Download PDF
ads:
MÁRCIA CRISTINA BORTOLETO ROTTA
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE SAÚDE, DOENÇA,
VELHO E VELHICE PARA IDOSOS ATENDIDOS
EM UMA UNIDADE SICA DE SAÚDE
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
MESTRADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE-MS
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MÁRCIA CRISTINA BORTOLETO ROTTA
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE SAÚDE, DOENÇA,
VELHO E VELHICE PARA IDOSOS ATENDIDOS
EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Psicologia da Universidade
Católica Dom Bosco, como exigência
parcial para obtenção do título de Mestre
em Psicologia, área de concentração:
Psicologia da Saúde, sob a orientação da
Profa. Dra. Angela Elizabeth Lapa Coêlho.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO (UCDB)
MESTRADO EM PSICOLOGIA
CAMPO GRANDE-MS
2009
ads:
Ficha Catalográfica
Rotta, Márcia Cristina Bortoleto
R851r Representações sociais de saúde, doença, velho e velhice para
idosos atendidos em uma unidade básica de saúde / Márcia Cristina
Bortoleto Rotta; orientação Angela Elizabeth Lapa Coêlho. 2009.
. 107 f. + anexos
Dissertação( Mestrado em psicologia) Universidade Católica
Dom Bosco. Campo Grande, 2009
1.Representações sociais - Idosos 2. Idosos Assistência médica
3. Idosos Atividades físicas I. Coelho, Angela Elizabeth Lapa
II. Título
CDD 618.97
Bibliotecária responsável: Clélia T. Nakahata Bezerra CRB 1/757.
A dissertação apresentada por MÁRCIA CRISTINA BORTOLETO ROTTA, intitulada
“REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE SAÚDE, DOENÇA, VELHO E VELHICE PARA
IDOSOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE”, como exigência
parcial para obtenção do título de Mestre em PSICOLOGIA à Banca Examinadora da
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), foi ........................................... .
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Profª Drª Angela Elizabeth Lapa Coêlho
(Orientadora/UCDB)
____________________________________________
Profº Dr. Sebasto Benício da Costa Neto (PUC/GO)
____________________________________________
Profª Drª Anita Guazzelli Bernardes (UCDB)
____________________________________________
Profº Dr. Marcio Luis Costa (UCDB)
Campo Grande-MS, 16 de Dezembro de 2009.
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado primeiramete à
Deus e à Nossa Senhora do Pérpetuo
Socorro que me deram força nos
momentos de desânimo.
Ao meu esposo amado Leonardo Ribas
dos Santos pelo amor e apoio;
À minha família, meus pais e irmãos, em
especial aos meus pais Antonio Rotta e
Julia Conceição Bortoleto Rotta por
toda compreensão, apoio, educação e
pelo constante incentivo aos estudos;
Aos meus avós pela inspiração de realizar
o trabalho e todo amor dedicado.
A minha querida Orientadora Profª Drª
Angela Elizabeth Lapa Coêlho, por toda
paciência, compreensão e ensinamentos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus e à Nossa Senhora do Pérpetuo Socorro que me deram a
esperança, a força e me guiaram nesta caminhada;
Tamm agradeço aos meus pais Antonio Rotta e Julia Conceição Bortoleto
Rotta que me deram a vida e sempre estiveram e estão ao meu lado. À minha Mãe
pessoa maravilhosa, que é minha amiga, meu apoio e me ensinou a rezar. Aos
meus irmãos Márcio e Juliano, que juntos na nossa infância e adolescência
passamos os melhores momentos. Aos meus avós, em especial minha avó Lurde
que hoje é um anjo que me acompanha e intercede por mim e se fez presente em
alguns momentos do meu trabalho.
Agradeço em especial ao meu esposo Leonardo Ribas dos Santos que tanto
amo, por todo respeito, dedicação, apoio e amor que ele demonstra por mim desde
que estamos juntos, especialmente nesta fase em que abdiquei de momentos juntos
para realizar um sonho e ele soube entender e estar ao meu lado;
Estendo os meus agradecimentos à querida Orientadora Profª Drª Angela
Elizabeth Lapa Coêlho que com seu jeito sábio e carinhoso me trouxe de volta nesta
caminhada.
Aos meus colegas, amigos, amigas que estiveram ao meu lado e torceram
pela concretização deste trabalho, em especial à Adaís Alves que transcreveu as
entrevistas e sempre deixava uma palavra de apoio.
À Professora Msc. Norma Rejane Santos Ribas a maior incentivadora do meu
trabalho desde os tempos da minha graduação e que o destino fez com que hoje
nos tornássemos da mesma família, não tenho palavras para agradecer.
Agradeço também a UCDB pela bolsa-auxílio e por acreditar no meu trabalho,
assim como aos meus alunos com quem passo mais tempo do que com minha
família, que me o a oportunidade de estar todos os dias fazendo o que eu adoro,
que é a docência.
Meus agradecimentos à todas as pessoas que participaram do meu estudo,
assim como a equipe da UBSF São Benedito e o Grupo de Idosos que me recebeu
maravilhosamente bem e tornou os momentos das entrevistas muito agradáveis e de
grande aprendizado.
Estendo ainda meus agradecimentos aos Professores membros da banca Dr,
Sebastião Benício da Costa Neto, Drª Anita Guazzelli Bernardes e Dr. Márcio Luis
Costa por aceitarem fazer parte deste processo contribuindo com a minha formação.
"Se você pensa que pode ou se
você pensa que não pode, de
qualquer forma, vo tem toda a
razão."
Henry Ford (1863 1947)
RESUMO
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a população de idosos no
Brasil vai saltar de 7% para 14% até 2025, tornando o país o sexto no mundo em
número de pessoas acima de 60 anos. Atreladas a isso vêm às preocupões de
como lidar com esse fenômeno, seja no âmbito das políticas públicas sociais,
educacionais e da saúde, tornando cada vez mais necessário estudar mecanismos
que ajudem essa crescente população a ter uma vida digna e de qualidade. A
velhice ainda é vista por muitos profissionais, pesquisadores e pela sociedade, na
sua maioria, com preconceito, pois ainda é considerada como uma etapa que é
caracterizada por perdas, sendo confundida com doença. Esta pesquisa teve como
objetivo a identificação da representação social da saúde, doença, velho e velhice
para pessoas acima de 60 anos, que fazem parte de um grupo de atividade física e
outras que não fazem parte deste grupo, identificar suas características sócio-
demográficas; conhecer sua relação com a imagem corporal e verificar o nível de
autonomia dos participantes. Este estudo foi realizado na Unidade Básica de Saúde
da Família São Benedito em Campo Grande-MS, e participaram vinte idosos que
são atendidos pela Unidade e que desejaram fazer parte da pesquisa. Os
participantes responderam a uma entrevista estruturada, que incluiu dados sócios
demográficos, questões relacionadas à representação social de saúde e doença,
velho, velhice e atividade sica; responderam tamm questões sobre autonomia
funcional e realizaram um teste de satisfação corporal. A alise dos dados foi
qualitativa, tendo como base a teoria das representações sociais. Com este estudo,
verificou-se que a maioria dos participantes da pesquisa eram do sexo feminimo, a
média de idade de 69,4 anos, com instrução escolar em ensino fundamental
incompleto, com renda proveniente de aposentadoria ou pensão, com valor médio
de um salário. O problema de saúde que mais afeta o grupo é a hipertensão arterial
e a dor nas costas. Identificamos que a maioria dos participantes não apresentam
comprometimento funcional ou têm um comprometimento funcional leve. Com
relação à satisfação com a imagem corporal, tanto os participantes do grupo que faz
parte da atividade física quanto para o que o fazem, encontram-se insatisfeitos,
havendo diferença entre os sexos, os homens na maioria são satisfeitos com a
imagem que possuem, independente do grupo. As representações sociais de saúde,
doença, velho e velhice não foram diferentes entre os grupos. Os participantes
relacionaram saúde à aspectos subjetivos e a representação social de doença
entendida como algo que provoca sensações físicas. O termo velho foi entendido
como algo que não existe, ou um termo pejorativo e a velhice como uma situação de
incapacidade, quando não se agüenta mais fazer as mesmas coisas. Os
participantes que fazem parte do grupo de atividade física reconhecem os exercícios
físicos como um comportamento preventivo e auxiliar na promoção de saúde,
reforçando a importância da prática. Acredita-se que este estudo auxiliará na
adesão, por parte dos pacientes da Unidade Básica de Saúde, quanto nas futuras
intervenções relacionadas à promoção de saúde e prevenção de doenças.
Palavras-chave: Representações Sociais. Saúde. Doença. Velho. Velhice. Atividade
Física.
ABSTRACT
According to World Health Organization (WHO), the population of elders in Brazil will
raise from 7% to 14% until 2025, making the country the sixth in the world in numbers
of people over 60 years. Linked to that are concerns on how to deal with this
phenomenon, whether under public social policies, education and health, making it
more necessary to study the mechanisms that help this growing population to have a
dignified and quality life. The old age is still seen by many professionals, researchers
and by the society, in its majority, with a preconception, because it is still considered
a stage which is caracterized by loss, being confused with disease. This study aimed
to identify the social representation of health, illness, old age and for people over 60
who are part of a group of physical activity and others that are not part of this group
to identify their socio-demographic characteristics; knowing your relation to body
image and verifying the level of autonomy that the members have. This study was
performed in Basic Unit of Health of the Family São Benedito in Campo Grande-MS,
and participated twenty elders who are assisted by the center and wanted to be part
of the research. The participants answered to a structered interview, which were
included socio demographics datas, questions related to social representation of
health and illness, elderly and phisical activity; they also answered questions about
functional autonomy and performed a test of body satisfaction. Data analysis was
qualitative, based on the theory of social representation. With this study, was verified
that mostly of the participants were female, the average was 69,4 years of age, with
education in primary school, with the income coming from the retirement or pension
and its average was of one salary. The health problem that most affect the group is
the arterial hypertension and the back pain. We identified that mostly of the
participants do not have functional impairment or have a mild functional problem. In
relation to satisfaction of body image, either for the group who belongs to the
physical activity or to the other that doesn‟t, are unsatisfied, there being difference
between genders, the men in its majority are satisfied with the image they have,
independent of the group. The social representation of health, illness, elder and old
age was not diferent between the groups. The participants related health as being a
lack of diseases and prognostics and the social representation of disease known as
something that cause physical sensations, like pains, or emotional like sadness and
suffering. The term elder is understood like a pejorative term related to an unable
person and the old age like a situation of disability and sickness. The participants
which are part of the physical activity group reveiled are conscious about physical
exercises being as a preventive behaviour and it is an auxiliary in health treatment,
reinforcing the importance of practicing. It is believed that this study will assist the
membership and for the patients in the Basic Health Unit, and in future interventions
related to health promotion and illness prevention.
Key-words: Social Representations. Health. Illness. Elder. Old Age. Physical Activity.
LISTA DE SIGLAS
AVDs Atividades da Vida Diária
ABVDs Atividades Básicas da Vida Diária
AIVDs Atividades Instrumentais da Vida Diária
ACSM Americam College of Sports and Medicine
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CCI Centro de Convivência de Idosos
CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
OMS Organização Mundial de Saúde
PNI Política Nacional do Idoso
RS Representações Sociais
SAS Secretaria de Assistência Social
SUS Sistema Único de Saúde
UBS Unidade Básica de Saúde
UBSF Unidade Básica de Saúde da Família
LISTA DE TABELAS E QUADRO
Tabela 1 Perfil sócio-demográfico dos participantes da pesquisa .......................... 59
Tabela 2 O que é saúde para você? ...................................................................... 61
Tabela 3 O que é doença para você? .................................................................... 66
Tabela 4 O que é ser velho para você?.................................................................. 71
Tabela 5 O que é para o senhor (a) a velhice? ...................................................... 75
Tabela 6 Preferência na denominação do grupo .................................................... 79
Tabela 7 Como o velho é tratado no Brasil? .......................................................... 81
Tabela 8 Quais os problemas de saúde que o senhor (a) tem? ............................. 85
Tabela 9 Cuidados em relação aos problemas de saúde....................................... 86
Tabela 10 Dados do comprometimento funcional dos participantes ...................... 88
Quadro 1 Distribuição da frequencia em relação a escolha da SA e SI ................. 90
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 18
2.1 CONSIDERAES SOBRE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS .......................... 19
2.2 O PROCESSO SAÚDE E DOENÇA ................................................................. 22
2.3 CONSTRUÇÃO DO ENVELHECIMENTO PELA CIÊNCIA .............................. 28
2.3.1 ASPECTOS FÍSICOS DO ENVELHECIMENTO ............................................... 31
2.3.2 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO ................................. 41
2.4 ENVELHECIMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS ............................................... 47
2.4.1 ENVELHECER E ATIVIDADE FÍSICA .............................................................. 48
3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 51
3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 52
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 52
4 MÉTODO .......................................................................................................... 53
4.1 LOCAL .............................................................................................................. 54
4.2 PARTICIPANTES ............................................................................................. 55
4.3 INSTRUMENTOS ............................................................................................. 55
4.4 PROCEDIMENTOS E ASPECTOS ÉTICOS .................................................... 56
4.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE .................................................................... 57
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 58
5.1 PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DOS PARTICIPANTES............................... 59
5.2 IDENTIFICAÇÃO DOS RELATOS .................................................................... 61
5.2.1 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE SAÚDE......................................................... 62
5.2.2 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE DOENÇA...................................................... 67
5.3 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO VELHO ........................................................ 71
5.4 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA VELHICE...................................................... 76
5.4.1 DENOMINAÇÃO DO GRUPO .......................................................................... 79
5.5 PERCEPÇÕES DE COMO O VELHO É TRATADO NO BRASIL ..................... 82
5.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CONDIÇÕES DE SAÚDE DOS
PARTICIPANTES ............................................................................................. 85
5.7 ABORDAGENS SOBRE O COMPROMETIMENTO FUNCIONAL ................... 88
5.8 CONSIDERAÇÕES SOBRE A SATISFAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL........ 90
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 93
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 98
APÊNDICES ........................................................................................................... 107
ANEXOS ................................................................................................................. 113
14
1 INTRODUÇÃO
15
O envelhecimento é um processo universal, de modificações contínuas, no
qual as pessoas convivem tanto com limites, quanto com potencialidades, refletido
em uma complexa dinâmica de alterações físicas e comportamentais que se
expressa em ganhos e perdas concorrentes (DIOGO; NERI; CACHIONI, 2004). Para
Monteiro (2003), viver é envelhecer e envelhecer é viver e durante esse processo do
viver passamos por constantes ciclos de renovação e é isso que nos propicia o
envelhecer, quanto mais vivermos, mais velhos estaremos. Porém, a maioria das
pessoas não aceita esse processo porque em nossa cultura cultua-se a juventude
como sinônimo de beleza e vigor físico, o que deixa muitas vezes pessoas acima de
40 anos fora do mercado de trabalho, causando temor nessa etapa, seja pelo
possível isolamento, pela perda de status na família e na sociedade ou pela perda
de oportunidade de participação social.
Araújo (2001) destaca que os idosos que fazem parte de programas
adequados de atividade física entendem de uma maneira mais positiva as
transformações pelas quais passam nas esferas biológicas, psíquicas e sociais, com
isso assumem uma postura de enfrentamento mais consciente, minimizando seus
preconceitos existentes com relação ao envelhecimento, assumindo essa fase como
natural em suas vidas. A atividade física é uma das maiores conquistas para a saúde
pública na atualidade, com propósito de previnir doença e promover saúde. O
Americam College of Sports and Medicine ACSM (2003) propõe que os objetivos
para a prática de exercícios pelo idoso seja a manutenção da capacidade funcional,
primando por uma vida mais independente, reduzindo o risco de doenças
coronarianas, o retardo da progressão das doenças crônicas e a provisão de
oportunidades para uma interação social.
