme Pereira (2007), o qual também trabalhou 554
concomitantemente com este experimento, os teores crescentes de proteína das dietas (8,02; 555
10,98; 13,94; 16,89) com o aumento dos níveis de concentrado (0, 24, 48, 72%), 556
proporcionou elevação dos níveis de ureia plasmática e urinária. 557
Assim, o aumento linear do consumo de PB (Tabela 7), observado por Marques (2008), 558
ao trabalhar no mesmo experimento, pode explicar a maior produção de calor endógeno nos 559
bovinos e bubalinos, uma vez que, para cada mol de ureia produzido são utilizados dois moles 560
de ATP, reação que libera aproximadamente 7,3 Kcal por molécula (BERCHIELLI et al., 561
2006). Dessa forma, é possível afirmar que a excreção da ureia excedente acarretou um 562
aumento na produção de calor endógeno dos animais estudados. Além disso, Pereira, (2007) 563
34
também trabalhou no mesmo experimento e observou aumento linear no consumo de 564
Nitrogênio (N) com a inclusão de concentrado nas dietas, o que contribuiu também para o 565
aumento na produção de calor corporal, uma vez que o custo energético para excreção de um 566
excesso de 100 g de N é cerca de 1 Mcal (OLDHAM, 1984 citado por SIMAS, 1998). 567
Marques (2008), ao trabalhar no mesmo experimento, também observou aumento linear para 568
o CMS dos bovinos e bubalinos (Tabela 7), o que pode ter contribuído para o aumento da 569
produção de calor endógeno, pelo maior aporte de nutrientes no rúmen. 570
Por outro lado, resultados semelhantes aos encontrados no presente estudo foram 571
obtidos por Guimarães et al. (2001), os quais não observaram aumento na TR dos bubalinos 572
com o aumento dos níveis de concentrado na dieta. No entanto, a FR foi mais elevada nos 573
búfalos que receberam dieta com 50% de concentrado em relação àqueles que receberam 20% 574
de concentrado na dieta no período da tarde. Neiva et al. (2004), ao trabalharem com ovinos 575
da raça Santa Inês, em ambiente com ITU variando de 77,6 a 79,0, durante o período 576
experimental, também encontraram aumentos na TR (P<0,05) quando os animais foram 577
alimentados com dietas contendo alto teor de ração concentrada, independente das condições 578
de instalação e do período de coleta dos dados. Segundo os mesmos autores, a FR também foi 579
superior (P<0,05) quando os animais foram alimentados com dietas contendo maiores teores 580
de ração concentrada nas duas condições de instalação estudadas (à sombra e ao sol). 581
Diante desses resultados, pode-se concluir que a maior frequência respiratória, 582
temperatura retal e de pele constatadas com o nível de 72% de concentrado foi devido ao 583
aumento na produção de calor endógeno na metabolização do excesso de proteína consumida. 584
Vale ressaltar que no vel 72% de concentrado com 16,89% de PB, os animais estavam 585
consumindo mais PB que as exigências para o peso vivo dos animais no final do experimento. 586
A variação média de peso durante o período experimental foi de 461,19 a 519,63 e 455,44 a 587
509,75kg, para bovinos e bubalinos, respectivamente (PEREIRA, 2007). Assim, 588
provavelmente, a velocidade de degradação da PB pode ter excedido a velocidade de 589
utilização pelos microorganismos do rúmen, ocasionando um excesso de amônia produzido e 590
absorvido pela parede ruminal, transformada em ureia pelo gado com posterior excreção via 591
urina (PEREIRA, 2007). Nesse ponto, conforme citado anteriormente, com a inclusão de 592
concentrado nas dietas, pode ter ocorrido uma maior produção de calor endógeno na 593
metabolização dessa proteína excedente. Dessa forma, os resultados sugerem que o excesso 594
de PB na produção de calor endógeno foi mais importante do que a ingestão de volumoso. 595
596
597
35
Conclusões 598
599
O aumento nos níveis de concentrado na dieta de bovinos e bubalinos ocasionou 600
aumentos na TR, FR e TPL dos animais. Entretanto, esses valores se mantiveram dentro da 601
variação fisiológica normal. 602
Os bubalinos foram mais eficientes na utilização do aparelho termorregulador que os 603
bovinos, consequentemente apresentaram maior resistência ao estresse pelo calor. 604
Os períodos 1 e 2 foram mais estressantes para bubalinos e bovinos que os períodos 3 e 605
4. 606
607
608
609
610
611
612
613
614
615
616
617
618
619
620
621
622
623
624
625
626
627
628
629
630
631
36
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799
800
41
801
802
803
804
805
806
807
808
809
810
811
812
813
814
ANEXO
815
816
817
818
819
820
821
822
823
824
825
826
827
828
829
830
831
832
833
42
834
835
836
837
838
839
840
841
842
843
844
845
846
847
848
849
Figura 1 - Abrigo termométrico localizado no interior do galpão experimental (1), o 850
psicrômetro (2) e o termoigrômetro digital (3). 851
852
853
854
855
856
857
858
859
860
861
862
863
864
Figura 2 - Galpão experimental (1), os animais (2) e o globotermômetro, instalado no 865
interior do galpão experimental a 1,70 metro do piso (3). 866
867
1
2
3
2
1
3
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