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RESISTÊNCIA DE VARIEDADES DE ALGODOEIRO A
Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH, 1797)
(LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE)
Zeneide Ribeiro Campos
Engenheira Agrônoma
Novembro de 2008
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
RESISTÊNCIA DE VARIEDADES DE ALGODOEIRO A
Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH, 1797)
(LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE)
Zeneide Ribeiro Campos
Orientador: Prof. Dr. Arlindo Leal Boiça Júnior
Tese apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de
Jaboticabal, como parte das exigências para o
obtenção do título de Doutor em Agronomia
(Produção Vegetal).
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
Novembro de 2008
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Campos, Zeneide Ribeiro
C198r Resistência de variedades de algodoeiro a Spodoptera frugiperda (J. E. Smith,
1797) (Lepdoptera: Noctuidae) / Zeneide Ribeiro Campos. – – Jaboticabal, 2008.
vii, 67 f. ; 28 cm
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias, 2008
Orientador: Arlindo Leal Boiça Júnior
Banca examinadora: Antonio Carlos Busoli, Edson Luiz Lopes Baldin, José
Roberto Scarpellini, José Carlos Barbosa
Bibliografia
1. Resistência de plantas. 2. Gossypium hirsutum. 3. Preferência alimentar. I.
Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 595.78:633.51
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço
Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
4
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
ZENEIDE RIBEIRO CAMPOS – nasceu em Mirador-MA, em 10 de julho de
1962, filha de Antonio de Paula Ribeiro e Neuza Ribeiro Campos. Concluiu o 1° e 2°
graus na cidade de Mirador, Estado do Maranhão. Em março de 1997 ingressou no
Curso de Engenharia Agronômica, graduando-se em dezembro de 2002, pela
Faculdade de Engenharia/UNESP – Campus de Ilha Solteira. Em agosto de 2003
iniciou o curso de mestrado em Agronomia (Produção Vegetal), da Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP – Campus de Jaboticabal obtendo seu título
em fevereiro de 2005. Ingressou no doutorado, no mesmo programa, em março de
2005, obtendo o título em novembro de 2008. Trabalha como Auxiliar Acadêmico no
Departamento de Biologia e Zootecnia – Faculdade de Engenharia/Campus de Ilha
Solteira, tendo ingressado por concurso público em março de 1994. Profissionalmente,
pesquisa na área de Resistência de Plantas a Insetos.
5
“Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos
pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso e
pessoas fracassadas. O que existem são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou
desistem deles”.
Augusto Cury
Aos meus pais,
Antonio de Paula Ribeiro “in memorian”
6
e Neuza Ribeiro Campos.
A minha irmã Maria, “in memorian”
Aos meus irmãos,
A amiga Luciana Hermanson “in memorian”
Dedico
Aos meus familiares, Alcebíades, Sônia,
Guilherme, Mariana e Raquel,
presentes em todos os momentos,
Ofereço
Aos Professores Doutores Arlindo Leal Boiça Júnior e
Alcebíades Ribeiro Campos; aos colegas do Departamento de
Fitossanidade – FCAV; aos colegas do Departamento de
Biologia e Zootecnia – FEIS,
Agradeço
7
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Arlindo Leal Boiça Júnior, por sua orientação, pelo incentivo, pelo
apoio, pela amizade e pelas portas abertas durante o doutorado.
Ao Prof. Dr. Alcebíades Ribeiro Campos, pelos ensinamentos, pelo incentivo,
pelo apoio e colaboração durante a condução do experimento.
Ao Prof. Dr. Walter Veriano Valério Filho pelas sugestões e realização das
análises estatísticas.
A Profa. Dra. Sônia Cassinelli Baldini Campos, pelos ensinamentos, apoio e
paciência.
A FUNDUNESP – Fundação para o Desenvolvimento da UNESP, pelo financiamento de
equipamento utilizado na pesquisa.
Ao Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo - EMPRAPA, pelo fornecimento de
pupas de Spodoptera frugiperda para início da criação de manutenção dos insetos utilizados na
pesquisa.
À Cíntia Daniele Minatel, Ana Heloísa Maia, Luciana Moreira Medeiros, Mayara
e Lidiane, pela amizade, apoio e auxílio na realização dos experimentos.
Ao Prof. Dr. Dib Gebara e Profa. Dra. Wilma Aparecida Starke Buzetti, por
permitirem o uso de equipamentos de laboratório.
À Luciana Hermanson (in memorian) e Rosângela Santos de Souza, pelo
companheirismo e amizade.
À Meiri Sayuri Nishida Máximo da Cruz e Cleuza Nozela Beltrame, pelo apoio
incondicional durante todo o período de Graduação e Pós-Graduação.
Aos Docentes e Técnicos do Departamento de Biologia e Zootecnia -
FE/UNESP, pelo apoio, amizade, respeito e compreensão nos onze anos de vida
acadêmica.
Aos Docentes e Técnicos do Departamento de Fitossanidade - FCAV/UNESP,
pela convivência, apoio e amizade.
A todos que em algum momento ou de alguma forma participaram de minha
formação.
8
À força maior que me guia.
9
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS ................................................................................................iii
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................v
RESUMO...................................................................................................................vi
ABSTRACT...............................................................................................................vii
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................................01
Referências............................................................................................................07
CAPÍTULO 2 – SPODOPTERA FRUGIPERDA (J. E. SMITH)
(LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM ALGODOEIRO: DISTRIBUIÇÃO
VERTICAL DE POSTURAS, EFEITOS DA DENSIDADE DE ADULTOS E
DA IDADE DE PLANTAS SOBRE O COMPORTAMENTO DE
OVIPOSIÇÃO............................................................................................................13
Resumo..................................................................................................................13
Introdução..............................................................................................................14
Material e Métodos.................................................................................................15
Resultados e Discussão.........................................................................................18
Referências............................................................................................................23
CAPÍTULO 3 - PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE LAGARTAS RECÉM-
ECLODIDAS DE SPODOPTERA FRUGIPERDA (J. E. SMITH)
(LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) POR VARIEDADES DE ALGODOEIRO...............27
Resumo..................................................................................................................27
Introdução..............................................................................................................28
Material e Métodos.................................................................................................29
Resultados e Discussão.........................................................................................32
Referências............................................................................................................40
CAPITULO 4 – EFEITO DE VARIEDADES DE ALGODOEIRO SOBRE O
DESENVOLVIMENTO BIOLÓGICO DE SPODOPTERA FRUGIPERDA
(J. E. SMITH) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) ........................................................43
Resumo..................................................................................................................43
Introdução..............................................................................................................44
10
Material e Métodos.................................................................................................46
Resultados e Discussão.........................................................................................49
Referências............................................................................................................63
CONCLUSÕES.........................................................................................................67
11
LISTA DE TABELAS
Página
CAPÍTULO 2 – SPODOPTERA FRUGIPERDA (J. E. SMITH)
(LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM ALGODOEIRO: DISTRIBUIÇÃO
VERTICAL DE POSTURAS, EFEITOS DA DENSIDADE DE ADULTOS E
DA IDADE DE PLANTAS SOBRE O COMPORTAMENTO DE
OVIPOSIÇÃO
Tabela 1 - Número médio de massas de ovos de Spodoptera
frugiperda/planta de algodoeiro, variedade BRS Ita 90,
sob quatro diferentes densidades de adultos.....................................19
Tabela 2 - Número médio de massas de ovos de Spodoptera frugiperda
por parte da planta de algodoeiro, variedade BRS Ita 90........................20
Tabela 3 - Número médio de massas de ovos de Spodoptera frugiperda
por variedade de algodão, 72 h após infestação, em teste
com chance de escolha...........................................................................22
CAPÍTULO 3 - PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE LAGARTAS RECÉM-
ECLODIDAS DE Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH) (LEPIDOPTERA:
NOCTUIDAE) POR VARIEDADES DE ALGODOEIRO
Tabela 1 – Número médio de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera
frugiperda, atraídas por partes das plantas de algodoeiro em
diferentes períodos de observação, em teste com chance de
escolha...................................................................................................32
Tabela 2 - Número médio de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera
frugiperda, atraídas por variedades de algodoeiro em
diferentes períodos após liberação, em teste com chance de
escolha...................................................................................................35
12
CAPITULO 4 – EFEITO DE VARIEDADES DE ALGODOEIRO SOBRE O
DESENVOLVIMENTO BIOLÓGICO DE Spodoptera frugiperda (J. E.
SMITH) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE)
Tabela 1 – Médias de duração (dias) e viabilidade (%) da fase larval de
S. frugiperda mantidas em folhas de dezesseis variedades
de algodoeiro. (T= 27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h) ...................51
Tabela 2 – Médias de duração (dias) e viabilidade (%) da fase pré-pupal
de S. frugiperda mantidas em folhas de dezesseis
variedades de algodoeiro. (T= 27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%;
fotofase: 14 h).........................................................................................53
Tabela 3 – Médias de duração (dias), viabilidade (%), peso de pupas
(mg) e razão sexual de pupa de S. frugiperda mantidas em
folhas de dezesseis variedades de algodoeiro. (T= 27 ±
1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h)........................................................55
Tabela 4 – Médias de duração (dias) e viabilidade (%) da fase de
desenvolvimento de lagarta a adulto de S. frugiperda
mantidos em folhas de dezesseis variedades de
algodoeiro. (T= 27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h).....................57
Tabela 5 – Médias de longevidade (dias), pré-oviposição (dias) e
oviposição (dias) de adultos de S. frugiperda mantidos em
folhas de dezesseis variedades de algodoeiro. (T= 27 ±
1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h)......................................................59
Tabela 6 – Médias dos números de postura por fêmea, de ovos por
postura, de fecundidade, de período de incubação (dias) e
viabilidade (%) de S. frugiperda mantidos em folhas de
dezesseis variedades de algodoeiro. (T= 27 ± 1°C; UR: 70
± 10%; fotofase: 14 h)...........................................................................62
13
LISTA DE FIGURAS
Página
CAPÍTULO 2 – SPODOPTERA FRUGIPERDA (J. E. SMITH)
(LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM ALGODOEIRO: DISTRIBUIÇÃO
VERTICAL DE POSTURAS, EFEITOS DA DENSIDADE DE ADULTOS E
DA IDADE DE PLANTAS SOBRE O COMPORTAMENTO DE
OVIPOSIÇÃO
Figura 1 - Relação entre a idade das plantas de algodoeiro e o número
de massas de ovos de Spodoptera frugiperda, em teste com
chance de escolha...................................................................................20
CAPÍTULO 3 - PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE LAGARTAS RECÉM-
ECLODIDAS DE Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH) (LEPIDOPTERA:
NOCTUIDAE) POR VARIEDADES DE ALGODOEIRO
Figura 1- Relação entre o tempo após a liberação e o número de
lagartas recém-eclodidas de Spodoptera frugiperda, atraídas
por partes das plantas de algodoeiro, em teste com chance
de escolha...............................................................................................33
Figura 2 - Número médio de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera
frugiperda, em partes das plantas de algodoeiro, variedade
BRS Ita 90, em teste de preferência alimentar, com e sem
chance de escolha..................................................................................34
Figura 3 - Relação entre o tempo após a liberação e o número de
lagartas recém-eclodidas de Spodoptera frugiperda, recém-
eclodidas, atraídas por variedades de algodoeiro, em teste
com chance de escolha..........................................................................36
Figura 4 - Número médio de lagartas recém-eclodidas Spodoptera
frugiperda, por variedade de algodoeiro, em teste de
preferência alimentar, com e sem chance de escolha..........................39
14
RESISTÊNCIA DE VARIEDADES DE ALGODOEIRO A Spodoptera frugiperda (J. E.
SMITH, 1797) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE)
RESUMO – O presente trabalho teve por objetivo estudar alguns aspectos
comportamentais de Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH) em variedades de algodoeiro.
Em casa-de-vegetação, determinou-se a densidade adequada de adultos por planta, a
distribuição vertical de ovos, nas diferentes partes da planta, e a idade adequada das
plantas para infestação, visando a realização de estudos de resistência e a melhoria
das práticas de manejo de S. frugiperda em algodoeiro. Em laboratório, avaliou-se a
atratividade e a não-preferência alimentar, com e sem chance de escolha, de lagartas
recém-eclodidas por partes de plantas e por variedades de algodoeiro. O
desenvolvimento biológico do inseto foi também acompanhado confinando-se lagartas
às diferentes variedades. Os resultados permitiram concluir que S. frugiperda tem
preferência por ovipositar em plantas com 60 dias de idade, preferencialmente na face
abaxial das folhas, localizadas no terço superior das plantas. A densidade de 3 ou 4
casais de adultos por planta foi suficiente para a realização de testes de não-
preferência para oviposição. As variedades Coodetec 408, BRS Aroeira, BRS Araçá,
BRS Ita 90 e DeltaPenta apresentaram resistência do tipo não-preferência para
oviposição. A folha foi a parte da planta mais atrativa e preferida para alimentação por
lagartas recém-eclodidas. Em condições de livre escolha, Coodetec 410 foi a mais
atrativa comparativamente à Acala 90, FiberMax 966 e DeltaPenta. As lagartas
demonstraram maior preferência para alimentação por BRS Araçá em relação à BRS
Cedro, BRS Ita 90, DeltaPenta, Coodetec 408 e BRS Aroeira. 46 minutos foi o tempo
mais adequado para avaliação da atratividade de plantas a lagartas recém-eclodidas de
S. frugiperda. As variedades BRS Cedro, DeltaPenta e Acala 90 expressaram elevado
nível de antibiose sobre as lagartas. IPR 20, Coodetec 410 e DeltaOpal também
evidenciaram este mecanismo, porém de maneira menos intensa; já FiberMax 977 foi a
variedade mais suscetível ao desenvolvimento da praga.
Palavras-chave: resistência de plantas, Gossypium hirsutum, preferência alimentar,
lagarta-do-cartucho
15
RESISTANCE OF COTTON VARIETIES TO Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH,
1797) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE)
ABSTRACT – The objective of this research was to study some behavioral
aspects of Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH) in cotton varieties. Adequate density of
adults per plant, vertical distribution of eggs in different plant parts, and adequate plant
age for infestation were determined in the greenhouse for future resistance studies and
improvement of S. frugiperda management practices in cotton. The attractiveness and
non-preference for feeding of newly-hatched caterpillars for cotton plant parts and
varieties were evaluated in the laboratory in free-choice and no-choice tests. The
insect’s biological development was also monitored by confining caterpillars to different
cotton varieties. Results allowed to conclude that S. frugiperda prefers to oviposit on 60-
day-old plants, preferably on the abaxial surface of leaves in the upper third of plants. A
density of 3 or 4 pairs of adults per plant was sufficient to conduct non-preference-for-
oviposition tests. Varieties Coodetec 408, BRS Aroeira, BRS Araçá, BRS Ita 90, and
DeltaPenta showed the non-preference-for-oviposition type of resistance; the most
attractive and preferred plant part for feeding of newly-hatched caterpillars were the
leaves. Under free-choice conditions, Coodetec 410 was the most attractive variety
when compared with Acala 90, FiberMax 966, and DeltaPenta. Caterpillars showed
greater preference for feeding for BRS Araçá in relation to BRS Cedro, BRS Ita 90,
DeltaPenta, Coodetec 408, and BRS Aroeira. The most adequate time to evaluate plant
attractiveness to newly-hatched S. frugiperda caterpillars was 46 minutes. Varieties BRS
Cedro, DeltaPenta, and Acala 90 expressed a high level of antibiosis on the caterpillars.
