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RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO E
COMPRESSIBILIDADE DE UM LATOSSOLO
SOB DIFERENTES USOS E MANEJOS
BRUNO SILVA PIRES
2007
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BRUNO SILVA PIRES
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO E
COMPRESSIBILIDADE DE UM LATOSSOLO SOB
DIFERENTES USOS E MANEJOS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Ciência do Solo, para a obtenção de
titulo de “Mestre”.
Orientador
Prof. Dr. Moacir de Souza dias Junior
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2007
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Pires, Bruno Silva.
Resistência ao cisalhamento e compressibilidade de um Latossolo sob
diferentes usos e manejos. / Bruno Silva Pires. -- Lavras : UFLA, 2007.
86 p. : il.
Orientador: Moacir de Souza Dias Júnior
.
Dissertação (Mestrado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Compactação do Solo. 2. Pastagem. 3. Pressão de Preconsolidação. 4.
Resistência e susceptibilidade. 5. Tensão Cisalhante. I. Universidade Federal de
Lavras. II. Título.
CDD –631.43
BRUNO SILVA PIRES
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO E
COMPRESSIBILIDADE DE UM LATOSSOLO SOB
DIFERENTES USOS E MANEJOS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Ciência do Solo, para a obtenção de
titulo de “Mestre”.
APROVADA em 25 de Julho de 2007
Prof. Dr. Wellington Willian Rocha UFVJM
Prof. Dr. Geraldo Cezar de Oliveira UFLA
Prof. Dr. Moacir de Souza dias Junior
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
Aos meus pais, Antonio Wagner Silva Pires e Daise Cecília Silva
Pires as minhas irmãs e meu sobrinho, pela compressão, amor,
exemplo, presença e apoio em todas as minhas decisões.
OFEREÇO
À minha esposa, Lidiane pela amizade, companheirismo,
apoio, compressão e por se fazer presente em minha vida.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Lavras, especialmente ao Departamento de
Ciência do Solo (DCS), pela oportunidade de realização do Curso;
Ao Professor Dr. Moacir de Souza Dias Junior pelos ensinamentos,
orientação apoio e amizade ao longo do Curso.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico Tecnológico
(CNPq) pela concessão da bolsa de estudo;
À Fundação de Ensino Superior de Passos pelo apoio e incentivo;
À FAPIMIG pelo apoio é aquisição de equipamentos;
Aos funcionários do Laboratório de Física do Solo, Dulce Claret
Monteiro Moraes e Delanne Ribeiro, pela convivência saudável, amizade e
auxilio na realização das analises;
Ao Professor Doutor Wellington Willian Rocha, pela amizade, apoio co-
orientação, por participar da banca examinadora e pelas criticas e sugestões
apresentadas fundamentais para realização deste trabalho;
Ao Professor Doutor Geraldo Cezar se oliveira, pela amizade, apoio,
conselhos, por participar da banca examinadora e pelas criticas e sugestões
apresentadas fundamentais para realização deste trabalho;
A todos Professores e funcionários do Departamento de Ciência do Solo
da Universidade federal de Lavras (DCS/UFLA) pelos conhecimentos
transmitidos ao longo do Curso;
A todos colegas da pós-graduação, especialmente Cezar Francisco
Araújo Junior e Ivoney Gontijo pela amizade companheirismo e conhecimentos
transmitidos sobre a utilização dos equipamentos do Laboratório de Física do
Solo bem como nas analises estatísticas, Eduardo da Costa Severiano, Arystides
Resende da Silva, Giovana Alcântara Maciel, Fabrício de Menezes Telo
Sampaio, Gislene Aparecida dos Santos e Ricardo Carvalho companheiros e
amigos do setor de Física do Solo, Leílson Antonio de Faria Junior pela amizade
ao longo de mais de sete anos. Aos demais colegas pela amizade e
conhecimentos transmitidos;
Aos alunos de iniciação cientifica Thiago, Carloeme e Miriam pela
amizade é auxilio na realização das analises;
A toda minha família pelo apoio, exemplo e compressão por estar
ausente am vários momentos para a conclusão desta etapa.
SUMÁRIO
Página
RESUMO GERAL .............................................................. i
GENERAL ABSTRACT .................................................... iii
CAPÍTULO 1 ...................................................................... 01
1 INTRODUÇÃO ............................................................... 02
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................ 06
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................. 13
CAPÍTULO 2:
Modelagem da capacidade de suporte de
cargas de um Latossolo Vermelho-Amarelo sob diferentes usos
e manejos .....................................................................................
19
Resumo ................................................................................ 20
Abstract ............................................................................... 21
1 Intrudução ........................................................................ 22
2 Material e métodos ........................................................... 26
3 Resultados e discussão ..................................................... 34
4 Conclusões ....................................................................... 39
5 Referencias bibliográficas ................................................ 40
CAPÍTULO 3:
Resistência ao cisalhamento de um Latossolo
Vermelho-Amarelo sob diferentes usos e manejos .....................
45
Resumo ................................................................................ 46
Abstract ............................................................................... 47
1 Introdução ........................................................................ 48
2 Material e métodos ........................................................... 53
3 Resultados e discussão ..................................................... 60
4 Conclusões ....................................................................... 81
5 Referencias bibliográficas ................................................ 82
i
RESUMO GERAL
PIRES, Bruno Silva. Resistência ao cisalhamento e compressibilidade de um
Latossolo sob diferentes usos e manejos. 2007. 86 p. Dissertação (Mestrado
em Ciência do Solo)-Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, Brasil.*
A compactação do solo tem sido apontada como um dos principais
processos de redução da produtividade de diversas atividades agrícolas. Dentre
as atividades afetadas, as que mais sofrem com esse problema são as que
preservam a estrutura do solo, ou seja, as que não implicam em ter o preparo do
solo anual. As pastagens e o plantio direto de milho se enquadram nessa
realidade, pois, na maioria das vezes, as operações de revolvimento do solo
nessas atividades ocorrem em função da compactação superficial do solo, seja
pelo pisoteio animal ou pelo tráfego de maquinas, sem o controle da umidade. A
utilização dos modelos de capacidade de suporte de cargas para auxiliar na
prevenção ou na identificação de manejos mais resistentes ou susceptíveis à
compactação dos solos é uma metodologia testada e consolidada. No entanto, a
resistência ao cisalhamento dos solos agrícolas e seus parâmetros podem auxiliar
e somar às metodologias utilizadas na atualidade. Este estudo foi realizado com
os objetivos de: a) gerar modelos de capacidade de suporte de carga para os
diferentes manejos de um Latossolo Vermelho-Amarelo; b) identificar, por meio
do uso dos modelos de capacidade de suporte de carga o manejo mais suscetível
e mais resistente à compactação; c) desenvolver envoltórias de resistência ao
cisalhamento e obter seus parâmetros para os diferentes sistemas de manejo de
um Latossolo Vermelho-Amarelo; d) comparar as envoltórias de resistência ao
cisalhamento e propor melhor utilização do solo baseado nestes manejos. O
estudo foi conduzido, no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no
município de Passos, MG, à latitude de 19ºS e longitude 43ºW de Greenwich.
As áreas do estudo encontram-se a uma altitude média de 700 m, com
temperatura média anual de 19ºC, precipitação média anual de 1.709,4 mm e
declividade média de 6%. Foram avaliados sete manejos no solo em estudo,
sendo: pastagens irrigadas antes (1) e após (2) o pisoteio animal, pastagens não
irrigadas antes (3) e após (4) o pisoteio animal, corredor de acesso aos piquetes
(5), plantio direto de milho (6) e mata nativa (7). As amostras indeformadas
foram utilizadas no ensaio de compressão uniaxial e nos ensaios de resistência
ao cisalhamento. Determinaram-se também textura, matéria orgânica,
capacidade de campo e ponto de murcha permanente. Os manejos pastagem
irrigada e não irrigada, antes do pisoteio animal, geraram modelos de capacidade
__________________________
* Comitê Orientador: Dr. Moacir de Souza Dias Junior – UFLA
(Orientador), Dr. Wellington Willian Rocha – UFVJM (Co-orientador).
ii
de suporte de cargas semelhantes e não alteraram a estrutura do solo. Os
manejos pastagem irrigada após pisoteio, pastagem não irrigada após pisoteio,
plantio direto de milho e corredor de acesso aos piquetes geraram modelos de
capacidade de suporte de cargas semelhantes e alteram a estrutura do solo. As
pastagens que sofreram o pisoteio animal apresentaram maior resistência ao
cisalhamento. De forma geral, a presença de matéria orgânica aumentou a
resistência ao cisalhamento. Os ensaios de resistência ao cisalhamento realizados
em amostras com maior umidade avaliaram a estrutura do solo de modo
semelhante aos modelos de capacidade de suporte de cargas. Ο ângulo de atrito
interno) foi mais eficiente para determinar maior ou menor resistência ao
cisalhamento em solos agrícolas.
iii
GENERAL ABSTRACT
PIRES, Bruno Silva. Shear strength and compressibility of a Latosol under
different uses and weed management. 2007. 86 P. Dissertation (Master
Science in Soil Science) - Federal University of Lavras, Lavras, MG, Brazil.*
Soil compaction has been pointed out as one of the main process of
yield reduction of a number of farming activities. Amongst the affected
activities, the ones that suffer the most from this problem are the ones that
preserve the soil structure, namely, those which do not imply in having the
annual soil tillage. Grasslands and no-tillage planting of maize fit into that
reality, since, in most times, the plowing operations of soil in these activities
occur as related to soil surface compaction, whether by animal trampling
whether by machine traffic, without moisture control. The use of the load
support capacity models to aid in preventing or in identifying the more resistant
or susceptible managements to soil compaction is a tested and consolidated
methodology. However, the shear strength of agricultural soils and its
parameters can help and add to the methodologies used at present time. This
study was carried out with the objectives of: a) generating load support capacity
models for the different managements of a Red-Yellow Latosol; b) identifying
through of the use of the load support capacity models the management more
susceptible and more resistant to compaction; c) developing shear strength
envelopes and obtaining its parameters for the different management systems of
a Red-Yellow Latosol; d) comparing the shear strength envelopes and proposing
a better soil use based on these managements. The study was conducted in the
period of February of 2006 to February of 2007, in the town of Passos, MG, at
latitude of 19ºS and longitude 43ºW from Greenwich. The areas of the study lie
at an average altitude of 700 m, with annual average temperature of 19ºC, annual
average rainfall of 1,709, 4 mm and average slope of 6%. Seven managements in
soil under study were evaluated, namely: (1) grasslands irrigated before animal
trampling (2) grasslands irrigated after animal trampling (3) grasslands not-
irrigated after animal trampling and (4) after animal trembling, access corridor to
the enclosures (5) no tillage planting of corn (6), and native woodland (7). The
unaisturbed soil samples were utilized in the uniaxial compression test and in the
shearing strength trials. Texture, organic matter, field capacity and permanent
wilting point were also determined. The management: irrigated and non-
irrigated grassland, before animal trampling generated similar load support
__________________________
* Guidance Committee: Dr. Moacir de Souza Dias Junior - UFLA, Dr.
Wellington Willian Rocha.
iv
capacity models and did not alter the soil structure. The managements: grassland
irrigated after trampling, grassland irrigated after trampling, no-tillage planting
of corn and access corridor to the enclosures generated similar load support
capacity models and modified soil structure. The grasslands which went through
trampling showed increased shearing strength. In general, the presence of
organic matter increased shear strength. The shearing strengths tests performed
in soil samples with higher moisture content evaluated the soil atructura in a
similar way the load support capacity models. The angle of internal friction
(φ) was more effective to determine either higher or lower shearing strength in
farming soils.
1
CAPÍTULO 1
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO E COMPRESSIBILIDADE
DE UM LATOSSOLO SOB DIFERENTES USOS E MANEJOS
2
1 INTRODUÇÃO GERAL
A exploração dos recursos naturais, ao longo do tempo, sempre suscitou
uma preocupação com questões exclusivamente sócio-econômicas, em
detrimento, na maioria das vezes, das conseqüências ambientais inerentes à ação
antrópica. Vários são os exemplos de momentos na história nos quais o homem,
simplesmente preocupado com o desenvolvimento a todo custo, não pensou na
conseqüência desses atos sobre o ecossistema do qual ele também faz parte e é
dependente.
A pecuária brasileira se caracteriza por ter a maioria de seu rebanho
criado em pastagens, que é a principal e mais econômica fonte de nutrientes para
os bovinos. Mas, essas pastagens são, normalmente, de baixa qualidade devido,
em parte, a características de nossos solos, das espécies cultivadas e,
principalmente, devido à falta de práticas, como adubação, uso de forrageiras
inadequadas, rodízio e taxa de lotação adequada, entre outras (Oliveira et al.,
1999).
A interferência do homem na produção animal a partir do uso de
pastagens deve: garantir a perenidade do sistema adotado, seja ele baseado no
uso de pastagens naturais ou cultivadas; assegurar um compromisso entre a
oferta de quantidade e de qualidade de forragem compatível com a produção
animal pretendida e permitida pelo meio e simplificar e reduzir custos ou
aumentar a margem líquida. Para alcançar esses objetivos, é necessário que o
manejo da pastagem, caracterizado pelo sistema de pastejo adotado, fertilização,
pressão de pastejo, etc., seja adequado às características morfofisiológicas das
plantas forrageiras e do solo (Nabinger, 1997).
Para os sistemas de produção pecuária, o uso eficiente de forrageiras e
pastagens como base da alimentação animal representa uma das formas mais
3
garantidas de se elevar a produtividade e reduzir os custos de produção
(Silvestre, 1998).
Particularmente no Brasil, a degradação de pastagens é considerada um
dos maiores problemas da pecuária (Kichel et al., 1997). Estima-se que cerca de
80% dos 45 a 50 milhões de hectares da área de pastagens nos Cerrados do
Brasil encontrem-se em algum estágio de degradação (Barcellos, 1996).
Diante desse panorama, fica clara a necessidade de uma utilização mais
racional dos recursos naturais existentes, o que será possível somente por meio
de uma melhor compreensão dos ecossistemas de pastagens, para que práticas de
manejo e sistemas de produção animal possam ser idealizados e implementados
sem colocar em risco sua sustentabilidade e produtividade (Sbrissia & Silva,
2001).