Minha interação com os idosos teve início em meados da primeira
graduação, que foi Educação Física, em 1995, quando trabalhava no Centro de
Convincia dos Idosos (CCI), de Campo Grande, desenvolvendo atividades físicas
para o grupo de idosos em diversos bairros da capital cadastrados pela Prefeitura de
Campo Grande no programa do CCI. Fiquei por dois anos e após esse período,
ingressei no Curso de Fisioterapia e realizei um projeto para atender os idosos do
bairro Monte Castelo, que depois veio a se tornar um CCI independente intitulado
Elias Lahdo. Nesse local, eram feitas atividades físicas, recreativas e atendimento
fisioterápico para os que precisavam. Permaneci nesse projeto até o final da
16
graduação. A vontade de ingressar no Programa de Mestrado em Psicologia sempre
existiu e cresceu ainda mais quando comecei a dar aulas na graduação do Curso de
Educação Física, principalmente em relação à supervisão de estágios de atividade
física para essa população, quando pude observar a incessante busca não pela
saúde mas também por cidadania. Essa atividade despertou em mim o interesse de
conhecer os aspectos que transcendem os sinais e sintomas biológicos,
oportunizando experimentar além de muitas vicissitudes, as inquietações quanto as
representações sociais expressas por uma pessoa no processo de envelhecimento,
assim como seu entendimento de saúde-doença nessa etapa da vida. Essa
experiência como mestranda irá enriquecer minha formação pessoal e profissional,
pois este estudo inter-relaciona a Educação Física, a Fisioterapia, a docência no
ensino superior e a Psicologia.
Conhecer as representações sociais do envelhecer para o idoso, o que
buscam nessa fase da vida, como é ser velho no Brasil, suas concepções de saúde
e doença, como vêem e entendem seus corpos, como os programas de atividade
física interferem nesse processo, na sua autonomia, são indagações que vão
oportunizar o (re) conhecimento do idoso e da velhice.
Sendo assim, nasceu a proposta de desenvolver esta pesquisa, com foco
na Psicologia da Saúde, com idosos que fazem parte de um grupo de atividade
física na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) São Benedito, como tamm
os que não fazem parte do grupo, mas são atendidos pela Unidade no Programa e
Saúde da Família (PSF), na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
Na fundamentação teórica, serão apresentadas abordagens sobre a
teoria das representações sociais, assim como sua aplicabilidade em pesquisas, o
processo saúde e doença, a construção do envelhecimento pela ciência, na qual
apareceram algumas considerações sobre o envelhecimento no mundo e no Brasil
trazendo a perspectiva do aumento dessa populão; após as considerações sobre
o envelhecimento e as políticas públicas, a atividade física e o corpo serão
apresentados, trazendo os principais conceitos e autores a cerca do assunto.
No capítulo referente aos objetivos deste estudo estão contemplados os
objetivos gerais e específicos. No capítulo que segue, está descrito o método, como
17
o local, os participamentes, instrumentos, assim como os procedimentos e os
aspectos éticos desta pesquisa.
O capítulo referente aos resultados e discussão contempla a
apresentação dos dados sociodemográficos dos particiantes deste trabalho, assim
como a análise dos relatos obtidos através da entrevista estruturada. Por fim, foram
apresentadas as considerações finais sobre o estudo realizado.
18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
19
Para Teixeira, Schulze e Camargo (2002), os programas de saúde não
devem ser elaborados apenas a partir das cancias de saúde ou por meio da visão
de especialistas e sim a partir da compreensão de saúde da população. O
entendimento das representações sociais de saúde, doença, velho e velhice, para os
idosos se faz necessário para que sejam produzidos programas de saúde que
satisfaçam suas necessidades, pois as atitudes e hábitos de uma pessoa sobre
saúde podem determinar seu estilo de vida.
Compreender a representação dos idosos acerca desses temas pode
amparar os profissionais da educação física e da saúde, auxiliando os idosos na
busca de um envelhecimento saudável trabalhando na promoção de saúde e na
prevenção de doenças.
2.1 CONSIDERACÕES SOBRE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
De acordo com Minayo (2000), as representações sociais o um termo
filosófico que significa a reprodução de uma percepção retida na lembrança ou do
conteúdo do pensamento. Nas ciências sociais, são definidas como categorias de
pensamento que expressam a realidade, explicam-na, justificando-a ou
questionando-a.
As representações sociais são formas de conhecimentos produzidos
socialmente, por um grupo de pessoas, para permitir a comunicação e o
entendimento de determinados aspectos. Possibilitam tamm interpretar,
questionar e atribuir sentido, proporcionando a intervenção na realidade, além de
auxiliar na organização das relações sociais, das pessoas entre si e com a natureza
(TEIXEIRA; SCHULZE ; CAMARGO, 2002).
De acordo com Laplantine (2001), as representações sociais não são domínio
de um campo disciplinar específico, sendo utilizadas em várias especialidades das
ciências humanas. Situam-se sempre na relação do individual e do social e em três
campos distintos de investigação: o conhecimento, o valor e a ação. As
representações sociais consistem em uma interpretação que se torna para aqueles
que a adotam, a própria realidade.
20
Para Jodelet (1989), as representações sociais são fenômenos em ação no
campo social, formadas por diversos elementos que expressam a realidade, para um
determinado grupo.
[...] uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada,
tendo uma visão prática e concorrendo para a construção de uma
realidade comum a um conjunto social (JODELET, 1989 apud SÁ,
1993, p.31).
Duveen (2008) coloca que as representações sociais são sempre
construtivas, constituem o mundo tal como ele é conhecido e as identidades que
elas sustentam garantem a pessoa um lugar nesse mundo. Ao serem internalizadas,
as representações passam a expressar a relação da pessoa com o mundo que ela
conhece e, ao mesmo tempo, esses representações a situam nesse mundo.
As representações sociais, de acordo com Aguiar e Nascimento (2005),
fazem parte de um sistema simbólico que produz um conhecimento sobre o mundo,
isso atribui significados à realidade. Por meio disso é possível pensar o mundo e
certas práticas sociais. São manifestadas por palavras, sentimentos, gestos,
condutas e se institucionalizam.
Para Farr (1999), Durkheim foi quem exerceu maior influencia na teoria de
representação social vista como uma forma sociológica de Psicologia Social por
Serge Moscovici em seu trabalho La Psychanalyse: son image et son public . Ainda
para o autor, Durkheim foi tamm o sociólogo que mais demonstrou hostilidade à
Psicologia se opondo ao estudo das representações individuais.
Mendonça e Pontes (2002) destacam que o conceito de Durkheim de
representações coletivas se aplicava melhor às sociedades menos complexas. a
teoria de Moscovici para as representações sociais era voltada para as sociedades
mais modernas. O fato dele trabalhar a estrutura social e a pessoa como elementos
que se influenciam reciprocamente deu maior ênfase à pessoa do que a estrutura
social, ressaltando seu caráter ativo na construção das representações.
Para Moscovici, as representações sociais são teorias do senso comum,
são conjuntos de conceitos, afirmações e explicações, que permitem a interpretação
e a construção de realidades sociais (SÁ, 1993). Jodelet (2001) define as
21
representações sociais como modalidades de conhecimento prático, orientadas para
a comunicação e compreensão do contexto social, material e ideativo em que
vivemos.
Três particularidades inter-relacionadas na pesquisa com representações
sociais são apontadas por Jodelet (2001): a primeira diz respeito a vitalidade
relacionada ao estudo com as representações sociais, se tratando de um conceito
renovador na Psicologia Social, que apresenta uma gama de possibilidades de
empreendimentos empíricos e conceituais e da articulação psicossociológica à de
outras disciplinas que permite múltiplas interpretações e discussões. Na segunda, a
autora fala da possibilidade de transversalidade que o trabalho em representações
sociais permite demonstrando sua operacionalidade por meio da articulação entre
diversas disciplinas e o campo de pesquisa. E a terceira particularidade trata da
complexidade do conceito, pois articula elementos variados: agetivos, mentais e
sociais.
A autora aponta ainda o fato de que as representações sociais apesar de não
constituírem um conhecimento científico, são consideradas objetos de estudo tão
legítimos quanto os primeiros, pois apresentam grande importância social, o que
permite o esclarecimento dos processos cognitivos e das interações sociais. O
estudo das representações sociais abrange diversas áreas do conhecimento, sendo
que esta não pode ser descrita como pertencente a um campo disciplinar mais do
que a outro.
A teoria das representações sociais tem sido bastante utilizada,
especialmente em nosso país, em estudos na área da saúde. A saúde e a doença
são descritos por Enumo (2003) como o segundo tema mais estudado no Brasil. A
seguir serão abordados alguns aspectos sobre o processo saúde e doença.
22
2.2 O PROCESSO SAÚDE E DOENÇA
Com todo o avanço tecnológico e científico, a saúde e a doença tornaram-
se concepções sociais. Para Minayo (1997), a pessoa faz parte de uma cultura e
passa então a simbolizar suas vivências para expressá-las em nível consciente ou
inconsciente. A autora define a idéia de que cada segmento da sociedade terá uma
construção social diferenciada da concepção de saúde e doença. Esses elementos
acompanham o ser humano do nascimento à morte e estão associados. Sendo
assim, o corpo, é responsável pela saúde ou pela doença, pois somente ele é capaz
de executar os atos que são definidos pela sociedade e adoecerá se não cumprir as
ordens sociais, atribuindo a culpa a própria pessoa ou à sociedade.
Vilela e Mendes (2000) relatam que na Grécia antiga, Hipócrates foi um
dos primeiros que relacionou as causas naturais ao surgimento das doenças, na
qual saúde era concebida como um estado de equilíbrio entre natureza humana e
ambiental. A deusa da saúde era Higieia, considerada como uma das manifestações
de Athena, deusa da razão. A deusa da cura era Panacea. Para os gregos, a cura
não era obtida apenas por meio de rituais, mas tamm pelo uso de plantas e
métodos naturais. A higiene pessoal e os serviços públicos de saneamento tiveram
grande desenvolvimento nas cidades gregas e entre os romanos. Posteriormente,
Roma incorporou os princípios da Medicina grega. Galeano, baseado na teoria
humoral hipocrática, acreditava que a causa de doenças era endógena, estava na
genética ou em hábitos que levassem ao desequilíbrio.
A dificuldade de conceituar saúde vem desde a Grécia antiga e parece ter
uma relação direta com a visão negativa em saúde, sendo esta entendida ainda
como a ausência de doença, segundo Coelho e Almeida Filho (2002). Os autores
trazem ainda que o campo da saúde aborda predominantemente o conceito de
doença, prejudicando a conceituação do conceito de saúde.
Scliar (2007) destaca que na idade média, a influência da religião cristã
manteve a concepção da doença como resultado do pecado e a cura como questão
de . As ordens religiosas administravam o hospital e o mantinham como lugar de
abrigo e de conforto para os doentes e não como lugar de cura. Porem, as idéias
hipocráticas se mantinham por meio da temperança no comer e beber, na contenção
23
sexual e no controle das paixões. Segundo o autor, no período do renascimento,
com o predomínio das ciências naturais, as doenças eram provocadas por agentes
externos ao organismo. A Medicina não considerava a influência de fatores
psíquicos, classificava-os como não científicos.
No século XVII, o desenvolvimento da mecânica influenciou as idéias de
René Descartes, que postulavam um dualismo mente-corpo, o corpo funcionando
como uma máquina. Ao mesmo tempo, o incremento da anatomia, afastou a
concepção humoral da doença, que passou a ser localizada nos órgãos. No famoso
conceito de François Xavier Bichat (1171-1802), saúde seria o “silencio dos órgãos”,
e a doença era identificada pelos sinais e sintomais (SCLIAR 2002, 2007). Rosa
(2003) observa ainda que a doença foi caracterizada nessa época como tendo
causas únicas e externas, originada pela vontade dos deuses, pelo pecado ou por
fatores biológicos e bacteriogicos (exógenos). Há uma dificuldade no entendimento
no processo de adoecimento como fatores que envolvem rios aspectos da
existência humana, observando isso ainda nos dias de hoje.
Ao final do século XIX o microscópio, que foi descoberto no século XVII e
não muito valorizado, impulsionou a chamada Medicina tropical. O trópico atraia a
atenção do colonialismo, mas os empreendimentos comerciais eram ameaçados
pelas doenças transmissíveis, existia o medo das epidemias e endemias. Nasceu
nessa época a epidemiologia baseando seu estudo pioneiro do cólera em Londres,
feito pelo médico inglês John Snow, que dizia que se a saúde do corpo individual
podia ser expressa em meros, os sinais vitais, o mesmo deveria acontecer com a
saúde do corpo social, tendo seus indicadores, emergindo assim a estatística,
método que surgiu no século XVII, mas ganhou impulso no século XX (SCLIAR,
2007).
O conceito de saúde é relativo e variável, reflete a conjuntura social,
econômica, política e cultural, não representando o mesmo para todas as pessoas.
Depende da época, lugar e de classe social, assim como de valores individuais,
concepções cientificas, religiosas e filosóficas, o mesmo pode ser dito para as
doenças, pois o que é considerado doença varia muito. Scliar (2007) argumenta que
a doença, real ou imaginária, é uma antiga acompanhante da espécie humana,
dando como exemplo estudos paleontológicos, no qual múmias egípcias
24
apresentavam sinais de varíola. A concepção mágico-religiosa partia do princípio de
que a doença era resultante de forças alheias ao organismo, introduzindo como
causa do pecado ou a maldição. Para os antigos hebreus, a doença não era
necessariamente ação de demônios, mas representava um sinal de lera divina
diante dos pecados humanos.
Presente por muitos séculos, o modelo dominante, era a idéia de que as
enfermidades possuíam causa biológica predominantemente, sendo conhecido
como modelo biomédico. Se adotarmos tal modelo, deixamos de considerar os
fatores comportamentais e de condições de vida, sendo assim não incluídos tamm
na definição de um diagnóstico, como tamm na prevenção da doença e
manutenção da saúde (STROEBE; STROEBE, 1995). Esse modelo, biomédico,
possui caráter reducionista, pois separa mente e corpo e a doença priorizada sobre
a saúde, sendo ambas descritas a partir de aspectos fisiológicos sem menção ao
contexto social (ENUMO, 2003).
O fato da medicina contemporânea adotar esse modelo faz com que as
conseqüências, sintomas, sejam o alvo de preocupação dos médicos e das pessoas
sem olharem para a causa desses sintomas, considerando todos os fatores sociais,
psicológicos e culturais. Isso acarreta problemas no desenvolvimento de programas
de prevenção de doenças e promoção da saúde, pois ao considerar apenas as
questões biológicas o nível primário de prevenção é desprezado, que diz respeito à
atenção básica (STROEBE e STROEBE, 1995).
Herzlich (2005) coloca que a doença é um fenômeno que ultrapassa o saber
médico, que depende das interpretações e sentidos dados a ela. O que leva em
conta os aspectos psicossociais além dos fatores biológicos como integrantes da
saúde e da doença, surgindo assim um outro modelo denominado modelo
biopsicossocial. Para Spink (2003) esse modelo apresenta avanços importantes em
relação ao anterior, na qual a doença passa a deixar de ser uma experiência
individual e passa a ter um caráter coletivo. O modelo biopsicossocial considera as
experiências subjetivas relacionadas às mudanças físicas ou emocionais, sendo que
a confirmação de determinada doença pode ser feita por meio da percepção de
outras pessoas. Para isso, é necessário que haja um consenso entre as pessoas de
uma sociedade para que se defina o que é estar doente.
