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Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais
Tese de doutorado
RESINAS COMPOSTAS FOTOATIVADAS: PROPRIEDADES MICRO E
MACROSCÓPICAS APÓS CURA E ARMAZENADAS EM MEIOS QUE SIMULAM
DIETA
Doutoranda: Betsy Kilian Martins Luiz
Orientador: Prof. Dr. Alfredo Tibúrcio Nunes Pires
Co-orientador: Prof. Dr. Luiz Henrique Maykot Prates
Florianópolis
2007
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RESINAS COMPOSTAS FOTOATIVADAS: PROPRIEDADES MICRO E
MACROSCÓPICAS APÓS CURA E ARMAZENADAS EM MEIOS QUE SIMULAM
DIETA
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Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais
RESINAS COMPOSTAS FOTOATIVADAS: PROPRIEDADES MICRO E
MACROSCÓPICAS APÓS CURA E ARMAZENADAS EM MEIOS QUE SIMULAM
DIETA
Betsy Kilian Martins Luiz
Tese de doutorado submetida ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de
Materiais da Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito para obtenção do título
de Doutor em Ciência e Engenharia de
Materiais, área de concentração em Polímeros
Florianópolis
2007
RESINAS COMPOSTAS FOTOATIVADAS: PROPRIEDADES MICRO E
MACROSCÓPICAS APÓS CURA E ARMAZENADAS EM MEIOS QUE SIMULAM
DIETA
Esta tese foi julgada e aprovada para obtenção do título de
Doutor em Ciência e Engenharia de Materiais no Programa de
Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da
Universidade Federal de Santa Catarina.
________________________________________________________
Prof. Dr. Alfredo Tibúrcio Nunes Pires – Orientador
________________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Henrique Maykot Prates – Co-orientador
________________________________________________________
Profa. Dra. Ana Maria Maliska – Coordenadora
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Prof. Dr. Guilherme Mariz de Oliveira Barra
______________________________________________________
Profa. Dra. Marly Antonia Maldaner Jacobi
_______________________________________________________
Prof. Dr. Rubens Nazareno Garcia
_______________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Carvalho Chain
_______________________________________________________
Prof. Dr. Pedro Luiz Barreto
Dedico este trabalho a meus familiares e amigos
que em todos os momentos
demonstraram carinho, amor e compreensão.
Em especial a Casimiro, Laura, Arlete,
Flávio, Lethicia e Julia.
“Quando você perder a esperança,
aprofunde o olhar nos olhos
de uma criança.”
(Araújo, M.C.M., 1998)
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS ...............................................................................................................I
ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................................... IV
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. V
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................VII
RESUMO.................................................................................................................................. X
ABSTRACT............................................................................................................................XII
1- INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 4
2.1- Resinas Compostas.............................................................................................................. 4
2.2- Composição Básica das Resinas Compostas ........................................................................ 6
2.3- O Processo de Reticulação................................................................................................... 9
2.4- Fontes de Luz (Fotoativadores).......................................................................................... 10
2.4.1- Quartzo Tungstênio Halógena......................................................................................... 10
2.4.2- Arco de Plasma .............................................................................................................. 12
2.4.3- LASER........................................................................................................................... 13
2.4.4- Diodo Emissor de Luz .................................................................................................... 13
2.5- Propriedades Físico-químicas ............................................................................................ 14
2.6- Hábitos Alimentares.......................................................................................................... 16
3- OBJETIVOS ........................................................................................................................ 19
3.1- Objetivo Geral................................................................................................................... 19
3.2- Objetivos Específicos ........................................................................................................ 19
4- MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................. 20
4.1- Materiais ........................................................................................................................... 20
4.2- Métodos ............................................................................................................................ 23
4.2.1- Espectroscopia Raman.................................................................................................... 23
4.2.2- Análise Termogravimétrica ............................................................................................ 23
4.2.3- Microscopia Eletrônica de Varredura.............................................................................. 23
4.2.4- Resistência Flexural........................................................................................................ 24
4.2.5- Nanoindentação.............................................................................................................. 26
4.2.6- Adsorção e Desorção de Nitrogênio à Superfície ............................................................ 28
4.2.7- Fluorescência Induzida por Laser Polarizado – Fluxo Induzido....................................... 29
4.2.8- Colorimetria ................................................................................................................... 33
5- RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................... 35
5.1- Espectroscopia Raman:...................................................................................................... 35
5.2- Termogravimetria.............................................................................................................. 39
5.3- Microscopia Eletrônica de Varredura................................................................................. 41
5.4- Resistência Flexural .......................................................................................................... 44
5.5- Fluorescência Induzida por Laser Polarizado – Fluxo Induzido.......................................... 46
5.6- Nanoindentação................................................................................................................. 49
5.6.1-Influência das bebidas sobre a estrutura dental:................................................................ 54
5.6.2- Efeito da rugosidade....................................................................................................... 56
5.7- Porosidade......................................................................................................................... 57
5.8- Colorimetria ...................................................................................................................... 60
6- CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 70
7- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 72
8- ANEXOS............................................................................................................................. 79
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Fórmula estrutural dos principais componentes das resinas compostas......................... 8
Figura 2. Dente preparado para o ensaio de dureza (nanoindentação) e imerso 168h em
refrigerante.............................................................................................................. 22
Figura 3. Molde de aço inox para o ensaio de resistência flexural ............................................. 25
Figura 4. Dispositivo utilizado para reticulação dos corpos-de-prova de resina composta. ........ 25
Figura 5. Molde de aço inox utilizado para obtenção dos corpos-de-prova nos ensaios de
nanoindentação e porosidade................................................................................... 27
Figura 6. Representação esquemática de uma indentação com uma ponta piramidal. ................ 28
Figura 7. Desenho esquemático da penetração em relação ao indentador e tipo de superfície: (a)
rugosa e (b) lisa....................................................................................................... 28
Figura 8. (A) Esquema do fluxo líquido para técnica de PLF-FI [Reproduzido com a permissão
do Journal of Colloid and Interface Science 281 (2005) p.201–208 [doi:10.1016 /
j.jcis.2004.08.085]. © Elsevier].. (B) Esquema experimental da fluorescência
induzida por laser polarizado dentro de fluxos líquido induzidos. CW laser, M
espelhos, L1, L2 lentes, P1, P2 Polarizador Glan-Thompson, PD1, PD2
fotodiodos, I – interface, PC - computador, FI – fluxo líquido, F- filtro colorido, BS –
colimador. [Reproduzido com permissão da Química Nova, 2005, 28(2), 227-339. ©
Sociedade Brasileira de Química]............................................................................ 31
Figura 9. Equipamento desenvolvido para a técnica PLF. ......................................................... 32
Figura 10. Porta amostras com a resina composta sob o fluxo de monoetilenoglicol e rodamina
para técnica PLF. .................................................................................................... 32
Figura 11. Confecção dos corpos-de-prova de resina composta para o ensaio de PLF. .............. 33
Figura 12. Parâmetros de verificação de cor L*, a* e b* - CIE - Lab......................................... 34
Figura 13. Espectro Raman do corpo-de-prova da Resina Charisma.......................................... 35
Figura 14. Espectro Raman da Resina Charisma antes e após o processo de cura...................... 36
Figura 15. Espectros Raman obtidos em diferentes profundidades do corpo-de-prova da resina
Charisma................................................................................................................. 37
Figura 16. Curva de TGA da resina Charisma........................................................................... 40
Figura 17. Micrografias da superfície das resinas obtidas através de microscopia eletrônica de
varredura: (a) Durafill; (b) Supreme; (c) Charisma e (d) Z250................................. 42
ii
Figura 18. Micrografias da superfície de fratura das resinas Supreme e Z250 depois de realizado
o ensaio de resistência flexural. ............................................................................... 43
Figura 19. Micrografias da superfície de fratura das resinas obtidas através de microscopia
eletrônica de varredura: (a) Durafill; (b) Supreme; (c) Charisma e (d) Z250. ........... 43
Figura 20. Resistência flexural das resinas compostas após processo de cura com o feixe de luz
halógena e diodo emissor de luz.............................................................................. 44
Figura 21. Resistência flexural das resinas compostas tratadas com o feixe de luz emitido pelo
diodo emissor de luz com intensidade constante e modo “hamp”............................. 45
Figura 22. Resistência flexural da resina Charisma após 24h, 72h e 168h de imersão em bebidas.
............................................................................................................................... 46
Figura 23. Mapa de polarização da resina composta Charisma, imersa em refrigerante por 24h,
obtido pela técnica PLF........................................................................................... 47
Figura 24. Mapa de superfície dos corpos-de-prova da resina Charisma imersos em bebidas,
relacionado à porcentagem de polarização média. ................................................... 48
Figura 25. Dureza em função da carga aplicada da superfície dos corpos-de-prova de resina
Charisma imersos em bebidas por (a) 24h e (b) 168h............................................... 52
Figura 26. Dureza em função da carga aplicada da superfície dos corpos-de-prova de resina Z250
imersos em bebidas por (a) 24h e (b) 168h. ............................................................. 53
Figura 27. Dureza em função da carga aplicada da superfície dos corpos-de-prova de resina
Supreme imersos em bebidas por (a) 24h e (b) 168h................................................ 53
Figura 28. Dureza do esmalte em função da carga aplicada após imersão de 168h em diferentes
bebidas.................................................................................................................... 54
Figura 29. Dureza da dentina em função da carga aplicada após imersão de 168h em diferentes
bebidas.................................................................................................................... 55
Figura 30. Penetração e desvio padrão relacionado à carga aplicada dos corpos-de-prova do
grupo controle da resina Charisma........................................................................... 56
Figura 31. Curvas de adsorção e desorção de nitrogênio para os corpos-de-prova de resina
Charisma imersas: (a) 24h e (b) 168h em refrigerante.............................................. 58
Figura 32. Gráfico da distribuição do volume de gás adsorvido em função do diâmetro de poros
para a resina Charisma imersa em bebidas por 168h, calculada pelo método BJH
adsorção.................................................................................................................. 59
iii
Figura 33. Gráfico da distribuição do volume de gás adsorvido em função do diâmetro de poros
para a resina Supreme imersa em bebidas por 168h, calculada pelo método BJH
adsorção.................................................................................................................. 59
Figura 34. Parâmetros de cor L* para as resinas Charisma, Durafill, Supreme e Z250, mantidas
em bebidas e grupo controle, em diferentes intervalos de tempo.............................. 61
Figura 35. Parâmetros de cor a* para as resinas Charisma, Durafill, Supreme e Z250, mantidas
em bebidas e grupo controle, em diferentes intervalos de tempo.............................. 62
Figura 36. Parâmetros de cor b* para as resinas Charisma, Durafill, Supreme e Z250, mantidas
em bebidas e grupo controle, em diferentes intervalos de tempo.............................. 63
Figura 37. Parâmetros de cor (L*, a*, b*) para a resina Supreme mantida em bebidas e após a
utilização de selante de proteção de superfície......................................................... 68
Figura 38. Corpo-de-prova de resina Charisma imerso em vinho: (a) por 168h, (b) armazenado 6
meses em ambiente seco e sob luz ambiente e (1a e 1b) após profilaxia profissional na
região central. ......................................................................................................... 69
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Grupamentos presentes na resina composta Charisma. .............................................. 35
Tabela 2: Razão entre as bandas correspondentes ao estiramento C=C do grupo aromático (1446
e 1607cm
-1
), estiramento C=C do metacrilato (1638cm
-1
) para os corpos-de-prova da
resina Charisma mantida 168h em água destilada, iogurte e refrigerante.................. 38
Tabela 3. Percentual de conteúdo orgânico e inorgânico, obtido pela análise termogravimétrica,
para as resinas compostas disponíveis comercialmente............................................ 40
Tabela 4. Percentagem de polarização média (x) da superfície de corpos-de-prova da resina
Charisma em diferentes intervalos de tempo, com respectivo desvio padrão (S) ...... 48
Tabela 5. Penetração, módulo elástico e dureza em função da carga aplicada, obtidos a partir de
experimentos de nanoindentação para corpos-de-prova da resina Charisma imersa em
água destilada durante 24h. ..................................................................................... 50
Tabela 6. Valores de dureza (GPa) da resina Charisma em função do tipo de bebida e carga
aplicada, em 24h e 168h de imersão. ....................................................................... 51
Tabela 7. Dureza do esmalte, dentina e resina sob carga de 1mN.............................................. 55
Tabela 8. Pico de rugosidade (Rp) para corpos-de-prova de resina Charisma e Supreme........... 57
Tabela 9. Parâmetros de cor (L*, a*, b*) para a resina Charisma estocada em água destilada e
bebidas.................................................................................................................... 64
Tabela 10. Alteração de cor (E*) para as resinas estocadas em água destilada e bebidas em
função do intervalo de tempo de 24 e 168 h............................................................. 65
v
AGRADECIMENTOS
Ao professor Alfredo Tibúrcio Nunes Pires, por toda sua competência, senso crítico,
dedicação e oportunidades concedidas para meu aprimoramento pessoal e profissional.
Ao professor Luiz Henrique Maykot Prates, por toda sua disponibilidade e ajuda durante
a realização desta pesquisa.
Aos professores da disciplina de Materiais Dentários da Universidade Federal de Santa
Catarina, por propiciar a interação entre a Engenharia de Materiais e a Odontologia e a
realização de um trabalho multidisciplinar.
Aos meus colegas de laboratório do grupo de estudos em materiais poliméricos
(POLIMAT) e materiais dentários, em especial à Caroline Teixeira Vasques, Carla Miranda e
Dircelene Bunde, pelo pensamento positivo, intercâmbio de idéias e conhecimentos.
Aos professores e funcionários do laboratório de polímeros, laboratório de materiais
dentários, pelo apoio necessário para a realização desta pesquisa.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais
(PGMAT), pela troca de conhecimentos, envolvimento no estudo e ajuda durante todo o curso.
Aos professores do Departamento de Ciência e Engenharia de Alimentos UFSC, à
professora Cristina Quintella do Instituto de Química UFBA e ao professor Wanderley Veiga
do Departamento de Física UFPR pela oportunidade de trabalho em seus departamentos e a
integração da odontologia com diversas áreas e universidades brasileiras.
À amiga Mabel Mariela Rodriguez Cordeiro, pelas palavras de incentivo e intercâmbio de
idéias.
A meus pais, Casimiro e Laura, pelo apoio e carinho em todos os momentos de minha
vida. A você pai, professor da área de Odontologia, que muitas vezes me escutou na troca de
idéias e dando sugestões no decorrer da pesquisa e redação deste trabalho.
À minha sogra Arlete, minha gratidão por sua disposição, ajuda e carinho.
A meu esposo Flávio, pela compreensão, carinho e paciência a toda hora, sempre com
uma palavra amiga de incentivo e otimismo.
Às minhas filhas Lethicia e Julia que participam desta batalha muito tempo, sempre
com um sorriso no rosto, um gesto de carinho e muita compreensão.
vi
À minha família pelo pensamento positivo, palavra amiga e ensinamentos de vida. Em
especial para minha tia Elisabeth Gevaerd, por ter auxiliado com dedicação e competência nas
correções da língua portuguesa.
A meu avô Casemiro Manoel Martins, pesquisador do Ministério da Saúde, que mesmo
não estando mais presente, continua sendo minha fonte de inspiração.
À coordenadoria da Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Materiais, em especial
Rogério Antônio Campos, professor Alexandre Lago e Professora Ana Maria Maliska, por ter
oportunizado a realização do curso de pós-graduação neste departamento.
Ao apoio financeiro do CNPq.
LISTA DE ABREVIATURAS
BisGMA - Bisfenol A diglicidil éter dimetacrilato
BisEMA - Bisfenol A polietileno glicol dieter dimetacrilato
TEGDMA - Trietilenoglicol dimetacrilato
UDMA - Uretano dimetacrilato
QTH – Quartzo Tungstênio Halógena
PAC – Arco de Plasma
LASER – Amplificação de Luz por Emissão de Radiação Estimulada
LED – Diodo Emissor de Luz
ISO – Organização de Normas Internacionais
FDA – Federação Dental Americana
FTIR – Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
TGA – Análise Termogravimétrica
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura
SE – Elétrons Secundários
BSE – Elétrons Retroespalhados
BJH – Método Barret-Joyner-Halenda
PFL – FI – Fluorescência Induzida por Laser Polarizado – Fluxo Induzido
MEG – Monoetileno Glicol
CIE – “Comission Internationle de L’Éclairage”
DC – Grau de Conversão
PUBLICAÇÕES RELACIONADAS COM O TRABALHO
Artigos publicados:
1. Artigo publicado na revista “Brazilian Journal of Oral Sciences”
LUIZ, B.K.M., PRATES, L.H.M., BERTOLINO, J.R., PIRES, A.T.N. Influence of
light intensity on mechanical properties of the resin composite. Brazilian Journal of
Oral Science, v.5, n.17, p.1048-1053, april-june 2006.
2. Artigo aceito e em processo de publicação na revista “Polymer Testing”
LUIZ, B.K.M., AMBONI, R.D.M.C., PRATES, L.H.M., BERTOLINO, J.R., PIRES,
A.T.N. Influence of drinks on resin composite: evaluation of cure degree and color
change parameters. Polymer Testing, xxx, xxx-xxx (2007)
3. Artigo submetido à revista “Polymer Testing”
LUIZ, B.K.M., QUINTELLA, C.M., FRIEDRICH, L.A., SILVA, E.B., VEIGA, W.,
PRATES, L.H.M., BERTOLINO, J.R., PIRES, A.T.N. Effect of drinks on the
surface properties of dental resin composites. Polymer Testing. (Submetido - 2007)
Trabalhos apresentados em congressos:
1. LUIZ, B.K.M., SOLDI, V., PIRES, A.T.N. Caracterização, Grau de Cura e
Microdureza de Material Restaurador Odontológico Fotopolimerizável,
Submetido a Diferentes Condições no Processo de Reticulação. In: Anais do 7
o
Congresso Brasileiro de Polímeros. 2003. Belo Horizonte - MG.
2. LUIZ, B.K.M., PIRES, A.T.N., CORREA, S.R. Efeito do reforço com fibra de vidro
na resistência flexural de resinas utilizadas na confecção de restaurações
provisórias fixas. In: Anais do II Meeting Catarinense de Prótese Dentária. 2004.