A água é um dos principais fatores no desenvolvimento das culturas e as
irregularidades do regime pluviométrico são uma restrição ao desenvolvimento
agrícola. A irrigação tem sido uma das técnicas mais utilizadas na agricultura
para se conseguir acréscimo na produtividade (Drumond & Fernandes, 2001).
Para se ter resultados positivos com a irrigação de pastagens tropicais, a
temperatura ambiente não pode estar abaixo de 15
0
C, sendo este o fator
ambiental que mais limita a resposta da planta forrageira à irrigação. A
luminosidade só influencia em 10% a produção. A melhor resposta ocorre no
verão, quando a temperatura é alta, possibilitando aumentos de 20% a 30% na
produção de forragem. Nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso
do Sul, a produção no inverno é, em média, 50% da do verão (Aguiar &
Almeida, 1999).
Poucos estudos levam em conta os atributos físicos do solo sob pastagem
e a utilização da irrigação gera um agravante ao se tratar da compactação do solo
gerada pelo pisoteio animal. Isso porque o pisoteio irá ocorrer com uma umidade
4
do solo muito elevada, podendo ultrapassar a capacidade suporte de cargas do
solo e, conseqüentemente, gerando compactação adicional ao solo.
A literatura sugere que o número de animais suportados pela pastagem
deve ser definido em função da produtividade da forrageira utilizada e do tipo de
manejo adotado. Assim, não se leva em consideração o fato de o solo suportar
essa carga sem sofrer compactação, principalmente em pastagem irrigada, na
qual, normalmente, se aumenta o numero de animais por ha e o solo é mantido
mais úmido com conseqüente menor capacidade de suporte de carga.
Uma realidade no estado de Minas Gerais é o cultivo de apenas uma
safra ao ano. No inverno, o clima seco inviabiliza o cultivo de uma segunda
safra, exceto em áreas sob irrigação ou áreas de safrinha, que são de pequena
representatividade no estado. Como resultado, na maior parte do ano, as áreas
agrícolas permanecem ociosas, não dando nenhum retorno ao agricultor. Nessa
época, multiplicam-se plantas daninhas e outras pragas, o que exige maior gasto
com defensivos químicos para o seu controle por ocasião do novo ciclo de
cultivo.
Essa situação é observada em áreas onde o plantio direto é realizado,
pois não há condições de produção para as culturas de inverno. O resultado é
uma lavoura de verão com baixa qualidade, devido à falta e à desuniformidade
da palhada para cobertura do solo, além de não se quebrar o ciclo das doenças e
pragas. O consórcio lavoura-pecuária tem se mostrado uma excelente
alternativa, pois, com ele, se consegue obter renda na área na época de inverno
(engorda de boiada) e na época do plantio de verão se tem palhada abundante e
de boa qualidade.
No entanto, não se sabe se o pisoteio animal irá causar compactação
adicional nessas áreas, prejudicando as culturas seguintes. Essa mudança na
5
forma de exploração da terra está provocando uma nova condição de trabalho
que deve ser estudada para minorar efeitos indesejáveis.
O consorcio lavoura-pecuária representa uma alternativa para o
problema da sazonalidade da produção do campo nativo, possibilitando a
produção de pastagens no período hibernal, antecedendo culturas de verão,
produtoras de grãos. A utilização racional dos fatores de produção possibilita
maior rentabilidade ao agricultor e, dessa forma, um uso mais eficiente do solo,
promovendo maior reciclagem de nutrientes (Gaggero et al., 2002).
As propriedades físicas de um solo sob mata natural podem ser um
indicativo de qualidade. Dessa forma, se há diversos manejos e uma mata natural
em um mesmo solo, esta pode ser uma referência para a avaliação dos impactos
de cada tipo de manejo nas propriedades físicas.
Diante dessas considerações, este estudo teve os seguintes objetivos: a)
gerar modelos de capacidade de suporte de carga para os diferentes manejos de
um Latossolo Vermelho-Amarelo; b) identificar, por meio do uso dos modelos
de capacidade de suporte de carga, o manejo mais susceptível e mais resistente à
compactação; c) verificar o efeito da palhada obtida na colheita do milho sob
plantio direto nos modelos de capacidade de suporte de cargas; d) desenvolver
envoltórias de resistência ao cisalhamento e obter seus parâmetros para os
diferentes sistemas de manejo de um Latossolo Vermelho-Amarelo e) comparar
as envoltórias de resistência ao cisalhamento e propor melhor utilização do solo
com base nesses manejos.
6
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Compactação do solo sob diferentes usos e sua modelagem
O Brasil tem uma área total de pastagens da ordem de 180 milhões de
hectares, o que corresponde a mais de 20% do território nacional (Zimmer et al.,
2002). Um dos grandes entraves à obtenção de elevadas produtividades tem sido
a compactação do solo.
Diferentes sistemas de manejos alteram a estrutura do solo que por sua
vez, interfere em uma série de atributos físicos, químicos e biológicos (Faria et
al., 1998; Kondo & Dias Junior, 1999; Singh & Malhi, 2006). Apesar de vários
pesquisadores (Silva et al., 2000; Oliveira et al., 2003; Assis & Lanças, 2005;
Singh & Malhi, 2006) terem identificado os efeitos do manejo nos atributos
físicos do solo, existe uma carência de estudos que quantifiquem os níveis de
pressões que podem ser aplicados aos solos, sem que haja degradação estrutural.
Diante disso, em áreas aptas à mecanização, o uso indiscriminado dos
diferentes sistemas de manejo, principalmente sistemas mecanizados, está se
tornando preocupante, devido à possibilidade da disseminação da compactação
do solo. Esse tipo de degradação tem atingido aproximadamente 68 milhões de
hectares em todo o mundo, destacando-se como uma das causas mais severas de
degradação na estrutura dos solos, comprometendo a qualidade física de terras
agrícolas e a obtenção de maiores produtividades (Flowers & Lal, 1998;
Alakukku et. al., 2003). A compactação do solo pode reduzir o rendimento das
culturas e também provocar danos ambientais, levando à maior exposição do
solo, que passa a ser mais susceptível aos agentes erosivos, com sua conseqüente
desestruturação e perda da capacidade de absorção de água.
Com isso, uma das limitações para o desenvolvimento de uma
agricultura sustentável está relacionada com a utilização dos diferentes sistemas
7
de manejo, que podem causar compactação, devido à não existência de controle
da umidade do solo ou de sua capacidade de suporte de carga no momento da
realização das operações agrícolas mecanizadas.
Em vista disso, melhorar e preservar a qualidade estrutural do solo em
áreas sob diferentes sistemas de manejo é de fundamental importância quando se
almejam maiores produtividades e preservação ambiental (Secco et al., 2005;
Libardi & Fernandes, 2006). A preservação da estrutura do solo está relacionada
com a sua capacidade de suporte de carga, a qual pode ser obtida nos ensaios de
compressibilidade de solos parcialmente saturados. Assim, o entendimento do
comportamento compressivo do solo adquire grande importância em razão de
ser a base, do ponto de vista físico, para a tomada de decisão do manejo mais
adequado, visando reduzir os efeitos prejudiciais causados à sua estrutura.
Levando esses aspectos em consideração, Dias Junior (1994)
desenvolveu o modelo de capacidade de suporte de carga, que prediz a pressão
máxima que o solo pode suportar para diferentes umidades, sem causar
compactação adicional, em função da pressão de preconsolidação e da umidade
do solo. Essa pressão divide a curva de compressão do solo em duas regiões:
uma de deformação pequena, elásticas e recuperáveis (curva de compressão
secundária, indicando a presença de uma história de tensão do solo) e outra de
deformação plástica e não recuperável (reta de compressão virgem). A pressão
de preconsolidação do solo reflete, portanto, o tipo de manejo (Dias Junior &
Pierce, 1996), sendo utilizado por diversos autores como indicador da
capacidade de suporte de carga do solo e de qualidade estrutural (Dias Junior,
1994; Dias Junior & Pierce, 1995; Silva et al., 2000; Oliveira, 2002; Lima, 2004;
Peng et al., 2004; Dias Junior et al., 2005; Silva et al., 2006).
Em culturas irrigadas, a compactação do solo é uma preocupação, pois,
o solo permanece com umidade maior e, conseqüentemente, baixa capacidade de
suporte de carga. A compactação pelo tráfego de máquinas nas diferentes
8
operações de preparo de solo, semeadura, tratos culturais e colheita é apontada
em diversos trabalhos (Kondo & Dias Junior, 1999; Silva et al., 2000; Oliveira et
al., 2003; Assis & Lanças, 2005; Dias Junior et al., 2005; Silva et al., 2006),
assim como pelo pisoteio de animais (Lima, 2004) resultando em baixas
produtividades. Em se tratando de pastagem irrigada, esse problema tem o
agravante de não ser possível evitar o pisoteio animal nessa fase, gerando,
provavelmente, compactação adicional do solo.
Ao avaliar a compressibilidade do solo sob os sistemas de pastejo
rotacionado irrigado e não irrigado, Lima (2004) observou um aumento na
pressão de preconsolidação no sistema de pastejo rotacionado irrigado em
relação ao sistema pastejo rotacionado não irrigado. Na literatura, há indicações
de que os animais podem exercer pressões no solo da ordem de 350 a 400 kPa
(Proffitt et al., 1993; Betteridge et al., 1999). Nie et al. (2001) indicaram, ainda,
que a pressão exercida pelos animais em movimento pode ser o dobro da
exercida quando eles estão parados, o que torna o pisoteio do solo pelo animal
um importante assunto a ser estudado.
Nas culturas anuais, a compactação do solo tem ocorrido devido à
intensiva mobilização do solo e tráfego sob condições inadequadas de umidade
(Silva et al., 1986; Silva et al., 2002). Nas pastagens, o pisoteio excessivo do
gado tem sido a causa da compactação na camada superficial (Kondo, 1998).
2.2 Resistência ao cisalhamento em solos agrícolas
A resistência do solo ao cisalhamento é uma importante propriedade
dinâmica do solo, a qual vem sendo desconsiderada na maioria das pesquisas
que investigam a influência do uso e manejo. Isso tem contribuído para a adoção
de estratégias quase sempre equivocadas, tendo, como conseqüência, o
depauperamento das propriedades físicas e mecânicas do solo (Silva et al.,
2004). A resistência ao cisalhamento do solo pode também ser usada como um
9
indicador de compactação do solo (Ayers & Perumpral, 1982, Schjonning,1991).
Em geral, os solos mais compactados apresentam maior resistência ao
cisalhamento (Azevedo, 1999), devido à menor distância entre as partículas, o
que confere, conseqüentemente, menor índice de vazios e um maior esforço, por
exemplo, para se preparar o solo para o cultivo.
A resistência ao cisalhamento de um solo é a máxima tensão de cisalhamento
que o solo pode suportar sem sofrer ruptura ou a tensão de cisalhamento do solo
no plano em que a ruptura ocorre (Rocha 2003). Ela pode ser expressa pela
equação de Coulomb, τ = c + σ
n
tgφ (Ramamurthy, 2001), em que τ é a máxima
pressão cisalhante suportada pelo solo, σ
n
é a tensão normal a que a superfície de
falhamento está submetida, c é o intercepto de coesão ou coesão aparente do
solo e φ é o ângulo de atrito interno do solo, definido como sendo o ângulo que a
força normal faz com a resultante das forças tangencial e normal. Essa equação
define a envoltória de resistência, que é a linha limite de resistência dos solos, ou
seja, qualquer pressão cisalhante que esteja acima dessa linha promoverá a
ruptura do solo (Rocha, 2003).
)
φ
Tensão normal
σ
n
Resistência ao cisalhamento
τ
c
FIGURA 1. Envoltória de resistência.
Os parâmetros c e φ são atributos intrínsecos dos solos (Benjamim &
Cruse, 1985; Ramamurthy, 2001; Zang et al., 2001).
10
Nesses estudos, a coesão determinada é a coesão aparente ou intercepto de
coesão (c). Esse parâmetro é uma parcela da resistência ao cisalhamento dos
solos presente apenas em solos parcialmente saturados, em conseqüência da
maior ou menor tensão capilar (Pinto, 1989; Vargas, 1989 & Azevedo, 1999).
Saturando-se ou secando-se o solo totalmente, esse parâmetro desaparece. Daí o
nome aparente.
A coesão aparente do solo será tanto maior quanto maior for a
proximidade das partículas desse solo (Pinto, 1989). Para maiores valores de
densidades de um mesmo solo, esse parâmetro da resistência ao cisalhamento
será também maior (Rocha et al., 2001). Em estudos de resistência ao
cisalhamento e mecanização agrícola, correlações positivas com a resistência do
solo à penetração e densidade do solo já foram obtidas tanto para uma como para
várias passadas de tratores na mesma linha de tráfego (Servadio et al., 2001 &
Zang et al., 2001), tendo os valores de resistência ao cisalhamento do solo
aumentado com o aumento do número de passadas dos tratores. Portanto,
modelos baseados na resistência ao cisalhamento do solo podem ser elaborados
na previsão da capacidade suporte de cargas do solo, uma vez que análises de
tensões-deformações podem ser obtidas nesse tipo de ensaio.
Com relação á textura, solos com maiores quantidades de areia
apresentarão maiores resistências ao cisalhamento (Rocha et al., 2001), devido à
capacidade dessas partículas de se rearranjarem de maneira mais densa quando
submetidas a esforços externos, conferindo maiores densidades aos solos (Dias
Júnior & Miranda, 2000), o que gera maior atrito entre as partículas e aumenta a
resistência ao cisalhamento do solo. No caso de solos argilosos, o estudo da
resistência ao cisalhamento torna-se mais complexo, pelo fato de essa fração ser
a mais ativa do solo, e os processos físicos e químicos, tais como sucessivas
arações e gradagem, flutuação do lençol freático por meio de drenagens,
adubações fosfatadas e calagem, atuam para aumentar ou reduzir o contato entre
11
partículas do solo e, conseqüentemente, aumentarão ou reduzirão a resistência ao
cisalhamento do solo.
