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TELMA ALVES FERREIRA BRITO
RESIDUOS SOLIDOS DOMÉSTICOS EM VIANÓPOLIS GO: UM
ESTUDO BASEADO NA PERCEPÇÃO DA DONA DE CASA.
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ECOLOGIA E PRODUÇÃO
SUSTENTÁVEL
Goiânia, 2009
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TELMA ALVES FERREIRA BRITO
RESIDUOS SOLIDOS DOMÉSTICOS EM VIANÓPOLIS GO: UM ESTUDO
BASEADO NA PERCEPÇÃO DA DONA DE CASA
Dissertação de Mestrado em Ecologia e
Produção Sustentável para obtenção do título
de Mestre pela Universidade Católica de Goiás
Orientador: Prof. Dr. Aristides Moysés
Goiânia, 2009
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PROPE PRÓ- REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
MESTRADO MULTIDISCIPLINAR EM ECOLOGIA E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
RESIDUOS SOLIDOS DOMÉSTICOS EM VIANÓPOLIS GO: UM
ESTUDO BASEADO NA PERCEPÇÃO DA DONA DE CASA.
Aprovada em: _______________
______________________________________
Prof. Dr. Aristides Moysés (Orientador)
(Presidente)
________________________________________
Prof. Dr. José Paulo Pietrafesa - MEPS/UCG
(Avaliador Interno)
___________________________________________
Prof. Dr. Antonio Pasqualetto IFG
(Avaliador Externo)
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo fazer um diagnóstico da questão resíduo
sólido doméstico no município de Vianópolis GO, um estudo baseado na
percepção da dona de casa. A investigação considerou o manejo realizado
pelas donas de casa, os serviços de coleta, disposição final prestados pela
prefeitura e questões de termos como lixo, coleta seletiva e reciclagem. Foi
realizada pesquisa de campo com aplicação de um questionário, utilizando o
método de amostragem estratificado tipo proporcional em todos os setores da
área urbana do Município de Vianópolis. A produção e destinação de resíduos
sólidos domésticos têm se tornado um dos maiores desafios da sociedade
atual, uma vez que a geração e diversificação dos resíduos vêm aumentando
assustadoramente. Neste sentido, os municípios vêm buscando algumas
alternativas para amenizar os impactos sócio-ambientais decorrentes da
produção dos resíduos domésticos. Dentre as alternativas, a reciclagem vem
se destacando, pois envolve a participação da população. Os resultados
demostraram a importância de atuação da dona de casa na gestão dos
resíduos sólidos domésticos, principalmente no que se refere a sua
participação na implantação e desenvolvimento da coleta seletiva.
PALAVRAS-CHAVE: resíduos sólidos domiciliar, percepção da dona de
casa, coleta seletiva, desenvolvimento sustentável.
ABSTRACT
On this subjects, this work has had as a gol to diagnose the domestic solid residue
issue in Vianópolis GO county, a study based on the housewife perception. The
investigation has considered the garhage collect service, selective collecting and
recycling. A fied research was made by applying a questionary using the proportional
stratified sampling method in all urban area sector in Vianópolis. The production and
destination of domestic solid residues have become one the biggest society
challenges nowadays considering the increase of the generation and diversification
of that. Because of it, the towns have been trying to find alternatives to the social
enviorment impacts coming diminish from the domestic residues. Among all the
alternatives, the recycliny has been, one of the best choices, for envolving the
population action against the domestic solid waste. The results of it has shown how
important is the house Wives management one the domestic solid residues, mainly
on their action on the selective collecting development.
KEYWORDS: household waste, perception of housekeeping, waste collection,
sustainable development.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................01
1A PRODUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM MEIO URBANO E SUA RELAÇÃO
COM O PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE ......................................................04
1.1 CONCEITOS, GERAÇÃO CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS........04
1.2 SISTEMA DE COLETA, TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS....................................................................................................................08
1.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUA RELAÇÃO COM OS RESÍDUOS
SÓLIDOS....................................................................................................................20
1.3.1 PERSPECTIVA DE SUSTENTABILIDADE NO PROCESSO DE
RECICLAGEM............................................................................................................23
1.3.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA RELAÇÃO COM A SUSTENTABILIDADE
DA GESTÃO DO RESÍDUO SÓLIDO URBANO........................................................26
2 PANORAMA BRASILEIRO DA COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS.................................................................................................................28
3 A PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO DE VIANÓPOLIS SOBRE OS RESÍDUOS
SÓLIDOS DOMICILIARES........................................................................................37
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO MUNICÍPIO DE VIANÓPOLIS
GO..............................................................................................................................37
3.2 METODOLOGIA DA PESQUISA DE CAMPO.....................................................41
3.3 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO.........................43
3.3.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE AS CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS DA
POPULAÇÃO DE VIANÓPOLIS................................................................................43
3.3.2 PERCEPÇÃO DAS DONAS DE CASA SOBRE O LIXO, COLETA SELETIVA E
RECICLAGEM............................................................................................................46
3.3.3 MANEJO DIÁRIO DO LIXO DOMÉSTICO PELAS DONAS DE CASA........... 49
3.3.4 CONHECIMENTO DAS MORADORAS SOBRE OS SERVIÇOS PRESTADOS
PELA PREFEITURA...................................................................................................64
3.3.5 COLETA SELETIVA E SUAS IMPLICAÇÕES NA PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL E NA GERAÇÃO DE RENDA ..............................................................70
3.3.6 PROBLEMAS E SOLUÇÕES APRESENTADOS PELAS DONAS DE CASA DE
VIANÓPOLIS PARA MELHORAR A GESTÃO DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS....................................................................................................................72
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................78
APENDICE............................................................................................................... 85
INTRODUÇÃO
Um dos maiores problemas da sociedade atual está relacionado com a
produção de resíduos sólidos urbano. Com o crescimento da população, do
desenvolvimento industrial e tecnológico, dos padrões insustentáveis de consumo,
entre outros fatores proporcionaram o aumento da geração e diversificação dos
resíduos urbanos, que na maioria das situações são depositados em locais
inadequados, provocando um desequilíbrio ambiental. Além disso, este manejo
inadequado contribui com a proliferação de doenças, afetando a qualidade de vida
nas cidades.
No Município de Vianópolis, a maior geração de resíduos sólidos está
relacionada com a produção doméstica. Existe uma parcela significativa destes, em
torno de 30%, segundo dados do IBGE de 2000, sendo espalhados pelas ruas,
calçadas e terrenos baldios, ou sendo queimado pela população, o que vem
provocando mau cheiro, incômodos estéticos, aumentando a proliferação de insetos
e roedores, tendo como conseqüência risco á saúde pública (BRAGA, 2002).
Neste contexto, observa-se que nem poder público municipal, órgão
responsável pela gestão do sistema de coleta e destinação final adequada dos
resíduos sólidos, nem a população, responsável pela geração e manejo adequado,
tem dado a atenção necessária para promover uma gestão sustentável do lixo
domiciliar.
É importante citar que uma das formas encontradas e que vem sendo
desenvolvidos por alguns Municípios brasileiros visando reverter o quadro
apresentado, são a implantação de programas de coleta seletiva para reciclagem.
Os quais estão sendo sugeridos por vários especialistas da área, como a alternativa
mais próxima da perspectiva do desenvolvimento sustentável.
Todavia, para desenvolver a coleta seletiva, torna-se necessária a
participação efetiva da população, principalmente da dona de casa, pois, em geral,
são elas as responsáveis pelo manejo do lixo gerado no domicílio. Segundo Villela
(2001 apud BRINGHENTI et. al. 2007a, p. 1) “[...] não se pode desenvolver qualquer
programa vinculado à sustentabilidade e a proteção ambiental sem o envolvimento
dos cidadãos”.
Na perspectiva de implantar um sistema de coleta seletiva em Vianópolis,
pautado na atuação comprometida das donas de casa, e partindo do lema „„pensar
global, agir local”, do desenvolvimento sustentável, as hipóteses desse trabalho
foram: (1) Não participação da população na gestão dos resíduos lidos
domésticos e (2) a falta do conhecimento da dona de casa dos serviços prestados e
de sua responsabilidade contribui com a situação apresentada.
Nesse sentido, o enfoque desta pesquisa buscou conhecer a realidade local a
partir do olhar da dona de casa. Dessa forma, este estudo teve como objetivo
diagnosticar o conhecimento da dona de casa sobre a problemática dos resíduos
sólidos domésticos em Vianópolis.
Este trabalho é de extrema importância para o Poder Público Municipal, uma
vez que para implantar sistema de coleta seletiva de lixo é necessário primeiro fazer
um diagnóstico da situação atual, para depois propor soluções. Esse diagnóstico é
necessário, pois “[...] as novas estratégias para gestão de resíduos sólidos implicam
uma mudança radical nos processos de coleta e disposição de resíduos”, (DAROLT,
2002).
Além disso, contribuirá para estabelecer estratégias que minimizem a
produção e os impactos dos resíduos sólidos na cidade de Vianópolis, contribuindo
assim com a melhoria da qualidade de vida da comunidade local. Poderá também
servir de instrumento de orientação para as políticas públicas local em educação
ambiental.
A metodologia aplicada no desenvolvimento deste estudo envolveu dois
momentos. No primeiro momento foi feito uma pesquisa bibliográfica, com destaque
para as discussões relativas a gestão do resíduos sólidos urbanos, como conceitos,
sistema de coleta, disposição final, coleta seletiva e reciclagem. Para o referencial
teórico foram utilizados livros, dissertações, teses, artigos científicos, dados
estatísticos e orientações técnicas das seguintes instituições: Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), Secretaria Estadual de Planejamento (SEPLAN-GO),
Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
No segundo momento, foi feita uma pesquisa de campo, na qual optou-se
pelo método de amostragem estratificado tipo proporcional na área urbana do
Município de Vianópolis, cuja metodologia de cálculo será apresentada no capítulo
3.
No capítulo 1 foram abordados aspectos teóricos sobre produção de resíduos
sólidos no meio urbano e sua relação com o processo de sustentabilidade.
Inicialmente destacou os aspectos gerais tais como: geração, tratamento, sistemas
de coleta, classificação e caracterização dos resíduos sólidos urbano. Logo após é
abordado conceitos e a perspectiva de sustentabilidade na gestão dos resíduos
sólidos domiciliares.
No segundo capítulo é abordada experiências de coleta seletiva no Brasil,
descrevendo aspectos gerais, tais como: materiais recicláveis, custo da coleta, o
trabalho dos catadores, entre outros aspectos.
Por fim no capítulo 3 descreve a área de estudo, metodologia da pesquisa de
campo, tratamento dos dados, resultados e discussões da pesquisa sobre resíduos
sólidos domésticos, realizada com as donas de casa de Vianópolis.
CAPÍTULO I
1 A PRODUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM MEIO URBANO E SUA RELAÇÃO
COM O PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE
1.1 CONCEITOS, GERAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
A definição de resíduos sólidos, conhecido popularmente como lixo, vem
sendo discutida por diferentes concepções. De acordo com Bueno (1996, p. 399),
lixo significa “o que se varre de casa e em geral tudo o que não presta e se joga
fora; cisco; sujeira; imundice”.
Já de acordo com o Fornari Neto (2001, p. 149) Lixo significa:
Denominação genérica de qualquer tipo de produto residual, restos,
resíduos, detritos, despejos, procedentes de indústrias, comércio, lavoura e
lares; matéria que sobra do processo de elaboração de alguma coisa ou
que resulta da decomposição de algo, que se considera insensível, salvo
para algum reaproveitamento.
Diante das definições acima pode se observar duas possibilidades diferentes.
Na primeira fica subentendido que do lixo nada poderá ser reaproveitado, na
segunda definição o autor levanta uma possibilidade de reaproveitamento de parte
do que se considera lixo. Dessa forma, a concepção do que não presta e se joga
fora poderá variar de acordo com o conhecimento do ser humano.
Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT- NBR 10.004, 2004)
os resíduos sólidos são definidos como:
Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que
resultam de atividade da comunidade de origem: industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos
nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição,
bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o
seu lançamento na rede de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isto
soluções técnica e economicamente inviáveis, devido a uma melhor
tecnologia disponível no País.
Nestas definições é importante destacar que a produção e a origem desses
resíduos sólidos estão diretamente relacionadas com o processo produtivo de
transformações, principalmente econômicas, e com a diversidade de atividades
exercidas pelo ser humano. Neste contexto, os resíduos sólidos podem ser
entendidos como os restos provenientes das diversas atividades humanas.
No tocante a definição de resíduos sólidos domiciliares, objeto de estudo
deste trabalho, segundo Fornari Neto (2001, p.150), o lixo doméstico aqui entendido
como sinônimo de resíduo doméstico pode ser definido como:
Produto residual, geralmente sólido, proveniente de usos domésticos, como,
p.ex., plásticos, vidros, latas, etc. bem como restos orgânicos (cascas de
frutos, carnes, etc.); despejo doméstico, detrito doméstico, refugo
doméstico, resíduo doméstico.
Segundo IPT/CEMPRE, Lixo Municipal Manual de gerenciamento integrado
(2000, p. 29) resíduo sólido domiciliar é definido como:
Aquele originado na vida diária das residências, constituído por restos de
alimentos (cascas de frutas, verduras, sobras etc.), produtos deteriorados,
jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas
descartáveis e uma grande diversidade de outros itens. Contêm, ainda,
alguns resíduos que podem ser tóxicos.
Neste contexto, é importante refletir duas questões pertinentes: a primeira
está relacionada com o aumento da diversificação de itens encontrado nos resíduos
sólidos domésticos. Essa diversificação poderá ter relação direta com alguns fatores
como: a mudança nos hábitos de consumo da sociedade atual, conhecida como “a
era dos produtos descartáveis” e pelo desenvolvimento tecnológico e industrial de
novos produtos. De acordo com Frésca (2000, p. 8-9),
Aumentam-se cada vez mais o incentivo à troca e à compra de novos
produtos (principalmente aqueles ligados ao desenvolvimento tecnológico),
o uso e a produção de objetos descartáveis, o que leva a um aumento cada
vez maior das quantidades de resíduos produzidos. Os produtos
descartáveis tornam inúteis ao indivíduo, transformando-se, então, em lixo.
Dentre os produtos da era dos descartáveis, a produção de embalagens
plásticas vem apresentando um crescimento significativo. Segundo Frésca (2007, p.
29) a produção mundial de plástico, em 1996, era de 6 milhões de toneladas/ano, e
em 2000, passou para 120 milhões de toneladas/ano.
As embalagens plásticas vieram para substituir as de papelão e vidro, sendo
que a tendência é encontrar um número cada vez maior de embalagens plásticas no
ambiente doméstico. Essa tendência de crescimento pode estar relacionada com o
fato de “as embalagens de plástico serem mais baratas, e com isso aumenta a
margem de lucro das empresas”, segundo Dias (2004, p. 278).
A outra questão a ser discutida está relacionada com a presença de resíduos
tóxicos encontrados no lixo domiciliar. - Tais como: produtos de limpeza,
medicamentos vencidos, produtos de higiene pessoal, pilhas baterias, entre outros.
Estes, quando manejados e descartados de maneira inadequada, podem causar
danos à saúde e ao meio ambiente, segundo Tchobanoglous et. al. (1993) apud
Hamada (2003, p. 15).
Fontoura (1998) cita que os resíduos sólidos urbanos contêm cerca de 1% de
elementos tóxicos, os quais são descartados pela população de maneira
inadequada, ou por falta de conhecimento da toxicidade dos elementos ou por falta
de ter alternativa de descarte.
Segundo Hamada (2003, p. 15), mesmo sendo encontrado em pequena
quantidade, estas poderão ser significativas, uma vez que os elementos tóxicos
“estão presentes em todas as instalações de manejo de resíduos lidos” e podem
permanecer ativo a longo prazo no ambiente após sua descarga, liberando suas
toxinas no ar, na água ou no solo.
Dentre estes resíduos tóxicos, as pilhas e baterias aparecem com maior
freqüência junto aos resíduos domésticos. Mesmo tendo legislação, (Resolução do
CONAMA 257/99 Art. 4° e ) que determina a devolução destas pelos
consumidores aos comerciantes, e estes deverá encaminhar ao responsável
(fabricante) para o destino ambientalmente adequado.
Para reduzir a presença de resíduos tóxicos misturados aos resíduos
domiciliares é necessário promover ações de educação ambiental em todo ciclo
começando pelos fabricantes e comerciantes e, posteriormente chegar aos
consumidores em conformidade com a legislação vigente.
No cenário mundial é visível o aumento da geração dos resíduos sólidos.
Esse aumento está relacionado a vários fatores como desenvolvimento tecnológico,
aumento da produtividade, mudanças nos hábitos de consumo, entre outros. Dentre
eles, o desenvolvimento industrial e as mudanças nos hábitos de consumo vêm se
destacando.
Diante do cenário exposto, Leite (2003, p. 35, apud Fresca, 2007, p. 28), diz
que:
Principalmente após a Segunda Guerra Mundial, o acelerado
desenvolvimento tecnológico experimentado pela humanidade permitiu a
introdução constante, e com velocidade crescente, de novas tecnologias e
de novos materiais que contribuem para melhoria da performace técnica
para a redução de preços e do ciclo de vida útil de grande parcela dos bens
de consumo duráveis e semiduráveis. Esses materiais, essas tecnologias e
a obsolescência mercadológica planejada permitem a satisfação dos
conceitos de diferenciação entre as empresas no mercado. O acelerado
ímpeto de lançamento de inovações no mercado cria um alto nível de
obsolescência desses produtos e reduz seu ciclo de vida, com clara
tendência à descartabilidade.
Ao lado do desenvolvimento industrial e tecnológico, o crescimento da
população é um indicador significativo no aumento da geração de resíduos sólidos.
“O aumento da população mundial implica no aumento do uso das reservas do
planeta, da reserva de produção de bens e também da geração de lixo”, (JARDIM
et. al.,1995 apud MOREIRA et. al., 2008, p. 116).
É interessante observar que o aumento na geração de resíduos chegou a ser
três vezes maior que o crescimento populacional, no período de 1989 a 2000,
segundo o Ministério das Cidades (2002, p. 10),
A massa de lixo coletada se ampliou de 100 mil toneladas em 1989 para
149 mil toneladas em 2000 um crescimento de 49%, enquanto entre 1991
e 2000 a população cresceu 16,43%, passando de 146.825.475 para
169.799.170 habitantes.