25
O objetivo do conhecimento dos processos psicossociais e sócio-culturais em
saúde não é facilitar a relação médico-paciente ou a gestão das instituições, como
acontecia anteriormente, mas proporcionar uma ação integral no atendimento
prestado à população (MEDEIROS; BERNARDES; GUARESCHI, 2005).
Vilela e Mendes (2000), juntamente com Scliar (2007), discutem o
xamanismo, no qual o conceito de doença e cura eram relacionados a algo
sobrenatural e místico, pois acreditavam que maus espíritos se apoderavam da
pessoa causando a doença e quem expulsava” era o feiticeiro tribal, mediante à
rituais. Entre uma tribo indígena de nome Sarrumá, que vivem na fronteira entre
Brasil e Venezuela, inexiste o conceito de morte por causa natural ou por acidente.
Ainda hoje, na África, as religiões afro-espiritualistas usam os banhos
como elementos de purificação. Um dos lugares de origem de grande parte da
população negra do Brasil, Angola, a Medicina tem aproximadamente quatro mil
anos e remonta às comunidades tribais da sociedade primitiva angolana. Busca-se a
cura de males por meio das relações da pessoa com o meio ambiente, com a
observação dos fenômenos naturais. Os curandeiros, chamados de imbandas, eram
responsáveis por diagnosticar, prevenir e tratar as enfermidades (PRADO, 2009).
Na cultura oriental, saúde diz respeito a equilíbrio. É o funcionamento
harmonioso de forças vitais ou energias e a doença é quando ocorre o desequilíbrio
dessas forças, o impedimento do fluxo de energia no organismo. A Medicina é
baseada em um sistema holístico, que considera o relacionamento inerente entre o
espírito individual e cósmico e a energia e a matéria. A figura do médico
representava um sábio (PRADO, 2009).
Vilela e Mendes (2000) relatam da dificuldade de universalizar o conceito
de saúde, pois vários fatores devem ser levados em consideração como: a
satisfação biológica, as relações interpessoais, o significado da vida, os objetivos
pessoais, a dignidade das pessoas e sua forma de comunicação. Os autores
ilustram comparando a Grã Bretanha com uma aldeia africana. O país que tem
tecnologias de ultima geração e modernas formas de tratamento, tem uma
sociedade que se considera doente, no entanto a população da aldeia, na qual
existem muitas doenças parasitárias, pouca higiene e precárias condições sanitárias,
a população se considera saudável, pois têm suas danças, músicas e a celebração
26
é critério de saúde para essas pessoas. Dessa maneira, o conceito independe das
condições de tratamento, mas depende da percepção subjetiva de cada um.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe, na sua Carta Magna de
7 de Abril de 1948, o conceito de saúde como: "[...] um estado de completo bem-
estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade".
Esse conceito é discutido por Scliar (2002), como pouco operacional, pois a
expressão bem-estar” envolve um componente subjetivo, semelhante a felicidade,
portanto dificilmente quantificável. Este conceito refletia uma aspiração nascida dos
movimentos sociais pós guerra, saúde expressava o direito a uma vida plena, sem
privações. Para o autor, um conceito útil para analisar os fatores que intervinham
sobre saúde e sobre os quais a saúde pública deve intervir é o de campo da saúde,
formulado por Marc Lalonde, em 1974, titular do Ministério da Saúde e do Bem estar
do Cana, país que aplicava o modelo médico ings. De acordo com esse
conceito, o campo de saúde abrange: a biologia humana; o meio ambiente; o estilo
de vida e a organização da assistência à saúde.
Em decorrência da amplitude do conceito da OMS, que foi alvo de
críticas, sendo algumas de natureza técnica, segundo Scliar (2007), na qual a saúde
seria algo ideal, inatingível; a definição não poderia ser usada como objetivo pelos
serviços de saúde, outras de natureza política, libertária: o conceito permitiria abusos
por parte do Estado, que interviria na vida dos cidadãos, sob o pretexto de promover
a saúde. Como implicação da primeira objeção, surge o conceito de Christopher
Boorse (1977), que dizia: saúde é ausência de doença. A classificação dos seres
humanos como saudáveis ou doentes seria uma questão objetiva, relacionada ao
grau de eficiência das funções biológicas, sem necessidade de juízos de valor. Fato
que foi bastante discutido por autores que acreditam que a conceituação de saúde e
doença é algo complexo e difícil de ser mensurado estatisticamente (ALMEIDA
FILHO; JUCÁ, 2002).
Scliar (2007) relata que em 1978, a declaração final da Conferência
Internacional de Assistência Primária à Saúde realizada na cidade Alma-Ata (no
atual Cazaquistão), a OMS ampliou consideravelmente seus objetivos, como
resultado de uma crescente demanda por maior desenvolvimento e progresso social.
A Conferência enfatizou as enormes desigualdades na situação de saúde entre
27
países desenvolvidos e em desenvolvimento e destacou a responsabilidade
governamental na provisão da saúde e a importância da participação de pessoas e
comunidades no planejamento e implementação dos cuidados à saúde. Devendo
incluir pelo menos educação em saúde, nutrição adequada, saneamento básico,
cuidados materno-infantis, planejamento familiar, imunizações, prevenção e controle
de doenças endêmicas, assim como a disponibilização dos medicamentos
essenciais, denominando esse conceito de cuidados primários de saúde. O autor
coloca que o conceito de cuidados primários tem conotações, é uma proposta
racionalizadora e também uma proposta política, pois em vez de tecnologia
sofisticada propõe tecnologia simplificada, no lugar de grandes hospitais,
ambulatórios, de especialistas, generalistas, de um grande arsenal de terapêutico,
uma lista básica de medicamentos.
Scliar (2007) ainda traz que a Constituição Brasileira de 1988 evita trazer
o conceito de saúde, na tentativa de evitar uma política de saúde publica sem
critérios sociais e sem juízos de valor. Como príncipio norteador do Sistema Único
de Saúde (SUS), diz que:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação (p.39).
Minayo (1997) coloca que se a pessoa não cumprir as ordens sociais ele
adoecerá, podendo esta culpa ser atribuída a própria pessoa ou à sociedade.
Enumo (2003) demonstra que as representações sociais de saúde e doença
refletem o modo como às pessoas entendem esse processo e a relação entre saúde
e doença e o seu contexto social. Deve-se levar em conta além da narrativa os
substratos polítcos, econômicos, culturais e valorização do senso comum. O autor
relata ainda que entender as representações de saúde e doença pode ser um meio
para chegar à origem de como se adoece, pois sem esse entendimento é provável
uma ineficiência tanto no tratamento como nos programas de promoção da saúde e
prevenção de doença.
Os sintomas são relacionados como outra forma de representar o estado
de saúde ou doença, para muitas pessoas estar doente é quando está
28
impossibilitado de exercer suas funções devido ao agravo dos sintomas. Contudo
existem muitas patologias que não provocam mal estar, e que por isso a pessoa não
tem consciência deles. As pessoas produzem representações de tudo o que
vivenciam e no processo de saúde e doença esses fatos ocorrem tamm,
principalmente no adoecimento, a necessidade de construir o próprio
entendimento da doença, que de certa maneira é parte do processo de aceitação. O
discurso elaborado pelo paciente na maioria das vezes não é compartilhado,
deixando assim de auxiliar nas medidas de tratamento. Faz-se necessária a
correlação entre o pensar dos profissionais de saúde e a representação do usuário.
Portanto, a construção elaborada pelos idosos sobre como eles se
sentem diante da saúde e da doença poderá variar de acordo com o grupo cultural
ao qual estão atrelados. No próximo item, serão abordadas algumas considerações
sobre a construção do envelhecimento pela ciência.
2.3 CONSTRUÇÃO DO ENVELHECIMENTO PELA CIÊNCIA
O Brasil apresenta um dos mais agudos processos de envelhecimento
populacional entre os países mais populosos. A proporção de pessoas idosas com
sessenta anos e mais aumentou de 6,1% (7.204.517 habitantes), em 1980, para
8,6% (14.536.029 habitantes) em 2000, correspondendo a um aumento absoluto de
7,3 milhões de indivíduos (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
1981, 2000). A razão de dependência demográfica (soma da população menor de 15
anos e de 65 e mais anos dividida pela população de 15 a 64 anos) hoje, definida
principalmente pelo segmento jovem, será modificada para uma dependência idosa
ao final de 2.050 (MOREIRA, 1998).
Nas últimas décadas, o Brasil vem apresentando mudanças na pirâmide que
configura a faixa etária. Segundo Berquó (1999), passou-se de uma pirâmide de
base larga e forma triangular, para uma forma mais arredondada de base reduzida,
característica de regimes de grande redução na fecundidade. Caracterizado como
um possuidor de uma população jovem, o Brasil vivenciou uma transição
demográfica e hoje constatamos que a população envelheceu simplesmente pelo
29
crescimento do numero de idosos no cômputo geral da população, como mostra a
Figura 1, na qual observa-se nas pirâmides a convivência de gerações nascidas
antes e depois do pido declínio de fecundidade, separadas em torno da idade de
10 anos, em 1970, de 20 anos, em 1992; 30 anos em 2000.
Figura 1 Distribuição proporcional (%) da população por sexo e idade no
Brasil em 1980, 1991 e 2000.
Fonte: IBGE (1980, 1991, 2000).
30
Segundo Wagorn, Théberge e Orban (1993), envelhecer é um processo de
acumular experiências e enriquecer nossa vida com conhecimentos e habilidades
físicas.
O envelhecimento é um processo que está cercado de muitas
concepções falsas, de temores, crenças e mitos. A velhice como
etapa de vida, também é uma palavra carregada de inquietude,
fragilidade e às vezes de angustias. Não nos devemos surpreender
ao descobrir que muitas falácias, medos e concepções que envolvem
a velhice nos tempos atuais são ecos de culturas e tempos remotos,
limitadores da participação desta etapa da vida. (LORDA, 1995, p.
03)
Corazza (2001) define envelhecimento como um processo complexo que
envolve muitas variáveis como: genética, estilo de vida e doenças crônicas, que
interagem influenciando a maneira pela qual envelhecemos. A autora relata que o
envelhecimento está dividido em: idade cronológica, biológica, psicológica e social. A
idade cronológica é expressa em meros de anos ou meses desde o nascimento,
diferenças na capacidade funcional, entre indivíduos de mesma idade cronológica, a
autora traz que apenas a idade cronológica é insuficiente para determinar o
envelhecimento. A idade biológica enfoca o envelhecimento por meio de mudanças
nos processos biológicos ou fisiológicos e suas conseqüências no comportamento
do indivíduo, uma pessoa pode estar acima ou abaixo de sua idade, depende do
modo de vida que ela leva. a idade psicológica, refere-se às capacidades
individuais envolvendo dimensões tais como a mental, a auto-estima e auto-
suficiência, assim como aprendizagem, memória e percepção. A idade social que se
refere à noção de sociedade muitas vezes com expectativas rígidas do que é e do
que não é um comportamento apropriado para o indivíduo daquela faixa etária.
Para Kuroda e Israell (1988), o envelhecimento é um processo fisiológico,
que não necessariamente ocorre simultaneamente à idade cronológica,
apresentando uma considerável variação individual. Sendo de suma importância
enfatizar que têm surgido diferentes formas de considerar a pessoa como idosa ou
pertencente à chamada “terceira idade”. Popularmente, existem outros termos que
se referem às pessoas acima de 60 anos, como “feliz idade”, “melhor idade”. A OMS
define terceira idade como as pessoas acima de 60 anos, de idade cronológica.
Spirduso (2004) propôs uma classificação de acordo com a idade cronológica
31
considerando como adulto da meia idade a pessoa com idade entre 45 e 64 anos; o
idoso jovem aquele entre 65 e 74 anos; o idoso aquele com idade entre 75 e 84
anos; o idoso-idoso de 85 a 99 anos e o idoso velho seriam aqueles com mais de
100 anos. Levando em conta essa proposta, o Brasil teria sua maioria de pessoas
da chamada terceira idade na faixa de adultos da meia idade ou idosos jovens.
Para Velasco (2006), o envelhecimento não é a velhice e sim um
processo que se inscreve no tempo, irreversível, começando no nascimento e
terminando na morte. O envelhecimento cronogico deve ser diferenciado do
funcional e o conceito do tempo nesse processo do envelhecimento deve ser
entendido tamm nos aspectos físicos, psicológicos e sociais como seabordado
a seguir.
2.3.1 ASPECTOS FÍSICOS DO ENVELHECIMENTO
Ao se tratar do envelhecimento fisiológico, suas características o
dependentes de fatores que estão ligados ao histórico de vida das pessoas e os
hábitos adquiridos durante a vida. O desempenho físico, por exemplo, entre uma
pessoa ativa e outra sedentária não será o mesmo. Os bitos (bons ou maus)
adquiridos no processo da vida, podem alterar a saúde, levando a confundir com o
processo de envelhecimento (MEIRELLES, 1999).
Para Meirelles (1999), o envelhecimento, sob o ponto de vista biológico,
representa um conjunto de processos geneticamente determinado, sendo definido
como uma deterioração funcional progressiva e generalizada, tendo como resultado
uma perda de resposta adaptativa às situações de estresse e um aumento na
vulnerabilidade de doenças relacionadas à velhice. A autora coloca que a razão
principal dos idosos ficarem doentes com mais frequencia que os jovens é que foram
expostos por mais tempo a fatores externos, comportamentais e ambientais que
causam doenças, do que as pessoas mais novas.
Papalia e Olds (2000) colocam que a questão de qualidade e quantidade de
vida é dependente do que acontece com nossos corpos enquanto envelhecemos. As
32
perdas sicas, no início da idade adulta, são o pequenas e graduais que mal o
percebidas. O início da senescência, período marcado por declínios evidentes no
funcionamento do corpo, às vezes relacionados com o envelhecimento, varia
bastante. A maioria das teorias biológicas de envelhecimento encaixa-se em duas
categorias: teorias de programação genética e teorias de taxas variáveis.
Para Papalia e Olds (2000) as teorias de programação genética sustentam
que os corpos envelhecem segundo um plano normal de desenvolvimento embutido
nos genes, tendo cada espécie sua própria expectativa de vida e padrão de
envelhecimento. As autoras relatam ainda que a teoria da programação genética é
composta por três teorias: teoria da senescência programada que diz que o
envelhecimento é resultado da ativação e desativação seqüencial de certos genes,
com a senescência sendo definida quando déficits associados com a idade se
manifestam; a teoria endocrinológica que sustenta que as pessoas são programadas
os suficiente para reproduzir, os relógios biológicos atuam através de hormônios
para controlar a taxa de envelhecimento; e por fim a teoria imunológica que consiste
em um declínio programado nas funções do sistema imunológico que leva a uma
maior vulnerabilidade à doença infecciosa e assim ao envelhecimento e à morte.
As teorias de taxas variáveis vêem o envelhecimento como resultado de
processos que variam de pessoa para pessoa, que podem ser influenciados tanto
por fatores internos quanto externos, envolvendo danos devidos a erros causais nos
sistemas biológicos das pessoas ou ataques ambientais à eles. Dentro das teorias
das taxas variáveis encontramos seis outras teorias: teoria do desgaste que sustenta
que o corpo envelhece devido as células e tecidos especiais que se desgatam,
podendo ter fatores externos que agravam esse problema, como subprodutos
químicos; teoria dos radicais livres que diz que os danos dos radicais livres se
acumulam com a idade fazendo com que células e eventualmente órgãos parem de
funcionar; teoria da taxa de metabolismo que traz a idéia de que quanto mais pido
o corpo trabalha maior sea velocidade com que ele se esgota, ou seja, quanto
maior o metabolismo menor o ciclo da vida; teoria erro-catástrofe e teoria da
mutação genética baseiam-se no fato de que quando as células se dividem ocorrem
“erros”, como destruição ou mudanças na estrutura celular, podendo ser agravados
por estressores externos, tais como luz ultravioleta e exposição à substâncias
tóxicas; e por fim a teoria auto-imune que sugere que o sistema auto-imune fica
33
“confuso”e ataca as próprias células do organismo, acreditando que esse processo
seja responsável por alguns aspectos do envelhecimento (PAPALIA; OLDS, 2000).