IPR 20, Coodetec 410, and DeltaOpal also showed this mechanism but in a less intense
manner; FiberMax 977, however, was the most susceptible variety for pest
development.
Keywords: plant resistance, Gossypium hirsutum, feeding preference, fall armyworm
16
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
A cotonicultura representa uma das mais importantes atividades agrícolas para o Brasil,
sendo explorada em uma grande diversidade de solos, climas e níveis de tecnologia. Sua
cadeia produtiva, uma das mais importantes no agronegócio nacional, é responsável por 50%
da demanda de fibras e é formada por aproximadamente 30.000 empresas que geram 1,6
milhões de empregos formais e informais, com um faturamento anual de 33 bilhões de dólares
(SANTANA et al. 2007).
Conhecida mundialmente, devido aos severos ataques de pragas e doenças, é
responsável por 10% das vendas do mercado brasileiro de defensivos agrícolas (SINDAG,
2006). De maneira geral, no Brasil, os insumos utilizados nessa cultura representam 50 a 60%
do custo total de produção, dos quais 15 a 20% são destinados a inseticidas (RICHETTI et al.
2001).
Do grande número de insetos que atacam essa cultura, em todas as fases do cultivo,
aproximadamente 13 espécies vêm causando prejuízos significativos à cultura (DEGRANDE,
1998). Dentre essas, a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera:
Noctuidae), nos últimos anos, vem crescendo em importância nas principais regiões produtoras
de algodão no País (FERNANDES, et al. 2002; SANTOS et al. 2003), provocando perdas de até
30% (MIRANDA & FERREIRA, 2005).
A lagarta-do-cartucho S. frugiperda, classificada na ordem Lepidoptera, família
Noctuidae, é um inseto fitófago e cosmopolita, originária das zonas tropical e subtropical das
Américas (LUGINBILL, 1928; CRUZ, 1995; MOREIRA et al. 2003). Amplamente distribuída no
Continente Americano, o inseto foi citado como praga do algodoeiro nos Estados Unidos
(LUGINBILL, 1928), na Guatemala (PAINTER, 1955), na Colômbia (RUPPEL et al. 1956), no
Chile (ETCHVERRY, 1957), na Nicarágua (ESTRADA, 1960), no México (SIFUENTES, 1967),
no Peru (PENA, 1974), e no Brasil (LEIDERMAN & SAUER,1953; SILVA et al. 1968; LUCCHINI,
1977). Sua ocorrência também foi relatada na Índia Oriental (METCALF & FLINT, 1965) e na
Europa, em diferentes regiões da França (MERTEL et al.1980).
17
S. frugiperda é uma praga polífaga que se alimenta de um grande número de
hospedeiros (LUGINBILL, 1928). Ainda que apresente preferência alimentar por plantas da
família das gramíneas como milho, milheto, trigo, sorgo, arroz e cana-de-açúcar, também ataca
plantas de outras famílias botânicas como alfafa, feijão, amendoim, batata, batata doce,
repolho, espinafre, tomate, couve, abóbora, soja e algodoeiro (SILVA et al. 1968; ALI et al.
1989; CRUZ, 1995; BARLOW & KUHAR, 2005) acelga, alcachofra, alface, almeirão, berinjela,
cebola, chicória, maracujazeiro, meloeiro, pessegueiro, pimentão e quiabo (SILVA et al. 1968).
Nos sistemas agrícolas constituídos por soja, milho, feijão e algodão ocorre uma oferta
continuada de alimento a insetos polífagos, como é o caso de espécies do gênero Spodoptera
(SANTOS, 2001). A existência de culturas irrigadas, principalmente na região de cerrado,
prolonga no tempo a sobrevivência de insetos, aumentando o número de gerações neste tipo
de agroecossistema. Nessa situação, as mariposas estabelecem um processo migratório entre
lavouras formadas por espécies vegetais semelhantes, naquelas implantadas em épocas
diferentes e, também entre diferentes espécies botânicas (SANTOS, 2001; SANTOS, 2003).
S. frugiperda é um inseto holometabólico, ou seja, durante seu ciclo passa por quatro
fases distintas: ovo, lagarta, pupa e adulto (LUGINBILL, 1928). Os adultos têm hábito noturno e,
durante o dia, permanecem abrigados sob a folhagem próxima ao solo. Quando perturbados,
voam de maneira errática, até encontrarem outro esconderijo nas proximidades. Sua atividade
diária inicia-se com o pôr-do-sol, quando as mariposas se movimentam nas proximidades das
plantas hospedeiras mais favoráveis a sua alimentação, oviposição e acasalamento. Essa
atividade atinge o pico duas a quatro horas depois do início, quando as condições de
temperatura são mais favoráveis, ocasião em que ocorre o acasalamento (SPARKS, 1979;
CRUZ, 1995).
Fêmeas de Spodoptera sp. preferem ovipositar em folhas mais velhas, próximas ao
caule principal e nos terços médio e inferior da planta, evitando ramos laterais e folhas jovens
(ALI et al. 1989). Os ovos são depositados preferencialmente na face inferior das folhas, (ALI et
al. 1989; PITRE et al. 1983; FERREIRA, 2003), em massas irregulares que podem conter entre
30 e 300 ovos (KING & SAUNDERS, 1984; FREEMAN, 1999). Essas massas de ovos são
unidas entre si, fixadas ao substrato por uma substância produzida pelas glândulas coletéricas,
e recobertas por pêlos e escamas do abdome da fêmea (LUCCHINI, 1977; PATEL, 1981).
Quanto à coloração, os ovos são inicialmente verde-claros, passando a alaranjados após doze
18
a quinze horas, tornando-se escurecidos próximo à eclosão das lagartas (CRUZ, 1995).
Em milho, as lagartas de primeiro ínstar de S. frugiperda, apresentam coloração
esbranquiçada antes da alimentação, tornando-se esverdeadas após alimentação e atingindo
aproximadamente 1,9 mm quando totalmente desenvolvidas. No segundo ínstar são também
esbranquiçadas, com um sombreamento marrom no dorso e tamanho variando de 3,5 a 4,0
mm. No terceiro ínstar, as lagartas possuem coloração marrom-clara no dorso e esverdeada na
parte ventral, com linhas dorsais e subdorsais brancas visíveis. No quarto ínstar, as lagartas
apresentam cabeça marrom-avermelhada e dorso marrom-escuro, alcançando 10 mm de
comprimento. As lagartas de quinto instar são semelhantes às de quarto ínstar, porém são mais
escuras, medindo 18 mm de comprimento. No último ínstar as lagartas têm corpo cilíndrico, são
marrom-acinzentadas no dorso, esverdeadas na parte ventral e subventral, com manchas de
coloração marrom-avermelhada na região subventral, medindo cerca de 35 mm (CRUZ, 1995).
A pupa apresenta, inicialmente, coloração verde-clara e tegumento transparente,
deixando as vísceras visíveis. Em poucos minutos torna-se alaranjada, depois marrom-
avermelhada, escurecendo progressivamente até ficar praticamente preta, próximo à
emergência do adulto. O comprimento varia de 13 a 16 mm (CRUZ, 1995).
O adulto de S. frugiperda é uma mariposa que varia de 15 a 25 mm de comprimento,
com 35 a 45 mm de envergadura e coloração geral cinza-escura (KING & SAUNDERS, 1984;
CRUZ, 1995). As asas anteriores são mosqueadas e, no macho, existem duas manchas mais
claras. Em ambos os sexos as asas posteriores são esbranquiçadas, com bordas acinzentadas
(CRUZ, 1995; SANTOS et al. 2003).
Quanto à distribuição de oviposição de S. frugiperda em algodoeiro, PITRE et al. (1983)
e ALI et al. (1989) verificaram que 95,9% das massas de ovos foram depositadas na face
inferior de folhas, 3,6% no caule e 0,5% nos frutos. Na cultivar Coodetec 404, FERREIRA
(2003) observou que 77,05% das posturas ocorreram nas folhas, 6,55% nas brácteas, 4,92% na
haste principal, 3,28% nos pecíolos e 3,28% nas maçãs; enquanto na cultivar CNPA-Itamarati
90, 75,0% das posturas foi feita nas folhas, 13,33% na haste principal, 8,33% nos pecíolos e
3,34% nas brácteas. Por outro lado, em campo, para as variedades CNPA 7H e BRS 187 8H,
MIRANDA & FERREIRA (2005) encontraram massas de ovos apenas no terço mediano da
planta.
19
O período compreendido entre o acasalamento e o início da oviposição de S. frugiperda,
em algodoeiro, foi de 8,75 dias a 20ºC; 5,25 dias a 25ºC e 10,33 dias a 30ºC (MOREIRA et al.
2003). Na mesma cultura, MIRANDA & FERREIRA (2005) registraram médias de 5,4 a 6,0 dias
em temperaturas de 25 a 30°C.
O número de ovos colocados em plantas de algodoeiro da variedade IAC 17 foi de
773,69 ovos por fêmea, para um período médio de oviposição de 6,93 dias, a 25°C, 60% de UR
e 14 h de fotofase (VELOSO et al. 1983). Na variedade CNPA 7H a 70% de UR e fotofase de
14 h foram contados 755,75 ovos a 20ºC; 773,25 ovos a 25ºC e 394,33 ovos a 30ºC (MOREIRA
et al. 2003). Também nas variedades CNPA 7H e BRS 187 8H, sob temperatura de 25 a 30°C,
foram contados 321 a 528 ovos por fêmea, para um período de 2,0 a 3,6 dias de oviposição
(MIRANDA & FERREIRA, 2005).
O período de incubação dos ovos depende da planta hospedeira e, principalmente, da
temperatura e umidade relativa (CRUZ, 1995). Em algodoeiro, na variedade IAC 17, o tempo de
incubação dos ovos de S. frugiperda foi de 3,14 ± 0,11 dias, à temperatura de 25 ± 2ºC e
umidade relativa de 60 ± 10% (VELOSO et al. 1983). Nas variedades CNPA 7H e BRS 187 8H,
esse período foi de 3 a 4 dias de 25 à 30ºC em laboratório (MIRANDA & FERREIRA, 2005),
pode variar de 2 a 10 dias em condições de campo (FREEMAN, 1999).
De maneira geral, as lagartas de S. frugiperda se alimentam de folhas, brácteas, botões
florais, flores e, sobretudo, das maçãs localizadas nos terços médio e inferior da planta de
algodoeiro (FREEMAN, 1999). A escolha do local de alimentação por lagartas de S. frugiperda
varia conforme a idade, pois, à medida que se desenvolvem, ocorre uma dispersão na área, em
virtude da mortalidade natural dos indivíduos, da busca por maior disponibilidade de alimento ou
proteção contra inimigos naturais (FERNANDES et al. 2002).
Após a eclosão, as lagartas de 1° e ínstares permanecem agrupadas e próximas do
local de oviposição, alimentando-se do parênquima, podendo deixar a folha necrosada e
translúcida (ALI et al. 1990; FERNANDES et al. 2002; SANTOS et al. 2003). A seguir, passam a
raspar a epiderme das brácteas, botões florais, flores e maçãs (MIRANDA & FERREIRA, 2005).
A partir do terceiro ínstar, tornam-se mais vorazes, perfurando brácteas, flores e maçãs,
e podem ser encontradas no interior das flores. Quando completamente desenvolvidas, raspam
a base das maçãs, perfuram-nas e alimentam-se do conteúdo das mesmas (ALI et al. 1990;
20
SANTOS, 1999; MIRANDA & FERREIRA, 2005). Após penetrarem nas maçãs mais
desenvolvidas permanecem no local, saindo apenas para empupar (PEREIRA, 1971).
O período larval de S. frugiperda em algodoeiro passa por 6 a 7 ínstares (VELOSO et al.
1983; MIRANDA & FERREIRA, 2005). Na variedade IAC 17, a duração desse período foi de
22,67 ± 1,12 dias à temperatura de 25 ± 2ºC e umidade relativa de 60 ± 10% (VELOSO et al.
1983), enquanto que nas variedades CNPA 7H e BRS 187 8H a 25°C, o período foi de 22 a 27
dias e a 30°C, de 13 a 18 dias, respectivamente (MIRANDA & FERREIRA, 2005).
A fase pupal, que compreende a pré-pupa e a pupa propriamente dita, é o período no
qual o inseto deixa de se alimentar, penetra no solo ou se abriga sob restos culturais, formando
uma câmara pupal, onde permanece até a emergência do adulto (GALLO et al. 2002). Em
algodoeiro, essa fase pode durar de 8 a 25 dias, dependendo da temperatura do ambiente
(MIRANDA, 2006). Nesse sentido, MOREIRA et al. (2003) avaliaram a duração da fase pupal
nas temperaturas de 15, 20, 25 30 e 35°C, constatando uma duração mínima de 6,00 dias a
35°C e máxima de 17,25 dias a 15°C, com média de 9,7 dias. Também em algodoeiro,
MIRANDA & FERREIRA (2005) relataram que toda a fase pupal durou de 10 a 11 dias a 25ºC.
As fases pré-pupal e pupal foram determinadas por VELOSO et al. (1983) que observaram
durações de 1,77 ± 0,15 dias e 7,79 ± 0,46 dias, respectivamente, à temperatura de 25 ± 2ºC e
umidade relativa de 60 ± 10% e fotofase de 14 h.
Na variedade de algodoeiro CNPA 7H, a duração do ciclo de ovo a adulto de S.
frugiperda levou em média 44,72 dias. Esse dado foi obtido por MOREIRA et al. (2003) que, ao
avaliarem a duração do ciclo, obtiveram 49,88, 47,88 e 33,67 dias sob temperaturas de 20, 25 e
30°C, respectivamente. MIRANDA & FERREIRA (2005) verificaram períodos de 38 a 43 dias
em temperaturas de 25 a 30°C, nas variedades CNPA 7H e BRS 187 8H.
Entre os fatores que influenciam a longevidade de adulto estão o alimento e a
temperatura (LUGINBILL, 1928). A longevidade de adultos de S. frugiperda na cultura do
algodoeiro, variedade IAC 17, a 25ºC, UR de 60% e fotofase de 14 h, foi de 8,50 dias para
machos e de 9 dias para fêmeas (VELOSO et al. 1983). Na variedade CNPA 7H, a longevidade
de adultos a 70% de UR e 14 h de fotofase foi de 13,38 dias a 20ºC, 17,13 dias a 25ºC e 11,33
dias a 30ºC, 14,91 dias em média (MOREIRA et al. 2003). Trabalhando com CNPA 7H e BRS
187 8H de 25 a 30ºC, MIRANDA & FERREIRA, (2005) determinaram a longevidade do adulto
21
em 8,3 a 10,10 dias.