De acordo com Souza et. al. (2004, p. 129) “O Brasil acumula lixo a ritmo
espantoso, produzindo diariamente cerca de 240 mil toneladas”, desse total estima-
se que “90 mil toneladas correspondem ao lixo domiciliar, cujos responsáveis somos
todos nós, cidadãos comuns”, (BRASIL e SANTOS, 2004, p. 45).
A geração de resíduos domiciliares é típica de cada Município, pois a
composição destes é influenciada por alguns fatores, tais como: [...] número de
habitantes, poder aquisitivo, nível educacional, hábitos e costumes da população,
condições climáticas e sazonais e as mudanças na política econômica de um país”,
(JARDIM et. al.,1995).
Os resíduos podem ser classificados da seguinte maneira: natureza física,
características biológicas ou composição química; pelo potencial poluidor ao meio
ambiente e quanto a sua origem, (BRASIL e SANTOS, 2004, p. 97).
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT- NBR
10.004, 2004) os resíduos sólidos são classificados quanto aos riscos potenciais de
contaminação do meio ambiente em:
- Classe I ou perigosos são aqueles que, em função de suas
características intrínsecas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade ou patogenicidade, apresentam riscos à saúde pública através do
aumento da mortalidade ou da morbidade, ou ainda provocam efeitos
adversos ao meio ambiente quando manuseados ou dispostos de forma
inadequada.
- Classe II ou Não-Inertes são os que podem apresentar características de
combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de
acarretar riscos à saúde e ao meio ambiente, não se enquadrando nas
classificações de resíduos classe I Perigosos ou Classe III Inertes.
- Classe III ou Inertes _ são aqueles que, por suas características
intrínsecas, não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente.
Esta classificação deverá ser observada no processo de gerenciamento
integrado dos resíduos sólidos, principalmente na disseminação desse
conhecimento para as donas de casas, alertando sobre os danos que podem causar
à saúde e os impactos ao meio ambiente, quando manejado de forma inadequado.
Segundo Brasil e Santos (2004, p. 97-98) os resíduos se classificam quanto
às características físicas: seco (papeis, plásticos, metais e outros) e molhado (restos
de comidas, cascas de frutas e outros). Quanto à composição química em: Orgânico
resto de organismos vivos, em geral são biodegradáveis, como por exemplo:
papel, restos de comida, etc.; e Inorgânico são compostos por produtos
manufaturados que a natureza não consegue absorver. Exemplo: vidro, isopor,
plásticos, entre outros.
Conhecer estas duas classificações contribui para a implantação do processo
de reciclagem, pois facilita a seleção dos materiais recicláveis para coleta seletiva.
1.2 SISTEMA DE COLETA, TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS
O sistema de coleta dos resíduos sólidos engloba o transporte, o
acondicionamento por quem o produz e o tratamento e/ou sua disposição final.
Geralmente, este serviço é de responsabilidade da administração pública municipal.
De acordo com Monteiro et. al. (2001, p. 61) a coleta domiciliar [...] é o
recolhimento dos resíduos produzidos nas edificações residenciais, públicas e
comerciais, desde que não sejam estas últimas grandes geradoras”.
Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT - NBR 12.980,
1993) coleta e transporte é o “ato de recolher e transportar resíduos sólidos de
qualquer natureza, utilizando veículos e equipamentos apropriados para tal fim”.
Os dados indicam um crescimento na prestação desse serviço pela
administração pública à população. Segundo dados do IBGE (2004), em dez anos,
houve um crescimento de aproximadamente 17% na melhoria do sistema de coleta
no país. Em 1992, a coleta era realizada em 79,92% dos domicílios urbanos, em
2002, esse número passou para 95,3%.
Cabe destacar também o crescimento da modalidade coleta seletiva. De
acordo com os dados apresentados pelo Compromisso Empresarial para a
Reciclagem (CEMPRE/CICLOSFT, 2008), nos últimos seis anos houve um
crescimento significativo de municípios com coleta seletiva, passando de 192 para
405, ou seja, um aumento de 203 Municípios, conforme a figura1.
Municípios com coleta seletiva
81
237
327
405
192
135
0
100
200
300
400
500
Figura 1 Quantitativo de Municípios Brasileiros com Coleta Seletiva.
Fonte: CEMPRE/CICLOSOFT - 2008
Porém, ainda é insignificante esse número de (405) municípios com coleta
seletiva se compararmos com o total (5.564) municípios brasileiros. Isso pode esta
relacionado a diversos fatores, como o custo da coleta, a falta de informação da
administração pública e população em geral, e a falta de envolvimento efetivo da
população no processo de coleta.
Segundo Abreu (2001, p. 19-20), [...] o lixo tem que ser coletado em todo o
município” e que “a prefeitura é responsável por coletar o lixo com regularidade em
todos os domicílios”. Porém torna-se de responsabilidade da população o
acondicionamento adequado e principalmente a redução desses resíduos no
processo de coleta.
O Sistema de Coleta pode ser classificado em dois tipos:
convencional/tradicional e a seletiva. A coleta convencional ou tradicional recolhe os
resíduos porta-a-porta sem nenhuma separação e os leva para a área de disposição
final. Na maioria dos municípios brasileiros é utilizado este tipo de coleta.
Outro sistema de coleta de resíduos é denominado de coleta seletiva, definida
pela ABNT (NBR 12.980, 1993) como “coleta que remove os resíduos previamente
separados pelo gerador, tais como: papéis, latas, vidros e outros”.
Segundo Brasil & Santos (2004, p. 64) “a coleta seletiva é uma das ações
mais eficazes para redução do volume de resíduos gerados pela população”. Além
da redução do volume, a coleta seletiva “reduz a despesa destinada à limpeza
urbana, uma vez que propicia uma redução no peso do lixo recolhido através da
coleta regular”, segundo Calderoni (2003, p. 146).
A coleta seletiva é uma etapa importante no processo de reciclagem, pois
diminui o acúmulo dos resíduos nos aterros. Além disso, Dias et. al. (2002, p. 124)
diz que a seleção realizada na fonte geradora, produz um material mais limpo, o que
facilita e estimula a reciclagem. Estes materiais por estarem mais limpos, têm maior
potencial de aproveitamento no mercado.
A coleta seletiva apresenta aspectos favoráveis à melhoria da qualidade de
vida da população. Vilhena (1999, p. 8) cita alguns destes aspectos favoráveis:
a) Melhoria das condições ambientais e saúde pública do Município;
b) Redução de custos com a disposição final do lixo (aterros sanitários ou
incineradores);
c) Aumento da vida útil de aterros sanitários;
d) diminuição dos gastos gerais com limpeza pública, considerando se que
o comportamento de comunidades educadas/conscientizadas
ambientalmente traduz-se em menor necessidade de intervenção do Estado;
e) educação/conscientização ambiental da população;
f) Geração de empregos diretos e indiretos, com a instalação de empresas de
aparas (depósitos de materiais recicláveis) e indústrias recicladoras;
g) Resgate social de indivíduos, através da criação de
associações/cooperativas de catadores, ou mesmo através do trabalho
autônomo de catação.
Vários pesquisadores consultados apresentam o alto custo e a pouca
participação da população, como principais aspectos desfavoráveis da coleta
seletiva. De acordo com pesquisas realizadas pelo Compromisso Empresarial para
Reciclagem - CEMPRE/CICLOSOFT (2008), o custo médio da coleta seletiva, em
1994, era 10 vezes maior que a coleta convencional. Os resultados desta pesquisa
também indicam que está havendo uma redução deste custo médio. Em 2008 o
custo médio da coleta seletiva foi de cinco vezes maior que a convencional.
Enquanto que na coleta seletiva o custo era de US$ 221 por tonelada, na coleta
convencional era de US$ 42,9.
Para Eigenheer (1993, p. 51) a coleta seletiva de lixo,
[...] é deficitária economicamente, ou seja, o montante arrecadado com a
comercialização dos materiais recicláveis é menor do que a despesa com
recolha e separação desses materiais. Esse déficit não é „privilégio‟
somente nosso. Em outros lugares do mundo isso também ocorre.
Em contraposição ao argumento de “inviabilidade econômica” da coleta
seletiva em relação à convencional, Calderoni (2003, p. 78-79) diz que nesta análise
é preciso considerar alguns fatores, como: os custos evitados com a coleta
tradicional, a disposição em aterros (cada vez mais caros e mais raros) e os custos
com transporte para áreas cada vez mais distante.
Este mesmo autor ainda argumenta que a coleta seletiva constitui uma
parte de um processo de reciclagem de resíduos. Sendo assim, é necessário
considerar os resultados econômicos de todo o processo de reciclagem e não
somente da coleta seletiva para afirmar se viabilidade econômica ou não. Ele
ainda afirma que o processo de reciclagem é auto-sustentável.
O aspecto desafiador para os municípios no processo de coleta seletiva é
estimular e gerenciar a participação efetiva dos diversos atores sociais (donas de
casa, catadores, entre outros). Vilhena (1999 p. 17) relata que, “quanto maior for a
participação voluntária num programa de coleta seletiva de lixo, menores serão os
custos gerais para administrá-lo”.
Outra questão relevante, apresentada por este autor, está relacionada com a
importância do trabalho dos catadores.
A valorização do trabalho dos catadores permite não ganhos
econômicos, mas também sociais. Muitos indivíduos que estavam à
margem da sociedade por diversos motivos, ao ingressar no trabalho de
catação passam por um processo de „resgate de cidadania‟, tendo
novamente um papel definido e importante na sociedade, bem como uma
fonte regular de renda. (VILHENA,1999, p.19).
Dessa forma a coleta seletiva contribui para a geração de emprego e renda,
sendo o trabalho dos catadores fundamental para o processo de reciclagem. Com a
catação de materiais recicláveis nas ruas e/ou nos lixões, eles retornam ao mercado
de trabalho, mesmo sendo este informal. Segundo Vilhena (1999 p. 19) existem
cerca de 200 mil catadores no Brasil, os quais trabalham de maneira autônoma ou
em cooperativas,
É importante também valorizar o papel das donas de casa na separação dos
resíduos domiciliares para coleta seletiva. Elas contribuem para mudanças de
atitudes em relação ao manejo correto destes resíduos no âmbito familiar. Para
Abreu (2001, p.33)
Todo o problema da geração de lixo da cidade começa dentro de cada
casa. As soluções também começam nas casas de cada um. A minimização
dos resíduos pela implantação dos 3 Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) e a
coleta seletiva, dependem de gestos diários de cada indivíduo.
Cabe ressaltar que o papel delas vai além da separação do lixo para coleta
seletiva. Normalmente elas são as responsáveis pelas compras de casa como
supermercado, vestuários, entre outras, e é nessa etapa que se inicia a redução da
geração de lixo. Como por exemplo, substituir a sacola de plástico por uma sacola
de pano ou por uma caixa de papelão.
Para implantação de programas de coleta seletiva, tanto por órgãos públicos
como na iniciativa privada, a resolução do CONAMA nº275, de 25/4/2001 estabelece
o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na
identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas
para a coleta seletiva, conforme tabela 1.
Tabela 1 Código de Cores para identificação dos tipos de resíduos sólidos
Cores
Material reciclável
Azul
Papel/papelão
Vermelho
Plástico
Verde
Vidro
Amarelo
Metal
Preto
Madeira
Laranja
Resíduos perigosos
Branco
Resíduos ambulatoriais e de serviço de saúde
Roxo
Resíduos radioativos
Marrom
Resíduos orgânicos
Cinza
Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não
passível de separação
Fonte: CONAMA- resolução n° 275 de 25/4/2001.
Em muitos municípios pode ser visto esses coletores coloridos em praças
públicas, órgãos públicos e até em empresas privadas. Entretanto, verifica-se que
ainda são utilizados de maneira inadequada pela população. Em geral, as pessoas
jogam o resíduo em qualquer um dos coletores, sem sequer observar o nome e a
cor do coletor. Essa atitude pode ser um indicativo para planejar a implantação de
um processo de educação ambiental.
Segundo Monteiro et. al. (2001, p. 119), o tratamento de resíduos sólidos
domiciliar é definido como:
Uma série de procedimentos destinados a reduzir a quantidade ou o
potencial poluidor dos resíduos sólidos, seja impedindo descarte de lixo em
ambiente ou local inadequado, seja transformando-o em material inerte ou
biologicamente estável.
Percebe-se na definição acima que os procedimentos utilizados no tratamento
dos resíduos buscam diminuir a quantidade produzida, levando em consideração a
redução dos impactos apenas relacionados ao meio ambiente.
É importante destacar a participação da população, principalmente as donas
de casa, na redução, no reaproveitamento e na separação dos resíduos na
residência para reciclagem.
Para Ferreira e Zanta apud. Massukado (2004, p. 25) o tratamento dos
resíduos sólidos domiciliares:
São ações corretivas que podem trazer como benefícios a valorização de
resíduos, ganhos ambientais com a redução do uso de recursos naturais e
da poluição, geração de emprego e renda e aumento da vida útil de locais
de disposição final.
Nesta definição, percebe-se uma visão mais ampla no processo de
tratamento dos resíduos. Além da questão ambiental, leva em consideração
questões sociais e econômicas, com a possibilidade de geração de emprego e
valorização dos resíduos.
Desta forma, esta é a tendência do processo de tratamento dos resíduos, pelo
menos, nos debates da sociedade moderna, é o chamado tratamento ou manejo
sustentável dos resíduos sólidos domiciliares.
Alguns procedimentos como incineração, compostagem e a reciclagem são
utilizado no tratamento dos resíduos domiciliares no intuito de reduzí-los e até
“eliminá-los”.
De acordo Lima (1991, p. 117) apud Calderoni (2003, p. 132), a incineração
[...] é o processo de redução de peso e volume do lixo através de combustão
controlada”. Barros (1995, p. 203) complementa dizendo que a redução no peso
pode chegar até 70% e o volume até 90% do total do lixo e que o controle da
temperatura é de 800 a 1000º C, visando à disposição final.
Este procedimento é pouco utilizado no País. Os dados extraídos da Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico (PNSB) do IBGE (2000) indicam que do total dos
resíduos sólidos urbanos coletados no ps, apenas 0,2% é incinerado. Isto está
relacionado a dois aspectos: o alto custo com instalação e funcionamento dos
incineradores e os impactos dos poluentes gerados na combustão.
Segundo a EPA Environmental Protection Agency (1988) apud Calderoni
(2003, p. 133), os impactos gerados durante a combustão são:
- Produção de componentes tóxicos presentes nas cinzas depositadas e
suspensas no ar;
- Nas emissões gasosas e de partículas incluindo dioxinas e furanos
substâncias consideradas altamente tóxicas;
- Na eventual poluição das águas;
- E em problemas ligados à insatisfação das comunidades circundantes com
o odor, a circulação de veículos e a poluição visual.
Embora, a incineração seja pouco utilizada pelas prefeituras, para tratar os
resíduos lidos domésticos, este método é utilizado com frequência pela
população, principalmente nos pequenos municípios.
Outro procedimento utilizado para tratamento dos resíduos é a compostagem,
definida como,
o processo natural de decomposição biológica de materiais orgânicos
(aqueles que possuem carbono em sua estrutura), de origem animal e
vegetal, pela ação de microorganismos. Para que ele ocorra não é
necessário a aplicação de qualquer componente físico ou químico à massa
do lixo, segundo Monteiro et. al. (2001, p. 124)
De acordo com ABNT (NBR 13.591, 1996) o termo compostagem é definido
como:
Processo de decomposição biológica da fração orgânica biodegradável dos
resíduos, efetuado por uma população diversificada de organismos, em
condições controladas de aerobiose e demais parâmetros, desenvolvido em
duas etapas distintas: uma de degradação ativa e outra de maturação.
Cabe ressaltar que a compostagem é um processo que ocorre naturalmente
no meio ambiente, o qual está sendo utilizado para o tratamento dos resíduos
sólidos. Desta forma, o homem vem interferindo neste processo natural, para
acelerar e controlar as reações que ocorrem durante o processo.
Assim, Pereira Neto (1989, p. 104) define a compostagem como:
Um processo aeróbico controlado, desenvolvido por uma colônia mista de
microorganismos, efetuada em duas fases distintas: a primeira, quando
ocorrem reações bioquímicas de oxidação mais intensas
predominantemente termofílicas, a segunda, ou fase de maturação, quando
ocorre o processo de humificação.
O processo de compostagem, como técnica de tratamento de resíduos
sólidos domiciliares, ainda é pouco utilizado nos municípios brasileiros, embora
estes apresentam um fator favorável para este processo, que é a grande quantidade
de matéria orgânica encontrada na composição dos resíduos domiciliares. Segundo
Oliveira (1999, p. 5) a dia brasileira de matéria orgânica é de aproximadamente
60% na composição total dos resíduos.
Um dos fatores para pouca utilização da compostagem no tratamento dos
resíduos sólidos domésticos pelos municípios pode estar relacionado com o fato da
população não acondicionar seus resíduos separadamente, o que dificulta o
processo.
Dentre os três principais tipos de tratamento dos resíduos lidos
domiciliares, (incineração, compostagem e reciclagem), esta última é a que mais se
destaca nos municípios brasileiros. Os dados da Pesquisa Nacional de Saneamento
Básico de 2000 apontam que 2,8% dos municípios têm programas de reciclagem.
A reciclagem, quando aplicada aos resíduos, [...] designa o reprocessamento
de materiais de sorte a permitir novamente sua utilização”, (CALDERONI, 2003, p.
52). De acordo com o Adeodato Filho (2007, p. 30) a palavra reciclagem pode ser
definida como [...] reciclar o lixo descartado após o consumo, transformando-o em
matéria-prima industrial para fabricação de novos produtos”.
De acordo com vários pesquisadores, Vilhena (1999), Brasil e Santos (2004)
e outros, consultados são diversos os benefícios decorrentes do processo de
reciclagem, tais como:
Economia de energia;
Preservação dos recursos naturais;
Geração de emprego e renda;
Diminui o desperdício;
Diminuição da contaminação de alimentos e a proliferação de doenças;
Diminuição dos impactos ambientais;
Contribuição para formação da consciência ecológica.
