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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
MESTRADO EM ODONTOLOGIA
RAPHAEL RICARDO DE OLIVEIRA
RESISTÊNCIA À FRATURA DE DENTES TRATADOS
ENDODONTICAMENTE RESTAURADOS COM PINOS E NÚCLEO
CORONÁRIO DE FIBRA DE VIDRO
Londrina
2006
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RAPHAEL RICARDO DE OLIVEIRA
RESISTÊNCIA À FRATURA DE DENTES TRATADOS
ENDODONTICAMENTE RESTAURADOS COM PINOS E NÚCLEO
CORONÁRIO DE FIBRA DE VIDRO
Dissertação apresentada à Universidade Norte
do Paraná como parte integrante dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em
Odontologia
Orientador:
Prof. Dr. Alcides Gonini Júnior
Co-orientadora:
Profª. Drª. Regina Célia Poli-Frederico
Londrina
2006
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RAPHAEL RICARDO DE OLIVEIRA
Filiação Roberto Cezar de Oliveira
Neiva Aparecida de Oliveira
Naturalidade Maringá – PR
Nascimento 01 de novembro de 1980
1998-2002 Graduação em Odontologia – UNIOESTE:
Universidade do Oeste do Paraná – Cascavel-PR
2003 Conclusão do Curso de Graduação – UNINGÁ:
Faculdade Ingá – Maringá-PR
2004 Curso de Especialização em Prótese Dentária –
UNINGÁ: Faculdade Ingá – Maringá-PR
2005-2007 Curso de Pós-Graduação na área de Dentística,
nível Mestrado, na Universidade Norte do Paraná –
UNOPAR
RAPHAEL RICARDO DE OLIVEIRA
RESISTÊNCIA À FRATURA DE DENTES TRATADOS
ENDODONTICAMENTE RESTAURADOS COM PINOS E NÚCELO
CORONÁRIO DE FIBRA DE VIDRO
Dissertação apresentada à Universidade Norte
do Paraná como parte integrante dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em
Odontologia
BANCA EXAMINADORA
1) Prof. Dr. Eduardo Piza Pellizzer
Julgamento __________________ Assinatura ___________________________
2) Profª Drª. Linda Wang
Julgamento __________________ Assinatura ___________________________
3) Prof. Dr. Alcides Gonini Júnior
Julgamento __________________ Assinatura ___________________________
Londrina, 18 de dezembro de 2006.
Agradecimentos Especiais
O apoio e incentivo de algumas pessoas foram imprescindíveis para a realização
deste trabalho. A essas pessoas deixo meu sincero agradecimento.
A Deus
Por ter me auxiliado e me amparado em todos os momentos de minha vida,
mostrando que se pode vencer mesmo na adversidade, além de ter me iluminado
com sua sabedoria e grandiosidade em todo percurso de meus estudos.
Aos meus pais
Roberto e Neiva, que sempre me apoiaram e acreditaram no meu esforço para que
este, como todos os meus outros sonhos se tornem realidade.
Aos professores
Com sabedoria, souberam transmitir da melhor forma possível seus conhecimentos,
contribuindo para meu crescimento.
Ao professor Dr. Alcides Gonini Júnior
Grande mestre que jamais esquecerei, um amigo que sempre quando precisei
estava disposto a ajudar, torcedor da realização dos sonhos pessoais e profissionais
de seus alunos, pessoa fora do círculo familiar que mais me ajudou a crescer nesses
anos de convivência.
Aos colegas
Pela amizade, companheirismo e momentos agradáveis divididos com todos, os
quais deixarão saudades e lembranças agradáveis que ainda espero reviver junto
com vocês.
Ao meu amigo Fábio
Com quem passei maior parte do tempo durante o curso, sempre fazendo questão
de ajudar, amigo, companheiro com quem pude aprender muito. Sou muito grato a
você.
Agradecimentos
À Universidade Norte do Paraná, UNOPAR, representada pelo Chanceler,
Prof. Marco Antônio Laffranchi, e pela Reitora, Prof
a
Elisabeth Bueno
Laffranchi;
À Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, representada pelo Prof. Dr.
Aloísio José Antunes;
Ao Centro de Ciências Biológicas Saúde, representada pelo Prof. Ruy
Moreira da Costa Filho;
À Coordenadoria do Curso de Odontologia, representada pelos Profs. Drs.
Luiz Reynaldo de Figueiredo Walter e Fernão Hélio Campos Leite Júnior;
À Coordenadoria de Pesquisa, representada pelo Prof. Hélio Hiroshi
Suguimoto;
Ao apoio financeiro da Angelus e 3M ESPE, pelos materiais fornecidos para
a realização deste trabalho;
À todos os funcionários da UNOPAR;
Por terem possibilitado a realização deste Trabalho
MUITO OBRIGADO.
OLIVEIRA, R. R. Resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente
restaurados com pinos e núcleo coronário de fibra de vidro 2006. 71p.
Dissertação (Mestrado em Odontologia) Universidade Norte do Paraná, Londrina.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de raízes extremamente
destruídas quando restauradas com pinos de fibra de vidro acessórios juntamente
com um núcleo de fibra de vidro pré-fabricado. Foram selecionadas 40 raízes de
dentes bovinos que receberam preparos radiculares com paredes internas
divergentes para oclusal, com um diâmetro cervical de 3,5 mm. Criou-se 4 grupos de
10 dentes, sendo que no grupo COR foram utilizados pinos de fibra de vidro principal
e acessórios associados a um núcleos coronário pré-fbricado do mesmo material. No
grupo PIN, semelhante ao primeiro, utilizou-se resina composta na confecção do
núcleo coronário. No grupo IND, foram confeccionados núcleos indiretos de fibra de
vidro e o grupo DEN permaneceu com o remanescente coronário em dentina. Os
corpos de prova foram analisados quanto a resistência à fratura, onde a média de
resistência foi de 50,20, 50,40, 47,80 e 35,10 Kgf respectivamente para os grupos
COR, PIN, IND e DEN, onde a análise de variância e o teste de Tukey apontaram
diferenças estatísticas significantes dos dois primeiros grupos com o grupo DEN.
Comparando-se os padrões de fratura pelo Teste qui-quadrado, observou-se uma
diferença estatística significante (p<0,05) entre os grupos DEN e os demais grupos.
Dentro dos limites do trabalho pôde-se concluir que a resistência à fratura foi maior
com a utilização dos pinos na técnica direta, independente da técnica de confecção
da porção coronária e a utilização das fibras de vidro no interior do conduto afetou
positiva e significativamente o padrão de fratura.
Palavras-chave: Pinos pré-fabricados, pinos de fibra de vidro, resistência à fratura,
núcleo de preenchimento
OLIVEIRA, R. R. Fracture resistance of endodontically treated teeth with
fiberglass post and core. 2006. 71p. Dissertação (Mestrado em Odontologia)
Universidade Norte do Paraná, Londrina.
ABSTRACT
The aim of this work was to evaluate the behavior of extremely compromised roots
when restored with accessory fiber glass posts and fiber glass core. Forty roots of
bovine teeth were selected, which were prepared in order to obtain internal divergent
wall presenting 3.5mm cervical diameter. The teeth were divided in 4 groups of 10
teeth each. In group COR, a main fiber glass post were used in association with a
fiber glass core. In group PIN, the fiber glass core were substituted by a composite
resin core. In group IND, indirect fiber glass pin and core were used, and in group
DEN, remained only a dentin core. Fracture resistance was then determined using
universal testing machine, and subjected to an elastic limit essay. The mean fracture
resistance was 50.20, 50.40, 47.80 and 35.10 Kgf respectively for groups COR, PIN,
IND and DEN, showing a significant statistic difference between them. The Qui-
squared test indicated significant differences (p<0,05) in fracture mode comparing
DEN group and the others. Within the limitations of this study, the following
conclusions can be drawn: fracture resistance were greater when direct fiber glass
posts were used, and the use of fiber glass posts in general, affected the fracture
mode in a positive way.
Key Words: Prefabricated post, glass-fiber post, fracture resistance, core.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Materiais utilizados para realização do trabalho..................... 35
Figura 1 - Seccionamento do dente bovino com disco diamantado
dupla face na medida inicial (A), conferindo posteriormente
o comprimento das raízes obtidas com um paquímetro (B),
armazenando-as em solução de timol após a limpeza
(C)...........................................................................................
37
Figura 2 - Verificação do diâmetro vestíbulo-lingual (A) e mésio-distal
(B) das raízes previamente selecionadas...............................
38
Figura 3 - Finalização do preparo radicular com broca de Largo (A) e a
imagem radiográfica de uma raiz preparada destacando-se
o selamento apical de 5 mm obtido em gutapercha
(B)...........................................................................................
39
Figura 4 - Imagem dos pinos de fibra de vidro principal e acessórios
(A) antes da prova e cimentação nas raízes preparadas (B e
C)............................................................................................
42
Figura 5 - Dispositivo de madeira com os corpos-de-prova
posicionados nos cilindros de PVC antes (A) e durante o
preenchimento com resina de poliestireno (B)........................
47
Figura 6 - Dispositivo em aço inox para o posicionamento dos corpos
de prova na base da máquina de ensaio universal (A)
durante o ensaio de resistência à fratura (B)..........................
48
Figura 7 - Exemplo do padrão de fratura da porção coronária (A) e da
porção cervical, passíveis de recuperação (B).......................
49
Figura 8 - Esquema adaptado de Heydecke (2001), onde se considera
as fraturas como catastróficas ou recuperáveis,
considerando-as abaixo ou acima do terço cervical
respectivamente, para cada grupo avaliado...........................
49
Figura 9 -
Determinação do limite da fratura (mm) com relação à
distância do ápice radicular.....................................................
55
Figura 10 - Representação gráfica e numérica das leituras dos padrões
de fratura observados em cada grupo, considerando-as
catastróficas ou recuperáveis, com base em Heydecke
(2001)......................................................................................
56
Figura 11 -
Visualização dos locais de fraturas nos corpos-de-prova do
grupo COR..............................................................................
57
Figura 12 - Visualização dos locais de fraturas nos corpos-de-prova do
grupo PIN..............................................................................
58
Figura 13 Visualização dos locais de fraturas nos corpos-de-prova do
grupo IND..............................................................................
59
Figura 14 - Visualização dos locais de fraturas nos corpos-de-prova do
grupo DEN..............................................................................
60
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Grupos experimentais e os respectivos materiais
restauradores..........................................................................
45
TABELA 2 - Força em Kgf necessária para provocar a fratura dos 10
dentes dos grupos experimentais com a identificação do
local correspondente...............................................................
51
TABELA 3 - Análise de variância dos 4 grupos experimentais com as
respectivas estatísticas básicas..............................................
52
TABELA 4 - Análise de Kruskall-Wallis....................................................... 53
TABELA 5 -
Análise descritiva dos dados referente aos quatro grupos
estudados................................................................................
54
TABELA 6 -
Freqüências observadas nos quatro grupos com relação
aos locais de fratura................................................................
55
TABELA 7 - Resultados do teste de Qui-quadrado partição LxC...............