Blumenau - SC.
ix
3. SANTOS, H.P.D., LUIZ, B.K.M., SILVA, E.B., FRIEDRICH, L.A., PIRES, A.T.N.,
QUINTELLA, C.M. Monitoramento da PFL-FI da tensão interfacial dinâmica de
resina odontológica exposta a iogurte, vinho, Coca Cola e Gatorade. In: Anais da
28
a
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA. 2005.
Poços de Caldas - MG.
4. LUIZ, B.K.M., BERTOLINO, J.R., PIRES, A.T.N. Resina Composta
Fotopolimerizável: Microdureza e porosidade após diferentes tratamentos. In:
Anais do 8
o
Congresso Brasileiro de Polímeros. 2005. Águas de Lindóia - SP.
5. LUIZ, B.K.M., VEIGA, W., PRATES, L.H.M., PIRES, A.T.N., BERTOLINO, J.R.
Study of Composites Surface and Dental Structure After Immersed in Daily
Dietary Drinks. In: Anais do Macro 2006: "World Polymer Congress and 41st
International Symposium on Macromolecules". 2006. Rio de Janeiro - RJ.
RESUMO
As resinas compostas são materiais restauradores estéticos muito utilizados na
odontologia, sendo que o início e a propagação do processo de cura ocorrem sob incidência de
feixe de luz com intensidade e comprimento de onda específico. O objetivo deste estudo foi
avaliar as propriedades de superfície de resinas compostas disponíveis comercialmente (Durafill,
Charisma, Filtek Z250 e Filtek Supreme), após o processo de cura, utilizando-se uma fonte à
base de diodos emissores de luz. As propriedades avaliadas foram: resistência mecânica, dureza,
adsorção de componentes à superfície, porosidade e parâmetros de alteração de cor, que foram
avaliados por meio da nanoindentação, fluorescência induzida por laser polarizado,
adsorção/desorção de nitrogênio à superfície e colorimetria, respectivamente. Os corpos-de-
prova foram mantidos em condições de armazenamento em meios que simulam a dieta, ou seja,
bebidas usadas no cotidiano. Para este estudo foram utilizadas as seguintes bebidas: energético,
iogurte, refrigerante, vinho e água destilada (grupo controle), sob temperatura de 37
o
C e os
corpos-de-prova acompanhados por períodos de 24h, 168h, 1 mês e 6 meses. A identificação dos
componentes da resina, o grau de cura, o percentual de componentes orgânicos e inorgânicos e a
microestrutura foram características avaliadas mediante espectroscopia Raman, análise
termogravimétrica e microscopia eletrônica de varredura. Outro aspecto avaliado foi à eficiência
de cura das fontes de luz geradas por diodos emissores de luz (LED) comparada com a de
quartzo tungstênio halógena (QTH), em relação à propriedade de resistência flexural e à eficácia
do aumento exponencial da intensidade de luz presente na fonte baseada em LED. A dureza do
esmalte e da dentina foi também avaliada. A fonte de luz baseada em LED apresentou eficácia
semelhante à luz halógena em termos da propriedade de resistência flexural dos corpos-de-prova
de resina composta, com grau de cura de 70% para as resinas estudadas. O modo exponencial de
aumento da intensidade de luz não apresentou diferenças significativas em termos de resistência
flexural das resinas comparado com o de intensidade de luz constante. Os corpos-de-prova
imersos 24h e 168h em energético, iogurte, refrigerante e vinho mostraram adsorção de fina
camada de componentes das bebidas na superfície, o que foi observado com auxílio da técnica de
fluorescência induzida por laser polarizado. O espectro Raman dos corpos-de-prova de resina,
antes e após o tratamento em bebidas, sugere a inexistência de reação química entre os
componentes da bebida e a superfície da resina. A dureza e o tamanho médio de poros foram da
mesma ordem de magnitude para os corpos-de-prova, antes e após serem imersos em bebidas em
xi
diferentes intervalos de tempo. Os valores de dureza do esmalte foram dez vezes superiores aos
da dentina. Os parâmetros de alteração de cor (L*, a* e b*) modificaram significativamente em
relação aos corpos-de-prova imersos em vinho e iogurte por 24h ou 168h, especialmente para a
resina composta Filtek Supreme.
xii
ABSTRACT
Resin composites are aesthetic materials widely used in dentistry. The beginning and
maintenance of the cure process occurs with the incidence of a light beam of specific intensity
and wavelength. The aim of this study was to evaluate the surface properties of commercial
resin composites (Durafill, Charisma, Filtek Z250 and Filtek Supreme) after a cure process using
light emitting diodes (LED) as the light source. The properties evaluated were mechanical
strength, hardness, adsorption of components on the surface, porosity and color parameter
changes. The techniques employed were nano-indentation, polarized laser-induced fluorescence,
adsorption/desorption nitrogen isotherm method and color measurements. The specimens were
maintained immersed under conditions simulating an everyday diet by using commercial drinks
and oral environment temperature conditions. The immersion media was a sports drink, yogurt,
soft drink based on cola, red wine and distillated water as the control. The samples were
monitored for time intervals of 24h, 168h, 1 month and 6 months at 37
o
C. The characterization,
cure degree, percentage of organic components and microstructure where evaluated by Raman
spectroscopy, thermogravimetric analysis and scanning electron microscopy. Another aspect
evaluated was the efficiency of light emitting diodes (LED) compared with quartz halogen
tungsten (QTH) in relation to flexural strength and the efficiency of an exponential increase in
the light intensity of the LED. The hardness of enamel and dentin was also evaluated. The LED
source had a similar efficiency as the halogen light source, in relation to the flexural strength of
the specimens, with a cure degree of 70 % for the studied resins. The exponential increase in
light intensity didn’t result in a significant difference in the flexural strength of the specimens
compared with those submitted to a constant light intensity. The specimens immersed for 24h
and 168h in a sports drink, yogurt, soft drink and wine, showed adsorption of a thin layer of the
drink on the surface through polarized laser-induced fluorescence analysis. Raman spectra of the
resin specimens before and after immersion in the drinks, suggests the absence of a chemical
reaction between the specimens and the drink components on the resin surface. Hardness and
average pore size were of the same magnitude for specimens before and after immersion in the
drinks for different time intervals. Enamel hardness values where ten times higher than those for
dentin. Color parameters (L*, a* e b*) changed significantly for specimens immersed in wine
and yogurt for 24h or 168h, mainly for Filtek’s Supreme’s resin composite.
1- INTRODUÇÃO
O material restaurador odontológico amálgama, usado desde o início do século XIX, foi e
ainda é um material muito utilizado na odontologia devido à alta durabilidade e adequadas
propriedades mecânicas em meio bucal. No entanto, com a exigência estética requerida pelos
profissionais e exigida pelos pacientes, as resinas compostas surgiram para atender esse interesse
e vêm sendo aprimoradas para melhorar suas propriedades mecânicas, químicas e uma melhor
adesão à estrutura dental.
O amálgama possui vantagens como a reabilitação da função mastigatória de forma
rápida e fácil, com um material de baixo custo. Entretanto, esse material apresenta algumas
desvantagens como, por exemplo, sua coloração, corrosão, facilidade de fratura, baixa resistência
à tração, além da necessidade de remoção de grande quantidade de tecido dental sadio e
conseqüente diminuição de resistência do dente, para se obter uma boa retenção do material, pois
o amálgama não adere à estrutura dental. Outra desvantagem diz respeito ao defeito marginal
inicial entre o amálgama e a estrutura dental, logo após a restauração do dente e a conseqüente
sensibilidade pós-operatória freqüentemente relacionada [1].
Todos esses fatores, aliados aos riscos do amálgama à saúde, direcionaram a pesquisa ao
desenvolvimento de um material restaurador alternativo para ser usado na odontologia. Esse
material deve ser esteticamente agradável, biologicamente aceitável e ter propriedades físicas e
químicas adequadas para ser utilizado como material restaurador dental.
As resinas compostas estão sendo utilizadas como alternativa ao amálgama
aproximadamente quarenta anos. A introdução e o posterior desenvolvimento desse material
motivou importantes inovações na odontologia.
Atualmente, as resinas compostas, não obstante possuírem inúmeras variáveis no
processo de cura e diferentes composições, apresentam mecanismos sicos de reticulação, a
partir dos quais os sistemas quimicamente ativados são apresentados na forma de duas pastas, e
os sistemas fotoativados na de pasta única. Para os sistemas fotoativados a presença de uma
unidade emissora do feixe de luz, conhecida como fotoativador, é essencial para a reticulação da
resina. As resinas ativadas quimicamente são preparadas com a eficiente mistura de duas pastas,
a partir da qual ocorre a reação química e inicia-se o processo de reticulação de forma uniforme
em toda a massa do material. Por conta disso, a reação de cura não depende do tamanho ou
espessura da restauração, nem da presença de partículas de carga ou mesmo da absorbância
2
espectral do material. Porém, esse sistema apresenta desvantagens como a necessidade de
mistura, controle sobre o tempo de polimerização, alteração da cor devido à presença de
acelerador e principalmente à presença de porosidade que causa prematura alteração de cor na
restauração e reduz as propriedades físicas da resina, contribuindo para o processo de
desgaste[2].
A crescente exigência do controle do tempo de trabalho e do aperfeiçoamento das
propriedades físicas, desencadeou o surgimento das resinas compostas fotoativadas. Essa é uma
classe de materiais plásticos, reticuláveis pela exposição de seus constituintes a uma intensa
fonte de irradiação eletromagnética.
As primeiras resinas a surgirem no mercado com a finalidade restauradora eram
reticuladas pela radiação ultravioleta. Esses sistemas revolucionaram o mercado odontológico e
ganharam aceitação imediata devido às suas vantagens, como controle do tempo de trabalho,
redução da porosidade e melhor estabilidade de cor. Porém, os malefícios da radiação
ultravioleta e a limitada profundidade de reticulação, induziram a substituição desse sistema
pelos ativados pelo feixe de luz visível. Os sistemas ativados por luz visível sofreram uma rápida
evolução desde sua introdução na década de 80 e hoje dominam o mercado mundial, ressaltando
sua eficiência e popularidade.
Inicialmente, os materiais reticulados por luz visível foram utilizados somente em
restaurações de dentes anteriores e selamento de fóssulas e sulcos. Atualmente, seu uso é muito
amplo em uma variedade de materiais usados em diversas áreas da odontologia. Esses materiais
incluem forradores cavitários, materiais de moldagem, materiais para coroas e próteses
provisórias, cimentos resinosos, resinas ortodônticas e especialmente os sistemas de adesão à
estrutura dental e os compósitos para dentes posteriores.
Devido à grande variedade de produtos e à ampla utilização das resinas compostas
fotoativadas, aumentou a demanda de utilização das unidades emissoras de luz, isto é, os
fotoativadores e, com isso, o aspecto da compatibilidade entre esses aparelhos e os materiais
fotoativados.
Os sistemas de reticulação por luz visível representam um fantástico avanço; todavia
devido à sensibilidade técnica, tais sistemas requerem cuidados constantes que, quando não
observados, influenciam significativamente nos resultados finais da restauração.
Com o crescente uso das resinas compostas odontológicas e a possibilidade de otimizar
seu uso e indicar marcas comerciais de qualidade e com o surgimento de diferentes tipos de
fontes emissoras de luz para a reticulação dos compósitos, propõe-se avaliar propriedades físicas
3
e químicas de resinas compostas, enfocando a análise de superfície desse material e o estudo
comparativo da utilização de fonte de luz convencional halógena com fonte baseada em diodos
emissores de luz.
2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1- Resinas Compostas
As resinas compostas são formadas por dois ou mais materiais com uma interface
distinta, separando estes componentes, ou seja, a matriz que consiste de uma resina orgânica,
pigmentos, controladores de viscosidade, iniciadores do processo de reticulação, aceleradores e
inibidores. A fase dispersa é formada por material inorgânico, e a interface que constitui um
agente de união da carga inorgânica à matriz.
A odontologia adesiva originou-se de uma experiência clínica do dentista Buonocore, que
em 1955 relatou que a resina autopolimerizável à base de metacrilato de metila poderia ser unida
duradouramente ao esmalte de incisivos humanos. Embora a resina acrílica não fosse adesiva, ela
seria unida ao esmalte após esse ter sido submetido ao processo de condicionamento ácido da
superfície, gerando porosidades no esmalte. O ácido fosfórico foi o agente de escolha, sendo
aplicado à superfície do esmalte por 30s, numa concentração de 85%. Guinnett e Buonocore
foram os primeiros a descrever o mecanismo pelo qual a resina era unida ao esmalte. Mais tarde,
Guinnett e Matsui detalharam a microestrutura da interface entre resina e esmalte condicionado.
Eles relataram que a resina na forma monomérica penetrava nos microporos da camada
superficial do esmalte em aproximadamente 25µm. Estas porosidades eram criadas na estrutura
dos prismas do esmalte pela dissolução preferencial do componente inorgânico. Após a
polimerização a resina forma um compósito com o esmalte, que tem como objetivo vedar e
proteger a superfície do esmalte com a qual está em contato e proporcionar o aprisionamento
micromecânico da resina, mecanismo esse utilizado para reter o maior volume de material
existente acima do esmalte e com o qual a resina fica contínua [2].
A partir desta data os materiais restauradores estéticos passaram a ser utilizados na
odontologia e foram modificados em sua composição para que cada vez mais atendessem o
requisito de estética, procurando colorações cada vez mais semelhantes ao dente e propriedades
mecânicas e físicas ideais, isto é, ter resistência às forças mastigatórias semelhantes ao dente e
ter uma boa resistência à ação dos diferentes valores de pH e temperaturas dos alimentos
ingeridos.
Atualmente, a odontologia estética é globalmente aceita e amplamente aplicada,
oferecendo novas opções no planejamento e tratamento odontológico. Na história das resinas
5
restauradoras, inicialmente surgiram as resinas autopolimerizáveis, cujo processo de reticulação
ocorre pela reação química após a mistura de componentes. Além do tempo limitado de trabalho
para a realização da restauração após a mistura dos componentes, este sistema apresenta
desvantagens, tais quais: i) a necessidade de mistura de componentes; ii) dificuldade de
caracterização da cor da resina e iii) ocorrência de porosidade no material pela inclusão de ar
durante a mistura dos componentes. A porosidade é um fator que ocasiona prematuro
manchamento superficial da restauração, modifica as propriedades físicas da resina e contribui,
desta forma, para o processo de desgaste da restauração [1, 2].
As resinas compostas podem ser classificadas segundo o tamanho e distribuição das
partículas. As resinas compostas classificadas como macropartículas convencionais, têm um
percentual de 75% do peso de partículas com dimensões entre 1 e 3
µ
m, e as classificadas como
micropartículas, com dimensões de 0,04 a 0,2
µ
m. Já, as resinas compostas constituídas de 80 a
90% em peso de partículas com dimensões em torno de 1
µ
m e o percentual restante de
micropartículas, são denominadas de compósitos híbridos [3].
Cada tipo de resina, segundo a classificação citada, possui vantagens e desvantagens de
acordo com o tipo, tamanho e distribuição das partículas de carga na matriz orgânica. As resinas
de micropartículas apresentam melhor estética do que às de macropartículas, pelo melhor
polimento que proporcionam. Já em relação às propriedades mecânicas as resinas de
micropartículas possuem propriedades inferiores as de macropartículas. As resinas compostas
híbridas foram desenvolvidas com a incorporação de micropartículas e partículas de tamanho
intermediário. Elas podem apresentar tanto o requisito estético quanto resistência mecânica,
sendo muito utilizadas tanto em dentes anteriores quanto posteriores.
As resinas compostas fotopolimerizáveis surgiram para facilitar o procedimento
restaurador, melhorar a estética e as propriedades físico-químicas da restauração e, com isto, sua
durabilidade. Esses tipos de resinas são reticulados pela exposição de seus constituintes a uma
intensa fonte de radiação eletromagnética.
Resinas compostas fotopolimerizáveis oferecem muitas vantagens clínicas, porém a
reticulação depende completamente da energia adequada fornecida pela fonte de luz. A reação de
cura da resina é iniciada e mantida quando a intensidade de luz é suficiente para manter a
canforquinona, que é o agente iniciador foto sensível em estado ativado. Apenas quando a
canforquinona encontra-se no estado excitado, é que pode reagir com um agente redutor amina
para formar radicais livres e iniciar a reticulação da resina.
6
A fotopolimerização depende de vários aspectos, tais como, a intensidade e tempo de
irradiação, bem como a espessura do material restaurador, sua composição e matiz. Esses fatores
podem afetar a penetração do feixe de luz no material e com isso o grau de reticulação [4].
O tipo de material restaurador que é usado pode influenciar no aspecto de profundidade
de cura das restaurações. As partículas de carga das resinas compostas tendem a espalhar luz, e
as cores escuras absorvem luz quando o feixe passa através da restauração. Partículas de carga
menores (0,01 a 1µm) são capazes de espalhar mais luz, porque estes tamanhos de partículas são
similares ao comprimento de onda emitido pelo feixe de luz. Todos as resinas de micropartículas
e muitas resinas híbridas têm partículas de carga que estão nesta faixa de tamanho. Por este
motivo, deve-se esperar menor profundidade de cura quando estes tipos de resinas são
utilizadas[4].
2.2- Composição Básica das Resinas Compostas
As resinas odontológicas apresentam vários componentes em sua formulação, sendo que
os principais constituintes são a matriz ou fase orgânica e a fase inorgânica. A inorgânica, es
geralmente revestida de um organo-silano. Na porção orgânica, alguns componentes essenciais
são utilizados para aumentar a eficiência e a durabilidade desta resina como o sistema de
iniciação, estabilizadores e pigmentos [5, 6].
A introdução de um monômero multifuncional na matriz da resina, sintetizado a partir da
reação do éter diglicídico do bisfenol A com o monômero olefínico metacrilato de metila - o
Bisfenol A diglicidil éter dimetacrilato - (BisGMA), cuja fórmula estrutural é apresentada na
Figura 1. Este monômero foi introduzido na década de 60 e vem sendo usado como base
orgânica da maioria das formulações dos materiais odontológicos resinosos, em função de suas
propriedades químicas e físicas.
BisGMA é um líquido bastante viscoso e transparente a temperatura ambiente, visto que
possui alta massa molar (512 g.mol
-1
), é insolúvel em meio aquoso e pouco volátil. O BisGMA
apresenta contração de polimerização em torno de 6%. Os grupos hidroxila (OH) favorecem ao
aumento da viscosidade do composto devido às ligações de hidrogênio, aumentando a interação
inter e intramolecular da cadeia polimérica. As hidroxilas também agem como sítios hidrofílicos
dentro da estrutura hidrofóbica do monômero, propiciando a sorção de água [7].