Além dos diversos benefícios apresentados, a reciclagem é a alternativa de
tratamento que desperta maior interesse da população e, das empresas,
principalmente por seu forte discurso “ambiental e econômico”. Diante disto uma
tendência de crescimento para o setor da reciclagem.
Segundo CEMPRE/Fichas Técnicas (2007), em 2007 foram reciclados no
Brasil, 79,5% de papel ondulado do volume total consumido, 49% das latas de aço
consumidas, 47% das embalagens de vidro, 96,5% da produção nacional de latas
(latinhas de alumínio), 22% dos plásticos rígidos e filmes, 53% das embalagens de
garrafas Pet, 25,5% de embalagens longa vida e aproximadamente 3% do lixo sólido
orgânico (compostado).
Diversos estudiosos desse assunto concordam que a reciclagem deve ser
incentivada e fomentada, pois visualizam na reciclagem o caminho para o
desenvolvimento sustentável.
Para Conceição (2005, p. 102),
[...] a reciclagem vem se apresentando como uma alternativa social e
econômica à geração e concentração de milhões de toneladas de lixo
produzido diariamente pelos grandes centros urbanos espalhados pelo
mundo; entretanto sua maior importância se no campo do
desenvolvimento sustentável, visto que proporciona uma economia de
recursos naturais do planeta, com 74% a menos de poluição do ar; 35% a
menos de poluição da água e um ganho de energia de 64%.
Neste contexto percebe-se a reciclagem como a alternativa mais viável para o
desenvolvimento “sustentável”, pela relação direta com os interesses econômicos.
Além dos benefícios econômicos, a reciclagem proporciona inúmeros
benefícios ambientais. Para Adeodato Filho (2007, p. 20) a reciclagem é,
[...] uma das soluções mais efetivas contra as ameaças da poluição
provocada pelos resíduos sólidos urbanos, com os riscos de contaminar os
solos e o lençol freático, atingir rios e praias e entupir os bueiros da cidade,
aumentando os perigos de inundação durante as chuvas. Diversas doenças,
como a dengue e a diarréia, estão associadas à falta de saneamento e aos
problemas provocados pelo acúmulo indevido de lixo.
Em relação à gestão política dos resíduos lidos, o processo de tratamento
por meio da reciclagem é citado como prioridade desde 1975 pelos países da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo
Demajorovic (1995, p. 92), as prioridades seguem nesta ordem:
Redução da produção de resíduos;
reciclagem do material;
incineração com reaproveitamento da energia;
disposição em aterros controlados.
Diante do exposto a reciclagem aparece como segunda prioridade na gestão
política dos resíduos sólidos. Esta, quando realizada em [...] diferentes etapas do
processo produtivo significa o crescimento mais lento do consumo de recursos
naturais e do volume de resíduos dispostos nos aterros”, (DEMAJOROVIC,1995, p.
92).
A disposição final dos resíduos sólidos vem sendo um dos maiores desafios
da administração pública dentro do sistema de limpeza urbana, pois o crescimento
na produção de resíduos supera a capacidade de suporte do meio ambiente.
Dessa forma, a disposição “correta”, ou seja, a disposição que provoca o
mínimo de alteração ao meio ambiente, ainda não é a realidade da maioria dos
municípios brasileiros, uma vez que estes depositam seus resíduos de maneira
inadequada, nos chamados lixões a céu aberto.
Dados extraídos da PNSB (2000) mostram o cenário da disposição final dos
resíduos sólidos nos municípios brasileiros: 63,3% dispõem seus resíduos em lixões,
18,4% em aterros controlados, 13,8% em aterros sanitários e 5% não informaram
para onde vão seus resíduos.
A Lei 14.248 de 29/07/2002, que dispõe sobre a Política Estadual de
Resíduos Sólidos, conceitua disposição final dos resíduos sólidos, no cap. III, Art. 5°-
XI, como “a colocação de resíduos sólidos em local onde possam permanecer por
tempo indeterminado, em seu estado natural ou transformado em produto adequado
a essa permanência, sem causar dano ao meio ambiente e a saúde pública”.
As formas mais adotadas pelos municípios para a disposição final de seus
resíduos são: lixão, aterro controlado e o aterro sanitário. Dentre estas, as duas
primeiras são as mais utilizadas pelas prefeituras, porém são consideradas
inadequadas por causar danos ambientais, econômicos e sociais.
Lixão pode ser caracterizado como um local “[...] onde o lixo coletado é
lançado diretamente sobre o solo sem qualquer controle e sem quaisquer cuidados
ambientais, poluindo tanto o solo, quanto o ar e as águas subterrâneas e superficiais
das vizinhanças”, segundo Monteiro et. al. (2001, p. 149).
O procedimento que geralmente acontece em diversos municípios se resume
na abertura das valas, a descarga dos resíduos, queima após várias descargas para
reduzir o volume e finalizando faz uma cobertura com terra. Nestas condições os
municípios não apresentam preocupação para evitar a contaminação/poluição do
solo, das águas, do ar e do próprio ser humano.
Outra situação encontrada frequentemente nesses lixões é a presença de
pessoas, denominadas catadores, os quais sobrevivem da catação de materiais
recicláveis (plásticos, papelão, lata, etc.), e muitos destes catadores, além do
trabalho de catação, moram nesses lixões.
Cabe ressaltar que existem algumas iniciativas para retirada dessas pessoas
do lixão. Nos últimos anos, o Ministério blico tem atuado junto às prefeituras
visando impedir a exploração dos lixões. Também outras instituições vêm se
movimentando no resgate e inclusão destes catadores em programas sociais.
A outra forma de disposição final é o chamado aterro controlado. A utilização
deste é recomendada para cidades que geram até 30 toneladas por dia de resíduos.
A ABNT (NBR 8849, 1985 apud RIBEIRO e LIMA, 2000, p. 52-53), apresenta a
seguinte definição para aterro controlado:
Aterro controlado é uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos
no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública, e a sua segurança,
minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de
engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada
de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.
Torna-se importante destacar que nesse sistema de disposição final não é
realizado o tratamento e coleta do chorume, líquido de cor negra decorrente da
decomposição da matéria orgânica, o qual apresenta elevado potencial poluidor.
Também não há coleta e queima do biogás.
Por fim, a forma mais adequada de disposição final é o Aterro Sanitário, pois
promove o tratamento do chorume, coleta do biogás e drenagem, evitando assim a
contaminação do ambiente.
De acordo com o Monteiro et. al. (2001, p. 150), aterro sanitário é:
Um método para disposição final dos resíduos sólidos urbanos, sobre
terreno natural, através do seu confinamento em camadas cobertas com
material inerte, geralmente solo, segundo normas operacionais específicas,
de modo a evitar danos ao meio ambiente, em particular à saúde e à
segurança pública.
Diante do exposto percebe-se uma contradição na realidade dos municípios
brasileiros, uma vez que o aterro sanitário é o método mais adequado para a
disposição final dos resíduos lidos, porém é o menos utilizado conforme dados
citados anteriormente.
No entanto, uma expectativa de melhorar a forma de disposição final dos
resíduos sólidos. Segundo a PNSB (2000), diversos fatores estão contribuindo para
essa melhoria, tais como:
a) maior consciência da população sobre a questão da limpeza urbana;
b) forte atuação do Ministério Público, que vem agindo ativamente na indução
à assinatura, pelas prefeituras, dos Termos de Ajuste de Conduta para
recuperação dos lixões, e na fiscalização do seu cumprimento;
c) a força e o apelo popular do programa da UNICEF, Lixo e Cidadania
(Criança no Lixo, Nunca Mais) em todo o Território Nacional;
d) aporte de recursos do governo federal para o setor, através do Fundo
Nacional de Meio Ambiente; e apoio de alguns governos estaduais.
Apesar de todos esses esforços, o Brasil ainda precisa percorrer um longo
caminho para ter uma disposição final adequada dos resíduos sólidos. Além disso,
precisa reduzir o quantitativo dos seus resíduos sólidos.
1.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUA RELAÇÃO COM RESÍDUOS
SÓLIDOS
A sociedade moderna vem buscando soluções para evitar um colapso
ambiental, principalmente na questão dos resíduos sólidos urbanos, que crescem de
maneira assustadora. Para evitar este colapso é necessário mudanças de
paradigmas, ou seja, sair de um modelo de desenvolvimento econômico
insustentável para a busca de um modelo de desenvolvimento sustentável.
Dessa forma, é necessário compreender a concepção e relação de
desenvolvimento econômico e desenvolvimento sustentável. Segundo Denardi et. al.
(2000), em meados dos anos 60 o conceito de “desenvolvimento era sinônimo de
crescimento econômico”. Entretanto, mesmo tendo um elevado crescimento
econômico, não se via melhora na qualidade de vida de muitas populações. Isto
provocou “grande insatisfação com essa visão do desenvolvimento como sinônimo
de crescimento econômico”, (DENARDI et. al., 2000).
Diante dessa situação de insatisfação buscou-se agregar a esse conceito de
desenvolvimento um conjunto de aspectos sociais: educação, saúde, emprego,
necessidades básicas e, longevidade. Segundo esse mesmo autor, “as bases
ambientais de qualquer progresso futuro poderiam estar sendo comprometidas por
crescimento econômico predatório de recursos naturais e altamente poluidores”.
Nota-se que o autor coloca em questão a idéia de desenvolvimento econômico ou
de progresso, quando infere que a busca pelo crescimento econômico pode
comprometer a qualidade de vida presente e futura de um país.
Nesta busca pelo progresso, agrega-se também a questão ambiental ao
desenvolvimento econômico e social, constituindo o termo desenvolvimento
sustentável, o qual é definido pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (1988, p.28) apud Dias (2004, p 120) [...] desenvolvimento
sustentável significa atender as necessidades do presente, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades”. Segundo
este mesmo autor (p. 121), o [...] desenvolvimento sustentável busca compatibilizar
as necessidades de desenvolvimento das atividades econômicas e sociais com as
necessidades de preservação ambiental”.
Para Moreira (1999, p. 196) o desenvolvimento sustentável [...] está
associado ao uso, equilíbrio e dinâmica dos recursos da biosfera no presente e no
futuro”. Para Romeiro (1998, p. 248), por sua vez [...] o desenvolvimento para ser
sustentável, deve ser não apenas economicamente eficiente, mas também
ecologicamente prudente e socialmente desejável”.
Esta concepção de desenvolvimento sustentável implica em mudanças de
estratégias para uma gestão sustentável dos resíduos sólidos domiciliares, “num
processo que melhora as condições de vida das comunidades humanas e, ao
mesmo tempo, respeita os limites da capacidade de carga dos ecossistemas”,
(SACHS, 1993 apud ZANETI et. al. s/d, p. 1).
Abreu (2001, p. 59) relata que é importante buscar alternativas de
desenvolvimento que “[...] minimize os impactos ambientais, promovam a equidade
social e que considera o potencial econômico a ser explorado pelo setor da
reciclagem”. Ressalte-se que o potencial econômico do processo de reciclagem,
ainda pouco explorado, ao ser considerado como um fator importante, além de gerar
emprego e renda, este contribui de maneira significativa para aliviar a capacidade de
carga sobre os ecossistemas.
A busca pelo desenvolvimento sustentável em relação à temática resíduo
sólido ganhou destaque a partir da Conferência Rio - 1992, realizada no Rio de
Janeiro, com a elaboração da Agenda 21, documento com 40 capítulos assinados
por 180 chefes de estados. Esta Agenda apresenta metas e ações a ser
desenvolvidas para o desenvolvimento sustentável do planeta.
Em seu capítulo 21, que trata do manejo saudável dos resíduos sólidos e
questões relacionadas com esgotos, diz que:
[...] o manejo ambientalmente saudável dos resíduos se encontrava entre as
questões mais importantes para a manutenção da qualidade do meio
ambiente da Terra e, principalmente, para alcançar um desenvolvimento
sustentável e ambientalmente saudável em todos os países.
Para um manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos o Ministério
do Meio Ambiente - MMA (2001) define metas a serem atingidas pela população.
Tais como:
- Reduzir ao mínimo a geração de resíduos;
- Aumentar ao máximo a reutilização e a reciclagem;
- Promover o depósito e tratamento ambientalmente saudável dos rejeitos;
- E universalizar o atendimento dos serviços para toda população e para
todo o tipo de resíduo.
Dentre essas metas, o maior desafio es na redução da geração de
resíduos, ou seja, combater a causa do problema, pois para reduzir é necessário
mudanças nos padrões de produção e consumo não sustentável para padrões
sustentáveis. Isso implica numa gestão e gerenciamento integrado dos resíduos
sólidos.
Monteiro et. al. (2001, p. 3), define gestão integrada como a administração
dos resíduos lidos urbanos, a qual integra todas as etapas do processo, como
geração, acondicionamento, coleta, transporte, transferência, tratamento, disposição
final dos resíduos sólidos e limpeza de logradouros públicos. Dessa forma, gestão
integrada pode ser considerado a realização de todas estas etapas de maneira a
otimizar a utilização dos recursos disponíveis.
É importante citar que além da observação dos parâmetros ambientalmente
corretos, a própria concepção de gestão integrada está sendo redefinida na
perspectiva do desenvolvimento sustentável, considerando as dimensões políticas,
econômicas, ambientais, culturais e sociais.
Para o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM, 2009), a gestão
integrada de resíduos sólidos é uma forma de enfrentar graves problemas
relacionados ao lixo urbano, [...] considerando a participação ampla e efetiva da
sociedade civil, os princípios dos 3 Rs, difundido pela AGENDA 21 e a incorporação
dos catadores no processo de gestão”.
Assim, para administrar todas as etapas do processo de gestão dos resíduos
é necessário observar os parâmetros ambientalmente corretos inseridos nas
dimensões da sustentabilidade.
Para Souza (2007, p. 38) as dimensões de sustentabilidade “[...] são os
universos que contém conjuntos de fatores interconectados por relações de causa e
efeito, e que definem a realidade perceptível e os horizontes para as perspectivas
futuras”.
Neste contexto, as dimensões são consideradas as bases para a construção
de uma gestão integrada sustentável. De acordo com Kates et. al. (2005), em 2002,
foram adotados três pilares como base de sustentação para o desenvolvimento
sustentável: o econômico, ambiental e o social.
Este mesmo autor diz que com a Declaração de Johannesburg, houve o
desenvolvimento desses pilares desde o contexto local até o global.
A declaração Johannesburg criou uma responsabilidade coletiva para
promover e fortalecer, interdependente, e reciprocamente reforçar os pilares
do desenvolvimento sustentável - desenvolvimento econômico,
desenvolvimento social e proteção ambiental a níveis local, regional,
nacional e global, (KATES et. al., 2005).
Dessa forma é importante discutir a relação de cada um desses pilares com a
gestão dos resíduos sólidos. Para isso, algumas estratégias de ação são citadas por
Abreu (2001, p. 59-60) que vão contribuir para a sustentabilidade do manejo dos
resíduos sólidos.
Na dimensão ambiental é necessário reduzir os impactos da disposição
inadequada com a erradicação dos lixões; promover a redução da geração de
resíduos; implantação de alternativas como o uso dos princípios dos 3 Rs,
aproveitar a matéria orgânica com o processo de compostagem e por fim promover a
revisão de valores e atitudes de forma permanente por meio da educação ambiental.
Do ponto de vista da dimensão social é necessário promover a formação de
parcerias com os diversos setores da sociedade civil, realizando a gestão dos
resíduos de maneira compartilhada (prefeitura e comunidade); promover a
capacitação da equipe técnica e de operadores da prefeitura e valorizar e
acompanhar o trabalho dos catadores de materiais recicláveis.
Do ponto de vista da dimensão econômica é importante buscar fontes de
financiamentos para os investimentos em infra-estrutura dos aterros; incentivar a
associação de catadores por meio de cooperativas para coleta seletiva e incentivar a
implantação e desenvolvimento de programas de reciclagem.
Entretanto, verifica-se que essas estratégias visando assegurar o
desenvolvimento sustentável nas cidades, ainda estão muito dentro de bases
conceituais e um pouco longe do campo de ação a nível nacional e até global.
Existem muitas ações isoladas e localizadas, tornando-se necessário o diálogo e a
integração dessas ações e dos diversos setores da sociedade para continuar o
crescimento e desenvolvimento.
1.3.1 PERSPECTIVA DE SUSTENTABILIDADE NO PROCESSO DE RECICLAGEM
Nos últimos anos, os discursos de proteção ambiental na perspectiva do
desenvolvimento sustentável têm aumentado, devido à degradação ambiental.
Porém, na prática ainda privilegia-se o desenvolvimento econômico em detrimento
do esgotamento e poluição dos recursos naturais. Guimarães (1992, p.20) apud
Rampazzo (2002, p.161), diz que este modelo é “ecologicamente predatório,
socialmente perverso e politicamente injusto”.
Percebe-se que a própria sobrevivência humana está ameaçada, pois a
capacidade de suporte do meio ambiente é limitada. Segundo Rampazzo (2002, p.
176), um “desequilíbrio cio-ecológico contemporâneo” que está distribuído por
toda a Terra do seguinte modo:
No Primeiro Mundo concentra-se a poluição da riqueza: usinas nucleares,
chuva ácida, consumo suntuário, montanhas de lixo aterrado, doenças
provocadas pelo excesso de alimentos, álcool, drogas e medicamentos. No
Terceiro Mundo concentra-se a poluição da miséria: subnutrição, ausência
de água potável e esgotos, lixões a céu aberto ou simplesmente jogado nas
ruas, ausência de atenção médica e de medicamentos, consumo de álcool e
drogas. No Primeiro Mundo uma perda progressiva do sentido da vida
motivada por uma concepção unilateralmente materialista da vida humana;
no Terceiro Mundo há uma degradação generalizada do sentido da vida,
provocada por uma concentração extrema da riqueza, que deixa sem
horizontes as maiorias miseráveis (Ibidem, p.27).