56
LISTA DE ABREVIATURAS
% – Porcentagem
Kg – Quilograma
mm – Milímetros
N – Newton
º – Graus
ºC – Graus Celsius
min – Minuto
Kgf – Quilograma-força
V-L – Vestíbulo-lingual
M-D – Mésio-distal
nº – Número
COR – Grupo REFORCORE
PIN – Grupo REFORPIN
IND – Grupo INDIRETO
DEN – Grupo DENTINA
PVC – Cloreto de polivinila
cm – Centímetro
CP – Corpo-de-prova
CERV – Cervical
CORO – Coronário
ANOVA – Análise de variância
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................13
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................17
3 PROPOSIÇÃO.......................................................................................................34
4 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................35
4.1 Material ...........................................................................................................35
4.2 Método............................................................................................................36
4.2.1 Obtenção das raízes de dentes bovinos...............................................36
4.2.2 Preparo radicular.....................................................................................38
4.2.3 Preparo dos corpos de prova ................................................................40
4.2.4 Inclusão dos corpos de prova................................................................46
4.2.5 Teste de compressão tangencial...........................................................47
4.2.6 Avaliação dos padrões das fraturas resultantes..................................48
4.2.7 Procedimentos estatísticos para a análise dos dados........................49
5 RESULTADOS.......................................................................................................51
6 DISCUSSÃO..........................................................................................................61
7 CONCLUSÕES......................................................................................................68
REFERÊNCIAS.........................................................................................................69
1 INTRODUÇÃO
A indicação de núcleos de preenchimento coronários durante a restauração
de dentes tratados endodonticamente visa a reconstrução de paredes perdidas por
fraturas ou por cáries, que em conjunto com os pinos intra-radiculares reforçam a
porção coronária, proporcionando uma maior retenção à restauração subseqüente.
Até a década de 70, o núcleo metálico fundido era o sistema mais indicado
tanto para reconstituir a porção coronária dos dentes tratados endodonticamente,
quanto para promover a retenção intra-radicular das restaurações protéticas. Nesta
época, foram introduzidos os pinos intra-radiculares pré-fabricados metálicos, que
associados aos materiais de uso direto para a reconstrução coronária, passaram a
constituir uma ótima alternativa restauradora. Esta técnica trouxe como principal
vantagem a possibilidade de executar de forma direta e em uma única sessão, tanto
a porção coronária quanto a porção radicular do núcleo de preeenchimento, com
redução significativa do tempo clínico (Baraban, 1970).
Historicamente Prothero (1916) já admitia o uso do amálgama como um
material de preenchimento coronário devido ao seu sucesso clínico, aliado à sua alta
resistência à compressão, mais alta inclusive que das resinas compostas e dos
cimentos de ionômero de vidro utilizados atualmente.
Entretanto a utilização da resina composta como uma alternativa ao
amálgama, proporciona uma maior adesão às estruturas dentárias, possibilitando o
preparo imediato da porção coronária reconstruída, eliminando a possibilidade de
pigmentação dos tecidos moles circunvizinhos, em função da oxidação e
pigmentação característica promovida pelo amálgama (Taleghani e Leinfelder,
1988).
14
Uma vez associada às restaurações coronárias totais livres de metal, a resina
composta proporcionaria um resultado estético mais satisfatório, entretanto tenderia
a expandir significativamente em contato com a umidade do meio ambiente bucal,
podendo afetar o assentamento da futura restauração protética (Tirado et al., 2001).
Optando-se pelo cimento de ionômero de vidro ao invés da resina composta,
obter-se-ia como vantagem a adesão química ao substrato dental, sem a
necessidade de um sistema adesivo adicional. Entretanto, mesmo a utilização de um
cimento de ionômero de vidro reforçado por partículas metálicas, não proporcionaria
uma resistência mecânica adequada em situações onde não se disporia de estrutura
coronária remanescente suficiente para interagir com o cimento (Volwiler, 1989).
Como alternativa aos pinos pré-fabricados metálicos, a partir da década de 90
foram introduzidos os pinos não metálicos, inicialmente de fibra de carbono e
posteriormente os pinos de fibra de vidro. Como maior vantagem proporcionam um
comportamento biomecânico mais favorável com relação às estruturas dentárias, por
apresentar um módulo de elasticidade próximo ao da dentina. Nestes casos a resina
composta ainda é o material de preenchimento de escolha para a reconstrução da
porção coronária de forma direta (Duret et al., 1996).
Mais recentemente as fibras de polietileno foram indicadas como uma
alternativa aos núcleos pré-fabricados, que associadas a uma matriz resinosa,
podem constituir o núcleo coronário e radicular em uma peça única, cuja confecção
pode se dar de forma direta ou indireta, segundo a necessidade do profissional
(Hornbrook, 1995). Em função disto e visando produzir um núcleo de preenchimento
mais adaptado possível às paredes radiculares, esta técnica tornou-se uma opção
para a restauração de dentes com canais extremamente alargados (Erkut, 2004).
15
Nestes casos a utilização de pinos de fibra de vidro pré-fabricados acessórios,
em conjunto com a resina composta, constituem uma outra possibilidade
restauradora, demonstrando um comportamento biomecânico satisfatório,
estabelecendo um padrão de distribuição de tensões que favoreceria a preservação
do remanescente radicular, tendo me vista a maior ocupação do espaço intra-
radicular com material fibroso, diminuição a quantidade de material resinoso na linha
de cimentação dos pinos (Martelli Jr., 2006).
Entretanto as técnicas diretas podem apresentar alguns inconvenientes,
justamente pela associação de materiais distintos na reconstrução da porção
coronária e da porção radicular. Um dos inconvenientes discutidos na literatura, seria
a possível incompatibilidade entre as resinas compostas autopolimerizáveis
utilizadas na reconstrução do núcleo de preenchimento coronário com os sistemas
adesivos simplificados, utilizados na confecção dos núcleos de preenchimento
coronário, o que poderia levar ao comprometimento da estabilidade mecânica da
restauração coronária, no caso de um fracasso mecânico desta união (Hagge e
Lindemuth, 2001).
Seguindo a tendência na utilização de materiais fibrosos para a reconstrução
do componente coronário e intra-radicular dos dentes tratados endodonticamente,
idealizou-se uma técnica onde um pino pré-fabricado de fibra de vidro fixado no
interior do conduto, sustentaria um núcleo coronário pré-fabricado de fibra de vidro,
como forma de reconstituir a porção coronária em dentes anteriores ou pré-molares.
A união do pino de fibra de vidro à porção coronária pré-fabricada se daria por
meio de uma camada de resina composta, possibilitando de imediato à obtenção de
um conjunto mecanicamente estável e resistente, com as linhas das paredes axiais
do preparo periférico total praticamente definidas.
16
Em teoria, esta técnica se aproxima muito de uma reconstrução direta ideal,
onde se busca uniformizar o comportamento biomecânico do conjunto restaurador
pela utilização de um único material de preenchimento radicular e coronário, em uma
única sessão restauradora. O objetivo do presente trabalho foi o de observar o
comportamento mecânico deste conjunto em comparação com outras situações
restauradoras, por meio de um teste de resistência à fratura, considerando-se dentes
tratados endodonticamente com condutos alargados.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Na necessidade de se utilizar o conduto radicular para obter-se a retenção de
uma restauração protética, o ideal seria se constituir um sistema de duas peças,
onde a porção restauradora seria cimentada sobre um núcleo de preenchimento
prévio.
Em 1970 Baraban descreveu a utilização de um sistema de pinos pré-
fabricados como opção aos núcleos metálicos fundidos da época, que possibilitariam
a confecção da coroa protética mantendo-se o mesmo sistema de duas peças
utilizados até então. O sistema denominado Para Post era constituído por um
conjunto de brocas de diâmetros distintos para o preparo das paredes radiculares,
onde eram cimentados pinos de ouro, aço, alumínio ou plástico. Os pinos possuíam
paredes paralelas, nas quais havia um canal lateral que facilitava o escoamento do
cimento durante a cimentação. O sistema possibilitava a confecção do núcleo de
preenchimento em uma sessão única, e uma vez associado à resina composta para
a reconstrução da porção coronária, constituiria uma técnica clínica simplificada.
Analisando a literatura referente à avaliação dos núcleos intra-radiculares pré-
fabricados utilizados em restaurações de dentes tratados endodonticamente,
Deutsch et al. (1983) concluíram que os núcleos intra-radiculares apresentavam
duas funções principais: a de reforçar a porção coronária e a porção radicular do
dente contra fraturas, no caso da existência suficiente de estrutura coronária; na falta
de uma quantidade considerável de estrutura coronária, o núcleo é utilizado para
repor esta falta, além de reter e suportar a restauração protética subseqüente.
Em se tratando de dentes com paredes radiculares debilitadas, Lui (1987)
demonstrou uma técnica de reforço, utilizando um preenchimento interno da raiz
com resina composta. Após tratamento endodôntico, a porção coronária sem suporte
18
era eliminada, preparando-se o conduto com uma broca de tamanho compatível,
onde um pino metálico lubrificado era adaptado, injetando-se resina composta
radiopaca ao seu redor. Após a polimerização o pino era removido, formando um
conduto retentivo capaz de suportar um núcleo metálico fundido, evitando fratura de
raízes enfraquecidas durante a cimentação ou a função mastigatória.
Buscando um material ideal para a confecção de núcleos de preenchimento
previamente à colocação de uma coroa total, Taleghani e Leinfelder (1988)
comparam o amálgama, a resina composta e os cimentos de ionômero de vidro
modificado por partículas metálicas como uma alternativa aos anteriores. Citam
entre outros fatores que o amálgama e a resina composta apresentam um
coeficiente de expansão térmica muito maior do que o da estrutura dentária, embora
a resina composta seja um material de fácil manipulação e que possibilita o preparo
do dente tão logo seja utilizada. Destacam o cimento de ionômero de vidro como
uma alternativa devido ao fato de promover uma adesão química às estruturas
dentais, liberar flúor à estrutura adjacente, ter um coeficiente de expansão térmica
semelhante ao da estrutura dentária, além de propriedades mecânicas favoráveis.
Contudo, durante o experimento, o cimento de ionômero de vidro não demonstrou a
resistência mecânica suficiente, principalmente quando a estrutura dental
remanescente for muito reduzida. Além disso, os resultados demonstraram que
poucas fraturas radiculares ocorreram, entretanto 60% das fraturas ocorreram no
núcleo de preenchimento com o cimento de ionômero de vidro, que de certa forma
possibilita o reaproveitamento do dente.
Volwiler (1989) comparando o amálgama e os cimentos de ionômero de vidro
reforçados por partículas metálicas como materiais de preenchimento para a
confecção de núcleos coronários na associação com pinos metálicos pré-fabricados,
19
verificaram não haver diferenças entre a resistência à fratura entre os grupos
estudados, onde a resistência à fratura média foi de 21,6 Kgf. Observaram que todas
as falhas foram semelhantes, ocasionando o deslocamento da coroa construída
juntamente com os pinos. Verificaram que neste caso o material de preenchimento
não foi determinante na ocorrência de falhas.
Utilizando um pino plástico fototransmissor, Lui (1994) reconstruiu por meio
de uma resina composta fotoativada, as paredes radiculares de dentes tratados
endodonticamente com canais alargados. Afirmou que as resinas fotoativadas
possuem maior tempo de trabalho, e a utilização dos referidos pinos induziriam a
polimerização das partes mais profundas do canal. Concluiu que o uso de tais pinos
associados aos materiais adesivos, consiste em uma técnica de reabilitação
conservadora para a restauração de dentes amplamente destruídos.
Buscando relacionar o efeito da manipulação das resinas compostas durante
a confecção de núcleos de preenchimento coronário sobre pinos cimentados em
dentes tratados endodonticamente, Mentink et al. (1995) compararam uma resina
composta quimicamente ativada a uma fotoativada, inseridas com seringa ou com
espátula num incremento único. Verificaram que 95% dos núcleos confeccionados
com a resina composta quimicamente ativada apresentaram bolhas quando
manipuladas com a espátula, comparativamente à técnica de inserção com seringa
que reduziu a quantidade de bolhas para 50% comparativamente. Os autores
concluíram que as bolhas levam à propriedades mecânicas inferiores do material,
em especial afetando a deterioração da integridade marginal, embora sua presença
promova uma redução do estresse sobre o material.
Morgano em 1996, analisando métodos restauradores para dentes
despolpados, verificou que pinos intra-radiculares não devem ser utilizados para
20
reforçar a estrutura dental remanescente, concluindo que sua indicação deve estar
restrita a casos em que há estrutura insuficiente para promover a retenção
necessária a uma restauração coronária.