O envelhecimento biológico é um processo onde ocorrem mudanças
contínuas, que surgem em função do tempo, é uma etapa do desenvolvimento onde
o catabolismo
1
é maior que o anabolismo
2
. Segundo Neri (1993), o envelhecimento
deve ser considerado como uma das fases de desenvolvimento do ser, ao qual
compreende processo de transformações do organismo que implicam na diminuição
gradual da probabilidade de sobrevivência.
Ocorre uma diminuição progressiva e irreversível da energia livre
disponível no organismo; perdas de células; enfermidades
degenerativas pprias da velhice, como conseqüência geral. Ocorre
também uma diminuição da capacidade de adaptação ao meio
ambiente; aumento do tecido conjuntivo; aumento da quantidade de
gordura; diminuição da força muscular; perdas hídricas; deficiência
auditiva e visual; decréscimo do mero e do tamanho das fibras
musculares (MEIRELLES, 1999, p.28 e 29).
De acordo com Matsudo (2001), uma das mais evidentes alterações que
acontecem com o aumento da idade cronológica é a mudança nas dimensões
corporais. Todo ser humano sofre alterações anatômicas visíveis, que podem ser
relatadas na literatura como alterações anátomo-fisiológicas. Os ombros, braços e
pernas estreitam-se, devida à perda de massa muscular, a junção desta perda mais
o enfraquecimento ósseo das vértebras e afinamento das cartilagens intervertebrais
apresentam um decréscimo da estatura total.
Para Meirelles (1999), após os 40 anos, o ser humano passa a perder um
centímetro por década, devido à redução dos arcos dos pés, aumento das
curvaturas da coluna e encurtamento das mesmas decorridas pelas alterações nos
1
São processos metabólicos que implicam na “quebrade substâncias complexas em substâncias
mais simples. A “quebra das proteínas do tecido muscular para obter energia é um exemplo de
catabolismo. De uma forma bem simples podemos afirmar então, que o anabolismo é a construção e
o catabolismo é a destruição (MCARDLE, 2003).
2
São processos metabólicos que implicam na construção de moléculas a partir de outras. A síntese
protéica, a síntese de ácidos graxos e a síntese de hormônios são exemplos de reações anabólicas
(MCARDLE, 2003).
34
discos intervertebrais que estão entre as rtebras. Ocorrem também disfunções na
pele, a secura, pela falta de umidade, que deixa a pele seca e áspera. uma
diminuição das gndulas sudoríparas, elas que secretam o suor, diminui também a
absorção de oxigênio e nutrientes pelos vasos capilares, além do decréscimo nas
renovações das células lubrificantes. A pele enruga devido a perda da elasticidade
das fibras conjuntivas e elásticas e pode ser comum o aparecimento de manchas
escuras ou marrons, os cabelos e a pele ficam pálidos devido à redução de células
de pigmentação. Outro fator que ajuda no envelhecer da pele é a exposição
excessiva à luz solar devido aos efeitos da radiação ultravioleta.
Lorda (1995, p. 28) afirma que [...] a pele se enruga, perde seu frescor, sua
vitalidade; delata os primeiros sintomas que anunciam a chegada do
envelhecimento”. A produção de hormônios fica reduzida, principalmente nas
mulheres (os estrogênios), por essa razão podem ser vistos pêlos mais espessos e
considerados grandes no rosto, nariz, orelhas e nas sobrancelhas. De acordo com
Leme (1997), outro problema entre os idosos é o prurido generalizado, a pele
apresenta-se mais seca e com menor quantidade de tecido subcutâneo, devido a
água muito quente e o uso de sabões com ação detergente.
A audição é um órgão sensível que envelhece rápido. Segundo Baraldi,
Almeida e Borges (2004) a perda auditiva decorrente do avanço da idade é
conhecida como presbiacusia, que seria a soma de perdas auditivas ocasionadas
pela variedade de degenerações fisiológicas incluindo os prejuízos causados pela
exposição a ruídos. Lorda (1995, p. 29) acrescenta que “[...] as agressões externas
ao longo dos anos aceleram o processo devido à alta de decibéis acima do aceitável
que é de 80 a 90 decibéis.”
Uma pessoa de idade avançada pode ter dificuldades em identificar algum
objeto ou pessoa a distância. Isso ocorre em decorrência das alterações sofridas na
visão, essa é uma degeneração preocupante devido ao fato de que ela fica sujeita a
se machucar. Lorda (1995, p.29) afirma que “[...] o diâmetro da pupila diminui com os
anos de 5 milímetros a 3,5 milímetros aos vinte anos e aos oitenta e cinco anos,
assim diminui a resposta pupilar a luz com diminuição do reflexo fotomotor.”
35
Meirelles (1999) afirma que as diminuições da massa óssea começam a
aparecer por volta de 35 anos, junto com a redução da força máxima muscular que
aos 60 anos é mais visível; nas mulheres, essa perda inicia-se após a menopausa. A
pessoa idosa ise apresentar mais suceptível à osteoporose, devido a perda de
laminas ósseas. McArdle (2003) relata que a perda de massa óssea faz parte do
processo de envelhecimento, e ocorre a desmineralização do esqueleto e o mesmo
se torna poroso. Essa massa pode sofrer uma redução de 30 a 50% nas pessoas
com mais de 60 anos. A osteoporose representa um problema particularmente grave
entre as mulheres após a menopausa. Existe a osteoporose tipo I, quando as
fraturas ocorrem mais nas rtebras e distais do dio em pessoas entre 50 e 6-
anos, e principalmente em mulheres. No tipo II, a ocorrência maior é em pessoas
com mais de setenta anos, e as fraturas ocorrem no quadril, pelve e distal de úmero
e é duas vezes mais comum em mulheres, sendo que a essa incidência maior no
sexo feminino ocorre em razão da menopausa e da falta de estrogênio. Para
amenizar esta perda, am da reposição hormonal que é freqüente em mulheres com
mais de cinqüenta anos, é importante que haja também um treinamento com
desenvolvimento de força. McArdle (2003, p. 274), argumenta que:
[...] o treinamento de força moderado proporciona uma maneira
extremamente segura de aumentar a síntese e retenção de proteínas
e torna mais lenta a perda “normal” e até certo ponto inevitável de
massa e força musculares que ocorre com o envelhecimento.
Segundo Ilkiv (2005), a perda de tecido ósseo nos homens é de10% após os
65 anos e cerca de 20% após os 80 anos, na mulher é uma média de 20% aos 65
anos e 30% aos 80 anos. Ocorrem também alterações articulares, o idoso vai
perdendo a mobilidade e a elasticidade, as suturas que são encontradas no crânio
diminuem apresentando assim menor úumero de osso. Devido à perda hídrica, o
núcleo pulposo que participa na formação dos discos intervertebrais aumenta as
fibras em numero e volume, os anéis fibrosos que também formam os discos
tornam-se mais densos, esses fatores contribuem na redução da espessura do disco
levando a coluna a uma acentuada curvatura, principalmente da região torácica. Os
ligamentos vão se fribrosando e se degenerando por causa do desgaste.
36
As cartilagens alteram-se naturalmente de acordo com os fatores
biomecânicos adquiridos ou não, isso provoca ao longo da vida degenerações
diversas que pode levar a diminuição da função locomotora e da flexibilidade,
reduzindo tamm a amplitude articular e o equilíbrio aumentando o risco de lesões
e quedas (NÓBREGA et al.,1999).
Dentre as alterações musculares, Lorda (1995, p. 24) afirma que: “[...] o
envelhecimento traz consigo transtornos de dois tipos: a diminuição do tônus e a
perda da força”. Carvalho e Soares (2004) acrescentam que além do idoso perder
força máxima, as fibras musculares se degeneram e atrofiam, em seus lugares
formam-se tecidos conjuntivos pelo acumulo de colágeno instersticial no músculo
que pode decorrer da não estimulação muscular. Esse sistema perde neurônios e
outras substâncias, as fibras perdem sua mielina
3
, diminuindo a velocidade de
condução do estímulo nervoso e ainda pode ocorrer também um crescente número
de pregas ampliando a fenda sináptica, reduzindo a área da placa motora, onde
acontece o contato dos axônios (parte final de um neurônio), com a membrana da
célula muscular.
A Sarcopenia, que é outro fator que surge com o envelhecimento, pode ser
definida como sendo um problema multifatorial caracterizado pela perda progressiva
de massa muscular. assim um aumento da fadiga que pode ocasionar
dependência funcional e morbidade. Ela é o denominador comum do processo de
envelhecimento responsável pelo declínio do desempenho físico com redução da
capacidade de ativação das fibras musculares e decréscimo da tensão de algumas
fibras específicas (BALU, 2007)
Meirelles (1999) argumenta que o metabolismo basal regride cerca de 10% a
20%, este fator deve ser considerado no momento de se calcular a taxa metabólica
basal (TMB) do idoso. Apropriadamente, Chen e Neves (2002) colocam que a massa
corpórea modifica-se com a queda do metabolismo basal, aumenta a concentração
de gordura e enfraquecimento muscular. Com isso, acaba ocorrendo um desvio
postura por falta de força para atuar contra a gravidade.
3
Substância lipóide que forma a bainha em torno de certos nervos (LORDA, 1995).
37
Quando você envelhece, seu metabolismo naturalmente fica mais
lento, diminuindo a quantidade de oxigênio que atinge o sangue e
aumentando a de dióxido de carbono que sai do corpo. Com menos
oxigênio e mais dióxido de carbono, o corpo não proporciona a
mesma quantidade de energia, o que tem como resultado uma
redução da quantidade de energia disponível para a atividade física.
(WAGORN; THÉBERGE; ORBAN, 1993, p.103)
O mecanismo de alterações nervosas promove várias transformações
anatômicas e químicas no encéfalo e medula com o tempo uma perda continua
dle neurônios, por essa razão o idoso tem a área motora volunria alterada e os
reflexos tendinosos reduzidos, além de uma diminuição de peso e volume do
cérebro.
Segundo McArdle (2003), há um declínio de 40% no número de axônios
medulares e um declínio de 10% na velocidade de condução nervosa refletindo os
efeitos cumulativos do envelhecimento, reduzindo o desempenho neuromuscular
avaliado pelo tempo de reação e de movimento tanto simples quanto complexos.
Laria (2001) acrescenta ainda que a destruição média de neurônios é tal que o
volume do encéfalo se reduz em cerca de 8% em relação ao adulto jovem, embora
em áreas frontais possa atingir 50%, apesar disso podem-se manter em bom nível
quando em atividade intelectuais.
Ocorrem tamm as alterações sistêmicas, como as cardiovasculares. O
coração é constituído de endocárdio, miocárdio e epicárdio, que são considerados
as camadas do coração, são compostas por quatro cavidades o átrio direito, átrio
esquerdo, ventrículo direito e ventrículo esquerdo. Com o avanço da idade ocorre
um aumento do peso do coração e um aumento da espessura da parede do
ventrículo esquerdo (VE). Para Wagorn, Théberge e Orban (1993), reduz-se com o
tempo a flexibilidade das válvulas do coração e começa surgir depósitos de gorduras
e cálcio no vasos sanguíneos. Meirelles (1999) afirma que além de todas essas
alterações, um aumento significativo do tecido conjuntivo e diminuição das
células musculares, diminui-se também a força do músculo cardíaco, principalmente
em indiduos sedentários. A artéria aorta aumenta no diâmetro interno, perde
elasticidade com a queda de números das fibras elásticas, além de sofrer aumento
de colágeno.
38
Dentro das alterações funcionais encontradas no coração, uma das mais
importantes é a redução do débito cardíaco, um declínio de aproximadamente
30% do desempenho cardíaco. Segundo Meirelles (1999, p.61), [...] as alterações
de fluxos sanguíneos não são homogêneas para todos os sistemas, o fluxo
plasmático renal reduz em 50% aos 70 anos, enquanto que o fluxo cerebral declina
apenas 20%”.
Grandes partes dos distúrbios cardiocirculatórios ocorrem devido às
alterações do miocárdio, que levam a redução do volume sistólico máximo e o
declínio da freqüência cardíaca máxima.
Para a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2002, p. 2) [...] a circulação periférica sofre
redução da relação capilar e fibra muscular, menor diâmetro capilar e redução na
liberação de óxido nítrico e menor resposta vasodilatadora.”
Dentro do sistema respiratório, Lorda (1995, p.27) afirma que “[...] todo
sistema respiratório sofre o envelhecimento: as mucosas do nariz, da faringe e da
laringe; o que é demonstrado pela gota do nariz, rouquidão da garganta, voz
quebrada e uma necessidade constante de expectorar.” Os pulmões apresentam
diminuição dos alvéolos redução da elasticidade, queda na capacidade de absorver
oxigênio e livrar-se do dióxido de carbono, ou seja, ao efetivar as trocas gasosas
ocorre tamm uma perda da flexibilidade torácica envolvendo também as costelas
e diafragma. Desenvolve-se enrijecimento e calcificação das cartilagens que
compõem a traquéia e os brônquios. O idoso acaba tendo uma maior propensão à
infeões nos pulmões. Com o passar dos anos, o sistema respiratório sofre
alterações funcionais decorrentes de uma redução acentuada da elasticidade
pulmonar que acarreta uma menor capacidade inspiratória.
A redução de desempenho funcional do sistema cardiorespiratório
está associada a fatores como: declínio progressivo na captação
máxima de oxigênio, diminuição da freqüência cardíaca máxima, do
débito cardíaco, e do volume de ejeção sistólica, diminuição da
vascularização e do fluxo sanguíneo para o músculo (ILKIV, 2005 p.
18).
39
Conforme dados apontados por Matsudo (2001), ao envelhecer ocorre um
menor débito cardíaco máximo (DCM), ocasionando um declínio na potência
aeróbica, juntamente ao decréscimo da freqüência cardíaca máxima (FCM) unindo a
idade e o volume sistólico máximo (VSM), levando a diminuição de 1 bpm (batimento
por minuto) da FCM.
Wargon, Théberge e Orban (1993) afirmam que outros sistemas também são
afetados como o sistema digestório, que se inicia na boca, passa pela faringe,
esôfago, estômago, intestino delgado e grosso, além dos órgãos anexos, que são as
glândulas salivares, gástricas e intestinais, fígado e pâncreas. Com o avanço da
idade o idoso pode perder os dentes devido à perda de tecidos das gengivas, tem
uma diminuição da capacidade de mastigar e tem ressecamento na boca.
Meirelles (1999) relata que as células parietais e principais das glândulas
gástricas tendem a ser substituídas, por outro tipo de células e que a irrigação
sanguínea irá alterar com tempo, pois os vasos tornam-se mais tortuosos, este
quadro pode chegar a uma isquemia. De acordo com o autor pode acontecer
tamm uma atrofia da túnica muscular do tubo digestório devido à diminuição das
fibras colágenas e o crescente acúmulo de cálcio. absorção reduzida de
nutrientes e ocorre um enfraquecimento dos músculos do reto. O fígado tamm
apresenta alterações, uma diminuição após os 65 anos.
Dentro do sistema urinário encontram-se os rins, os ureteres, a bexiga
urinária e a uretra. No idoso, os rins apresentam arteríolas estreitadas sem contato
com os glomérulos, diminuindo assim mero de glomérulos e aumentando o tecido
fibroso que substitui os glomérulos. Duarte (s.d.) relata que com a idade os rins
diminuem de tamanho e peso, reduz-se o numero de néfrons, a musculatura vesical
e da uretra reduzem, também há uma dificuldade em excretar ácidos.