Fica evidente a catástrofe ambiental, principalmente na geração e disposição
dos resíduos sólidos. Agora o homem procura “reconstruir” o seu meio ambiente, se
ainda for possível, buscando um novo sistema de desenvolvimento que promova a
articulação entre o desenvolvimento econômico e o equilíbrio ambiental, evitando
assim um colapso mundial. Neste contexto, aparece como alternativa de uma nova
concepção de desenvolvimento, o chamado ecodesenvolvimento, que
posteriormente foi denominado desenvolvimento sustentável.
Esta nova visão de desenvolvimento se baseia nos seguintes princípios
formulados por Ignacy Sachs, citada em Rampazzo (2002, p. 177):
1) satisfação das necessidades básicas; 2) solidariedade com as gerações
futuras; 3) participação da população envolvida; 4) preservação dos
recursos naturais e do meio ambiente em geral; 5) elaboração de um
sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras
culturas; 6) programas de educação.
Busca-se aplicar esses princípios de desenvolvimento em ações que fazem
parte da gestão integrada dos resíduos sólidos, no intuito de promover um manejo
sustentável. Ações como: educação ambiental e reciclagem.
Dentre essas ações, a reciclagem vem se destacando e sendo sugerida por
muitos autores como a alternativa para sustentabilidade dos resíduos sólidos. O fato
desta ação se destacar em relação às demais, está diretamente relacionado com a
prática capitalista. Percebe-se essa relação a partir da própria concepção do termo
reciclagem, que segundo Alonso (1991) apud Oliveira (1998 p. 12), implica na [...]
reintrodução de produtos finais, subprodutos e resíduos em qualquer estágio do
fluxo material desde o recurso material ao consumo final, em um novo ciclo de
produção-consumo”.
Observa-se que uma prevalência do desenvolvimento econômico sobre o
desenvolvimento ambiental ou social. Porém os discursos para implantação e
sustentação do processo da reciclagem é sempre pautada na preservação
ambiental. Assim, continuando o paradoxo desenvolvimento econômico ou
desenvolvimento ambiental.
Mesmo diante desse paradoxo, é consenso de vários autores que a
reciclagem perpassa pelo tripé (econômico, ambiental e social) do desenvolvimento
sustentável. Além disso, ela é considerada necessária para garantir a sobrevivência
do próprio sistema econômico. Oliveira (1998, p. 13) afirma que,
Para alcançar um crescimento “sustentado”, condizente com as realidades e
exigências da natureza, precisa-se garantir o vínculo entre as políticas
ambientais e econômicas, em todos os níveis de governo e em todos os
setores da economia. A reciclagem pelo seu caráter ambiental, econômico,
e social é sem dúvida a grande solução para as administrações tanto
pública quanto privada, na busca da compatibilidade homem-meio
ambiente.
Dessa forma, é necessário considerar o equilíbrio entre a questão econômica
e ambiental e a participação da sociedade como um todo, no processo da
reciclagem, a qual é considerada por Calderoni (2003) como um bem público.
Para Calderoni (2003, p. 321), a reciclagem contribui para o desenvolvimento
sustentável e em especial para o desenvolvimento economicamente sustentável
pois,
[...] os fatores que tornam a reciclagem do lixo economicamente viável
convergem, todos eles, para a proteção ambiental e a sustentabilidade do
desenvolvimento, pois referem-se à economia de energia, à economia de
matérias-primas, à economia de água e a do ar. E convergem também para
a promoção de uma forma de desenvolvimento economicamente
sustentável e socialmente sustentável, pois envolvem ganhos econômicos
para a sociedade como um todo.
Em suma, da forma como está posto, a reciclagem é o indicador para o
desenvolvimento sustentável da gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos.
Porém, vale lembrar que há necessidade de interferência em toda a cadeia produtiva
antes de chegar ao processo da reciclagem, pois segundo Zaneti (1997, p.14), é
preciso desenvolver [...] um trabalho de internalização de novos hábitos e de
atitudes para que, num futuro próximo, não haja mais lixo excessivo e a sua causa, o
consumo desmedido, tenha sido controlada".
1.3.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA RELAÇÃO COM A SUSTENTABILIDADE
DA GESTÃO DO RESÍDUO SÓLIDO URBANO.
Pensar na gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos numa perspectiva
de sustentabilidade implica na mudança de atitudes e, de valores da população em
relação à produção de lixo. Neste sentido, é imprescindível o desenvolvimento da
educação ambiental, pois somente por meio desta, “pode-se levar a população
conscientizar-se de sua própria responsabilidade, fazendo com que reduza o lixo
que produz e desenvolva nova visão e atitude em relação a ele”, (NUNESMAIA,
1997, p. 36).
Diante do exposto e na perspectiva de encontrar um caminho para a
sustentabilidade dos resíduos sólidos urbanos, tem sido muito discutido, a nível
mundial, o papel da educação ambiental na construção do desenvolvimento
sustentável. De acordo com Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental (Conferência de Tbilisi), realizada em Tbilisi capital da Geórgia, no
período de 14 a 26 de outubro de 1977, a educação ambiental foi definida como:
Uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a
resolução dos problemas concretos do meio ambiente, através de um
enfoque interdisciplinar e de uma participação ativa e responsável de cada
indíviduo e da coletividade. Conferência de Tbilisi (1977) apud Dias (2004,
p. 98).
O avanço das discussões da educação ambiental no Brasil ocorreu a partir da
Conferência Rio - 1992, realizada no Rio de Janeiro, ganhando reforço legal com a
lei 9.795 de 27/04/99, que define a Educação Ambiental (EA) como:
[...] processo por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Acredita-se que por meio da educação ambiental a população tende à tomada
de consciência de sua realidade local, identificando os problemas provocados pela
ação humana no ambiente natural, passando a ter atitudes para amenizar a
problemática identificada.
Dessa forma, é fundamental o desenvolvimento de um processo educativo na
gestão dos resíduos sólidos, pois assim é possível a construção de novos
conceitos e valores em relação ao lixo domiciliar. Segundo Fuzaro et. al. (2005, p.
23), [...] a EA propicia a revisão dos conceitos ligados ao lixo, sua geração,
composição e importância ambiental, ensinando a população a identificar o que é
reaproveitável, e a tomar consciência dos efeitos do desperdício dos recursos
naturais”.
Para o desenvolvimento da consciência em relação a gestão dos resíduos
sólidos domésticos é necessário que a população reconheça como ser pertencente
ao meio ambiente. Este definido por Reigota, (1998, p. 21) como:
Um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações dinâmicas e
em constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas relações
acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos
históricos e políticos de transformação da natureza e da sociedade.
Percebe-se que as transformações citadas são inerentes ao papel social da
escola, que por meio de sua prática pedagógica procura trabalhar as relações entre
sociedade e ambiente natural. Assim, a atuação de cada indivíduo na transformação
do meio ambiente em que vive contribui para seu equilíbrio e sustentabilidade.
CAPÍTULO II
2 PANORAMA BRASILEIRO DA COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS
Um dos maiores desafios enfrentados pela população atual refere-se à
produção e descarga dos resíduos sólidos em ambientes inadequados, poluindo-os
e/ou contaminando-os. A geração e diversificação dos resíduos crescem em
números alarmantes, influenciados por diversos fatores, destacando o consumismo
desenfreado.
Perante esta situação a sociedade vem buscando algumas alternativas para
reduzir a descarga dos resíduos sólidos no ambiente. Dentre as alternativas, surge a
coleta seletiva, que vem sendo implantadas em diversos municípios brasileiros. Este
processo visa recolher materiais recicláveis como: papel, vidro, metal, plásticos,
entre outros, na fonte geradora, na perspectiva de reduzir a descarga destes no
ambiente.
No contexto histórico do Brasil, a primeira experiência de coleta seletiva de
resíduos sólidos domésticos, ocorreu em 1986, na cidade de Niterói (RJ) no bairro
São Francisco. Esta foi organizada pelo professor Emilio Eingenheer da
Universidade Federal Fluminense (UFF), que foi tese de seu mestrado, (MINC,1997,
p. 55).
Esta experiência foi baseada na atuação cida da comunidade, sem
qualquer incentivo e participação da administração pública. O trabalho da coleta
seletiva foi desenvolvido em 1.500 residências com a participação de 10 mil
pessoas, recolhendo um total de 20 toneladas por mês de materiais recicláveis
como: plástico, vidro, papel e alumínio, (MINC, 1997, p. 56).
a partir de 1992 iniciam as primeiras experiências de coleta seletiva com
a participação do Poder Público Municipal em parceria com organizações de
catadores, destacando os programas das cidades de São Paulo, Santos, Belo
Horizonte e Porto Alegre, (RIBEIRO e BESEN, 2007, p. 7).
Os primeiros estudos sobre as experiências de coleta seletiva no Brasil
foram realizados entre 1993 e 1994 pelo CEMPRE, em oito cidades: Curitiba, Porto
Alegre, Florianópolis, Salvador, Santo André, Santos, São José dos Campos e São
Paulo. A partir de 1999, os estudos foram ampliados para mais oito municípios:
Angra dos Reis, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Embu, Itabira, Ribeirão Preto e
São Sebastião.
Ao longo dos anos, outras prefeituras foram aderindo-se aos programas de
coleta seletiva, com o objetivo de recuperar parte dos resíduos urbanos e minimizar
os impactos destes nos aterros. De acordo com os dados publicados pelo
CEMPRE/CICLOSFT (2008), o número de prefeituras que desenvolvem programas
de coleta seletiva no Brasil, em 2008, era de 405 municípios, isto representa 7% do
total das cidades brasileiras e 14% da população brasileira.
Distribuindo os municípios com coleta seletiva por regiões, destacam-se as
regiões Sudeste e Sul com o percentual de 48% e 35% respectivamente, sendo que
os menores índices estão nas regiões Nordeste 11%, CentroOeste 4% e por fim a
região Norte com índice de 2%, (CEMPRE/CICLOSFT, 2008).
Segundo Galinkin (2003, p. 157) os resultados da PNSB 2000, indica que
em Goiás, existem dois municípios Goiânia e Anápolis com coleta seletiva,
atendendo 3.200 residências, coletando nove tonelada/dia de material reciclável,
conforme indicado na tabela 2 .
Tabela 2 - Coleta seletiva de lixo, por número de municípios e residências atendidos e
quantidade de lixo coletado, Brasil, Centro-Oeste, Goiás 2000
Unidades
da
Federação
Número de Municípios
Número de residências
atendidas
Quantidade de lixo coletado
(t/dia)
Total
Com
coleta
seletiva
Total
Estimado com
coleta seletiva
Total
pela coleta
seletiva
Brasil
5.507
451
44.795.101
2.680.383
228.413,0
4.290,0
Centro-
Oeste
446
9
3.154.478
58.044
14.296,5
189,0
Goiás
242
2
1.398.015
3.200
7.809,1
9,0
Fonte: Galinkin (2003, P. 157) - PNSB 2000 Censo Demográfico 2000 IBGE.
Comparando os dados do PNSB - 2000 com dados apresentados pelo
CEMPRE/CICLOSFT 2008, verificam-se um crescimento insignificante do número de
municípios com coleta seletiva na Região Centro-Oeste e, dentro desta, no Estado
de Goiás. Segundo CEMPRE/CICLOSFT (2008), na região Centro-Oeste dezesseis
municípios desenvolvem programas de coleta seletiva na gestão dos resíduos
sólidos urbanos, destacando o Estado de Mato Grosso com o maior número de
municípios com o programa, e ficando o Estado de Goiás em terceiro lugar, com
quatro municípios, o que representa 25% da Região da Centro-Oeste, conforme
indicado na tabela 3 e figura 2.
Tabela 3 Número de Municípios da Região Centro-Oeste com Programas de Coleta Seletiva
Goiás
Distrito Federal
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Anápolis
Cristalina
Goiânia
Planaltina
Brasília
Alta Floresta
Campo Verde
Matupá
Cuiabá
Primavera do Leste
Tangará da Serra
Brasilândia
Caarapó
Chapadão do Sul
Iguatemi
Paranhos
Total
04
01
06
05
Fonte: CEMPRE/CICLOSFT 2008, organizada pela autora.
Figura 2: Gráfico referente ao percentual da Região Centro Oeste com
Coleta seletiva
Cabe ressaltar que, mesmo apresentando um crescimento de municípios com
programas de coleta seletiva, no período entre 2000 e 2008, o índice da região
Centro-Oeste ainda é muito baixo em relação às regiões Sul e Sudeste.
Segundo ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública
e Resíduos Especiais (2003, p. 46) [...] a Pesquisa Nacional de Saneamento
Básico, em 2000, estimava-se que 2.680.383 residências participavam do sistema
de coleta seletiva, obtendo-se uma quantidade diária de resíduos de 4.290
toneladas/dia”, que deixou de ser destinados aos aterros e/ou lixões a céu aberto,
retornando assim à produção como matéria-prima por meio do processo de
reciclagem.
A ação de recuperar esses materiais através da coleta seletiva contribui para
a redução do desperdício, geração de trabalho e renda e melhora a qualidade da
matéria orgânica para o processo de compostagem. Além disso, a coleta seletiva
promove a inclusão social por meio da [...] geração de renda para os setores mais
carentes e excluídos do acesso aos mercados formais de trabalho”, (SINGER, 2002,
p. 5).
No Brasil existem milhares de trabalhadores, denominados de catadores, que
sobrevivem da catação e seleção de materiais encontrados no lixo urbano que são
comercializados com as empresas de reciclagem. De acordo com a ABRELPE
(2003, p. 52) foi identificado, em 2000, um total de 24.236 catadores nas unidades
de destino final de resíduo sólido urbano, ou seja, nos lixões e/ou aterro. Desse total,
5.393 catadores são menores de 14 anos, conforme indicado na tabela 4.
Tabela 4 - Catadores de resíduos nas unidades de destino final dos resíduos sólidos urbano,
por grupo de idade, segundo as Grandes Regiões 2000.
Até 14 anos
Mais de 14 anos
Total
Região Norte
628
1.148
1.778
Região Nordeste
2.204
6.282
8.486
Região Sudeste
1.408
6.166
7.574
Região Sul
845
3.374
4.219
Região Centro-Oeste
308
1.873
2.181
Brasil
5.393
18.843
24.236
Fonte: ABRELPE (2003, P.52) PNSB 2000 - CEF/FUNASA/SEDU/IBGE.
Cabe ressaltar que os dados citados acima podem ser bem maiores, pois, os
resultados são referentes às grandes regiões, ou seja, não sendo pesquisados os
pequenos municípios. Além disto, nesta pesquisa foram pesquisados somente os
catadores das unidades de destino final, não sendo incluídos muitos catadores que
trabalham somente nas ruas das cidades.
No desenvolvimento da coleta seletiva os catadores têm um papel
fundamental, pois, em geral, são responsáveis pela triagem e separação dos
materiais recicláveis. Esta triagem normalmente ocorre nas unidades de destino
final, em cima dos montes de lixo e/ou dentro de galpões construídos pelas
prefeituras, onde são armazenados e posteriormente comercializados com
empresas e indústrias de reciclagem.
É importante esclarecer que o papel dos catadores na triagem dos materiais é
imprescindível no processo de reciclagem. Porém, é preciso dar condições de
trabalho a essas pessoas, que em geral são os sem moradia, os excluídos da escola
e do mercado formal de trabalho, e que trabalham num ambiente de alto risco e em
condições extremamente adversas, (MINC,1997, p. 57) registra que,
Homens, mulheres e crianças trabalham nos lixões disputando com porcos
e ratos sua fonte de sobrevivência. Trabalham sem luvas, descalços,
adoecem, vivem pouco e morrem decompostos, tal qual o chorume (rejeito
tóxico) que vaza desses lixões para as baías e lagoas.
Diante do exposto, a seleção dos materiais nas residências contribui para a
retirada dos catadores dos lixões e inclusão social no mercado de trabalho formal e
informal do lixo. Souza (1995) apud Calderoni (2003, p. 83) relata que:
[...] o lixo, na sociedade moderna, está ampliando o mercado formal e
informal de trabalho. Neste contexto, apresenta-se como uma opção
econômica e de trabalho. Assim, podemos dizer que é a partir dos
escombros da sociedade que um novo setor econômico é criado, permitindo
a sobrevivência de milhares de pessoas. Com a ampliação dos níveis de
pobreza, catar lixo, atividade que antigamente era realizada somente pela
mendicância, estritamente para o uso pessoal... passa a ser uma ocupação
para um número cada vez maior... de pessoas....
Dessa forma, uma tendência de crescimento do número de pessoas
trabalhando na seleção de materiais provenientes do lixo que servem como matéria-
prima para o mercado da reciclagem. Dentre os materiais recicláveis selecionados
por catadores, nas unidades de triagem, Monteiro et. al. (2001, p. 123) destacam-se
os seguintes materiais:
Papel e papelão;
Plástico duro (PVC- poli (cloreto de vinila), PEAD- polietileno de alta densidade, PET-
poli (tereftalato de etileno);
Plástico filme (PEBD - polietileno de baixa densidade);
Garrafas inteiras;
Vidro claro, escuro e misto;
Metal ferroso (latas, chaparia, etc.);
Metal não ferroso (alumínio, cobre, chumbo, antimônio, etc.)
A figura 3 mostra a separação de materiais que podem ser reciclados, os
quais são retirados das unidades de depósito final por catadores.
Figura 3 - seleção de materiais recicláveis no lixão
a céu aberto.
Fonte: Gilberto Caetano, 2007.
Em relação ao trabalho da triagem, quanto mais eficiente for maior poderá ser
o valor obtido na comercialização dos materiais. Além desta triagem, o valor de
venda dos materiais recicláveis é influenciado pela quantidade, pela qualidade e de
acordo com as etapas de beneficiamentos que vão passando ao longo do processo
da reciclagem. Na tabela 5 são apresentados, pelo CEMPRE-ago/2009, o preço dos
materiais recicláveis (em real por tonelada) em alguns municípios brasileiros.
Tabela 5- Preço dos Materiais recicláveis no mercado brasileiro R$/ tonelada
Papelão
Latas de Aço
Alumínio
Vidro
Incolor
Vidro
Colorido
Plástico
Rígido
PET
Longa
Vida
Santo André
100,00
100
1400
60
40
800
800
80
Porto Alegre
140
160
1400
40
40
300
700
100
Itabira
160
250
1900
192
120
863
750
145
São Paulo
120
80
1800
100
100
200
750
120
Blumenau
250
200
2000
40
50
200
800
50
Fonte: CEMPRE ago./2009, organizada pela autora.