Considerando que a maioria das reconstruções radiculares eram feitas com
núcleos metálicos fundidos, ou pinos pré-fabricados cobertos por resina composta,
Duret at al. (1996) verificaram pelo método dos elementos finitos que pinos de fibra
de carbono associados às resinas epóxicas adaptam-se perfeitamente aos objetivos
clínicos de uma reconstrução, já que em função de suas propriedades, produzem um
comportamento mecânico compatível com o da dentina, por apresentarem módulos
de elasticidade muito próximos. Concluíram que a combinação de materiais com
comportamentos mecânicos diferentes, cria uma massa de comportamento
mecânico inconsistente.
A possibilidade de se utilizar resina composta como forma de reforço em
raízes comprometidas, levou Saupe et al. (1996) a comparar dentes restaurados
com núcleos metálicos fundidos, com e sem o reforço intra-radicular. Avaliaram
ainda a influência da presença de férula, verificando que raízes reconstruídas com
resina composta foram cerca de 50% mais resistentes à fratura que as raízes que
possuíam apenas os núcleos metálicos preenchendo os canais, e que o uso de
férula em raízes enfraquecidas não proporciona nenhum benefício adicional para a
retenção ou resistência à fratura.
Martinez-Insua et al (1998) compararam a resistência à fratura de pré-molares
restaurados com coroas totais retidas por pinos de fibra de carbono ou núcleos
metálicos fundidos em liga de ouro. No grupo 1, foram utilizados pinos de carbono
cimentados com cimento resinoso (Panavia 21), enquanto o núcleo de
preenchimento foi efetuado em resina composta (Cavex Clearfill Core). No grupo 2,
21
após a confecção dos núcleos metálicos fundidos, utilizou-se a mesma técnica de
cimentação que no grupo anterior. Após a confecção de coroas totais em níquel-
cromo e a cimentação com cimento de ionômero de vidro, foi efetuado o teste de
resistência à fratura. A diferença na resistência à fratura foi estatisticamente
significante entre os dois grupos, onde no primeiro a resistência média alcançou
103,7 Kgf de carga, enquanto no segundo grupo a média foi de 202,7 Kgf. Quanto
ao tipo de fratura, dos 22 dentes do grupo 1, em 13 fraturas foram observadas uma
falha adesiva na interface preeenchimento/pino, enquanto em outros 4 a fratura foi
resultante de uma falha coesiva no material de preenchimento. No grupo 2, 20 dos
22 corpos-de-prova apresentaram fratura cervical. Com relação ao comportamento
biomecânico dos dentes do grupo 1, a fratura do núcleo de preenchimento foi
benéfica, pois evitou a fratura do remanescente dentário, principalmente as
radiculares, além do fato da associação com um pino de fibra de carbono
proporcionar uma distribuição maior da carga ao longo das paredes radiculares. Os
autores ainda esclarecem que a maioria das fraturas observadas, tiveram origem
com cargas que dificilmente ocorrem clinicamente.
A resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente também foi
analisada por Sirimai et al. (1999), quando compararam um sistema de confecção de
núcleos com fibras de polietileno a vários sistemas convencionais. Concluíram que o
sistema com fibras de polietileno resultou na diminuição significativa das fraturas
radiculares verticais, embora a resistência à fratura tenha sido a menor
comparativamente aos demais grupos. Verificaram ainda que quanto menor o
diâmetro dos pinos confeccionados com este sistema, maior a resistência à fratura.
Asmussen et al. (1999) verificaram a rigidez, o limite elástico e a resistência
entre pinos cerâmicos (Biopost, Cerpost), pinos de titânio (PCR) e pinos de fibra de
22
carbono (Composipost), verificadas por meio da relação entre a força aplicada e a
curva de deflexão apresentada pelos pinos. Os pinos cerâmicos apresentaram-se
muito rígidos e resistentes, sem nenhum comportamento plástico. O pino de titânio
apresentou comportamento semelhante, embora com menor rigidez, enquanto o
pino de fibra de carbono demonstrou os valores mais baixos para as três
propriedades avaliadas. Como em outros estudos, os autores verificaram que a
utilização dos pinos de fibra de carbono proporcionam as fraturas mais favoráveis,
ao passo que os pinos metálicos e cerâmicos quando utilizados, são mais difíceis de
serem removidos quando necessários, em função de sua rigidez característica.
Buscando avaliar a resistência à fratura de pinos pré-fabricados em dentes
tratados endodonticamente, Mannocci et al. (1999) constituíram 4 grupos de pré-
molares, dividindo-os conforme o material utilizado, sendo pinos de fibra de carbono,
fibra de quartzo, fibra de dióxido de zircônio, em comparação com dentes que não
receberam pino algum. Para a avaliação dos pinos, o comprimento dos dentes foi
estabelecido em 14mm, sendo que para a inclusão dos pinos, os preparos
radiculares foram estabelecidos a uma profundidade de 8mm, onde os pinos fixados
com cimento resinoso. Para todas as raízes foram confeccionadas coroas em
cerâmica pura, que uma vez cimentadas foram levadas ao teste de resistência com
cargas contínuas de 250N em um ângulo de 45º. No quarto grupo (controle), sem
pinos, aconteceram mais fraturas do que nos demais grupos, demonstrando a
necessidade de um suporte intra-radicular para a sustentação da restauração
coronária, especialmente quando toda a estrutura coronária do dente
endodonticamente tratado tiver sido perdida. O grupo do pino de dióxido de zircônio
apresentou os índices mais altos de fraturas, presumindo que a diferença entre os
23
módulos de elasticidade do pino e da dentina tenha sido o responsável pelo
resultado.
Com relação às combinações de pinos e núcleos de preenchimento, Cohen et
al. (1999) testaram 4 pinos metálicos e um pino de fibra de carbono, com 4 materiais
de preenchimento, sendo um amálgama de prata, uma resina composta reforçada
por titânio, e dois cimentos de ionômero de vidro. Após o teste de compressão, os
autores verificaram que nenhum dos pinos fraturou, entretanto, 79% das amostras
apresentaram fratura do material de preenchimento e 21% apresentam fraturas
radiculares. Entre os materiais de preenchimento, os cimentos de ionômero de vidro
foram os menos resistentes, enquanto o amálgama e a resina composta
demonstraram uma resistência maior. Além da resistência maior, os autores indicam
a resina composta como material de preenchimento coronário por ser um material
adesivo, de fácil manipulação, e presa rápida, permitindo ao clínico o preparo do
núcleo imediatamente após a sua confecção.
Segundo Hagge et al. (2001) um material para reconstrução coronária ideal
deveria ter propriedades físicas semelhantes às estruturas dentárias. A resina
composta poderia figurar como um material próximo do ideal, entretanto apresenta
algumas deficiências, como a absorção de água que ocorre após a sua
polimerização, que pode resultar em uma instabilidade dimensional, afetando o
assentamento da restauração final. Uma outra deficiência identificada na literatura,
seria a incompatibilidade de sistemas adesivos simplificados com as resinas
compostas quimicamente ativadas, que levaria a uma instabilidade mecânica do
conjunto restaurador ao longo do tempo, fatos estes confirmados pelos autores ao
estudar nove sistemas adesivos em relação ao material preenchimento resinoso.
24
Por meio de um teste de compressão diametral, Tirado et al. (2001)
compararam a efetividade de materiais como o amálgama, uma resina composta,
um cimento de ionômero de vidro modificado por resina e dois reforçados por
partículas metálicas e resinosas respectivamente, como materiais utilizados na
confecção de núcleos de preenchimento. Os autores induziram uma ciclagem
térmica nos corpos-de-prova, pois a água e a temperatura poderiam alterar a
resistência à fratura em função da presença de pequenas moléculas plastificadas.
Os testes demonstraram que o Fluorocore, o Chelon Silver e o Vitremer foram os
materiais mais estáveis em face das variações extremas de temperatura, enquanto
materiais como o Fluorocore e o Valiant apresentaram as maiores resistências à
fratura, o que supostamente seriam preferíveis por oferecerem maior segurança na
integridade marginal das restaurações protéticas.
A resistência à fratura de dentes tratados endodonticamente restaurados com
quatro tipos de pinos e núcleos após aplicação de ciclagem dinâmica foi avaliada por
Heydecke et al. (2001). Dividiram 64 incisivos centrais superiores em quatro grupos
de acordo com o material a ser restaurado, grupo I – pinos de titânio com núcleo em
resina composta; grupo II – pinos de zircônia e núcleo em resina composta; grupo III
– pinos de zircônia fundidos em núcleo cerâmico; grupo IV (controle) – núcleos
metálicos fundidos em ouro. Os dentes foram preparados com férula de 1 a 2mm, e
expostos a ciclos de carga em um simulador de mastigação controlado por
computador e termociclagem entre 5ºC e 55ºC por 60 segundos, com pausa
intermediária de 12 segundos. Os corpos-de-prova que não fraturaram durante os
ciclos de impacto foram colocados em uma máquina de ensaio universal onde
receberam uma carga em um ângulo de 130º na borda incisal com velocidade de
1,5mm/min até a fratura. Além do registro dos valores de carga atingidos no
25
momento da fratura, os autores registraram o padrão de fratura, considerando-as
como reparáveis ou catastróficas. As médias de resistência à fratura dos grupos I ao
IV foram 45,91Kgf; 51,32Kgf; 53,16Kgf e 41,63Kgf respectivamente, embora tenham
concluído que entre os mesmos, tanto a resistência à fratura como o padrão de
fratura não apresentaram diferenças estatísticas significantes.
Considerando dentes tratados endodonticamente que apresentavam
simulações de preparos cavitários de classe III, Heydecke et al. (2002) avaliaram a
resistência à fratura das raízes comparando a utilização de pinos de titânio, pinos de
zircônia ou simplesmente a inclusão de uma resina composta na reconstrução dos
dentes. Concluíram que a simples restauração da cavidade de classe III e o
fechamento do acesso endodôntico com resina composta são suficientes para
reconstruir dentes nesta situação. O alargamento do acesso endodôntico para a
colocação de um pino pré-fabricado deve preferencialmente ser evitado, já que
verificaram que a utilização de resina composta no interior dos canais não
compensará mecanicamente a remoção de dentina desnecessariamente. Ressaltam
ainda que fraturas consideradas catastróficas ocorreram menos no grupo onde não
foi utilizado qualquer pino intra-canal.
Comentando a tendência de substituição dos retentores intra-radiculares
confeccionados por materiais rígidos por materiais menos rígidos, Boschian et al
(2002) destacam a utilização dos pinos de fibras em associação às resinas
compostas, que favorecem o comportamento biomecânico das restaurações dos
dentes tratados endodonticamente, por proporcionarem a criação de unidades
mecanicamente mais homogêneas. Os autores afirmam que o conjunto favorece a
melhor distribuição de cargas, já que as fibras teriam a capacidade de distribuir o
26
estresse sobre uma superfície mais ampla, impedindo a formação de microfraturas
prematuras pela fadiga dos materiais.
Utilizando-se da fotoelasticidade para investigar o padrão de distribuição de
estresse em dentes restaurados com pinos intra-radiculares, Kishen e Asundi (2002)
reafirmaram que a associação de perda dentinária e inclusão de pinos intra-
radiculares em dentes tratados endodonticamente diminuem significativamente a
resistência à fratura dos dentes quando comparados a dentes naturais.