Para Sidrorchuk et al. (2002), a umidade e o teor de matéria orgânica
podem influenciar na resistência ao cisalhamento do solo, de forma que, para
determinados valores de umidade, a matéria orgânica tende a reduzir a
resistência ao cisalhamento, em função da menor densidade do solo conferida
por esta, reduzindo, com isso, o contato entre as partículas. Por outro lado,
também dependendo da umidade, a matéria orgânica presente no solo exerce
funções físicas e químicas, tais como um melhor desenvolvimento radicular e
uma melhor estruturação do solo que, certamente, influenciarão no aumento da
resistência ao cisalhamento.
Assim, a resistência ao cisalhamento dos solos é um parâmetro
importante na caracterização das alterações da estrutura do solo (Cruse &
Larson, 1977, Davies, 1985; Gantzer et al., 1987, Servadio et al., 2001). Uma
vez que a maioria dos solos agrícolas é cultivada com baixos teores de matéria
orgânica (Ekwue & Stone, 1995) e, na umidade inadequada (Silva et al., 2002), a
variação da resistência ao cisalhamento do solo com os teores de matéria
orgânica deve ser mais bem estudada. Isso porque, além do efeito direto na
estruturação dos solos, a matéria orgânica, juntamente com a mineralogia, é o
principal agente que incrementa a capacidade de troca de cátions e que garante
uma boa condição de fertilidade química dos solos (Lopes, 1996) o que, de certa
forma, pode permitir a correta especificação do equipamento a ser utilizado no
seu preparo.
Gaggero et al. (2002), estudando a influência do pisoteio animal em
áreas de plantio direto na época do inverno, concluíram que solos que sofreram o
pisoteio animal apresentaram maior resistência ao cisalhamento, comparados
com os mesmos solos que não sofreram esse pisoteio. Os autores constataram,
ainda, que a resistência ao cisalhamento se mostrou mais sensível na detecção da
12
compactação, pois a densidade e a resistência à penetração não revelaram as
diferenças que foram encontradas com a utilização desta técnica.
13
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19
CAPÍTULO 2
MODELAGEM DA CAPACIDADE DE SUPORTE DE CARGAS DE UM
LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO SOB DIFERENTES USOS E
MANEJOS
20
RESUMO
PIRES, Bruno Silva. Modelagem da capacidade de suporte de cargas de um
Latossolo Vermelho-Amarelo sob diferentes usos e manejos. In: ______.
Resistência ao cisalhamento e compressibilidade de um Latossolo sob
diferentes usos e manejos. 2007. Cap. 2, p.19-44 Dissertação (Mestrado em
Ciência do Solo)-Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, Brasil.*
A compactação do solo tem sido apontada como um dos principais
processos de redução da produtividade de diversas atividades agrícolas. Dentre
as atividades afetadas, as que mais sofrem com esse problema são as que
preservam a estrutura do solo. As pastagens e o plantio direto de milho se
enquadram nessa realidade, pois, na maioria das vezes, as operações de
revolvimento do solo nessas atividades ocorrem em função da compactação
superficial do solo, seja pelo pisoteio animal ou pelo tráfego de máquinas sem o
controle da umidade que altera o meio onde o sistema radicular se desenvolve e
compromete a produção. A utilização dos modelos de capacidade de suporte de
cargas para auxiliar na prevenção ou na identificação de manejos mais
resistentes ou susceptíveis à compactação dos solos é uma metodologia testada e
consolidada. Este estudo foi realizado com os seguintes objetivos: a) gerar
modelos de capacidade de suporte de carga para os diferentes manejos de um
Latossolo Vermelho-Amarelo; b) identificar, por meio do uso dos modelos de
capacidade de suporte de carga o manejo mais suscetível e mais resistente à
compactação. O estudo foi conduzido, no período de fevereiro de 2006 a
fevereiro de 2007, no município de Passos, MG, à latitude de 19ºS e longitude
de 43ºW de Greenwich. As áreas do estudo encontram-se a uma altitude média
de 700 m, com temperatura média anual de 19ºC, precipitação média anual de
1.709,4 mm e declividade media de 6%. Foram avaliados sete manejos no solo
em estudo, sendo eles: pastagens irrigada antes (1) e após (2) o pisoteio animal,
pastagens não irrigadas antes (3) e após (4) o pisoteio animal, corredor de acesso
aos piquetes (5), plantio direto de milho (6) e mata nativa (7). As amostras
indeformadas foram utilizadas no ensaio de compressão uniaxial.
Determinaram-se também textura, matéria orgânica, capacidade de campo e
ponto de murcha permanente. Os manejos pastagem irrigada e não irrigada,
antes do pisoteio animal, geraram modelos de capacidade de suporte de cargas
semelhantes e não alteraram a estrutura do solo. Os manejos pastagem irrigada
após pisoteio, pastagem não irrigada após pisoteio, plantio direto de milho e
corredor de acesso aos piquetes geraram modelos de capacidade de suporte de
cargas semelhantes e alteraram a estrutura do solo.
__________________________
* Comitê Orientador: Dr. Moacir de Souza Dias Junior – UFLA (Orientador), Dr.
Wellington Willian Rocha – UFVJM (Co-orientador).
21
ABSTRACT
PIRES, Bruno Silva. Load support capacity models of a Red-Yellow Latosol
under different uses and managements. In: ______. Shear strength and
compressibility of a Latosol under different uses and management. 2007.
CAP. 2, p.19-44 Dissertation (Master Science in Soil Science) - Federal
University of Lavras, Lavras, MG, Brazil.
Soil compaction has been pointed out as one of the main process of yield
reduction of a number of farming activities. Amongst the affected activities, the
ones that more suffer from this problem are those which preserve the soil
structure. The grasslands and no-tillage planting of corn fit into this reality, for,
in most times, the plowing operations of soil in these activities occur as related
to surface compaction, either by animal trampling or machine traffic without
moisture control which modifies the medium where the root system develops
and decreases yield. The use of load support capacity models to aid in the
prevention or identification managements of more resistant or susceptible to soil
compaction is a tested and consolidated methodology. This study was carried out
with the following objectives: a) to generate load support capacity models for
the different managements of a Red-Yellow Latosol; b) to identify, throagh the
use of the load support capacity models the management more susceptible and
more resistant to compaction. The study was conducted in the period of
February of 2006 to February of 2007, in the town of Passos, MG, at latitude of
19ºS and longitude of 43ºW of Greenwich. The areas of the study are situated at
an average altitude of 700 m, with annual average temperature of 19ºC, annual
average rainfall of 1,709. 4 mm and average slope of 6%. Seven managements in
the soil under study were evaluated, namely (1) pastures irrigated before animal
trampling (2) pastures irrigated after animal trampling (3) grasslands not
irrigated before and (4) after animal trembling, access corridor to the enclosures
(5), no tillage planting of corn (6), and natural woodland (7). The unaisturbed
soil samples were utilized uniaxial compression test. Texture, organic matter,
field capacity and permanent wilting point were also determined. The
managements irrigated and non-irrigated grassland before animal trembling,
generated similar load support capacity models and they did not alter the soil
structure. The managements grassland irrigated after trampling and grassland not
irrigated after trampling, no-tillage planting of corn and access corridor to the
enclosures generated similar load support capacity and modified soil structure.
22
1 INTRODUÇÃO
O Brasil tem uma área total de pastagens da ordem de 180 milhões de
hectares, o que corresponde a mais de 20% do território nacional (Zimmer et al.,
2002). Um dos grandes entraves à obtenção de elevadas produtividades tem sido
a compactação do solo.
Diferentes sistemas de manejos alteram a estrutura do solo que, por sua
vez, interfere em uma série de suas propriedades físicas, químicas e biológicas
(Faria et al., 1998; Kondo & Dias Junior, 1999; Singh & Malhi, 2006). Apesar
de vários pesquisadores (Silva et al., 2000; Oliveira et al., 2003; Assis & Lanças,
2005; Singh & Malhi, 2006) terem identificado os efeitos do manejo nas
propriedades físicas do solo, existe carência de estudos que quantifiquem os
níveis de pressões que podem ser aplicadas sem que haja degradação estrutural.
Diante disso, em áreas aptas à mecanização, o uso indiscriminado dos
diferentes sistemas de manejo, principalmente sistemas mecanizados, está se
tornando preocupante devido à possibilidade da disseminação da compactação
do solo. Esse tipo de degradação tem atingido algo em torno de 68 milhões de
hectares em todo o mundo, destacando-se como uma das causas mais severas de
degradação na estrutura dos solos, comprometendo a qualidade física de terras
agrícolas e a obtenção de maiores produtividades (Flowers & Lal, 1998;
Alakukku et. al., 2003). A compactação do solo pode reduzir o rendimento das
culturas e também provocar danos ambientais, levando à maior exposição do
solo, que passa a ser mais susceptível aos agentes erosivos, com sua conseqüente
desestruturação e perda da capacidade de absorção de água.
Em vista disso, melhorar e preservar a qualidade estrutural do solo em
áreas sob diferentes sistemas de manejo é de fundamental importância quando se
almejam maiores produtividades e preservação ambiental (Secco et al., 2005;
23
Libardi & Fernandes, 2006). A preservação da estrutura do solo está relacionada
à sua capacidade de suporte de carga, a qual pode ser obtida nos ensaios de
compressibilidade de solos parcialmente saturados. Assim, o entendimento do
comportamento compressivo do solo adquire uma grande importância em razão
de ser a base, do ponto de vista físico, para a tomada de decisão do manejo mais
adequado, visando reduzir os efeitos prejudiciais causados à sua estrutura.
Levando esses aspectos em consideração, Dias Junior (1994)
desenvolveu o modelo de capacidade de suporte de carga, que prediz a pressão
máxima que o solo pode suportar para diferentes umidades, sem causar
compactação adicional, em função da pressão de preconsolidação e da umidade.
Essa pressão divide a curva de compressão do solo em duas regiões: uma de
deformação pequena, elástica e recuperável (curva de compressão secundária,
indicando a presença de uma história de tensão do solo) e outra de deformação
plástica e não recuperável (reta de compressão virgem). A pressão de
preconsolidação do solo reflete, portanto, o tipo de manejo (Dias Junior &
Pierce, 1996), sendo utilizado por diversos autores como indicador da
capacidade de suporte de carga do solo e de qualidade estrutural (Dias Junior,
1994; Dias Junior & Pierce, 1995; Silva et al., 2000; Oliveira, 2002; Lima, 2004;
Peng et al., 2004; Dias Junior et al., 2005; Silva et al., 2006).
Em culturas irrigadas, a compactação é uma preocupação, pois, o solo
permanece com umidade próxima a capacidade de campo e, conseqüentemente,
baixa capacidade de suporte de carga. A compactação pelo tráfego de máquinas
nas diferentes operações de preparo de solo, semeadura, tratos culturais e
colheita é apontada, em diversos trabalhos (Kondo & Dias Junior, 1999; Silva et
al., 2000; Oliveira et al., 2003; Assis & Lanças, 2005; Dias Junior et al., 2005;
Silva et al., 2006), assim como o pisoteio de animais (Lima, 2004), resultando
em baixas produtividades. Em se tratando de pastagem irrigada, esse problema
24
tem o agravante de não ser possível evitar o pisoteio animal nessa fase, gerando,
provavelmente, compactação adicional do solo.
Ao avaliar a compressibilidade do solo sob os sistemas de pastejo
rotacionado irrigado e não irrigado, Lima (2004) observou um aumento na
pressão de preconsolidação no sistema de pastejo rotacionado irrigado em
relação ao sistema pastejo rotacionado não irrigado. Na literatura, há indicações
de que os animais podem exercer pressões no solo da ordem de 350 a 400 kPa
(Proffitt et al., 1993; Betteridge et al., 1999). Nie et al. (2001) indicaram, ainda,
que a pressão exercida pelos animais em movimento pode ser o dobro da
exercida quando eles estão parados, o que torna o pisoteio do solo pelo animal
um importante assunto a ser estudado.
Nas culturas anuais, a compactação é induzida pela intensiva
mobilização do solo e tráfego sob condições inadequadas de umidade (Silva et
al., 2002; Silva et al., 1986), gerando uma camada compactada logo abaixo da
camada trabalhada. Nas pastagens, o pisoteio excessivo do gado tem sido a
causa da compactação na camada superficial (Kondo, 1998).
Uma realidade no estado de Minas Gerais é o cultivo de apenas uma
safra ao ano. No inverno, o clima seco inviabiliza o cultivo de uma segunda
safra, exceto em áreas sob irrigação ou áreas de safrinha, que são de pequena
representatividade no estado. Como resultado, na maior parte do ano, as áreas
agrícolas permanecem ociosas, não proporcionando qualquer retorno ao
agricultor. Nessa época, multiplicam-se as plantas daninhas e outras pragas, o
que exige maior gasto com defensivos químicos para o seu controle por ocasião
do novo ciclo de cultivo.
Essa situação é observada em áreas onde o plantio direto é realizado e
não há boas condições de produção para as culturas de inverno. O resultado é
uma lavoura de verão com baixa qualidade, devido à falta e à desuniformidade
da palhada para cobertura do solo, além de não se quebrar o ciclo das doenças e
25
pragas. O consórcio lavoura-pecuária tem se mostrado uma excelente
alternativa, pois se consegue obter renda na área na época de inverno (engorda
de boiada) e, na época do plantio de verão, se tem palhada abundante e de boa
qualidade.
No entanto, não se sabe se o pisoteio animal irá causar compactação
adicional nessas áreas, prejudicando as culturas seguintes. Essa mudança na
forma de exploração da terra está provocando uma nova condição de trabalho
que deve ser estudada para minorar efeitos indesejáveis.
A integração lavoura-pecuária representa uma alternativa para o
problema da sazonalidade da produção do campo nativo, possibilitando a
produção de pastagens no período hibernal, antecedendo culturas de verão,
produtoras de grãos. Pela utilização racional dos fatores de produção, possibilita
maior rentabilidade ao agricultor e, dessa forma, um uso mais eficiente do solo,
promovendo maior reciclagem de nutrientes (Gaggero et al., 2002).
Os atributos físicos de um solo sob mata natural podem ser um
indicativo de qualidade. Dessa forma, se temos diversos manejos e uma mata
natural em um mesmo solo, esta pode ser uma referência para avaliar os
impactos de cada tipo de manejo nas propriedades físicas.