Verifica-se na tabela acima uma variação de preço, sendo o menor preço para
o vidro incolor R$ 40,00 (quarenta reais)/tonelada, ou seja quatro centavos /Kg, e o
maior para o alumínio R$ 2.000,00 (dois mil reais)/tonelada, ou seja dois reais/Kg.
No geral essa variação de preço é o principal fator na determinação dos tipos de
materiais a serem coletados pelos catadores.
Os programas de coleta seletiva desenvolvidos nos municípios brasileiros, em
geral, são operacionalizados por quatro modalidades, (VILHENA,1999, p. 15-19),
tais como:
a) Coleta porta a porta (ou domiciliar) esta é realizada em caminhões
abertos, em dias alternados da coleta, onde a população acondiciona os
materiais recicláveis em saco plásticos que são colocados nas calçadas
em dias e horários específicos;
b) Os PEV‟s - postos de entrega voluntária ou LEV‟s - locais de entrega
voluntária são postos em pontos estratégicos da cidade, onde a
população deposita os materiais recicláveis;
c) Postos de recebimento/troca estes são locais onde a população poderia
trocar seus materiais recicláveis por alimento, vale refeição, ingressos em
eventos, entre outros;
d) Catadores estes realizam a coleta nas ruas com carroças e/ou carrinhos,
individual ou organizado em cooperativas.
Dentre esses modelos, destaca a modalidade porta a porta (ou domiciliar) que
está presente em 201 municípios que operam o sistema de coleta seletiva no Brasil,
ou seja, 49% dos municípios com programa de coleta seletiva utilizam este modelo,
segundo CEMPRE/CICLOSFT (2008).
Fonte: Dados extraídos do CEMPRE/CICLOSFT 2008.
Segundo Monteiro et. al. (2001, p. 114), um dos aspectos negativos do
modelo de coleta seletiva porta a porta é o “[...] aumento das despesas com
transporte em função da necessidade do aumento do número de caminhões e o alto
valor unitário, quando comparada com a coleta convencional”. Porém, vale ressaltar,
que apesar dos aspectos negativos do modelo porta a porta, 49% dos municípios
utilizam este modelo.
Para avaliar os programas de coleta seletiva desenvolvidos pelos municípios
brasileiros, devem ser considerados alguns indicadores, tais como: a composição do
lixo, custos de operação da coleta, mercado para comercialização do material
reciclável e a participação popular, segundo CEMPRE/CICLOSFT (2008).
Segundo Bringhenti et. al (2007, p. 3), em pesquisa realizada verificou que
existem iniciativas positivas referente aos programas de coleta seletiva
desenvolvidos nos municípios brasileiros, inclusive com o modelo porta a porta.
Entretanto, o quadro geral da gestão dos resíduos sólidos urbanos enfrenta
problemas como limitações financeiras e orçamentos inadequados, política e
administração descontínuas, falta de profissionais qualificados, entre outros.
Segundo Marson et. al. (2002, p. 6), no município de Santo André no estado
de São Paulo, a coleta seletiva iniciada em 1999, atendendo 60% do total de
domicílios, passou atender em 2000, 99,8% dos domicílios, sendo esta considerada
o segundo melhor programa do estado.
Dos 405 municípios
que operam
programas de coleta
seletiva
201 municípios
utilizam o modelo
porta-a-porta.
105 municípios
possuem PEV‟s
(postos de entrega
voluntária).
174 municípios têm
relação direta com
cooperativas de
catadores de
materiais recicláveis.
Este mesmo autor (p. 8) destaca que as ações de educação ambiental por
meio de campanhas de conscientização como, “Santo André CIDADE LIMPA- faça
parte deste TIME”, foi um dos principais fatores para o sucesso da coleta seletiva
neste município.
Segundo Calderoni (2003, p. 98), no município de São Paulo o programa de
coleta seletiva foi instituído em 1989 com o centro de triagem de Pinheiros, para
viabilizar a reciclagem de lixo, com capacidade de 35 tonelada/dia e área de 12 mil
m². Os materiais recicláveis, recolhidos uma vez por semana, contribui para redução
no peso do lixo recolhido através da coleta regular.
Outro aspecto positivo citado por este mesmo autor (p. 147), em relação à
coleta seletiva de São Paulo, foi à adesão de 70% da população ao programa. A
adesão da população na seleção dos materiais recicláveis na fonte geradora
contribui para diminuir o grau de impureza destes, e como conseqüência eleva seu
valor de comercialização.
A implantação dos programas de coleta seletiva é sugerida por vários autores
como a forma de amenizar a problemática decorrente da geração dos resíduos
sólidos urbano. Porém, o grande desafio não se deve a implantação do programa,
mas da continuidade deste, que deve ter como base de sustentação “o tripé
conscientização/tecnologia/mercado”, sendo a conscientização o grande desafio,
pois, é considerado o aspecto de maior influência no sucesso do programa, (REIS,
2004 apud SAMPAIO e LANGE, 2007, p. 1).
A experiência de coleta seletiva implantada no município de Catas Altas
MG, no ano de 2002 em dois bairros, associado a um programa de educação
ambiental não teve continuidade de funcionamento, por falta de cooperação da
população, (SAMPAIO e LANGE, 2007, p. 2).
Os estudos realizados sobre a participação social em programas de coleta
seletiva em um condomínio residencial do município de Vitória do Estado Espírito
Santo, mostrou-se frágeis e insuficientes frente às ações de divulgação e
mobilização social, infra-estrutura implantada e de decisões da administração local,
(BRINGHENTI et. al., 2007, p. 4).
Dessa forma, percebe-se que falta gerenciamento das poticas públicas que
incentive a participação de diversos atores sociais na gestão dos resíduos sólidos,
priorizando a redução e seleção na fonte geradora.
CAPÍTULO III
3 A PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO DE VIANÓPOLIS SOBRE OS RESÍDUOS
SÓLIDOS DOMICILIARES
Neste capítulo serão apresentados os resultados e as discussões da pesquisa
de campos destinada a avaliar o conhecimento da população sobre a situação dos
resíduos sólidos domésticos realizado junto às residências da cidade de Vianópolis.
A aplicação dos questionários foi distribuído por setores, porém a intenção foi
revelar a percepção do conjunto da população de Vianópolis sobre os resíduos
sólidos domiciliares.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO MUNICÍPIO DE VIANÓPOLIS -
GO.
Com a notícia da construção da Estrada de Ferro Goiás, houve uma migração
em busca do progresso, constituindo um aglomerado de pessoas denominado
Pouso do Carreiro.
Vianópolis surgiu através de matas desbravadas e pontes erguidas, do
progresso na absorção da mão-de-obra, colocando cuidadosamente sob os
trilhos de aços as locomotivas na chegada da estrada de ferro em Goiás.
Mas antes de se tornar município, a região ficou conhecida como "Pouso do
Carreiro", por ser o ponto de parada dos boiadeiros e tropeiros. Era também
chamada de "Cabeceira da Vereda", devido ao córrego do mesmo nome.
Mais tarde, o lugar passou a ser chamado de "Estação Tavares", que
recebeu essa denominação em homenagem à família Tavares, que na
época era dona das terras onde começou a cidade. Foi que o coronel
Felismino de Souza Viana logo adquiriu dois alqueires da área e deu início à
formação da cidade. (IBGE/CIDADES, 2008).
O Município de Vianópolis localiza-se na região sudeste do Estado, a 93 km
da Capital Goiânia, “entre os paralelos 16°44‟31” Latitude e, 48°30‟59” Longitude
com altitude média de 992 metros. Vide a localização na figura 4.
MICRORREGIÕES
1 - São Miguel do Araguaia
2 - Rio Vermelho
3 - Aragarças
4 - Porangatu
5 - Chapada dos Veadeiros
6 - Ceres
7 - Anápolis
8 - Iporá
9 - Anicuns
10 - Goiânia
11 - Vão do Paranã
12 - Entorno de Brasília
13 - Sudoeste de Goiás
14 - Vale do Rio dos Bois
15 - Meia Ponte
16 - Pires do Rio
17 - Catalão
18 - Quirinópolis
16 Microrregião de Pires do Rio
016 - PIRES DO RIO - Municípios
Cristianópolis - Gameleira de Goiás Orizona - Palmelo - Pires do Rio
Santa Cruz de Goiás - São Miguel do Passa Quatro - Silvânia - Urut
Vianópolis.
Figura 4 - Mapas das Microrregiões de Goiás - IBGE
Fonte: SEPLAN/SEPIN/GO - Mapas das microrregiões do Estado de Goiás, segundo IBGE, de
acordo com a resolução PR n°-11 de 05/06/90.
A tabela 6 apresenta o perfil do Município de Vianópolis, segundo os dados
extraídos da Superintendência de Estatística, Pesquisa e Informação - SEPIN- /
Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento SEPLAN do Estado de Goiás.
Tabela 6 - Perfil do Município de Vianópolis - GO
Aspectos
políticos
Aspectos Físicos
Aspectos Demográficos
Aspectos Econômicos
Mandato
2009-2012
Prefeito
Silvio Pereira
da Silva
Área
954,279 Km²
(10/10/2002)
População
12.699 hab. (2008)
N° de estabelecimentos
industriais
32 (jun./2007)
Urbana
(2007)
Rural
(2007)
Carlos
Luciano
Morais
Lei de criação
nº 115 de
19/08/1948
9.105 hab.
3.082 hab.
N° Laticínios
01 (maio/2006)
Vereadores
9
Distrito - Caraíba.
Povoado - Ponte
Funda.
Aglomerado -
Brasilinha.
Taxa geométrica de
crescimento %
1,47% - 2000/2008
N° Estabelecimentos
bancários
02 (ago./2007)
Municípios limítrofes
Orizona, Pires do
Rio, São Miguel do
Passa Quatro e
Silvânia.
Densidade demográfica
12,77 hab/Km² (2007)
N° Estabelecimentos
comércio varejista
143 (ago.2007)
Fonte: SEPlN/SEPLAN GO 2009 e organizada pela autora.
Segundo Oliveira (2000, p. 61-62), as características de relevo ”oscila entre
terrenos planos, com topografia rica em vegetação, chapadões, com vegetação
própria do Cerrado”. Apresenta o clima tropical úmido como predominante, “com
temperatura média de 23°C, com índice pluviômetrico de 1.200 1300 mm por ano”.
Vianópolis é uma região rica em recursos hídricos, pertence à bacia
hidrográfica do Paranaíba, sendo os principais cursos d‟ águas: Rio do Peixe, Rio
dos Bois, Rio Piracanjuba e os Ribeirões- Santa Rita, Calvo, Soberba, Extrema,
Santana e Taguaral, segundo Oliveira (2000, p. 62).
As características citadas contribuem para o desenvolvimento econômico da
pecuária - com destaque para a produção de leite -, da agricultura - principalmente
das grandes plantações de soja, milho e tomate -, da exploração dos recursos
minerais como areia e argila para cerâmicas, constituindo estas as principais
atividades econômicas do Município. Vide a tabela 7.
Tabela 7 - Produção Agropecuária e Mineral de Vianópolis - GO
Produção Agrícola
Pecuária
Indústrias de exploração de recursos
minerais
Principais produtos
(Ton.) (2007)
Principais animais (2006)
(2000)
Soja
72.000(Ton.)
Bovinos (cab)
52.500
Cerâmicas 10 (uni)
Milho
15.000 (Ton.)
Prod.de leite (1.000L)
16.820
Vacas ordenhadas (cab)
12.200
Olaria 6 (uni).
Tomate
10.800 (Ton.)
Aves (cab)
27.000
Fonte: SEPlN/SEPLAN GO (2008), Oliveira (2000, p.63) e organizada pela autora.
A realidade do município de Vianópolis com relação ao Saneamento Básico
não é muito diferente do restante do Estado. Segundo Saneamento de Goiás S.A
/IBGE (2007), em 2000, somente 69,57% dos domicílios era atendido pelo sistema
de coleta de lixo da prefeitura, os outros 30,43% da população não era atendida pelo
sistema de coleta. Desta forma, esta última porcentagem da população jogava seus
resíduos em terreno baldio ou logradouro, rios, queimava ou enterrava na
propriedade.
A tabela 8 mostra a população de Vianópolis e dos municípios vizinhos
atendida por água encanada, rede de esgoto e coleta do lixo.
Tabela 8 População de Vianópolis atendida de água, esgoto e destino do lixo - 2000 - 2006
Municípios
População atendida (%) - 2006
Destino do lixo(%) 2000
Água
Esgoto
Coletado
Outro destino
(1)
Orizona
96,68
-
51,23
48,77
Pires do Rio
94,14
22,68
80,69
19,31
São Miguel do Passa
Quatro
91,76
-
39,91
60,09
Silvânia
97,58
-
52,63
47,37
Vianópolis
78,54
-
69,57
30,43
TOTAL DO ESTADO
80,75
32,88
81,14
18,86
(1) Queimado ou enterrado na propriedade, jogado em terreno baldio ou logradouro, jogado em rio e
outros.
Fonte: Saneamento de Goiás S.A / IBGE, elaboração: SEPLAN-GO/ SEPIN/ 2007
3.2 METODOLOGIA DA PESQUISA DE CAMPO
A pesquisa de campo foi realizada nos bairros da cidade de Vianópolis. Para
isso utilizou-se dos dados do Programa de Controle da Febre Amarela e Dengue do
município que trabalha com a divisão da área urbana em 14 setores, conforme
indicado na tabela 9.
Tabela 9: Distribuição do N° de Residências (Domicílios) na cidade de Vianópolis
Setores
Quantidade de Residências
01 Centro
826
02 Michelle
688
03 - São José
367
04 São Vicente
316
05 Delfino
211
06 - De Lourdes
169
07 Santo Agostinho
165
08 Santos Dumont
149
09 Ferroviário
125
10 Ferreira dos Santos
102
11 Umbelino
65
12 Missões Novas Tribos do Brasil
64
13 Vila Multirão
59
14 Vista Alegre
20
Total
3.326
Fonte: Programa de Controle da Febre Amarela e Dengue em Vianópolis. Dados atualizados
em 31/10/2008 e organizados pela autora.
Utilizou-se do método por amostragem estratificada tipo proporcional para
definir quantas residências, e de quais setores, seriam objeto da pesquisa. Assim o
cálculo do quantitativo de residências, a serem pesquisadas em cada setor, foi
utilizado à fórmula estatística citada por Barbetta (2002). Esta fórmula foi utilizada
com a finalidade de definir a proporção da quantidade de residências em cada um
em relação à sua totalidade.
Fórmula estatística utilizada para calcular o tamanho da amostra
Onde:
n0 = 1
E0
n = N×n0
N+n0
= n x w¹
N= tamanho da população;
n0= primeira aproximação do tamanho da amostra;
n= tamanho da amostra;
E0= erro da amostra tolerável;
= tamanho da amostra por estrato;
N= tamanho total da amostra;
W¹= é a proporção da população por estrato.
Assim, chegou-se a uma amostra representativa do universo de 408
domicílios a serem pesquisados, conforme indicado na tabela 10.
Tabela 10: Resultado da amostra n° de Residências (Domicílios) na cidade de Vianópolis
e respectivos setores
Setores
Universo da
Pesquisa
Resultados da Amostra residências
pesquisadas
Centro
826
99
Michelle
688
83
São José
367
44
São Vicente
316
38
Delfino
211
27
De Lourdes
169
21
Santo Agostinho
165
20
Santos Dumont
149
18
Ferroviário
125
15
Ferreira dos Santos
102
12
Umbelino
65
08
Missões Novas Tribos do Brasil
64
08
Vila Multirão
59
07
Vista Alegre
20
08
Total
3.326
408
Fonte: Programa de Controle da Febre Amarela e Dengue em Vianópolis/ 2008 dados
organizados pela autora.
Após saber a quantidade de domicílios a serem pesquisados em cada setor e
com o mapa de localização de cada setor, procurou-se pesquisar em todas as
quadras, e em todos os setores, chegando às residências por meio da contagem
alternada, ou seja, de duas em duas, caso não fosse encontrado o morador ou se
este recusasse a responder, foi escolhida a casa mais próxima à direita, buscando
assim atingir a maior área possível no setor.
Ao ser abordado em sua residência, a moradora era informada pela
pesquisadora da sua participação na pesquisa, e questionada se a mesma
concordava em responder o questionário.
Os questionários foram elaborados da forma mais simples possível utilizando
uma linguagem popular com o objetivo de extrair o máximo de informações da
população sobre a questão dos resíduos sólidos domiciliares. Cada questionário,
(apêndice 1), continha 23 (vinte e três) questões, sendo 5 (cinco) abertas e 18
(dezoito) fechadas. A aplicação dos questionários foi direcionada para um público
específico donas de casa entendido nesta dissertação como as pessoas
responsáveis pela organização e manutenção da casa, independente de estar ou
não trabalhando fora de casa. O critério para escolha deste público alvo presume
que as pessoas responsáveis pela manutenção do seu lar possam fornecer
informações sobre os resíduos sólidos, visto que elas lidam com esta situação
diariamente. Ressalte-se que todos 408 questionários aplicados pela pesquisadora
foram validados.
A pesquisa foi realizada no peodo de Outubro/2007 a Fevereiro/2008, de
segunda a sexta-feira. Os questionários foram testados com a aplicação de 10
questionários pilotos. Feito as adaptações necessárias indicadas pela pesquisa-
piloto, deu-se início à pesquisa de campo.
Para o tratamento dos dados coletados com a aplicação dos questionários
utilizou-se o programa SPSS 1.0 for Windows, e os resultados foram apresentados
por meio de frequências estatísticas.
3.3 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO
Os resultados obtidos, e mostrados a seguir, refletem a percepção das donas
de casa do município de Vianópolis em relação ao manejo dos resíduos sólidos
domiciliares e os serviços prestados pela prefeitura. Os resultados iniciais deste
estudo permitem identificar os problemas e possíveis soluções que interferem na
implantação de um programa de coleta seletiva no município.