7
Outro componente também utilizado nas formulações de resina é o Bisfenol A polietileno
glicol dieter dimetacrilato (BisEMA), Figura 1. A presença de BisEMA reduz a contração de
polimerização.
A presença de monômero diluente de menor massa molar diminui a viscosidade da
mistura orgânica, com a finalidade de facilitar a incorporação de partículas inorgânicas como
reforço mecânico do polímero a ser formado. O monômero diluente mais usado nas formulações
é o trietilenoglicol dimetacrilato (TEGDMA), cuja fórmula estrutural é apresentada na Figura 1.
O TEGDMA consiste num líquido transparente com massa molar de 286g.mol
-1
, caracterizado
pela cadeia alifática linear de alta flexibilidade. As ligações intermoleculares ocorrem por forças
de Van der Walls, que conferem ao monômero um baixo valor na temperatura de transição vítrea
(Tg) [5]. O TEGDMA é considerado um bom agente de ligação cruzada nas misturas com o
BisGMA, haja vista que a presença de etilenoglicol favorece a reação dos grupos vinílicos com o
BisGMA. O equilíbrio das propriedades da matriz orgânica bem como o comportamento final do
co-polímero BisGMA/TEGDMA será bastante influenciado pela proporção dos dois oligômeros.
Fenômenos como a contração de polimerização, a sorção, o grau de conversão e as propriedades
mecânicas estarão sujeitos basicamente aos percentuais escolhidos na mistura.
Resinas com maior percentual de BisGMA apresentam altos valores de propriedades
mecânicas, como o módulo de Young e a resistência à compressão [8]. Porém, devido à baixa
mobilidade do BisGMA durante a reação de polimerização, o grau de conversão tem a tendência
a ser menor com o aumento da concentração deste na mistura [5, 8]. À medida que se aumenta o
conteúdo de TEGDMA aumenta o grau de conversão, devido à maior difusão desse oligômero
de menor massa molar no meio reacional. A proporção destes monômeros também é
fundamental para a incorporação de partículas inorgânicas [5, 7].
Outro monômero multifuncional usado nas formulações das resinas é o Uretano
dimetacrilato (UDMA), Figura 1. As suas maiores vantagens o a baixa viscosidade - que
facilita a incorporação de carga sem a necessidade de mistura com monômeros diluentes - e a
estrutura alifática com massa molar igual a 470g.mol
-1
, com baixa contração de polimerização e
flexibilidade à cadeia. O UDMA é um líquido transparente pouco viscoso, produto da reação da
porção alifática do BisGMA com um di-isocianato [5]. A viscosidade é maior do que a dos
oligômeros BisEMA e TEGDMA, porém menor que a do BisGMA devido à ligação
intermolecular dos grupos N-H e C=O ser mais fraca do que a ligação formada pelos
grupamentos hidroxila do BisGMA. A característica polar deste grupamento uretano aumenta a
hidrofilia do oligômero, causando um aumento da sorção de água.
8
BisGMA
TEGDMA
UDMA
Figura 1. Fórmula estrutural dos principais componentes das resinas compostas.
C=C
C
O
CH
2
CH
-
CH
2
O
O
CH
3
-C-
CH
3
O
CH
2
CH
CH
2
O
C
-
C=C
O
OH
OH
CH
3
CH
3
H
H
H
H
BisEMA
-(O-CH
2
CH
2
) -O-C-C=C
C=C-C-O-( CH
2
CH
2
-O)-
O
CH
3
-C-
CH
3
O
CH
3
CH
3
H
H
H
H
n
n
C=C-C-O-(CH
2
-CH
2
-O)
3
-
CH
3
H
H
C-C=C
O
CH
3
H
H
O
CH
3
C=CH
2
H
2
C=C
H
3
C
O
O
O
O
CH
3
CH
3
CH
3
H
H
C-O-CH
2
-CH
2
-O-C-N- CH
2
-CH- CH
2
-C- CH
2
-
CH
2
-N-C-O- CH
2
- CH
2
-O-C
9
2.3- O Processo de Reticulação
A polimerização das resinas compostas acontece geralmente a partir de uma reação de
adição, via radicais livres. No início da reação de polimerização existe uma maior quantidade de
monômeros do que de radicais livres, favorecendo a taxa de propagação das cadeias. Em um
determinado momento, com o meio reacional ainda pouco viscoso, as concentrações se
equivalem, devido a parte das unidades monoméricas terem sido incorporadas à cadeia em
propagação. Assim sendo, a taxa de terminação da reação aumenta devido à interação dos
radicais, que tendem a se ligar por combinação ou por proporcionamento [9].
Um fator que contribui decisivamente para o grau de conversão das resinas é a
fotoativação, visto que a densidade de energia luminosa é fornecida à resina e está diretamente
relacionada com o grau de conversão e com as propriedades finais da resina. A maior intensidade
de luz, num determinado comprimento de onda, pode favorecer a conversão em profundidade,
devido à presença de um maior número de fótons capazes de sensibilizar os fotoiniciadores. No
entanto, a alta intensidade de luz também pode contribuir negativamente devido à rápida
contração de polimerização. Nos casos de fontes de luz com baixa intensidade, o aumento do
tempo de fotoativação pode permitir a conversão adequada, quando o fator profundidade não for
essencial.
A interação do perfil espectral da fonte de luz e do perfil de absorção do fotoiniciador
também tem influência direta na conversão. Para que ocorra a reação de polimerização, o
primeiro passo é a absorção de um fóton, capaz de produzir uma alteração eletrônica no
fotoiniciador, que desencadeará a geração de radicais livres. Para isso, a luz emitida deve ser
capaz de cobrir a faixa de absorção do fotoiniciador. Se a emissão luminosa cobrir apenas parte
da curva de absorção, a geração de radicais passa a ser influenciada pelas características
fotoquímicas do fotoiniciador, independente da intensidade de luz absorvida e do tempo de foto
ativação. Quanto mais próxima do pico de absorção do fotoiniciador for a emissão luminosa,
maior será a conversão em profundidade. Portanto, não a quantidade de luz emitida é
importante para determinar o grau de conversão de uma resina, mas também a qualidade do
espectro luminoso pode ser fundamental para que a reação de polimerização se processe de
forma adequada e produza, ao final, um polímero com as propriedades desejadas [10].
10
2.4- Fontes de Luz (Fotoativadores)
Os primeiros materiais restauradores estéticos fotoativados que surgiram no mercado
eram reticulados pela incidência do feixe de luz ultravioleta, com comprimento de onda na faixa
de 320 a 365nm. Os sistemas fotoativados através de luz ultravioleta revolucionaram o mercado
odontológico e ganharam aceitação imediata devido às suas vantagens como o controle do tempo
de trabalho, redução da porosidade do material restaurador e melhor estabilidade de cor.
Entretanto, os malefícios da radiação ultravioleta e a limitada profundidade de
reticulação, fizeram com que este sistema de reticulação não fosse utilizado por muito tempo.
Este foi substituído pelos sistemas ativados por luz visível, que sofreu uma rápida evolução
desde sua introdução em 1980 e hoje domina os mercados mundiais, provando sua eficiência e
popularidade [2].
A ampla utilização das resinas compostas fotoativadas ampliou a crescente demanda
pelas unidades emissoras de luz, os chamados fotoativadores. Os sistemas de polimerização por
luz visível representam um fantástico avanço, mas devido à sua sensibilidade técnica, requerem
cuidados constantes que, quando negligenciados, influenciam significativa e negativamente na
prática diária.
As resinas compostas ativadas por luz visível iniciam o mecanismo de reticulação por
absorção de luz numa faixa específica de comprimento de onda, através de um componente do
grupo (α)diquetona, geralmente uma canforquinona, que uma vez ativada, reage com um agente
redutor (amina alifática) para produzir os radicais livres.
2.4.1- Quartzo Tungstênio Halógena
Os aparelhos ativados por luz visível utilizam baixa voltagem, lâmpadas de tungstênio
com alta corrente para gerar o feixe de luz. As lâmpadas variam entre 35 e 150W e o
comprimento de onda dessas lâmpadas varia no intervalo de 420 a 500nm, incluindo
comprimentos de onda na região ultravioleta e/ou infravermelho [11].
Por muitos anos as lâmpadas halógenas ou convencionais têm sido mais utilizadas do que
outras fontes, como um prático método alternativo para a cura de resinas. Essas fontes utilizam
11
um bulbo halógeno de quartzo e tungstênio (QTH), operando com um feixe de luz branca,
removendo os comprimentos de onda indesejáveis, operando na região azul do espectro.
Entretanto, este tipo de equipamento ainda emite um número considerável de outros
comprimentos de onda. As impurezas espectrais da luz para cura convencional geram vários
comprimentos de onda que são absorvidos pelo material odontológico, induzindo o aquecimento
do dente e da resina durante o processo de cura [12].
Desde que, a maioria dos materiais compósitos fotoativados utiliza o mesmo sistema
catalisador para reticulação, sendo o seu pico de absorção a 468nm, a radiação deve ter energia
adequada no comprimento de onda de 400 a 500nm. A colocação de um filtro entre a lâmpada e
o guia de luz limita a saída de radiação para obter uma taxa efetiva de cura, eliminando, assim, o
calor desnecessário e o excessivo brilho.
O grau de conversão não é somente dependente da composição dos reagentes, mas
também da intensidade do feixe de luz que ativa o catalisador. A reticulação da resina composta
autopolimerizável ocorre de maneira uniforme desde que a mistura seja eficiente. Por outro lado,
na resina composta fotoativada a reticulação depende da eficiência do feixe de luz, ou seja, da
capacidade de penetração no material restaurador que induz diferentes percentagens de
reticulação, o que pode ocasionar prejuízos à restauração relacionada às suas propriedades
mecânicas. Conseqüentemente, existe uma relação direta entre a eficácia da restauração e a
capacidade de reticulação proporcionada pelo feixe de luz irradiado por determinado período de
tempo.
Os principais problemas relacionados a uma inadequada reticulação da resina composta,
são: i) o maior risco de agressão à polpa do dente, devido às características tóxicas do monômero
não polimerizado; ii) mudança de coloração do material devido à incompleta reação dos
reagentes e iii) a redução da resistência mecânica do material, com acelerado desgaste.
As resinas compostas são encontradas no mercado em bisnagas específicas, contendo o
material na forma de uma pasta viscosa. Esta é utilizada pelo cirurgião-dentista que a coloca em
finas camadas, de aproximadamente 1 a 2mm, na cavidade do dente a ser restaurada. Este
material pode então ser adaptado à superfície do dente e tratado com feixe de luz, com
comprimento de onda na faixa de 420 a 500nm. A incidência de luz desencadeia o processo de
reticulação do material e como conseqüência enrijece as resinas compostas, aumentando a sua
resistência mecânica.
A reticulação das resinas foto curadas depende principalmente das características e do
tipo da radiação da fonte utilizada, de modo que para conseguir melhores propriedades na
12
restauração final vêm sendo aperfeiçoadas as fontes de cura. Neste sentido, novos tipos de fontes
de luz devem ser testados para verificar sua viabilidade para a aplicação clínica. Uma recente
série de artigos e comunicações propõe e demonstra o uso de diodos emissores de luz (LEDs)
como uma fonte alternativa para a cura de resinas compostas. Operando em torno de 470nm, os
LEDs azuis m toda pureza espectral para a cura eficiente das resinas compostas com a
vantagem adicional de prevenir sobre aquecimento [12].
Tem sido estudada a eficiência dos diodos emissores de luz na cura dos compósitos
odontológicos em termos de grau de cura e propriedades mecânicas. As fontes de luz com
lâmpada halógena utilizam lâmpada incandescente e um filtro, para gerar luz azul na região de
470nm. Porém, esta faixa espectral não é relativamente eficiente, visto que a maior parte da
energia elétrica é convertida em calor, e o feixe de luz consiste de muitos comprimentos de onda
não utilizados para a cura da resina. A intensidade do feixe de luz diminui com o tempo de uso, e
a lâmpada precisa ser trocada em determinados intervalos de tempo.
2.4.2- Arco de Plasma
Nos dias atuais, outro tipo de fonte de luz é o arco de plasma (PAC), que foi introduzido
com o objetivo de diminuir o tempo de cura das resinas compostas. A luz é emitida por plasma,
composto de uma mistura gasosa de moléculas e elétrons ionizados. O feixe de luz é
caracterizado por uma alta intensidade, numa estreita faixa de comprimento de onda, em torno de
470nm. O fabricante preconiza que a reticulação ocorra em curtos intervalos de tempo,
comparado com a luz halógena.
Entretanto, investigação da eficácia das unidades de PAC tem mostrado que o tempo de
cura recomendado pelo fabricante, em alguns casos, é muito curto para promover alto grau de
cura [13].
13
2.4.3- LASER
Outra tecnologia utilizada para a cura das resinas compostas é o LASER, do inglês “Light
Amplification by Stimulated Emittion Radiation”, que significa a Amplificação de Luz por
Emissão de Radiação Estimulada. No LASER, a energia elétrica é transformada diretamente em
um feixe contínuo de luz. Os fótons gerados por esta fonte de luz são característicos dos níveis
específicos de energia do gás usado, sendo a luz emitida por apenas um comprimento de onda
característico. O LASER possui uma faixa de comprimento de onda, que está fora da região de
absorção da canforquinona, o que leva a uma redução da eficiência do processo de cura. Os
fatores que reduzem a utilização desta fonte de luz consistem no elevado custo e na difícil
manutenção.
2.4.4- Diodo Emissor de Luz
Os diodos emissores de luz (LEDs) apresentam baixa voltagem, longa expectativa de
vida, produzem pouco calor, são compactos, emitem comprimento de onda específico e originam
uma intensidade de luz constante. Possuem resistência ao choque e vibração superiores as
lâmpadas incandescentes e têm a possibilidade de serem usados com baterias recarregáveis,
sendo leves e portáteis.
LEDs vermelho, verde e amarelo têm estado disponíveis por muitos anos e produzem luz
pela passagem de eletricidade através da junção gálio-arsênio ou gálio-arsênio-fósforo. LED azul
tem estado disponível somente oito anos [14]. LED é um tipo de semicondutor que difere
muito das lâmpadas halógenas, pois o fontes de luz no estado sólido, com ampla durabilidade
em relação ao longo tempo de vida útil. Também, LEDs têm baixo consumo de energia, sendo
que o mecanismo de emissão de luz envolve eletroluminescência, sendo muito diferente daquele
das lâmpadas halógenas, não requerendo filtros para produzir a luz azul. O comprimento de onda
emitido depende do material do semicondutor [15].
O primeiro diodo emissor de luz azul de alto brilho foi desenvolvido por Nakamura em
1993. Esperavam que esses LEDs fossem eficientes fontes de luz para cura, porque a intensidade
do feixe de luz era muito maior do que o tipo convencional [14].
14
Yoon et al. estudaram o grau de reticulação de resinas compostas por diferentes fontes de
luz, demonstrando que a despeito de o LED não mostrar muita diferença no grau de cura
comparado à lâmpada halógena convencional (até quatro milímetros da superfície), existe a
possibilidade de maior profundidade de cura do LED quando comparado ao feixe de luz
halógena, o que não foi considerado [16].
Vale ressaltar a importância dos cuidados em relação à utilização desses equipamentos
emissores de luz, visto que feixes de luz com comprimento de onda menor que 380nm, na faixa
do ultravioleta, causam danos ao ser humano, principalmente ao olho. Fujibayashi et al.,
estudando diferentes tipos de LEDs afirmaram que essas fontes de luz são seguras para o corpo
humano. Entretanto, o feixe de luz azul, que tem comprimento de onda entre 420 e 460nm, pode
causar injúria à retina. Tornando importante proteger os olhos da luz irradiada [15].
2.5- Propriedades Físico-químicas
As propriedades físicas e químicas das resinas compostas são definidas pela matriz
específica usada e pelo tipo e quantidade de carga inorgânica adicionada. A estabilidade química
da união interfacial entre resina e carga irá determinar o comportamento clínico desse material.
A efetividade do processo de cura é dependente das características individuais do
compósito e da eficiência do feixe de luz. O aumento da resistência mecânica dos compósitos
está relacionado ao grau de conversão das unidades monoméricas. O grau de conversão pode
afetar as propriedades físico-químicas do material, ocasionando outros fenômenos clínicos. A
presença de falhas marginais na restauração tem sido relacionada à baixa resistência a fratura.
Estudos clínicos mostram que compósitos de micropartículas têm maior tendência à degradação
marginal localizada do que compósitos de partículas maiores [17].
As vantagens do LED em termos da redução da tensão no processo de contração de
polimerização foram claramente demonstradas por Hofmann et al. [18] Várias propriedades das
resinas compostas reticuladas por LED, incluindo resistência, grau e profundidade de cura, tem
sido apresentado na literatura. Tais propriedades não diferem muito daquelas obtidas pela cura
com luz halógena. Entretanto, esses dados foram obtidos com LED não comerciais, montados
em laboratório. As versões de LEDs disponíveis no mercado são muito recentes. Por isso, poucas
informações sobre sua eficácia são encontradas na literatura [13, 18].
15
Asmussen et al. estudando a influência da cura de resinas compostas com LEDs, nas
propriedades de grau de cura, contração de reticulação, resistência e módulo flexural concluíram
que: i) os LEDs investigados, propiciaram propriedades mecânicas da mesma ordem de grandeza
ou moderadamente inferiores nas resinas compostas comparadas com as propriedades obtidas
com a luz halógena convencional; ii) os valores obtidos estavam dentro do mínimo exigido pelos
padrões da Organização de Normas Internacionais (ISO) [13].
Leonard et al. estudaram a eficiência na reticulação de LEDs disponíveis no mercado, em
relação a microdureza Knoop e concluiram que o LED requer tempos de exposição
consideravelmente maior para a adequada reticulação de resinas compostas híbridas e de
micropartículas [19]. Swift Jr em revisão bibliográfica sobre LEDs comparou o desempenho da
fonte de luz de arco de plasma com a de luz halógena e mostrou que os primeiros LEDs que
surgiram no mercado mundial, requeriam longo tempo de exposição que outras fontes de luz
utilizadas para cura das resinas composta [20].
