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[...] pois, tendo apoio e material didático adequado, você pode fazer um trabalho
bem melhor. Isso não quer dizer empecilho para fazer um bom trabalho, mas
ajudaria a render muito mais. (Professora, casada, religião indefinida, 31-40 anos de
idade, Biologia, 6-10 anos de tempo de serviço, Ensino Médio, estadual).
A palavra melhora, na Classe 1, é respeitante à maneira pela qual os docentes
enfrentam as dificuldades. Em meio ao conjunto de discursos, parece haver sentimentos de
resignação, de consolo ou de conformação, assim expressos:
Eu acredito muito em tudo, eu sou uma pessoa muito positiva, acho que as coisas
vão sempre melhorar, tem que melhorar. (Professor, espírita, divorciado, 31-40 anos,
Língua Portuguesa, 11-15 anos de tempo de serviço, Ensino Médio, estadual).
[...] e não podemos perder a esperança, a gente vai ter uma sociedade melhor. Pela
educação a gente ainda pode mudar as coisas. (Professora, católico, divorciado, 41-
50 anos, Língua Portuguesa, acima de 21 anos de tempo de serviço, Ensino Médio,
estadual).
Em relação aos aspectos negativos da profissão, os professores não se
isentaram de pronunciar aquilo que vivenciam, sendo os aspectos negativos retratados pela
categoria denominada mal-estar, conforme analisam Cândido e Batista (2007, p. 19).
Este elemento se circunscreve em dificuldade, desvalorização e baixo salário que
rondam a profissão. No entanto, este aspecto parece ser o diferencial nas duas redes
de ensino, pois ficou patente como característica dos docentes da rede estadual.
Tendo em vista a metodologia utilizada pelas autoras, o sistema periférico
caracterizou-se por comportar elementos contraditórios reveladores de que as dificuldades
existem, entretanto: “[...] frente à dicotomia o Núcleo Central, parece referendar o fato de ser
professor, de continuar na profissão e fazer isso valer a pena.” (CÂNDIDO; BATISTA, 2007,
p. 19).
Em linhas gerais, esta análise, nos permite verificar que o grupo de professores
investigados parece conviver com uma experiência caracterizada pela instabilidade, por um
vaivém constante entre o sair e o ficar, o qual se corporifica pela utilização dos verbos pensei,
vou parar, continuar, porém, aguardam melhoras.
Estas ações no contexto das entrevistas indicam que os recém contratados já
pensaram em mudar de emprego, mas consideram as satisfações inerentes à profissão, como o
salário seguro, que os permite ganhar bem ou mal algum dinheiro. Analisamos, a partir de
Tardif; Raymond (2000), que este movimento entre prosseguir ou deixar a profissão pode ser
marcado pelos questionamentos que acontecem na fase inicial da carreira até ocorrer a
estabilização profissional, conforme exemplifica o seguinte relato:
Hoje em dia, eu já não me preocupo tanto quanto antes, quando eu tinha uns cinco,
seis anos, que eu já trabalhava na área e até pensei mudar. Então, eu achava que
poderia mudar de profissão, mudar tudo, fazer vestibular, fazer outra coisa, mas eu