3.3.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE AS CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS DA
POPULAÇÃO DE VIANÓPOLIS
Em relação aos aspectos sócio-econômicos da população, foram analisados o
nível de escolaridade, a renda familiar e o número de pessoas por domicílios.
Quanto ao perfil de escolaridade das entrevistadas, a maioria 56,6% possui somente
o ensino fundamental incompleto, e um grupo pequeno 4,9% possui ensino superior
completo, conforme mostra a figura 5.
Figura 5 Gráfico referente ao nível de escolaridade da população de Vianópolis.
É importante analisar o nível de escolaridade, pois este reflete na percepção
das pessoas sobre os resíduos sólidos e na sua atuação em relação ao manejo
adequado destes. Pressupõe-se que, quanto maior o grau de escolaridade,
associado ao acesso as informações, maior será a compreensão de processos
adequados na gestão dos resíduos lidos domiciliares para a construção de uma
sociedade rumo à sustentabilidade.
A renda familiar encontrada variou entre um e dois salários mínimos. Este
resultado era esperado, uma vez que o nível de escolaridade da maioria das
pesquisadas não favorecem altos rendimentos, pois 56,7% não concluíram nem o
Ensino Fundamental, conforme mostra a figura 6.
9,6%
56,7%
2,9%
6,6%
17,6%
1,7%
4,9%
Analfabeta
Ensino fundamental incompleto
Ensino Fundamental completo
Ensino Médio incompleto
Ensino Médio completo
Ensino Superior incompleto
Ensino Superior completo
Figura 6 Gráfico referente à renda familiar.
Das moradoras pesquisadas, 3,2% informaram ter renda familiar inferior a um
salário mínimo (valor referente ao ano de 2008), 27,5% tem renda familiar de um
salário mínimo, 37% possuem renda entre um a dois salários mínimos, 13,6%
disseram ganhar de dois a três salários mínimos, 11,3% possui renda acima de três
salários mínimos e 7,4% não sabem a renda familiar ou não responderam.
O poder socioeconômico está diretamente relacionado com a geração de lixo,
pois quanto maior a renda maior o consumo, como consequência maior a geração
de lixo. Os dados obtidos sobre a renda familiar são pouco significativos no aumento
da geração de lixo, uma vez que o maior percentual indica a renda de um a dois
salários mínimos.
No tocante ao número de pessoas por residência, o resultado de Vianópolis
está dentro da média brasileira, que é 3,8 pessoas por domicílio, segundo IBGE
(2000, p. 12). Do total de domicílios pesquisados, 8,3% têm apenas uma pessoa,
22,5% têm duas, 20,3% têm três, 28,4% têm quatro, 13,8% têm cinco e 6,7% têm
acima de cinco pessoas, conforme indicado na figura 7.
27,5%
37,0%
7,4%
3,2%
13,6%
11,3%
menos de
R$ 415,00
R$ 415,00
R$ 415,00 a
830,00
R$ 830,00 a
1.245,00
acima R$
1.245,00
não
sabe/não
responde
Figura 7 Gráfico referente ao Número de pessoas residentes no domicílio.
É importante saber o número de pessoas residentes nos domicílios, pois
quanto maior este número maior a geração de lixo. No Brasil, a produção média por
habitante/dia varia de 0,5 a 0,8 Kg, (MONTEIRO et. al., 2001, p. 33). Esta variação é
influenciada por diversos fatores como: poder econômico, época do ano, hábitos de
consumo, número de habitantes, nível cultural, entre outros.
3.3.2 PERCEPÇÃO DAS DONAS DE CASA SOBRE O LIXO, COLETA SELETIVA E
RECICLAGEM
O lixo tem diversas conotações, como forma de percepção dos indivíduos,
mas são ressaltadas aquelas ligadas ao nível psicológico, econômico, ecológico e
sócio-político”, (PEREIRA et. al. 1993, p. 314 apud SANTOS, 2000, p. 16).
De acordo com Bueno (1996, p. 496) percepção é definida como: “ato, efeito
ou faculdade de perceber; compreensão. Para o conceito de Percepção Ambiental
adotou-se o utilizado por Ianni (1999) apud Pacheco e Silva (2007, p. 2-3),
[...] como significando, em primeiro lugar, a representação que uma
população tem sobre seu meio ambiente. A esse sentido se agregam
termos como valores, identidades, interpretações, sobre as relações e
conhecimentos acumulados dos processos vitais.
8,3%
13,8%
6,7%
22,5%
20,3%
28,4%
1 pessoa
2 pessoas
3 pessoas
4 pessoas
5 pessoas
acima de 5
pessoas
Assim, a pesquisa buscou refletir as significações construídas pelas donas de
casa a respeito da concepção de lixo doméstico, considerando coleta seletiva e
reciclagem, na comunidade em que vivem.
Para isto, responderam três questões abertas explicando o que entendiam por
lixo, coleta seletiva e reciclagem, separadamente. Na primeira questão, as respostas
das donas de casa aproximaram da definição apresentada por Bueno (1996). A
seguir foram transcritas algumas frases relacionadas a definição do termo Lixo,
citada pelas entrevistadas: lixo são as coisas que não tem mais utilidade”, “sujeira,
algo que incomoda”, “é o que joga fora, coisas sem valor”, “são coisas que usamos e
depois jogamos fora”, “são restos de comida, plásticos, papel, tudo que varre do
quintal”.
Esta concepção, apresentada pelas donas de casa consultadas, está inserida
no contexto da visão psicológica e econômica, explicada por Santos (2000, p. 16),
Na visão psicológica, a percepção do lixo, pela maioria das pessoas, é
extremamente negativa, como sinônimo de inútil, desprovido de valor,
sujeira, mau odor, degradação, putrefação, decomposição e morte,
devendo desaparecer. Na visão econômica, o que é jogado na lata de lixo
o tem valor de mercado positivo, variando esse valor de pessoa para
pessoa.
Diante do exposto, é necessário fazer uma intervenção por meio da educação
ambiental para promover a mudança de atitude e adquirir uma nova conceão,
considerando a utilidade e o custo de alguns materiais que são descartados como
lixo.
É importante citar que algumas das moradoras entrevistadas definiram lixo
como algo que polui o meio ambiente, ou simplesmente como “poluição”. Essa
definição se aproxima da visão ecológica, “onde os resíduos sólidos aparecem como
poluição, elementos impactantes, que oferecem riscos para os seres vivos e para o
meio ambiente em geral”, (SANTOS, 2000, p. 16).
Também, dentre as entrevistas, houve definições que considera o lixo como
“somente aquilo que não serve para reciclar”, “é tudo que vai embora de nossa casa,
só que uma parte que se joga fora pode aproveitar para artesanato. Esta concepção
de que parte do lixo domiciliar pode ser reaproveitada por meio da reciclagem está
relacionada com as novas tendências de discussão sobre “a definição do que é lixo”.
No geral a maioria das entrevistadas conceituou o lixo conforme é definido por vários
autores.
em relação à concepção do termo coleta seletiva, a maioria não soube
conceituar. Algumas entrevistadas entendem a coleta seletiva como sendo a coleta
tradicional e outras poucas apresentam uma concepção aproximada do conceito do
termo. Neste contexto, destacam-se algumas respostas dadas pelas moradoras
sobre o que entendem por coleta seletiva: “é a coleta diária que é realizada pelo
caminhão da prefeitura”; “é a separação do lixo”; “é a coleta que pega os materiais
separados: papel, plástico, vidro e metal”; “é os catadores que saem recolhendo o
lixo nas casas”; “é separar o lixo orgânico do inorgânico”.
Verifica-se que há percepções equivocadas das donas de casa na concepção
da coleta seletiva. Este fato mostra a necessidade de trabalhar este conceito com a
população, por meio de um processo articulado e sistematizado entre escola e
prefeitura, visando informar, conscientizar e mobilizar a todos para uma atuação
efetiva.
Vale lembrar que, a relação da educação ambiental e a ecologia humana
podem contribuir, estimulando e promovendo a atuação coletiva das donas de casa,
para o manejo adequado de separação dos resíduos domiciliares, para a construção
de sociedades sustentáveis. Segundo Carvalho (2006, p. 114) a ecologia humana é
entendida como:
[...] o ramo da ciência que trata do sistema de relações íntimas entre o
homem, a terra, as plantas, os animais, e os outros homens de uma
mesma região, que dão forma ao complexo cultural de determinada área,
representada nos hábitos e costumes da vida local.
Neste sentido, a concepção de coleta seletiva implica na mudança de hábitos
e costumes das pessoas, em suas vidas diárias na sua comunidade, como a
separação dos materiais, na fonte geradora, que podem ser reciclados. Este
processo de separação em casa deverá ser incentivado e fortalecido em toda
comunidade por meio do processo educativo.
Com relação ao entendimento das donas de casa sobre o processo de
reciclagem, as pesquisadas disseram que a reciclagem é “a separação de plásticos,
papelão, latinhas e vidro”. Outras entrevistadas definem o termo reciclagem como a
“reutilização/reaproveitamento das garrafas pet e das latinhas”.
Algumas donas de casa apresentaram uma visão parcial do conceito de
reciclagem e/ou como sinônimo de coleta seletiva, a qual é apenas uma das etapas
do processo de reciclagem. De acordo com o Manual de Reciclagem (2003, p. 5), a
Agência de Proteção Ambiental (EPA) apresenta a definição oficial do termo como
“coleta, processamento, comercialização e uso de materiais considerados lixo”. Para
Duston (1993, p. 136) apud Calderoni (2003, p. 52), a reciclagem é definida.
Como um processo através do qual qualquer produto ou material que tenha
servido para os propósitos a que se destinava e que tenha sido separado do
lixo é reintroduzido no processo produtivo e transformado em um novo
produto, seja igual ou semelhante ao anterior, seja assumindo
características diversas das iniciais.
Segundo Ferreira (1993, p. 465) a definição de reciclagem é: “alteração de
ciclagem; atualização pedagógica, cultural, etc.; para alcançar melhores resultados;
reaproveitamento de certos materiais”.
Conforme, definição citada anteriormente percebe-se que a reciclagem não é
apenas a inserção de materiais considerados lixo no processo produtivo, mas
transformação de valores, conhecimentos e atitudes.
O desenvolvimento de valores e atitude perpassa pela educação sócio-
ambiental, que “é considerada um dos instrumentos mais importantes na
transformação dos cidadãos, de desconhecedores dos problemas para atores e
produtores das soluções”, (ABREU, 2001, p. 24). Assim a compreensão dos termos
contribui para sensibilizar e mobilizar a comunidade a atuar efetivamente na
construção de uma sociedade mais equilibrada.
3.3.3 MANEJO DIÁRIO DO LIXO DOMÉSTICO PELAS DONAS DE CASA
O manejo do lixo doméstico normalmente fica sob a responsabilidade da dona
de casa e/ou a empregada dostica. Elas separam, acondicionam e levam o lixo
para as vias públicas, onde serão coletados pelo caminhão da prefeitura. Para
conhecer o trabalho diário da dona de casa com lixo doméstico, elas responderam
algumas questões. Iniciando com os tipos de recipiente que elas mais usam para
acondicionamento do seu lixo.
Com relação a esta questão, 94,4% das donas de casa responderam que
usam saco de lixo e/ou sacolas plástica de supermercado para acondicionamento do
lixo, e apenas 5,6% utilizam recipientes rígidos (baldes, tambores, latas) para
acondicionamento do lixo. Este resultado não é diferente da maioria dos municípios
brasileiros, onde a população acondiciona o lixo domiciliar em saco plástico e/ou
“sacolinha de supermercado”. Segundo Fuzaro et. al. (2005, p. 15), para escolha do
recipiente mais adequado a dona de casa deverá levar em consideração alguns
fatores, tais como:
- atender às condições sanitárias;
- não ser feio, repulsivo ou desagradável;
- ter capacidade para conter o lixo gerado durante o intervalo entre uma
coleta e outra;
- permitir uma coleta rápida, aumentando com isso a produtividade do
serviço;
- possibilitar uma manipulação segura por parte da equipe de coleta.
Embora, a embalagem plástica é considerada o recipiente mais adequado
para acondicionamento do lixo doméstico, este recipiente tem contribuído para
aumentar a produção do lixo nos aterros e dificultar o processo de decomposição
dos resíduos.
Outro aspecto analisado na pesquisa diz respeito à composição dos resíduos
gerados no domicílio, que em geral, são compostos por matéria orgânica (restos de
alimentos e cascas de frutas), plástico, papel e papelão, vidro, metal, entre outros.
Buscou-se identificar o tipo de material descartado em maior quantidade em cada
residência. Os índices apontam que as embalagens plásticas representam 41,9% da
composição do lixo residencial das pesquisadas, 33,8% são papelão e papel, 18,7%
material orgânico (restos de alimentos e cascas), 0,7% outros materiais e 4,9% não
sabem o tipo de lixo mais gerado ou não responderam, conforme mostra a figura 8.
Figura 8 - Gráfico referente ao tipo de lixo que é gerado em maior
quantidade na residência.
Provavelmente, o fato das embalagens plásticas representarem a maior
quantidade, pode estar diretamente relacionado com o consumo de produtos
industrializados, os quais, em geral, são acondicionados em embalagens plásticas.
Leite (2003, p. 36), aponta um crescimento na produção de materiais plásticos, em
1996, a produção mundial de plásticos era de 6 (seis) milhões de toneladas/ano, e
em 2000, a produção era de 120 milhões de toneladas/ano.
Com relação às embalagens plásticas encontradas na composição do resíduo
domiciliar, a média brasileira é de 3%, segundo Monteiro et. al. (2001, p.33),
enquanto que em Vianópolis foi apontado um percentual de 41,9%. Essa variação
pode estar relacionada com aumento da produção de materiais plásticos
apresentados acima por Leite (2003). Segundo as donas de casa tem muitas
sacolinhas de mercado e garrafas pet no lixo”, o que leva a deduzir que existem
materiais que poderiam ser reciclados, aumentando assim a vida útil do aterro
controlado.
A média brasileira, em 2001, de material orgânico encontrado no resíduo
domiciliar é 65%, segundo Monteiro et. al. (2001, p. 33), enquanto que em
Vianópolis foi indicado por apenas 18,7% das moradoras, como sendo o tipo de
material mais encontrado no resíduo domiciliar. Uma possível explicação para essa
variação deve ser devido ao fato de que o material orgânico, principalmente os
restos de comidas, é utilizado pelas moradoras para “alimentação de galinhas,
18,7%
33,8%
0,7%
4,9%
41,9%
material
orgânico
(restos de
alimentos)
plásticos
(diversos)
papelão e
papel
outros
não
sabe/não
responde
cachorros, gatos e como lavagem para os porcos da fazenda”, não sendo
considerado por elas como lixo.
Cabe esclarecer que os dados de Monteiro et. al. (2001) são análises
mesuradas, quantificadas a partir de amostras dos resíduos urbanos, enquanto que
os resultados de Vianópolis não foram quantificados, e sim analisado somente as
respostas das donas de casa em relação aos resíduos domésticos, obtendo assim
resultados diferenciados. Porém, é importante essa comparação, pois contribui para
análise da concepção das pessoas em relação os tipos de resíduos gerados, em seu
domicílio, com a quantidade real produzido.
Outra situação verificada, no presente trabalho, foi em relação ao horário que
a dona de casa costuma dispor seus resíduos na calçada, para ser coletado pelo
caminhão da prefeitura. A figura 9 aponta os resultados.
Figura 9 Gráfico referente ao costume dos moradores de colocar
o lixo na rua próximo do horário da coleta.
Esse índice é significativo, porém poderia ser maior, uma vez que 91,7% das
moradoras afirmaram saber o horário da coleta, e mesmo assim, 19,5% desse
universo não colocam seu lixo no horário adequado.
Somando o percentual das moradoras que sabem o horário da coleta, e não
colocam próximo a esse horário, com aquelas que responderam não colocar
próximo ao horário da coleta soma-se 45,7%. Este percentual demonstra a
necessidade da administração pública em promover e desenvolver ações educativas
continuadas, visando mudança de atitude da população em relação à questão.
26,2%
73,8%
sim
não
Outra questão analisada no manejo dos resíduos domiciliares está
relacionada com as diversas maneiras de disposição final do lixo. Dentre as
maneiras de destino final dos resíduos, as donas de casa citaram que, em
Vianópolis, é comum queimar lixo, jogar nos terrenos baldios e enterrar no quintal. A
figura 10 demonstra o percentual da população que tem o costume de queimar lixo
doméstico.
Figura 10 Gráfico referente ao costume dos moradores de queimar lixo
Ao serem questionadas sobre o costume de queimar o lixo, 34,1% das
moradoras disseram que seus vizinhos queimam o lixo frequentemente, 17,6%
responderam que às vezes seus vizinhos queimam o lixo, 3,2% disseram que
raramente a queima ocorre, e a maioria, (45,1%) responderam que seus vizinhos
nunca queimam lixo.
Os dados indicam que, em geral, a população de Vianópolis tem o costume
de queimar o lixo. As moradoras relataram que queimam, principalmente, “papel de
banheiro” e “folhas do quintal”, justificando que fazem isso porque as “folhas do
quintal não o coletadas pelo caminhão da prefeitura”, e “acham falta de respeito
colocar o papel do banheiro para os lixeiros pegarem”.
A tabela 11 apresenta a frequência, por setores, com que a população
costuma queimar o lixo.
45,1%
3,2%
17,6%
34,1%
Frequentemente
as vezes
raramente
nunca
Tabela 11 Frequência com que a população costuma queimar o lixo doméstico
Setores
Frequentemente%
As vezes %
Raramente%
Nunca %
Centro
26,3
18,2
5,0
50,5
Michelle
33,8
26,5
2,4
37,3
São José
22,8
18,2
4,5
54,5
São Vicente
52,6
7,9
-
39,5
Delfino
33,3
3,7
3,7
59,3
De Lourdes
52,4
-
9,5
38,1
Santo
Agostinho
20,0
35,0
-
45,0
Santos
Dumont
33,3
22,3
-
44,4
Ferroviário
60,0
20,0
6,7
13,3
Ferreira dos
Santos
33,3
-
-
66,7
Umbelino
-
25,0
-
75,0
Missões
Novas Tribos
do Brasil
50,0
-
-
50,0
Vila Multirão
42,8
28,6
-
28,6
Vista Alegre
62,5
25,0
-
12,5
Fonte: pesquisa de campo 2008, organizada pela autora.