A habilidade do feixe de luz emitido pelos aparelhos fotopolimerizadores, em fornecer
energia suficiente para o pico de absorção máximo para o respectivo sistema fotoiniciador nos
compósitos restauradores dentários, é crucial para otimizar as propriedades físicas dos materiais
odontológicos fotoativados.
Dunn e Bush, em estudo comparativo da porcentagem da profundidade de cura usando o
ensaio de microdureza, relacionaram esta propriedade entre resinas compostas polimerizadas
com fontes QTH e LED disponíveis no mercado. Segundo os autores, este ensaio tem sido usado
com sucesso para determinar se as amostras foram reticuladas adequadamente com outras fontes
de luz visível. O grau de cura em função da profundidade de penetração é obtido através da razão
dos valores de microdureza da base e topo das amostras. Este estudo demonstrou que as amostras
tratadas por luz halógena apresentaram valores superiores de microdureza comparado com LED
utilizado. Estudos adicionais são necessários para determinar o grau de cura e as propriedades
mecânicas das resinas curadas com LEDs, antes que seu uso rotineiro possa ser recomendado
[21].
Whitters et al. ao reticular resinas compostas com feixe de luz emitido por seis LEDs de
InGaN, mostraram que as resinas apresentaram valores de microdureza e contração de
polimerização similares aos produzidos por luz visível convencional, indicando que os LEDs
podem ser utilizados para a reticulação de compósitos dentais [22].
Alteração de cor é outro parâmetro importante quando se fala em compósitos
restauradores odontológicos. Vários fatores influenciam a cor de materiais fotoativados, como
16
por exemplo, o componente fotoiniciador, a composição da matriz de resina, a fonte de luz usada
para o processo de cura e o tempo de irradiação. Canforquinona é o fotoiniciador mais
comumente utilizado em resinas restauradoras dentais, apesar de usado em pequena quantidade,
este influencia significativamente na cor dos materiais. Outros componentes muito importantes
do fotoiniciador são as aminas aromáticas e alifáticas, que agem como sinergistas e aceleradores.
As aminas são conhecidas por formarem sub produtos durante a fotopolimerização, as quais
tendem causar descolorações em tons amarelados, vermelhos e marrons sob a influência de luz
ou calor [23].
O comportamento do material sob ambiente aquoso pode influenciar as propriedades da
resina composta. Se a matriz é hidrofóbica, a sorção de água é menor e pequena alteração de cor
é observada. Entretanto, matriz hidrofílica induz a um aumento da sorção de água resultando em
colorações brancas e opacas [24-26]. Também o tipo de partícula (orgânica, inorgânica) pode ter
influência nas descolorações. Por outro lado, descolorações exógenas causadas pela adsorção de
detritos ou placa que podem ser facilmente removidos pelo polimento. Descolorações endógenas
causadas por características clínicas do paciente são irreversíveis [25-28]. Por isso, o sistema
fotoiniciador e outros componentes das resinas restauradoras dentais podem não só influenciar as
características de cura e resistência dos materiais, mas também ter impacto na estabilidade de
cor.
2.6- Hábitos Alimentares
A venda e consumo de refrigerantes (pH baixo) e sucos de fruta têm um crescente
aumento na última década e contribuem diretamente para a erosão dental e em conseqüência do
material restaurador. Entretanto, os dados clínicos científicos sobre a prevalência e a severidade
da erosão dental e do material restaurador são limitados. O desgaste dental tem etiologia
multifatorial, com agentes intrínsecos e extrínsecos. O baixo valor de pH afeta a resistência de
materiais restauradores, resinas compostas, em termos de decomposição da matriz e da interação
com as partículas de carga.
De toda forma, a erosão ácida contribui em grande parte para destruição dental. Os
resultados do estudo de Hughes et al. não permitem uma conclusão específica de como ocorre o
17
processo de erosão, além do que sempre existe dificuldade em avaliar os efeitos danosos dos
agentes químicos e mecânicos nos tecidos dentais “in vivo” e planejar métodos “in vitro” [29].
Os principais componentes da dieta que estão envolvidos com a erosão dental são sucos
cítricos e refrigerantes. Tradicionalmente, a acidez é um indicador do potencial erosivo de
comidas e bebidas, porém necessidade de análises complementares para definições
conclusivas [30].
As restaurações também estão sujeitas às condições do meio bucal, resultante do processo
de mastigação, variação de pH e temperatura. Alguns trabalhos experimentais têm avaliado as
mudanças de temperatura induzidas pela comida e bebida no meio bucal. É muito difícil ser
preciso sobre cada evento, pois existe uma ampla variação nestes hábitos, dependendo do
horário, do tipo e das condições da boca para receber a alimentação. Entretanto, quando não
função mastigatória, nem contato com substância a diferentes temperaturas e a respiração não é
bucal, a temperatura intra-oral tem sido medida de 35,2 ± 2,1
o
C [31].
A resina composta pode ser exposta intermitentemente ou continuamente a agentes
químicos encontrados na saliva, alimentos e bebidas. A exposição intermitente ocorre enquanto a
pessoa está comendo ou bebendo, até que o dente seja limpo. Exposição contínua pode,
entretanto, ocorrer quando o agente químico é absorvido por irregularidades aderentes, ou seja,
cálculo ou placa bacteriana, nas margens das restaurações ou ser produzido pela decomposição
bacteriana. O fenômeno de contração de reticulação e difusão de substâncias através dos
componentes de resina podem levar ao início e propagação de micro trincas na interface dente-
restauração e na matriz de resina. Este processo promove a troca de substâncias químicas e sua
difusão na matriz do material restaurador, que pode acelerar o processo de degradação. YAP et
al. investigando o efeito de diferentes meios químicos na dureza de superfície de resinas
compostas observaram que a degradação é dependente da composição da resina utilizada e que
tanto solventes orgânicos, quanto ácidos fracos em meio aquoso podem degradar a resina
composta [32].
Alguns estudos utilizam solventes que simulam a dieta para a imersão dos corpos de
prova de materiais restauradores, recomendados pelas normas da Federação Dental Americana
(FDA), como o heptano, que simula alimentos gordurosos e óleos vegetais, soluções de etanol
em água, que simulam certos vegetais, algumas frutas e certos doces e a água destilada que
simula a umidade do meio bucal, promovida pela saliva [32, 33].
YAP ao avaliar a microdureza de materiais restauradores provisórios, submetidos a meios
que simulem a dieta, de acordo com a FDA, observou diferenças nos valores de microdureza,
18
que podem ser atribuídos, em parte, aos efeitos dos solventes que simulam a dieta. As matrizes
de resina dos compósitos dentais são sensíveis a ácidos orgânicos e vários constituintes da
comida e bebida. Fendas nas partículas inorgânicas dos compósitos e desintegração da interface
resina-partícula (agente de ligação silano) podem ocorrer sob determinadas condições do meio
bucal. Materiais provisórios à base de metil metacrilato e uretano dimetacrilato sofreram
alterações significativas pelo heptano [33].
Duas hipóteses são comumente levadas na tentativa de explicar o efeito amolecedor dos
ácidos sobre os compósitos: i) a reação desse com a resina, determinando o rompimento da
molécula de polímero (hidrólise ácida), ii) dissolução ou o intumescimento da matriz de resina
pela sorção de líquidos.
FREITAS et al. ao analisar a microdureza, rugosidade superficial e espectroscopia de
infravermelho de resinas compostas antes e após 48h de imersão em soluções de ácido acético,
ácido lático e ácido propiônico concluíram que os ácidos acéticos e propiônico exerceram efeito
amolecedor sobre as resinas, enquanto o ácido lático determinou o amolecimento somente em
uma das resinas. Já, a rugosidade das amostras mostrou-se inalterada após a imersão em
quaisquer dos ácidos. A semelhança dos espectros de Espectroscopia de Infravermelho com
Transformada de Fourier (FTIR) obtidos antes e após a imersão, entretanto, sugere que nenhuma
reação química ocorreu entre resina e ácidos [34].
GORDAN et al estudaram o efeito do acabamento e polimento e meio de estocagem na
resistência flexural bi-axial e microdureza de resinas compostas de micropartículas e sem
partículas. As amostras foram mantidas nos seguintes meios: café, refrigerante à base de cola e
vinho tinto, por uma semana. O vinho resultou em redução significativa nos valores de
microdureza e resistência flexural para a resina sem partículas inorgânicas [35].
3- OBJETIVOS
3.1- Objetivo Geral
O objetivo deste estudo foi avaliar as propriedades físicas e químicas das resinas
compostas fotoativadas após o processo de cura e da estrutura dental, em diferentes meios de
bebidas utilizadas na dieta diária.
.
3.2- Objetivos Específicos
Avaliar:
- A resistência flexural das resinas curadas com fonte de luz convencional halógena
e com diodos emissores de luz (LED);
- A influência do aumento exponencial da intensidade de luz da fonte LED, na
propriedade de resistência flexural das resinas compostas;
- As propriedades da resina composta, após imersão em bebidas com diferentes
valores de pH: i) resistência flexural, ii) adsorção de componentes à superfície,
iii) porosidade, iv) dureza, v) parâmetros de cor, vi) grau de cura e vii)
microestrutura;
- A dureza da estrutura dental (esmalte e dentina) antes e após tratamento em
bebidas;
- A influência de selante de proteção de superfície nos parâmetros de cor das
resinas imersas em vinho.
4- MATERIAIS E MÉTODOS
4.1- Materiais
Foram selecionadas para o estudo quatro resinas compostas comerciais, duas híbridas
(macropartículas predominantes com dimensões de 0,4 a 1
µ
m): Filtek Z250 (3M ESPE Dental
Products, Minnesota, USA), Charisma (Heraeus Kulzer, Hanau, Germany) e duas de
micropartículas (0,01 a 0,04µm): Filtek Supreme (3M ESPE) e Durafill (Kulzer). A resina
Supreme apresenta tamanho de partícula primário de 5 a 20nm e a incorporação de sílica de
20nm não aglomerada. Em anexo (Anexo 1) segue a composição das resinas compostas segundo
o fabricante. Todas as resinas utilizadas foram da cor A2.
Os feixes de luz para o tratamento fotoquímico dos corpos-de-prova foram provenientes
de lâmpada halógena de quartzo-tungstênio, Curing Light 2500 (3M Dental Products) e diodo
emissor de luz, Elipar Free Light (3M ESPE), com intensidade de 600 e 370mW/cm
2
,
respectivamente, além da utilização do aumento exponencial da intensidade do feixe de luz com
o tempo, denominado modo “hamp”. A intensidade foi de 120mW/cm
2
nos primeiros 10s,
aumentando exponencialmente até atingir 370mW/cm
2
, nos 30s restantes. As intensidades dos
feixes de luz foram medidas com o radiômetro de cura Demetron 100 (Demetron Research
Corporation, Oregon, USA), tendo-se que levar em consideração o comprimento de onda
específico do LED e mais amplo da fonte QTH para levar em consideração a medida da
intensidade do feixe de luz das duas fontes com o mesmo tipo de radiômetro .
Avaliou-se, também, o efeito de bebidas utilizadas na dieta diária nos corpos-de-prova de
resina composta e na estrutura dental. As bebidas utilizadas foram: energético (Gatorade
de
frutas cítricas), Iogurte (Yo Mix Cultures), refrigerante (Coca-Cola
), vinho tinto (Cordier Le
Merlot) e a água destilada como grupo controle. Os corpos-de-prova foram armazenados a 37°C,
em estufa microbiológica, para simular o meio bucal, em intervalos de vinte e quatro horas e
uma semana (168h). Acompanhou-se o comportamento das resinas em tempos superiores de 1 e
6 meses em alguns experimentos. As bebidas foram trocadas a cada 24 h, bem como as amostras
lavadas em água corrente por 10min. O potencial hidrogeniônico (pH) das bebidas foi
acompanhado no intervalo de tempo estudado, sendo de 2,8; 2,4; 3,6 para energético,
refrigerante e vinho, respectivamente. O pH do iogurte varia de 6,0 a 2,5 durante a primeira hora
após a manipulação da bebida, ou seja, incorporação dos lactobacilos no leite, mantendo em
seguida o pH ácido. Quando armazenados em tempos superiores a 168h , foi adicionado à água
21
destilada o conservante nipazin, para evitar a alteração de cor dos corpos-de-prova por outros
fatores, como formação de fungos, por exemplo.
Para realização desta pesquisa foram obtidos dez dentes permanentes caninos recém
extraídos. Este estudo foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) com
Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), cujo parecer deste conselho
encontra-se em anexo (Anexo 2). Esses dentes foram seccionados com disco de diamante, para
obtenção de duas fatias, uma vestibular (frente do dente) e outra lingual ou palatal (parte de trás
do dente). Ambos os grupos tiveram as raízes seccionadas e, posteriormente, o resto da coroa
(parte do dente visto na boca) embutido em resina fenólica, segundo especificações do
fabricante, em tubos de PVC de 2,5cm x 2cm (diâmetro x altura) de maneira que o esmalte e a
dentina ficassem expostos, para realização dos testes. Após a cura da resina fenólica, esses
conjuntos foram, então, submetidos ao acabamento e ao polimento com lixas de granulação de
240, 400, 600 e 1200 e feltro impregnado com solução de alumina (granulometria de 1; 0,3 e
0,05
µ
m). Os dentes foram divididos em dois grupos: I) dentina; II) esmalte, que foram imersos
em bebidas comerciais. Metade da fatia de um mesmo dente foi isolada com esmalte de unha
antes de ser imerso em bebida. Após o tempo preconizado, o esmalte de unha foi removido e a
porção correspondente ao dente (esmalte e dentina) fez parte do grupo controle. Os dentes
preparados foram utilizados no ensaio de dureza. (Figura 2)
Figura 2. Dente preparado para o ensaio de dureza (nanoindentação) e imerso 168h em
refrigerante.
22
Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística (Análise de variância –
ANOVA e Teste de Schefè com p< 0,05).
Os corpos-de-prova foram confeccionados em moldes de aço inox, variando suas
dimensões de acordo com cada ensaio executado. Em seguida, foi realizado o procedimento de
acabamento e polimento com lixas de granulação 240, 400, 600 e 1200, seqüencialmente.
Repetiu-se, pelo menos, doze vezes os experimentos realizados.
Também foi avaliado o efeito do selante Fill Glaze
(Fill magic, Brasil) na proteção da
superfície dos corpos de prova da resina Supreme, após 168h de imersão em vinho, mediante a
avaliação dos parâmetros de cor. A superfície da resina foi condicionada com ácido fosfórico a
37% por 20s, seca com jato de ar e aplicado o selante sobre a superfície com pincel, em seguida
colocado uma tira matriz de poliéster e a superfície foi curada por 40s.
O diagrama a seguir apresenta esquematicamente os experimentos realizados com as
resinas compostas e estrutura dental.
Diagrama com os experimentos realizados na pesquisa:
Resinas Compostas
Raman
TGA
Resistência
Flexural
Dureza
Adsorção
Desorção
Nitrogênio
PFL
MEV
Cor
Estrutura dental
LED
LED
QTH
QTH
bebidas
bebidas
24h
24h
168h
168h
1 e 6
1 e 6
meses
meses
Resinas Compostas
Raman
TGA
Resistência
Flexural
Dureza
Adsorção
Desorção
Nitrogênio
PFL
MEV
Cor
Estrutura dental
LED
LED
QTH
QTH
bebidas
bebidas
24h
24h
168h
168h
1 e 6
1 e 6
meses
meses
23
4.2- Métodos
4.2.1- Espectroscopia Raman
A espectroscopia Micro-Raman foi avaliada em um microscópio Renishaw Raman com
laser de 514,5nm de Ar, usado para excitação, com intensidade de 1,1 mW.cm
-2
e utilizada como
calibração o pico de Si a 520,7cm
-1
. O erro na posição dos picos foi menor que ± 2,0cm
-1
.
4.2.2- Análise Termogravimétrica
Esta técnica de Análise Termogravimétrica (TGA) consiste na medida da variação da
massa da amostra quando submetida a um aquecimento programado em atmosfera inerte,
utilizando-se uma balança ligada a um termopar e um sensor que registra perda de massa em
função da temperatura. As análises foram realizadas num equipamento TGA-50, da Shimadzu,
com taxa de aquecimento de 10
o
C.min
-1
, da temperatura ambiente até 900
o
C, sob atmosfera de
nitrogênio.
4.2.3- Microscopia Eletrônica de Varredura
Na microscopia eletrônica de varredura (MEV) os elétrons provenientes da fonte chocam-
se com a amostra analisada, sendo “refletidos” e detectados, formando a imagem topográfica da
superfície sob análise. Os corpos-de-prova, criogenicamente fraturados e recobertos com uma
fina camada de ouro em um metalizador (ISI D2 Diode Sputtering System), foram observados
em um microscópio Phillips XL-30, com lâmpada de tungstênio como fonte eletrônica.
A microscopia eletrônica de varredura utiliza um equipamento constituído de três partes
principais: uma coluna eletro-óptica, que gera e colima o feixe eletrônico; um sistema de vácuo -
incluindo a câmara onde fica a amostra e a parte de detecção do sinal - e o sistema de geração de
imagem. O princípio de operação baseia-se principalmente na quantificação dos elétrons
secundários, emitidos por uma amostra como resposta a uma excitação eletrônica incidente. Essa
medida de Elétrons Secundários (SE) permite uma definição qualitativa da morfologia e
topografia da amostra. O feixe de elétrons origina-se em um cátodo aquecido por uma corrente
24
elétrica, geralmente de tungstênio. Os elétrons emitidos são acelerados desde o cátodo através de
uma grade e um ânodo aterrado. Esse sistema de eletrodos é chamado de canhão de elétrons. Um
sistema de lentes reduz o diâmetro do feixe de elétrons a aproximadamente 100 Angströns (Ǻ).
Para realizar-se essa redução usam-se duas ou mais lentes magnéticas em série, cada uma capaz
de reduzir o diâmetro do feixe de elétrons de um fator de 20 a 100 vezes. Uma corrente ajustável
(Lcd) é aplicada a uma corrente (Ld) na bobina de deflexão do tubo de raios catódicos,
determinando a ampliação do microscópio. Quando os elétrons primários alcançam a amostra, a
interação destes com os átomos do material, origem a elétrons secundários. O número de
elétrons secundários emitidos varia de acordo com a geometria e outras propriedades da amostra.