Considerando o método dos elementos finitos, Pierrisnard et al. (2002)
verificaram o padrão de distribuição de estresse ao tecido dental, simulando dentes
tratados endodonticamente com níveis de destruição coronária diferentes, utilizando
materiais de preenchimento diversos, além da presença ou não de núcleos intra-
radiculares. Levando-se em consideração o nível de destruição coronária,
consideraram dentes com perda total do tecido coronário e dentes com 2mm de
dentina coronária remanescente. Verificaram que a região cervical dos dentes foi o
local de maior incidência de estresse, independentemente dos padrões
restauradores adotados, sendo que a ausência de tecido dentinário coronário nesta
região diminui o efeito de férula, proporcionando o aparecimento de um padrão de
estresse muito maior. Considerando o módulo de elasticidade dos pinos utilizados,
afirmam que quanto maior o módulo menor o nível de estresse gerado.
Com o intuito de verificar a resistência à fratura de dentes tratados
endodonticamente restaurados com sistemas de pinos pré-fabricados estéticos in
vitro, Akkayan e Gulmez (2002) utilizaram 4 grupos distintos na avaliação.
Compararam pinos de titânio, fibra de quartzo, fibra de vidro e zircônio, constituindo
os grupos de 1 a 4 respectivamente. Na composição dos grupos utilizaram quarenta
dentes caninos maxilares humanos extraídos recentemente, os quais tiveram sua
27
porção coronária removida e os canais tratados endodonticamente. Todos os pinos
foram cimentados com um sistema adesivo, sobre os quais foram confeccionados
núcleos compostos de resina composta, e cimentadas coroas metálicas com um
cimento de ionômero de vidro. Cada corpo-de-prova foi levado a uma máquina de
ensaio universal, onde uma carga compressiva foi aplicada a um ângulo de 130
graus com relação ao longo eixo do dente, a uma velocidade de 1mm/min, até o
momento da fratura. As cargas médias obtidas foram de 66,95 Kgf, 91,20 Kgf, 75,90
Kgf e 78,91 Kgf para os grupos de 1 a 4 respectivamente. Os dentes restaurados
com pinos de fibra de quartzo (grupo 2) exibiram uma resistência à fratura
significantemente mais alta que os outros 3 grupos. Os dentes restaurados com
pinos de fibra de vidro e de zircônio (grupos 3 e 4) foram estatisticamente similares.
Fraturas que permitiriam o reparo do dente foram observados nos grupos 2 e 3,
enquanto fraturas catastróficas foram observadas nos grupos 1 e 4. Concluíram que
cargas de fratura significantemente maiores foram registradas para as raízes com
pinos de fibra de quartzo e que as fraturas que permitiriam reparo foram observadas
em dentes restaurados com pinos de fibra de quartzo e fibra de vidro.
Considerando que a capacidade das raízes de resistir à fratura é diretamente
proporcional à quantidade de tecido dentário que circunda o pino, Marchi et al. em
2003 verificaram o efeito de materiais restauradores associados a pinos metálicos
pré-fabricados, no preenchimento de defeitos de raízes fragilizadas. Constataram
que este tipo de associação, de pinos metálicos com resina composta, com cimento
de ionômero de vidro ou com compômero, não impede a fratura de dentes com
paredes radiculares enfraquecidas.
Comparando o efeito de pinos de aço inoxidável na reabilitação de dentes
tratados endodonticamente à três sistemas de construção com pinos de fibras
28
reforçadas por resina, Newman et al. (2003) comprovaram que o modo de fratura ou
deflecção de dentes com o sistema não metálico, tiveram a capacidade de proteger
a estrutura dental remanescente, principalmente quando são utilizadas as fibras de
polietileno, embora a carga determinante de fratura seja significativamente menor.
Scotti e Ferrari (2003) tecendo comentários à respeito do uso de fibras nas
restaurações de dentes tratados endodonticamente, afirmam que quanto maior a
diferença entre os módulos de elasticidade da dentina e da ancoragem radicular,
mais heterogênea será a distribuição de tensões sobre a superfície dentária,
gerando áreas de concentração de estresse ao longo da raiz. Contudo, se forem
utilizadas uma alta densidade de fibras, com ausência de defeitos estruturais
internos e alta força de ligação entre elas, em função da matriz, provavelmente
aumentarão notavelmente a resistência estática e dinâmica de um pino intra-canal.
Maccari et al. (2003) compararam a resistência à fratura entre pinos pré-
fabricados estéticos, considerando 30 dentes antero-superiores restaurados com
pinos de fibra de vidro, pinos de fibra de carbono revestido por quartzo e pinos de
cerâmica. Os corpos-de-prova receberam núcleos de preenchimento em resina
composta e não receberam coroas, e foram submetidos a um teste de resistência à
fratura considerando uma angulação de 45º em relação ao longo eixo do dente, e a
uma velocidade de 0,5mm/min. A resistência dos pinos cerâmicos foi
significativamente mais baixa do que a dos pinos de fibra, além de apresentar fratura
dos pinos e fraturas radiculares em três espécimes. Já nos espécimes com pinos de
fibra as fraturas ocorreram sobre o núcleo de resina composta.
Segundo Aksornmuang et al. (2004), a utilização de pinos de fibras pré-
fabricados pode reduzir a tensão e a possibilidade de fraturas da estrutura dental
remanescente. Entretanto, quando utilizados em canais amplos, a utilização do
29
próprio cimento resinoso na reconstrução da porção coronária ocasiona uma
redução da resistência à carga oclusal. Para melhorar esta condição clínica foram
desenvolvidas resinas compostas ativadas quimicamente com a finalidade específica
de reconstruir a porção coronária, visto que teriam um módulo de elasticidade mais
próximo ao da dentina e ao pino, comparativamente ao cimento resinoso. Ao final do
trabalho, os autores verificaram que a adesão entre a resina composta dual e os
pinos podem depender das propriedades mecânicas do agente de união, que os
pinos de fibra de vidro proporcionam uma melhor adesividade aos núcleos de
preenchimento resinosos, provavelmente porque a luz é transmitida parcialmente via
pino para as regiões internas, proporcionando uma correta ativação nos terços
incisal, médio e cervical.
Com o intuito de verificar o comportamento da dentina frente a estímulos
mecânicos, Kishen et al. (2004) construíram um modelo matemático por meio da
análise dos elementos finitos. Observaram que o material utilizado para a confecção
de um núcleo intra-radicular tende a transmitir maior tensão à dentina interna, com
menor possibilidade de aumento de estresse local na dentina externa, que poderia
levar a uma falha e fratura do sistema. Concluem por esta análise que quanto maior
a perda da dentina internamente, maior a possibilidade de comprometimento da
porção dentinária externa das paredes radiculares em dentes tratados
endodonticamente, predispondo as raízes a fraturas catastróficas.
Em 2004 Fokkinga et al. revisaram a literatura na busca pela solução de duas
hipóteses: 1 – os sistemas de pinos de fibra pré-fabricados reforçados por resina
apresentam valores de resistência à fratura similar aos pinos metálicos fundidos,
pinos pré-fabricados metálicos e cerâmicos; 2 – estes mesmos pinos de fibra
mostram menos falhas desfavoráveis do que os demais sistemas de pinos e
30
núcleos. A partir dos dados analisados, observaram que os núcleos metálicos
fundidos apresentaram valores de resistência à fratura mais elevada do que os pinos
pré-fabricados de fibra, enquanto que os pinos cerâmicos apresentavam os valores
mais baixos. Falhas favoráveis foram significativamente mais comuns com os pinos
de fibra, do que utilizando pinos metálicos pré-fabricados e núcleos metálicos
fundidos.
Utilizando pinos pré-fabricados de aço, de fibras de vidro e carbono, Lanza et
al. (2005) avaliaram a relação de rigidez entre os pinos e o módulo de elasticidade
dos agentes de cimentação, considerando o método dos elementos finitos.
Verificaram que um pino muito rígido trabalha contra a função natural do dente,
criando zonas de tensão e tração tanto na dentina quanto na interface pino/cimento.
Concluíram que a elasticidade da linha de cimentação na redistribuição do estresse
tem sido menos relevante, à medida que a flexibilidade do pino é aumentada.
Melo et al. (2005), avaliaram a influência do remanescente coronário em
dentes tratados endodonticamente restaurados com pinos pré-fabricados e a
utilização de duas resinas, Enforce Core e Z250 na confecção do núcleo de
preenchimento. Utilizaram 40 caninos superiores divididos em quatro grupos de 10
dentes cada: grupo 1 – remanescente coronário de 3mm, núcleo com Enforce Core;
grupo 2 – remanescente coronário de 3mm, núcleo com Z250; grupo 3 – sem
remanescente coronário, núcleo com Enforce Core; grupo 4 – sem remanescente
coronário, núcleo com Z250. Os dentes foram submetidos a uma força de
compressão até que ocorresse fratura da restauração. Concluíram que não houve
diferença estatisticamente significante na resistência à fratura entre os dentes com e
sem remanescente coronário, havendo diferença significativa entre os resultados
obtidos entre as resinas utilizadas, onde os grupos restaurados com a resina
31
composta Z250 foram mais resistentes que os grupos restaurados com Enforce
Core.
De acordo com Grobler et al. (2005), existem muitos riscos em se construir
um núcleo direto sobre um pino intra-radicular cimentado, visto que também são
muitos os passos envolvidos, assim como uma grande complexidade na execução
de cada um deles. Segundo os autores, as fraturas radiculares são pouco prováveis
quando se utiliza um pino de fibra intra-canal, sendo que a falha mais freqüente é na
interface pino/núcleo de preenchimento coronário. Uma das formas de melhorar a
adaptação entre estes materiais é a diminuição da contração de polimerização dos
materiais resinosos. Com este intuito os autores compararam várias situações onde
foram produzidos materiais de preenchimento direto e indireto sobre pino pré-
fabricados, concluindo que a associação de pinos com uma resina de uso direto ou
indireto tiveram o mesmo comportamento mecânico, entretanto a utilização de
núcleos indiretos não reduziu o risco de falha simplesmente pelo aumento de
adesividade entre pino e a porção coronária.
Segundo Monticelli. et al (2005) a fabricação de um núcleo de preenchimento
de resina composta diretamente sobre um pino cimentado, tem como vantagem a
simplificação dos procedimentos operatórios, diminuindo a fase laboratorial. Com o
objetivo de avaliar a integridade do núcleo de preenchimento em resina composta e
sua interação com a superfície do pino, os autores verificaram por meio de
microscopia eletrônica que as resinas que promoveram a melhor adaptação à
superfície do pino e a menor inclusão de bolhas foram as resinas compostas do tipo
flow. Concluíram que isto se deve principalmente a menor viscosidade deste tipo de
material, que produziria uma adaptação íntima com a superfície dos pinos pré-
fabricados, e conseqüente aumento da retenção mecânica e friccional na superfície
32
do pino. Em relação a estes fatores, os autores admitem que os materiais resinosos
do tipo flow seriam candidatos em potencial para materiais de preenchimento
coronário.
Com o objetivo de avaliar o comportamento de raízes extremamente
destruídas quando restauradas com pinos de fibra de vidro acessórios, Martelli Jr
(2006) comparou 5 grupos, sendo o primeiro com núcleos metálicos fundidos (PM), o
segundo com um pino de fibra de vidro principal associado à resina composta (PP),
e o terceiro semelhante ao anterior onde foram acrescentados pinos acessórios
(PPA). O quarto (PP-R) e quinto (PPA-R) grupo foram semelhantes aos dois
anteriores, porém apresentavam 2mm de remanescente coronário. Os corpos-de-
prova foram analisados quanto a resistência à fratura, onde a média de resistência
foi de 61,81; 63,12; 55,46; 56,07 e 53,10 Kgf respectivamente para os grupos PM,
PP, PPA, PP-R e PPA-R. A análise estatística dos dados não apontou diferenças
significantes quanto aos valores de resistência à fratura, entretanto, comparando-se
os padrões de fratura, observou-se uma diferença estatística significante (p<0,05)
entre os grupos PM, PP e PPA. Dentro dos limites do trabalho o autor concluiu que
independentemente do material utilizado, a resistência à fratura das raízes não
apresentou variações estatisticamente significantes, entretanto a utilização de pinos
de fibra de vidro acessórios afetou positivamente o padrão de fratura, onde o grupo
PPA apresentou 90% das fraturas acima da região cervical.