Com base nesses fatores, o presente estudo foi realizado com os
objetivos de: a) gerar modelos de capacidade de suporte de carga para os
diferentes manejos de um Latossolo Vermelho-Amarelo; b) identificar, por meio
do uso dos modelos de capacidade de suporte de carga, o manejo mais
susceptível e mais resistente à compactação e c) verificar o efeito da palhada
obtida na colheita do milho sob plantio direto, nos modelos de capacidade de
suporte de cargas.
26
2 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido, no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de
2007, na Fazenda Experimental da Universidade Estadual de Minas Gerais, em
Passos, MG, à latitude de 19ºS e longitude 43ºW de Greenwich.
As áreas do estudo encontram-se a uma altitude média de 700 m, com
temperatura média anual de 18ºC a 20ºC e precipitação média anual de 1.709,4
mm.
O relevo é suave ondulado em grandes extensões com declividade entre
3%-8% e o solo foi classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico,
textura média (Embrapa, 2006).
TABELA 1.
Caracterização física do Latossolo Vermelho-Amarelo (LVAd)
localizado na Fazenda Experimental de FESP/UEMG, sob
diferentes manejos na profundidade de 3 centímetros.
a
nejos
A
rgila
reia Silte
M
O CC PMP Dp Ds
-------------g kg
-1
-------------
-
--- kg kg
-1
---- ---- Mg m
-3
---
a
280 620 100
20
0,22
0,13 2,64 1,34
n
ia
280 610 110
19
0,23
0,15 2,65 1,28
p
280 620 100 16 0,26 0,16 2,64 1,35
n
ip
270 620 110 20 0,24 0,15 2,65 1,38
M
ata
270 600 130
27
0,25
0,15 2,64 1,30
D
270 610 120 38 0,28 0,16 2,65 1,34
o
rredor
280 600 120 10 0,24 0,18 2,65 1,56
Pia: pastagem irrigada antes do pisoteio animal; Pina: pastagem não irrigada antes do
pisoteio animal; Pip: pastagem irrigada após o pisoteio animal; Pnip: pastagem não
irrigada após o pisoteio animal; PD: plantio direto de milho; MO: matéria orgânica; CC:
capacidade de campo (amostras submetidas ao potencial mátrico (ψ) de -6 kPa); PMP:
ponto de murcha permanente (amostras submetidas ao potencial mátrico (ψ) de -1500
kPa); Dp: densidade de partículas; Ds: densidade do solo.
27
TABELA 2. Caracterização química do Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA)
localizado na fazenda Experimental da FESP/UEMG.
P
rofundidade SiO
2
Al
2
O Fe
2
O
3
TiO
2
P
2
O
5
Ki Kr
(cm)
-
-------------------------%-------------------------
20-40
8,36 11,83 5,95 1,37 0,04 1,21 0,91
Ki = relação molecular SiO
2
/Al
2
O
3
; Kr = relação molecular SiO
2
/Al
2
O
3
+ Fe
2
O
3
O experimento foi implantado em uma área de oito hectares, dos quais
dois hectares eram de pastagem irrigada, dois hectares de pastagem não irrigada,
dois hectares sob sistema plantio direto de milho e dois hectares de mata natural.
Os quatro hectares de pastagem foram cultivados com braquiária
(Brachiaria bizanta cv. Vitória), divididos em 32 piquetes ao todo (16 irrigados
e 16 não irrigados), para a condução de pastejo rotacionado de novilhos da raça
Nelore. Para a implantação da forrageira, o solo sofreu uma operação de aração
e duas gradagens.
O plantio foi realizado com uma esparramadora de calcário, do tipo
centrífuga (Figura 1), utilizando areia misturada à semente para melhorar a
uniformidade de aplicação. As sementes utilizadas foram adquiridas da empresa
Matshuda Sementes e Nutrição Animal. As divisões são feitas com cercas
energizadas com eletrificadores ligados à rede elétrica e a um painel solar
fornecidos pela empresa Peon Cercas Elétricas. Agua e sal mineral foram
fornecidos à vontade, em uma área de lazer.
FIGURA 1. Detalhamento da semeadura.
28
A pastagem irrigada sofreu uma pressão de pastejo de 5 unidades
animais por hectare, período de ocupação de 2 dias e período de descanso de 32
dias. A irrigação foi realizada por aspersão em malha fechada (Figura 2), sendo
grande parte proveniente de doação feita pela CEMIG. Esse sistema de irrigação
requer uma menor potência do conjunto moto-bomba, além de utilizar
tubulações de menor diâmetro. Em contrapartida, é necessária maior utilização
de mão-de-obra para trocar os aspersores de posição, o que torna esse sistema
viável em pequenas e médias propriedades. O monitoramento da irrigação foi
realizado utilizando-se um tanque classe A instalado bem próximo ao
experimento, empregando-se um turno de rega fixo de sete dias.
Figura 2. Detalhamento da irrigação por aspersão em malha fechada.
A pastagem não irrigada foi submetida ao mesmo manejo de pastejo
rotacionado, no entanto, não recebeu a irrigação.
Os dois hectares sob sistema de plantio direto de milho correspondem a
uma área na qual foi realizado o cultivo de milho sob o sistema de plantio direto
por mais de sete anos. A área de mata natural (dois hectares) situa-se abaixo da
área de pastagem irrigada e serviu como referência para a comparação entre os
atributos físicos avaliados.
29
2.1 Amostragem
Foram coletadas amostras deformadas para análise de fertilidade, as
quais serviram para a implantação das culturas. As correções e as adubações de
plantio e de cobertura seguiram as recomendações para o estado de Minas Gerais
(CFSEMG, 1999).
Concomitantemente com as operações de preparo do solo e implantação
da pastagem, foram retiradas amostras indeformadas de solo com o auxílio de
uma amostrador de Uhland (Figura 3) utilizando anéis volumétricos de 6,40 cm
de diâmetro por 2,54 cm de altura. A amostragem constitui-se de duas etapas:
antes da entrada dos animais e seis meses após o pisoteio dos animais na área.
FIGURA 3. Amostrador de Uhland esquematizado.
Fonte: Adaptado de Kondo (1998).
A profundidade de coleta das amostras indeformadas foi definida após
serem obtidos os valores de resistência à penetração do solo na capacidade de
30
campo em pequenas trincheiras de 40 cm de profundidade, em uma área vizinha
com pastagem e pisoteio animal há vários anos e do mesmo solo. Foi então
escolhida a profundidade de máxima resistência mecânica à penetração (0-5
cm), adotando-se essa profundidade como sendo a mais afetada pelo pisoteio
animal.
Antes da entrada dos animais, foram coletadas 64 amostras indeformadas
em cada um dos sistemas de pastejo estudados; após seis meses de pastejo,
foram coletadas 32 amostras indeformadas em cada sistema de pastejo.
Na mata virgem vizinha da pastagem com o mesmo solo foram coletadas
32 amostras indeformadas em anéis semelhantes e, na área de plantio direto de
milho, foram coletadas mais 32 amostras indeformadas. Foram coletadas, ainda,
10 amostras indeformadas nos corredores de acesso aos piquetes, totalizando
266 amostras para realizar ensaios de compressão uniaxial, além da
determinação de capacidade de campo e ponto de murcha.
Após a amostragem, as amostras indeformadas foram embaladas em
filme plástico, parafinadas e identificadas. A utilização do filme plástico e a
parafina garantem que a estrutura da amostra seja preservada ate a realização do
ensaio no laboratório.
A parte de descarte das amostras indeformadas oriundas das partes
superiores e inferiores dos anéis de amostragem foi utilizada para uma
caracterização do solo, consistindo em análise granulométrica pelo método da
pipeta (Day, 1965; Embrapa, 1997), densidade de partículas pelo método do
balão volumétrico (Blake & Hartge, 1986b) e teor de matéria orgânica (Raij &
Quaggio, 1983).
Para a obtenção da capacidade de campo e ponto de murcha do solo
foram utilizadas as amostras indeformadas. Essas amostras foram saturadas em
uma bandeja com água destilada por 48 horas, mantendo-se o nível d’água a 2/3
da sua altura. Completada a saturação, as amostras foram submetidas às tensões
31
de 6 kPa na unidade de sucção 1.500 kPa no extrator de Richards (Embrapa,
1997). Após o equilíbrio das amostras em cada tensão aplicada, essas foram
pesadas. Nesse mesmo procedimento, após a aplicação da última tensão, foi
determinada a densidade do solo (Embrapa, 1997).
Para a obtenção dos modelos de capacidade de suporte de carga, as
amostras indeformadas com diferentes umidades foram submetidas ao ensaio de
compressão uniaxial, de acordo com Bowles (1986) modificado por Dias Junior
(1994). Para a obtenção das diferentes umidades, as amostras indeformadas
foram inicialmente saturadas e, a seguir, secas ao ar no laboratório. Então, após
a obtenção da umidade desejada, as amostras foram submetidas ao ensaio de
compressão uniaxial, utilizando-se um consolidômetro da marca Boart
Longyear, por meio do qual as pressões foram aplicadas por meio de ar
comprimido (Figura 4).
FIGURA 4. Célula de compressão uniaxial esquematizada.
Fonte: Adaptado de Kondo (1998)
As pressões aplicadas a cada amostra obedeceram à seguinte ordem: 25,
50, 100, 200, 400, 800 e 1.600 kPa. Cada pressão foi aplicada até que 90% de
deformação máxima fosse alcançada (Holtz & Kovacs, 1981) e, após essa
condição ser alcançada, foi aplicada nova pressão. Após a liberação da pressão,
32
as amostras foram secas em estufa a 105ºC -110ºC, por 48 horas e determinada à
massa seca do solo. A densidade do solo foi calculada de acordo com Blake &
Hartge (1986a). Com a umidade gravimétrica e a densidade do solo, as pressões
de preconsolidação foram obtidas de acordo com Dias Junior & Pierce (1995), a
partir da curva de compressão do solo (Figura 5).
Densidade do Solo (Mg m
-1
)
Log da PressãoAplicada(kPa)
σ
p
Curva de compressão secundária
(Deformação elástica)
Curva de compressão
virgem
(Deformação plástica)
Densidade do Solo (Mg m
-1
)
Densidade do Solo (Mg m
-1
)
Log da PressãoAplicada(kPa)
σ
p
σ
p
Densidade do Solo (Mg m
-3
)
Log da PressãoAplicada(kPa)
σ
p
Densidade do Solo (Mg m
-1
)
Log da PressãoAplicada(kPa)
σ
p
Curva de compressão secundária
(Deformação elástica)
Curva de compressão
virgem
(Deformação plástica)
Densidade do Solo (Mg m
-1
)
Densidade do Solo (Mg m
-1
)
Log da PressãoAplicada(kPa)
σ
p
σ
p
Densidade do Solo (Mg m
-3
)
Log da PressãoAplicada(kPa)
σ
p
Densidade do Solo (Mg m
-1
)
Log da PressãoAplicada(kPa)
σ
p
Curva de compressão secundária
(Deformação elástica)
Curva de compressão
virgem
(Deformação plástica)
Densidade do Solo (Mg m
-1
)
Densidade do Solo (Mg m
-1
)
Log da PressãoAplicada(kPa)
σ
p
σ
p
Densidade do Solo (Mg m
-3
)
Log da PressãoAplicada(kPa)
σ
p
FIGURA 5. Curva de compressão do solo.
Fonte: Adaptado de Dias Junior (1994)
2.2 Análises estatísticas
As pressões de preconsolidação obtidas no ensaio de compressão
uniaxial foram plotadas em função das diferentes umidades simuladas em
laboratório, para a obtenção dos modelos de capacidade de suporte de carga do
solo. Por meio do uso do software Sigma Plot (2002), as equações matemáticas
foram ajustadas utilizando-se o modelo da forma proposta por Dias Junior
(1994), expresso pela equação σ
p
= 10
(a + bU)
, em que σ
p
é a pressão de
preconsolidação; U é a umidade do solo e “a” e “b” são os coeficientes de ajuste
de regressão, com os respectivos intervalos de confiança da população a 95%.
Com a utilização desses intervalos de confiança, será possível avaliar as
pressões de preconsolidação obtidas de outras populações diferentes daquela
33
usada na obtenção do modelo de capacidade de suporte de carga. As
comparações das regressões foram feitas utilizando-se os procedimentos
descritos por Snedecor & Cochran (1989).
34
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os modelos de capacidade de suporte de cargas para os diferentes
manejos encontram-se representados na Figura 6. Na Tabela 1 encontra-se o
resumo da análise estatística (comparações das equações de regressões σ
p
= 10
(a
+ bU)
).
LVA
0 - 3 cm
Diferentes manejos
U (Kg Kg
-1
)
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4
σ
p
(kPa)
0
100
200
300
400
500
600
Corredor
σ
p
= 10
(2,79-2,35U)
R
2
= 0,89**
Mata
σ
p
= 10
(2,69-1,88U)
R
2
= 0,89**
PD
σ
p
= 10
(2,77-1,92U)
R
2
= 0,87**
Pia
σ
p
= 10
(2,70-2,70U)
R
2
= 0,77**
Pip
σ
p
= 10
(2,86-2,52U)
R
2
= 0,85**
Pnia
σ
p
= 10
(2,68-1,82U)
R
2
= 0,86**
Pnip
σ
p
= 10
(2,81-2,36U)
R
2
= 0,87**
FIGURA 6. Modelos de capacidade de suporte de cargas do Latossolo Vermelho-
Amarelo submetido a diferentes usos no município de Passos, MG, para
a profundidade de 0-3 cm.PD: sistema plantio direto; Pia: pastagem
irrigada antes do pisoteio animal; Pip: pastagem irrigada após o pisoteio
animal; Pnia: pastagem não irrigada antes do pisoteio animal; Pnip:
pastagem não irrigada após o pisoteio animal.
35
TABELA 3. Teste de significância descrito por Snedecor & Cochran (1989)
entre os modelos de capacidade de suporte de carga [σ
p
= 10
(a + bU)
]
de um Latossolo Vermelho-Amarelo (0-3 cm) para os diferentes
usos.