Os elétrons secundários são coletados por um detector, produzindo imagem. Os elétrons
retroespalhados (BSE) e fótons emitidos da amostra devido à ação do feixe de elétrons podem
também ser utilizado para produzir imagens [36].
Quando os elétrons primários alcançam a amostra, a interação destes com os átomos do
material origem a elétrons secundários. O número de elétrons secundários emitidos varia de
acordo com a geometria e outras propriedades da amostra. Os elétrons secundários são coletados
por um detector, produzindo imagem. Os elétrons retroespalhados e fótons, emitidos pela
amostra pela ação do feixe de elétrons podem também ser usado para produzir imagens.
4.2.4- Resistência Flexural
Os corpos-de-prova de resina foram preparados em moldes de aço-inox, com as
dimensões de 25mm x 2mm x 2mm, de acordo com as normas da ISO 4049, para materiais
poliméricos odontológicos de preenchimento e vedamento, conforme ilustrado na Figura 3. O
tratamento com o feixe de luz no tempo recomendado pelo fabricante (40s) ocorreu por partes
em toda extensão do corpo-de-prova, sendo que em cada próxima secção a ser tratada, o feixe de
luz se sobrepõe à metade do diâmetro do feixe anterior. Para controlar esse deslocamento do
feixe de luz, foi construído um equipamento cujo conjunto molde/corpo-de-prova era fixado em
uma base metálica e a fonte de luz deslocada horizontalmente por meio de um dispositivo com
parafuso, permitindo o controle da região sob incidência do feixe de luz, conforme ilustrado na
Figura 4.
25
O ensaio de resistência flexural a três pontos foi realizado no equipamento universal de
ensaios mecânicos Instron 4444, cuja velocidade de deslocamento vertical do dispositivo é de
0,75mm/min, com uma carga aplicada de 2000N.
Figura 3. Molde de aço inox para o ensaio de resistência flexural
Figura 4. Dispositivo utilizado para reticulação dos corpos-de-prova de resina composta.
26
4.2.5- Nanoindentação
As medidas de nanoindentação foram realizadas no Laboratório de Propriedades Nano-
Mecânicas da Universidade Federal do Paraná, com a utilização de um Nano Identer II, da
NanoInstruments. Esse equipamento é constituído de uma ponta de diamante piramidal de três
faces opostas (tipo Berkovich) com capacidade de realizar indentações com cargas de 1mg a 40g.
Os corpos-de-prova tinham as dimensões de 6mm x 1mm (diâmetro x espessura), como
apresentado na Figura 5.
A técnica de indentação consiste na medida de dureza de sólidos, onde uma ponta de
diamante ou metal endurecido (indentador) com diferentes formas penetra o material com cargas
e tempos de contacto variáveis [37-39]. A dureza é calculada pela equação: H = P/A, onde P é a
força aplicada e A é a área de contato projetada do indentador. (Figura 6)
Inicialmente, a carga é aplicada com uma taxa pré-determinada até atingir um valor
máximo, P
máx
. Em seguida, a força é mantida constante por um determinado intervalo de tempo,
permitindo assim a acomodação do material. Em uma última etapa, a carga é retirada e o
indentador removido da amostra. Durante todo o processo de indentação, a profundidade de
penetração da ponta é medida em função da carga (P).
Quando a carga é removida do indentador, o material tende a retornar à sua forma
original. Todavia, muitas vezes, esse movimento é impedido devido a deformações plásticas
sofridas durante o processo de carga. Entretanto, devido à relaxação das tensões elásticas no
material, pode ocorrer um certo grau de recuperação elástica. A análise dessa recuperação, após a
retirada da carga, fornece uma estimativa do módulo de elasticidade da amostra.
A partir dos valores de penetração em função da carga aplicada pode-se avaliar o grau de
rugosidade da superfície. Para tanto, fazem-se necessárias as seguintes considerações:
i) que seja uma superfície que apresente um plano rugoso, conforme ilustrado na Figura
7a, onde diferentes valores de penetração podem ser obtidos para uma mesma carga aplicada,
com o indentador atuando em pontos distintos ao longo do plano. O valor correspondente à
penetração pode ser nulo ou máximo, dependendo da relação da forma do indentador com a
rugosidade, conforme esquema ilustrativo da Figura 7a, para a penetração denotada por a, b e c,
os quais denotam penetração máxima, parcial e nula, respectivamente. O valor médio da
penetração de um número grande de indentações será d.
27
ii) que seja uma superfície que apresente um plano perfeitamente liso, conforme ilustrado
na Figura 7b, para que a penetração seja sempre a mesma para uma determinada carga, em
diferentes indentações com desvio nulo.
Se a rugosidade de pico (Rp) for igual à penetração (d), esta poderá variar de valor zero ao
de 2d, passando por valores intermediários. A média será sempre d, para um grande número de
indentações e máximo desvio de ± d. Cargas menores, com menores penetrações, tendem a
reproduzir as situações apresentadas na Figura 7a. Cargas maiores, com maiores penetrações,
produzirão desvios menores do que ± d, pois a área da indentação abrangerá mais de um pico da
rugosidade, não se verificando as condições anteriores. Os desvios tornam-se percentualmente
menores até o caso extremo do plano perfeitamente liso. Logo, quando o desvio nas medidas das
penetrações torna-se igual às medidas das próprias penetrações, infere-se que o valor da
rugosidade de pico (Rp) é igual ao valor da penetração d. Isso é válido para teste modelo, no qual
se considera um indentador e uma superfície ideal; porém, como esses experimentos são
eminentemente estatísticos, é possível aplicá-lo em situações semelhantes, como a de um
indentador piramidal sobre uma superfície qualquer.
Figura 5. Molde de aço inox utilizado para obtenção dos corpos-de-prova nos ensaios de
nanoindentação e porosidade.
28
Figura 6. Representação esquemática de uma indentação com uma ponta piramidal.
(a)
(b)
Figura 7. Desenho esquemático da penetração em relação ao indentador e tipo de
superfície: (a) rugosa e (b) lisa.
4.2.6- Adsorção e Desorção de Nitrogênio à Superfície
As isotermas de adsorção/desorção de nitrogênio a -196ºC dos corpos-de-prova foram
coletadas em um equipamento Quantochrome Autosorb, após purga com hélio a 40ºC por 4h.
Tendo como base essas isotermas de adsorção/desorção, foram determinados o tamanho médio e
a distribuição de tamanhos de poros. O volume total dos poros é derivado da quantidade
adsorvida de vapor a uma pressão relativa próxima da unidade, assumindo que os poros estão
preenchidos com adsorvato líquido. Os corpos-de-prova foram preparados em molde de aço inox
com dimensão de 6mm x 1mm (diâmetro x espessura), apresentado na Figura 5.
29
O equipamento mede a quantidade de gás adsorvido ou desorvido de uma superfície
sólida a uma pressão de equilíbrio de vapor por um todo volumétrico estático. Os dados são
obtidos, adquirindo ou removendo uma quantidade conhecida de gás adsorvido dentro ou fora da
célula onde estão os corpos-de-prova contendo o adsorvato sólido, o qual é mantido à
temperatura constante abaixo da temperatura crítica do absorvato. Quando a adsorção ou
desorção ocorrem, a pressão na célula muda até o equilíbrio ser estabelecido. A quantidade de
gás adsorvido ou desorvido à pressão de equilíbrio constitui a diferença entre a quantidade de gás
admitido ou removido e a quantidade requerida para preencher o espaço ao redor do adsorvato.
A distribuição do diâmetro dos poros, fundamentado no método Barret-Joyner-Halenda (BJH),
foi calculada baseado nos dados de desorção.
4.2.7- Fluorescência Induzida por Laser Polarizado – Fluxo Induzido
O fenômeno de fluorescência polarizada ocorre devido à capacidade que possuem
substâncias opticamente ativas de rotacionar o plano da luz polarizada (birrefringência). A
escolha do corante, de acordo com o período de rotação molecular, oferece a possibilidade de
estudar o grau de alinhamento intermolecular em função do ambiente químico. A excitação do
corante utilizado, a Rodamina 6G gera valores positivos na região do visível do espectro
eletomagnético.
O LASER é uma fonte de radiação monocromática, colimada e coerente. Como tal, é
composto por ondas eletromagnéticas que apresentam vetores elétricos distribuídos igualmente
em torno do seu eixo de propagação. Um feixe de laser plano ou linearmente polarizado contém
ondas eletromagnéticas que se propagam em um único plano.
No universo dos sistemas dinâmicos, isto é, aqueles que apresentam gradientes de
velocidade, encontram-se várias interações de importância vital para o homem e que estão
associadas a interfaces. Interfaces dinâmicas líquido-sólido constituem uma das mais
interessantes aplicações da cnica desenvolvida, a qual é utilizada para o estudo da interação
bebida-superfície da resina composta curada.
O método de Fluorescência Induzida por Laser Polarizado com o Fluxo Induzido (PFL-
FI), realizado no Laboratório de Cinética e Dinâmica Molecular do Instituto de Química da
Universidade Federal da Bahia. Esse método foi aplicado para determinar as alterações da tensão
30
interfacial dinâmica entre sólido-líquido devido à imersão em bebidas e para isso, foram
utilizados corpos-de-prova com 20mm de comprimento, 20mm de altura e 1mm de espessura. O
equipamento empregado para o estudo PFL-FI de filmes líquidos finos, escoando sobre
superfície sólida foi desenvolvido recentemente por Quintela et al [40]. A Figura 8 apresenta o
desenho esquemático do método, e a Figura 9 a foto do equipamento. O experimento consiste no
escoamento através de um capilar que direciona o jato líquido com alta velocidade de
escoamento e padrão de alinhamento intermolecular conhecido. O líquido pinga sobre a
superfície sólida a 20
o
em relação ao eixo vertical, gerando um fino filme líquido escoando sobre
a superfície sólida, como apresentado na Figura 10. A fluorescência induzida pelo LASER
polarizado foi bidimensionalmente mapeada, variando-se as posições verticais e horizontais da
amostra relativa à área circular do LASER dentro do fluxo líquido. Dependendo da adesão
proporcionada pela tensão interfacial dinâmica, esse padrão pode ter diferentes tempos de
formação, ocorrendo em diferentes posições do fluxo líquido. A polarização média foi calculada
pelas médias dos mapas de polarização obtidos para o fluxo de cada amostra [41].
O líquido empregado foi de monoetileno glicol da Merck (MEG) (99,5% de pureza). Um
banho de temperatura constante mantém o fluxo líquido a 15,0 (±0,5)
o
C. Rodamina 6G
(Lambdaphysik, 99,9% de pureza) foi usada como sonda fluorescente a uma concentração de
1,9×10
–3
molL
–1
. O LASER utilizado foi de Argônio Multi-line Coherent 899, Ring Laser
(Innova 70C). Os corpos-de-prova com dimensões de 2cm x 2cm foram polimerizados por
partes, até a cura de toda extensão da amostra com auxílio do dispositivo apresentado na Figura
11.
Durante o tempo de vida do estado excitado, as sondas foto selecionadas podem ou o
rotacionar, dependendo da mobilidade das moléculas vizinhas e do ambiente químico. Se a
interação entre a superfície sólida e o fluxo líquido é maior, existe um aumento da eficiência de
molhamento. O fluxo na superfície propaga através das camadas de líquido adjacente,
diminuindo o escoamento. Microturbulência pode aparecer, gerando domínios moleculares de
desalinhamento na interface e diminuindo a polarização e anisotropia imposta pela alta taxa do
fluxo líquido. Dados de polarização de fluorescência podem ser interpretados como fenômeno
bidimensional em termos de polarização (P), pela equação 1, onde I
//
e Idenotam os
componentes paralelo e perpendicular, respectivamente [42].
P
=
(I
//
- I⊥ ) / (I
//
+ I) (Equação 1)
31
M
F I
B S
P 1
L 1
P D 1
C W
I
F
P D 2
L 2
P 2
M
P C
B
A
Filme líquido
Capilar
Vale
105
º
20
º
Fluxo líquido
M
F I
B S
P 1
L 1
P D 1
C W
I
F
P D 2
L 2
P 2
M
P C
B
A
Filme líquido
Capilar
Vale
105
º
20
º
105
º
20
º
Fluxo líquido
Figura 8. (A) Esquema do fluxo líquido para técnica de PLF-FI [Reproduzido com a permissão
do Journal of Colloid and Interface Science 281 (2005) p.201–208 [doi:10.1016 /
j.jcis.2004.08.085]. © Elsevier].. (B) Esquema experimental da fluorescência induzida
por laser polarizado dentro de fluxos líquido induzidos. CW laser, M espelhos, L1,
L2 lentes, P1, P2 – Polarizador Glan-Thompson, PD1, PD2 fotodiodos, I
interface, PC - computador, FI fluxo líquido, F- filtro colorido, BS colimador.
[Reproduzido com permissão da Química Nova, 2005, 28(2), 227-339. © Sociedade
Brasileira de Química].
32
Figura 9. Equipamento desenvolvido para a técnica PLF.
Figura 10. Porta amostras com a resina composta sob o fluxo de monoetilenoglicol e
rodamina para técnica PLF.
33
Figura 11. Confecção dos corpos-de-prova de resina composta para o ensaio de PLF.
4.2.8- Colorimetria
A “Commission Internationale de L’Éclairage” (CIE), uma organização responsável pela
padronização em áreas relacionadas à cor e à aparência, definiu, em 1931, uma fonte de luz
padrão, desenvolvendo um observador padrão que permite o cálculo dos valores tri-dimensional,
os quais representam a resposta do sistema visual humano à determinada cor. A CIE define um
espaço de cor, CIE lab, que suporta a teoria da percepção de cor, baseada em três separados
receptores nos olhos (vermelho, verde e azul) e é um dos mais populares espaços de cor. [43]
Alteração de cor de resinas compostas denota um importante aspecto relacionado ao
acompanhamento de materiais restauradores estéticos empregados na odontologia. A influência
de bebidas na estabilidade de cor das resinas compostas foi investigada por parâmetros de
verificação de cor L*, a* e b* - CIE Lab, após manter corpos-de-prova imersos em diferentes
meios. Esses valores medem tridimensionalmente a cor no espaço, onde L* corresponde à
luminosidade do objeto, a* e b* a cromaticidade, sendo a* do vermelho ao verde e b* do
amarelo ao azul (Figura 12). As medidas foram feitas em colorímetro Konica Minolta com luz
D65 com ângulo de 10º de observação e calibração com placa branca (n
o
19433091-Japan). Os
34
corpos-de-prova foram confeccionados em molde de aço inox. Para o processo de cura foi
utilizada fonte de luz de diodos durante 40s e, em seguida, foram mantidos em diferentes meios
(bebidas e água destilada) durante 24h e 168h. Após este intervalo de tempo e determinação dos
parâmetros de verificação de cor, os corpos-de-prova foram divididos em dois grupos. Um
conjunto de amostras foi mantido em água destilada a 37
o
C, protegida de luz e outro conjunto
mantido sob condições de luz e temperatura ambiente durante seis meses.
O fenômeno da cor é derivado da interação física da energia de luz com um objeto e
da experiência subjetiva de um observador. Três fatores podem influenciar a percepção da cor: a
fonte de luz, o objeto e o observador que visualiza o objeto. A fonte de luz pode emitir energia
radiante na ordem de comprimento de onda e pode ser caracterizado pela quantidade de energia
emitida a cada comprimento de onda no espectro visível. Fontes de luz contêm quantidades
variadas de comprimento da luz visível, iluminam um objeto e afetam a percepção da cor. A
refletância e transmitância espectral de um objeto caracterizam a cor emitida por ele. A curva de
reflexão e transmissão espectral do objeto representam graficamente e promovem uma forma de
quantificar a cor numericamente. Esses gráficos apontam a energia que está sendo absorvida ou
refletida pelos objetos, mostrando mudanças nos parâmetros de cor. Um objeto vermelho parece
vermelho primariamente, porque reflete comprimentos de onda vermelhos mais do que verde e
azul. Com o objetivo da comunicação de cores entre as pessoas, um número de escalas de cores
tem sido desenvolvido.
Figura 12. Parâmetros de verificação de cor L*, a* e b* - CIE - Lab.
+ a*
+ b*
L*
-b*
-a*
35
5- RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1- Espectroscopia Raman:
O espectro Raman da resina composta Charisma mantida em água destilada durante 168h
é apresentado na figura 13. As bandas indicadas na figura estão relacionadas à deformação
angular e estiramento dos grupos específicos conforme relatados na literatura [44-47] e indicado
na Tabela 1.
Figura 13. Espectro Raman do corpo-de-prova da Resina Charisma.
Tabela 1. Grupamentos presentes na resina composta Charisma.
Frequência (cm
-1
)
Atribuição
806 deformação angular Si-O-Si
1200 estiramento Si-O
1300 estiramento alifático C-O
1404 deformação angular C=CH
2
1446 deformação C=C do grupo aromático
1457, 1513, 1558 vibração estrutural do anel benzênico
1607 estiramento C=C do grupo aromático
1638 estiramento C=C do metacrilato
1714 estiramento C=O livre
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200
1714
1607
Raman (cm
-1
)
806
1200
1300
1404
1446
1638
Intensity (a.u.)
36
Os espectros Raman da resina composta Charisma anteriormente e após o processo de
cura estão apresentados na Figura 14, a qual mostra as bandas a 1607cm
-1
e 1638cm
-1
do
estiramento C=C do grupo aromático e do metacrilato, respectivamente. Observou-se a
diminuição da intensidade da banda a 1638cm
-1
devido à reação de cura com quebra da dupla
ligação entre os átomos de carbono. A intensidade da banda a 1607cm
-1
permanece inalterada,
visto que corresponde à dupla ligação entre os átomos de carbono do anel aromático. Essa
relação entre as intensidades das bandas permite estimar o grau de cura da resina a partir do
espectro Raman, utilizando a equação 2.
DC= 100 [1- (H
2
/H
1
)
curada
/ (H
2
/H
1
)
não curada
] equação 2
H
1
e H
2
correspondem às alturas dos picos a 1607cm
-1
e 1638cm
-1
, respectivamente. O
grau de cura para a resina Charisma de 70% foi determinado nesse estudo e estão em
concordância com os valores citados na literatura em estudos, usando diferentes fontes de luz,
incluindo o LED [16, 45, 48-52].
Figura 14. Espectro Raman da Resina Charisma antes e após o processo de cura.
1500 1550 1600 1650 1700
0
10000
40000
50000
Intensidade (a.u.)