Os danos causados por S. frugiperda às plantas de algodoeiro, ocorrem desde a
emergência até a maturação dos frutos (VELOSO et al. 1983; ALI et al. 1989; SANTOS, 2001;
GALLO et al. 2002). As lagartas cortam as plantas jovens logo acima do coleto, reduzindo o
estande da cultura (VELOSO et al. 1982; ALI et al. 1989; SANTOS, 2001; GALLO et al. 2002;
SANTOS et al. 2003). Em plantas mais desenvolvidas, seccionam a parte superior não
lignificada do caule (SANTOS et al. 2003), raspam a epiderme de brácteas, botões florais,
flores, maçãs (SANTOS, 2001; SANTOS et al. 2003; FERREIRA, 2003) e brotos apicais
(FERREIRA, 2003), perfuram e danificam os botões florais, flores e maçãs desenvolvidas
(VELOSO et al. 1982; ALI et al. 1989; GALLO et al. 2002; SANTOS et al. 2003), além de
destruir folhas e perfurar hastes na ausência de maçãs (VELOSO et al. 1982; ALI et al. 1989;
GALLO et al. 2002). A penetração da lagarta na maçã causa redução na quantidade e
qualidade da fibra, aumentando a probabilidade de ocorrência de doenças sob diferentes
condições climáticas, ocasionando sérios prejuízos para o produtor (LUTTRELL & MINK, 1999).
Como ataques severos de S. frugiperda na cultura do algodoeiro têm sido relativamente
recente, seu controle tem sido feito preferencialmente com inseticidas químicos (VALICENTE &
FONSECA, 2004). Entretanto, esta prática é difícil de ser realizada tanto pela localização das
posturas na face inferior das folhas nos terços médio e inferior da planta, quanto pela
permanência das lagartas de primeiro e segundo ínstares próximas ao local da postura,
reduzindo a eficiência das pulverizações (SANTOS, 1998; FERNANDES et al. 2002). Após a
eclosão, as lagartas se dispersam rapidamente para outras plantas, uniformizando o ataque na
lavoura (SANTOS, 1998).
Considerando o número de aplicações de inseticidas (MIRANDA, 2005), o custo de
produção destas operações (RICHETTI et al. 2001), a seleção de pragas resistentes
(DEGRANDE, 1998), a dificuldade de controle (ADAMCZYK et al. 1997), e os possíveis danos
causados ao ambiente e aos inimigos naturais presentes nas lavouras (MIRANDA &
FERREIRA, 2005), a resistência de plantas a insetos representa uma prática eficiente, que
resulta em vantagens biológicas, econômicas e ambientais (HAMM & WISEMAN, 1986), sendo
perfeitamente compatível com outras táticas de controle.
22
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29
CAPÍTULO 2 – Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM
ALGODOEIRO: DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE POSTURAS, EFEITOS DA DENSIDADE DE
ADULTOS E DA IDADE DE PLANTAS SOBRE O COMPORTAMENTO DE OVIPOSIÇÃO
Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em algodoeiro: distribuição
vertical de posturas, efeitos da densidade de adultos e da idade das plantas sobre o
comportamento de oviposição.
RESUMO – O trabalho teve por objetivo determinar, em casa-de-vegetação, a
densidade adequada de adultos, a idade ideal das plantas e a distribuição vertical de ovos nas
diferentes partes da planta, visando a realização de estudos de resistência e a melhoria das
práticas de manejo de S. frugiperda em algodoeiro. Os testes foram realizados com plantas da
variedade de algodoeiro BRS Ita 90. A não-preferência para oviposição foi acompanhada nas
variedades FiberMax 966, FiberMax 977, DeltaOpal, DeltaPenta, Acala 90, Coodetec 408,
Coodetec 409, Coodetec 410, BRS Cedro, BRS Ipê, BRS Aroeira, IPR 96, IPR 20, BRS Araçá,
IAC 24 e BRS Ita 90. Concluiu-se que S. frugiperda prefere ovipositar, preferencialmente, na
face abaxial das folhas das plantas com aproximadamente 60 dias de idade no terço superior
das plantas. A densidade de quatro casais de adultos, por planta, foi suficiente para realização
de testes de não-preferência para oviposição em condições de casa-de-vegetação. As
variedades Coodetec 408, BRS Aroeira, BRS Araçá, BRS Ita 90 e DeltaPenta apresentaram
resistência, do tipo não-preferência para oviposição.
Palavras-Chave: Gossypium hirsutum, lagarta-do-cartucho, resistência de plantas
INTRODUÇÃO
30
O algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) produz a principal fibra têxtil natural,
matéria prima de expressiva importância econômica para o uso industrial. No Brasil, a
cadeia produtiva têxtil é formada por aproximadamente 30.000 empresas que, juntas,
geram 1,6 milhões de empregos formais e informais, com um faturamento anual da
ordem de 33 bilhões de dólares (VELOSO, 1982; SANTANA et al. 2007).
O algodoeiro é hospedeiro de muitas espécies de insetos, dentre as quais, a
lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae). Nos
últimos anos, este inseto vem crescendo em importância nas principais regiões
produtoras de algodão no país (DEGRANDE, 1998; FERNANDES et al. 2002;
SANTOS, 2003).
A lagarta-do-cartucho, S. frugiperda, nativa das regiões tropical e subtropical das
Américas, tem ampla distribuição no continente americano (LUGINBILL, 1928; MOREIRA et al.
2003). No Brasil, encontra clima favorável e alimentação diversificada, propícios para sua
ocorrência em todas as regiões e épocas do ano (CRUZ, 1995; SOARES & VIEIRA, 1998;
SANTOS, 2001). Embora apresente preferência alimentar por gramíneas como milho, milheto,
trigo, sorgo, arroz e cana-de-açúcar, S. frugiperda ataca também plantas de outras famílias de
importância econômica, dentre elas, o algodoeiro (ALI et al. 1989; CRUZ, 1995).
Nos agroecossistemas anuais constituídos por soja, milho, feijão e algodão, ocorre
oferta continuada de alimento a insetos polífagos, como é o caso das espécies do gênero
Spodoptera (SANTOS, 2001). A existência de culturas irrigadas, sobretudo nas regiões de
cerrado, prolonga no tempo a sobrevivência de insetos, aumentando o número de gerações e
facilitando a adaptação dos insetos-pragas. Nessa situação, as mariposas migram entre
lavouras, formadas por espécies vegetais afins, implantadas em épocas diferentes e entre
diferentes espécies botânicas (SANTOS, 2001; SANTOS, 2003).
Em algodoeiro, S. frugiperda oviposita na maioria dos estágios fenológicos da planta,
nos terços médio e inferior (ALI et al. 1989) e, preferencialmente, na face inferior das folhas
(PITRE et al. 1983; ALI et al. 1989; SANTOS, 1999; FERREIRA, 2003; MIRANDA, 2006), em
massas que podem conter de 30 a 300 ovos (KING & SAUNDERS, 1984; FREEMAN, 1999). As
massas de ovos são unidas entre si e fixadas ao substrato por uma substância produzida pelas
31
glândulas coletéricas e recobertas por pêlos do abdome da fêmea (LUCCHINI, 1977; PATEL,
1981).
O controle de S. frugiperda, em algodoeiro, é dificultado tanto pela localização das
posturas na face inferior das folhas nos terços médio e inferior da planta, quanto pela
permanência das lagartas de primeiro e segundo ínstares próximas ao local da postura,
reduzindo a eficiência das pulverizações (SANTOS, 1998; FERNANDES et al. 2002). O novo
modelo de agricultura, que recomenda alterar o mínimo possível o ambiente, tem induzido os
pesquisadores ao estudo de táticas de controle que sejam compatíveis as demais práticas
adotadas no Manejo Integrado de Pragas, entre as quais destaca-se o uso de variedades
resistentes.
Assim, esta pesquisa teve por objetivo determinar o local preferido de oviposição de S.
frugiperda em diferentes partes das plantas de algodoeiro, a densidade adequada de adultos e
a idade ideal de plantas para realização de testes dessa natureza em casa-de-vegetação, bem
como a não-preferência de oviposição da praga sobre variedades desta Malvaceae.
MATERIAL E MÉTODO
Os testes foram realizados em casa-de-vegetação pertencente ao Departamento de
Fitossanidade, Engenharia Rural e Solo, da FE/UNESP, Campus de Ilha Solteira, Ilha Solteira-
SP, entre outubro de 2006 e março de 2007.
As avaliações de densidade de adultos, idade de plantas e distribuição da
oviposição foram realizados com plantas da variedade de algodoeiro BRS Ita 90. A não-
preferência para oviposição foi acompanhada nas variedades FiberMax 966, FiberMax
977, DeltaOpal, DeltaPenta, Acala 90, Coodetec 408, Coodetec 409, Coodetec 410,
BRS Cedro, BRS Ipê, BRS Aroeira, IPR 96, IPR 20, BRS Araçá, IAC 24 e BRS Ita 90.
Os insetos utilizados nos testes eram provenientes da criação de manutenção de S.
frugiperda iniciada com indivíduos cedidos pelo Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo
32
(CNPMS) - EMBRAPA, com sede em Sete Lagoas-MG. Em laboratório, os insetos foram
multiplicados e mantidos com dieta artificial (KASTEN JR. et al. 1978), sob temperatura de 27 ±
1ºC, umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase de 14 h, utilizando-se metodologia de criação
elaborada por PARRA (1986).
Para o cultivo das plantas das variedades de algodoeiro foram utilizados vasos (20 L),
contendo substrato constituído pela mistura de terra, areia e composto orgânico, na proporção
de 2:1:1, respectivamente. Na semeadura, foram utilizadas cinco sementes por vaso,
realizando-se um desbaste dez dias após a germinação, deixando-se uma planta por vaso. A
adubação foi feita conforme a recomendação de RAIJ (1991), e a irrigação realizada
diariamente, conforme a necessidade.
Durante o período de avaliações, os adultos foram alimentados com solução de mel a
10%, fornecida em rolo dental, preso por um gancho ao pecíolo da folha e trocado diariamente.
Efeito da densidade de adultos na oviposição de S. frugiperda em plantas de
algodoeiro. Foram avaliadas quatro densidades de adultos de S. frugiperda, em teste sem
chance de escolha, com dez repetições em delineamento inteiramente casualizado. Plantas
com 60 dias de idade foram protegidas individualmente por uma capa de filó, medindo 60 cm de
diâmetro por 120 cm de altura, presa à base do caule. No segundo dia, após o acasalamento
observado em laboratóri, foram realizadas infestações com densidades de 1, 2, 3 e 4 casais S.
frugiperda por planta. As contagens do número de posturas por planta foram realizadas 48 e 72
h após a infestação.
Efeito da idade de plantas de algodoeiro sobre a oviposição de S.
frugiperda. Em teste com chance de escolha, foram avaliadas plantas de algodoeiro
com cinco idades diferentes (30, 45, 60, 75 e 90 dias), em dez repetições, no
delineamento de blocos ao acaso, em esquema de parcelas subdivididas no tempo. As
plantas, uma por vaso, foram colocadas em casa-de-vegetação, dentro de uma área
revestida com tecido tipo filó e submetidas à infestação. Para cada planta foram
liberados quatro casais de adultos, dois dias após o acasalamento em laboratório. As
avaliações do número de posturas foram realizadas 48 e 72 h após a infestação.
33
Distribuição vertical de posturas de S. frugiperda em plantas de algodoeiro.
Em teste, sem chance de escolha, plantas com 60 dias de idade (uma por vaso) foram
colocadas em casa-de-vegetação, sendo cada planta protegida por uma capa
confeccionada em tecido tipo filó, medindo 60 cm de diâmetro por 120 cm de altura,
preso na base do caule. Para cada planta, foram liberados quatro casais de adultos de
S. frugiperda, no segundo dia após o acasalamento, realizado em laboratório. As
avaliações foram realizadas 48 e 72 h da infestação, contando-se as massas de ovos
presentes em todas as partes da planta. Neste teste utilizou-se o delineamento
inteiramente casualizado em 10 repetições.
Não-preferência para oviposição de S. frugiperda em variedades de
algodoeiro. Neste teste adotou-se a mesma metodologia empregada no teste que
avaliou o efeito de idade das plantas, porém, neste caso, foram avaliadas as variedades
FiberMax 966, FiberMax 977, DeltaOpal, DeltaPenta, Acala 90, Coodetec 408,
Coodetec 409, Coodetec 410, BRS Cedro, BRS Ipê, BRS Aroeira, IPR 96, IPR 20, BRS
Araçá, IAC 24 e BRS Ita 90. As avaliações também foram realizadas 48 e 72 h após a
infestação com quatro casais, por meio da contagem do número de massas de ovos por
planta. O teste foi realizado em seis repetições e delineamento inteiramente
casualizado.
Análise Estatística. Os dados, previamente transformados em (x + 1)
1/2
, foram
submetidos à análise de variância (Teste F), sendo as médias comparadas pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade. Utilizou-se o Programa SisVar v. 5.0 (FERREIRA,
2003) para realização das análises e comparações de médias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
34
As diferenças entre o número médio de massas de ovos por planta, sob diferentes
densidades de adultos de S. frugiperda foram significativas (Tabela 1). Nas densidades de um e
dois casais por planta, observou-se 6,2 e 7,1 massas de ovos por planta, porém iguais entre si.
Nas densidades de três e quatro casais planta foram encontradas maiores médias, com 14,5 e
20,9 massas de ovos por planta, respectivamente, diferindo das duas densidades menores.
Três ou mais casais de adultos por planta pode ser considerada uma densidade adequada para
a realização de testes de resistência, de variedades de algodoeiro, à S. frugiperda, em
condições de casa-de-vegetação.
Essas densidades, três e quatro casais, determinadas pela contagem do número de
massas de ovos por planta, foram superiores àquela citada por FERREIRA (2003), que utilizou
duas fêmeas acasaladas por planta na realização de testes com as variedades BRS Ita 90 e
Coodetec 404.
Tabela 1 - Número médio de massas de ovos de Spodoptera frugiperda/planta de algodoeiro,
variedade BRS Ita 90, sob quatro diferentes densidades de adultos.
Número de casais/planta Massa de ovos
1 casal 6,20 ± 1,01 b
2 casais 7,10 ± 1,34 b
3 casais 14,50 ± 2,01a
4 casais 20,90 ± 1,52a
F 18,12**
CV(%) 20,77
DMS 0,87
Médias seguidas da mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para
análise, os dados originais foram transformados por (x + 1,0)
1/2
, ** Significativo a 1% de probabilidade.