F Manejo
F
Coeficiente
angular, b
Coeficiente
linear, a
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
(Pia) vs pastagem não irrigada antes do
pisoteio animal (Pnia)
H Ns Ns
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
(Pia) e pastagem não irrigada antes do
pisoteio animal (Pnia) vs mata natural
(MN)
NH Ns **
Pastagem irrigada após o pisoteio animal
(Pip) vs pastagem não irrigada após o
pisoteio animal (Pnip)
H Ns Ns
Pastagem irrigada após o pisoteio animal
(Pip) e pastagem não irrigada após o
pisoteio animal (Pnip) vs plantio direto
(PD)
H Ns Ns
Pastagem irrigada após o pisoteio animal
(Pip), pastagem não irrigada após o pisoteio
animal (Pnip) e plantio direto (PD) vs
corredor
H Ns Ns
Pastagem irrigada após o pisoteio animal
(Pip), pastagem não irrigada após o pisoteio
animal (Pnip), plantio direto (PD) e
corredor vs mata natural (MN)
H Ns **
Pastagem irrigada após o pisoteio animal
(Pip), pastagem não irrigada após o pisoteio
animal (Pnip), plantio direto (PD) e
corredor vs pastagem irrigada antes do
pisoteio animal e pastagem não irrigada
antes do pisoteio animal.
NH Ns **
F: testa a homogeneidade dos dados; b: coeficiente angular da regressão
linearizada; a intercepto da regressão linearizada; H: homogêneo; NH: não
homogêneo; ns: não significativo; * e ** significativo a 1% e 5% de
probabilidade, respectivamente.
36
Os modelos de CSC do LVAd para a pastagem irrigada antes do pisoteio
animal (Pia) e pastagem não irrigada antes do pisoteio animal (Pnia) não se
diferenciaram estatisticamente (Tabela 3), sendo, portanto, uma nova equação
ajustada a todos os valores de σ
p
e U, obtendo-se, assim, um novo modelo de
CSC para estes manejos (σ
p
= 10
(2,73 - 2,73U)
R
2
= 0,80**).
Comparando-se esse novo modelo de CSC com o modelo de CSC da
área sob mata natural, nota-se que estes foram diferentes estatisticamente, sendo
a CSC da mata superior ao das pastagens antes do pisoteio animal (Figura 6).
Esse fato pode ser explicado pelo método de preparo de solo das pastagens que
destruíram a estrutura destas áreas, deixando-as com menor CSC. Outro fato que
pode explicar a maior CSC da mata é o maior teor de matéria orgânica, que atua
como agente cimentante, promovendo a agregação do solo (Tabela 1).
As equações da CSC do LVAd para a pastagem irrigada após o pisoteio
animal (Pip) e pastagem não irrigada após o pisoteio animal (Pnip), não se
diferenciaram estatisticamente (Tabela 3), sendo, portanto, uma nova equação
ajustada a todos os valores de σ
p
e U, obtendo-se, assim, uma nova equação de
CSC para estes manejos (Figura 7).
Esse resultado pode ser explicado devido à elevada precipitação ocorrida
no período de pisoteio animal, fazendo com que a área de pastagem não irrigada
permanecesse durante um grande período com elevada umidade. Outro fato que
pode explicar a igualdade dos modelos de CSC é o curto período de tempo pelo
qual esse solo foi submetido ao pisoteio animal (seis meses). Resultados
semelhantes foram encontrados por Lima (2004) quando o tempo de pisoteio
ainda era pequeno.
Os modelos de CSC do LVAd para a pastagem irrigada após o pisoteio
animal (Pip) e pastagem não irrigada após o pisoteio animal (Pnip), comparadas
com o plantio direto de milho, não se diferenciaram estatisticamente (Tabela 3),
37
sendo, portanto, uma nova equação ajustada a todos os valores de σ
p
e U,
obtendo-se assim um novo equação de CSC para esses manejos.
A igualdade dos modelos de CSC nesses manejos pode ser explicada
pelo não revolvimento periódico do solo, o que preserva uma camada superficial
com maior CSC, seja pelo pisoteio animal (Kondo, 1998), pelo tráfego de
máquinas (Raper, 2005; Hanza & Anderson, 2005) ou pela consolidação da
camada superficial, como no plantio direto (Assis & Lanças, 2005).
Os modelos de CSC do LVAd para a pastagem irrigada após o pisoteio
animal (Pip), pastagem não irrigada após o pisoteio animal (Pnip) e plantio
direto de milho, quando comparados com o modelo de CSC do corredor de
acesso aos piquetes não se diferenciaram estatisticamente (Tabela 3). Portanto,
uma nova equação foi ajustada a todos os valores de σ
p
e U, obtendo-se, assim,
uma nova equação de CSC para esses manejos (σ
p
= 10
(2,81 - 2,27U)
R
2
= 0,85**)
(Figura 7).
Os corredores de acesso aos piquetes sofrem maior e mais freqüente
pisoteio animal, o que poderia promover uma maior CSC do solo. No entanto,
esse comportamento não foi observado neste estudo, devido ao pouco tempo de
pisoteio e a chuva elevada.
Comparando-se esse novo modelo de CSC com o modelo da área sobre
mata natural, nota-se que esses foram diferentes estatisticamente, sendo a CSC
da mata inferior à das pastagens após o pisoteio animal (Pnip e Pip), plantio
direto e corredor (Figura 7). Como a mata natural é um referencial de qualidade
estrutural, os manejos pastagem irrigada após o pisoteio animal (Pip), pastagem
não irrigada após o pisoteio animal (Pnip), plantio direto de milho e corredor de
acesso aos piquetes aumentaram a CSC do LVAd estudado, sendo, portanto
manejos que podem degradar a estrutura do solo.
38
LVA
0-3 cm
U (Kg Kg-
1
)
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4
σ
p
(kPa)
0
100
200
300
400
500
600
Pastagens antes do pisoteio animal
σ
p
= 10
(2,73-2,73U)
R
2
= 0,80** n = 126
Mata Natural
σ
p
= 10
(2,69-1,88U)
R
2
= 0,89** n = 30
Pastagens após o pisoteio animal, Plantio direto
e Corredor
σ
p
= 10
(2,81-2,27U)
R
2
= 0,85** n = 102
FIGURA 7. Modelos de capacidade de suporte de cargas entre os
manejos, pip, pnip, PD e corredor; mata natural; e pia e
pnia, na profundidade de 0-3 cm de um LVAd.
O modelo de CSC das pastagens após o pisoteio animal (Pip e Pnip)
apresentou maior capacidade de suporte de carga, comparado com o modelo de
CSC das pastagens antes do pisoteio animal (Pia e Pnia), em toda a faixa de
umidade estudada (Figura 7). Isso comprova o efeito compactante do pisoteio
animal na camada superficial do solo, podendo resultar em alteração da
estrutura, selamento superficial e conseqüente aumento do índice de erosão e
enxurrada pela baixa taxa de infiltração resultante dessa compactação. Pode-se
citar, ainda, uma possível redução no desenvolvimento das forrageiras por falta
de água ou pela alta resistência mecânica para o desenvolvimento do sistema
radicular.
39
4 CONCLUSÕES
Os manejos pastagem irrigada e não irrigada, antes do pisoteio animal,
geraram modelos de capacidade de suporte de cargas semelhantes e não
alteraram a estrutura do solo, podendo esses modelos serem expressos pela
equação σ
p
= 10
(2,73 - 2,73U)
.
Os manejos pastagem irrigada após pisoteio, pastagem não irrigada após
pisoteio, plantio direto de milho e corredor de acesso aos piquetes geraram
modelos de capacidade de suporte de cargas semelhantes e alteraram a estrutura
do solo, podendo ser expressos pela equação σ
p
= 10
(2,81 - 2,27U)
.
O pisoteio animal após a colheita de milho em áreas sob plantio direto
não causa compactação adicional, pois os manejos de pastagens após o pisoteio
animal (Pip e Pnip) apresentaram o mesmo modelo de CSC da área de plantio
direto de milho.
40
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. 31-58.
45
CAPÍTULO 3
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE UM LATOSSOLO
VERMELHO-AMARELO SOB DIFERENTES USOS E MANEJOS
46
RESUMO
PIRES, Bruno Silva. Resistência ao cisalhamento de um Latossolo Vermelho-
Amarelo sob diferentes usos e manejos. In: ______. Resistência ao
cisalhamento e compressibilidade de um Latossolo sob diferentes usos e
manejos. 2007. Cap. 3, p.45-86. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo)-
Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, Brasil.*
A compactação do solo tem sido apontada como um dos principais
processos de redução da produtividade de diversas atividades agrícolas. Dentre
as atividades afetadas, as que mais sofrem com esse problema são as que
preservam a estrutura do solo, ou seja, as que não implicam em ter o preparo do
solo anual. As pastagens que ocupam cerca de 20% do território nacional se
enquadram nesta realidade, pois, na maioria das vezes, as operações de
revolvimento do solo nessas atividades ocorrem em função da compactação
superficial do solo seja pelo pisoteio animal. A resistência ao cisalhamento dos
solos agrícolas e seus parâmetros podem nos auxiliar e somar as metodologias
utilizadas para prever e monitorar a compactação. Este estudo foi realizado com
os objetivos de: a) desenvolver envoltórias de resistência ao cisalhamento e
obter seus parâmetros para os diferentes sistemas de manejo de um Latossolo
Vermelho-Amarelo; b) comparar as envoltórias de resistência ao cisalhamento e
propor melhor utilização do solo baseado nesses manejos. O estudo foi
conduzido, no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, no município
de Passos, MG, à latitude de 19ºS e longitude 43ºW de Greenwich. As áreas do
estudo encontram-se a uma altitude média de 700 m, com temperatura média
anual de 19ºC, precipitação média anual de 1.709,4 mm e declividade media de
6%. Foram avaliados cinco manejos no solo em estudo, sendo: pastagens
irrigadas antes (1) a após (2) o pisoteio animal, pastagens não irrigadas antes (3)
e após (4) o pisoteio animal e mata nativa (5). As amostras indeformadas foram
utilizadas nos ensaios de resistência ao cisalhamento. Determinaram-se também
textura, matéria orgânica, capacidade de campo e ponto de murcha permanente.
As pastagens que sofreram o pisoteio animal apresentaram maior resistência ao
cisalhamento. De forma geral, a presença de matéria orgânica aumentou a
resistência ao cisalhamento. Os ensaios de resistência ao cisalhamento realizados
em amostras com maior umidade avaliaram a estrutura do solo de modo
semelhante aos modelos de capacidade de suporte de cargas. Ο ângulo de atrito
interno) foi mais eficiente para determinar uma maior ou menor resistência ao
cisalhamento em solos agrícolas.
__________________________
* Comitê Orientador: Dr. Moacir de Souza Dias Junior – UFLA
(Orientador), Dr. Wellington Willian Rocha – UFVJM (Co-orientador).
47
ABSTRACT
PIRES, Bruno Silva. Shear strength of a Red-Yellow Latosol under different
uses and managements. In: ______. Shear strength and compressibility of a
Latosol under different uses and weed management. 2007. CAP. 3, p.45-86.
Dissertation (Master Science in Soil Science) - Federal University of Lavras,
Lavras, MG, Brazil.
Soil compaction has been pointed out as one of the main process of yield
reduction of several farming activities. Amongst the affected activities, the ones
which suffer the most from this problem are those which preserve the soil
structure, that is, the ones which do not imply in having the annual soil tillage.
The grasslands that occupy about 20% of the national territory fit into this
reality, so, most time, the plowing operations of soil in these activities occur as
related to the surface compaction of soil whether by animal trampling whether
by machine traffic. The shear strength of farming soils and its parameters can
both aid and add to the methodologies used to foresee and to monitor
compaction. This study was carried out with the objectives of: a) developing
envelopes of shear strength and obtaining its parameters for the different
management systems of a Red-Yellow Latosol; b) comparing the envelopes of
shear strength and proposing a better soil use based on these managements. The
study was conducted in the period of February of 2006 to February of 2007 in
the town of Passos, MG, at latitude of 19ºS and longitude of 43ºW of
Greenwich. The study areas are situated at an average altitude of 700 m, with
annual average temperature of 19ºC, annual average rainfall of 1,709. 4 mm and
average slope of 6%. Five managements in the soil under study were evaluated,
namely, (1) grasslands irrigated before animal trampling (2) grasslands irrigated
after animal trampling (3) grasslands not irrigated before animal trampling, (4)
grasslands not irrigated after animal trampling and (5) natural woodland. The
unaisturbed soil samples were utilized in the shearing strength trials. Texture,
organic matter, field capacity and permanent wilting point were also determined.
The grasslands which went through animal trampling presented greater shear
strength. In general, the presence of organic matter increased shear strength. The
shearing strength tests performad in soil samples with higher moisture content
evaluated the soil structura in a similar way the load support capacity models.
The angle of internal friction (φ) was more effective to determine a greater or
lower shear strength in farming soils.
48
1 INTRODUÇÃO
A exploração dos recursos naturais ao longo do tempo sempre suscitou
uma preocupação com questões exclusivamente sócio-econômicas, em
detrimento, na maioria das vezes, das conseqüências ambientais inerentes da
ação antrópica. Vários são os exemplos de momentos na história em que o
homem, simplesmente preocupado com o desenvolvimento a todo custo, não
pensou na conseqüência desses atos sobre o ecossistema do qual ele também faz
parte e é dependente.
A pecuária brasileira se caracteriza por ter a maioria de seu rebanho
criado em pastagens, que é a principal e mais econômica fonte de nutrientes para
os bovinos. Mas, essas pastagens são, normalmente, de baixa qualidade devido
às características dos solos, das espécies cultivadas e, principalmente, devido à
falta de práticas, como adubação, uso de forrageiras adequadas, rodízio e taxa de
lotação adequada, entre outras (Oliveira et al., 1999).
Particularmente no Brasil, a degradação de pastagens é considerada um
dos maiores problemas da pecuária (Kichel et al., 1997). Estima-se que cerca de
80% dos 45 a 50 milhões de hectares da área de pastagens nos Cerrados do
Brasil encontrem-se em algum estágio de degradação (Barcellos, 1996).
Diante desse panorama, fica clara a necessidade de uma utilização mais
racional dos recursos naturais existentes, o que será possível somente por meio
de uma melhor compreensão dos ecossistemas de pastagens, para que práticas de
manejo e sistemas de produção animal possam ser idealizadas e implementadas
sem colocar em riscos sua sustentabilidade e produtividade (Sbrissia & Silva,
2001).