Pelo que demonstra a literatura consultada, a busca por um sistema de
reabilitação de dentes tratados endodonticamente ideal é constante. Percebe-se
uma tendência na utilização de pinos com base em materiais fibrosos, que
reproduzam o comportamento biomecânico dos dentes naturais íntegros. Entretanto
existem limitações técnicas na confecção de núcleos de preenchimento, a fim de que
33
se consiga a melhor estabilidade possível do sistema restaurador escolhido, e
principalmente limitações no número de trabalhos quanto a utilização de núcleos
coronários em fibra de vidro, como proposto pelo presente trabalho.
3 PROPOSIÇÃO
- Objetivo geral: o objetivo do estudo foi o de avaliar in vitro o comportamento
biomecânico de dentes tratados endodonticamente com os condutos
excessivamente alargados, utilizando técnicas reconstrutivas à base de fibras de
vidro e resina composta.
- Objetivos específicos:
1- Avaliar a resistência à fratura dos grupos específicos e
2- Avaliar o padrão de fratura entre os grupos.
4 MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa foi desenvolvida em várias fases, as quais foram
descritas a seguir, iniciando-se pela apresentação da lista de materiais utilizados.
4.1 Material
Os materiais utilizados na realização do trabalho encontram-se relacionados à
seguir, disponibilizados segundo o nome comercial e o fabricante (Quadro 1).
QUADRO 1 – Materiais utilizados para realização do trabalho.
Descrição Nome comercial / Fabricante
(Procedência)
Dentes bovinos Frigorífico Mondelli – Bauru – SP
Cureta periodontal (13-14) Dental Duflex Ltda
Aparelho para profilaxia Profi II – Dabi Atlante
Disco diamantado dupla face KG Sorensen
Régua endodôntica plástica Ângelus
Paquímetro 150mm/6”.
Leitura 0,05-1/128”
D.F. Ltda
Lima endodôntica tipo K 21mm Injecta
Seringa para irrigação (5cc) BDL
Solução de Milton Biodinâmica
Gutapercha em bastão Tanari
Álcool etílico 96 Miyako – SP
Calcador Kerr #9 SSWhite
Ponta diamantada tronco-cônica
de extremidade arredondada
(4138 e 3118)
KG Sorensen
Caneta de alta rotação Kavo
Peça de mão Kavo
Peça reta Kavo
Broca Largo nº 5 Maillefer
Cursor endodôntico de silicone Ângelus
Água destilada Cinord
Vaselina sólida Fornecedor Catarinense Ltda
Resina acrílica ativada
quimicamente (pó-líquido)
Duralay – Polidental
Pedra montada Vigodent
Pino de fibra de vidro n 3 Reforpost – Ângelus
Pino de fibra de vidro acessórios Reforpin Angelus
36
n 1, 2 e 3
Núcleo pré-fabricado em fibra de
vidro - grande
Reforcore – Ângelus
Feixes unidirecionais de fibra de
vidro
Fibrex Medial, Sistema Flexi-Lab –
Ângelus
Resina composta sem carga Adesivo C, Sistema Flexi-Lab – Angelus
Resina composta fluida Adesivo F, Sistema Flexi-Lab – Ângelus
Placa incolor borrachóide para
plastificador à vácuo
(2mm espessura)
Evasoft – Bio Art
Plastificador à vácuo Bio Art
Cimento resinoso – cor A3 Rely X Unicem ARC – 3M Espe
Álcool etílico 70 Miyako – SP
Agente de silanização Rely X Ceramic Primer – 3M Espe
Agente adesivo Adper Single Bond – 3M Espe
Cones de papel absorvente Dentsply – RJ
Ácido fosfórico gel a 35% Scotchbond Etchant – 3M Espe
Ponta aplicadora descartável Microbrush
Apararelho de fotopolimerização 3M Espe
Resina composta nanopartículas Filtek Z350 – 3M Espe
Película radiográfica periapical Kodak Intraoral D-Speed
Cera rosa 7 Wilson/Polidental
Tubo de PVC Tubo eletroduto 21mm diâmetro PVC
rígido (½ cl-b – NBR 6150 antichama)
Resina cristal orftálica Elekeroz
Butanox Akzo Nobel
Acelerador de cobalto Redilise Distribuidora
Monômero de estireno Redilise Distribuidora
Máquina de ensaio universal Kratsos K500S – Kratos Equipamentos
Industriais Ltda.
4.2 Método
4.2.1 Obtenção das raízes de dentes bovinos
Foram selecionados inicialmente 150 dentes bovinos, extraídos
imediatamente após o abate de bovinos da raça nelore com idade média de 36
meses (Frigorífico Mondelli, Bauru – SP), e armazenados em uma solução isotônica
de cloreto de sódio a 0,9% com cristais de timol a 0,1% até o momento da utilização.
37
Esta solução foi substituída com freqüência durante o armazenamento, à
medida que os dentes eram raspados com curetas periodontais e limpos com jatos
de bicarbonato de sódio e água, a fim de que se removesse o cemento e o tecido
periodontal ainda presente. Uma vez realizada a limpeza externa, os dentes foram
seccionados com discos diamantados de dupla face em baixa rotação sob irrigação
constante, eliminando-se a porção coronária e mantendo-se a porção radicular numa
dimensão inicial de 20 mm, tendo como referência o ápice radicular (Figura 1A). A
altura foi determinada com uma régua milimetrada e registrada a lápis na superfície
do dente, a qual era conferida com um paquímetro logo após o corte. Para uma
eventual correção, utilizou-se o mesmo disco diamantado, conferindo-se as medidas
com o paquímetro logo a seguir (Figura 1B).
Após a padronização dos comprimentos das raízes, o tecido pulpar foi
removido dos condutos com limas endodônticas de aço inoxidável, mediante
irrigação abundante com uma solução de hipoclorito de sódio (Solução de Milton
1%), sendo armazenados a seguir em uma nova solução de timol (Figura 1C).
A B C
Figura 1 – Seccionamento do dente bovino com disco diamantado dupla face na
medida inicial (A), conferindo posteriormente o comprimento das raízes obtidas com
um paquímetro (B), armazenada-as em solução de timol após a limpeza (C).
Para que houvesse uma uniformidade maior entre os dentes a serem
utilizados como corpos-de-prova, as raízes foram selecionadas em função do
diâmetro, para que houvesse uma quantidade de dentina remanescente equivalente
38
nas paredes radiculares. Com um paquímetro foram conferidos e anotados os
diâmetros no sentido vestíbulo-lingual (V-L) e mésio-distal (M-D) de cada uma das
150 raízes (Figuras 2A e 2B). A partir da fórmula abaixo foi determinado um diâmetro
médio individual para cada raiz, e com base no diâmetro médio geral obtido entre
todas as raízes, foram selecionadas as 40 raízes cujos valores eram iguais ou
próximos à média geral, considerando-se uma variação máxima de ± 0,25 mm:
Diâmetro Médio Individual = (V-L) + (M-D)
2
Selecionadas as 40 raízes, estas foram separadas aleatoriamente em 4
grupos de 10, sendo que 30 delas tiveram seus comprimentos corrigidos para 15mm
por meio do mesmo método de seccionamento descrito anteriormente, sendo que 10
delas permaneceram com os 20mm iniciais. As 30 raízes com altura de 15mm
formaram os grupos 1, 2 e 3, e as 10 raízes com 20mm de altura formaram o grupo
4, considerando os diferentes materiais de preenchimento utilizados.
A B
Figura 2 – Verificação do diâmetro vestíbulo-lingual (A) e mésio-distal (B) das raízes
previamente selecionadas.
4.2.2 Preparo radicular
Para iniciar a preparação dos condutos, as raízes dos grupos 1, 2, e 3 tiveram
o terço apical e médio tamponados com guta-percha aquecida diretamente sobre a
39
chama de uma lamparina a álcool, e condensada com o auxílio de um calcador para
endodontia, a fim de simular uma obturação endodôntica.
A seguir foi efetuado o preparo radicular, alternando-se um ponta diamantada
tronco-cônica de extremidade arredondada nº 4138 em alta rotação sob irrigação
constante, com as brocas de Largo em baixa rotação, a fim de se obter um conduto
com paredes circundantes regulares e expulsivas no sentido cervical, até que se
determinasse um diâmetro de 3,5 mm na região cervical das raízes, considerando a
medida do conduto no sentido vestíbulo-lingual (Figura 3A).
Com relação à profundidade do preparo, foi considerada a relação de 2/3 do
comprimento da raiz, estabelecendo-se assim uma profundidade de 10 mm para o
preparo radicular dos dentes dos grupos 1, 2 e 3, conforme demonstrado na
radiografia periapical de uma das raízes preparadas (Figura 3B).
A B
Figura 3 – Finalização do preparo radicular com broca de Largo (A) e a imagem
radiográfica de uma raiz preparada destacando-se o selamento apical de 5 mm
obtido em gutapercha (B).
As raízes do grupo 4, tiveram seus condutos radiculares preenchidos com
gutapercha em uma profundidade de 15mm, da mesma forma que demonstrado
anteriormente para os demais grupos, permanecendo abertos os 5mm finais para a
adequação posterior do contorno coronário.
40
Após esta etapa prévia, os dentes passaram a ser armazenados em água
destilada em quatro recipientes diferentes, devidamente identificados a partir de
então.
4.2.3 Preparo dos corpos-de-prova
Para se definir um grupo padrão inicialmente, foi selecionado um dos grupos
de 10 raízes com 15mm de altura, o qual passou a ser denominado de Grupo COR
(“Reforcore”). Todas as raízes deste grupo receberam um pino de fibra de vidro
principal nº 3 (Reforpost, Angelus) e pinos de fibra de vidro acessórios de nº 1, 2 e 3
(Reforpin, Angelus), além de um núcleo coronário pré-fabricado em fibra de vidro
para dentes anteriores tamanho grande (Reforcore, Angelus).
Para a cimentação dos pinos foi escolhido um cimento resinoso auto-adesivo
em cápsulas (Rely X Unicem, 3M Espe), e para a fixação do núcleo de
preenchimento coronário ao pino principal foi selecionada uma resina composta de
nanopartículas (Filtek Z350, 3M Espe). Todos os procedimentos descritos a seguir,
foram realizados com base nas instruções dos fabricantes.
Inicialmente os pinos e o núcleo de fibra de vidro tiveram suas superfícies
limpas com uma gaze embebida com álcool etílico a 70%, e logo após foi aplicada
uma camada de agente de ligação silano, sendo reservados sobre uma placa de
vidro. Passado 1 minuto, foi aplicado um agente adesivo (Single Bond, 3M Espe)
somente nas superfícies externa e interna dos núcleos de preenchimento, as quais
foram devidamente fotoativadas.
As paredes intra-radiculares das raízes foram irrigadas com solução de Milton,
lavando-as imediatamente após com água corrente. O excesso de água foi então
41
removido com cones de papel absorvente, com o cuidado de não promover o
ressecamento das paredes dentinárias. A seguir foi manipulada mecanicamente uma
porção do cimento auto-adesivo e com um dispensador próprio, o conteúdo de
cimento necessário foi aplicado no interior do conduto.
Imediatamente foi inserido e posicionado no centro do conduto o pino de fibra
de vidro principal, com a ajuda de uma pinça clínica. Ao seu redor foi inserido no
sentido vestibular o pino de fibra de vidro acessório nº 3, e no sentido oposto foram
inseridos os pinos de fibra de vidro acessórios de nº 1 e 2. Verificado o correto
posicionamento dos pinos, foi removido todo o excesso do cimento previamente à
fotoativação do cimento.