35
Considerando-se as diferentes idades de plantas de algodoeiro, o maior número médio
de massas de ovos/planta foi encontrado nas plantas com 60 dias (7,89 massas de ovos por
planta), diferindo significativamente das médias obtidas com plantas de outras idades (Figura
1). Plantas com 30 e 45 dias foram menos ovipositadas (1,33 e 2,22 massas de ovos por planta,
respectivamente) em relação às plantas com 75 e 90 dias de idade (3,22 e 4,78 massas de
ovos por planta). As médias de massas de ovos de S. frugiperda encontradas em plantas de
algodoeiro, independente da idade, coincidem com aquelas obtidas por ALI et al. (1989), os
quais concluíram que S. frugiperda oviposita em todos os estágios fenológicos das plantas de
algodoeiro, quando infestadas isoladamente. Ao estudar o comportamento de oviposição,
dispersão e alimentação de lagartas de S. frugiperda, nas variedades de algodoeiro BRS Ita 90
e Coodetec 404, FERREIRA (2003) utilizou duas fêmeas acasaladas por planta aos 65 dias de
idade, quando estas apresentavam botões florais, flores e maçãs, simultaneamente. Dos
resultados obtidos neste teste conclui-se que, de maneira geral, S. frugiperda prefere ovipositar
em plantas com 60 dias de idade.
y = -0,000661x2 + 0,0937x - 0,936
R2 = 53,35
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
30 45 60 75 90
Idade (dias)
Nde massas de ovos/planta
Figura 1 - Relação entre a idade das plantas de algodoeiro e o número de massas de ovos de
Spodoptera frugiperda, em teste com chance de escolha.
36
Diferenças significativas entre os números médios de massas de ovos, por partes da
planta, foram observadas entre os três terços da planta apenas nas folhas (Tabela 2).
Observou-se que 52,63% das massas de ovos estavam localizadas no terço superior das
plantas; 34,21% no terço inferior e 13,16% no terço médio. Esses resultados são semelhantes
aos encontrados por FERREIRA (2003) que cita o terço superior da planta de algodoeiro como
a região preferida para oviposição por S. frugiperda. Por outro lado, os dados obtidos na
presente pesquisa diferem, parcialmente, daqueles coletados por ALI et al. (1989), SANTOS
(1999) e MIRANDA (2006), que encontraram maior número de massas de ovos de S. frugiperda
nos terços médio e inferior da planta.
Quanto à distribuição de ovos nas partes das plantas, não foram observadas massas de
ovos em brácteas, botões florais, flores e maçãs durante o período de avaliação (Tabela 2),
independente da posição dessas estruturas na planta. O maior número de massas de ovos foi
encontrado nas folhas (92,10%), preferencialmente na face abaxial. Esses resultados
confirmam os dados encontrados por PITRE et al. (1983), ALI et al. (1989), FERREIRA (2003) e
MIRANDA (2006), que reportaram a face abaxial da folha como o local preferido para
oviposição por S. frugiperda.
37
Tabela 2 - Número médio de massas de ovos de Spodoptera frugiperda por parte da planta de
algodoeiro, variedade BRS Ita 90.
Terço da planta
Partes das plantas
Inferior Médio Superior
folhas 2,10 ± 0,60 Ba 1,00 ± 0,33 Ca 3,90 ± 0,85 Aa
brácteas 0,00 ± 0,00 Ab 0,00 ± 0,00 Ab 0,00 ± 0,00 Ab
maçãs 0,00 ± 0,00 Ab 0,00 ± 0,00 Ab 0,00 ± 0,00 Ab
pecíolos 0,20 ± 0,13 Ab 0,00 ± 0,00 Ab 0,10 ± 0,10 Ab
botões florais 0,00 ± 0,00 Ab 0,00 ± 0,00 Ab 0,00 ± 0,00 Ab
flores 0,00 ± 0,00 Ab 0,00 ± 0,00 Ab 0,00 ± 0,00 Ab
caules 0,30 ± 0,21 Ab 0,00 ± 0,00 Ab 0,00 ± 0,00 Ab
F (terço da planta) 4,82**
F (partes da planta) 46,06**
CV (terço da planta) (%) 19,53
CV (partes da planta) (%) 19,51
DMS 0,09
Letras maiúsculas comparam linhas e minúsculas coluna, sendo que médias seguidas da mesma letra
não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para análise, os dados originais foram
transformados por (x + 1,0)
1/2
; ** Significativo a 1% de probabilidade.
Observou-se maior oviposição na variedade Coodetec 410, com um número de massas
de ovos significativamente superior a dos demais materiais (Tabela 3). Uma menor oviposição
foi observada nas variedades FiberMax 977, Coodetec 409, Acala 90, DeltaOpal e Coodetec
408, enquanto nenhuma oviposição foi observada nas plantas das variedades BRS Aroeira,
BRS Araçá, BRS Ita 90 e Delta Penta.
38
Os resultados obtidos, quanto à preferência para oviposição de S. frugiperda por
variedades de algodoeiro (Tabela 3, estão de acordo com os de WIKLUND (1981), que
afirmaram que fêmeas de lepidópteros apresentam uma hierarquia de preferência para
oviposição. THOMPSON & PELLMYR (1991) citam que, em situação de livre escolha, a fêmea
oviposita maior número de ovos na planta hospedeira preferida (espécie), menor número
naquela com nível de preferência um pouco inferior, e assim por diante. Dentro do conceito de
hierarquia para oviposição, a variedade BRS Ita 90, em particular, se comporta como um
hospedeiro secundário, pois foi ovipositada por S. frugiperda, quando infestada isoladamente
(Tabela 1), enquanto que na presença de outras variedades, sequer recebeu postura (Tabela
3).
39
Tabela 3 - Número médio de massas de ovos de Spodoptera frugiperda por variedade
de algodão, 72 h após infestação, em teste com chance de escolha.
Variedades Massas de ovos
IPR 96 0,67 ± 0,33 ab
IPR 120 0,33 ± 0,33 ab
FiberMax 966 0,67 ± 0,67 ab
FiberMax 977 0,17 ± 0,17 b
Coodetec 408 0,02 ± 0,00 b
Coodetec 409 0,17 ± 0,17 b
Coodetec 410 2,17 ± 0,70 a
BRS Ipê 1,00 ± 0,63 ab
BRS Aroeira 0,00 ± 0,00 b
BRS Araçá 0,00 ± 0,00 b
BRS Cedro 0,50 ± 0,22 ab
BRS Ita 90 0,00 ± 0,00 b
DeltaPenta 0,00 ± 0,00 b
DeltaOpal 0,17 ± 0,17 b
Acala 90 0,17 ± 0,17 b
IAC 24 1,17 ± 0,75 ab
F 2,38**
CV (%) 39,24
DMS 0,76
Médias seguidas da mesma não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Dados
originais; Para análise, foram transformados por (x + 1,0)
1/2
; ** Significativo a 1% de probabilidade.
40
Em geral, S. frugiperda tem preferência por ovipositar em plantas com aproximadamente
60 dias de idade, na superfície inferior das folhas localizadas no terço superior da planta. A
densidade de, no mínimo, três casais de adultos por planta foi suficiente para realização de
testes de não-preferência para oviposição em condições de casa-de-vegetação. As variedades
que apresentaram resistência do tipo não-preferência, para oviposição, foram Coodetec 408,
BRS Aroeira, BRS Araçá, BRS Ita 90 e DeltaPenta. A variedade BRS Ita 90 comporta-se como
hospedeiro secundário na medida em que é bem ovipositada na ausência de outro hospedeiro.
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36, p.163-70, 1981.
44
CAPÍTULO 3 - PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE LAGARTAS RECÉM-ECLODIDAS DE
Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) POR VARIEDADES DE
ALGODOEIRO
Preferência Alimentar de Lagartas Recém-eclodidas de Spodoptera frugiperda (J. E.
SMITH) (Lepidoptera: Noctuidae) por Variedades de Algodoeiro
RESUMO – O trabalho teve por objetivo avaliar a atratividade e a não-preferência
alimentar, com e sem chance de escolha, de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera
frugiperda por partes de plantas e por variedades de algodoeiro. Os testes foram realizados em
câmara climatizada à 27 ± 1ºC, UR de 70 ± 10% e fotofase de 14 horas. Foram utilizados como
partes: folhas, brácteas, botões florais e cascas das maçãs da variedade BRS Ita 90, e como
variedades FiberMax 966, FiberMax 977, DeltaOpal, DeltaPenta, Acala 90, Coodetec 408,
Coodetec 409, Coodetec 410, BRS Cedro, BRS Ipê, BRS Aroeira, IPR 96, IPR 120, BRS Araçá,
IAC 24 e BRS Ita 90. Utilizando-se um sistema de arenas, foram realizados testes em placas de
Petri, com dez repetições. Para cada repetição (arena) foram liberadas 20 lagartas recém-
eclodidas de S. frugiperda. Testes de atratividade foram avaliados por 60 minutos e a não-
preferência para alimentação observada por 24 h, por meio da contagem do número de
lagartas. Das partes da planta, a folha foi a mais atrativa e a mais preferida para alimentação
por lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda. Em condição de livre escolha, Coodetec 410 foi
a variedade mais atrativa e Acala 90, FiberMax 966 e DeltaPenta, as de menor atratividade à S.
frugiperda; BRS Araçá, a mais preferida para alimentação, enquanto BRS Cedro, BRS Ita 90,
DeltaPenta, Coodetec 408 e BRS Aroeira as menos preferidas. Considera-se o período de 46
minutos como o mais adequado para avaliação da atratividade de plantas de algodoeiro às
lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda.
Palavras-chave: resistência de plantas, Gossypium hirsutum, lagarta-do-cartucho
45
INTRODUÇÃO
A lagarta-do-cartucho-do-milho, Spodoptera frugiperda (J. E. Smith), nativa de regiões
tropical e subtropical das Américas, apresenta ampla distribuição geográfica (LUGINBILL, 1928)
e alimenta-se de um grande número de plantas cultivadas (LUGINBILL, 1928; CRUZ et al.
1996). Embora apresente preferência alimentar por gramíneas como milho, milheto, trigo, sorgo,
arroz e cana-de-açúcar, ataca outras culturas de importância econômica como amendoim,
batata, soja e algodoeiro (ALI et al. 1989; CRUZ, 1995). S. frugiperda, considerada uma das
principais pragas do milho na América do Norte (WISEMAN et al. 1966; CRUZ, 1995), encontra,
no Brasil, clima favorável e alimentação diversificada, disponíveis para sua ocorrência em todas
as regiões e épocas do ano (CRUZ, 1995; SOARES & VIEIRA, 1998; SANTOS, 2001).
S. frugiperda ocorre em todas as áreas algodoeiras, principalmente quando em rotação
com trigo, aveia e milho ou em áreas próximas à cultura de milho (DEGRANDE, 1998). No
algodoeiro, as lagartas dessa espécie vêm causando severos danos, em diversas regiões do
Brasil (SILVA, 2003), principalmente em áreas de cerrado, onde as condições climáticas
favoráveis, as aplicações excessivas e inadequadas de inseticidas e o modelo de rotação de
culturas utilizado contribuem para o aumento populacional desta espécie (SOARES & ARAÚJO,
2001).
No algodoeiro, S. frugiperda causa danos às plantas desde a emergência até a
maturação dos frutos (VELOSO et al. 1983; ALI et al. 1989; SANTOS, 2001; GALLO et al.
2002). As lagartas cortam as plantas jovens logo acima do coleto, reduzindo o estande da
cultura (VELOSO et al. 1982; ALI et al. 1989; SANTOS 2001; GALLO et al. 2002; SANTOS et
al. 2003). Em plantas desenvolvidas, seccionam a parte superior não lignificada do caule
(SANTOS et al. 2003); raspam a epiderme de brácteas dos botões florais, das flores e das
maçãs (SANTOS, 2001; SANTOS et al. 2003; FERREIRA, 2003) e a brotação apical
(FERREIRA, 2003); perfuram e danificam botões florais, flores e maçãs desenvolvidas
(VELOSO et al. 1982; ALI et al. 1989; GALLO et al. 2002; SANTOS et al. 2003); destroem
folhas e perfuram hastes na ausência de maçãs (VELOSO et al. 1982; ALI et al. 1989; GALLO
et al. 2002). A penetração de S. frugiperda, em maçãs, causa redução na quantidade e
qualidade da fibra e aumenta a possibilidade de ocorrência de doenças nestes órgãos de
reprodução, sob diferentes condições climáticas, ocasionando grandes prejuízos para o
46
produtor (LUTTRELL & MINK, 1999).
Os danos causados pela S. frugiperda ao algodoeiro no Brasil (SILVA, 2003), a sua
importância econômica para a cultura (SOARES & VIEIRA, 1998), o uso de inseticidas químicos
como a única forma de controle (VALICENTE & FONSECA, 2004) e a escassez de dados sobre
novas táticas de controle justificaram novos estudos sobre comportamento alimentar desse
inseto em algodoeiro, estudos estes que poderão contribuir para otimizar as táticas de manejo
desta praga.
Assim, este trabalho teve como objetivo estudar a atratividade e não-preferência
alimentar de lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda, por partes de plantas e por variedades
de algodoeiro.
MATERIAL E MÉTODOS
Estudos de atratividade e não-preferência alimentar com lagartas recém-eclodidas de S.
frugiperda, por partes de plantas e por variedades de algodoeiro, foram realizados no
Laboratório de Entomologia do Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos da
Faculdade de Engenharia/UNESP, Campus de Ilha Solteira, Ilha Solteira-SP, em 2007.
A criação de manutenção de S. frugiperda foi iniciada com indivíduos provenientes do
Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo (CNPMS) - EMBRAPA, com sede em Sete
Lagoas-MG. Em laboratório, os insetos foram multiplicados e mantidos com dieta artificial
(KASTEN JR. et al. 1978) à temperatura de 27 ± 1ºC, umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase
de 14 h, utilizando a metodologia de criação elaborada por PARRA (1986).
Inicialmente, folhas, brácteas, botões florais e maçãs com 2,0 cm de diâmetro da
variedade BRS Ita 90, foram utilizadas na realização de testes de atratividade, com chance de
escolha, e teste de não-preferência para alimentação, com e sem chance de escolha, por partes
das plantas. Posteriormente, utilizando-se a parte da planta preferida nos testes iniciais, foram
realizados os testes para diferenciar variedades de algodoeiro quanto à atratividade e não-
47
preferência para alimentação. Nos testes foram utilizadas as variedades FiberMax 966,
FiberMax 977, DeltaOpal, DeltaPenta, Acala 90, Coodetec 408, Coodetec 409, Coodetec 410,
BRS Cedro, BRS Ipê, BRS Aroeira, IPR 96, IPR 120, BRS Araçá, IAC 24 e BRS Ita 90.
Para efeito de avaliação desses testes, considerou-se que a atratividade significa a
capacidade das diferentes partes da planta e das variedades de algodoeiro em atrair lagartas
recém-eclodidas de S. frugiperda, por até 60 minutos após sua liberação. E a não-preferência
representa a capacidade que as partes da planta, bem como as plantas de diferentes
variedades possuem em permanecerem com o menor número de lagartas se alimentando por
até 24 h, após a liberação.
Em laboratório, as partes das plantas (folhas, maçãs, botões florais e brácteas) foram
lavadas em água destilada e o excesso de água retirado com papel toalha, para eliminação de
possíveis contaminantes. Desses materiais foram retirados discos foliares (2,0 cm de diâmetro),
seções de cascas das maçãs e das brácteas (2,0 x 1,0 cm) e botões florais inteiros, a serem
utilizados na realização dos testes.