49
A literatura sugere que o numero de animais suportados pela pastagem
deve ser em função da produtividade da forrageira utilizada e do tipo de manejo
adotado, não levando em consideração se o solo suporta essa carga sem sofrer
compactação adicional, principalmente em pastagem irrigada, na qual,
normalmente, se aumenta o número de animais por hectare e o solo é mantido
mais úmido com conseqüente menor capacidade de suporte de carga.
Em vista disso, melhorar e preservar a qualidade estrutural do solo em
áreas sob diferentes sistemas de manejo são de fundamental importância quando
se almejam maiores produtividades e preservação ambiental (Secco et al., 2005;
Libardi & Fernandes, 2006).
A resistência do solo ao cisalhamento é uma importante propriedade
dinâmica do solo, a qual vem sendo desconsiderada na maioria das pesquisas
que investigam a influência do uso e manejo. Isso tem contribuído para a adoção
de estratégias quase sempre equivocadas, tendo como conseqüência o
depauperamento das propriedades físicas e mecânicas do solo (Silva et al.,
2004).
A resistência ao cisalhamento do solo pode também ser usada como um
indicador de compactação do solo (Ayers & Perumpral, 1982, Schjonning,1991).
Em geral, os solos mais compactados apresentam maior resistência ao
cisalhamento (Azevedo, 1999), devido à menor distância entre as partículas, o
que confere, conseqüentemente, menor índice de vazios e um maior esforço, por
exemplo, para se preparar o solo para o cultivo.
A resistência ao cisalhamento de um solo é a máxima tensão de cisalhamento
que o solo pode suportar sem sofrer ruptura ou a tensão de cisalhamento do solo
no plano em que a ruptura ocorre (Rocha, 2003). Pode ser expressa pela equação
de Coulomb, τ = c + σ
n
tgφ (Ramamurthy, 2001), em que τ é a máxima pressão
cisalhante suportada pelo solo, σ
n
é a tensão normal a que a superfície de
falhamento está submetida, c é o intercepto de coesão ou coesão aparente do
50
solo e φ é o ângulo de atrito interno do solo, definido como sendo o ângulo que a
força normal faz com a resultante das forças que o maciço terroso está
submetido. Essa equação define a envoltória de resistência, que é a linha limite
de resistência dos solos, ou seja, qualquer pressão cisalhante que esteja acima
dessa linha promoverá a ruptura do solo (Rocha, 2003).
)
φ
Tensão normal
σ
n
Resistência ao cisalhamento
τ
c
FIGURA 1. Envoltória de resistência.
Os parâmetros c e φ são características intrínsecas dos solos (Benjamim &
Cruse, 1985; Ramamurthy, 2001; Zang et al., 2001).
Nesse estudo, a coesão determinada é a coesão aparente ou o intercepto de
coesão (c). Esse parâmetro é uma parcela da resistência ao cisalhamento dos
solos presente apenas em solos parcialmente saturados em conseqüência da
maior ou menor tensão capilar (Pinto, 1989; Vargas, 1989; Azevedo, 1999).
Saturando-se ou secando-se o solo totalmente, esse parâmetro desaparece, daí o
nome aparente.
A coesão aparente do solo será tanto maior quanto maior for a
proximidade das partículas desse solo (Pinto, 1989). Para maiores densidades do
solo, esse parâmetro da resistência ao cisalhamento será também maior, desde
que o solo não contenha quantidades expressivas de silte (Rocha et al., 2001).
Em estudos de resistência ao cisalhamento e mecanização agrícola, correlações
51
positivas com a resistência do solo à penetração e à densidade do solo já foram
obtidas, tanto para uma como para várias passadas de tratores na mesma linha de
tráfego (Servadio et al., 2001; Zang et al., 2001), tendo os valores de resistência
ao cisalhamento do solo aumentado com o aumento do número de passadas dos
tratores. Portanto, modelos baseados na resistência ao cisalhamento do solo
podem ser elaborados para prever a capacidade suporte de cargas do solo, uma
vez que análises de tensões-deformações podem ser obtidas nesse tipo de ensaio.
Solos com maiores quantidades de areia apresentarão maiores
resistências ao cisalhamento (Rocha et al., 2001), devido à capacidade dessas
partículas de se rearranjarem de maneira mais densa quando submetidas a
esforços externos, conferindo maiores densidades aos solos (Dias Júnior &
Miranda, 2000), o que gera maior atrito entre as partículas e aumenta a
resistência ao cisalhamento do solo. No caso de solos argilosos, o estudo da
resistência ao cisalhamento torna-se mais complexo, pelo fato de essa fração ser
a mais ativa do solo e os processos físicos e químicos, tais como sucessivas
arações e gradagens, flutuação do lençol freático por meio de drenagens,
adubações fosfatadas e calagem, que atuam no sentido de aumentar ou reduzir o
contato entre partículas, conseqüentemente aumentarão ou reduzirão a
resistência ao cisalhamento do solo.
Para Sidrorchuk et al. (2002), a umidade e o teor de matéria orgânica
podem influenciar na resistência ao cisalhamento do solo, de forma que, para
determinados valores de umidade, a matéria orgânica tende a reduzir a
resistência ao cisalhamento, em função da menor densidade do solo conferida
por esta, reduzindo, com isso, o contato entre as partículas. Por outro lado,
também dependendo da umidade, a matéria orgânica presente no solo exerce
funções físicas e químicas, que melhoram a estrutura do solo, resultando em um
melhor desenvolvimento radicular que certamente influenciará no aumento da
resistência ao cisalhamento do solo. Assim, a resistência ao cisalhamento dos
52
solos é um parâmetro importante na caracterização das alterações da estrutura do
solo (Cruse & Larson, 1977; Davies, 1985; Gantzer et al., 1987; Servadio et al.,
2001). Uma vez que a maioria dos solos agrícolas é cultivada com baixos teores
de matéria orgânica (Ekwue & Stone, 1995) e na umidade inadequada (Silva et
al., 2002), a variação da resistência ao cisalhamento com os teores de matéria
orgânica deve ser mais bem estudada. Isso porque, além do efeito direto na
estruturação dos solos, a matéria orgânica, juntamente com a mineralogia, é o
principal agente que incrementa a capacidade de troca de cátions e que garante
uma boa condição de fertilidade química dos solos (Lopes, 1996) o que, de certa
forma, pode permitir a correta especificação do equipamento a ser utilizado no
seu preparo.
O gado pode exercer pressões no solo da ordem de 350 a 400 kPa
(Proffitt et al., 1993; Betteridge et al., 1999). Nie et al. (2001) indicaram, ainda,
que a pressão exercida pelos animais em movimento pode ser o dobro da
exercida quando eles estão parados. Nas pastagens, o pisoteio excessivo do gado
tem sido a causa da compactação na camada superficial (Kondo, 1998).
Com base nesses fatores, o presente estudo foi realizado com os
seguintes objetivos: a) obter envoltórias de resistência ao cisalhamento e seus
parâmetros para os diferentes sistemas de manejo de um Latossolo Vermelho-
Amarelo; b) comparar as envoltórias de resistência ao cisalhamento e propor
melhor utilização do solo baseado nestes manejos e c) identificar os sistemas de
manejo mais resistentes ou susceptíveis à compactação.
53
2 MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido, no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de
2007, na Fazenda Experimental da Universidade do Estado de Minas Gerais,
Passos, MG, à latitude de 19ºS, e longitude 43ºW de Greenwich.
As áreas do estudo situam-se a uma altitude média de 700 m, com
temperatura média anual de 18ºC a 20ºC e precipitação média anual de 1.709,4
mm.
O relevo é suave ondulado em grandes extensões com declividade média
de 6%. O solo da área de estudo foi classificado como Latossolo Vermelho-
Amarelo distrófico, textura média A moderado (Embrapa, 2006).
TABELA 1. Caracterização física e matéria orgânica do Latossolo
Vermelho-Amarelo (LVAd) localizado na Fazenda
Experimental da FESP/UEMG, sob diferentes manejos na
profundidade de 0-0,05 m
M
anejos
A
rgila
reia Silte
M
O CC PMP Dp Ds
-------------g kg
-1
-------------
-
--- kg kg
-1
----
-
--- Mg m
-3
---
a
280 620 100 20 0,22 0,13 2,64 1,34
n
ia
280 610 110
19
0,23
0,15 2,65 1,28
p
280 620 100 16 0,26 0,16 2,64 1,35
n
ip
270 620 110 20 0,24 0,15 2,65 1,38
M
ata
270 600 130 27 0,25 0,15
2,64 1,30
Pia: pastagem irrigada antes do pisoteio animal; Pina: pastagem não irrigada antes do
pisoteio animal; Pip: pastagem irrigada após o pisoteio animal; Pnip: pastagem não
irrigada após o pisoteio animal; MO: matéria orgânica; CC: capacidade de campo
(amostras submetidas ao potencial mátrico (ψ) de -6 kPa); PMP: ponto de murcha
permanente (amostras submetidas ao potencial mátrico (ψ) de -1500 kPa); Dp:
densidade de partículas; Ds: densidade do solo.
54
TABELA 2. Caracterização química do Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico
(LVAd) localizado na fazenda Experimental da FESP/UEMG.
P
rofundidade SiO
2
Al
2
O Fe
2
O
3
TiO
2
P
2
O
5
Ki Kr
(cm) ---------------------------------%---------------
20-40
8,36 11,83 5,95 1,37 0,04 1,21 0,91
Ki = relação molecular SiO
2
/Al
2
O
3
; Kr = relação molecular SiO
2
/Al
2
O
3
+ Fe
2
O
3
O experimento foi implantado em uma área de 6 ha, dos quais 2 ha serão
de pastagem irrigada, 2 ha de pastagem não irrigada e 2 ha de mata natural.
Os 4 ha de pastagem (Brachiaria bizanta cv. Vitória) estão divididos em
32 piquetes ao todo (16 piquetes irrigados e 16 piquetes não irrigados), para
condução de pastejo rotacionado de novilhos da raça nelore. As divisões são
com cercas energizadas com eletrificadores ligados à rede elétrica e a um painel
solar. A água e o sal mineral eram fornecidos à vontade, em uma área de lazer.
Esta área foi recentemente arada e gradeada para a implantação da pastagem (um
ano antes da entrada dos animais), sendo a pastagem irrigada com uma pressão
de pastejo de 5 unidades animais por hectare, período de ocupação de 2 dias,
período de descanso de 32 dias e manejo da irrigação descrito no capitulo 2. A
pastagem não irrigada recebeu o mesmo manejo da área irrigada, no entanto não
recebeu a irrigação.
A área de mata natural (2 ha) situa-se abaixo da área de pastagem
irrigada.
2.1.Amostragem
Na área de pastagem foram coletadas amostras deformadas de solo as
quais seguiram as recomendações para o estado de Minas Gerais (Comissão de
Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, CFSEMG, 1999) para as
correções e adubações de plantio e de cobertura.
55
A profundidade de coleta das amostras indeformadas foi definida após
serem obtidos os valores de resistência à penetração do solo na capacidade de
campo em pequenas trincheiras de 40 cm de profundidade, em uma área vizinha
de mesma classe de solo com pastagem e pisoteio animal há vários anos. Foi,
então, escolhida a profundidade de máxima resistência mecânica à penetração
(0-5 cm), adotando-se essa profundidade como sendo a mais afetada pelo
pisoteio animal.
Em cada condição de manejo apresentado na Tabela 1, foram coletadas,
aleatoriamente, nas profundidades 0-0,03 m, 32 amostras indeformadas,
totalizando 160 amostras [32 amostras x 5 manejos]. As amostras indeformadas
foram coletadas utilizando-se amostradores especialmente desenvolvidos para
ensaios de cisalhamento direto em anéis quadrados com dimensões de 5,95x
5,95 cm e 2,2 cm de altura (Rocha, 2003).
Em cada ponto de amostragem foram coletadas quatro amostras (Figura
2), para que se pudesse construir a envoltória de cisalhamento, pois, após esse
ensaio a estrutura da amostra é comprometida e necessita-se da realização do
ensaio com quatro tensões diferentes para se construir a envoltória. Assim, cada
amostra desse conjunto foi submetida ao ensaio de cisalhamento com diferentes
tensões normais na mesma umidade.
FIGURA 2. Esquema de coleta das amostras.
56
Após a coleta, as amostras indeformadas foram embaladas em filme
plástico e, posteriormente, parafinadas e identificadas. A utilização do filme
plástico e a parafina garantem que a estrutura da amostra seja preservada até a
realização dos ensaios. O volume da amostra é correspondente ao volume do
anel, sendo necessário, para o seu preparo, retirar as partes excedentes das
superfícies.
A parte de descarte das amostras indeformadas oriundas das partes
superiores e inferiores dos anéis de amostragem foi utilizada para uma
caracterização do solo, consistindo em análise granulométrica pelo método da
pipeta (Day, 1965; Embrapa, 1997), densidade de partículas pelo método do
balão volumétrico (Blake & Hartge, 1986) e teor de matéria orgânica (Raij &
Quaggio, 1983).
Para a obtenção da capacidade de campo e do ponto de murcha do solo
foram utilizadas as amostras indeformadas e os procedimentos descritos no
capítulo 2 (Embrapa, 1997).
As amostras de solo, antes de serem submetidas ao ensaio de
cisalhamento direto, foram saturadas e equilibradas em três tensões além das
saturadas. Foram utilizadas 16 amostras por tensão (16 amostras a 2 kPa, 16
amostras a 6 kPa, 16 amostras a 1.500 kPa e 16 amostras saturadas). Essas
tensões foram escolhidas pelo fato de um dos manejos estudados ser irrigado, no
qual, teoricamente, a umidade é mantida próximo à capacidade de campo. O
ponto de murcha permanente dá uma amplitude do estudo dentro do conceito de
água disponível e a saturação se deve ao fato de o município de Passos ter uma
boa distribuição pluviométrica, sendo, portanto, observada essa umidade em
determinadas épocas do ano.