Meirelles (1999) afirma que o sistema reprodutor masculino é composto pelos
testículos, epidídimos, ductos deferentes, próstata e pênis. As alterações nos idosos
são pouco evidentes. Pode ocorrer uma atrofia das glândulas, das vesículas
seminais e da próstata, uma redução de secreção de testosterona e uma
diminuição da espessura da túnica albugínea do corpo cavernoso do pênis. Para as
mulheres o sistiema reprodutor feminino tem na sua formação ovários, tubas
40
uterinas, útero e vagina. Com a idade avançada ocorre na vagina uma diminuição de
comprimento e largura, além da mesma tornar-se menos umidificada. Papalia e Olds
(2000) destacam que muitas pessoas mais velhas são sexualmente ativas, embora o
grau da tensão sexual, a frequencia e a intensidade sejam menores do que em
pessoas mais jovens.
O sistema endócrino, no processo de envelhecimento, é caracterizado pela
diminuição das glândulas tireóides, hipófise, supra-renais e paratireóides, atrofia
tamm o timo, reduz a produção de testosterona, e interrompe a produção de
estrógeno, resistente a insulina e diminui a tolerância a glicose. Essa idéia é
complementada por Laria (2001), que afirma ocorrer menor sensibilidade dos tecidos
aos hormônios e diminuição da liberação dos hormônios hipofisários.
McArdle (2003) ressalta que a função endócrina, particularmente da hipófise,
pâncreas, supra-renal e tireóide, modifica-se com a idade. Cerca de 40% dos
indivíduos que possuem entre 65 e 75 anos e de 50% daqueles que possuem mais
de 80 anos exibem uma tolerância a glicose reduzida que resulta em diabetes tipo 2.
Quando a deterioração da glicose no metabolismo, resultando em alteração nos
níveis de glicose resulta em resistência à insulina, deficiência relativa à insulina.
De acordo com Papaleo Neto (1996), o envelhecimento é um processo
natural da vida humana, traz consigo uma série de modificações biopsicossociais
que alteram a relação da pessoa com o meio na qual está inserida, faz parte de um
processo dinâmico e complexo, que é influenciado por fatores individuais que dão os
primeiros sinais com um declínio lento e futuramente acentuado das habilidades que
antes eram desenvolvidas, é muito pessoal e constitui uma etapa da vida com
realidades próprias.
Leme (1997) afirma que o envelhecimento é definido de maneiras diferentes,
dependendo do campo da pesquisa e interesse. Sociólogos e psicólogos chamam a
atenção para o fato de que, além das alterações biológicas, os processos de
desenvolvimento sociais e psicológicos de indivíduos podem ser observados. Serão
abordadas as alterações psicossociais que ocorrem devido ao processo de
envelhecimento.
41
2.3.2 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO
O envelhecimento é uma experimentação relacionada não como o corpo
físico. Para Neri (1993), envelhecer bem significa estar satisfeito com a vida atual
como também ter espectativas positivas em relação futuro. Depende da capacidade
de manter ou restaurar o bem estar subjetivo em uma época em que a pessoa está
mais exposta a riscos e crises de natureza biológica, psicológica e social. A autora
argumenta que a perspectiva humanista em Psicologia, por ter interesse em
variáveis mediadoras cognitivas, concentra-se na pesquisa a respeito do senso de
significado pessoal e seu impacto sobre o bem estar dos mais velhos.
As teorias psicossocias do envelhecimento exploram os processos mentais, o
comportamento e os sentimentos das pessoas durante o seu ciclo de vida em uma
organização social, em um determinado tempo, juntamente com alguns dos
mecanismos que usam para enfrentar os desafios da velhice. As teorias sociológicas
abordam o impacto da sociedade sobre o idoso, como também do idoso sobre a
sociedade (MORAGAS, 2004).
Os estudos desenvolvidos pelo grupo de Kansas City Studies of Adult Life,
liderado por Havighurts (1953 e 1963), Neugarten (1961, 1963, 1965, 1968, 1969,
1973) e Guttman (1964, 1979 e 1987) propuseram que envelhecer bem depende de
quatro condições: atividade; capacidade de afastamento; satisfação com a vida e
maturidade ou integração da personalidade. A ênfase na satisfação ou atividade
ocorreu como fator desencadeante ao envelhecimento populacional ocorrido no
decorrer da década de 60 nos Estados Unidos e Europa. A partir dos estudos de
Williams e Wirths ainda surgiram mais dois condicionantes da boa qualidade de vida
ao envelhecer: o equilíbrio de energia entre a pessoa e o sistema social, assim como
um sistema social estável (NERI, 1993).
Predominantemente na sociedade ocidental, a identidade do idoso se constrói
pela contraposição à identidade do jovem, e como conseqüência se tem, tamm, a
contraposição das qualidades: atividade, força, memória, beleza, poncia e
produtividade como características típicas e geralmente imputadas aos jovens e as
qualidades opostas presentes nos idosos (LEME; 1997).
42
Neri (1993) relata que a qualidade de vida na velhice, bem estar psicológico,
bem estar percebido, bem estar subjetivo e envelhecimento satisfatório ou bem
sucedido são expressões tidas como equivalentes. A pesquisa sobre essa qualidade
de vida foi afetada quando surgiram duas concepções antagônicas sobre a velhice:
a teoria do desengajamento e a teoria da atividade.
A teoria do desengajamento foi desenvolvida por Elaine Cummimg e Willam
Henry em 1961 e considera o envelhecimento um processo no qual a sociedade e o
individuo se retiram ou se desengajem gradualmente, um do outro para a satisfação
e o beneficio mútuo. Alguns críticos dessa teoria alegam que o desengajamento não
seria necessário se a sociedade melhorasse o atendimento de saúde e os recursos
financeiros dos idosos, assim como aumentasse a aceitação, as oportunidades e o
respeito merecidos por eles (FERRARI, 2005).
Em contrapartida, no pólo oposto da teoria do desengajamento a teoria da
atividade, proclamava que a pessoa idosa deve continuar o estilo de vida da meia-
idade, negando a existência da idade avançada pelo maior tempo possível, e que a
sociedade deve aplicar aos idosos as mesmas normas que aplica aos indivíduos de
meia-idade, não defendendo a diminuição da atividade, do interesse, e do
envolvimento à medida que os seus membros envelhecem (FERRARI, 2005).
Como as mudanças nos padrões de vida são inevitáveis ao longo do tempo, a
pessoa idosa necessita de habilidades, de flexibilidade e enfrentamento quando se
comporta com estresses e mudanças. Com o avanço dos anos o idoso se deparou
com uma rie de perdas significativas, como o surgimento de doenças crônicas
deteriorando a saúde, viuvez, morte dos amigos e parentes, ausência de papeis
sociais valorizados, isolamento crescente, dificuldades financeiras decorrentes da
aposentadoria que afetam, de tal forma sua autoestima, culminando, na maioria das
vezes com uma crise (NERI; CACHIONI, 1999).
Em face dessas discussões, Neri e Freire (2000) afirmam que
estabeleceram-se conceitos sobre os termos, velho, idoso e terceira idade, sendo
“velho” ou “idoso” termo que se refere à pessoas na média de 60 anos, “velhice”
seria a última fase da existência humana e “envelhecimento” atrelado às mudanças
físicas, psicológicas e sociais. Os autores destacam ainda que embora sejam
43
relativamente claras as distinções conceituais entre esses termos não é fácil
discriminar essas distinções na literatura gerontológica, como também não é algo
sistematicamente explorado, o que resulta em uma confusão mais ou menos
generalizada, suscitando interpretações pouco parcimoniosas.
Tuckman e Lorge (1953 apud NERI, 1991) apontam que a muito tempo há
inadequações conceituais apresentadas por vários pesquisadores. Em estudo
pioneiro sobre atitudes em relação à velhice, advertiam serem insuficientes as
evidências de pesquisas disponíveis, para que se realizassem generalizações sobre
as características de personalidade e os problemas de ajustamento associados ao
envelhecimento.
Simões (1998) argumenta que a expressão “velho” tem diferentes
abordagens e pode significar perda, deterioração, fracasso, inutilidade, fragilidade,
decadência, antigo, que tem muito tempo de existência, gasto pelo uso, que
muito tempo possui certa qualidade ou exerce certa profissão, obsoleto e o
adequado à vida, dando a impressão de que o velho vive improdutivamente e está
ultrapassado pela nossa sociedade. A autora ressalta também que a palavra velho é
utilizada normalmente como antônimo de jovem.
Para Meirelles (1999), o idoso passa a ter um espaço diferente, uma
categoria, um modo diferente de vida, características pessoais, ora pensa
positivamente, ora negativamente. Vive um isolamento imposto pela sociedade,
geralmente tem uma situação financeira crítica, suporta uma insegurança social, tem
a saúde debilitada, é desvinculado do mercado de trabalho. Para Berquó (1999), é
mais provável que os idosos superem certas doenças se tiverem acesso a um
tratamento adequado, e que o sintam os efeitos do preconceito e do isolamento
se tiverem amigos e familiares que os respeitem, que não sintam a perda da
juventude como algo destruidor, se tiverem assimilado outros valores e interesses ao
longo da vida.
Leite (2004) destaca que a velhice é uma construção social, um fenômeno
cultural que implica uma dinâmica e elabora-se tanto nos valores da cultura oficial,
como se encontra, também, associada à maneira como é vivenciada. A autora ainda
coloca que o que se percebe é que um referencial simbólio específico para cada
44
grupo, nas quais uma identidade coletiva é construída, que marca as suas
diferenças em relação uns aos outros, sendo este o motivo de velho e velhice serem
representados de maneiras diversas em diferentes sociedades.
As percepções das perdas, incapacidades e doenças são aspectos que
aparecem nas representações da velhice. Veloz; Schulze; Camargo (1999)
argumentam modelos teóricos muldimensionais tem sido propostos, dentro da
Gerontologia Social, e analisam a relação entre as perdas e ganhos, na última fase
da vida. Esses modelos colocam que, apesar do envelhecimento continuar sendo
representado por meio de perdas, as pessoas idosas tem muitas capacidade de
reserva que ficam ser serem exploradas, que passam despercebidos e portanto não
valorizados. Baltes; Baltes (1990) trazem o “modelo do envelhecimento bem
sucedido” na qual destacam:
[...] o envelhecimento bem sucedido precisa de uma avaliação
sustentada em uma perspectiva multidimensional, na qual fatores
objetivos e subjetivos sejam considerados dentro de um contexto
cultural, que contém demandas específicas (p. 4).
Veloz; Schulze; Camargo (1999) argumentam que quando as
representações sociais da velhice e do velho em pessoas idosas forem sustentadas
no declínio terá conseqüências negativas não para pessoas que tem mais de 60
anos, mas também para aquelas que ainda não o idosos, pois as representações
sociais são reflexo dos grupos os quais as pessoas estão inseridas.
Para se entender as representações sociais da velhice e do velho, faz-se
necessário entender como essas pessoas representam saúde e doença, pois Debert
(1996) afirma que a idéia de que o idoso é associado à concepção social de doença
é enfatizado pela publicidade, que vende a imagem de que as imperfeições no corpo
não são normais e nem naturais, o que leva o ser humano ter a ânsia de evitar o
envelhecimento. O autor ainda traz que o bem estar da pessoa depende da boa
aparência e que durante o curso da vida surge a imagem de um crescente processo
de controle sobre o corpo. A perda progressiva desse controle e esta estigmatização
da velhice conduzem para que as pessoas percam o direito de serem reconhecidas
45
e valorizadas. As campanhas publicitárias reforçam essa cultura consumista que
permite que a juventude e beleza passem a refletir o estado de espírito do indivíduo.
Segundo Santos (2002) se a doença ocorre durante o envelhecimento
então a culpa desse “erro” poderá ser decorrente do próprio idoso ou da sociedade
que não lhe propiciou melhores condições de qualidade durante a vida. O
questionamento da associação realizada entre a velhice e a doença é algo que os
idosos precisam explicitar em suas discussões para que não se criem idéias
preconcebidas do significado social do envelhecer. A doença não ocorre durante o
envelhecimento como um castigo. É um fato que poderá em algum momento da
existência na vida de uma pessoa, ou seja, na infância, na vida adulta ou na velhice
ocorrer e, possivelmente, levar o indivíduo à morte
Para Bosi (1994) a velhice tem sido construída na sociedade industrial de
maneira maléfica “além de ser um destino do individuo, a velhice é uma categoria
social” (p.77). A sociedade passa a disseminar a idéia de que o idoso deve ser
respeitado, porém o elimina da convivência, construindo a idéia da inutilidade,
discriminado seus conselhos e limitando sua capacidade de decisão. Cria-se então
uma padronização nas faixas etárias para poder controlar melhor as ações dos
indivíduos. Ocorre o que Debert (1997 apud SANTOS, 2002) intitula de
institucionalização do curso da vida. Desta maneira o indivíduo tem uma definição
social do envelhecimento em todas as dimensões de sua vida, ou seja, na família, no
trabalho, no sistema educativo, no mercado de consumo e nas políticas públicas.
três condições, que são inter-relacionadas por Debert (1996), a
respeito do envelhecimento, que dão uma configuração específica à terceira idade e
às representações sobre o envelhecimento nas sociedades contemporâneas. A
primeira tem a ver com mudanças no aparelho produtivo, na qual houve uma
ampliação das camadas médias assalariadas e com novos padrões de
aposentadoria que englobam entre os aposentados um contingente mais jovem da
população, ou seja, a aposentadoria deixa de ser um marco para indicar a
passagem para a velhice, ou uma forma de garantir a subsistência daqueles, que
por causa da idade, não estão mais em condições de realizar um trabalho produtivo.
A segunda está relacionada ao fato dos aposentados não serem mais
46
considerados o setor mais desprivilegiado da sociedade, quer nos países de
capitalismo avançado, quer nos países como o Brasil, em desenvolvimento.
[...] tratar da velhice nas sociedades industrializadas era traçar um
quadro dramático da perda do status social dos velhos; a
industrialização teria destruído a segurança econômica e as relações
estreitas entre as gerações na família, que vigoravam nas
sociedades tradicionais. Desta perspectiva, a situação atual, em que
os idosos se transformam em peso para a falia e para o Estado,
opunha-se a uma Idade de Ouro, em que eles, dada a sua sabedoria
e experiência, eram membros respeitados na família e na
comunidade. O empobrecimento, a perda de papéis sociais e os
preconceitos marcariam a velhice nas sociedades modernas, que
abandonam os velhos a uma existência sem significado (p. 37).
A terceira se refere à transformação da velhice em um problema social,
colocando em jogo as diversas dimensões que deveriam acompanhar o avanço das
idades, como as iniciativas voltadas para promoção de bem estar, até
empreendimentos voltados para o cálculo dos custos financeiros que o
envelhecimento da população trará para a contabilidade nacional. Também se
relaciona com as concepções de auto preservação do corpo, mediante a adoção de
hábitos saudáveis (AGUIAR e NASCIMENTO, 2005).
A importância de pontuar a questão do envelhecimento populacional é
que a sociedade perceba que são pessoas pertencentes à fase do desenvolvimento
humano em que podem ser empreendidas várias experiências concernentes à
velhice, como a experiência, a responsabilidade, a assertividade, dentre outros,
assim como à inserção social do idoso no sentido de levá-lo a exercer o seu papel
de um agente ativo e atuante de forma dinâmica na estruturação da sociedade,
tirando o esteriótipo negativo de que é incapaz e inútil (ARAÚJO, 2004; ARAÚJO e
CARVALHO, 2004).
