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pesquisadora (isto é, a cor da pele dos homens negros) não formou classe de estímulos com o símbolo
positivo (SIDMAN, 1987). Considerando que faces são constituídas de dimensões variadas
(STRAATMANN, 2008), é possível que o responder tenha sido controlado por alguma outra
propriedade, ainda não identificada, que não aquela de interesse. Neste caso, conclusões sobre a atitude
preconceituosa racial e sobre a sua reversibilidade formuladas a partir dos dados aqui apresentados
devem ser relativizadas. Relatos informais dos participantes KGM, LRA e LRS sobre como decidiam
qual estímulo escolher em cada etapa do procedimento, deram conta de que poderiam estar
respondendo não apenas à cor dos homens das fotos, mas também aos olhos, à boca e ao cabelo. Como
estas dimensões das fotos não foram controladas, é possível que a discriminação da propriedade
relevante tenha sido dificultada.
Uma terceira hipótese é que topografias de seleção e de rejeição durante as
discriminações condicionais ensinadas no treino também podem ter concorrido na produção dos
resultados observados. Considerando que o procedimento delineado empregou apenas dois estímulos
comparação, não foi possível garantir qual topografia controlou o responder (SIDMAN, 1987). Isto é,
não é possível afirmar se os participantes respondiam com base na seleção de A1-B1, B1-C1, A2-B2 e
B2-C2, ou com base na rejeição de B2 para A1, B1 para A2, C2 para B1 e C1 para B2
.
Neste último
caso, a partir destas rejeições, os participantes poderiam ter escolhido corretamente, B1, B2, C1 e C2,
mas com base em relações que não aquelas de interesse. O fracasso do treino em formar a classe A2-
B2-C2 (independentemente da formação da classe A1-B1-C1, sobre a qual outras variáveis podem ter
incidido), pode ser uma evidência que corrobora este tipo de controle não previsto.
Finalmente, uma quarta hipótese é que a inclusão de fotos de brancos nos testes pode ter
competido com a associação dos negros com o símbolo positivo (BARNES-HOMES
et al
, 2000).
Bortoloti e de Rose (2007a, 2007b) argüiram que, no fenômeno da equivalência de estímulos, é
possível que haja graus de relacionamentos entre os estímulos em questão, de modo que alguns
estímulos seriam “mais equivalentes” entre si do que outros. Disto decorre que, dada a evidência
encontrada no pré-teste de que brancos estavam fortemente associados com o símbolo positivo, a
condução de testes em que ambas as etnias poderiam ter sido relacionadas com o mesmo símbolo pode
ter escondido a força do pareamento dos negros com o símbolo de interesse. Ou seja, por hipótese, o
forte pareamento pré-existente entre o estímulo positivo e a face branca teria impedido a expressão do
pareamento aprendido, mas relativamente mais fraco, entre o estímulo positivo e a face negra.
De uma perspectiva paralela, Barnes-Holmes
et al
(2006) sugeriram que respostas a
arranjos de estímulos consistentes com a história prévia do participante tendem a ser mais fortes do que