Atratividade de partes das plantas de algodoeiro à S. frugiperda. Em teste com
chance de escolha, discos foliares, seções de cascas das maçãs e de brácteas e botões florais
inteiros foram dispostos de forma eqüidistante, em placas de Petri (9,0 cm de diâmetro por 2,0
cm de altura) sobre papel filtro umedecido. Foram realizadas dez repetições, liberando-se 20
lagartas recém-eclodidas por repetição. Avaliou-se o número total de lagartas atraídas por
partes das plantas aos 5, 10, 15, 20, 25, 30 e 60 minutos após a liberação. Utilizou-se o
delineamento em blocos ao acaso, em esquema de parcelas subdivididas no tempo.
Não-preferência para alimentação de lagartas de S. frugiperda, por partes das
plantas de algodoeiro. Em teste com chance de escolha os procedimentos e materiais
utilizados foram os mesmos adotados no teste de atratividade. No teste, sem chance de
escolha, os materiais foram individualizados em placas de Petri (6,0 cm de diâmetro por 2,0 cm
de altura) sobre papel filtro umedecido. No interior da placa foram liberadas 20 lagartas recém-
eclodidas por repetição. Para avaliação, contou-se o número total de lagartas que estava se
48
alimentando nas diferentes partes das plantas, após 24 h da liberação. O teste foi realizado em
delineamento inteiramente casualizado com 10 repetições.
Atratividade de plantas das variedades de algodoeiro às lagartas de S. frugiperda.
Utilizando-se o mesmo sistema de arena, com dez repetições, e liberando-se 20 lagartas
recém-eclodidas por repetição, discos foliares de plantas de variedades de algodoeiro foram
dispostos em placas de Petri (20,0 cm de diâmetro por 3,0 cm de altura) sobre papel filtro
umedecido. Para avaliação, contou-se o número total de lagartas atraídas por disco foliar aos 5,
10, 15, 20, 25, 30 e 60 minutos após a liberação. Utilizou-se o delineamento em blocos ao
acaso, em esquema de parcelas subdivididas no tempo com dez repetições.
Não-preferência para alimentação de lagartas de S. frugiperda, por plantas das
variedades de algodoeiro. Em teste, com chance de escolha, os procedimentos e materiais
utilizados foram os mesmos adotados no teste de atratividade. No teste, sem chance de
escolha, os materiais foram individualizados em placas de Petri (6,0 cm de diâmetro por 2,0 cm
de altura) sobre papel filtro umedecido. No interior da placa foram liberadas 20 lagartas recém-
eclodidas por repetição, com 10 repetições. Para avaliação, contou-se o número total de
lagartas que estavam se alimentando nos discos foliares das variedades, após 24 h da
liberação. O teste foi realizado em delineamento inteiramente casualizado.
Delineamento Experimental e Análise Estatística. Os dados foram submetidos à
análise de variância (teste F) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Os dados de atratividade foram submetidos à análise de regressão polinomial em
função do tempo. Utilizou-se o Programa SisVar v. 5.0 (FERREIRA, 2003), para realização das
análises e comparações das médias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
49
Em plantas de algodoeiro, variedade BRS Ita 90, na seleção para alimentação, em teste
com chance de escolha, foram observadas diferenças significativas de atratividade para
lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda. As folhas e brácteas foram as mais atrativas,
seguidas de cascas das maçãs e botões florais (Tabela 1). A maior atratividade de S. frugiperda
por folhas e brácteas ficou caracterizada desde a primeira avaliação, sendo que este
comportamento se repetiu nos demais períodos avaliados. Dentre as partes das plantas
avaliadas, as folhas e brácteas mostraram-se as mais adequadas para avaliar a atratividade de
S. frugiperda por plantas de algodoeiro.
Tabela 1 – Número médio de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera frugiperda, atraídas por
partes das plantas de algodoeiro, em diferentes períodos de observação, em teste
com chance de escolha.
Tempo (min)
Partes das
plantas
5 10 15 20 25 30 60
Botões florais 2,60 c 2,80 b 2,40 b 3,10 b 2,40 c 2,50 c 2,10 c
Brácteas 9,30 ab 11,10 a 11,60 a 12,80 a 13,60 a 15,80 a 15,30 a
Folhas 10,20 a 12,30 a 12,60 a 12,20 a 11,80 ab 13,60 a 16,00 a
Cascas das Maçãs 4,50 bc 5,80 b 6,00 b 6,30 b 6,90 b 6,90 b 8,60 b
Interação de partes das plantas x tempo: F=2,50**; Erro Padrão: 0,21. Médias seguidas da mesma letra
na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Dados originais; Para
análise, foram transformados por (x + 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1% de probabilidade.
As folhas, brácteas e cascas das maçãs apresentaram aumento do número de lagartas
a cada intervalo de tempo entre a liberação e a avaliação. Entretanto, enquanto para botões
florais o número de lagartas foi menor e pouco variável, ao longo do tempo (Figura 1). Entre os
tempos avaliados, 46 minutos, determinado pela equação y = - 0,000579x
2
+0,0548x+2,729,
caracteriza-se como tempo suficiente para avaliação da atratividade de brácteas a lagartas
recém-eclodidas de S. frugiperda.
50
y = 0,004243x + 1,787
R
2
= 0,62
y = -0,000579x
2
+ 0,0548x + 2,729
R
2
= 0,95
y = 0,11729x + 3,297
R
2
= 0,80
y = 0,013393x + 2,187
R
2
= 0,91
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
5 1015202530354045505560
Tempo (min)
(Número de lagartas)
Botões Florais Brácteas Folhas Cascas das maçãs
Figura 1- Relação entre o tempo de liberação e o número de lagartas recém-eclodidas de
Spodoptera frugiperda atraídas por partes das plantas de algodoeiro, em teste com
chance de escolha.
Diferenças significativas foram observadas com relação à preferência para alimentação
de lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda em partes das plantas de algodoeiro, variedade
BRS Ita 90 (Figura 2; com chance, e sem chance de escolha). Em teste de livre escolha, as
folhas foram as partes das plantas preferidas quando comparadas às demais, enquanto no
teste sem chance de escolha, folhas e maçãs não diferiram entre si, pois foram as preferidas
para alimentação (Figura 2). Esses resultados são comparáveis aos encontrados em pesquisas
anteriores em que lagartas recém-eclodidas se alimentam preferencialmente de folhas (ALI et
al. 1990), depois de brácteas (PEREIRA, 1971; FREEMAN, 1999) e, posteriormente, de maçãs
perfuradas na forma de orifícios irregulares (PEREIRA, 1971). Resultados similares foram
51
obtidos por ALI et al. (1990), para algodoeiro, em condições de casa-de-vegetação e campo, os
quais reportam que lagartas recém-eclodidas se alimentam preferencialmente de folhas.
B
A
B
B
ab
a
bc
c
0
5
10
15
20
25
30
Botão Bráctea Folha Maçã
Partes das plantas
Nº médio de lagartas
Com chance de escolha Sem chance de escolha
Figura 2 - Número médio de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera frugiperda, em partes das
plantas de algodoeiro, variedade BRS Ita 90, em teste de preferência alimentar,
com e sem chance de escolha.
Entre as variedades de algodoeiro foram observadas diferenças significativas de
atratividade de lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda, em teste com chance de escolha
(Tabela 2). No geral, Coodetec 410 mostrou-se significativamente mais atrativa às lagartas,
enquanto DeltaPenta, Acala 90 e FiberMax 966 foram as de menor atratividade (Tabela 2).
52
Tabela 2 - Número médio de lagartas recém-eclodidas de Spodoptera frugiperda, atraídas por
variedades de algodoeiro em diferentes períodos após liberação, em teste com
chance de escolha.
Tempo (minutos)
Variedades
5 10 15 20 25 30 60
IPR 96 2,20 ab 3,20 c 5,30 b 6,10 b 5,40 ab 6,00 b 8,00 bcd
IPR 120 2,10 ab 3,00 c 4,70 b 4,60 b 5,20 b 4,70 b 6,50 bcd
FiberMax 966 3,50 ab 5,10 abc 5,10 b 5,40 b 5,60 b 5,40 b 5,70 cd
FiberMax 977 2,80 ab 4,80 abc 5,40 b 6,30 b 6,80 ab 7,10 ab 7,50 bcd
Coodetec 408 4,80 ab 7,20 abc 8,20 ab 8,50 ab 8,80 ab 9,70 ab 11,70 abc
Coodetec 409 5,70 ab 7,20 abc 8,20 ab 8,30 ab 7,80 ab 7,80 ab 8,00 bcd
Coodetec 410 6,80 a 10,80 a 13,20 a 13,60 a 12,90 a 14,00 a 15,90 a
BRS Ipê 4,30 ab 7,00 abc 8,30 ab 8,40 ab 9,50 ab 9,20 ab 12,10 ab
BRS Aroeira 3,70 ab 8,40 ab 8,10 ab 9,40 ab 9,90 ab 10,10 ab 9,90 abcd
BRS Araçá 3,70 ab 7,00 abc 8,00 ab 8,00 ab 8,30 ab 10,00 ab 10,80 abcd
BRS Cedro 4,00 ab 6,00 abc 6,70 ab 8,90 ab 7,90 ab 9,00 ab 10,70 abcd
BRS Itamarati 90 3,60 ab 5,90 abc 7,70 ab 7,30 ab 8,90 ab 9,40 ab 9,80 abcd
DeltaPenta 3,00 ab 5,50 abc 7,20 ab 5,70 b 6,20 ab 5,30 b 5,10 d
DeltaOpal 2,20 b 4,40 bc 5,80 b 5,90 b 6,90 ab 7,60 ab 8,90 abcd
BRS Acala 90 2,60 ab 4,80 abc 5,50 b 5,20 b 5,10 b 5,20 b 4,80 d
IAC 24 2,80 ab 4,80 abc 5,70 b 6,90 ab 6,90 ab 6,30 b 7,90 bcd
Interação de variedades x tempo: F=1,68**; Erro padrão = 0,19. Médias seguidas da mesma letra na
coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Dados originais; Para análise
foram transformados em (x + 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1% de probabilidade.
53
Para as variedades Coodetec 410, Coodetec 408, BRS Ipê e BRS Cedro ocorreram
aumentos nos números de lagartas (Figura 3B e 3C). No decorrer do tempo de alimentação,
pode-se observar que o número de lagartas aos 5 e aos 60 minutos, após a liberação, foi maior
nestas variedades, o que confirma serem estas variedades as mais atrativas (Tabela 2). Com
pequena variação e menor número de lagartas entre os intervalos de tempo avaliados, as
variedades Acala 90, FiberMax 966, e DeltaPenta apresentam menor atratividade (Figura 3A e
3D). No estudo de atratividade de algodoeiro à S. frugiperda, a derivação das equações
mostrou que 46 minutos representa o tempo suficiente para avaliar o comportamento de
variedades a lagartas recém-eclodidas desta praga (Figura 3A, 3B, 3C e 3D). Após este período
de avaliação, de maneira geral, ocorreu uma redução do número de lagartas das variedades
(Figura 3A, 3B, 3C e 3D).
y = -0,000593x
2
+ 0,0602x + 1,376
R
2
= 0,85
y = -0,000509x
2
+ 0,0496x + 1,381
R
2
= 0,88
y = -0,000394x
2
+ 0,0340x + 1,785
R
2
= 0,64
y = -0,000683x
2
+ 0,0616x + 1,519
R
2
= 0,96
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
5 1015202530354045505560
Tempo (min)
(Número de lagartas)
IPR 96 IPR 20 FiberMax 966 FiberMax 977
Figura 3A - Relação entre o tempo após a liberação e o número de lagartas recém-eclodidas de
Spodoptera frugiperda, atraídas por variedades de algodoeiro, em teste com
chance de escolha.
54
y = -0,000453x
2
+ 0,0486x + 2,080
R
2
= 0,94
y = -0,000389x
2
+ 0,0318x + 2,300
R
2
= 0,64
y = -0,000693x
2
+ 0,0661x + 2,511
R
2
= 0,85
y = -0,000493x
2
+ 0,0538x + 2,056
R
2
= 0,92
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
5 1015202530354045505560
Tempo (min)
(Número de lagartas)
Coodetec 408 Coodetec 409 Coodetec 410 BRS Ipê
Figura 3B - Relação entre o tempo após a liberação e o número de lagartas recém-eclodidas de
Spodoptera frugiperda, atraídas por variedades de algodoeiro, em teste com
chance de escolha.
y = -0,000957x
2
+ 0,0777x + 1,904
R
2
= 0,79
y = -0,000666x
2
+ 0,0616x + 1,868
R
2
= 0,84
y = -0,000416x
2
+ 0,0460x + 1,921
R
2
= 0,88
y = -0,000711x
2
+ 0,0651x + 1,758
R
2
= 0,96
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
5 1015202530354045505560
Tempo (min)
(Número de lagartas)
BRS Aroeira BRS Araçá BRS Cedro BRS Ita 90
Figura 3C - Relação entre o tempo após a liberação e o número de lagartas recém-eclodidas de
Spodoptera frugiperda, atraídas por variedades de algodoeiro, em teste com
chance de escolha.
55
y = -0,000704x
2
+ 0,0508x + 1,726
R
2
= 0,48
y = -0,000720x
2
+ 0,0707x + 1,338
R
2
= 0,95
y = -0,000510x
2
+ 0,0385x + 1,752
R
2
= 0,59
y = -0,000609x
2
+ 0,0570x + 1,603
R
2
= 0,87
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
5 1015202530354045505560
Tempo (min)
(Número de lagartas)
DeltaPenta DeltaOpal Acala 90 IAC-24
Figura 3D - Relação entre o tempo após a liberação e o número de lagartas recém-eclodidas de
Spodoptera frugiperda, atraídas por variedades de algodoeiro, em teste com
chance de escolha.
Na comparação de variedades de algodoeiro foram observadas diferenças significativas
com relação à não-preferência para alimentação de S. frugiperda, em teste de livre escolha
(Figura 4). Um maior número de lagartas recém-eclodidas em BRS Araçá, caracteriza esta
variedade como a preferida para alimentação, comparada a Coodetec 408, BRS Aroeira, BRS
Cedro, BRS Ita 90 e DeltaPenta, de menor preferência. Não foram observadas diferenças com
relação à não-preferência para alimentação de lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda em
variedades de algodoeiro, em teste sem chance de escolha (Figura 4).
56
ab
ab
ab
ab
b
ab
ab
ab
b
a
bb
ab
b
ab
ab
A
A
A
AAA
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
0
2
4
6
8
10
IPR 96
I
PR
1
20
F
i
be
rM
a
x
9
66
FiberMax 977
C
oo
d
et
ec 408
Coodetec 409
Cood
et
ec 410
B
RS
Ipê
BRS
A
roeira
BRS
Ar
açá
BRS Ced
r
o
B
RS
It
a
90
Delta
P
enta
DeltaOpa
l
Ac
ala
90
IAC 24
Variedades
Nº médio de lagartas
Com chance de escolha Sem chance de escolha
Figura 4 - Número médio de lagartas recém-eclodidas Spodoptera frugiperda, por folhas das
variedades de algodoeiro, em teste de preferência alimentar, com e sem chance de
escolha.