Após a polimerização do cimento resinoso, em torno de 5 minutos, os pinos
de fibra de vidro acessórios foram seccionados na altura do topo do preparo
radicular, por meio de uma ponta diamantada (4138) em alta rotação sob
refrigeração constante. A superfície exposta dos pinos foram condicionadas com
ácido fosfórico a 35% por 15 segundos e lavados com água corrente, procedimento
este realizado para remover impurezas provenientes do seccionamento dos pinos.
Sobre os pinos expostos foi aplicada uma nova camada de agente de
silanização, e sobre este uma camada de adesivo (Single Bond, 3M Espe)
fotoativada por 20 segundos. Neste momento tomou-se o núcleo coronário em fibra
de vidro já preparado, preenchendo seu orifício central com a citada resina
composta, inserindo-se o conjunto através do pino de fibra principal, o qual
apresentava ainda o seu comprimento total (20mm). Obtido o assentamento da base
do núcleo pré-fabricado no topo da raiz, complementou-se as eventuais falhas com a
resina composta, e em caso contrário, removeu-se os excessos de resina para que
se efetuasse a fotoativação da resina composta.
42
Para finalizar, a altura do pino de fibra de vidro principal foi corrigida em 5
mm, por meio de uma ponta diamantada em alta rotação (4138) com irrigação
abundante. Ao seccionar o pino de fibra de vidro, fez-se coincidir seu extremo com a
porção incisal do núcleo pré-fabricado de fibra de vidro, resultando numa altura da
porção coronária de 5mm, a contar da margem cervical do preparo.
Para se eliminar qualquer solução de continuidade na superfície do pino ou do
núcleo pré-fabricado, todo o conjunto recebeu um novo condicionamento ácido por
15 segundos (ácido fosfórico a 35%), seguido da aplicação de uma camada de
agente adesivo (Single Bond, 3M Espe) e da fotoativação final. Segundo o fabricante
este procedimento tem por finalidade promover uma impermeabilização, evitando a
presença de fibras de vidro expostas indesejáveis na superfície externa do núcleo.
O grupo 2, composto por 10 raízes com 15 mm de altura, passou a ser
denominado de Grupo PIN (“Reforpin”), pois os corpos-de-prova foram constituídos
por um pino de fibra de vidro principal de nº 3 (Reforpost, Angelus) e por pinos de
fibra de vidro acessórios de nº 1, 2 e 3 (Reforpin, Angelus), semelhantes ao grupo
anterior (Figura 4). A porção coronária entretanto, foi reconstituída com uma resina
composta de nanopartículas (Filtek Z350, 3M Espe).
Figura 4 – Imagem dos pinos de fibra de vidro principal e acessórios (A) antes da
prova e cimentação nas raízes preparadas (B e C).
43
A fim de preservar a relação coronária entre os grupos, com base na altura,
inclinação e contorno da porção coronária do preparo, foi confeccionada uma matriz
de material termoplastificável em um aparelho plastificador por sucção, utilizando
como referência um corpo-de-prova do grupo COR.
Após os procedimentos de preparo dos pinos, preparo das paredes intra-
radiculares e cimentação dos pinos propriamente dita, a porção interna da matriz foi
preenchida com resina composta fotopolimerizável de nanopartículas, que uma vez
levada em posição e fotoativada por 20 segundos em cada face, reproduziu em
detalhes a porção coronária pré-estabelecida.
Tomando-se o grupo 3 com os últimos dentes com 15mm da altura, que foi
denominado a partir de então de Grupo IND (“Indireto”), foi incluído um núcleo
indireto de fibra de vidro. As raízes deste grupo foram enviadas a um laboratório de
prótese dentária para a obtenção dos núcleos, seguindo a técnica descrita a seguir.
Diretamente sobre o conduto preparado e isolado com vaselina sólida, foi
confeccionado um padrão em resina acrílica (Duralay) adaptado diretamente às
paredes intra-radiculares. Após a polimerização da resina acrílica, o padrão obtido
foi envolto por cola quente, obtendo-se uma réplica das paredes internas do
conduto.
Neste momento foram incluídos feixes unidirecionais de fibras de vidro (Fibrex
Medial, Sistema Flexi-Lab, Angelus) impregnadas com uma resina composta sem
carga (Adesivo C, Sistema Flexi-Lab, Angelus), e com o auxílio de um pino acessório
de fibra de vidro (Reforpin, Angelus) posicionado de maneira centralizada, procedeu-
se à compactação das fibras de maneira a produzir uma estrutura o mais uniforme
possível. Uma vez adaptada toda esta estrutura às paredes internas do molde,
procedeu-se à fotoativação por 5 minutos através da parede transparente do molde.
44
Após a obtenção da porção radicular dos núcleos, uma segunda matriz foi
obtida em silicona de condensação, correspondente à porção coronária reproduzida
de um dos corpos-de-prova do grupo COR.
Uma vez polimerizada a silicona de condensação, esta foi removida do corpo-
de-prova padrão, e foi preenchida com uma fina camada de resina composta sem
carga (Adesivo C, Sistema Flexi-Lab, Angelus), reproduzindo a mesma situação
utilizada na conformação da porção intra-radicular. Uma vez inserida a matriz em
silicona e comprimida de encontro à base do preparo, removeu-se cautelosamente a
matriz para uma verificação quanto à necessidade de remoção ou acréscimo de
mais material. Uma vez corrigidas as eventuais deficiências, procedeu-se à
fotoativação da estrutura.
Obtidos um a um os núcleos indiretos, estes foram provados e ajustados por
meio de carbono líquido às suas raízes correspondentes com os preparos originais,
recebendo a seguir uma camada de resina fluida (Adesivo F, Sistema Flexi-Lab,
Angelus), formando uma cobertura externa que promoveria a adesão adequada do
núcleo ao cimento resinoso adesivo utilizado para posterior fixação.
Neste momento, as raízes do grupo 4 tiveram as paredes intra-radiculares da
porção coronária remanescente condicionadas com ácido fosfórico a 35% por 15
segundos, removido a seguir com jatos de água, cujo excesso foi removido com
pontas de papel absorvente.
Após a aplicação de um agente adesivo (Single Bond, 3M Espe) e sua
fotoativação por 20 segundos, preencheu-se o espaço remanescente com
incrementos de resina composta fotopolimerizável de nanopartículas (Filtek Z350 –
3M Espe), polimerizada de acordo com as instruções do fabricante.
45
Obteve-se uma segunda matriz coronária de material termoplastificável em
um aparelho plastificador por sucção, semelhante à obtida durante a confecção dos
corpos-de-prova do grupo PIN, utilizando como referência um corpo-de-prova do
grupo COR, reproduzindo o contorno da porção oclusal de um corpo-de-prova do
Grupo COR.
Com uma ponta diamantada 4138 e outra 3118, acionadas em alta rotação
sob irrigação constante, procedeu-se ao desgaste das paredes axiais da porção
coronária e da inclinação da parede palatina respectivamente, buscando-se uma
conformação próxima ao do contorno original, conferindo-se as suas proporções por
meio da matriz guia. Ao final dos preparos, a porção coronária destes grupos
permaneceu com os 5mm correspondentes à altura dos demais grupos, sendo esta
estrutura constituída basicamente de dentina e resina composta obliterando a
entrada do canal. Os 10 corpos-de-prova assim obtidos resultaram no Grupo DEN
(“Dentina”). A constituição final dos grupos e seus respectivos materiais
restauradores estão representados na tabela 1.
TABELA 1 – Grupos experimentais e os respectivos materiais restauradores.
Grupo Materiais restauradores
COR
Pino de fibra de vidro principal e acessórios, cimentados com
cimento resinoso e núcleo coronário pré-fabricado em fibra de
vidro
PIN
Pino de fibra de vidro principal e acessórios, cimentados com
cimento resinoso e núcleo coronário em resina composta
IND
Núcleo indireto de fibra de vidro unidirecional impregnada
com resina composta
DEN
Acesso radicular preenchido com resina composta e preparo
coronário efetuado sobre dentina remanescente
46
4.2.4 Inclusão dos corpos-de-prova
Obtidos todos os corpos-de-prova, providenciou-se uma inclusão padronizada
de cada deles em resina de poliestireno, a fim de obter-se uma posição única
durante o teste de compressão tangencial previsto para a avaliação da resistência à
fratura das raízes.
Porém antes da inclusão, todas as raízes foram demarcadas a lápis a 3mm
do limite cervical em direção apical, distância esta que corresponderia ao espaço
biológico, verificado em condições clínicas normais num dente natural.
A seguir providenciou-se uma perfuração no centro de películas de radiografia
periapical, com o diâmetro compatível com diâmetro médio das raízes. As raízes
foram então posicionadas no interior desta perfuração, uma a uma, com a porção
incisal voltada para baixo, inseridas até a demarcação dos 3mm, definindo a área
restante para receber a cobertura de resina durante a inclusão. Para evitar qualquer
movimentação da raiz e proporcionar um vedamento adequado, utilizou-se cera nº 7
plastificada no contorno de todas as raízes.
A seguir, os conjuntos dente/película radiográfica foram posicionados
individualmente sobre perfurações produzidas ao longo de um dispositivo de
madeira, o qual foi revestido com uma camada de papel alumínio, como forma de
isolamento. Em cada perfuração foi posicionada a porção coronária de um corpo-de-
prova, deixando à mostra o restante da superfície radicular.
Foram obtidos 40 anéis de PVC (cloreto de polivinila) com 2,1cm de diâmetro
interno e 2,0cm de altura, os quais foram colocados sobre cada película radiográfica,
de modo que as raízes estivessem centralizadas em seu interior (Figura 5A). O
encontro das margens externas destes anéis com a película radiográfica foi vedado
com cera nº 7 plastificada, e só então a resina de poliestireno foi vertida no seu
47
interior, após a manipulação segundo as instruções do fabricante (Figura 5B). Após
um período de 24 horas, os cilindros foram separados do dispositivo de madeira, e
os excessos de cera e resina que por ventura permaneceram aderidos ao conjunto
foram removidos, juntamente com as películas radiográficas.
A B
Figura 5 – Dispositivo de madeira com os corpos-de-prova posicionados nos
cilindros de PVC antes (A) e durante o preenchimento com resina de poliestireno (B).
4.2.5 Teste de compressão tangencial
A fim de reproduzir a posição natural de um dente ântero-superior, foi
confeccionado um dispositivo especial em aço inox para ser aclopado à base da
máquina de ensaio universal, para que pudesse receber os conjuntos obtidos da
inclusão dos corpos-de-prova nos cilindros de PVC, numa angulação de 135º com
relação ao plano horizontal.
Tal dispositivo foi desenhado com 5,0cm de altura, 4,0cm de largura e 4,0cm
de profundidade, contendo um plano inclinado de 45º em relação à sua base,
recebendo no centro deste plano uma cavidade cilíndrica com 2,0cm de
profundidade por 2,1cm de diâmetro, para o posicionamento e fixação dos corpos-
de-prova.
48
O dispositivo podia ser deslocado em qualquer sentido no plano horizontal, o
que facilitava o posicionamento e a centralização do corpo-de-prova com relação à
ponta ativa da máquina de ensaio universal (Figura 6A). O ensaio de resistência à
fratura foi realizado a uma velocidade de 0,5mm/min com uma célula de carga de
200 Kgf, registrando-se automaticamente no software de leitura e interpretação de
dados do sistema, a carga máxima no momento da primeira fratura (Figura 6B).
A
B
Figura 6 – Dispositivo em aço inox para o posicionamento dos corpos de prova na
base da máquina de ensaio universal (A) durante o ensaio de resistência à fratura
(B).
