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Padovani, R.C. (2008). Resolução de problemas sociais com adolescentes em conflito
com a lei: Estratégias de mensuração e intervenção. Texto de Defesa de Doutorado.
Programa de Pós-Graduação em Educação Especial. Universidade Federal de São
Carlos, São Carlos.
O déficit de habilidades de resolução de problemas sociais entre adolescentes em
conflito com a lei vem sendo apontado como uma das características dessa população.
Entretanto, não há dados na literatura nacional que venham mensurar essa variável.
Diante desta constatação, o presente estudo teve dois objetivos. Em um primeiro
momento avaliou-se uma intervenção em grupo com adolescentes em conflito com a lei
com o intuito de favorecer a discriminação e a emissão de respostas socialmente
competentes favorecedoras ao seu bem-estar psicossocial (Estudo 1). Participaram do
programa de intervenção seis adolescentes do sexo masculino, autores de atos
infracionais. A pesquisa foi realizada em uma unidade da antiga FEBEM (Fundação
CASA). Os instrumentos utilizados foram: Roteiro de Entrevista Individual, Inventário
de Depressão Beck (BDI), Inventário de Ansiedade Beck (BAI), Inventário de
Desesperança de Beck (BHS), Inventário de Resolução de Problemas Sociais –
Revisado: Forma Abreviada (SPSI-R:S) e Teste de Desempenho Escolar (TDE). Foram
realizadas três sessões na fase pré-teste e dez sessões de ensino de resolução de
problemas sociais na fase de intervenção. Três meses após o término do grupo, foi feita
uma sessão para coleta de dados pós-intervenção. Os resultados indicaram: histórico de
fracasso escolar; histórico de maus-tratos infantis, consumo de bebidas alcoólicas e
drogas ilícitas, e envolvimento em lutas corporais. Verificou-se um índice expressivo de
abandono da intervenção, apenas dois participantes estiveram presentes em todas as
sessões. Na fase de pré-teste, cinco participantes indicaram quadros de depressão e
ansiedade, e quatro participantes indicaram desesperança. Na fase de pós-teste, um
participante indicou diminuição da depressão, da ansiedade e da desesperança; o outro
manteve os níveis de depressão (leve), de ansiedade (leve) e de desesperança (ausente).
Na fase de follow-up, cinco participantes responderam ao instrumento. Todos indicaram
diminuição da depressão. No que se refere à ansiedade, entre os que estiveram presentes
em todas as fases, um diminuiu (de grave para leve) e outro apresentou o mesmo
desempenho (leve). Os demais indicaram: manutenção (leve e moderado) ou aumento
(leve para moderado). Quanto à desesperança, os que estiveram presentes em todas as
fases apresentaram o mesmo nível (ausente). Os demais indicaram: manutenção
(moderado/leve) e diminuição (grave/moderado). Quanto à habilidade de resolução de
problemas,verificou-se que quatro participantes apresentavam repertórios na média do
grupo normal e dois participantes tinham déficits de tais habilidades. Na fase de pós-
teste, um participante melhorou o desempenho e outro manteve o mesmo repertório. Na
fase de follow-up, o desempenho oscilou indo da média do grupo normal a muito acima
da média. Apesar das limitações metodológicas, como a ausência de dados sistemáticos,
o presente estudo é o primeiro no Brasil a examinar habilidades de resolução de
problemas sociais em grupo com adolescentes internados em uma unidade da FEBEM e
o primeiro a utilizar um instrumento específico para análise do repertório de resolução
de problemas sociais (SPSI:S-R) nessa população. Este estudo demonstra a relevância de
se trabalhar com adolescentes infratores em situação de internação, população
tipicamente excluída na sociedade brasileira. O Estudo 2 buscou validar, para uso no
contexto brasileiro, o Inventário de Resolução de Problemas Sociais-Revisado: Forma
Abreviada (SPSR:S), bem como investigar a evidência de validade de conteúdo e