De maneira geral, a folha foi a parte da planta mais adequada para estudo de
atratividade e não-preferência de lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda por plantas de
algodoeiro. Entre as variedades avaliadas, Acala 90, FiberMax 966 e DeltaPenta foram as
menos atrativas, enquanto que DeltaPenta foi menos preferida para alimentação em teste com
chance de escolha. Em condições de laboratório, verificou-se que 46 minutos foi o tempo mais
adequado para avaliar a atratividade de lagartas recém-eclodidas por plantas de variedades de
algodoeiro.
57
REFERÊNCIAS
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61
CAPITULO 4 – EFEITO DE VARIEDADES DE ALGODOEIRO SOBRE O
DESENVOLVIMENTO BIOLÓGICO DE Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH)
(LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE)
Efeito de variedades de algodoeiro sobre o desenvolvimento biológico de Spodoptera
frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae)
RESUMO - Este trabalho teve por objetivo estudar aspectos biológicos de Spodoptera
frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em variedades de algodoeiro. O experimento
foi conduzido em laboratório à temperatura de 27 ± 1ºC, umidade relativa de 70 ± 10% e
fotofase de 14 h. Lagartas recém-nascidas foram alimentadas com folhas das seguintes
variedades de algodoeiro: FiberMax 966, FiberMax 977, DeltaOpal, DeltaPenta, Acala 90,
Coodetec 408, Coodetec 409, Coodetec 410, BRS Cedro, BRS Ipê, BRS Aroeira, IPR 96, IPR
120, BRS Araçá, IAC 24 e BRS Ita 90. Assim, 30 lagartas por variedade, provenientes de ovos
obtidos em laboratório, foram mantidas em placas de Petri (6,0 cm de diâmetro por 2,0 cm de
altura), forradas com papel filtro umedecido até a pupação. As pupas foram colocadas em tubos
de vidro (8,5 cm de altura por 2,5 cm de diâmetro), fechados com algodão hidrófilo até a
emergência dos adultos. Para cada variedade, os adultos emergidos foram individualizados em
gaiolas de PVC forradas com papel para as fêmeas ovipositarem. Os casais foram alimentados
com solução de mel a 10%, fornecida por capilaridade. Os parâmetros avaliados na fase larval
foram: duração, número de ínstares e viabilidade; na fase pré-pupal: duração e viabilidade; na
fase pupal: duração, peso com 24 horas de idade, viabilidade e razão sexual; na fase adulta:
longevidade; períodos de pré e de oviposição; quantidade de posturas por fêmea, quantidade
de ovos por postura e de ovos por fêmea; na fase de ovo: período de incubação e viabilidade;
e, por fim, o ciclo biológico. Nos testes, utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado,
com 16 tratamentos e 30 repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e as
médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Constatou-se que as
variedades BRS Cedro, DeltaPenta e Acala 90 apresentaram antibiose como mecanismo de
resistência a S. frugiperda. IPR 20, Coodetec 410 e DeltaOpal possuem este mesmo
mecanismo, porém, de maneira menos intensa. FiberMax 977 foi a variedade mais suscetível
ao desenvolvimento biológico da praga.
Palavras-chave: Gossypium hirsutum, antibiose, lagarta-do-cartucho, resistência de plantas
62
INTRODUÇÃO
A lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda (J. E. Smith), originária das regiões tropical
e subtropical das Américas, é uma praga polífaga (LUGINBILL, 1928) e cosmopolita
(LUGINBILL, 1928; CRUZ, 1995; MOREIRA et al. 2003). No Brasil, S. frugiperda tem ampla
distribuição, alimentação diversificada e disponível e condições climáticas favoráveis (CRUZ,
1995).
Em algodoeiro, S. frugiperda vem causando prejuízos significativos à cultura na maioria
das regiões produtoras (FERNANDES et al. 2002; SANTOS, 2003), ocasionando danos às
plantas, desde a emergência até a maturação dos frutos (VELOSO et al. 1983; ALI et al. 1989;
SANTOS, 2001; GALLO et al. 2002).
As lagartas de S. frugiperda cortam as plantas jovens logo acima do coleto, reduzindo o
estande da cultura (VELOSO et al. 1982; ALI et al. 1989; SANTOS, 2001; GALLO et al. 2002;
SANTOS et al. 2003). Em plantas desenvolvidas seccionam a parte superior, não lignificada do
caule (SANTOS et al. 2003), raspam a epiderme de brácteas, botões florais, flores, maçãs
(SANTOS, 2001; SANTOS et al. 2003; FERREIRA, 2003) e brotação apical (FERREIRA, 2003),
perfuram e danificam os botões florais, flores e maçãs desenvolvidas (VELOSO et al. 1982; ALI
et al. 1989; GALLO et al. 2002; SANTOS et al. 2003) e podem destruir folhas e perfurar hastes
na ausência de maçãs (VELOSO et al. 1982; ALI et al. 1989; GALLO et al. 2002). A penetração
da lagarta na maçã causa redução na quantidade e qualidade da fibra e aumenta a ocorrência
de doenças, ocasionando sérios prejuízos (LUTTRELL & MINK, 1999).
Nas lavouras de algodão, em áreas de cerrado, as infestações de pragas causam
perdas significativas na produtividade e representam aproximadamente 45% do custo de
produção. Na proteção das lavouras são utilizados principalmente inseticidas, que
freqüentemente ocasionam a seleção de pragas resistentes, causam mortalidade de inimigos
naturais e aumentam o custo de produção (DEGRANDE, 1998). A aplicação de inseticidas deve
ser encarada como uma medida alternativa emergencial, a ser integrada a outras medidas de
controle, para obter um melhor controle da praga e evitar mortalidade de artrópodes benéficos
(MIRANDA & FERREIRA, 2005). O uso de variedades resistentes, no controle de pragas, não
exige conhecimentos específicos e tem baixo custo para o produtor (LARA, 1991), uma vez que
63
a defesa contra o ataque de pragas é uma característica intrínseca da planta (MIRANDA &
FERREIRA, 2005).
Um dos requisitos importantes para a seleção de variedades é o conhecimento
da biologia do inseto na planta hospedeira. A literatura, de maneira geral, já oferece
dados sobre a biologia da S. frugiperda, todavia, em algodoeiro, ainda há pouca
disponibilidade de dados. Assim, em plantas de algodoeiro, o número de ovos
colocados, para um período médio de oviposição de 6,93 dias, foi de 773,69 ovos por
fêmea na variedade IAC 17 (VELOSO et al. 1983) e 321 a 528 ovos por fêmea para um
período de oviposição de 2,0 a 3,6 dias nas variedades CNPA 7H e BRS 187 8H de 25
a 30ºC, MIRANDA & FERREIRA (2005).
O período de incubação é função da planta hospedeira e, principalmente, da
temperatura e umidade relativa (CRUZ, 1995). Em algodoeiro, o tempo de incubação
dos ovos de S. frugiperda foi de 3,14 dias à temperatura de 25 ± 2ºC e umidade relativa
de 60 ± 10% (VELOSO et al. 1983) e pode variar de 2 a 10 dias em condições de
campo (FREEMAN, 1999).
Na fase larval S. frugiperda em algodoeiro passa por 6 a 7 ínstares (VELOSO et al.
1983). Na variedade IAC 17 a duração desse período foi de 22,67 ± 1,12 dias à temperatura de
25 ± 2ºC e umidade relativa de 60 ± 10% (VELOSO et al. 1983), enquanto que nas variedades
CNPA 7H e BRS 187 8H, a 25°C o período de lagarta variou de 22 a 27 dias e a 30°C, de 13 a
18 dias, respectivamente (MIRANDA & FERREIRA, 2005).
O desenvolvimento de pré-pupa tem a duração de 1,77 dias à temperatura de 25 ± 2ºC
e umidade relativa de 60 ± 10% e, nesta fase, o inseto deixa de se alimentar e penetra no solo,
onde se transforma em pupa. Essa fase tem duração de 7,79 dias temperatura de 25 ± 2ºC e
umidade relativa de 60 ± 10% (VELOSO et al. 1983; GALLO et al. 2002). O tempo para S.
frugiperda completar seu desenvolvimento em algodoeiro, variedade CNPA 7H, foi de 44,72
dias. Esse dado foi obtido por MOREIRA et al. (2003) que, ao trabalharem com duração de
ciclo, obtiveram 49,88, 47,88 e 33,67 dias nas temperaturas de 20, 25 e 30°C, respectivamente.
MIRANDA & FERREIRA (2005) encontraram de 38 a 43 dias para temperaturas de 25 a 30°C
nas variedades CNPA 7H e BRS 187 8H.
Conhecer o comportamento e o ciclo biológico da S. frugiperda sobre variedades de
64
algodoeiro, ampliará o conhecimento da relação inseto-planta, possibilitando o
desenvolvimento, a melhoria e a utilização de alternativas mais eficientes no controle desta
praga.
Considerando que as características biológicas de S. frugiperda, são influenciadas pela
alimentação, tornam-se importantes estudos que possam adequar táticas de controle
populacional dessa praga em algodoeiro. Assim, este trabalho teve por objetivo, avaliar o
comportamento biológico da lagarta-do-cartucho S. frugiperda em variedades de algodoeiro.
MATERIAL E MÉTODOS
O acompanhamento do ciclo biológico de S. frugiperda em algodoeiro foi realizado nas
variedades FiberMax 966, FiberMax 977, DeltaOpal, DeltaPenta, Acala 90, Coodetec 408,
Coodetec 409, Coodetec 410, BRS Cedro, BRS Ipê, BRS Aroeira, IPR 96, IPR 120, BRS Araçá,
IAC 24 e BRS Ita 90, sob condições de laboratório, à temperatura de 27±1°C, umidade relativa
de 70±10% e fotofase de 14 horas.
No cultivo das plantas foram utilizados vasos (20L) contendo substrato constituído por
terra, areia e composto orgânico na proporção de 2:1:1. Na semeadura foram utilizadas cinco
sementes por vaso e, dez dias após a germinação, realizou-se o desbaste, deixando-se uma
planta em cada vaso. A adubação foi feita conforme a recomendação de RAIJ (1991), e a
irrigação realizada diariamente.
Para o desenvolvimento do teste, diariamente foram coletadas folhas das plantas de
algodoeiro, sendo colocadas em sacos plásticos, previamente identificados, e acondicionadas
em caixa de isopor para manutenção da turgescência. Em laboratório, as folhas foram lavadas
em água corrente e em água destilada e o excesso de água retirado com papel absorvente.
Descartando-se as nervuras principais, as folhas foram cortadas com auxílio de vazador e
colocadas em placas de Petri de 6,0 cm de diâmetro por 2,0 cm de altura, previamente forradas
com papel filtro umedecido, com a finalidade de evitar perda de água e redução na qualidade
da folha como alimento.
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As lagartas utilizadas no teste foram provenientes da criação de manutenção de S.
frugiperda, iniciada com indivíduos cedidos pelo Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo
(CNPMS) - EMBRAPA, com sede em Sete Lagoas-MG. Em laboratório, os insetos foram
multiplicados em dieta artificial (KASTEN JR. et al. 1978) e mantidos a temperatura de 27 ± 1ºC,
umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase de 14 h, utilizando metodologia de criação elaborada
por PARRA (1986).
Logo após a eclosão, 30 lagartas/variedade foram individualizadas nas placas de Petri
contendo as folhas de algodoeiro, sendo que cada lagarta representou uma repetição.
Diariamente, as folhas foram trocadas e os excrementos eliminados, evitando-se possíveis
contaminações e a redução na qualidade do alimento. Em cada troca, as folhas foram
fornecidas em quantidade suficiente para manter as lagartas bem alimentadas. Para
determinação do número de ínstares, as lagartas foram fotografadas com uma câmara Moticam
2000 acoplada a um estereoscópio, sendo as imagens armazenadas em computador contendo
Software Motic Image Plus 2.0, para posterior medição da cápsula cefálica.
Quando as lagartas pararam de se alimentar, indicando o início da fase pré-pupal, a
troca de alimento foi interrompida e as placas permaneceram fechadas até a pupação.
As pupas com 24 horas de idade foram pesadas em balança eletrônica de precisão,
separadas por sexo segundo BUTT & CANTU, (1962) e acomodadas em tubos de vidro de 8,5
cm de altura por 2,5 cm de diâmetro, fechados com algodão hidrófilo até a emergência dos
adultos.
Para cada variedade, os adultos emergidos foram individualizados em gaiolas de PVC
(12,0 cm de diâmetro e 13,0 cm de altura), protegidas na parte superior com tecido tipo filó, na
inferior com placa de Petri e forradas com papel para as fêmeas ovipositarem. Os casais foram
formados na medida em que ocorria a emergência dos adultos. Nas gaiolas, os adultos foram
alimentados com solução de mel a 10%, fornecida por capilaridade, por meio de um pavio de
algodão embebido na solução, trocados diariamente (VELOSO et al. 1983). O mesmo
procedimento foi adotado para os adultos remanescentes e não acasalados.
Diariamente, as posturas foram recolhidas, identificadas e colocadas em placas de Petri.
Para contagem total, os ovos foram separados com auxilio de um pincel fino e de um
microscópio estereoscópio. Após a eclosão, as lagartas foram contadas e descartadas.
66
As variáveis biológicas avaliadas foram:
Fase larval: duração, número de ínstares e viabilidade.
Fase pré-pupal: duração e viabilidade.
Fase pupal: duração, peso com 24 horas de idade, viabilidade e razão sexual.
Fase adulta: longevidade; períodos de pré-oviposição e de oviposição; quantidade de postura
por fêmea, quantidade de ovos por postura e ovos por fêmea (fertilidade).
Fase de ovo: período de incubação e viabilidade.
Desenvolvimento de lagarta a adulto: duração e viabilidade
Delineamento Experimental e Análises Estatísticas. Neste teste foi adotado o delineamento
inteiramente casualizado. Os dados foram transformados em (x + 0,5)
1/2
, submetidos à análise
de variância (Teste F), sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. O Programa SisVar v. 5.0 (FERREIRA, 2003) foi utilizado para realizar as
análises e as comparações de médias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Biologia de S. frugiperda em folhas de variedades de algodoeiro
Fase larval
Foram detectadas diferenças significativas entre as médias relativas à duração da fase
larval, nas dezesseis variedades estudadas (Tabela 1). O período de duração foi
significativamente maior na variedade DeltaPenta (21,75 dias), seguido por BRS Cedro,
Coodetec 410, BRS Aroeira, BRS Ipê, DeltaOpal, IAC 24 e Acala 90, indicando que estas foram
pouco adequadas para o desenvolvimento desta praga. Já o menor período, foi obtido na
variedade FiberMax 977 (16,23 dias), precedida por FiberMax 966, BRS Ita 90 e IPR 96,
demonstram que estas variedades são nutricionalmente mais adequadas para o
desenvolvimento da lagarta-do-cartucho. As diferenças na duração da fase larval demonstram
67
que as variedades apresentam diferentes níveis de resistência a S. frugiperda, com maior
evidência para DeltaPenta, que demonstra apresentar resistência por antibiose a esta espécie
de praga. A variação de 16,23 a 21,75 dias (27 ± 1ºC, umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase
de 14 h), para a duração do período de lagarta entre as variedades avaliadas, é semelhante
aos 15,00 dias a 30°C (MOREIRA et al. 2003) e aos 22,67 dias à 25°C (VELOSO et al. 1983),
desenvolvidas nas variedades CNPA 7H e IAC 17, respectivamente.