O pensamento elaborado pelos idosos então, sobre como se sentem
diante da velhice e da doença pode variar de acordo com o grupo cultural na qual
estão inseridos. Se a doença ocorre durante o envelhecimento, a responsabilidade
disto poderá ser decorrente do próprio idoso ou da sociedade que não lhe deu
condições de melhor qualidade de vida. O questionamento da associação entre a
velhice, a doença e a saúde é algo que os idosos precisam explicitar e se fazer
47
entender para que o se criem idéias pré-concebidas da representação social do
envelhecer.
2.4 ENVELHECIMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS
As mudanças na estrutura etária, que mais recentemente se expressam em
termos de um progressivo envelhecimento da população, introduzem questões e
desafios de maior relevância, posto que interferem tanto no volume total das
demandas por serviços públicos nas diversas áreas e por emprego quanto na
caracterização e na estrutura dessas demandas. Para usufruir a velhice é necessário
dispor de políticas públicas adequadas que possam garantir qualidade de vida aos
que atingem a terceira idade (NERI e CACHIONI, 1999)
No Brasil, a Política Nacional do Idoso (PNI), determinada pela lei orgânica da
saúde, lei 8.080/90 e a Lei 8.842/94, assegura os direitos sociais deste segmento
populacional e cria condições para promover sua autonomia, integração e
participação efetiva na sociedade. Enfocando assim, a promoção do envelhecimento
saudável, a manutenção e a melhoria ao máximo possível da capacidade funcional
dos idosos, a prevenção de doenças a recuperação da saúde daqueles que
adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua capacidade funcional
restringida (BRASIL, 2002).
Além da PNI foi criado também o Estatuto do Idoso para que fosse dado um
tratamento adequado ao idoso, garantindo através do estado: proteção a vida e a
saúde, permitindo um envelhecimento saudável e com dignidade, tornando crime a
discriminação contra idosos em qualquer circunstância. Outros ganhos com o
estatuto foi o fato do transporte passar a ser gratuito para pessoas acima de 65
anos, o governo como responsável em criar programas de profissionalização e
tamm programas sociais, dentro dos programas habitacionais. O ganho de 50%
de descontos em eventos culturais e lazer, além do acesso preferencial e ainda
novas regras para os planos de saúde para que os idosos possam ser melhor
beneficiados. Esses são alguns dos itens citados no Estatuto, que foi promulgado
48
específico para essa faixa etária, porque se tornaram notórios o progresso do
envelhecimento populacional no Brasil e as demandas geradas por esse fenômeno.
De acordo com Verderi (2003), temos que nos conscientizar de que exercitar
a cidadania é um processo permanente, e cada um deve ter consciência do seu
papel como cidadão, na prevenção de doença, promoção de saúde e na Política
Nacional, não esperando sempre somente que o poder público coloque em prática
projetos voltados para o idoso. Dentro desse contexto, está inserida a Educação
Física que por meio de seus profissionais pode ser direcionada para os idosos
priorizando o bem-estar dos mesmos, como também como uma ferramenta da
política pública para promover a saúde e prevenir as doenças. Para tal, faz-se
necessário a abordagem do envelhecer e a atividade física.
2.4.1 ENVELHECER E ATIVIDADE FÍSICA
Definir o envelhecimento suscita muitas discussões para os profissionais
que trabalham nessa área, existem teorias acerca do envelhecimento, mas não
um consenso sobre a definição desse processo. Alguns autores postulam suas
próprias definições que vão desde a simplicidade do acúmulo de diversas alterações
que aumentam o risco de morte (MATSUDO, 2001), ou uma série de processos que
ocorrem em organismos vivos e que com o passar do tempo levam a perda da
funcionalidade, adaptabilidade e eventualmente à morte (SPIRDUSO, 2004).
Weineck (1991) relata que os pesquisadores do esporte e da atividade física
consideram o envelhecimento como a soma das alterões biológicas, psicológicas
e sociais que levam a uma redução gradual das capacidades adaptativas e de
desempenho psicofísico da pessoa.
Matsudo (2001) revela que em um documento preparado para a OMS,
definiu o envelhecimento como um fenômeno altamente complexo e variável que é
comum a todos os membros de uma determinada espécie, é progressivo e envolve
mecanismos deletérios que afetam a capacidade de desempenhar um número de
funções. O autor aborda o envelhecimento sob um enfoque multidimensional e
multidirecional, que existe variabilidade nas mudanças em diferentes
49
características para cada pessoa.
O principal objetivo da atividade física para pessoas acima de 60 anos é o
retardamento do processo de envelhecimento, mantendo um estado suficientemente
saudável que possibilite uma vida com maior independência (SHEPARD, 1997;
MATSUDO, 2001; DIOGO; NERI; CACHIONI, 2004). Meirelles (1999) argumenta
que a conscientização de possíveis correlações entre a inatividade física e estados
patológicos levou uma maior procura por parte dos idosos por programas de
exercícios. Porém, a autora destaca que apenas os exercícios físicos não são
suficientes e devem fazer parte de um programa preventivo, adaptado aos motivos e
objetivos pessoais.
Cordeiro (2002), afirma que a capacidade funcional, em especial na dimensão
motora é um dos importantes marcadores de um envelhecimento bem sucedido e da
qualidade de vida dos idosos, na qual a perda dessa capacidade está associada à
predição de fragilidade, dependência, institucionalização, risco aumentado de
quedas e de morte e à problemas de mobilidade, trazendo complicações ao longo do
tempo, gerando cuidados de longa permanência e de alto custo
Viana (2006) destaca que am dos benefícios fisiológicos citados, a
atividade física é um importante instrumento na (re) construção da imagem corporal
de idosos, pois representa muitas vezes uma reintegração social, uma identificação
com um grupo de pessoas. Ao abordar essa imagem corporal dos idosos, Monteiro
(2003) argumenta que ela o sofre distorções porque essas pessoas estão velhas,
pois a imagem do corpo ajusta-se durante o processo de envelhecimento. Porém,
quando o corpo apresenta limitação do movimento, sua imagem corporal sofre
alterações. O autor relata ainda que não é a idade que traz essas alterações e sim a
maneira como a pessoa vivencia suas experiências, e que as mudanças na imagem
corporal estão muito mais associadas às mudanças na atividade, do que
propriamente no envelhecimento. Por isso, a atividade física tem papel significativo
nessa fase da vida, aumentando a autonomia do idoso, seu vigor, poder de decisão,
alegria e satisfação pessoal, além do comprometimento que a pessoa passa a ter
com a rotina que muitas vezes pode ser causa de adoecimento.
A partir dessas considerações surge a proposta deste trabalho que
50
buscou saber o que as pessoas que vivenciam esse processo de envelhecimento
têm a dizer, como se sentem em relação aos seus corpos, que representações
atribuem a saúde, a doença ao velho e à velhice.
51
3 OBJETIVOS
52
3.1 OBJETIVO GERAL
Identificar as representações sociais de saúde, doença, velho e velhice
para pessoas na terceira idade que são atendidas em uma Unidade Básica de
Saúde.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar as características sócio-demográficas dos idosos;
Conhecer os cuidados apontados pelos participantes e os fatores que
causam difilcudades para realizá-los, como tamm a relação das pessoas com a
imagem corporal e o nível de autonomia dos participantes;
Verificar se há diferença nas representações sociais entre os participantes
que fazem parte de um grupo de atividade física e os que não fazem parte deste
grupo.
53
4 TODO
54
O método utilizado neste estudo foi o qualitativo, que de acordo com Marques
et al. (2006), a pesquisa qualitativa caracteriza-se por permitir acesso a significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, sendo dessa forma,
predominantemente utilizada nas áreas das ciências sociais, principalmente em
estudo que abordam as representações sociais.
4.1 LOCAL
A pesquisa foi desenvolvida, na Unidade Básica de Saúde da Família
(UBSF) São Benedito, situada na rua do Seminário, quadra 1, lote 19, Portal do
Gramado, no município de Campo Grande.
As atividades desenvolvidas na Unidade Básica de Saúde da Família tem
por objetivo a melhora qualitativa da pessoa e se insere no nível da atenção básica,
buscando promover a qualidade de vida e o bem-estar individual e coletivo por meio
de ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, incentivando
tamm a participação comunitária. A UBSF conta com o Programa de Saúde da
Família (PSF), que é voltado não apenas para a atenção pontual, mas tamm para
as condições de vida da população, tendo em vista a amplitude do conceito de
saúde.
quatro anos, a UBSF São Benedito, criou um grupo da terceira idade
com o objetivo de controle de Hipertensão Arterial Sistêmica, e resolveu expandir
para todos os idosos que quisessem participar devido a procura dos mesmos pelo
trabalho. O grupo se reúne três vezes na semana: segundas, terças e quintas, das
14:00 as 16:00, nas segundas feiras realizam trabalhos manuais e as terças e
quintas fazem atividades físicas. A equipe que atende os idosos é multiprofissional,
sendo que quem coordena as atividades é um profissional de Educação Física e
essas são permeadas por práticas corporais envolvendo a ludicidade e promoção da
interação entre os idosos e alguns membros da UBSF, pois as terças e quintas feiras
a unidade suspendeu o atendimento para acolher o grupo devido ao espaço
geográfico da unidade e a proposta de interagir com os participantes.
55
4.2 PARTICIPANTES
Participaram desta pesquisa 20 pessoas de ambos os sexos, com mais
de 60 anos, na qual 10 faziam parte do grupo de atividade física da terceira idade
incluso no Programa de Saúde da Família da UBS e 10 que não faziam parte deste
grupo mas eram atendidos pela UBS.
4.3 INSTRUMENTOS
Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos:
Entrevista estruturada (Apêndice A), realizada de maneira individual cujo
roteiro foi elaborado pela autora com base em entrevistas de outros estudos
publicados. A entrevista aprententou perguntas fechadas, primeiramente abordando
dados socio demográficos (idade, sexo, estado civil, grau de escolaridade, papel na
estrutura familiar, renda familiar e mero de dependentes), tais dados são
importantes, pois a partir deles, pode-se definir o grupo estudado e compreender
sua localização dentro da teoria das representações sociais. A segunda parte foi
composta por questões abertas sobre representação social da saúde e da doença,
da velhice, do ser velho e do estilo de vida, sendo necessário em algumas perguntas
acrescentar o termo “para você”, remetendo para ele a resposta, para evitar que os
participantes apresentassem conceitos prontos como o da OMS, por exemplo.
Auto Avaliação da Imagem Corporal (Anexo 1) na qual, por meio das
Figuras de Sorensen e Stunkard (1993 apud MATSUDO, 2005), os participantes
assinalam a figura com que se parecem atualmente e com qual gostariam de ser. Os
problemas que as pessoas vivenciam como doenças, restrições de movimento e
influência de esteriótipos podem influenciar no nível de satisfação com a imagem
corporal. Essa escala não foi utilizada com o intuito de obter dados diagnósticos ou
terapêuticos e sim de relacionar com as representações sociais.
Avaliação das Atividades da Vida Diária Questionário de avaliação das
atividades da vida diária (Ramos et al. 1993), (Anexo 2), que irá identificar o nível de
autonomia funcional, quanto menor a pontuação maior o nível de autonomia para
realizar suas atividades da vida diária. Para Veloz, Schulze e Camargo (1999),
56
muitas sociendades atribuem valores relacionados com a competividade para seus
grupos, valorizando a independencia e a autonomia funcional, porém muitas dessas
crenças e valores nem sempre podem ser acompanhados pelos idosos, quando se
considera algumas mudanças e perdas associadas à velhice. Conhecer o nível de
autonomia funcional se torna importante para identificar a representação social, pois
as crenças são construídas como representações sociais.
4.4 PROCEDIMENTOS E ASPECTOS ÉTICOS
Inicialmente, a pesquisadora entrou em contato com a responsável pela
Unidade Básica de Saúde, para apresentar e explicar a sua pesquisa. Em seguida,
foi realizada uma reunião na Secretária de Assistência Social (SAS) para
apresentação do Projeto de Pesquisa e assinatura da Folha de Rosto, para que o
mesmo fosse autorizado e o projeto encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) para análise. Após o projeto ter
sido aprovado sem restrições pelo CEP/UCDB (Anexo 3), foi apresentada a proposta
da pesquisa para os idosos adscritos na região e cadastrados no Programa de
Saúde da Família. Em seguida a aceitação voluntária de participar na pesquisa, o
participante assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B) de
acordo com a Resolução 196/96 do CONEP.
A pesquisa foi realizada com dois grupos de idosos distintos. Primeiro,
foram entrevistados os idosos que participam do Grupo de Atividade Física da
UBSF. Em seguida, os participantes realizaram a Avaliação das Atividades da Vida
Diária e as auto-avaliações da imagem corporal propostas por Sorensen e Stunkard
(199?). No segundo momento, os idosos atendidos pela UBSF e que o fazem
parte do grupo, foram entrevistados com o mesmo procedimento.
Durante todo o tempo da pesquisa, foram realizadas observações e
anotações referentes a comentários, queixas, para servir de apoio na análise dos
relatos. As entrevistas foram gravadas com a prévia autorização dos participantes.
57
4.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE
A análise dos dados se iniciou a partir das entrevistas, que foram
transcritas na íntegra, e em seguida foi realizado um agrupamento das respostas
dos participantes para cada pergunta, e posteriormente, uma leitura minuciosa a fim
de destacar temas que sintetizassem o conteúdo dos relatos produzidos pelos
idosos. Os temas foram apresentados como categorias de respostas, e foram
organizados levando-se em consideração elementos de análise próprios da teoria
das representações sociais tais como informações, crenças, valores, opiniões,
elementos culturais (JODELET, 2001). As categorias de respostas foram
organizadas em tabelas, para uma melhor visualização dos dados, assim como foi
feito com os dados sócio-demográficos.
Para análise da satisfação corporal foram comparados como os
participantes se vêem e como gostariam de ser, a fim de identificar o nível de
satisfação com a imagem corporal. Sua organização foi realizada em forma de
quadro. Na avaliação da autonomia funcional, foi aplicado um teste com 15
atividades da vida diária e eles relataram se havia ou não dificuldade para realizá-
las. E posteriormente verificado o nível de comprometimento funcional de acordo
com a pontuação obtida, sendo quanto maior a pontuação maior o nível de
comprometimento, os dados também foram organizados em tabela. Tanto a
identificação da satisfação corporal quanto o nível de comprometimento funcional
serviram de apoio na identificação das representações sociais construídas pelos
idosos.
58
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
59
Neste capítulo, serão apresentados os resultados obtidos com a análise dos
dados e a discussão dos mesmos. Inicialmente, será apresentado o perfil sócio-
demográfico dos participantes, seguido das representações sociais de saúde e
doença relatados pelos participantes, a representação social do velho e da velhice,
os conhecimentos sobre as doenças que os participantes têm, assim como os
cuidados com a própria saúde, a satisfação corporal e o nível de comprometimento
das Atividades da Vida Diária (AVDs). Para os que participaram do grupo de
atividade física, foi apresentado o que pensam sobre o atendimento que recebem e
os efeitos de participarem do programa de exercícios. Os participantes que fazem
parte do grupo são representados pelas letras PG seguido de um número e os que
não participam pelas letras NPG tamm seguidos de número.
5.1 PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DOS PARTICIPANTES
O propósito deste estudo foi de identificar a representação social da saúde,
doença, velho e velhice, assim como a satisfação com a imagem corporal e o nível
de comprometimento nas Atividades da Vida Diária (AVD‟s), com o intuito de auxiliar
o trabalho de promoção de saúde e prevenção de doenças.