4.2.6 Avaliação dos padrões das fraturas resultantes
Após a leitura de todos os ensaios de compressão tangencial, as raízes foram
removidas da base de resina e uma a uma as raízes foram examinadas visualmente
(Figura 7A e 7B), a fim de que se identificasse o local e a severidade do padrão das
fraturas, classificando-as como sugerido por Heydecke (2001), conforme ilustrado na
Figura 8, classificando as fraturas no terço coronário, no terço cervical, ou no terço
médio da raiz. Segundo o autor, as fraturas localizadas na porção coronária seriam
aquelas possíveis de recuperação, enquanto as demais seriam consideradas de
difícil recuperação ou catastróficas.
49
A B
Figura 7 – Exemplo do padrão de fratura da porção coronária (A) e da porção
cervical (B), passíveis de recuperação.
Figura 8 - Esquema adaptado de Heydecke (2001), onde se considera as fraturas
como catastróficas ou recuperáveis, considerando-as abaixo ou acima do terço
cervical respectivamente, para cada grupo avaliado.
4.2.7 Procedimentos estatísticos para a análise dos dados
Os dados relativos à resistência a fratura em Kgf, foram dispostos em uma
tabela, elaborando-se a seguir uma análise descritiva das medidas básicas, desvios
padrões e coeficientes de variação, a fim de verificar o comportamento mecânico
dos grupos em questão.
DEN INDPINCOR
Fraturas catastróficas
Fraturas recuperáveis
50
Considerando-se a severidade dos danos causados pelo ensaio de
resistência à fratura, optou-se por uma análise não paramétrica numa segunda
etapa, para verificar as diferenças de freqüências no padrão de fraturas entre os
grupos.
51
5 RESULTADOS
A pesquisa procurou avaliar a resistência à fratura das raízes mediante a
utilização de um método laboratorial. Inicialmente os dados obtidos foram
apresentados com base na carga necessária para que ocorresse uma fratura,
considerando os 4 grupos experimentais, conforme demonstra a tabela 2.
Tabela 2 – Força em Kgf necessária para provocar a fratura dos 10 dentes dos
grupos experimentais com a identificação do local correspondente
Grupo COR PIN IND DEN
CP Kgf
fratura
Kgf
fratura
Kgf
fratura
Kgf
Fratur
a
1
47,95 CERV 67,60 CORO 32,55 CORO 31,55 CERV
2
52,10 CORO 58,55 CORO 51,85 CORO 37,60 CORO
3
52,80 CORO 55,25 CERV 55,70 CORO 36,10 CERV
4
72,55 CERV 57,75 CORO 83,25 CORO 39,45 CERV
5
43,95 CORO 48,80 CERV 35,45 CORO 24,55 CERV
6
39,50 CORO 55,65 CORO 62,30 CORO 41,60 CERV
7
54,90 CORO 30,20 CORO 34,25 CORO 37,80 CERV
8
37,05 CORO 53,55 CORO 41,25 CORO 41,45 CERV
9
67,95 CERV 48,50 CORO 43,25 CORO 30,20 CERV
10
39,45 CORO 33,95 CORO 42,05 CORO 35,45 CERV
Média 50,20 ----- 50,40 ----- 47,80 ----- 35,10 -----
A partir destes dados, foi efetuada uma análise de variância (ANOVA) a fim
de detectar a existência de diferenças significativas entre os grupos, e a seguir
52
procedeu-se a uma análise descritiva, avaliando-se as medidas básicas médias,
desvios padrões e coeficientes de variação assimétrica. Conforme os resultados
apresentados na tabela 3, demonstrou-se uma diferença significativa (p<0,05) entre
o grupo DEN e os grupos PIN e COR, não demonstrando diferenças significantes
entre o grupo IND e os demais.
Tabela 3 – Análise de variância dos 4 grupos experimentais com as respectivas
estatísticas básicas
FONTES DE VARIAÇÃO GL SQ QM
Tratamentos 3 15.9 e+02 529.958
Erro 36 48.9 e+02 135.847
F = 3.9011
(p) = 0.0162
Média (Coluna 1) = 50.2
Média (Coluna 2) = 50.4
Média (Coluna 3) = 47.8
Média (Coluna 4) = 35.1
Tukey: Diferença Q (p)
Médias ( 1 a 2) = 0.2 0.0543 ns
Médias ( 1 a 3) = 2.4 0.6512 ns
Médias ( 1 a 4) = 15.1 4.0969 < 0.05
Médias ( 2 a 3) = 2.6 0.7054 ns
Médias ( 2 a 4) = 15.3 4.1511 < 0.05
Médias ( 3 a 4) = 12.7 3.4457 Ns
Em função de alguns valores de força obtidos apresentarem valores bem
diferentes, fato este que poderia ter violado os pressupostos da ANOVA, aplicou-se
um teste não paramétrico que contemplasse estas variâncias nas forças, para
assegurar a credibilidade dos resultados. Esta segunda análise foi realizada com o
teste Kruskal-Wallis, que como demonstram os resultados da tabela 4, confirmaram
os resultados anteriores, demonstrando as mesmas diferenças significativas.
53
Tabela 4 – Análise de Kruskal-Wallis
Resultados
H = 11.3283
Graus de liberdade = 3
(p) Kruskal-Wallis = 0.0101
R 1 = 248
R 2 = 257
R 3 = 214
R 4 = 101
R 1 (posto médio) = 24.8
R 2 (posto médio) = 25.7
R 3 (posto médio) = 21.4
R 4 (posto médio) = 10.1
Comparações
(método de Dunn) Dif. Postos z calculado z crítico P
Postos médios 1 e 2 0.9 0.1721 2.635 Ns
Postos médios 1 e 3 3.4 0.6503 2.635 Ns
Postos médios 1 e 4 14.7 2.8117 2.635 < 0.05
Postos médios 2 e 3 4.3 0.8225 2.635 Ns
Postos médios 2 e 4 15.6 2.9839 2.635 < 0.05
Postos médios 3 e 4 11.3 2.1614 2.635 Ns
Observa-se pelas análises que existem diferenças estatísticas ao nível de
p<0,05 entre os grupos DEN e PIN, e DEN e COR. O teste não-paramétrico de
Kruskal-Wallis está em concordância com o ANOVA, confirmando as mesmas
diferenças apontadas anteriormente.
A análise descritiva dos dados demonstrados pela tabela 5, mostrou que o
grupo DEN também apresenta as medidas de variabilidade menores que os demais
grupos, e por sua vez o grupo IND apresenta uma maior variabilidade com relação
aos valores de resistência apresentados, o que é observável pela variância de
245,51 e pela assimetria forte para a direita de 1,35. Ainda na tabela 5 verifica-se
uma maior homogeneidade no valor de resistência do grupo DEN, enquanto para os
grupos PIN e COR verifica-se um comportamento muito similar, visto os resultados
54
nas variâncias de força de 128,49 e 140,62, e nas suas médias de 50,4 e 50,2 Kgf
respectivamente.
Tabela 5 – Análise descritiva dos dados referente aos quatro grupos estudados
DEN PIN COR IND
Tamanho da amostra = 10 10 10 10
Mínimo 24 30 37 32
Máximo 41 67 72 83
Amplitude Total 17 37 35 51
Mediana 36.5 54 49.5 42.5
Primeiro Quartil (25%) 32 48 40 36.5
Terceiro Quartil (75%) 38.5 56.5 53.5 54
Desvio Interquartílico 6.5 8.5 13.5 17.5
Média Aritmética 35.1 50.4 50.2 47.8
Variância 28.7667 128.4889 140.6222 245.5111
Desvio Padrão 5.3635 11.3353 11.8584 15.6688
Erro Padrão 1.6961 3.5845 3.75 4.9549
Coeficiente de Variação 15.28% 22.49% 23.62% 32.78%
Assimetria (g1) -0.9764 -0.7889 0.804 1.3573
Curtose (g2) 0.6247 0.2484 -0.2515 1.8449
Média Harmônica = 34.2369 47.5635 47.9304 44.1198
N (média harmônica) = 10 10 10 10
Média Geométrica = 34.6905 49.0738 49.0197 45.81
N (média geométrica) = 10 10 10 10
Variância (geom.) = 1.0121 1.0284 1.0227 1.0395
Desvio Padrão (geom.) =
1.1809 1.2889 1.255 1.3483
Para a avaliação quanto ao padrão de fraturas ocorridas entre os grupos,
utilizou-se de um teste de qui-quadrado particionado por meio das freqüências dos
locais de fratura (tabela 6), considerando-se os terços oclusal, cervical e médio, em
função do comprometimento da estrutura dentária.
Conforme demonstra a figura 9, com as pontas analisadoras do paquímetro
posicionadas no limite apical e no limite inferior do traço de fratura, foi obtida uma
dimensão referencial, tendo em vista a definição do local da fratura. Se o traço final
da fratura estivesse no intervalo de 6 a 10mm, a fratura estaria localizada no terço
médio do corpo-de-prova, quando situada entre 11 e 15mm, a fratura estaria
55
localizada no terço cervical do corpo-de-prova, e quando situada entre 16 e 20mm, a
fratura estaria localizada no terço oclusal do corpo-de-prova.
Figura 9 – Determinação do limite da fratura (mm) com relação à distância do ápice
radicular
Tabela 6 – Freqüências observadas nos quatro grupos com relação aos locais de
fratura
Local de fratura DEN PIN COR IND
Terço coronário
1 8 7 10
Terço cervical
9 2 3 0
TERÇO CERVICAL
TERÇO MÉDIO
TERÇO OCLUSAL
TERÇO APICAL
56
Os resultados do qui-quadrado mostraram que existem diferenças
ignific
com os locais e quantidades de fraturas correspondentes está
o teste de Qui-quadrado partição LxC
s ativas nos locais de fratura e os grupos de dentes χ cal= 19,78 é bem maior
que χ tab = 9,49 com p = 0,002 (tabela 7), localizando as diferenças significativas
entre as freqüências 2:2 e 2:4, enquanto as freqüências de 2:3 são semelhantes,
pois a relação 8/2 e 7/3 embora numericamente diferentes, não o são
estatisticamente.
O esquema
demonstrado esquematicamente na figura 10, enquanto as figuras de 11 a 14
mostram o local de fratura de cada corpo-de-prova dos grupos COR, PIN, IND e
DEN respectivamente.
Tabela 7 – Resultados d
Lin : Col Qui-Quadrado GL (p)
Partição 1 2 : 2 10.7692 1 0.0010
Partição 2 2 : 3 1.8315 1 1760 0.
Partição 3 2 : 4 7.1795 1 0.0074
Geral Tabela 19.7802 3 0.0002
base em Heydecke (2001).
Figura 10 – Representação gráfica e numérica das leituras dos padrões de fratura
DEN INDPINCOR
Fraturas catastróficas
Fraturas recuperáveis
3
2
9
7
8
10
1
observados em cada grupo, considerando-as catastróficas ou recuperáveis, com
57
A B
Figura 11 – Visualização dos locais de fratura nos corpos-de-prova do grupo COR
C D
E F
G H
I J
58
Figura 12 – Visualização dos locais de fratura nos corpos-de-prova do grupo PIN
A B
C D
E F
G H
I J
59
Figura 13 – Visualização dos locais de fratura nos corpos-de-prova do grupo IND
A B
C D
E F
G H
I J
60
Figura 14 – Visualização dos locais de fratura nos corpos-de-prova do grupo DEN
A B
C D
E F
G H
I J
6 DISCUSSÃO
No presente trabalho foi avaliada a resistência à fratura de pinos intra-
radiculares por meio de um teste mecânico de compressão tangencial. Analisando
os resultados da tabela 2, pode-se calcular uma resistência à fratura média de 46,38
Kgf considerando-se todos os grupos (COR, PIN, IND e DEN), ou de 49,46 Kgf
desconsiderando-se o grupo controle (DEN).