Foi utilizada, no ensaio de cisalhamento direto, uma prensa de
cisalhamento fabricada pela ELE International (Digital Shear Machine, 26-112 -
9901X0089). O equipamento operou com velocidade de deslocamento
57
horizontal de 3,33x10
-5
m s
-1
e tensões normais de 194, 304, 415 e 526 kPa. A
escolha dessas tensões normais foi em função de um experimento no qual se
obteve a área do casco dos animais utilizados na pastagem (moldes de gesso) e o
peso destes animais (balança digital). Para se saber a tensão aplicada pelo animal
no solo, foi dividido o peso animal pela área do casco, obtendo-se uma tensão
media de 280 kPa.
O ensaio de cisalhamento direto consiste na obtenção da força cisalhante
em apenas uma direção. O equipamento (Figura 3) possui uma caixa separada
em duas partes, sendo uma superior e outra inferior. A parte superior se mantém
fixa enquanto a inferior se desloca horizontalmente com velocidade constante. A
amostra indeformada de solo é colocada na caixa de cisalhamento, onde também
há uma placa porosa no fundo da caixa e outra sobre a amostra. A função dessas
placas porosas é a de promover a drenagem, uma vez que, nesse tipo de ensaio,
as tensões neutras não são quantificadas.
FIGURA 3. Representação esquemática do ensaio de cisalhamento direto.
A superfície de contato entre a amostra de solo e as pedras porosas possui
ranhuras, o que impede o deslizamento da amostra durante o ensaio.
O primeiro passo para a realização do ensaio é a aplicação de uma força
vertical a qual, dividida pela área de contato, fornece a tensão normal. A seguir,
58
passa-se a aplicar uma força horizontal crescente em uma das extremidades da
caixa, provocando o deslocamento de uma parte em relação à outra. O esforço
resistente a esse deslocamento é a sua resistência ao cisalhamento em função da
força vertical aplicada.
O resultado do ensaio é registrado numérica e graficamente pela variação
da tensão de cisalhamento em função da deformação (Terzaghi et al., 1997).
FIGURA 4. Caixa de cisalhamento utilizada em ensaios de cisalhamento direto.
A tensão de cisalhamento da ruptura é geralmente considerada como a
maior tensão de cisalhamento resistida pelo corpo de prova. A tensão normal e a
tensão de cisalhamento na ruptura determinam a envoltória de resistência. Essa
envoltória pode ser determinada pelos resultados de uma série de ensaios de
cisalhamento direto, com diferentes tensões normais.
Dessa forma, as envoltórias de resistência ao cisalhamento foram obtidas
pela combinação dos pares de dados: tensões cisalhantes obtidas pela prensa e
tensões normais, estabelecidas antes do início do ensaio.
A calibração do equipamento consistiu de: colocação do braço de
alavanca, onde são aplicadas as cargas verticais na horizontal com a finalidade
de evitar possíveis variações angulares quando da aplicação das cargas e a
calibração do anel dinamométrico. A constante do anel dinamométrico também
59
foi aferida para diferentes cargas aplicadas, uma vez que esse valor influencia no
cálculo e na correção da força horizontal aplicada na amostra de solo. Após a
determinação da tensão cisalhante máxima e da tensão normal aplicada, as
envoltórias de resistência foram traçadas, obtendo-se o intercepto de coesão e o
ângulo de atrito interno do solo em cada manejo estudado.
2.2 Análises estatísticas
As envoltórias de resistência foram geradas com o auxílio do software
Sigma Plot (2002) e as comparações dessas envoltórias foram feitas segundo o
procedimento descrito em Snedecor & Cochran (1989).
60
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As envoltórias de resistência ao cisalhamento do solo em estudo em
diferentes tensões de retenção de água e nos diferentes manejos estão
representadas nas Figuras 5 a 12. Na Figura 5 são apresentadas as envoltórias
de resistência ao cisalhamento, após serem equilibradas na tensão de 1.500 kPa,
para os diferentes manejos.
LVA
0-3 cm
1500 kPa
Tensão Normal (kPa)
200 300 400 500
τ
max (kPa)
150
200
250
300
350
400
450
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,76
σ
n + 34,33 R
2
= 0,97** n = 16
Pastagem não irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,61
σ
n + 70,88 R
2
= 0,98** n = 16
Pastagem irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,67
σ
n + 66,07 R
2
= 0,98** n = 16
Pastagem não irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,62
σ
n + 93,40 R
2
= 0,95** n = 16
Mata natural
τ
= 0,69
σ
n + 45,57 R
2
= 0,99** n = 8
FIGURA 5. Envoltórias de resistência ao cisalhamento de um LVAd submetido
a diferentes manejos, com amostras equilibradas a 1.500 kPa.
61
Na Tabela 3 é apresentado o resumo da analise estatística das envoltórias
de resistência ao cisalhamento do LVA a 1.500 kPa, nos diferentes manejos.
TABELA 3. Teste de significância de acordo com Snedecor & Cochran (1989) entre as
envoltórias de resistência ao cisalhamento de um Latossolo Vermelho-
Amarelo com amostras equilibradas a 1.500 kPa.
F Manejo
F
Coeficiente
angular, b
Coeficiente
linear, a
Pastagem irrigada após o pisoteio
animal vs pastagem não irrigada
após o pisoteio animal
H Ns Ns
Pastagem irrigada após o pisoteio
animal e pastagem não irrigada após
o pisoteio animal vs mata
NH Ns **
Pastagem irrigada antes do pisoteio
animal vs pastagem não irrigada
antes do pisoteio animal
H ** **
Pastagem irrigada antes do pisoteio
animal vs pastagem irrigada após o
pisoteio animal e pastagem não
irrigada após o pisoteio animal
H ** Ns
Pastagem não irrigada antes do
pisoteio animal vs pastagem irrigada
após o pisoteio animal e pastagem
não irrigada após o pisoteio animal
H Ns **
Pastagem irrigada antes do pisoteio
animal vs mata
NH Ns *
Pastagem não irrigada antes do
pisoteio animal vs mata
NH Ns Ns
As envoltórias de resistência ao cisalhamento do LVAd para a pastagem
irrigada após o pisoteio animal e pastagem não irrigada após o pisoteio animal
não diferiram estatisticamente entre si (Tabela 3). Portanto, uma nova equação
foi ajustada a todos os valores de tensão cisalhante e tensão normal, obtendo-se
assim uma nova envoltória de resistência ao cisalhamento para estes manejos.
62
Todos os outros manejos diferiram estatisticamente entre si, estando o
solo sob tensão de água de 1.500kPa (Tabela 3).
As novas envoltórias de resistência ao cisalhamento estão representadas
na Figura 6.
LVA
0-3 cm
1500 kPa
Tensão Normal (kPa)
200 300 400 500
τ
max (kPa)
150
200
250
300
350
400
450
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,76
σ
n + 34,33 R
2
= 0,97** n = 16
Pastagem não irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,61
σ
n + 70,88 R
2
= 0,98** n = 16
Mata natural
τ
= 0,69
σ
n + 45,57 R
2
= 0,99** n = 8
Pastagem irrigada e não irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,65
σ
n + 79,74 R
2
= 0,96** n = 32
FIGURA 6. Envoltórias de resistência ao cisalhamento de um LVAd submetido
a diferentes manejos, com amostras equilibradas a 1.500 kPa.
63
TABELA 4. Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras
submetidas à t
ensão de 1.500 kPa.
Manejos
Ângulo de atrito
interno
( φ)
Coesão aparente (c)
(kPa)
Pastagem irrigada
antes do pisoteio
animal
37,23 34,33
Pastagem não
irrigada antes do
pisoteio animal
31,38 70,88
Mata natural 34,61 45,57
Pastagens irrigada e
não irrigada após o
pisoteio animal
33,02 79,44
A mata natural apresentou menor resistência ao cisalhamento (Figura 6),
em relação às pastagens, após o pisoteio animal. Essa menor resistência
observada é indicativo de que os demais manejos causam alteração na estrutura
do solo. A explicação pode ser devido ao fato de esse manejo apresentar um dos
menores valores de coesão aparente (c) e menores valores de ângulo de atrito
interno (φ) (Tabela 4). Em geral, os solos mais compactados apresentam maior
resistência ao cisalhamento (Azevedo, 1999), devido à menor distância entre as
partículas, o que confere, conseqüentemente, menor índice de vazios e um maior
esforço, por exemplo, para se preparar o solo para o cultivo.
64
As pastagens irrigada e não irrigada antes do pisoteio animal diferiram
estatisticamente entre si (Tabela 3), tendo a pastagem irrigada antes do pisoteio
animal apresentado maior resistência ao cisalhamento (Figura 6) e maior ângulo
de atrito interno (Tabela 4), em relação à pastagem não irrigada antes do pisoteio
animal.
As pastagens, irrigada e não irrigada, antes do pisoteio animal, foram
diferentes estatisticamente da mata natural (Tabela 3). A pastagem não irrigada
antes do pisoteio animal apresentou maior resistência ao cisalhamento nas
tensões normais inferiores, invertendo esse comportamento a partir de tensão
normal de 350 kPa. Já a pastagem irrigada antes do pisoteio animal apresentou
resistência ao cisalhamento igual à mata natural nas primeiras tensões normais e,
nas tensões normais seguintes, maior resistência ao cisalhamento (Figura 6).
A pastagem irrigada antes do pisoteio animal não gerou uma maior
resistência ao cisalhamento quando a tensão normal utilizada foi pequena (194
kPa), como pode ser observado na Figura 6. No entanto, quando se utilizaram
tensões normais maiores (304, 415, e 526 kPa), as forças de adesão e de coesão
atuaram conferindo maior resistência ao cisalhamento. Esse dado é de suma
importância quando se trata da criação de bezerros em pastagens irrigadas, pois
a tensão normal, nesse caso, é pequena (tensão aplicada pelo animal ao solo) e o
solo mais úmido tende a ser mais solto e ter suas partículas mais facilmente
movimentadas, favorecendo ao cisalhamento. Portanto, tem uma menor
resistência ao cisalhamento até quando comparado com pastagem não irrigada
(Figura 6).
Nessa situação, atenção maior deve ser dada para se evitar esse
cisalhamento. Pois, caso ele ocorra, fatalmente gerará um selamento superficial,
comprometendo o desenvolvimento da pastagem, seja pela maior resistência
encontrada para o desenvolvimento do sistema radicular ou pela baixa taxa de
infiltração de água que diminui o aproveitamento da água proveniente das
65
precipitações ou irrigações, alem de aumentar o volume da enxurrada,
favorecendo os processos erosivos e a maior degradação da área, podendo
inviabilizar a atividade.
As envoltórias de resistência ao cisalhamento, obtidas após as amostras
serem equilibradas na tensão de 6 kPa para os diferentes manejos, estão
representadas na Figura 7.
LVA
0-3 cm
6 kPa
Tensão Normal (kPa)
200 300 400 500
τ
max (kPa)
100
150
200
250
300
350
400
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,58
σ
n + 28,28 R
2
= 0,97** n = 16
Pastagem não irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,57
σ
n + 16,79 R
2
= 0,96** n = 16
Pastagem irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,61
σ
n + 34,73 R
2
= 0,96** n = 16
Pastagem não irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,61
σ
n + 32,68 R
2
= 0,97** n = 16
Mata natural
τ
= 0,57
σ
n + 47,10 R
2
= 0,97** n= 8
FIGURA 7. Envoltórias de resistência ao cisalhamento de um LVAd
submetido a diferentes manejos, com amostras equilibradas
a 6 kPa.
Na Tabela 5 é apresentada a análise estatística das envoltórias de
resistência ao cisalhamento do LVAd a 6 kPa nos diferentes manejos.
66
TABELA 5. Teste de significância de acordo com Snedecor & Cochran (1989)
entre as envoltórias de resistência ao cisalhamento de um Latossolo
Vermelho-Amarelo com amostras na capacidade de campo (6 kPa).
F Manejo
F
Coeficiente
angular, b
Coeficiente
linear, a
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
vs pastagem não irrigada antes do pisoteio
animal
H Ns **
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
vs pastagem irrigada após o pisoteio animal
H Ns **
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
vs pastagem não irrigada após o pisoteio
animal
H Ns **
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
vs mata
H Ns *
Pastagem não irrigada antes do pisoteio
animal vs pastagem irrigada após o pisoteio
animal
H Ns **
Pastagem não irrigada antes do pisoteio
animal vs pastagem não irrigada após o
pisoteio animal
H Ns **
Pastagem não irrigada antes do pisoteio
animal vs mata
H Ns **
Pastagem irrigada após o pisoteio animal vs
mata
H Ns Ns
Pastagem irrigada após o pisoteio animal e
mata vs pastagem irrigada antes do pisoteio
animal
H Ns **
Pastagem irrigada após o pisoteio animal e
mata vs pastagem não irrigada após o
pisoteio animal
H Ns Ns
Pastagem irrigada após o pisoteio animal,
mata e pastagem não irrigada após o
pisoteio animal vs pastagem irrigada antes
do pisoteio animal
H Ns **
Pastagem irrigada após o pisoteio animal,
mata e pastagem não irrigada após o
pisoteio animal vs pastagem não irrigada
antes do pisoteio animal
H Ns **
Pela Tabela 5 observa-se que as envoltórias de resistência ao
cisalhamento do LVAd para as pastagens irrigada e não irrigada, após o pisoteio
67
animal, não diferiram estatisticamente entre si. Portanto, uma nova equação foi
ajustada a todos os valores de tensão cisalhante e tensão normal, obtendo-se,
assim, uma nova envoltória de resistência ao cisalhamento para esses manejos.
Tal fato pode ser explicado por precipitações freqüentes ocorridas no período do
estudo que, possivelmente, mantiveram elevada a umidade do solo. Esse fato
também foi observado nos modelos de CSC apresentados no capítulo 2. Se
houve alguma alteração estrutural devido ao pisoteio na pastagem irrigada, essa
alteração não foi detectada na umidade correspondente à capacidade de campo.
Na capacidade de campo, a mata natural não se diferenciou
estatisticamente das pastagens após o pisoteio animal (Tabela 5). Esse fato
indica que não ocorreu degradação da estrutura após o pisoteio animal (Figura
8). Deve-se ressaltar que isso ocorreu no primeiro ano de exploração, não tendo
sido, portanto, o pisoteio suficiente para induzir maior resistência mecânica na
pastagem do que na mata.