Raman (cm
-1
)
curada
não curada
1607
1638
37
Para verificar se estava ocorrendo influência do feixe de laser do equipamento no grau de
cura, a resina não curada foi mantida sob incidência do feixe de laser durante 4 processos de
aquisição do espectro no mesmo ponto. A razão das alturas H
1
e
H
2
foi mantida constante para os
diferentes espectros, indicando que a incidência do feixe de LASER não influi no grau de cura da
resina.
Espectros Raman em função da profundidade dos corpos-de-prova, imersos 168h em
bebidas, foram obtidos afastando-se o foco do feixe de LASER de 10µm, após obter o foco da
superfície do corpo de prova. A partir desse ponto, foram tomadas oito aquisições do espectro,
deslocados 5
µ
m na direção do interior do corpo-de-prova e tomadas outras oito aquisições em
cada ponto. Os espectros correspondentes a cada ponto acima e no interior dos corpos-de-prova
estão apresentados na Figura 15, sendo obtidas as razões das alturas entre as bandas para os
corpos-de-prova mantidos em diferentes meios. A Tabela 2 apresenta a média e o desvio médio
da razão entre essas bandas (em relação a oito espectros obtidos nos diferentes pontos verticais),
correspondentes ao estiramento C=C do grupo aromático (1446 e 1607cm
-1
) e estiramento C=C
do metacrilato (1638cm
-1
).
Figura 15. Espectros Raman obtidos em diferentes profundidades do corpo-de-prova da
resina Charisma.
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5500
6000
6500
Intensidade (a.u.)
Raman (cm
-1
)
38
A razão entre os picos para o espectro não mostrou diferença estatisticamente significativa,
dentro do intervalo de confiabilidade (
α
= 0,05). Resultados similares foram obtidos para os
corpos-de-prova imersos em iogurte e refrigerante.
A partir das razões de alturas das bandas, tem-se a relação H
1607
/H
1446
constante, pois
elas se referem às duplas ligações do grupo aromático. Como era de se esperar, a relação é
mantida em constância. A relação H
1607
/H
1638
relacionada com o grau de cura da resina varia
com a profundidade, mas é da mesma ordem de grandeza para os diferentes pontos. Métodos
vibracionais possibilitam o acesso preciso a profundidades de polimerização e também calculam
o grau de cura de resinas compostas de metacrilato [51, 53]. O uso da espectroscopia de Raman
para determinar a percentagem de conversão requer a quantidade de duplas ligações, as quais
estão presentes após a cura, podendo ser quantificadas, em resinas à base de Bis-
GMA/TEGDMA. Essas medidas são feitas comparando a altura ou intensidade da banda
vibracional C=C a 1638cm
-1
e C=C do estiramento do grupo aromático a 1607cm
-1
, o qual a
intensidade não depende do processo de polimerização [50-52].
Tabela 2: Razão entre as bandas correspondentes ao estiramento C=C do grupo aromático (1446
e 1607cm
-1
), estiramento C=C do metacrilato (1638cm
-1
) para os corpos-de-prova
da resina Charisma mantida 168h em água destilada, iogurte e refrigerante.
Razão dos picos
H
1607
/H
1446
H
1607
/H
1638
amostras
média SD média SD
controle 1,29 0,04 2,50 0,10
iogurte 1,38 0,05 2,33 0,03
refrigerante 1,29 0,05 2,59 0,02
O grau de cura das resinas pode ser calculado, usando vários métodos, incluindo a
medida do grau de conversão (DC), o qual relaciona a percentagem de duplas ligações reduzidas
39
durante o processo de polimerização. Polimerização incompleta resulta em unidades
monoméricas que não completaram a reação química e podem deixar o material mais susceptível
a alterações em ambiente aquoso. Problemas associados ao inadequado grau de cura incluem
propriedades físicas inadequadas, aumento da solubilidade no meio ambiente bucal, aumento da
microinfiltração e conseqüente alteração de cor do material restaurador [54].
O mesmo valor do grau de conversão que foi obtido no interior e na superfície do corpo-
de-prova de resina composta e o alto DC, usando a fonte de luz LED como iniciador do processo
de cura, indicou a alta eficiência dessa fonte de luz para a cura das resinas compostas. A natureza
hidrofílica dos polímeros está relacionada à estrutura química dos monômeros e ao processo de
polimerização. A estrutura dos polímeros usados em resinas compostas dentais revela a presença
de grupos éster, hidroxil, carbonil, fosfato, tornando-os mais hidrofílicos e supostamente mais
susceptíveis a sorção de água [55].
As modificações na razão da intensidade das bandas (H
1607
/H
1638
)
correspondente ao
estiramento C=C do metacrilato (1638cm
-1
) e o anel aromático (1607cm
-1
) nos corpos-de-prova,
após a imersão em bebidas, indicam que não ocorreu reação química entre bebida e componentes
da resina. Não existiu diferença estatisticamente significativa entre a razão dessas bandas de
absorção para as amostras após a imersão em bebidas, comparadas com o grupo controle. Esse
fato mostra não ter ocorrido reação química entre os componentes da bebida e a superfície dos
corpos-de-prova de resina composta.
5.2- Termogravimetria
A curva termogravimétrica exposta na Figura 16, da resina composta Charisma,
apresenta duas regiões de perda de massa na região da temperatura ambiente a 700
o
C,
relacionadas com a fase constituída pelas unidades monoméricas e demais constituintes, que a
partir do processo de polimerização darão rigidez à resina. O resíduo corresponde à fase
constituída predominantemente de silicato, o se decompõe nessa faixa de temperatura.
Independentemente da taxa de aquecimento, a determinação da massa do resíduo permite avaliar
a composição das fases orgânica/inorgânica da resina composta. As curvas termogravimétricas
40
para as demais resinas estudadas apresentaram aspectos semelhantes, sendo as quantidades de
cada fase apresentadas na Tabela 3. A porcentagem dia foi de aproximadamente 80% de
conteúdo inorgânico para as resinas híbridas (Charisma e Z250) e para a resina de
micropartículas Supreme; e de 56,2% para a resina Durafill. Estes valores, relacionados ao grau
de cura do componente orgânico, podem influenciar nas propriedades mecânicas e o
comportamento da superfície sobre condições drásticas, quando imersas em bebidas da dieta
diária.
Figura 16. Curva de TGA da resina Charisma.
Tabela 3. Percentual de conteúdo orgânico e inorgânico, obtido pela análise
termogravimétrica, para as resinas compostas disponíveis comercialmente.
Resina Fase orgânica (%) Fase inorgânica (%)
Durafill 43,8 56,2
Charisma 21,8 78,2
Supreme 22,4 77,6
Z250 18,8 81,2
0 100 200 300 400 500 600 700 800
75
80
85
90
95
100
Massa (%)
Temperatura (
o
C)
41
5.3- Microscopia Eletrônica de Varredura
A figura 17 mostra imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura da
superfície dos corpos-de-prova das resinas compostas Durafill, Supreme, Charisma e Z250. A
resina Durafill (Figura 17a) apresentou partículas inorgânicas com dimensões inferiores a 0,2
µ
m,
distribuídas uniformemente pela matriz orgânica. A resina Supreme (Figura 17b) apresentou
características semelhantes a figura 17a, em decorrência da mesma conter aglomerados de
partículas inorgânicas dispersas na matriz polimérica. Nas micrografias das resinas Charisma
(Figura 17c) e Z250 (Figura 17d), evidenciou-se que a maior parte das partículas inorgânicas
possuem tamanho médio em torno de 1µm e o percentual restante com dimensões inferiores.
As micrografias dos corpos-de-prova da resina Charisma imersos em bebidas pelo
intervalo de tempo de 168h, mostraram a mesma característica daqueles mantidos em água
destilada pelo mesmo intervalo de tempo, não sendo observadas mudanças microestruturais na
superfície da resina.
A figura 18 apresenta a micrografia da superfície de fratura dos corpos-de-prova das
resinas Supreme e Z250 obtidos a partir do ensaio de resistência flexural. A presença de falhas
foi detectada visualmente em todas as superfícies de fratura desses corpos-de-prova e estão
relacionadas à propagão de trincas e fratura do material. A micrografia da superfície de fratura
dos corpos-de-prova mostrou regiões de fratura rápida e frágil e outras regiões de deformação
plástica, com a origem da fratura rodeadas por áreas regulares. Os materiais compósitos têm um
tipo de fratura característica, onde em algumas regiões ocorre a propagação da trinca em alta
velocidade durante a falha. A deformação plástica foi observada particularmente em algumas
regiões com camadas ordenadas na microestrutura. A evidência de cisalhamento e cavitação é
presente na região de deformação plástica, sugerindo uma redução da taxa do mecanismo de
falha na região, cuja velocidade de propagação da falha é reduzida pela tensão liberada [56].
As micrografias da superfície de fratura das resinas apresentadas na Figura 19 mostraram
as características da fratura de cada tipo de resina, de acordo com as partículas inorgânicas
dispersas na matriz orgânica. Foi observado aspecto semelhante das micrografias para as resinas
Durafill (Figura 19a) e Supreme (Figura 19b) com os aglomerados envolvidos pela parte
orgânica reticulada. Entretanto, para as resinas Charisma (Figura 19c) e Z250 (Figura 19d) foi
observado partículas inorgânicas desprendidas da matriz orgânica, devido à composição e
tamanho de partículas dessas resinas.
42
(a) (b)
(c) (d)
Figura 17. Micrografias da superfície das resinas obtidas através de microscopia eletrônica de
varredura: (a) Durafill; (b) Supreme; (c) Charisma e (d) Z250.
43
Figura 18. Micrografias da superfície de fratura das resinas Supreme e Z250 depois de realizado
o ensaio de resistência flexural.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 19. Micrografias da superfície de fratura das resinas obtidas através de microscopia
eletrônica de varredura: (a) Durafill; (b) Supreme; (c) Charisma e (d) Z250.
44
5.4- Resistência Flexural
Ensaios de resistência flexural a três pontos foram feitos com as resinas compostas
Charisma, Durafill, Z250 e Supreme, após processo de cura com o feixe de luz de QTH e LED.
Não houve diferenças significativas nos valores de resistência flexural entre as fontes de luz
QTH e LED para cada resina, como mostra a Figura 20. Os valores de resistência flexural foram
menores para a resina Durafill quando comparado com as outras resinas estudadas, estando o
valor médio em torno de 80Mpa para a resina curada com luz halógena. Esse fenômeno pode
estar relacionado com o menor percentual de conteúdo inorgânico na composição da resina
Durafill, comparado às outras resinas pesquisadas. A resistência flexural das resinas Charisma,
Z250 e Supreme, tiveram valor médio de 120Mpa, 160Mpa e 130Mpa, respectivamente, quando
curadas com a fonte QTH.
Figura 20. Resistência flexural das resinas compostas após processo de cura com o feixe de luz
halógena e diodo emissor de luz
A resistência flexural do corpo-de-prova de resina Charisma foi avaliada em função do
aumento exponencial da intensidade do feixe de luz durante o processo de cura, conhecido como
modo “hamp”. A Figura 21 apresenta um gráfico de barras com os valores de resistência flexural
dos corpos-de-prova curados com fonte LED, com intensidade de luz constante e no modo
CHARISMA DURAFILL Z250 SUPREME
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Resistêncis Flexural (MPa)
Resina Composta
HALÓGENA
LED
45
“hamp”. Os valores da resistência flexural para uma mesma resina sob os dois modos de
polimerização são similares.
Figura 21. Resistência flexural das resinas compostas tratadas com o feixe de luz emitido pelo
diodo emissor de luz com intensidade constante e modo “hamp”
Ensaios de resistência flexural com corpos-de-prova após armazenagem em bebidas
durante diferentes intervalos de tempo foram realizados para avaliar possíveis mudanças desse
comportamento mecânico. A Figura 22 mostra o gfico de barra dos valores de resistência
flexural de corpos-de-prova da resina Charisma, mantida imersa em bebida energética, iogurte,
refrigerante, vinho e água, durante 24h, 72h e 168h. Nas primeiras vinte e quatro horas de
imersão ocorreu uma redução do valor da resistência flexural para os corpos-de-prova mantidos
em bebida energética, iogurte e refrigerante. Para tempos de imersão superior a 72h, todos os
corpos de prova mantidos nas diferentes bebidas apresentaram semelhança no valor da
resistência flexural, da ordem de 75MPa. A redução dos valores de resistência também foi
observada para os corpos-de-prova mantidos em água. Cabe destacar as hipóteses levadas em
consideração para explicar o efeito ácido sobre os compósitos, de reação com a resina,
determinando o rompimento da molécula de polímero, a dissolução ou o intumescimento da
matriz de resina pela sorção de líquidos.
CHARISMA DURAFILL Z250 SUPREME
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Resistência Flexural
Resina Composta
LED
modohamp
46
Figura 22. Resistência flexural da resina Charisma após 24h, 72h e 168h de imersão em bebidas.
5.5- Fluorescência Induzida por Laser Polarizado – Fluxo Induzido
Para a análise da tensão interfacial líquido-sólido utilizou-se a cnica de Fluorescência
Induzida por Laser Polarizado e com os valores de fluorescência horizontal e vertical (cada
0,5mm) da superfície dos corpos-de-prova obtiveram-se mapas de fluorescência. Esses mapas
mostram o perfil de interação da solução MEG/Rd com o corpo-de-prova de resina composta. O
mapa de polarização exprime graficamente o comportamento da lâmina líquida escoando sobre a
superfície do corpo-de-prova de resina composta, apresentando os valores de fluorescência em
cada ponto. A Figura 23 apresenta o mapa de polarização que indica graficamente a polarização
em vários pontos da superfície de um corpo-de-prova da resina Charisma. Os números inseridos
na figura correspondem aos valores de polarização média, sendo o valor da polarização média
inversamente proporcional à interação da bebida com o corpo-de-prova, ou seja, quanto menor o
valor maior a interação. A partir destes mapas de superfície, pode-se avaliar o efeito dos
diferentes tipos de bebidas na superfície dos corpos-de-prova da resina Charisma, fundamentado
nos valores da porcentagem de polarização média.
controle energético iogurte refrigerante vinho
0
20
40
60
80
100
120
Resistência Flexural (MPa)
24h
72h
168 h
47
Figura 23. Mapa de polarização da resina composta Charisma, imersa em refrigerante por 24h,
obtido pela técnica PLF
A Figura 24 apresenta os valores médios da polarização obtidos a partir da média
aritmética da polarização nos diversos pontos da superfície dos corpos-de-prova da resina
Charisma, imersa em refrigerante, energético, vinho, iogurte e água, durante 24h e 168h. Os
valores da legenda na figura indicam a faixa de polarização e a porcentagem média está
apresentada na Tabela 4.
A polarização média diminuiu em relação ao grupo controle independente da natureza da
bebida, sugerindo alterações na superfície do corpo-de-prova, devido à ocorrência de interações
entre os componentes da superfície da resina e a camada da lâmina líquida. Entretanto, esse fato
foi mais evidente para os corpos-de-prova imersos em iogurte, no intervalo de 24h, quando os
valores de polarização média diminuíram para 1,2% comparado com o grupo controle. Esse fato
pode ser atribuído à adsorção de componentes presentes no iogurte à superfície do corpo de
prova, tornando-a mais susceptível a interações com solventes polares.
0.90
1.8
2.7
3.6
4.5
5.4
6.3
6.3
5.4
4.5
3.6
2.7
1.8
0.90
6.3
7.2
4.5
5.4
6.3
2 4 6 8 10
10
8
6
4
2
Altura (mm)
Largura (mm)
48
Figura 24. Mapa de superfície dos corpos-de-prova da resina Charisma imersos em bebidas,
relacionado à porcentagem de polarização média.
Tabela 4. Percentagem de polarização média (x) da superfície de corpos-de-prova da resina
Charisma em diferentes intervalos de tempo, com respectivo desvio padrão (S)
INTERVALO DE TEMPO
24h 168h BEBIDA
x S x S
Controle 5,1 0,1 5,1 0,1
Energético 3,5 0,2 0,8 0,1
Iogurte 1,2 0,1 1,1 0,1
Refrigerante 4,0 0,2 3,5 0,2
Vinho 3,3 0,1 0,9 0
A polarização dia dos valores obtidos a partir dos corpos-de-prova imersos 24h em
energético, refrigerante e vinho, teve redução do valor, sugerindo pequena interação com a
superfície da resina nesse intervalo de tempo. Entretanto, após 168h de imersão, os valores dos
os corpos-de-prova imersos em energético e vinho diminuíram para 0,8% e 0,9%,
respectivamente. Esse fato sugere que corpos-de-prova imersos em bebida energética e em
Contr ole Ref r i Gator ade Vinho Iogurte
0 h
24 h
168 h
PLF-FI (%)
5-6
4-5
3-4
2-3
1-2
0-1
49
vinho, em intervalos de tempos longos (168h), proporcionaram a maior adsorção de
componentes à superfície, induzindo maior polarização do que quando imerso em refrigerante.
Os corpos-de-prova imersos em iogurte tiveram a diminuição significativa do valor de
polarização média em 24h de imersão, com comportamento similar no intervalo de 168h.
Como discutido anteriormente, os resultados de espectroscopia Raman não mostraram
alterações que pudessem ser atribuídas a reações entre os componentes das bebidas e a superfície
do corpo-de-prova, sugerindo que as mudanças de polarização devem ser predominantemente
devido ao processo de adsorção. Portanto, a tensão interfacial dinâmica monitorada pela
polarização média apresentou mudanças significativas, sugerindo que uma fina camada de
componentes das bebidas foi adsorvido à superfície da resina e detectados pela técnica de
Fluorescência Induzida por Laser Polarizado. Resultados prévios com essa técnica experimental
mostraram que essa técnica é muito mais sensível a pequenas modificações de superfície do que
outros métodos, como a do Ângulo de Contato Estático [57].
5.6- Nanoindentação
Na Tabela 5 foram relacionados os valores de penetração, módulo elástico e dureza para
diferentes cargas aplicadas nos corpos-de-prova da resina Charisma, mantidos em água destilada
por 24h. O desvio padrão dos valores de penetração, obtidos a partir de pelo menos doze
determinações, são da ordem de 10% para carga aplicada, variando de 0,24 a 8,00mN, com
redução para 6% para maiores cargas aplicadas. Essas variações do desvio padrão, para cargas
aplicadas dessa ordem de grandeza, estão relacionadas com a irregularidade da superfície
analisada, uma vez que o aumento da carga aplicada induz maiores penetrações, produzindo
menores desvios. Os desvios tornam-se percentualmente menores até o caso extremo do plano
perfeitamente liso. Comportamento análogo é observado com relação à dureza da superfície do
corpo-de-prova em relação à carga aplicada, com contínua redução do valor do desvio observado
com o aumento da carga. Como seria de esperar, o módulo elástico apresenta valor da ordem de
12GPa para valores de carga entre 2 e 32mN.