De acordo com as respostas obtidas, cinco setores apresentaram um índice
acima de 50%, onde as pessoas queimam o lixo doméstico frequentemente. Este
resultado pode estar relacionado com dois fatores: a localização mais afastada do
centro urbano, e uma quantidade expressiva de lotes desocupados, onde,
geralmente, as pessoas costumam “jogar lixo e depois tocar fogo”.
De acordo com a Lei Estadual n° 14.248 de 29/07/2002 cap. I Art. 12 inciso II,
[...] é proibido à queima a céu aberto, inclusive dos resíduos sólidos industriais em
caldeiras não licenciadas pelo órgão ambiental competente” Mesmo sendo proibido
por lei, a queima do lixo doméstico acontece frequentemente, segundo as
moradoras.
Cabe ressaltar, que a maioria das entrevistadas desconhece essa legislação.
Além disso, o hábito de queimar os resíduos domiciliar é uma prática cultural,
significando para elas estar contribuindo com a limpeza da cidade, “pois, assim não
terá lixo para colocar na rua”.
Outra prática pesquisada, em relação à disposição final dos resíduos foi o
costume das pessoas de enterrar o lixo no quintal. Essa prática foi relacionada de
maneira pouco significante, conforme mostra a figura 11.
Figura 11 Gráfico referente ao costume dos moradores de enterrar o lixo no quintal
Outra situação, citada pelas entrevistadas, é o costume das pessoas
de jogar lixo em terrenos baldios, nas ruas e/outros lugares, que estão
demonstrados na figura 12.
Figura 12 Gráfico referente ao costume dos moradores de jogar lixo em
terrenos baldios, na rua e/ou outros lugares.
89,9%
1,5%
4,2%
4,6%
frequentemente
as vezes
raramente
nunca
44,4%
9,1%
2,0%
44,5%
frequentemente
as vezes
raramente
nunca
Quando questionadas se elas jogavam lixo nos terrenos baldios, nas ruas
e/ou outros lugares, a resposta era sempre negativa, mas, quando perguntado se os
seus vizinhos tinham o costume de jogar lixo nesses locais, 44,4% das entrevistadas
afirmaram que isto acontecia frequentemente.
Observa-se que as donas de casa se sentem responsáveis apenas por retirar
o lixo de dentro de sua residência e colocá-lo na rua, a partir daí a responsabilidade
é de outra pessoa qualquer ou da prefeitura. Por isso, espaços públicos como as
calçadas, ruas e lotes baldios devem ser administrados pela prefeitura, a qual é
responsável pela organização e limpeza desses ambientes.
Considerando as pessoas que costumam jogar lixo em terrenos baldio, nas
ruas, (frequentemente, ás vezes e raramente), e analisando a distribuição por
setores, verifica que apenas dois deles, Ferreira dos santos e o Centro, apresentam
um índice abaixo de 50%, conforme indicado na tabela 12.
Tabela 12 índice de pessoas, por setores, que costuma jogar lixo em terrenos baldios, ruas e
outros.
Setores
Sim %
Não %
Michelle
50,6
49,4
Vista Alegre
62,5
37,5
Ferroviário
46,6
53,4
Ferreira dos Santos
25
75
Umbelino
75
25
Vila Mutirão
71,4
28,6
Santos Dumont
55,5
44,5
Santo Agostinho
50
50
Centro
42,4
57,6
De Lourdes
61,9
38,1
São Vicente
68,4
31,6
Delfino
66,7
33,3
Missões N. Tribos do Brasil
50
50
São José
77,2
22,8
Fonte: Pesquisa de campo 2008, organizada pela autora.
Comparando as respostas das donas de casa sobre as formas de disposição
final dos resíduos sólidos com o cenário brasileiro, verifica-se que os resultados de
Vianópolis de 2008, estão bem acima dos resultados do Brasil, Centro-Oeste e em
Goiás, conforme indicado na figura 13.
Tabela 13 Destino final do lixo na área urbana, Brasil, Centro-Oeste, Goiás e Vianópolis
Destino do lixo (%) 2000
Destino do lixo (%) -
2008
Brasil (1)
Centro-oeste (1)
Goiás (1)
Vianópolis (2)
Lixo queimado
4,3
5,4
6,0
34,1
Lixo enterrado
0,3
0,4
0,4
4,6
Jogado em terreno baldio
3,6
1,6
2,1
44,4
(1) dados do (IBGE, 2000) extraídos do Galinkin (2003, p. 156), (2) dados de 2008, pesquisa.
Fonte: Censo Demográfico 2000 IBGE/Galinkin (2003, p. 156), organizada pela autora.
Segundo Scarlato e Pontim (1999, p. 43), [...] a população brasileira ainda
tem o péssimo costume de usar terrenos desocupados como depósitos de lixo e
entulho, o que contribui para aumentar a poluição ambiental”, vide a figura 13.
Figura 13: Terreno baldio no setor São José utilizado como depósito de lixo.
Fonte: Gilberto Caetano de Brito, 2009.
Dentre as formas de tratamento dos resíduos sólidos urbano, incineração,
compostagem e reciclagem, buscou-se identificar algumas ações executadas pelas
donas de casa de Vianópolis em relação ao processo da reciclagem. Na primeira
questão, elas foram questionadas se realizavam a separação do lixo para a
reciclagem. A figura 14 demonstra as respostas das entrevistadas.
Figura 14 Gráfico referente à separação do lixo pelas
Moradoras para reciclagem.
Dentre as que responderam não separarem o lixo para reciclagem, elas
apresentaram duas justificativas: por que não sabem fazer a separação correta ou
pelo simples fato de não serem cobradas por parte da prefeitura. Os dados da figura
15 indicam o quantitativo de pessoas que se declararam não saber separar
corretamente os materiais recicláveis, encontrados nos resíduos domésticos, caso
fosse implantado um sistema de coleta seletiva no Município.
Figura 15 Gráfico referente o conhecimento das moradoras sobre a
separação correta dos materiais recicláveis.
54,4%
45,6%
sim
não
57,1%
42,4%
0,5%
sim
não
não sabe/não
responde
42,4% das moradoras afirmaram saber separar corretamente os materiais
para reciclagem. Fato este justificado pelo acesso a informações e propagandas
sobre coleta seletiva apresentada nos meios de comunicação, principalmente na
televisão. Mesmo tendo este grupo afirmado saber separar corretamente o lixo para
reciclagem, elas ainda desconhecem alguns dos materiais que podem ser
reciclados, como por exemplo, as “sacolinhas de supermercado”, as embalagens
plásticas de arroz, feijão, entre outras.
No entanto verifica-se que a maioria, 57,1%, não sabe fazer a separação
adequada. Isto reflete uma carência de ações educativas para questão, sendo um
grande desafio a conscientização ambiental da população. Portanto, é necessário
intervenção com o desenvolvimento de ações sócio-educativo que oriente as donas
de casa a realizarem a separação adequada do lixo para a reciclagem.
Para o desenvolvimento de uma consciência ambiental, o papel da educação
ambiental vai além da simples separação do lixo para reciclagem, é preciso fazer
[...] uma reflexão crítica e abrangente a respeito dos valores culturais da sociedade
de consumo, do consumismo, do industrialismo, do modo de produção capitalista e
dos aspectos políticos e econômicos da questão do lixo”, (LAYRARGUES, 2002, p.
180).
Apesar da maioria das pesquisadas responder que não faz a separação do
lixo para reciclagem, elas se dispuseram a fazer a separação em sua residência,
caso a prefeitura implantasse um sistema de coleta seletiva. Dentre todas as
entrevistadas, 93,4%, afirmaram que estariam dispostas a separar os materiais
recicláveis, e apenas 6,6% responderam que não estariam dispostas a fazer a
separação do lixo doméstico.
Um dos maiores desafios enfrentados pelo processo de reciclagem é coletar
na fonte geradora a matéria-prima. A partir daí, desenvolve-se uma cadeia produtiva,
com a reutilização dos materiais para a fabricação de novas embalagens e de outros
produtos pela indústria, cujos resultados contribuem para melhoria da qualidade de
vida da comunidade local.
Cabe ressaltar que, a participação efetiva da comunidade, especialmente da
dona de casa, é fundamental para sustentabilidade da coleta seletiva, pois cabe a
elas a separação dos materiais, a lavagem dos recipientes, o armazenamento
adequado e por fim enviar para reciclagem.
Neste sentido Carvalho (2006), destaca que é preciso mudar a forma de
relacionamento entre a comunidade e meio ambiente, em que o homem deixa de ser
apenas explorador, e passa a atuar na conservação e recuperação deste ambiente
em que vive.
Para as donas de casa que responderam não saber separar corretamente o
lixo para reciclagem, foram questionadas sobre quem então seria a responsável por
orientá-las na realização da separação adequada. A questão apresentou algumas
alternativas de órgãos que poderiam ser responsáveis pelo processo de formação e
as donas de casa marcavam somente uma das alternativas, conforme organizado na
figura 16.
Figura 16 Gráfico indicador do Órgão responsável por ensinar/orientar a população
fazer a separação adequada para reciclagem.
Analisando o gráfico verifica-se que a maioria das donas de casa, 13,0%, não
sabe ou não quiseram responder de quem é a responsabilidade de ensinar/orientar
a população na separação correta dos resíduos domésticos para reciclagem, 10,3%
disse que a responsabilidade é de todos os segmentos apresentados no gráfico,
9,8% disseram ser da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, 3,9% afirmam ser da
Vigilância Sanitária “os agentes da dengue”, 2,7% disseram que a tarefa de
ensinar/orientar é da Secretaria Municipal de Educação, enquanto 1,7% disseram
ser das escolas estaduais e apenas 1,0% atribui essa responsabilidade as empresas
de reciclagem.
1,7%
9,8%
2,7%
13,0%
1,0%
3,9%
57,6%
10,3%
Secretaria
Municipal
de
Educação
Secretaria
Municipal
do Meio
Ambiente
Escolas
Estaduais
Empresa
de
reciclagem
Vigilância
sanitária
Todos
acima
não
sabe/não
responde
não se
aplica
Um dado relevante nesta questão mostra que, para as moradoras, as escolas
aparecem com o menor percentual de responsabilidade no ensinar e orientar a
população sobre questão do lixo doméstico, o qual é um tema pertinente da
educação ambiental, que deverá ser desenvolvida em todas as etapas do ensino,
conforme determina a lei Federal 9.795, de 27 de abril de 1999 no seu artigo II, a
Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da Educação
Nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”.
Neste contexto é importante, [...] desde as primeiras séries escolares, que as
crianças vivenciem situações que as leve a conscientizar-se das conseqüências de
atos corriqueiros, como usar fraldas descartáveis ou embalagens não recicláveis”,
(SCARLATO e PONTIN, 1999, p. 43).
Além de trabalhar conceitos e informações, a escola tem como objetivo atuar
de maneira efetiva na formação de valores e, no desenvolvimento de uma
consciência e compromisso que possibilitem mudanças de atitudes, desde a ação
individual às ações coletivas na melhoria da qualidade de vida.
Em relação às pessoas que estão realizando a ação individual de
separação dos resíduos domésticos, verificaram a frequência, os tipos de materiais,
o destino destes e a relação das donas de casa com os catadores de materiais
recicláveis de Vianópolis.
A figura 17 mostra a frequência com que as moradoras separam os plásticos,
latas de alumínio e papelão/papel de suas residências para reciclagem.
Figura 17 Gráfico referente a frequência de separação de materiais.
15,2%
3,7%
26,7%
26,7%
5,2%
13,7%
54,4%
31,4%
7,6%
54,4%
6,6%
54,4%
frequentemente
raramente
nunca
não
aplic
a
papel/papelão
plásticos
latas de alumínio
Destaca o percentual de plástico de 31,4% e latas de alumínio de 26,7% são
significativos, uma vez que ainda não existe um sistema de coleta seletiva no
município. Existem apenas alguns catadores, e mesmo assim, um grande número
de moradoras disse separar frequentemente estes materiais.
Com relação ao destino destes materiais que são separados pelas
moradoras, 13,5% vendem o material separado para catadores ou empresa de
reciclagem, 12,7% coloca o material na rua, 11,8% doa o material para catadores
que buscam em suas casas, 5,9% disseram doar para instituições, principalmente
para escolas e 1,7% dão outros destinos para o material separado, conforme
indicado na figura 18.
Figura 18 Gráfico referente o destino do material separado pelas moradoras.
Dentre as que vendem o material separado, destacam principalmente a venda
das latinhas de alumínio e em seguida as garrafas de refrigerantes. Segundo as
moradoras, os outros materiais “não compensam vender, porque o preço é muito
baixo”.
Cabe destacar que, dentre os materiais separados, as garrafas de
refrigerantes são utilizadas com bastante frequência como embalagens para
armazenamento de leite, pinga, sabão caseiro, feijão, entre outros, sendo que
poucas são vendidas e/ou doadas para reciclagem.
Com relação aos catadores de materiais recicláveis, verificou-se que a
maioria das donas de casa conhece e/ou sabe de sua existência nas ruas da cidade.
Vide figura 19 e 20
5,9%
54,4%
1,7%
12,7%
13,5%
11,8%
doa para
catadores
doa para
outras
instituições
vende para
catadores ou
empresa
coloca na rua
outros
não se aplica
Figura 19: Catador de material reciclável em Vianópolis.
Fonte: Gilberto Caetano, 2009
Figura 20 Gráfico referente à presença de catadores no Município.
No que se refere à presença de catadores, 93,2% das moradoras afirmaram
que existem catadores no Município, enquanto que somente 1,2% disseram não ter
catadores, e 5,6% não sabe e/ou não responderam. Apesar da maioria das
pesquisadas saber da existência deles, elas pouco contribui para o trabalho dos
mesmos, pois a maioria não costuma fazer a separação dos materiais em sua
residência.
Na questão anterior foram identificados diferentes destinos para os materiais
separados pelas donas de casa. Entre esses destinos, três deles está diretamente
ligado aos catadores.
Em uma das situações, onde 11,8% das donas de casa doam o material
separado para os catadores, percebe-se uma relação mais próxima das moradoras
93,2%
1,2%
5,6%
sim
não
não sabe/não
responde
com eles, pois elas guardam o material separado em casa, sendo coletado sempre
pelo mesmo catador e com regularidade.
Na segunda situação citada por elas, 12,7% das moradoras separam o
material e simplesmente coloca na rua. Percebe-se nesta relação um distanciamento
maior dos catadores, pois o lixo estando na rua pode ser coletado por qualquer
catador e muitas vezes até mesmo pelo caminhão da prefeitura.
E por fim, numa terceira situação, onde 13,5% das moradoras vendem o
material que seleciona no domicílio para catadores e/ou empresas de reciclagem,
identifica-se a relação comercial entre donas de casa e catadores, na qual ambas as
partes ganham pelo trabalho realizado com lixo doméstico.
3.3.4 CONHECIMENTO DAS MORADORAS SOBRE OS SERVIÇOS PRESTADOS
PELA PREFEITURA
Com relação aos serviços prestados pela prefeitura, as donas de casas foram
questionadas sobre a frequência e horário da coleta, a localização do Aterro e o grau
de satisfação delas em relação a esses serviços.
A figura 21 indica o conhecimento das donas de casa sobre a frequência de
coleta do resíduo sólido domiciliar realizado pelo caminhão da prefeitura.
Figura 21 Gráfico referente à frequência da coleta do lixo domiciliar.
19,4%
1,7%
4,9%
12,0%
62,0%
diariamente
(exceto
domingo e
feriado)
três vezes
por semana
duas vezes
por semana
uma vez por
semana
não
sabe/não
responde
Segundo IBAM (1991, p. 22), [...] frequência de coleta é o número de vezes
na semana em que é feita a remoção de lixo num determinado local da cidade”.
Pode ser considerada ideal para o usuário, principalmente no que diz respeito à
saúde pública, quando é realizada diariamente. Quando a coleta é realizada três
vezes por semana é ideal para o sistema, principalmente em relação ao custo-
benefício, e duas vezes por semana é o mínimo admissível sob o ponto de vista
sanitário, para países de clima tropical, (IBAM, 1991, p. 22). Assim, observou que a
frequência da coleta de lixo domiciliar em Vianópolis se enquadra na classificação
de ideal para o usuário.
Além de se enquadrar na classificação “ideal para o usuário”, a freqüência
diária da coleta de resíduos domésticos em Vianópolis está acima da média
brasileira, comparando os resultados da pesquisa com os resultados do MCIDADES
/SNIS- Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 2006 (2008, p. 17), vide
tabela 14.
Tabela 14 Frequência da coleta de RSD Brasil, municípios selecionados - 2006, com a
frequência da coleta em Vianópolis, pesquisa de campo 2008.
Diária
2 ou 3 vezes por
semana
1 vez por
semana
Não
responderam
Brasil (2006)
33,9%
61,8%
4,3%
-
Vianópolis (2008)
62,0%
31,4%
1,7%
4,9%
Fonte: MCIDADES. SNIS 2006/2008 e pesquisa de campo 2008 da autora.
em relação ao horário de coleta, os resultados foram positivos, pois a
maioria (91,7%) afirmou saber o horário, somente 8,3% disseram que não sabem o
horário da coleta.
É importante que as donas de casa saibam a que horas o caminhão de coleta
de lixo passa na sua porta, pois assim elas podem colocar seu lixo para serem
coletados nos horários estabelecidos, diminuindo-se o tempo de exposição nas
calçadas e/ou nas ruas, contribuindo para manter a limpeza e organização da
cidade. Além disso, colocar o lixo no horário estabelecido pode evitar que sejam
espalhados nas ruas por animais e até mesmo crianças. Segundo relato das
moradoras, “existe muitos cachorros e gatos soltos pelas ruas que costumam rasgar
as sacolas de lixo a procura de alimentos” e também crianças e adolescentes que
chutam o lixo espalhando-o pela rua.