Com relação à resistência mecânica ao menos, a literatura é unânime em
afirmar que os pinos pré-fabricados de uma maneira geral constituem uma
alternativa viável aos núcleos metálicos fundidos, pois os resultados demonstram
que na maioria das situações clínicas simuladas, a resistência alcançada com os
sistemas em questão, vai além das necessidades clínicas dos pacientes (Martinez-
Insua et al., 1998; Akkayan e Gulmez, 2002; Heydecke et al., 2002; Newman et al.,
2003; Fokkinga et al., 2004 e Martelli Jr, 2006).
Com relação ao aspecto funcional dos pinos, autores como Morgano (1996),
Manocci et al. (1999), Heydecke et al. (2001), Kishen e Asundi (2002), e Marchi et al.
(2003) admitem que a utilização de pinos intra-radiculares tem por objetivo único
promover a retenção necessária para a restauração coronária quando não existe
uma quantidade de estrutura dental remanescente.
Entretanto, fica evidente que a inclusão de pinos de fibra de vidro nos grupos
COR, PIN e IND, em comparação com o grupo DEN, proporcionou um reforço na
estrutura dental remanescente, especialmente se for considerado o fato de que os
primeiros grupos em relação ao último, tiveram as paredes dentinárias desgastadas
em excesso, a fim de simular dentes com condutos extremamente alargados e
comprometidos. Este ponto de vista é defendido por Deutsch et al (1983), Lui (1987),
Lui (1994), Saupe et al. (1996) e Newman et al.(2003). Manocci et al. (1999)
62
utilizando o mesmo grupo controle que o presente trabalho, verificaram a
necessidade de um suporte radicular para o material do núcleo coronário quando
toda a estrutura coronária do dente tratado endodonticamente estiver perdida. Os
autores também relataram que nas condições estudadas, os pinos de fibra tornaram
mínimo o risco de fraturas radiculares.
Outro fator relevante quanto aos resultados observados é o fato de que o
comportamento biomecânico entre todos os grupos analisados modificou-se à
medida que as fibras de vidro foram incorporadas como parte do sistema
restaurador, assim como observado por Martelli Jr. (2006).
Analisando o padrão de fratura como forma de avaliação do aspecto
biomecânico (tabela 2), pode-se considerar que as fraturas coronárias ou aquelas
próximas à crista marginal óssea, as quais possibilitam a recuperação da porção
radicular por meio de um tracionamento ou aumento de coroa clínica, podem ser
consideradas favoráveis. Ao contrário, aquelas fraturas da porção medial da raiz, no
sentido vertical em direção ao ápice radicular, podem ser consideradas catastróficas,
visto que a única solução clínica viável seria a exodontia do elemento dental
comprometido (Asmussen et al., 1999; Heydecke et al., 2001).
Enquanto o grupo DEN recebia somente uma restauração em resina
composta no local correspondente ao acesso coronário para os condutos, verificou-
se na maioria dos corpos-de-prova (90%) um padrão de fratura (tabela 2) onde a
porção ocluso-palatina dos dentes permanecia inalterada, enquanto a porção
vestibular exibia uma fratura no sentido ocluso-cervical, terminando próximo ao
suporte ósseo vestibular. Segundo Melo et al. (2005), este aspecto característico
ocorre quando a força ultrapassa o limite proporcional da estrutura dentária
remanescente, dando início a um traço de fratura em princípio do lado palatino, onde
63
as estruturas estão sobre uma força de tração. Desta forma a linha de fratura pode
se propagar transversalmente do local onde a força é aplicada até o osso suporte na
altura da crista óssea oposta.
Nos grupos COR, PIN e IND, a maioria das fraturas localizaram-se na porção
coronária (70%, 80% e 100% respectivamente), o que torna nítido o fato de que os
pinos intra-canais de fibra de vidro proporcionaram uma distribuição melhor das
tensões geradas pela simulação mecânica, como afirmam Martinez-Insua et al.
(1998) e Asmussen et al. (1999), ao relatarem que a diminuição do risco de fratura
de um dente tratado endodonticamente pode ser conseguido pela utilização de um
material de preenchimento intra-radicular que combinasse um alto poder elástico
com uma resistência mecânica adequada, como a fibra de carbono e de vidro
respectivamente.
Mesmo com a utilização das fibras de vidro, Pierrisnard (2002) afirma por
meio de um modelo experimental com elementos finitos, que a maior área de
concentração de tensões se localiza na região cervical, como nas situações
experimentais criadas pelos grupos citados anteriormente. Ainda assim, os
resultados do presente trabalho estão em conformidade com os trabalhos de
Akkayan e Gulmez (2002), Maccari et al. (2003) e Martelli Jr. (2006), onde a maioria
das fraturas detectadas nos corpos-de-prova restaurados com fibras eram passíveis
de recuperação.
O aumento dos valores de resistência verificados nos grupos COR, PIN e IND
comparativamente ao grupo DEN, deve-se provavelmente em parte à utilização da
fibra de vidro, a qual apresenta um módulo de elasticidade bem próximo ao da
dentina (Duret et al., 1996), que teria a capacidade de distribuir o estresse sobre
uma superfície mais ampla, aumentando o limiar a partir do qual o material
64
começaria a produzir microfraturas (Boschian et al., 2002). Entretanto, houve apenas
diferença estatística significante dos grupos PIN e COR com relação ao grupo DEN,
enquanto o grupo IND não apresentou tal diferença (tabela 3 e 4).
Tal comportamento foi verificado por Sirimai (1999), que observou com a
inclusão de núcleos de fibra de polietileno à semelhança dos núcleos do grupo DEN
em fibra de vidro, houve uma diminuição da incidência das fraturas verticais, mesmo
suportando as menores cargas comparativamente, ao contrário do observado por
Newman et al (2003) que observando a utilização de núcleos de fibra de polietileno
especificamente em dentes com canais alargados, obteve uma resistência à fratura
maior e estatisticamente significante. Semelhante ao presente trabalho, neste último
não foram observadas fraturas radiculares.
Observa-se ainda pelos dados da tabela 5 que existe uma equivalência de
resistência média à fratura entre os grupos COR e PIN, com 50,2 e 50,4 Kgf
respectivamente. Este fato pode ser explicado em função da composição e
proporção muito próxima de fibras de vidro entre os materiais utilizados. Segundo o
fabricante os pinos de fibra de vidro tem 70% de fibra de vidro, enquanto o núcleo
pré-fabricado tem 80% de fibras, ambos aglutinados por uma resina epóxi.
Segundo Scotti e Ferrari (2003), a alta densidade de fibras, a ausência de
defeitos internos e a força de ligação entre as fibras e a matriz, são os elementos
que podem aumentar notavelmente a resistência estática e dinâmica dos pinos,
efeito este que determinou uma efetividade relativamente menor para os corpos-de-
prova no grupo IND, onde a fibra de vidro utilizada necessita de aglutinação imediata
à confecção do núcleo de preenchimento, quando se utiliza uma resina composta
sem carga com base na técnica descrita no presente trabalho. Este fato
proporcionaria falhas na união entre as fibras, caracterizando uma resistência final
65
menor, em especial na porção coronária, onde não existe a presença de um pino.
Ainda assim, os resultados da tabela 5 demonstram uma maior homogeneidade no
valor de resistência do grupo DEN, sugerindo um controle satisfatório na execução
da técnica de confecção adotada na obtenção dos núcleos indiretos.
Com relação ao local das fraturas especificamente, os resultados das tabelas
6 e 7 demonstram haver diferenças estatísticas significantes entre o grupo IND e os
demais, diferença esta que pode ser justificada pela técnica adotada, onde a
confecção do núcleos indiretos proporciona uma menor linha de cimentação, que de
acordo com Alster (1997) e Marchi et al. (2003) a inclusão de um agente de
cimentação não seria o meio mais apropriado para o preenchimento dos canais
radiculares alargados, fato este que acontece quando se preenche o espaço
remanescente ao redor dos pinos nos grupos COR e PIN.
Esta tendência pode ainda ser confirmada por Newman et al. (2003), onde
foram utilizados dentes com canais alargados restaurados mediante a utilização de
fibras de polietileno associadas às resinas compostas, comparativamente aos pinos
de fibra de vidro. Verificaram que quanto maior a quantidade de fibras no material de
preenchimento intra-radicular, melhor o comportamento biomecânico, justificando os
100% de fraturas coronárias nos corpos-de-prova do grupo IND, o que pode ser
observado pelo esquema da figura 9.
É interessante notar que a maior parte das fraturas coronárias ocorreu em
função da fratura dos materiais utilizados como núcleos de preenchimento,
semelhante ao que ocorreu com Cohen et al. (1999), onde 79% das amostras
apresentaram fratura do material de preenchimento. Segundo Martinez-Insua et al.
(1998), pelos resultados alcançados por seu trabalho comparando-se os tipos de
materiais de preenchimento e os locais de fratura decorrentes dos testes de
66
resistência, presumiram que a fratura de um pino de fibras evita a fratura do
remanescente dentário, assim como a fratura do preenchimento em resina.
Com relação ao melhor material de preenchimento para a confecção de
núcleos coronários em dentes anteriores, existe uma tendência em qualificar as
resinas compostas como o material mais indicado para o caso (Cho, 1999), embora
algumas limitações possam ser identificadas.
Tirado et al. (2001) relatou que em função da absorção de água após a
polimerização da resina composta haveria um alteração dimensional do núcleo de
preenchimento, ocasionando posterior desadaptação da coroa protética cimentada.
Mentik et al. (1995) apontam que dependendo da forma como as resinas compostas
são manipuladas, haverá a inclusão de bolhas no corpo e na superfície do núcleo de
preenchimento, o que poderá resultar em diminuição das propriedades mecânicas
da material, apesar de Monticelli et al. (2005) afirmar que tais problemas podem ser
solucionados com a utilização de uma resina composta do tipo flow, que
proporcionaria uma melhor adaptação aos pinos pré-fabricados, além de diminuir a
inclusão de bolhas e a conseqüente diminuição de fraturas resultantes.
Outros autores como Hagge e Lindemuth (2001) afirmam que as propriedades
gerais da resina composta a qualificam como um bom material de preenchimento
coronário, mas uma eventual incompatibilidade entre os sistemas adesivos
simplificados e o modo de ativação das resinas compostas poderia comprometer a
sua integridade física, comprometendo o suporte da restauração coronária.
Com base na opinião de Aksornmang et al. (2004), a resina composta além
de apresentar propriedades mecânicas satisfatórias, apresenta um módulo de
elasticidade mais próximo das estruturas dentárias que outros materiais de escolha,
o que geraria uma maior estabilidade. Sob este aspecto a literatura é clara ao
67
afirmar que as fibras de vidro, por exemplo, possuem um módulo de elasticidade
mais próximo ainda. Neste caso, a indicação dos núcleos coronários pré-fabricados
de fibra de vidro podem se tornar uma alternativa aos núcleos de preenchimento de
resina composta, visto que com os resultados limitados do presente trabalho, o
material provou ter um comportamento biomecânico semelhante à resina composta.
Apesar dos resultados apresentados no presente trabalho, são necessárias
mais pesquisas com relação ao tema, a fim de atribuir de fato se a utilização dos
núcleos coronários de fibra de vidro constituir-se-ão em uma técnica promissora à
longo prazo.
68
7 CONCLUSÕES
Dentro dos limites do presente trabalho, pode-se concluir que:
1) a resistência à fratura foi afetada significativamente com a utilização dos pinos de
fibra de vidro, independentemente do material de preenchimento coronário utilizado,
2) o núcleo de preenchimento coronário em fibra de vidro demonstrou um
comportamento biomecânico equivalente ao da resina composta e
3) o padrão de fratura dos corpos-de-prova foi mais favorável com a utilização dos
pinos de fibra de vidro.
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