Os resultados revelam que houve uma maior participação das mulheres na
presente pesquisa (75%), tanto nos participantes que freqüentam o grupo, quanto
naqueles que procuram o atendimento da UBSF e não fazem parte do grupo. Esse
dado está de acordo com a literatura que aponta as mulheres procurando com maior
freqüência os cuidados com a saúde. Noblat et al (2004), em seu estudo, relataram
que as mulheres m maior conscientização para os cuidados com a doença e, por
isso aderem mais aos tratamentos quando comparadas aos homens. Para Romero
(2007), 54% das mulheres com mais de 60 anos praticam atividade física, enquanto
esse índice para os homens é de 46%. Dados do IBGE (2000) apontam ainda o que
os autores chamam de feminização da velhice, 55% dos idosos brasileiros são
mulheres e este número aumenta em populões mais idosas.
Na Tabela 1, observamos que em relação a idade dos participantes a média
geral foi de 69,4 anos sendo a média para aqueles que frequentam o grupo de
60
atividade física de 68,4 anos e os que não freqüentam o grupo foi de 70,8 anos,
sendo as que não freqüentam um pouco mais velhas do que as que frequentam.
Tabela 1 Perfil sócio-demográfico dos participantes da pesquisa
Partici-
Pante
Idade
Sexo
Estado
Civil
Escola-
ridade
Ocupação
Papel na
estrutura
Familiar
Renda
Familiar
N
o
de
pessoa
s com
quem
mora
PG1
66
Masc.
C
EFC
Aposentado
Esposo
+ de 1 SM
1
PG2
64
Fem.
C
EFC
Aposentado
Esposa
+ de 3 SM
1
PG3
68
Masc.
D
EFI
Aposentado
Pai
+ de 2 SM
3
PG4
68
Fem.
V
EFI
Pensionista
Mãe
2 SM
2
PG5
67
Fem.
V
AF
Pensionista
Avó
1 SM
0
PG6
66
Fem.
C
EFI
Aposentado
Mãe
2 SM
2
PG7
73
Fem.
V
AF
Pensionista
Avó
1 SM
0
PG8
77
Fem.
V
EMC
Pensionista
Avó
+ de 1 SM
3
PG9
60
Fem.
S
EFI
Do lar
Avó
+ de 1 SM
2
PG10
75
Masc.
C
EFI
Aposentado
Esposo
2 SM
3
NPG1
61
Fem.
V
AF
Pensionista
Avó
+ de 1 SM
2
NPG2
62
Fem.
C
EMC
Costureira
Avó
1 SM
1
NPG3
73
Fem.
V
AF
Pensionista
Avó
1 SM
0
NPG4
74
Fem.
V
EFI
Aposentado
Avó
1 SM
0
NPG5
64
Fem.
S
EFI
Costureira
Avó
1 SM
0
NPG6
76
Fem.
V
EFI
Aposentado
Avó
1 SM
2
NPG7
60
Fem.
C
MAG
Cozinheira
Esposa
+ de 2 SM
2
NPG8
76
Fem.
V
EFI
Pensionista
Avó
+ de 3 SM
1
NPG9
87
Masc.
V
AF
Aposentado
Pai
1 SM
1
NPG10
75
Masc.
C
AF
Artesão
Avô
2 SM
1
Legenda: masculino (Masc.), feminino (Fem.), Casado (C), Solteiro (S), Vvo (V), Divorciado (D),
Analfabeto Funcional (AF), Ensino Fundamental Incompleto (EFI), Ensino Fundamento Completo
(EFC), Ensino Médio Incompleto (EMI), Ensino Médio Completo (EMC), Magistério (MAG), Salário
Mínimo (SM).
Podemos observar tamm nesta pesquisa que o estado civil dos
participantes é na maioria viúvo (50%), seguido por casado (35%), solteiro (10%) e
divorciado (5%).
61
Em relação ao nível de escolaridade, destaca-se o alto número de pessoas na
categoria analfabeto funcional (30%), denominados assim por saberem apenas
assinarem o nome, principalmente no grupo de pessoas que não fazem parte do
grupo de atividade física, a maioria dos entrevistados tem o ensino fundamental
incompleto. Simonetti, Batista e Carvalho (2002), em seu estudo com pessoas com
hipertensão, observaram que cerca de 60% das pessoas entrevistadas não tinham
concluído o ensino fundamental e cerca de 11% não eram alfabetizados. Os
resultados revelaram que quanto maior o nível de instrução educacional havia uma
tendência para queda na média da pressão arterial. Com isso sugeriram que há uma
influência da ocupação e de características de ordem social como fator de
vulnerabilidade.
O baixo nível de escolaridade encontrado nesta pesquisa informa quanto ao
provável nível de compreensão dessa população, pela impossibilidade de
entendimento de certas ferramentas que a mídia utiliza para divulgação de cuidados
e alertas em relação à promoção de saúde. É importante notar a necessidade de
uma abordagem direcionada a essa população, sendo efetiva e de claro
entendimento de acordo com as limitações que possam surgir devido ao baixo nível
de escolaridade.
A maioria dos entrevistados é de aposentados (40%) ou pensionistas (35%) e
a renda familiar predominante ficou em um salário mínimo, e o seu valor, no período
da pesquisa era R$ 465,00 (quatrocentos e sessenta e cinco reais), observou-se que
a renda familiar das pessoas que não participam do grupo de atividade física é maior
do que as que participam. Contudo, o mero de habitantes na mesma casa do
participante é maior entre as pessoas que freqüentam o grupo. Isso pode evidenciar
pouca diferença em relação à renda entre os dois grupos.
5.2 IDENTIFICAÇÃO DOS RELATOS
Serão apresentados os relatos produzidos durante as entrevistas. Percebe-se
que o número de respostas, na maioria das vezes, não equivale ao número de
participantes, pois de modo geral, cada um deles relatou mais de uma resposta.
62
Essas foram agrupadas e apresentadas em forma de tabelas contendo as categorias
que representam as respostas de forma mais concisa como tamm a freqüência
com que foram relatadas. Os títulos da tabelas foram as próprias perguntas feitas
aos participantes, ou o tema sobre o qual a pergunta se referia. As falas que
apareceram de forma isolada foram agrupadas na categoria Outros. Nas questões a
respeito de saúde, doença, velho e velhice, foi utilizado de modo que remetia ao
participante, como por exemplo, o que é saúde para você. A partir dos relatos,
realizou-se uma classificação das respostadas dadas, de modo a organizá-las
conforme o aspecto ao qual se relacionavam.
5.2.1 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE SAÚDE
As representações sociais são teorias empregadas para analisar como se
formam os conhecimentos, a partir do senso comum. Para identificar as
representações sociais de saúde, de pessoas acima de 60 anos que são atendidas
pela UBS São Benedito, a seguinte pergunta foi realizada: “O que é saúde para
você?”. As falas dos participantes foram agrupadas em categorias, as quais foram
identificadas e extraídas dos relatos dos participantes como mostra a Tabela 2.
Tabela 2 O que é saúde para você?
Categorias
N
%
Aspectos subjetivos
8
26,67
Tudo
7
23,33
Não sentir dor
5
16,67
Outros
5
16,67
Não ficar doente
3
10,00
Condições de trabalho
2
6,67
Total
30
100
Obs.: A categoria Outros agrupa falas que foram pouco mencionadas nas entrevistas, por exemplo:
poder sair de casa, passear.
Os relatos mostraram que para a maioria dos participantes a saúde está
63
relacionada com aspectos subjetivos como estar em paz, se divertir, estar de bom
humor tanto para quem freqüenta o grupo de atividade física como para quem o
freqüenta. Podemos identificar nos seguintes relatos
Saúde é andar bem, comer bem e passear . Divertir um pouco
com os amigos. (PG1)
Eu acho que saúde é a gente primeiramente em paz com a
gente „memo‟. sempre de bom humor né... acho que, pessoa
dizê‟: eu sadio, mas viver sempre agitado,... eu acho que não
bem sadio não né. E, também „podê‟ „fazê „arguma‟ coisa‟,‟... saí
pro exemplo, se for preciso sair, „i‟ em argum‟ lugar também, a gente
podê‟ „i‟ argum‟ dia não vai bem tranqüilo não, mas pra „i‟.
(PG3)
Os participantes demonstraram perceber a saúde a partir de aspectos
subjetivos como estar em paz, viver bem, estar alegre. Apontaram tamm para as
relações como aspecto importante para se definir saúde e estabelecer que se tem
saúde. Foi citada a relação com os filhos, netos e poder se divertir com os amigos. O
fato dos aspectos subjetivos apresentarem maior destaque entre as categorias de
respostas mostra a importância dada aos participantes não apenas para os aspectos
físicos como também à subjetividade. Isso pode significar uma transição do modelo
biomédico para o biopsicossocial, caracteriza um avanço nas formas pelas quais os
idosos dão sentido ao processo saúde-doença (STROEBE; STROEBE, 1995). Se
considerarmos o fato de que as pessoas agregam de forma gradativa as práticas da
comunidade, as representações sociais podem indicar uma mudança no modelo
adotado pela sociedade.
Pode-se observar nos relatos que os idosos que participaram desse estudo,
assim o grupo o qual estão inseridos, pois consideramos que as RS estão situadas
na relação entre o individual e o social, atribuem critérios de valor para representar
saúde.
Cerca de 23% (n=7) das falas apresentava a saúde como “Tudo” tanto para
aqueles que freqüentam o grupo quanto para aqueles que não frequentam. Como
64
podemos verificar nas falas.
Ter saúde é tudo que o ser humano precisa. (PG10)
É tudo. por que a gente sem saúde „num‟ tem nada né. Então pra
mim a saúde é tudo na, na vida. (NPG10)
Lima (2005) destaca que o convívio diário com a doença crônica leva a uma
maior valorização da saúde, principalmente em função da preocupação com as
possibilidades de agravo. Serpa (2007), ao abordar a representação social de saúde
e doença para portadores de hipertensão arterial e diabetes, obteve como resultado,
alguns participantes que relataram saúde como maior riqueza da vida”, tanto para
aqueles que participavam do grupo de apoio, como para os que não participavam.
Dados semelhantes ao desta pesquisa, que atribuem também critérios de valor e um
sentido de plenitude.
Outros aspectos também foram atribuídos para saúde como o fato de não
sentir dor, obtendo 16,67% dos percentuais das representações sociais, muitas
vezes baseado em informações, como mostra os relatos:
A saúde pra mim eu acho assim a gente não sentindo nada.
numa boa. como „dize‟ num tem „pobrema‟ nenhum. Não tá
sentindo dor de cabeça, dor nas perna, então... Dor no corpo. Essa
eu acho que... A pressão normal. Essa e acho que é a saúde pra
pessoa (PG7)
Sabe saúde eu acho que é a gente „vivê‟ bem. „Deitá‟ e „levantá‟ sem
senti dor, sem senti nada né... (PG4)
Merino e Marcon (2007), ao investigarem as concepções de saúde,
observaram que tanto por parte dos homens quanto das mulheres, prevaleceu a
idéia de que ser saudável está relacionado à ausência de sintomas. Esta visão de
65
que saúde é ausência de sintomas dificulta o tratamento de doenças assintomáticas,
como a hipertensão arterial, que é a doença que prevalesce nas pessoas deste
estudo.
Pode-se observar que os participantes desse estudo relacionaram saúde à
aspectos subjetivos, o que nos remete ao modelo biopsicossocial de atenção à
saúde, no entanto os idosos também apresentam representações sociais de saúde
relacionadas ao fato de não sentir dor, nos levando ao modelo biomédico, o pode
indicar que apesar de novas tenncias aparecerem nos relatos dos participantes,
permanece ainda as representações sociais de saúde com caráter reducionista que
devem ser incrementadas ao objetivarmos a promoção de saúde e prevenção de
doenças.
A saúde de ser percebida tamm pelos participantes como ausência de
doenças, identificado em 10% dos relatos, novamente atribuindo critérios de
informação. Pois muitas vezes podemos observar até mesmo na própria Unidade
Básica de Saúde, cartazes e informativos que abordam as doenças a partir de seus
sinais e sintomas. Seguem abaixo alguns relatos que caracterizam a saúde como
ausência de doenças.
É não ter problema de saúde, não ter doença nenhuma. Pra mim é
isso (NPG7)
Não ficar doente...Porque se eu ficar doente eu fico mais
incomodada. Eu fico com medo de eu fica... prejudica mais, ficando
mais doente eu „morrê‟ e deixa meus filhos (PG5)
A saúde definida como ausência de doenças ou sintomas, como abordado
anteriormente, é considerada uma definição simplista e potencialmente perigosa se
considerarmos doenças de cunho inicial assintomático, pois pode indicar que não há
necessidade de adoção de medidas de prevenção, e a tendência é não aderir ao
tratamento. Além disso, é importante salientar a necessidade de se considerar
outros elementos relacionados à saúde, tais como a distribuição de água tratada, a
rede de esgoto, a coleta seletiva do lixo e sua reciclagem, entre outros.
66
Nas categorias, observa-se que a saúde foi representada como condições de
trabalho, tanto para quem freqüenta o grupo de atividade de física, quanto para
quem o freqüenta, aparecendo 6,67% das falas. Isso pode demonstrar a
preocupação com o corpo enquanto instrumento de trabalho, atribuindo juízo de
valor para essa representação social. Os relatos a seguir demonstram a RS de
saúde como condições de trabalho.
[...] O que que a gente faz sem saúde? Se eu tivesse saúde eu
estava trabalhando numa firma, registrada, chegando de tarde,
chegando final do mês „recebê‟ meu dinheirinho. É coisa boa! Tem
muita gente que reclama por que que trabalha. Reclama de barriga
cheia. Por que é mal agradecido. Tem saúde pra trabalha e ganha o
seu próprio dinheiro. Se eu tivesse minha saúde... Nossa! Eu criei
cinco filhos trabalhando (PG9)
É tudo né. Sem saúde não consigo trabalhar (NPG2)
Observa-se a construção da representação social de saúde a partir de
aspectos funcionais. Para Bercini e Tomanik (2002), em seu estudo com mulheres
de pescadores em Porto Rico, Paraná, algumas associaram a saúde como
capacidade de trabalho. O corpo do individuo é representado como instrumento para
o trabalho e quando este não pode mais desempenhar as atividades rotineiras
considera que a doença está instalada, ocorrendo principalmente em pessoas de
menor poder aquisitivo, envolvendo a integração à sociedade através do
cumprimento das tarefas atendidas (QUEIROZ, 1993). Neste modo de representar a
saúde estão envolvidos elementos de valor e culturais
As abordagens sobre as representações sociais de saúde foram semelhantes
para as pessoas que freqüentam o grupo de atividade física e para as que não
freqüentam. A resposta mais comum em ambos os grupos foi a percepção de saúde
por meio de aspectos subjetivos e relacionado à tudo na vida, o que nos remetem à
juízos de valor, o que pode ser justificado pela convivência desses participantes com
restrições e preocupações decorrentes de doenças crônicas, o que os leva a
valorizar a saúde.
67
5.2.2 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE DOENÇA
Na presente pesquisa, procurou-se identificar as representações sociais de
doença para os participantes, através da pergunta: “O que é doença para você?”. Ao
considerarmos as falas, foi possível identificar que a percepção da doença esteve
relacionada à sintomas físicos, incapacidade de trabalho/ restrição de atividade, algo
triste, péssimo e falta de cuidados, como nos mostra a Tabela 3.
Tabela 3 O que é doença para você?
Categorias
N
%
Sintomas físicos
6
20,00
Outros
9
30,00
Incapacidade de trabalho/ Restrição de
atividades
5
16,67
Algo triste
5
16,67
Péssimo
3
10,00
Falta de cuidado
2
6,67
Total
30
100
Obs.: A categoria Outros agrupa outras falas que foram pouco mencionadas nas entrevistas, por
exemplo: sofrimento, coisa que não devia existir, medo da morte, coisa que coloca na cabeça, fazer
extravagância.