Com relação ao número de ínstares (Tabela 1), foram observados seis ínstares para
lagartas alimentadas com folhas da variedade IAC 24, sete em IPR 96, FiberMax 977, Coodetec
409, BRS Aroeira, BRS Ita 90 e Acala 90 e oito em IPR 120, DeltaOpal, DeltaPenta, FiberMax
966, Coodetec 408, Coodetec 410, BRS Cedro, BRS Ipê e BRS Araçá. Sete ínstares para
lagartas de S. frugiperda alimentadas com folhas de algodoeiro, variedade IAC 17 foram
observados por VELOSO (1982).
A mortalidade da fase larval é um dos fatores mais importantes na limitação do
crescimento populacional (DAHMS, 1972). Nessa pesquisa, a viabilidade de lagartas de S.
frugiperda, alimentadas com folhas de variedades de algodoeiro, variou de 33,33 a 83,33%
(Tabela 1). As menores mortalidades foram observadas para as variedades FiberMax 966, BRS
Ita 90, FiberMax 977 e DeltaOpal, com valores de 16,67 a 33,33%, enquanto as maiores foram
de 56,67 a 66,67% para variedades Acala 90, BRS Cedro e BRS Araçá. Para as outras
variedades a mortalidade variou de 36,67 a 53,33%. É possível que a presença de substâncias
antibióticas nas folhas de Acala 90, BRS Cedro e BRS Araçá seja responsável pela maior
mortalidade de lagartas de S. frugiperda nestas variedades.
68
Tabela 1 – Médias de duração (dias) e viabilidade (%) da fase larval de S. frugiperda mantidas
em folhas de dezesseis variedades de algodoeiro. (T= 27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%;
fotofase: 14 h).
Variedades Duração (dias)
Número de
ínstares
Amplitude
(dias)
Viabilidade (%)
IPR 96 18,58 ± 0,42 bc 7 (16,00 – 22,00) 46,67
IPR 120 18,92 ± 0,51 abc 8 (16,00 – 22,00) 53,33
FiberMax 966 18,00 ± 0,44 bc 8 (16,00 – 23,00) 83,33
FiberMax 977 16,23 ± 0,52 c 7 (13,00 – 20,00) 66,67
Coodetec 408 18,69 ± 0,57 abc 8 (15,00 – 25,00) 63,33
Coodetec 409 18,67 ± 0,40 abc 7 (17,00 – 22,00) 46,67
Coodetec 410 20,21 ± 0,46 ab 8 (18,00 – 23,00) 56,67
BRS Ipê 19,75 ± 0,53 ab 8 (17,00 – 23,00) 60,00
BRS Aroeira 19,79 ± 0,40 ab 7 (18,00 – 25,00) 63,33
BRS Araçá 18,91 ± 0,25 abc 8 (18,00 – 21,00) 43,33
BRS Cedro 20,86 ± 1,62 ab 8 (17,00 – 30,00) 36,67
BRS Ita 90 18,13 ± 0,66 bc 7 (16,00 – 25,00) 66,67
DeltaPenta 21,75 ± 0,75 a 8 (18,00 – 27,00) 56,67
DeltaOpal 19,46 ± 0,74 ab 8 (17,00 – 25,00) 66,67
Acala 90 19,29 ± 0,47 ab 7 (17,00 – 21,00) 33,33
IAC 24 19,42 ± 0,81 ab 6 (17,00 – 28,00) 50,00
F 4,74**
CV(%) 5,46
DMS 0,34
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Para análise, os dados originais foram transformados por (x + 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1%
de probabilidade.
69
Fase pré-pupal
No início do último ínstar, as lagartas possuíam aparência normal, com comprimento e
largura uniformes e extremidades afiladas. No final dessa fase, a parte posterior do corpo
tornou-se mais arredondada, o comprimento do corpo ficou reduzido e os segmentos da parte
posterior tiveram seu diâmetro aumentado. As lagartas pararam de se alimentar e o peso foi
reduzido em 50%, aproximadamente. Quanto ao comportamento, depois tornaram-se agitadas,
provavelmente em busca de um local para preparar o casulo, onde se transformaram em pupa.
A duração da fase pré-pupal (Tabela 2) foi maior nas variedades BRS Ipê (2,56 dias) e
BRS Araçá (2,45 dias); e menor na variedade Coodetec 409 (1,58 dias), enquanto variou de
1,67 a 2,56 dias para as outras variedades. Os resultados obtidos para a fase pupal são
próximos de 1,77 dias obtidos por VELOSO et al. (1982), com a variedade IAC 17 e de 1,80 a
1,90 dias; e 2,0 a 2,35 dias, em milho e arroz, respectivamente, citado por GIOLO et al. (2002).
A maior duração da fase pré-pupal para as variedades Ipê e Araçá pode ser conseqüência da
resistência do tipo antibiose apresentada pelas plantas citada por LARA (1991).
Foram observadas variações de viabilidade de 72,73 a 100% para pré-pupas, originadas
de lagartas alimentadas com folhas de variedades de algodoeiro (Tabela 2). As variedades BRS
Cedro (72,73%) e IPR 120 (75,00%) apresentaram as menores viabilidades, enquanto para
outras variedades a viabilidade foi de no mínimo 85 %. Valores próximos de 96,50%, em
variedade de algodoeiro – IAC 17; e 98,90%, em variedades de milho foram obtidos por
VELOSO et al. (1982).
70
Tabela 2 – Médias de duração (dias) e viabilidade (%) da fase pré-pupal de S. frugiperda
mantidas em folhas de dezesseis variedades de algodoeiro. (T= 27 ± 1°C; UR:
70 ± 10%; fotofase: 14 h).
Variedades
Duração
(dias)
Amplitude
Viabilidade
(%)
IPR 96 1,67 ± 0,14 bc (1,00 – 2,00) 92,86
IPR 120 2,00 ± 0,00 abc (2,00 – 2,00) 75,00
FiberMax 966 1,82 ± 0,08 abc (1,00 – 2,00) 88,00
FiberMax 977 2,00 ± 0,11 abc (1,00 – 2,00) 95,00
Coodetec 408 1,75 ± 0,14 abc (1,00 – 2,00) 89,47
Coodetec 409 1,58 ± 0,15 c (1,00 – 2,00) 100,00
Coodetec 410 2,29 ± 0,24 abc (1,00 – 4,00) 94,12
BRS Ipê 2,56 ± 0,16 a (2,00 – 3,00) 94,44
BRS Aroeira 1,89 ± 0,11 abc (1,00 – 2,00) 100,00
BRS Araçá 2,45 ± 0,21 ab (2,00 – 3,00) 92,31
BRS Cedro 2,14 ± 0,34 abc (1,00 – 3,00) 72,73
BRS Ita 90 2,44 ± 0,16 ab (1,00 – 3,00) 85,00
DeltaPenta 1,94 ± 0,11 abc (1,00 – 3,00) 100,00
DeltaOpal 2,31 ± 0,26 abc (1,00 – 5,00) 85,00
Acala 90 2,00 ± 0,00 abc (2,00 – 2,00) 90,00
IAC 24 2,50 ± 0,26 ab (1,00 – 3,00) 93,33
F 3,52**
CV(%) 11,83
DMS 0,26
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Para análise, os dados originais foram transformados por (x + 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1%
de probabilidade.
71
Fase pupal
Entre as variedades não se observou diferença significativa quanto à duração da fase
pupal (Tabela 3). Os resultados médios para o desenvolvimento de pupas variaram de 8,13 a
9,00 dias, com maior e menor médias nas variedades DeltaOpal e IPR 96, respectivamente.
Pesquisas mostram duração de 8,25 dias para algodoeiro, variedade CNPH 7H (MOREIRA et
al. 2003) e de 7,79 dias para variedade IAC 17 (VELOSO et al. 1982).
As menores viabilidades de pupas, representadas por valores de 68,42; 76,47 e
77,78%, foram provenientes de lagartas alimentadas com FiberMax 977, DeltaOpal e
Acala 90, respectivamente (Tabela 3). A menor viabilidade de pupas pode estar
relacionada à presença de compostos químicos, nos substratos fornecidos por essas
variedades de algodoeiro para as lagartas. Já, viabilidades superiores a 85% foram
encontradas nas outras variedades. Altos valores de viabilidade de pupas foram
encontrados em algodoeiro (82,50%) e milho (90,69%) (VELOSO et al. 1982) e seis
variedades de milho (82,00% a 100%) (VENDRAMIN & FANCELLI, 1988).
Nenhuma diferença significativa foi observada entre os pesos de pupas
provenientes de lagartas alimentadas com variedade de algodoeiro (Tabela 3).
Entretanto, cabe ressaltar que a diferença de 36,67 mg entre a menor (160,40 mg –
BRS Cedro) e a maior (197,07 mg – BRS Ita 90) viabilidade pode indicar a presença de
substâncias antibióticas nas folhas fornecidas como alimento às lagartas de S.
frugiperda. VELOSO et al. (1982), na variedade de algodoeiro IAC 17, encontraram
viabilidades de pupas de S. frugiperda de 130,00 mg (fêmea) e de 140,00 mg (macho).
A razão sexual, calculada na fase pupal (Tabela 3), evidencia os efeitos diferenciados de
folhas de diferentes variedades de algodoeiro sobre as lagartas de S. frugiperda, refletindo na
proporção sexual de indivíduos e na população de adultos. Assim, a baixa razão sexual
observada nas variedades Acala 90, DeltaOpal, DeltaPenta e BRS Ita 90, caracterizada pelo
maior número de machos, determinará um crescimento mais lento da população.
72
Tabela 3 – Médias de duração (dias), viabilidade (%), peso de pupas (mg) e razão sexual de
pupa de S. frugiperda mantidas em folhas de dezesseis variedades de algodoeiro.
(T= 27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h).
Variedades
Duração
(dias)
Amplitude
Viabilidade
(%)
Peso de Pupas
(mg)
Razão
Sexual
IPR 96 8,33 ± 0,19 a (7,00 – 9,00) 92,31 175,45 ± 0,01 a 0,62
IPR 120 8,67 ± 0,28 a (7,00 – 11,00) 100,00 181,66 ± 0,00 a 0,50
FiberMax 966 8,77 ± 0,20 a (7,00 – 10,00) 100,00 181,42 ± 0,01 a 0,46
FiberMax 977 8,38 ± 0,24 a (7,00 – 10,00) 68,42 183,96 ± 0,01 a 0,53
Coodetec 408 8,94 ± 0,23 a (7,00 – 10,00) 94,12 184,85 ± 0,01 a 0,53
Coodetec 409 8,92 ± 0,23 a (8,00 – 10,00) 85,71 183,93 ± 0,01 a 0,50
Coodetec 410 8,50 ± 0,17 a (8,00 – 10,00) 87,50 171,56 ± 0,01 a 0,63
BRS Ipê 8,13 ± 0,13 a (7,00 – 9,00) 100,00 172,65 ± 0,01 a 0,82
BRS Aroeira 8,37 ± 0,14 a (8,00 – 10,00) 100,00 178,20 ± 0,01 a 0,79
BRS Araçá 8,45 ± 0,16 a (8,00 – 9,00) 100,00 189,45 ± 0,01 a 0,50
BRS Cedro 8,71 ± 0,29 a (8,00 – 10,00) 87,50 160,40 ± 0,01 a 0,63
BRS Ita 90 8,63 ± 0,15 a (8,00 – 10,00) 94,12 197,07 ± 0,01 a 0,41
DeltaPenta 8,75 ± 0,17 a (8,00 – 10,00) 94,12 187,40 ± 0,01 a 0,41
DeltaOpal 9,00 ± 0,28 a (8,00 – 11,00) 76,47 176,84 ± 0,01 a 0,41
Acala 90 8,86 ± 0,14 a (8,00 – 9,00) 77,78 184,34 ± 0,01 a 0,38
IAC 24 8,83 ± 0,24 a (8,00 – 10,00) 85,71 185,23 ± 0,01 a 0,50
F 1,55ns 0,82ns
CV (%) 4,16 2,43
DMS 0,17 0,03
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Para análise, os dados originais foram transformados por (x + 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1%
de probabilidade;
ns
não significativo.
73
Desenvolvimento de lagarta a adulto
A duração do período de desenvolvimento de lagarta a adulto de S. frugiperda
apresentou diferenças significativas entre as variedades de algodoeiro (Tabela 4). Quando as
lagartas foram alimentadas com folhas da variedade DeltaPenta observou-se que essa média
foi 5,88 dias maior, comparativamente a FiberMax 977, com a menor duração. Nas outras
variedades a duração foi de 28,64 a 31,00 dias. As maiores durações observadas entre as
variedades, principalmente em DeltaPenta, deve-se à possível presença de aldeídos-terpenos
considerados por LUKEFAHR et al. (1965) como responsáveis por conferir resistência às
lagartas de várias espécies de lepidópteros. Em algodoeiro, variedade IAC 17, o tempo para S.
frugiperda completar seu desenvolvimento, de lagarta a adulto, à temperatura de 25°C e
umidade relativa de 60 ± 10%, foi de 43,36 dias (VELOSO et al. 1983).
De maneira geral, a viabilidade de lagartas de S. frugiperda foi inferior a 54% em
treze variedades de algodoeiro, dentre as dezesseis avaliadas (Tabela 4). A diferença
de 50 pontos percentuais entre os extremos de viabilidade, 23,33 e 73,33%, evidencia
os efeitos da resistência por antibiose, presente em diferentes níveis, entre variedades
de algodoeiro. Assim, a alta porcentagem de mortalidade, observada em lagartas
alimentadas com folhas de Acala 90 e BRS Cedro, poderia ser atribuída ao efeito de
substâncias antibióticas sobre a biologia dos insetos.
74
Tabela 4 – Médias de duração (dias) e viabilidade (%) da fase de desenvolvimento de
lagarta a adulto de S. frugiperda mantidos em folhas de dezesseis
variedades de algodoeiro. (T= 27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h).
Variedades
Duração
(dias)
Amplitude
Viabilidade
(%)
IPR 96 28,58 ± 0,54 bc (26,00 - 32,00) 40,00
IPR 120 29,58 ± 0,56 abc (26,00 - 34,00) 40,00
FiberMax 966 28,64 ± 0,54 bc (25,00 - 35,00) 73,33
FiberMax 977 26,62 ± 0,67 c (24,00 - 32,00) 43,33
Coodetec 408 29,44 ± 0,61 abc (25,00 - 35,00) 53,33
Coodetec 409 29,17 ± 0,42 abc (28,00 - 33,00) 40,00
Coodetec 410 31,00 ± 0,69 ab (29,00 - 38,00) 46,67
BRS Ipê 30,44 ± 0,46 ab (29,00 - 34,00) 53,33
BRS Aroeira 30,05 ± 0,46 abc (29,00 - 37,00) 63,33
BRS Araçá 29,82 ± 0,38 abc (29,00 - 33,00) 40,00
BRS Cedro 31,71 ± 1,60 ab (30,00 - 42,00) 23,33
BRS Ita 90 29,25 ± 0,72 abc (28,00 - 36,00) 53,33
DeltaPenta 32,50 ± 0,79 a (29,00 - 39,00) 53,33
DeltaOpal 30,23 ± 1,03 abc (29,00 – 37,00) 43,33
Acala 90 30,14 ± 0,59 abc (28,00 - 33,00) 23,33
IAC 24 30,75 ± 1,02 ab (29,00 - 41,00) 40,00
F 3,90**
CV (%) 4,16
DMS 0,32
Lagarta a adulto: F= 3,90**; Erro Padrão: 0,06. Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para análise, os dados originais foram transformados
por (x + 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1% de probabilidade.