As novas envoltórias de resistência ao cisalhamento estão representadas
na Figura 8.
68
LVA
0-3 cm
6 kPa
Tensão Normal (kPa)
200 300 400 500
τ
max (kPa)
100
150
200
250
300
350
400
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,58
σ
n + 28,28 R
2
= 0,97** n = 16
Pastagem não irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,57
σ
n + 16,79 R
2
= 0,96** n = 16
Pastagem irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,61
σ
n + 34,73 R
2
= 0,96** n = 16
Pastagem não irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,61
σ
n + 32,68 R
2
= 0,97** n = 16
Mata natural
τ
= 0,57
σ
n + 47,10 R
2
= 0,97** n= 8
FIGURA 8 Envoltórias de resistência ao cisalhamento de um LVAd submetido
a diferentes manejos, com amostras equilibradas a 6 kPa.
69
TABELA 6. Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras
submetidas à tensão de 6 kPa.
Manejos
Ângulo de atrito
interno
( φ)
Coesão aparente
(c) (kPa)
Pastagem irrigada antes do
pisoteio animal
30,11 28,88
Pastagem não irrigada
antes do pisoteio animal
29,68 16,79
Mata natural e pastagens
irrigada e não irrigada
após o pisoteio animal
30,97 36,38
As pastagens, irrigada e não irrigada, antes do pisoteio animal, também
diferiram estatisticamente entre si na tensão de 6 kPa (Tabela 5). Pela Tabela 6 e
Figura 8, pode-se observar que a ordem decrescente de resistência ao
cisalhamento foi: (mata natural e pastagens irrigada e não irrigada após o
pisoteio animal)>pastagem irrigada antes do pisoteio animal>pastagem não
irrigada antes do pisoteio animal. Essa diferença entre os manejos pode ser
observada pelo maior ângulo de atrito interno e maior intercepto de coesão da
mata natural e pastagens após o pisoteio animal, quando comparados com as
pastagens antes do pisoteio animal (Tabela 6), pois, quanto maior o ângulo de
atrito interno, maior é a força necessária para cisalhar uma amostra.
70
A matéria orgânica presente na mata para a tensão de retenção de água
na capacidade de campo favoreceu o atrito entre as partículas do solo pelo seu
efeito cimentante, colocando esse manejo entre os de maior resistência ao
cisalhamento.
As envoltórias de resistência ao cisalhamento, após serem equilibradas
na tensão de 2 kPa para os diferentes manejos, estão representadas na Figura 9.
LVA
0-3 cm
2 kPa
Tensão Normal (kPa)
200 300 400 500
τ
max (kPa)
100
150
200
250
300
350
400
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,57
σ
n+ 26,78 R
2
= 0,95** n = 16
Pastagem não irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,55
σ
n+ 34,39 R
2
= 0,98** n = 16
Pastagem irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,66
σ
n + 21,75 R
2
= 0,95** n = 16
Pastagem não irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,62
σ
n+ 40,89 R
2
= 0,98** n = 16
Mata natural
τ
= 0,63
σ
n + 25,62 R
2
= 0,99** n = 8
FIGURA 9. Envoltórias de resistência ao cisalhamento de um LVAd submetido
a diferentes manejos, com amostras equilibradas a 2 kPa.
71
Na Tabela 7 é apresentada a análise estatística das envoltórias de
resistência ao cisalhamento do LVAd a 2 kPa nos diferentes manejos.
TABELA 7. Teste de significância, de acordo com Snedecor & Cochran (1989),
entre as envoltórias de resistência ao cisalhamento de um Latossolo
Vermelho-Amarelo sob tensão de água no solo de 2 kPa.
F Manejo
F
Coeficiente angular,
b
Coeficiente linear,
a
Pastagem irrigada após o
pisoteio animal vs pastagem não
irrigada após o pisoteio animal
H ns Ns
Pastagem irrigada após o
pisoteio animal e pastagem não
irrigada após o pisoteio animal
vs mata
H ns Ns
Pastagem irrigada após o
pisoteio animal e pastagem não
irrigada após o pisoteio animal e
mata vs pastagem irrigada antes
do pisoteio animal
H ns **
Pastagem irrigada após o
pisoteio animal e pastagem não
irrigada após o pisoteio animal e
mata vs pastagem não irrigada
antes do pisoteio animal
NH * **
Pastagem irrigada antes do
pisoteio animal vs pastagem não
irrigada antes do pisoteio animal
H ns Ns
Pastagem irrigada antes do
pisoteio animal e pastagem não
irrigada antes do pisoteio animal
vs pastagem irrigada após o
pisoteio animal e pastagem não
irrigada após o pisoteio animal e
mata
H ns **
As envoltórias de resistência ao cisalhamento do LVAd para a pastagem
irrigada após o pisoteio animal e pastagem não irrigada após o pisoteio animal
não diferiram estatisticamente entre si (Tabela 7). Portanto, uma nova equação
72
foi ajustada a todos os valores de tensão cisalhante e tensão normal, obtendo-se,
assim, uma nova envoltória de resistência ao cisalhamento para esses manejos
(Figura 10).
As novas envoltórias de resistência ao cisalhamento estão representadas
na Figura 10.
Sabe-se, no entanto, que o solo de área sobre irrigação fica
constantemente com maior umidade, ficando, assim, mais suscetível à
compactação. No entanto, fica claro que, devido a precipitações freqüentes no
período deste estudo, ocorreu igualdade das umidades nestas áreas, o que
contribuiu para a não diferença estatística entre os solos sob pastagem irrigada e
não irrigada após o pisoteio animal.
A mata natural não diferiu estatisticamente das pastagens após o pisoteio
animal (Tabela 7). Na umidade correspondente à tensão estudada, a mata
aparece como um dos usos de maior resistência ao cisalhamento. A matéria
orgânica do solo, promovendo uma maior estruturação do solo sob mata (Tabela
1), pode ter contribuído para a sua maior resistência.
A ordem decrescente de resistência ao cisalhamento foi: (pastagem
irrigada e não irrigada pós pastejo e mata)>(pastagem irrigada e não irrigada
antes do pisoteio animal) (Tabela 8). Mais uma vez, nota-se que o pisoteio
animal contribuiu para um aumento na resistência ao cisalhamento do solo,
devido à compressão do solo causada pelo pisoteio dos animais.
73
LVA
0-3 cm
2 kPa
Tensão Normal (kPa)
200 300 400 500
τ
max (kPa)
100
150
200
250
300
350
400
Pastagens irrigada e não irrigada após o pisoteio animal e Mata
τ = 0,64σn + 30,18 R
2
= 0,96** n = 40
Pastagens irrigada e não irrigada antes do pisoteio animal
τ = 0,56σn + 30,58 R
2
= 0,97** n = 32
FIGURA 10 Envoltórias de resistência ao cisalhamento de um LVAd submetido
a diferentes manejos, com amostras equilibradas a 2 kPa.
74
TABELA 8. Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras
submetidas à tensão de 2 kPa.
Manejo
Ângulo de atrito
interno
( φ)
Coesão
aparente (c)
(kPa)
Pastagem irrigada e não
irrigada antes do pisoteio
animal
29,25 30,58
Mata natural e pastagens
irrigada e não irrigada após o
pisoteio animal
32,62
30,18
Essa menor resistência apresentada pelos manejos antes do pisoteio
animal é explicada pelo preparo de solo (aração e gradagem) para implantação
das pastagens que apagaram a historia de tensão, diminuindo a pressão de
preconsolidação e aumentando o espaço poroso do solo nesses manejos. Essa
igualdade entre as pastagens antes do pisoteio animal também foi observada
utilizando modelos de CSC no capítulo dois.
As envoltórias de resistência ao cisalhamento, obtidas para as amostras
saturadas para os diferentes manejos, estão representadas na Figura 11.
75
LVA
0-3 cm
Saturado
Tensão Normal (kPa)
200 300 400 500
τ
max (kPa)
100
150
200
250
300
350
400
Pastagem irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,55
σ
n + 37,49 R
2
= 0,99** n = 16
Pastagem não irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,58
σ
n + 26,95 R
2
= 0,99** n = 16
Pastagem irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,67
σ
n + 22,39 R
2
= 0,96* n = 16
Pastagem não irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,60
σ
n + 46,60 R
2
= 0,98** n = 16
Mata natural
τ
= 0,62
σ
n + 25,20 R
2
= 0,98** n = 8
FIGURA 11. Envoltórias de resistência ao cisalhamento de um LVAd
submetido a diferentes manejos, com amostras saturadas.
Na Tabela 9 é apresentada a análise estatística das envoltórias de
resistência ao cisalhamento do LVAd saturado nos diferentes manejos.
76
TABELA 9. Teste de significância, de acordo com Snedecor & Cochran (1989),
entre as envoltórias de resistência ao cisalhamento de um Latossolo
Vermelho-Amarelo saturado.
F Manejo
F
Coeficiente angular,
b
Coeficiente linear,
a
Pastagem irrigada após o
pisoteio animal vs pastagem não
irrigada após o pisoteio animal
H Ns Ns
Pastagem irrigada após o
pisoteio animal e pastagem não
irrigada após o pisoteio animal
vs mata
H Ns *
Pastagem irrigada antes do
pisoteio animal vs pastagem não
irrigada antes do pisoteio animal
H Ns Ns
Pastagem irrigada antes do
pisoteio animal e pastagem não
irrigada antes do pisoteio animal
vs pastagem irrigada após o
pisoteio animal e pastagem não
irrigada após o pisoteio animal
H ** **
Pastagem irrigada antes do
pisoteio animal e pastagem não
irrigada antes do pisoteio animal
vs mata
H Ns **
As envoltórias de resistência ao cisalhamento do LVAd para a pastagem
irrigada após o pisoteio animal e pastagem não irrigada após o pisoteio animal
não diferiram estatisticamente entre si (Tabela 9). Portanto, uma nova equação
foi ajustada a todos os valores de tensão cisalhante e tensão normal, obtendo-se,
assim, uma nova envoltória de resistência ao cisalhamento para esses manejos
(Figura 12). Por não diferirem estatisticamente entre si, os manejos pastagem
irrigada antes do pisoteio animal e pastagem não irrigada antes do pisoteio
animal, também uma nova equação foi ajustada a todos os valores de tensão
cisalhante e tensão normal e uma única envoltória de resistência ao cisalhamento
para esses manejos foi obtida.
77
A não diferença entre os tratamentos com e sem irrigação se deve a
freqüentes precipitações durante o período de condução do experimento, o que
contribui para que não ocorra alteração estrutural nesse uso. Esse fato também
foi observado nos modelos de CSC apresentados no capítulo 2. O alívio da
resistência mecânica promovido pela saturação induzida contribuiu para que a
resistência ao cisalhamento fosse estatisticamente igual entre os tratamentos com
e sem irrigação. A ordem decrescente de resistência ao cisalhamento foi:
(pastagens irrigada e não irrigada após o pisoteio animal)>(mata
natural)>(pastagem irrigada e não irrigada antes do pisoteio animal) (Tabela 10).
As novas envoltórias de resistência ao cisalhamento estão representadas
na Figura 12.
78
LVA
0-3 cm
Saturado
Tensão Normal (kPa)
200 300 400 500
τ
max (kPa)
100
150
200
250
300
350
400
Mata natural
τ
= 0,62
σ
n + 25,20 R
2
= 0,98** n = 8
Pastagens irrigada e não irrigada antes do pisoteio animal
τ
= 0,57
σ
n + 32,22 R
2
= 0,99** n = 32
Pastagens irrigada e não irrigada após o pisoteio animal
τ
= 0,64
σ
n + 34,49 R
2
= 0,96** n = 32
FIGURA 12. Envoltórias de resistência ao cisalhamento de um LVAd
submetido a diferentes manejos, com amostras saturadas.
79
TABELA 10. Resultados dos ensaios de cisalhamento direto com amostras
saturadas.
Manejo
Ângulo de
atrito interno
( φ)
Coesão
aparente (c)
(kPa)
Pastagem irrigada e não
irrigada antes do pisoteio
animal
29,68 32,22
Mata natural 31,80 25,20
Pastagens irrigada e não
irrigada após o pisoteio animal
32,62 34,49
A envoltória de resistência ao cisalhamento antes do pisoteio animal
(Figura 12 e Tabela 10) mostrou que o solo apresentou resistência ao
cisalhamento menor do que o solo após o pisoteio animal, enquanto a mata
apresentou resistência intermediária. Esse comportamento pode ser devido à
compactação superficial nas pastagens que sofreram o pisoteio. A mata
apresenta maior conteúdo de matéria orgânica, o que, de certa forma, confere
melhor estruturação, proporcionando resistência intermediária. Essa menor
resistência do solo antes do pisoteio é explicada pelo preparo de solo (aração e
gradagem) para a implantação das pastagens que apagaram a história de tensão,
diminuindo a pressão de preconsolidação (capítulo 2).
80
A igualdade entre as pastagens antes do pisoteio animal também foi
observada utilizando-se modelos de CSC no capítulo dois.
A resistência ao cisalhamento das amostras saturadas apresentou
comportamento idêntico aos modelos de CSC do capítulo dois. Considerando a
mata nativa como referencia de qualidade estrutural, as pastagens após o pisoteio
apresentaram maior resistência ao cisalhamento sendo, portanto, considerada um
manejo que altera a estrutura do solo. Já as pastagens antes do pisoteio
apresentaram menor resistência ao cisalhamento devido às operações de preparo
do solo.
Neste estudo observou-se que o ângulo de atrito interno (φ) é o
parâmetro que condiciona maior ou menor resistência ao cisalhamento.
À medida que se aumentou a umidade nos ensaios de resistência ao
cisalhamento, o resultado da avaliação da estrutura ficou mais semelhante à
avaliação feita com o uso da pressão de preconsolidação.
81
4 CONCLUSÕES
As pastagens que sofreram o pisoteio animal apresentaram maior CSC e
maior resistência ao cisalhamento.
Os ensaios de resistência ao cisalhamento realizados com maior teor de
umidade apresentaram resultados de avaliação de estrutura semelhantes aos
modelos de capacidade de suporte de cargas.
O ângulo de atrito interno (φ) foi eficiente para determinar maior ou
menor resistência ao cisalhamento em solos agrícolas.
82
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