Quanto ao destino final do lixo, 58,1% das moradoras declararam não saber a
localização do aterro da cidade. Esse desconhecimento por parte da população em
relação à localização da área do destino final do lixo ocorre na maioria dos
municípios brasileiros, pois, os aterros e/ ou lixões, normalmente estão distantes do
olhar cotidiano da população.
De acordo com Abreu (2001, p. 22) “a maioria da população não se aflige com
a situação e sequer toma conhecimento dos lixões que se localizam, em geral,
distantes dos centros urbanos”. Essa localização distante, longe do olhar da
população, facilita o trabalho ilegal dos catadores nos aterros e/ou lixões, contribuem
para não conscientização da população em relação à produção de resíduos e para o
descaso da administração pública em relação à disposição final correta dos
resíduos.
De acordo com dados fornecidos pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente
(2008), órgão responsável pela gestão dos resíduos sólidos urbano no município de
Vianópolis, o depósito de lixo, denominado de aterro controlado, está localizado na
zona rural - Fazenda Santa Rita dos Tavares - distante 1 km das primeiras
residências situadas na zona urbana. A figura 22 mostra o aterro controlado de
Vianópolis.
Figura 22 - Aterro controlado de Vianópolis
Fonte: Dalton de Sousa, 2008.
No final de 2008 foi elaborado e aprovado o projeto de construção do Aterro
Sanitário de Vianópolis com vida útil para oito anos. A figura 23 mostra a planta
baixa do projeto e a figura 24 mostra o início da construção das valas em março de
2009.
Figura 23 - Planta Baixa do Aterro Sanitário de Vianópolis GO.
Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de Vianópolis - Projeto de Construção do Aterro
Sanitário, 2009.
Figura 24 - Construção da primeira vala do aterro sanitário de Vianópolis - 2009.
Fonte: Dalton de Sousa, 2009.
Em relação ao grau de satisfação das moradoras sobre os serviços de coleta
de lixo oferecido pela prefeitura, 73,5% das pesquisadas disseram que estão
satisfeitas, 2,9 % disseram estar muito satisfeitas com os serviços prestados, 16,7%
responderam estar pouco satisfeitas, 5,9% responderam que estão insatisfeitas e
1% não sabem ou não responderam, conforme indica a figura 25.
Figura 25 Gráfico referente ao grau de satisfação das moradoras aos serviços
de coleta de lixo prestados pela prefeitura.
Na análise dos dados, observa-se que a maioria mostrou-se satisfeita com os
serviços de coleta, porém houve algumas reclamações sobre a maneira que os garis
realizam os serviços. Segundo as moradoras, normalmente eles “fazem o serviço
correndo, deixando cair lixo nas calçadas e ruas e aí eles não pegam o lixo caído”, e
também quando rasgam as sacolas, ou tem lixo fora da sacola eles não coletam”.
3.3.5 COLETA SELETIVA E SUAS IMPLICAÇÕES NA PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL E NA GERAÇÃO DE RENDA
Para a maioria das pesquisadas a implantação de um sistema de coleta
seletiva em Vianópolis contribuirá diretamente na redução da poluição ambiental e
na geração de emprego, conforme os dados relacionados na figura 26 e 27.
16,7%
5,9%
73,5%
1,0%
2,9%
muito
satisfeito
satisfeito
pouco
satisfeito
insatisfeito
não
sabe/não
responde
Figura 26 Gráfico da relação coleta seletiva e a poluição ambiental.
Os dados apontam para uma conscientização da população em relação a
poluição ambiental provocada pela geração do lixo. Além disto, estes dados
mostram que a população está consciente de que com o desenvolvimento de um
programa de coleta seletiva há uma possibilidade de redução da poluição.
Já em relação à geração de emprego na implantação da coleta seletiva,
84,6% das moradoras concordam que se implantada a coleta seletiva geraria mais
emprego no município, enquanto que 14,4% não souberam responder ou não
responderam, e apenas 1% discordou dessa afirmação.
Nas falas das donas de casas fica evidente a associação da coleta seletiva
com empresas de reciclagem, por isso elas acreditam na possibilidade de geração
de emprego no Município.
Figura 27: Gráfico da relação coleta seletiva e geração de emprego.
89,2%
1,2%
9,6%
concorda
discorda
não sabe/não
responde
84,6%
14,4%
1,0%
concorda
discorda
não sabe/não
responde
3.3.6 PROBLEMAS E SOLUÇÕES APRESENTADOS PELAS DONAS DE CASA DE
VIANÓPOLIS PARA MELHORAR A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
O manejo inadequado do lixo domiciliar pode gerar vários problemas para a
cidade. De acordo com as mulheres pesquisadas, 97,3% concordam com esta
afirmação e apenas 2,7% disseram que o lixo não pode gerar nenhum tipo de
problema para a cidade.
Para as donas de casa, que considera o manejo inadequado do lixo poderia
gerar algum problema, foi solicitado que listassem tais problemas. Dentre os
problemas listados, por elas, destacaram: “a proliferação de insetos, ratos, moscas,
baratas e escorpiões que podem provocar doenças nas pessoas”; “o amulo do lixo
nas ruas provoca entupimentos de bueiros, enchentes e alagamentos nos córregos”
e algumas doenças como leptospirose, febre amarela e principalmente a dengue.
Brasil (2004) apud Silva e Pasqualetto (2006, p. 159) cita algumas doenças
relacionadas com os resíduos sólidos, representados na tabela 15.
Tabela 15 - Lista das doenças relacionadas com os resíduos sólidos, transmitidas pelos
Macrovetores
Macrovetores Forma de transmissão Enfermidades
Rato e pulga
Mordida, urina, fezes e picada.
Leptospirose, peste bubônica, tifo
murino.
Mosca
Asas, patas, corpo, fezes e saliva.
Febre tifóide, cólera, amebíase.
Mosquito
Picada.
Malária, Febre amarela, dengue,
leishmaniose.
Barata
Asas, patas, corpo e fezes.
Febre tifóide, cólera, giardíase.
Gado e porco
Ingestão de carne contaminada.
Teníase, cisticercose.
Cão e gato
Urina e fezes.
Toxoplasmose.
Fonte: Brasil (2004) apud Silva & Pasqualetto (2006, p. 159).
Diante dos resultados da pesquisa, ficou claro que a população conhece
vários problemas relacionados com o manejo inadequado dos resíduos sólidos
domésticos, principalmente os de saúde pública e ambiental. Porém, ainda não está
consciente de sua atuação efetiva como co-responsável pelo processo de gestão
desses resíduos, pois os resultados das questões anteriores mostram que 55,5%
das pesquisadas, ainda jogam lixo em locais inadequados, terrenos baldios e/ou nas
ruas, mesmo afirmando que 62% da população ser atendida diariamente pelo
serviço de coleta da prefeitura e que 31,4% atendida de duas a três vezes por
semana. A figura 28 mostra o costume dos moradores em jogar lixo em locais
inadequados.
Figura 28 lixo espalhado na rua e terreno baldio de Vianópolis.
Fonte: Gilberto Caetano de Brito, 2009
Entretanto, as moradoras mostram-se dispostas a atuar de maneira efetiva na
gestão dos resíduos, separando os materiais recicláveis, do lixo residencial, para
coleta seletiva, implantada pela prefeitura. 93,4% afirmaram que estariam dispostas
a fazer a separação e apenas 6,6% responderam que não estariam dispostas a
separar.
A grande dificuldade na implantação dos sistemas de coleta seletiva nos
municípios, geralmente, é a adesão da população no trabalho de separação dos
materiais em suas residências. Entretanto, para o Município de Vianópolis, isso não
seria um empecilho, pois a maioria das moradoras afirmou estar disposta a fazer
esta separação em suas residências.
É importante esclarecer que esta disposição para separar implica numa
exigência por parte da prefeitura, pois, na visão delas, a coleta seletiva é de
responsabilidade da administração pública. Esta concepção é reforçada com os
resultados de questões anteriores, onde 93,2% das moradoras afirmam conhecer e
saber da existência de catadores de materiais recicláveis na cidade, porém, a
maioria, 54,4%, afirmaram que não separam os materiais para reciclagem, pois “não
coleta seletiva na cidade pela prefeitura”, ou seja, a existência dos catadores nas
ruas da cidade é ignorada por grande parte dos moradores. A figura 29 mostra o
trabalho de coleta seletiva realizado por um catador de Vianópolis.
Figura 29: Coleta seletiva realizada no Município por uma empresa de reciclagem
Fonte: Gilberto Caetano de Brito, 2007
Após listar os problemas relacionados com o manejo inadequado do lixo
doméstico, as donas de casa também apresentaram algumas sugestões, listadas
abaixo, para melhorar a gestão dos resíduos sólidos domésticos de Vianópolis:
- implantar a coleta seletiva e usina de reciclagem;
- conscientizar a população com campanhas via rádio, televisão e distribuição
de folhetos;
- colocar placas informativas alertando a população sobre os locais
adequados de jogar o lixo,
- cobrar multa para quem jogar lixo nas ruas;
- Disponibilizar um caminhão para coleta de entulhos uma vez por semana
para evitar acúmulo de lixo nas calçadas;
- prefeitura doar tambores para os moradores;
- colocar lixeiras ao longo das ruas e praças.
Dado o exposto, é importante ressaltar a necessidade de implantação de um
sistema de coleta seletiva pela prefeitura, uma vez que isto foi uma sugestão, da
maioria das moradoras, para a melhoria da qualidade de vida da população. Além de
atender as reivindicações da população, a coleta seletiva é o mecanismo que tem
apresentado o melhor custo-benefício para os municípios.
Outra ação de responsabilidade da prefeitura na gestão dos resíduos sólidos
está na articulação dos diversos atores e segmentos que estão envolvidos na
questão. Pois é preciso promover a participação de cada cidadão e órgãos públicos
neste processo, como um ato de responsabilidade social e ambiental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o levantamento realizado em Vianópolis, sobre o nível de
conhecimento da dona de casa em relação à gestão dos resíduos domiciliares,
verificou-se que algumas contradições entre as respostas e a realidade
encontrada na cidade.
Os dados da pesquisa indicam que as donas de casa de Vianópolis
apresentam conhecimento parcial da problemática decorrente do manejo
inadequado do lixo doméstico, fato este que dificulta sua participação efetiva no
processo de gestão integrada dos resíduos domiciliares.
Com relação à coleta constatou-se que todos os setores são atendidos, e na
maioria, esta é realizada diariamente. Além de saber os dias da coleta, as donas de
casa também sabem o horário que o caminhão coletor passa enfrente sua
residência e apresenta estarem satisfeitas com a prestação destes serviços.
Constatou-se um quadro preocupante em relação à destinação adequada dos
resíduos, pois, uma parcela significativa da população tem o hábito de queimar,
jogar em terrenos baldios e/ou nas ruas o lixo produzido em seus domicílios.
A população não conhece com clareza os termos como reciclagem e coleta
seletiva, no entanto, mesmo não tendo a compreensão dos termos, aparecem ações
isoladas na comunidade de coleta seletiva de materiais como: latinhas, garrafas pet
e papelão para reciclagem.
Outra situação verificada neste trabalho, diz respeito ao conhecimento das
donas de casas da existência dos catadores de material reciclável no município, mas
mesmo assim estes são ignorados, pois a maioria das pesquisadas não separam
seus resíduos para serem coletados por eles.
As entrevistadas vêem o lixo como um incômodo em sua residência,
mostrando o desejo de se livrar rapidamente destes, e em geral não se vêem como
responsáveis também na redução e destinação final dos resíduos, atribuindo a total
responsabilidade para a prefeitura.
Em geral, as donas de casa se mostraram conscientes dos problemas
gerados pelo manejo inadequado dos resíduos domiciliares, relacionando as
questões ambientais e de saúde pública. Também se mostraram dispostas a
contribuírem na separação dos resíduos para reciclagem, desde que esta seja
proposta pela prefeitura.
Diante dos resultados, e com objetivo de contribuir com a qualidade de vida
da comunidade, recomenda-se promover ações de educação ambiental que
sensibilize e estimule as donas de casa a perceberem-se como co-responsáveis
pela gestão dos resíduos domiciliares, principalmente no que se refere à seleção na
fonte geradora para reciclagem.
Sugere-se a implantação da coleta seletiva para solucionar o problema do
manejo inadequado do lixo no município, ou seja, manter a cidade mais limpa, evitar
a transmissão de algumas doenças. Também coleta seletiva diminuirá a poluição
ambiental e contribuirá para geração de emprego no município.
Conclui-se, que é importante repensar a gestão dos resíduos domésticos, por
meio do desenvolvimento ações integradoras, buscando inseri a dona de casa neste
contexto como protagonista e não apenas como mera expectadora do processo.
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Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. São Paulo, 2003. P.64
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________________. NBR 10004: Resíduos sólidos: classificação. Rio de janeiro:
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________________. NBR 13591: Compostagem, Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
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Universidade Católica de Goiás
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Mestrado Multidisciplinar em Ecologia e Produção Sustentável
A) Número de pessoas residentes no Domicílio: (Pesquisador marcar apenas
uma opção)
1) 1 pessoa
2) 2 pessoas
3) 3 pessoas
4) 4 pessoas
5) 5 pessoas
6) acima de 5 pessoas
B) Renda Familiar: (Pesquisador marcar apenas uma opção)
1) menos de R$ 415,00.
2) R$ 415,00.
3) De R$ 415,00 a R$ 830,00.
4) De R$ 830,00 a 1.245,00.
5) Acima de R$ 1.245,00
6) Não sabe/ Não responde
C) O que você entende por lixo?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
D) Que tipo de recipiente você MAIS usa para acondicionar lixo de sua casa?
(Pesquisador marcar apenas uma opção)
1) Sacos ou sacolinhas plásticas.
2) Recipiente rígido (Balde, tambor).
3) Não sabe/ Não responde.
E) No seu bairro, na sua rua, na sua vizinhança as pessoas têm o costume de:
(Pesquisador marque 1 para frequentemente, 2 para as vezes, 3 para raramente
e 4 para nunca no parêntese)
E1)Queimar o lixo...................................................................................................( )
E2) Enterrar no quintal............................................................................................( )
E3) Jogar em terreno baldio, na rua ou outros lugares...........................................( )
E4) Colocar na rua para coleta da prefeitura..........................................................( )
N
o
SPSS: __
Área Pesquisada: ________________________________data:
____________________idade:________ Sexo:_______
Escolaridade:___________________ Ocupação___________________________
E5) Enviar para reciclagem.....................................................................................( )
F) Você sabe qual a freqüência de coleta pelo caminhão da prefeitura?
(Pesquisador marcar apenas uma opção)
1) Diariamente ( exceto domingo e feriado).
2) Três vezes por semana.
3) Duas vezes por semana.
4) Uma vez por semana.
5) Não tem coleta.
6) Não Sabe/Não Responde
G) você sabe os horários de coleta do lixo?
1) Sim 2) Não
H) Você costuma colocar o lixo na rua próximos do horário da coleta?
1) Sim 2) Não
I) Com relação aos serviços de coleta de lixo da prefeitura, você diria que está:
1) Muito satisfeito.
2) Satisfeito.
3) Pouco satisfeito.
4) Insatisfeito.
5) Não Sabe/Não Responde
J) Você sabe onde se encontra o depósito de lixo do município?
1) Sim 2) Não
K) Qual tipo de lixo é gerado em MAIOR quantidade em sua residência?
(Pesquisador marcar apenas uma opção)
1) Material orgânico (restos alimentares)
2) Plásticos ( diversos)
3) Papelão e papel
4) Vidros
5) Metais (latas de ferro, latinhas).
6) Outros
7) Não Sabe/Não Responde
L) O que você entende por reciclagem de lixo?
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
M) O que você entende por coleta seletiva?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
N) No município tem catadores de material reciclável.
1) Sim. 2) Não 3) Não sabe/ Não responde
O) Você separa o seu lixo para reciclagem?
1) Sim (Se sim, responder as questões P.1 e P.2) 2) Não (Se não,
ir para a questão Q)
P1) Com que freqüência você separa os seguintes materiais? (Somente para
quem respondeu SIM na questão O)
(Pesquisador marque 1 para frequentemente, 2 para as vezes, 3 para
raramente, 4 para nunca no parêntese)
P1.1) Latas de alumínio...........................................................................................( )
P1.2) Papelão e papel................................................................;.............................( )
P1.3) Plásticos(garrafa pet)......................................................................................( )
P1.4) Vidros..............................................................................................................( )
P.2) O que você faz com material separado? (Somente para que respondeu SIM
na Questão O)
P2.1) Doa para os catadores
P2.2) Doa para outras instituições ( como escola, creche,igrejas, etc.)
P2.3) Vende para catadores ou empresa de reciclagem
P2.4) Coloca na rua
P2.5) Outros
P2.6) Não sabe/ Não Responde
Q) Se for implantado um sistema de coleta seletiva no município você saberia
separar corretamente o material reciclável?
1) Sim (Se sim, ir para R) 2) Não (Se não, ir para Q.1) 3) Não
sabe/ Não responde
Q.1) Se não, de quem é a responsabilidade de te ensinar/orientar a fazer
corretamente essa separação? (Pesquisador marcar apenas uma opção)
1) Da Secretaria Municipal de educação
2) Da Secretaria Municipal de meio ambiente
3) Das escolas municipais e estaduais
4) Da empresa de reciclagem que irá coletar e/ ou comprar o material
5) Da vigilância sanitária
6) De todos acima
7) Outros
8) Não sabe/ Não responde
R) Implantando um sistema de coleta seletiva você estaria disposto a separar
os materiais recicláveis de sua residência?
1) Sim 2) Não
S) Você concorda ou discorda das seguintes afirmações: (Pesquisador marque
1 para concordo, 2 para discordo e 3 para na sabe/ não responde no parêntese)
A implantação de um sistema de coleta seletiva para reciclagem em
Vianópolis....
S.1) Diminuiria a poluição do meio ambiente...........................................................( )
S.2) Geraria mais emprego......................................................................................( )
S.3) Contribuiria com a economia local....................................................................( )
S.4) Aumentaria o consumo.....................................................................................( )
T) Você acredita que o manejo inadequado do lixo pode gerar algum tipo de
problema em sua cidade? Se sim, quais?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
U) Você tem alguma sugestão para resolver o problema do lixo em sua cidade?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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