75
Fase Adulta
Com relação à longevidade de adultos de S. frugiperda em variedades de algodoeiro, as
médias obtidas foram estatisticamente diferentes entre si (Tabela 5). Na variedade BRS Ipê, os
adultos apresentaram uma longevidade (18,00 dias) significativamente maior àquelas
observadas nas variedades BRS Ita 90 (13,13 dias). Essa diferença de longevidade de adultos
pode estar relacionada às características próprias do indivíduo e/ou à capacidade de conversão
do alimento assimilado na fase larval, gerando conseqüências na longevidade de adultos
(LUGINBILL, 1928). Os dados de longevidade, obtidos nesta pesquisa, foram superiores
àqueles relatados por VELOSO (1982) que encontrou períodos de 8,50 dias para machos e
9,00 dias para fêmeas, provenientes de lagartas alimentadas em folhas de algodoeiro,
variedade IAC 17; por MIRANDA & FERREIRA (2005) que relataram período longevidade
variando de 8,3 a 10,10 dias, originados de lagartas alimentadas nas variedades CNPA 7H e
BRS 187 8H; e por MOREIRA et al. (2003), que reportam valores de 17,13 dias à 25ºC e de
11,33 dias à 30ºC para longevidade de adultos oriundos de lagartas criadas em algodoeiro
variedade CNPA 7H.
Nenhuma diferença significativa foi observada para o período de pré-oviposição de S.
frugiperda entre as variedades de algodoeiro (Tabela 5). As médias apontam variação de 3,50 a
7,00 dias, com maior período para fêmeas provenientes de lagartas alimentadas com folhas das
variedades Coodetec 408, BRS Ipê e IAC 24, enquanto em DeltaPenta, DeltaOpal, IPR 120 e
Acala 90 foi registrada uma menor duração de pré-oviposição, com 3,50 dias, em cada
variedade. Esses resultados apresentam amplitude comparáveis com os encontrados por
MIRANDA & FERREIRA (2005), que reportaram períodos de pré-oviposição de 5,4 a 6,0 dias
para lagartas criadas nas variedades de algodoeiro CNPA 7H e BRS 187 8H.
A duração da fase de oviposição foi superior em 10 variedades de algodoeiro, variando
de 13 dias (Coodetec 409) a 7,40 dias (Coodetec 410) e diferindo de BRS Ipê, com 2,27 dias
(Tabela 5). Fêmeas adultas de Spodoptera sp., originárias de lagartas criadas em folhas de
CNPA 7H, apresentaram período de oviposição de 9,00 dias a 25ºC e de 2,07 dias a 30ºC
(MOREIRA et al. 2003).
76
Tabela 5 – Médias de longevidade (dias), pré-oviposição (dias) e oviposição (dias) de adultos
de S. frugiperda mantidos em folhas de dezesseis variedades de algodoeiro. (T=
27 ± 1°C; UR: 70 ± 10%; fotofase: 14 h).
Duração (dias)
Variedades
Longevidade de
adultos
Pré-Oviposição Oviposição
IPR 96 16,33 ± 0,38 abc 3,75 ± 0,48 a 10,00 ± 1,29 a
IPR 120 14,17 ± 0,32 cd 3,50 ± 0,96 a 8,50 ± 0,96 a
FiberMax 966 13,45 ± 0,64 cd 4,56 ± 0,93 a 7,67 ± 1,00 a
FiberMax 977 15,62 ± 0,46 abcd 3,60 ± 0,60 a 5,60 ± 1,54 ab
Coodetec 408 13,94 ± 0,55 cd 7,00 ± 1,67 a 6,00 ± 1,44 ab
Coodetec 409 14,17 ± 0,49 cd 3,75 ± 0,25 a 10,40 ± 1,44 a
Coodetec 410 16,21 ± 0,66 abc 4,40 ± 1,08 a 7,40 ± 1,50 a
BRS Ipê 18,00 ± 0,33 a 5,67 ± 1,20 a 2,67 ± 0,88 b
BRS Aroeira 17,05 ± 0,47 ab 3,75 ± 0,63 a 8,50 ± 1,85 a
BRS Araçá 13,55 ± 0,53 cd 4,60 ± 1,69 a 9,40 ± 1,94 a
BRS Cedro 13,71 ± 0,92 cd 3,67 ± 0,67 a 9,33 ± 0,88 a
BRS Ita 90 13,13 ± 0,57 d 4,17 ± 1,14 a 10,83 ± 2,24 a
DeltaPenta 15,00 ± 0,62 bcd 3,50 ± 0,76 a 8,50 ± 1,36 a
DeltaOpal 14,15 ± 0,49 cd 3,50 ± 0,65 a 5,75 ± 1,70 ab
Acala 90 16,43 ± 0,69 abc 3,50 ± 0,50 a 7,00 ± 0,00 ab
IAC 24 14,00 ± 0,30 cd 5,50 ± 1,55 a 9,50 ± 2,33 ab
F 7,49** 0,70ns 2,69**
CV(%) 6,75 21,15 25,40
DMS 0,37 1,31 1,58
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Para análise, os dados originais foram transformados por (x + 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1%
de probabilidade.
77
Fase de Ovo
Quando se comparam os números de postura/fêmea, observam-se diferenças
significativas entre as variedades de algodoeiro (Tabela 6). As fêmeas provenientes de lagartas
alimentadas com as variedades BRS Cedro com 9,33 postura/fêmea e IPR 96 com 9,25
posturas/fêmea, eram semelhantes, porém significativamente superiores à BRS Ipê, FiberMax
977, DeltaOpal e Coodetec 408, com 3,67; 4,40 e 4,75 e 6,00 posturas/fêmea, respectivamente.
Considerando-se que as fêmeas foram todas alimentadas com solução de mel a 10%, as
diferenças observadas podem ser atribuídas a características inerentes ao inseto e/ou à
quantidade e qualidade do alimento ingerido na fase de lagarta, com conseqüências nos
números de postura/fêmea e ovos/postura. Em algodoeiro, variedade IAC 17, VELOSO (1982)
registrou, em média, 4,46 posturas por fêmea, enquanto para variedades de milho, o número de
posturas/fêmea foi de 5,93 (VELOSO, 1982) e de 3,6 a 5,4 (VIANA et al. 2000).
As médias de ovos por postura de S. frugiperda diferiram significativamente entre as
variedades de algodoeiro (Tabela 6). Contudo, a variação de 207,53 ovos/postura, entre a
variedade IPR 120 e FiberMax 977, que ovipositaram 111,52 e 319,05 ovos/postura,
respectivamente, pode estar relacionada aos efeitos de substâncias presentes nas folhas das
variedades de algodoeiro fornecidas às lagartas que deram origem às fêmeas de S. frugiperda.
Já foram registrados 178,64 ovos/postura para fêmeas de S. frugiperda provenientes de
lagartas alimentadas com folhas de algodoeiro (VELOSO, 1982) e 244,29 ovos/postura
(VELOSO, 1982).
Encontrou-se diferença significativa para a fecundidade de S. frugiperda entre as
variedades de algodoeiro (Tabela 6). As fêmeas procedentes de lagartas criadas nas
variedades Acala 90 e BRS Cedro foram mais fecundas, com 1850,00 e 2219,33 ovos/fêmea,
respectivamente. Por outro lado, as fêmeas de S. frugiperda ovipositaram somente 864,25
ovos/fêmea em plantas de IPR 120 e 883,33 ovos/fêmea em BRS Ipê. A grande amplitude de
ovos/fêmea (1355,25 ovos/fêmea) entre as variedades pode estar relacionada à quantidade de
alimento ingerido, ou fecundidade natural inerente a cada indivíduo (LUGINBILL (1928). Em
algodoeiro, variedade IAC 17, foram relatados 773,69 ovos/fêmea (VELOSO, 1982); 773,25
ovos/fêmea a 25°C e de 394,33 ovos/fêmea à 30°C, em CNPA 7H (MOREIRA et al. 2003) e de
321 a 528 ovos/fêmea, em CNPA 7H e BRS 187 8H (MIRANDA & FERREIRA, 2005), com
variação do número de ovos/fêmea inferior àqueles encontrados na presente pesquisa.
A viabilidade de ovos de S. frugiperda foi diferente entre as variedades de algodoeiro
(Tabela 6). As maiores viabilidades foram observadas nas variedades Coodetec 409, BRS
Cedro, BRS Ita 90 e Acala 90 com valores de 42,91, 43,23, 44,65 e 72,61%, respectivamente.
Na variedade IPR 120 a viabilidade foi de apenas 5,28%, enquanto, entre as outras variedades,
a viabilidade variou de 10,38 a 30,45%. A variação de 67,33% na variabilidade, entre as
variedades, pode ser conseqüência da presença de substâncias antibióticas adquiridas, pelas
lagartas de folhas de variedades de algodoeiro, durante o processo de alimentação e que
atuam como fator de resistência à S. frugiperda. VELOSO (1982) verificou viabilidade de ovos
de 69,79% para fêmeas, provenientes de lagartas alimentadas em algodoeiro, variedade IAC
17.
O período de incubação é influenciado pela temperatura (LUNGIBILL, 1928;
ETCHEVERRY, 1957; LABRADOR, 1967; PATEL, 1981; CRUZ, 1995), umidade relativa e
planta hospedeira (CRUZ, 1995). À temperatura de 27 ± 1°C, umidade relativa de 70 ± 10% e
fotofase de 14 horas, o período de incubação foi significativamente diferente entre as
variedades de algodoeiro (Tabela 6). Esse período foi maior na variedade IPR 120 (3,44 dias) e
menor em FiberMax 977 (2,48 dias), enquanto nas outras variedades oscilou de 2,48 a 3,21
dias. Os presentes resultados são compatíveis aos encontrados e relatados por VELOSO et al.
(1983) que encontraram períodos de 3,14 ± 0,11 dias à temperatura de 25 ± 2ºC e umidade
relativa de 60 ± 10%.
78
79
Tabela 6 – Médias dos números de postura por fêmea, de ovos por postura, de fecundidade, de período de incubação (dias) e
viabilidade (%) de S. frugiperda mantidos em folhas de dezesseis variedades de algodoeiro. (T= 27 ± 1°C; UR: 70
± 10%; fotofase: 14 h).
Número
Variedades
Postura/fêmea Ovos/postura
Fecundidade
Período de
Incubação (dias)
Viabilidade
(%)
IPR 96 9,25 ± 0,85 a 168,89 ± 90,67 a 1562,25 ± 49,62 bc 2,90 ± 0,11 ab 26,93
IPR 120 7,75 ± 0,63 ab 111,52 ± 38,55 a 864,25 ± 38,51 e 3,44 ± 0,00 a 5,28
FiberMax 966 7,11± 0,79 ab 200,73 ± 49,13 a 1427,44 ± 161,72 bcde 2,82 ± 0,13 ab 21,22
FiberMax 977 4,40 ± 1,21 cd 319,05 ± 44,10 a 1403,80 ± 696,32 bcde 2,33 ± 0,16 b 16,77
Coodetec 408 6,00 ± 1,46 bc 186,50 ± 58,56 a 1119,00 ± 20,85 cde 3,14 ± 0,26 ab 13,47
Coodetec 409 8,00 ± 1,96 ab 202,88 ± 92,04 a 1623,00 ± 68,99 bc 2,61 ± 0,13 ab 42,91
Coodetec 410 6,60 ± 1,17 abc 148,27 ± 34,63 a 978,60 ± 59,19 de 3,20 ± 0,40 ab 12,79
BRS Ipê 3,67 ± 1,20 d 240,91 ± 84,09 a 883,33 ± 119,00 e 3,17 ± 0,33 ab 18,82
BRS Aroeira 8,50 ± 1,71 ab 191,71 ± 80,33 a 1629,50 ± 71,38 bc 3,19 ± 0,28 ab 12,01
BRS Araçá 6,40 ± 1,63 abc 186,13 ± 35,23 a 1191,20 ± 74,33 cde 3,15 ± 0,20 ab 30,45
BRS Cedro 9,33 ± 0,88 a 237,79 ± 92,10 a 2219,33 ± 318,06 a 2,82 ± 0,14 ab 43,23
BRS Ita 90 6,50 ± 1,52 abc 233,28 ± 68,48 a 1516,33 ± 125,91 bcd 2,76 ± 0,12 ab 44,65
DeltaPenta 7,67 ± 1,52 ab 199,76 ± 49,30 a 1531,50 ± 136,50 bcd 2,48 ± 0,19 ab 22,64
DeltaOpal 4,75 ± 1,49 cd 264,79 ± 82,21 a 1257,75 ± 93,31 cde 3,21 ± 0,16 ab 10,38
Acala 90 8,50 ± 1,50 ab 217,65 ± 44,25 a 1850,00 ± 129,00 ab 2,79 ± 0,10 ab 72,61
IAC 24 7,50 ± 1,66 ab 141,33 ± 79,21 a 1060,00 ± 52,39 cde 2,72 ± 0,38 ab 10,93
F 9,56** 0,53ns 9,31** 2,65**
CV (%) 2,70 28,26 8,24 11,14
DMS 0,78 9,57 7,51 0,28
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para análise, os
dados originais foram transformados por (x + 0,5)
1/2
; ** Significativo a 1% de probabilidade.
80
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados obtidos pode-se estabelecer as seguintes considerações:
Adultos de S. frugiperda têm preferência por ovipositar em plantas com
aproximadamente 60 dias de idade, na variedade BRS Ita 90 nas folhas localizadas no
terço superior da planta;
A densidade de, no mínimo, 3 casais de adultos de S. frugiperda por planta é suficiente
para realização de testes de não-preferência para oviposição em casa-de-vegetação;
A folha é a parte da planta preferida para estudo de atratividade e não-preferência de
variedade de algodoeiro com lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda;
Em condições de laboratório, 46 minutos permitem avaliar a atratividade de plantas de
variedades de algodoeiro com lagartas recém-eclodidas desta praga.
As variedades Coodetec 408, BRS Aroeira, BRS Araçá, BRS Ita 90 e DeltaPenta
apresentam resistência do tipo não-preferência para oviposição.
Acala 90, FiberMax 966 e DeltaPenta foram menos atrativas; DeltaPenta apresenta não-
preferência para alimentação em teste com chance de escolha.
As variedades BRS Cedro, DeltaPenta e Acala 90 apresentam antibiose como
mecanismo de resistência à S. frugiperda, enquanto IPR 20, Coodetec 410 e DeltaOpal
expressam este mesmo mecanismo de maneira menos intensa. FiberMax 977 foi a
variedade mais suscetível a esta praga.
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