50
Tabela 5. Penetração, módulo elástico e dureza em função da carga aplicada, obtidos a partir de
experimentos de nanoindentação para corpos-de-prova da resina Charisma imersa em
água destilada durante 24h.
Penetração
(nm)
Desvio
padrão
Carga
Aplicada
(mN)
Desvio
Padrão
Módulo
Elástico
(GPa)
Desvio
padrão
Dureza
(GPa)
Desvio
padrão
127 34 0,24 0 42 42 0,76 0,53
206 37 0,49 0 21 10 0,56 0,25
310 36 0,99 0,01 16 5 0,50 0,12
453 40 1,99 0,01 14 3 0,47 0,08
659 63 4,00 0,01 12 2 0,46 0,09
944 90 8,00 0,11 12 2 0,46 0,09
1316 110 16,00 0,13 12 2 0,47 0,09
1827 117 32,00 0,41 12 1 0,50 0,07
Levando-se em conta a dureza como propriedade de interesse para avaliar mudanças na
superfície dos corpos-de-prova da resina Charisma, após imersão nas diferentes bebidas, foram
determinados os valores de dureza para cargas na faixa de 5 a 35mN, conforme relacionado na
Tabela 6.
51
Tabela 6. Valores de dureza (GPa) da resina Charisma em função do tipo de bebida e carga
aplicada, em 24h e 168h de imersão.
A Figura 25 mostra o gráfico dos valores de dureza em função da carga aplicada e do
tempo de imersão nas diferentes bebidas. Ocorreu um decréscimo do valor da dureza para baixos
valores de carga aplicada com posterior aumento da dureza com o aumento da carga aplicada,
conforme ocorre com a maioria dos materiais poliméricos. Os valores da dureza superficial dos
corpos-de-prova imersos em energético, refrigerante e vinho apresentaram valores da mesma
ordem de grandeza e mantiveram-se inferiores ao valor médio dos corpos-de-prova imersos em
água. Entretanto, os corpos de prova mantidos em iogurte apresentaram valores de dureza
superiores, sugerindo modificação da superfície. Por outro lado, para 168h de imersão nas
bebidas, os corpos-de-prova mantidos em bebidas do tipo energético, refrigerante e vinho
mantiveram-se com mesma característica de variação e valores de dureza, comparados com o
24h
Carga Aplicada (mN)
Bebida/
intervalo
tempo
0,24 0,49 0,99 1,99 4 8 16 32
Controle 0,76 0,56 0,50 0,47 0,46 0,46 0,47 0,50
Energético 0,33 0,28 0,29 0,31 0,35 0,37 0,40 0,44
Iogurte 0,48 0,43 0,41 0,42 0,44 0,47 0,51 0,55
Refrigerante 0,34 0,30 0,30 0,32 0,35 0,37 0,39 0,44
Vinho 0,45 0,34 0,31 0,30 0,31 0,34 0,38 0,45
168h
Controle 0,36 0,31 0,31 0,33 0,37 0,41 0,44 0,50
Energético 0,34 0,30 0,32 0,34 0,36 0,39 0,40 0,48
Iogurte 0,40 0,37 0,41 0,45 0,53 0,58 0,62 0,68
Refrigerante 0,34 0,30 0,32 0,36 0,39 0,42 0,46 0,50
Vinho 0,37 0,31 0,30 0,31 0,34 0,38 0,42 0,49
52
tempo de imersão de 24h, conforme apresentado na Figura 25, porém com valores de dureza
inferiores ao intervalo de tempo de 24h, para cargas aplicadas baixas. Chama atenção o fato da
redução da dureza dos corpos-de-prova mantidos em água, os quais concordam com o
comportamento observado para esses corpos-de-prova quando da análise da resistência flexural.
O aumento da dureza para os corpos-de-prova mantidos em iogurte, pode ser atribuído à
deposição de sais de cálcio, que estão presentes no leite e bebidas derivadas deste, como é
descrito na literatura em experimentos com a estrutura dental [58, 59].
A dureza da superfície dos corpos de prova da resina Z250 e Supreme, cujas
características morfológicas foram semelhantes nas micrografias obtidas pela microscopia
eletrônica de varredura, apresentaram comportamento análogo ao da resina Charisma, conforme
ilustrado na Figura 26 e 27. Entretanto, os diferentes valores de dureza da superfície relacionados
aos corpos-de-prova imersos em vinho, energético, iogurte e refrigerante devem estar
relacionados com a composição dos constituintes da fase orgânica, independente do tamanho das
partículas inorgânicas. Esses resultados sugerem que as resinas estudadas, após o processo de
cura e mantidas em meios que simulam as condições drásticas de dieta, modificaram
características de superfície [60]. Esse fato foi avaliado mediante a dureza da superfície em
escala nano, o qual pode estar relacionada com a adsorção de constituintes das bebidas ou
mesmo difusão de solvente no interior do corpo-de-prova.
(a) (b)
Figura 25. Dureza em função da carga aplicada da superfície dos corpos-de-prova de resina
Charisma imersos em bebidas por (a) 24h e (b) 168h.
0 5 10 15 20 25 30 35
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
refrigerante
energético
vinho
iogurte
controle
dureza (GPa)
carga (mN)
0 5 10 15 20 25 30 35
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
vinho
refrigerante
iogurte
energético
controle
dureza (GPa)
carga (mN)
53
(a) (b)
Figura 26. Dureza em função da carga aplicada da superfície dos corpos-de-prova de resina Z250
imersos em bebidas por (a) 24h e (b) 168h.
(a) (b)
Figura 27. Dureza em função da carga aplicada da superfície dos corpos-de-prova de resina
Supreme imersos em bebidas por (a) 24h e (b) 168h.
0 5 10 15 20 25 30 35
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
0.65
0.70
0.75
0.80
Vinho
Refrigerante
Energético
Iogurte
Controle
Z250 - 24h
Dureza (GPa)
Carga (mN)
0 5 10 15 20 25 30 35
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
0.65
0.70
0.75
0.80
Z250 - 168h
Refrigerante
Iogurte
Vinho
Energético
Controle
Dureza (GPa)
Carga (mN)
0 5 10 15 20 25 30 35
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
0.65
0.70
0.75
0.80
Iogurte
Vinho
Gatorade
Refrigerante
Controle
Supreme - 24h
Dureza (GPa)
Carga (mN)
0 5 10 15 20 25 30 35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
0.65
0.70
0.75
0.80
Refrigerante
Iogurte
Controle
Energético
Vinho
Supreme - 168h
Dureza (GPa)
Carga (mN)
54
5.6.1-Influência das bebidas sobre a estrutura dental:
A Figuras 28 apresenta o gráfico de dureza em função da carga aplicada para o esmalte.
Os dados coletados tiveram objetivo de avaliar e comparar essa propriedade da superfície da
estrutura dental com as resinas estudadas. A dureza do esmalte, igual a 4Gpa, é independente da
carga aplicada, sendo aproximadamente 8 vezes maior do que o valor correspondente à
superfície dos corpos-de-prova das resinas. Depois de imerso, durante uma semana em bebidas,
os valores da dureza superficial mantiveram-se independentes da carga aplicada e com valores da
mesma ordem de grandeza para os corpos-de-prova das resinas imersos em refrigerante, vinho e
energético. Entretanto, os corpos-de-prova imersos em iogurte, os valores de dureza diminuíram
10 % comparados com o esmalte do grupo controle, mantido em água destilada. Comportamento
semelhante foi observado para as amostras de dentina (Figura 29), em que as possíveis interações
entre os componentes das bebidas e a dentina reduzem consideravelmente a dureza da superfície.
A Tabela 7 apresenta os valores de dureza e módulo elástico para a superfície da estrutura dental
e resinas sob carga de 1mN, sendo a dureza do esmalte e dentina de 3,85GPa e 0,54GPa,
respectivamente. Esses valores podem ser atribuídos à característica dúctil da dentina em
contraste à característica frágil do esmalte.
Figura 28. Dureza do esmalte em função da carga aplicada após imersão de 168h em diferentes
bebidas.
0 5 10 15 20 25 30 35
0.0
0.5
2.5
3.0
3.5
4.0
energético
vinho
refrigerante
iogurte
controle
dureza (GPa)
carga (mN)
55
Figura 29. Dureza da dentina em função da carga aplicada após imersão de 168h em
diferentes bebidas.
Tabela 7. Dureza do esmalte, dentina e resina sob carga de 1mN
material Dureza
(GPa)
SD Módulo
elástico
(GPa)
SD
esmalte 3,85 a 0,75 91,74 a 7,71
dentina 0,54 b 0,05 21,93 b 1,98
Charisma
0,50 b 0,07 12,16 c 0,99
Durafill 0,58 b 0,07 15,80 c 1,05
Supreme
0,63 b 0,09 14,79 c 1,58
Z250 0,65 b 0,10 16,20 c 1,83
* Letras diferentes na mesma coluna indicam dissimilaridade entre os grupos (P<0,05)
0 5 10 15 20 25 30 35
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
0.60
0.65
0.70
0.75
0.80
vinho
controle
refrigernte
iogurte
energético
dureza (GPa)
carga (mN)
56
5.6.2- Efeito da rugosidade
Para cada determinação do valor médio da dureza realizou-se no mínimo doze medidas em
cada corpo de prova; para isso, observou-se elevados valores do desvio padrão (SD) para todos
os valores de carga aplicada, conforme relacionado na Tabela 5. Segundo o comentado
anteriormente, o valor do desvio decresce com a diminuição da intensidade de rugosidade, ou
seja, quanto mais plana for a superfície menor o desvio observado. Portanto, a partir de um
gráfico da penetração e do desvio padrão em função do inverso da carga, Figura 30, pôde-se
estimar a pico de rugosidade (Rp) após extrapolar as duas curvas, conforme descrito nos
materiais e métodos deste trabalho. A partir da extrapolação dessas curvas para as diferentes
condições estudadas, obtiveram-se os correspondentes picos de rugosidade, relacionados na
Tabela 8. Esse tratamento estatístico permitiu avaliar que todas as superfícies dos corpos de
prova imersos em água ou demais bebidas estudadas apresentaram a mesma faixa de picos de
rugosidade, os quais estão relacionados com as características de obtenção do corpo-de-prova,
corroborando com o fato de que a adsorção de componentes sobre a superfície do corpo-de-
prova é delgada, não influenciando as características morfológicas da superfície.
Figura 30. Penetração e desvio padrão relacionado à carga aplicada dos corpos-de-prova do
grupo controle da resina Charisma.
0 1 2 3 4 5 6
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
Rp=57
desvio padrão
penetração
penetração (nm)
1/carga (1/mN)
57
Tabela 8. Pico de rugosidade (Rp) para corpos-de-prova de resina Charisma e Supreme
5.7- Porosidade
As curvas de adsorção e desorção de volume de gás nitrogênio em função da pressão
relativa foram coincidentes para corpos-de-prova da resina Charisma imersas em refrigerante
durante 24h e 168h, conforme apresentado na Figura 31. Os mesoporos calculados pelo
tratamento matemático BJH foram da mesma ordem de magnitude, de 15 a 100 Å (0,0015 a
0,01µm). Porém, a intensidade de distribuição dos poros na superfície dos corpos-de-prova
aumentou com o tempo de imersão em diferentes bebidas, de 0,7 x 10
-4
e 1,4 x 10
-4
(cm
3
.g/ Å)
em 24h e 168h, respectivamente, para poros com dimensões da ordem de 25 Å, como
apresentado na Figura 32. A variação do tamanho e da intensidade dos poros nos corpos-de-
prova da resina Supreme teve comportamento análogo, Figura 33.
Os corpos-de-prova das resinas mantidas em iogurte apresentaram curvas de
adsorção/desorção em função da pressão com valores negativos. Erro esse devido aos pequenos
tamanhos de poros, os quais se encontram fora da sensibilidade de detecção do equipamento.
Para todas as condições avaliadas, o houve mudanças efetivas no tamanho médio de
poros nessa faixa de dimensões avaliadas, porém ocorreu o aumento da intensidade de
distribuição dos poros, relacionado com mudança da estrutura do corpo-de-prova nessa escala de
medida.
Resina/
intervalo de
tempo
Pico de rugosidade (nm)
Charisma controle
energético
iogurte
refrigerante
vinho
24 h 57 58 64 62 129
168 h 38 34 38 48 123
Supreme
24 h 55 33 61 68 55
168 h 46 60 60 45 42
58
(a)
(b)
Figura 31. Curvas de adsorção e desorção de nitrogênio para os corpos-de-prova de resina
Charisma imersas: (a) 24h e (b) 168h em refrigerante.
59
Figura 32. Gráfico da distribuição do volume de gás adsorvido em função do diâmetro de
poros para a resina Charisma imersa em bebidas por 168h, calculada pelo
método BJH adsorção.
Figura 33. Gráfico da distribuição do volume de gás adsorvido em função do diâmetro de
poros para a resina Supreme imersa em bebidas por 168h, calculada pelo
método BJH adsorção
60
5.8- Colorimetria
É extremamente difícil medir o quanto à aparência dos materiais restauradores
mimetizam os dentes naturais. Em casos ideais, os compósitos à base de resina mostram a
mesma refletância, translucência e transparência da estrutura do dente. Os corpos-de-prova
foram estocados 24h e 168h em bebidas e água destilada a 37
o
C para simular o ambiente bucal e
foram acompanhados os parâmetros de cor por 1 e 6 meses. Um conjunto de corpos-de-prova foi
mantido em água destilada a 37
o
C no escuro (A/E) e outro conjunto mantido a seco sob
condições de luz e temperatura ambiente (S/C), durante seis meses.
A figura 34 apresenta graficamente o parâmetro de cor L* para as resinas compostas
avaliadas - Charisma, Durafill, Supreme, Z250 – cujos valores da faixa de variação desses
parâmetros estão representados na legenda. O parâmetro L* mede a luminosidade do objeto,
podendo ser de zero a 100. O valor zero denota absorção de todos os comprimentos de onda do
espectro, sendo totalmente preto e o valor 100 expressa a completa reflexão do feixe de luz. As
resinas avaliadas apresentaram a mesma faixa de variação do parâmetro de cor L* para os
intervalos de tempo estudados, modificando-o para o grupo de corpos-de-prova imersos em
vinho. Os corpos de prova imersos em energético e refrigerante tiveram alterações do parâmetro
de cor L* em relação às resinas estudadas, porém em diferentes intervalos de tempo. Para as
resinas Charisma e Durafill, essa alteração ocorreu no intervalo de 24h e 168h de imersão e para
as resinas Z250 e Supreme a alteração ocorreu após o tempo de seis meses de armazenamento
dos corpos de prova, especialmente quando mantidos sob luz ambiente.
61
Figura 34. Parâmetros de cor L* para as resinas Charisma, Durafill, Supreme e Z250, mantidas
em bebidas e grupo controle, em diferentes intervalos de tempo
A Figura 35 apresenta o parâmetro de cor a* em relação os corpos-de-prova de resinas
imersos em bebidas. O parâmetro a* mede a cromaticidade do material que evolui da cor
vermelha à cor verde. Os valores positivos de a* ocorrem quando a cor se aproxima do vermelho
e negativos quando próximos do verde. Nos corpos-de-prova imersos em vinho, pode-se
observar a modificação do parâmetro a* para valores mais altos comparados com os corpos-de-
prova imersos em outras bebidas. Nos corpos-de-prova imersos em iogurte esses valores tendem
a ser negativo. As modificações desse parâmetro são mais intensas quando os corpos-de-prova
são armazenados seis meses sob luz ambiente, comparados àqueles mantidos no escuro.
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
62
64
66
68
70
72
74
76
78
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
Charisma
L*
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
62
64
66
68
70
72
74
76
78
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
L*
Durafill
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
62
64
66
68
70
72
74
76
78
controle
refrigerante
energético
vino
iogurte
Z250
L*
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
62
64
66
68
70
72
74
76
78
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
L*
Supreme
62
Figura 35. Parâmetros de cor a* para as resinas Charisma, Durafill, Supreme e Z250, mantidas
em bebidas e grupo controle, em diferentes intervalos de tempo
A Figura 36 apresenta o parâmetro b*, que mede a cromaticidade do material que
progride do amarelo ao azul. Os valores positivos de b* são representados pela proximidade da
cor amarela e os negativos quando aproximadas do azul. As coordenadas a* e b* se aproximam
do zero para cores neutras, como branco e cinza. Os corpos-de-prova de resina Charisma tiveram
modificação do parâmetro de cor b*, após 24h de imersão em refrigerante e vinho. Já, a resina
Durafill, pouco modificou o parâmetro b* quando imersa em bebidas. A resina Z250 teve a
alteração do parâmetro de cor b* após ser imersa em vinho e armazenada por seis meses.
Entretanto, a resina Supreme modificou esse parâmetro de cor a partir de 24h de imersão no
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
a*
Charisma
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
a*
Durafill
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
Z250
a*
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
Supreme
a*
63
vinho, aumentando esses valores em intervalos de tempo superiores. Todas as resinas avaliadas
apresentaram modificação do parâmetro b* quando armazenadas por seis meses sob ação da luz.
A despeito de a bebida energética de frutas cítricas ter a coloração alaranjada, ela pouco
modificou os parâmetros de cor das resinas, provavelmente porque os seus componentes não
foram adsorvidos à superfície do corpo-de-prova.
Figura 36. Parâmetros de cor b* para as resinas Charisma, Durafill, Supreme e Z250, mantidas
em bebidas e grupo controle, em diferentes intervalos de tempo
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
b*
Charisma
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
b*
Durafill
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
b*
Z250
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
b*
Supreme
64
A Tabela 9 mostra os parâmetros de cor para os corpos-de-prova de resina Charisma
antes e após a imersão em diferentes bebidas por 24h e 168h. Mudanças significativas nos
parâmetros de cor foram observadas. Para a resina imersa em vinho, por exemplo, o parâmetro
a* modificou de 0,28 para 1,78 e 2,14, após 24h e 168h, respectivamente.
Tabela 9. Parâmetros de cor (L*, a*, b*) para a resina Charisma estocada em água
destilada e bebidas
Parâmetros
de cor
Tempo
imersão (h)
controle
refrigerante
bebida
energética
vinho
iogurte
L* 0 74.7
24 74.7 74.8 75.2 72.1 75.6
168 74.7 75.0 75.2 66.6 74.8
a* 0 0.28
24 0.28 0.23 -0.03 1.78 -0.10
168 0.28 0.50 0.3 2.14 0.07
b* 0 14.5
24 14.5 15.8 15.0 14.8 15.0
168 14.5 16.3 15.1 20.8 15.0
Ao aplicar a equação 3, os valores de variação de cor E* foram calculados, como mostra
a Tabela 10, para as resinas pesquisadas, os quais o desvio padrão e a similaridade entre os
grupos foram avaliados com auxílio da análise estatística de variância (ANOVA) e Teste Post
Hoc Scheffè. Os valores de E* obtidos para os corpos-de-prova imersos em vinho por 24h e
168h (equação 3) diferem significativamente dos resultados obtidos para as outras bebidas. Em
seguida, o refrigerante e o iogurte mostraram também variação de cor, porém menos acentuado
comparado aos corpos-de-prova mantidos em vinho, como apresentado anteriormente. A resina
Supreme foi a que apresentou maior alteração de cor comparada às outras resinas, no intervalo
de tempo estudado.
E* = [(L
1
* - L
0
*)
2
+ (a
1
* - a
0
*)
2
+ (b
1
* - b
0
*)
2
]
1/2
Equação 3
65
Tabela 10. Alteração de cor (E*) para as resinas estocadas em água destilada e bebidas
em função do intervalo de tempo de 24 e 168 h.
(E*)
CHARISMA
Intervalo de
tempo (h)
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
24 0 (0)
a 1,6 (0,1) b 0,8 (0,2) a 4 (0,1) c 1 (0,2) b
168 0 (0) a 1,4 (0,3) b 0,6 (0,3) a 10,6 (0,5) c 1,4 (0,9) b
DURAFILL
24 0 (0)
a 0,8 (1,2) a 0,8 (0) a 5 (1) c 0,5 (0,2) a
168 0 (0) a 1,7 (1,1) b 1 (0,2) b 9,9 (1,5) c 1,1 (0,4) b
SUPREME
24 0 (0)
a 2,5 (2,8) b 2,7 (2,8) b 3,2 (0,6) b 3,5 (2,7) c
168 0 (0) a 2,5 (2,8) b 3,5 (2,7) c 3,2 (0,6) b 2,7 (2,8) b
Z250
24 0 (0)
a 1,8 (0,7) b 1,3 (0,4) b 4 (0,8) c 1,4 (0,7) b
168 0 (0) a 1,8 (0,6) c 1,5 (0,6) b 4 (0,8) c 1,4 (0,7) b
*
Desvio Padrão está entre parênteses
** Letras diferentes na mesma linha indicam dissimilaridade entre os grupos (P
<
0,05)
Os corpos-de-prova imersos em vinho foram os que apresentaram maior variação de cor
em relação ao grupo controle, indicando um maior efeito pigmentante desta bebida, devido à
presença de pigmentos do tipo antocianinas na sua composição .
Não obstante as resinas compostas dentais serem amplamente usadas como materiais de
preenchimento, uma desvantagem desse material é a incompleta polimerização. Isto pode ser
66
detectado por vários métodos, incluindo a medida do grau de conversão (DC). Polimerização
incompleta resulta em monômeros o reagidos, que desprendem do material em um ambiente
úmido ou reagem com outros componentes do meio [54]. Problemas associados com a
polimerização inadequada incluem propriedades físicas precárias, aumento da solubilidade no
ambiente bucal, aumento da microinfiltração e conseqüente alteração de cor.
A natureza hidrofílica do polímero é em grande parte em função da estrutura química dos
monômeros e suas ligações após o processo de cura. A estrutura dos polímeros usados nos
compósitos dentais revela a presença do grupo éster, que é hidroliticamente susceptível [55].
As modificações de cor que ocorreram neste estudo, podem estar relacionadas à adsorção
de componentes das bebidas na superfície da resina. Esse comportamento hidrofílico da matriz
polimérica facilita a penetração dos componentes das bebidas no interior dos compósitos.
Inicialmente, a presença de água intumesce o polímero e promove deslizamento da rede e
redução da força friccional entre as cadeias poliméricas [61]. Após o processo de relaxação, os
monômeros não reagidos se difundem para o meio com uma taxa que é controlada pela
capacidade de difusão e o relaxamento do polímero. Redes poliméricas mais hidrofílicas, que
têm maior capacidade de relaxação, permitem mais rápida difusão de monômeros não reagidos
através dos nano-espaços vazios do material, apresentando uma diminuição da massa dentro de
um curto intervalo de tempo de imersão em água. Esse é um mecanismo dependente do grau de
conversão e da quantidade de moléculas pendentes existentes dentro da rede polimérica [62-64].
O manchamento das resinas compostas está relacionado ao tipo de polimerização,
particulas de preenchimento e tipo de agente de manchamento. As considerações relativas a
esses aspectos estão relacionadas a seguir. Descolorações podem ser avaliadas com vários
instrumentos e métodos, desde instrumentos que medem a interpretação subjetiva da
comparação visual da cor, espectrofotômetros e colorímetros usados para medir modificações de
cor em materiais dentários. O sistema CIE - Lab para medir a cromaticidade é muito utilizado,
pois serve para determinação de pequenas diferenças de cor [65-67].
Fatores extrínsecos da descoloração incluem manchamentos pela adsorção ou absorção
de corantes como resultado da contaminação por fontes exógenas. Os fatores extrínsecos são
conhecidos por causar manchamento dos tecidos bucais e restaurações, especialmente em
combinação com fatores dietéticos, dentro desses, café, chá e nicotina têm sido descritos [68].
Em estudos prévios, vinho tinto, chá, café, enxaguatórios bucais, são usados como agentes de
manchamento, para avaliar a estabilidade de materiais compósitos, sendo que o vinho tinto causa
a mais severa descoloração [69, 70].
67
Baseado nas mudanças de cor (E) é possível comparar os valores antes e após a imersão
em bebidas. A habilidade do olho humano de observar diferenças de cor difere de indivíduo para
indivíduo, dependendo das características do olho e da habilidade do operador. Por conta disso,
foram criados três diferentes intervalos para distinguir diferenças de cor. Valores de E < 1 o
classificados como não reconhecidos pelo olho humano. Por outro lado, valores de 1 < E < 3,3
são considerados notáveis por operadores treinados, mas clinicamente aceitáveis, enquanto
valores de E > 3,3 são considerados notáveis também por pessoas não treinadas e por essa
razão clinicamente não aceitáveis [68, 71, 72]. Valores de E da resina Charisma fotoativada
foram significativamente maiores após a imersão em vinho tinto (E > 3,3), sendo assim
considerados clinicamente não aceitáveis.
Para os corpos-de-prova imersos em iogurte e refrigerante, os valores de
E foram
considerados notáveis por operadores treinados, mas clinicamente aceitáveis (1
<
E
<
3,3). Para
os corpos-de-prova imersos em energético os valores de E foram considerados não notáveis
pelo olho humano (E < 1). Corantes de partículas finas podem ser depositadas nas fissuras do
material fotoativado. Partículas de preenchimento grandes, amplamente expostas à superfície,
irão produzir amplos valores de rugosidade de superfície e facilitar a alteração de cor do material
[73]. Então, a intensidade da alteração de cor depende: (i) da composição do material, (ii) das
condições e (iii) do tempo de armazenamento.
Os parâmetros de cor L*, a* e b* modificaram significativamente para os corpos-de-
prova da resina Supreme imersos em vinho ou iogurte por 24h ou 168h, comparado com as
outras resinas. Avaliou-se também o efeito da aplicação de um selante de superfície à base de
metacrilato em corpos-de-prova de resina que apresentaram maiores alterações de cor, com
objetivo de melhorar a lisura e proteger a superfície da mesma. A figura 37 apresenta os
parâmetros de cor L*, a* e b* para a resina composta Supreme antes e após a utilização de um
selante sobre a superfície da resina, acompanhado até o período de 168h de imersão. Os
resultados apresentados nessa figura mostram que os parâmetros de cor permaneceram similares
nos corpos-de-prova de resina Supreme imersos em vinho por 168h, mesmo após a aplicação de
selante para proteção de superfície. Com base nesses resultados, não é indicado o uso desse
selante, disponível comercialmente, sobre restaurações de resina composta, quando o objetivo
for minimizar a alteração de cor do material restaurador.
68
Figura 37. Parâmetros de cor (L*, a*, b*) para a resina Supreme mantida em bebidas e após a
utilização de selante de proteção de superfície.
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
62
64
66
68
70
72
74
76
78
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
L*
Supreme
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
62
64
66
68
70
72
74
76
78
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
L*
Supreme selante
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
Supreme
a*
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
controle
refrigerante
energético
vino
iogurte
a*
Supreme selante
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
b*
Supreme
0 h 24 h 168 h 1m 6m A/E 6m S/C
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
controle
refrigerante
energético
vinho
iogurte
Supreme selante
b*
69
Os espectros Raman mostraram que as modificações na razão da intensidade das bandas
correspondente ao estiramento C=C do grupamento metacrilato e anel aromático, nos corpos-de-
prova depois de imersos em bebidas, sugerem que não ocorreu reação química entre bebida e
componentes da resina. Entretanto, modificações nas propriedades de cor ocorreram devido à
adsorção de componentes da bebida sobre a superfície da resina e também decorrente do
comportamento hidrofílico da matriz polimérica, que contribuiu para penetração de componentes
da bebida no interior do compósito.
Depois de realizada uma profilaxia profissional com uma taça de borracha por 1 min., na
parte central da superfície do corpo-de-prova de resina, imerso em vinho por 168h (Figura 38-
1a), observou-se que foi removido o componente depositado, de modo que a resina adquiriu
novamente uma coloração clara aceitável pelo olho humano, muito próxima a do corpo-de-prova
do grupo controle (Figura 38a). No entanto, nos corpos-de-prova imersos por 168h em vinho e
armazenados por seis meses em ambiente seco e condições de luminosidade (Figura 38b), a
alteração de cor foi visualmente maior sem recuperação à coloração original após realização da
limpeza da superfície (Figura 38–1b). Sugere-se para trabalhos futuros, métodos
complementares, como escovação monitorada e colorimetria dos corpos-de-prova de resina
imersos nas bebidas em diferentes intervalos de tempo e diferentes períodos de armazenagem.
Figura 38. Corpo-de-prova de resina Charisma imerso em vinho: (a) por 168h, (b) armazenado 6
meses em ambiente seco e sob luz ambiente e (1a e 1b) após profilaxia profissional na
região central.
6- CONCLUSÃO
O percentual de conteúdo inorgânico, determinado através de análise termogravimétrica,
foi em torno de 80% para as resinas híbridas e resina Supreme e 56% para a resina de
micropartículas Durafill.
A resistência flexural das resinas curadas com fonte de luz convencional halógena teve
valores estatisticamente semelhantes aos dos corpos-de-prova curados com diodos emissores de
luz.
O modo de aumento exponencial da intensidade de luz (hamp), presente no Diodo
Emissor de Luz, não mostrou diferença estatisticamente significativa na resistência flexural das
resinas curadas com LED no modo convencional de intensidade única e constante.
A partir dos dados de espectroscopia Raman, pôde ser determinado que o grau de
conversão foi de 70% na superfície e na parte central dos corpos-de-prova, indicando a eficiência
do LED como fotoativador. Não houve reação química entre os componentes das bebidas e da
resina, indicando que as mudanças nos parâmetros de cor ocorreram devido à adsorção e/ou
absorção de componentes da bebida à superfície dos corpos-de-prova.
O todo de fluorescência induzida por laser polarizado mostrou adsorção de
componentes na superfície dos corpos-de-prova de resina Charisma, por meio de mudanças no
fluxo líquido. Entretanto, os componentes dessa fina camada não reagiram com a resina, como
foi avaliado nos resultados de espectroscopia Raman.
O tamanho dos poros na superfície dos corpos-de-prova de resina foi da ordem de 100
Angströns e, após a imersão dos mesmos em bebidas, não houve influência na dureza do
material.
O efeito das bebidas na propriedade de nanoindentação do esmalte foi proporcionalmente
maior do que na resina.
A variação de cor
E para as resinas fotoativadas foi significativamente maior após a
imersão das mesmas no vinho tinto, durante 24h e 168h (
E
>
3,3). Para os corpos-de-prova
imersos em iogurte e refrigerante os valores de
E foram considerados observáveis somente por
operadores treinados, contudo consideradas clinicamente aceitáveis (1
<
E
<
3,3). Para as
resinas compostas imersas em bebida energética, os valores de
E não foram perceptíveis pelo
olho humano. (
E
<
1). A resina Supreme foi a que apresentou maior alteração de cor comparada
às resinas Charisma, Durafill e Z250, no intervalo de tempo estudado.
71
O selante Fill Glaze não demonstrou eficiência na proteção da superfície dos corpos-de-
prova de resina composta Supreme, em função do tempo, quanto ao parâmetro de alteração de
cor.
Irregularidades de superfície e falta de homogeneidade do material, aspectos
característicos da resina composta, influenciaram as medidas de nanoindentação. Isso pode ser
percebido pelos valores do desvio padrão obtido.
A presença de componentes das bebidas, adsorvidos à superfície da resina, que não foram
removidos com a lavagem dos corpos-de-prova em água corrente, foi detectado por métodos
experimentais.
Os corpos-de-prova imersos por 168h em bebidas e, em seguida, submetidos à profilaxia
profissional mostraram que a resina adquiriu novamente uma coloração clara aceitável pelo olho
humano, muito próximo aos corpos-de-prova do grupo controle. Entretanto, nos corpos-de-prova
imersos por 168h em vinho e armazenados por seis meses em ambiente seco e condições de
luminosidade observou-se maior alteração de cor sem recuperação à coloração original após a
profilaxia profissional.
72
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Biomed Mater Res, 1998. 42: p. 465-472.
62. BRAZEL, C.S., PEPPAS, N.A., Mechanisms of solute and drug transport in relaxing,
awellable hydrophilic glassy polymers. Polymer, 1999. 40: p. 3383-3398.
63. BRAZEL, C.S., PEPPAS, N.A., Dimensionless analysis of swelling of hydrophilic glassy
polymers with subsequent drug release from relaxing structures. Biomaterials, 1999.
20(721-732).
64. SIDERIDOU, I., TSERKI, V., PAPANASTASIOU, G., Study of water sorption,
solubility and modulus of elasticity of light-cured dimethacrylate-based dental resins.
Biomaterials, 2003. 24: p. 655-665.
65. SATOU, N., KHAN A.M., MATSUMAE, I., SATOU, J., SHINTANI, H., In vitro color
change of composite-based resins. Dental Materials, 1989. 5: p. 384-387.
66. SEGHI, R.R., GRITZ, M.D., KIM, J., Colorimetric changes in compositesresulting from
visible-light-initiated polymerization. Dental Materials, 1990.
6
: p. 133-137.
67. OKUBO, S.R., KANAWATI, A., RICHARDS, M.W., CHILDRESS, S., Evaluation of
visual and instrument shade matching. J Prosthet Dent, 1998. 80: p. 642-648.
68. UM, C.M., RUYTER I.E., Staining of resin-based veneering materials with cofee and
tea. Quintessence International, 1991. 22: p. 377-386.
69. STOBER, T., GILDE, H., LENZ, P., Color stability of highly filled composite resin
materials for facing. Dental Materials, 2001. 17: p. 87-94.
70. GULER, A.U., YILMAZ, F., KULUNK, T., GULER, E., KURT, S., Effects of different
drinks on stainability of resin composite prvisional restorative materials. J Prosthet Dent,
2005. 94(2): p. 118-124.
78
71. INOKOSHI, S., BURROW, M.F., KATAUMI, M., YAMADA, T., TAKATSU, T.,
Opacity and color changes of tooth-colored restorative materials. Operative Dentistry,
1996: p. 73-80.
72. KIM, H.S., UM, C.M., Color differences between resin composites and shade guides.
Quintessence International, 1996. 27: p. 559-567.
73. MAALHAGH-FARD, A., WAGNER, W.C., PINK, F.E., NEME, A.M., Evaluation of
surface finish and polish of eight provisional restorative materials using acrylic bur and
abrasive disc with and without pumice. Operative Dentistry, 2003. 28: p. 734-739.
79
8- ANEXOS
80
ANEXO 1
Composição das resinas compostas segundo o fabricante:
CHARISMA: é uma resina micro-híbrida a base de Microglass
, radiopaca, com liberação de
fluoretos, de alto brilho, indicada para restauração em dentes anteriores e posteriores. Composta
por vidro de bário alumínio fluoretado (0,02 – 2µm), dióxido de silício altamente disperso (0,02 -
0,07µm), com tamanho médio de partículas de 0,7µm. A resina Charisma contém monômeros
metacrilatos.
DURAFILL: resina à base de micropartículas, com polimento de alto brilho, em combinação
com um sistema adesivo apropriado é indicada para o tratamento de restaurações estéticas em
dentes anteriores. Durafill é produzido com base em uretano dimetacrilato (UDMA), contendo
dióxido de silício altamente disperso (0,02 - 0,07µm), partículas pré-polimerizadas (10 20µm)
e com tamanho médio de partícula de 0,04µm.
FILTEK SUPREME: restaurador universal desenvolvido para uso em restaurações de dentes
anteriores e posteriores. As partículas inorgânicas são uma combinação de agregados de matriz
de zircônia/sília com um tamanho médio de partícula de 0,6 a 1,4µm com tamanho de partícula
primário de 5 a 20 nm e uma incorporação de sílica de 20 nm não aglomerada. Contém
monômeros de Bis-GMA, UDMA, TEGDMA e bis-EMA.
FILTEK Z250: resina desenvolvida para restaurações de dentes anteriores e posteriores, as
partículas inorgânicas são à base de zircônia e sílica. A carga inorgânica representa 60% em
volume, com tamanho dio de partículas na faixa entre 0,19 a 3,3
µ
m. Contém monômeros de
bis-GMA, UDMA e bis-EMA.
81
ANEXO 2
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