Entre as representações sociais construídas pelos participantes, em relação
ao o que é doença, os sintomas sicos aparecem em 20% das falas dos
entrevistados. Entre os sintomas mencionados, os mais citados foram dor no corpo,
na cabeça e na coluna. Alguns relatos abaixo apresentam tais descrições:
Doença é dor que a gente fica sentindo né. Doraiada‟ no corpo
demais. Eu tenho essas dor assim óh mostra onde i- fala que
num é coluna, faz os lugar não tem nada, no exame diz que não dá
nada e eu então num sei. (NPG1)
A doença é quando a gente sente argum, argum mal sobre o
68
corpo. Pois é. (NPG6)
Doença?[...]. Você levanta com mal estar. Você levanta com dor
no corpo, dor de cabeça né. Eu penso assim. Doença é tudo que
não presta. (NPG7)
Esta situação predominou nos participantes que não fazem parte do grupo de
atividade física. Para Ferreira (1995 apud CANESQUI, 2003), o significado de
doença se por meio do conjunto de sensações desagradáveis e sintomas, como
cansaço, fraqueza, dor, mal estar, sono, febre, entre outros, sendo o corpo
veiculador de mensagens sobre a doença. Esse modo de perceber a doença
tamm tem relação direta com o que afirmam Adam e Herzlich (2001). Segundo os
autores, a doença para as classes sociais de menor renda, localiza-se no corpo e é
descrita através da utilização de categorias concretas e sensações corporais. As
informações provenientes do corpo, como a percepção dos sintomas, são
organizadas em sistemas dotados de sentido e constrói a representação social de
doença. A doença vai além dos limites das sensações corporais, engloba as
impressões sensíveis do corpo e o sentido dado a elas.
Isto demonstra um fato preocupante, pois prejudica o trabalho de prevenção
de doenças. As doenças assintomáticas, como as doenças crônico-degenerativas,
que mais acometem os participantes, requerem cuidados diários e de maneira
preventiva, se as pessoas entendem que só estão doentes quando sentem algo, não
adotam os comportamentos que previnem o agravo das doenças. Esse fato tamm
tem sido abordado como o responsável pela busca por tratamento apenas quando
essas doenças estão em estágios mais avançados, e, portanto, apresentando
sintomas.
A doença tamm foi relacionada à incapacidade de trabalho e restrição das
atividades pelos participantes de forma igualitária para os grupos, aparecendo em
quase 17% das falas, como podemos observar no relato.
69
Iche‟. Doença é uma pessoa inválida que num, num pode trabalhar,
que não pode andá‟, eu acho. Meu marido ta quase assim, ele
num „guenta‟ „andá‟. (NP2)
Essa forma de perceber a doença expressa a importância do uso social do
corpo como meio de existência, assim como a saúde é entendida por algumas
pessoas como capacidade para trabalho. Graeff (2002) em seu estudo sobre as
representações sociais da aposentadoria relatou que alguns entrevistados
perceberam sua identidade correlacionada com seu status de trabalhador.
Schmidt e Fröhling (2000 apud COLUSSI, 2009) mencionam o uso das
polaridades, nas quais as pessoas podem dicotomizar a saúde e a doea, podendo
defini-las a partir de termos opostos tais como estar bem, estar mal. No caso desta
pesquisa podemos observar que os idosos definem saúde como condições de
trabalho e doença como incapacidade de trabalho.
Para os participantes, a capacidade de poder realizar suas atividades diárias
misturam-se elementos de valor e culturais, a doença então passa a ser vista como
algo que impede essa realização. O fato de relacionar a doença com a incapacidade
de trabalho, ocorre segundo Oliveira e Bastos (2000), predominantemente nas
classes de menor renda, pois dificulta o trabalho que é o sustento da família. Adam e
Herzilich (2001) ratificam argumentando que o corpo, para as pessoas das camadas
populares é instrumento de trabalho e a ameaça a esta função é o que determina o
conceito de saúde e doença.
Alves (1993) destaca que as pessoas se consideram doentes quando
percebem sensações físicas ou psíquicas de mal-estar. Pode-se observar na Tabela
3, que 16,67% das repostas dos participantes, sendo a maioria que freqüenta o
grupo de exercícios, a doença foi relacionada à algo triste. Podemos perceber isso
nas falas a seguir.
Doença é uma coisa triste na vida da gente, né. (PG1)
Ah doença é... Doença é doença minha... Doença a gente „ficá‟ às
70
veiz‟ triste, aborrecido... (NPG8)
Nota-se que diferentemente das representações que foram mais
frequentemente mencionadas na questão referente à saúde, nas quais os aspectos
subjetivos foram privilegiados, em relão à doença, os participantes quando
representam a doença mencionam os aspectos subjetivos como “algo triste” após
considerarem os sintomas físicos e a incapacidade para o trabalho.
A representação social de saúde foi construída mediante juízo de valor e
opinião. Vala (2004) argumenta a respeito do processo de objetivação, que é o meio
pelo os quais os elementos que formam uma representação social se organizam e
passam a expressar uma realidade, que pode se dar pela construção seletiva, tendo
alguns elementos reduzidos e outros acentuados na composição da representação
social. O que pode ser notado nesta pesquisa, na qual os aspectos subjetivos
aparecem mais acentuados quando se refere à saúde e reduzidos quando referidos
à doença.
Em 10% dos relatos dos participantes que não fazem parte do grupo de
atividade física, entendem a doença como algo “péssimo”, o que leva a uma
abordagem mais ampla e demonstra o quanto o estado de enfermidade atinge vários
níveis da vida de uma pessoa. Como mostram os relatos.
Doença é péssimo (NP3)
Nossa, doença é péssimo! Não gosto. Eu odeio doença. (risos)
Doença não presta, não é nada. Isso ai é de coisa ruim. (NPG5)
Os participantes percebem a doença através da manifestação de uma
opinião, assim como representaram saúde como Tudo, como plenutide, trazem aqui
a doença como Péssimo, na qual observa-se aqui novamente o uso de polaridades,
por meio da expressão “não é nada” mencionado por um participante.
Aproximadamente 7% dos relatos, dados por participantes do grupo de
71
atividade física, a doença faz parte de um contexto mais amplo, acontece por falta
de cuidado da pessoa, dando um enfoque para a prevenção.
Doença não cuidar assim, fazer „extravagânca né, „bebe‟ bebida
alcoólica, comer demais... Comer as coisas engordurada, muita
fritura né. (PG6)
Essa construção da representação de doença está relacionada a elementos
de informação. O fato de sensibilizar as pessoas de que elas são responsáveis pela
sua saúde é algo importante para o tratamento. Cardoso (2002) argumenta que é
fundamental que as informações sejam difundidas para ampliação do auto-
conhecimento e a responsabilidade do paciente para consigo mesmo e com seu
tratamento. A necessidade de cuidar de si mesmo pode favorecer melhores
condições de vida, porem não é o único aspecto que deve ser levado em conta,
devem ser considerados também os aspectos sociais e econômicos da população
atendida para que as políticas públicas de saúde sejam desenvolvidas na busca de
ampliar os cuidados com a saúde.
Este fato nos mostra a importância de estar ampliando as atividades das
pessoas atendidas na UBS, trabalhando além das atividades físicas, metodologias
participativas como as rodas de conversa, com intuito de discutir os comportamentos
preventivos. Scliar (2002) cita o processo educativo em saúde, que se
inicialmente por meio de informação para em última instância se formar
representações sociais que possibiltem a adesão aos programas propostos.
5.3 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO VELHO
Serão destacadas as representações sociais sobre o que os participantes
entendem sobre o velho. Entender como o velho é percebido e representado
oportuniza a compreensão de comportamentos e sentimentos para com estes, seja
pela sociedade ou pelos próprios velhos.
72
Tabela 4 O que é ser velho para você?
Categorias
N
%
Não tem velho/ As pessoas não ficam
velhas/ Quem se sente velho
10
47,49
Idade Avançada/ algo inevitável
6
26,08
Incapaz
5
21,74
Algo bom
2
8,69
Total
23
100
Aproximadamente 48% das representações sociais dos participantes são que
não tem velho, que as pessoas o ficam velhas, é quem se sente velho, como
tamm ao falarem que não existe velho foi associado à algo usado que não presta,
como um objeto, e usaram expressões como um “vestido velho” ou um objeto, como
nos mostram os relatos:
Velho, velho eu acho que não tem velho não viu. Não tem velho na
idade não. (PG1)
Ah o tem, não existe velho. Não existe velho. Velho pra mim não
existe. Eu tenho 64 anos eu não sou velha não. Eu não me
considero como velha. (NPG5)
Ser velho? Ah... É ser, ser pobre de espírito. Porque não tem velho.
(PG2)
Velho é quem se sente velho. Eu não me sinto velha. Eu me sinto
jovem. Que a minha filha mais velha... mais nova do que eu e ela é
mais velha do que eu. (NPG2)
[...] eu sei é um carçado‟ que tá, que num presta, que jogou fora..., é
roupa velha.” (PG6)
73
A representação de velho delineada pelos participantes por meio de juízo de
valor e elementos culturais, de acordo com Veloz; Schulze; Camargo (1999) tem
uma versão utilitarista, a vida desgasta-se como um objeto. Neri (1993) destaca que
o desconhecimento do que significa ser velho induz a práticas com foco ideológico,
contribuindo para a manutenção e propagação de mitos e estereótipos negativos
acerca do velho e da velhice. Ë provável que a imagem negativa que surgiu nesta
pesquisa sobre o velho foi construída por meio do que a autora menciona e as
relações interpessoais experimentadas. Neri e Freire (2000), afirmam que é comum
encontrar nos discursos dos velhos as expressões como “velho não existe”, podendo
significar uma autodefesa para amenizar o desconforto psicossocial causado pela
sua inclusão no grupo.
para Leite (2004), o fato de expressar que “não tem velho” está
relacionado com a condição das pessoas se sentirem capazes de contribuir
participando do contexto familiar, pois a autora relaciona esse contexto à trama de
relações estabelecidas, disposição para o trabalho, história da família na memória e
os projetos de vida realizados. Essa visão abordada pela autora traz os aspectos
positivos dessa categoria.
O velho também foi representado por uma pessoa com idade avançada, algo
que é inevitável, aparecendo em 26,08% dos relatos
Bom io‟ ele é assim... Porque a pessoa é de idade avançada.
(NPG1)
“Velho é... Velho é a vida. Chega o dia de ser velho né. Aí... Pra mim
que é isso acho. Tem... Nóis‟ tem que chega o dia de se não morre
nova tem né... Vai ficá velha né.” (NPG8)
Ser „veio‟ é uma pessoa de idade né. (NPG9)
Ao representar o velho com uma pessoa de idade avaada percebe-se que
participantes utilizam elementos culturais e de informação, pois é concepção
74
simples. Arruda (2007) menciona que sobre as questoes da idade e da
nomenclatura, antropólogos demonstram existir uma enorme variedade de
denominações utilizadas por sociedades distantes para identificar pessoas com
idades variadas.
A palavra velho tamm foi relacionada à uma pessoa incapaz, que não
aguenta mais fazer as mesmas coisas, que trabalhou muito. Como podemos
obervar nos relatos:
Eu acho que ser velho e não mais a, a, a, é acompanhando as
atividade que vo fazia antes. É isso. Pra mim é isso.
cansado.” (NPG7)
Ah, o velho eu acho que ele envelhece.... A pessoa não „guentô‟
andá‟, „sentô‟ ou „deitô‟ ele tem que se conformado que ele é velho
né. (PG4)
É o velho que cansado que não pode „fazê‟ nada. Que já tá esgotado
da vida. (NPG4)
As representações sociais do velho como alguém que não agüenta mais fazer
as mesmas coisas, uma pessoa incapaz que trabalhou muito contém elementos
culturais e de valor, devido ao fato de que a aposentaria é um direito para as
pessoas, os homens com mais de 65 anos e para as mulheres acima de 60 anos,
como tamm o fato de considerarem o corpo como meio de produzir o sustento.
Esta representação social pode estar atrelada as construções das representações
de saúde e doença, nas quais os entrevistados colocam a saúde como capacidade
de trabalhar e a doença como restrição dessas atividades. Para Veloz, Schulze e
Camargo (1999) essa representação social do velho considera o corpo como uma
máquina que quando velha, incomoda e atrapalha os outros pelos efeitos da idade e
possíveis doenças.
Pode ser delineada também por informações, pois desde que a vida foi
periodizada baseada em premissas biológicas, estimagtizando a velhice como um
75
período de decadência e perdas faz com que as representações sociais acerca do
velho sejam construídas por informações que circulam na sociedade e já estão
inseridas. Essas informações vêm por meio da veiculação de pesquisas que indicam
que os velhos apresentam mais problemas de saúde que a população geral,
veiculadas por diversos canais de informões, não no meio cientifico (LOPES e
PARK, 2007)
A atividade na velhice, para Coury (1993), tem uma importante associação
com a satisfação na vida. Aspectos positivos como a manutenção da auto-estima,
devido, em parte, à sensação de pertencer a um grupo social produtivo, tem efeitos
benéficos na saúde física e mental entre os idosos.
Velho também foi relacionado à algo bom como podemos identificar nos
relatos:
... eu acho que os io‟ de hoje em dia são, eu acho que são bão
né. Bão „sê‟ idoso também né. Eu penso que sim né. (NPG1)
Eu sou muito feliz... Já, já sofri muito, já... Mas tem muito pra contá‟.
Tem muito lazer „bão‟ que passei na minha vida. (NPG10)
Para os participantes a representação do velho como algo bom está
relacionado com suas experiências e traçado através de juízo de valor. Para Neri e
Cachioni (1999) a medida que o Brasil se torna mais velho, a consciência crítica
sobre as questoes de velho e velhice está mudando positivamente, por tanto é
necessário difundir que o velho não é sinônimo de doença e novos conceitos devem
ser incorporados nessa fase da vida, pensando na velhice como um processo
dinâmico. Destacam tamm que os velhos não devem ser considerados culpados
pelo seu estado de saúde, grau de atividade ou de inserção social. Torna-se
pertinente que a sociedade avalie a força laborativa dos idosos, a valiosa
experiência conquistada, a criatividade e a capacidade de amar e compreender,
considerando esses quesitos básicos do existir. Debert (1999) sugere que a
tendência contemporânea é a inversão da representação do velho e da velhice como
76
uma pessoa que incapaz e um período de perdas para a conquista de novos
significados, guiados pela busca da satisfação, do prazer e realização pessoal. O
autor ainda afirma que transformar os problemas do envelhecimento em
responsabilidade individual, em negligência pessoa, falta de motivação e adoção de
estilos de vidas com consumo inadequado é recusar a solidariedade pública entre
gerações que é um dos fundamentos dos Estados modernos e suas políticas.
5.4 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA VELHICE
Com o intuito de conhecer como as pessoas acima de 60 anos representam a
velhice foi realizada a pergunta “O que a velhice para o (a) senhor (a)?” As falas
foram analisadas e agrupadas para melhor entendimento, os discursos e as relações
foram algumas vezes semelhantes à representação do velho.
Tabela 5 O que é para o senhor (a) a velhice?
Categorias
N
%
Quando não aguenta mais fazer as
mesmas coisas
8
34,78
Quando está bem velho
8
34,78
Outros
5
21,74
Época de alegria
2
8,69
Total
23
100
Obs.: A categoria Outros agrupa outras falas que foram pouco mencionadas nas entrevistas, por
exemplo: chega quando a gente fica preocupado, setor primordial da vida, algo que assusta.
Para os participantes, a velhice está representada por uma época em que não
se agüenta mais realizar as mesmas coisas que se fazia anteriormente, aparecendo
em quase 27% dos relatos, como podemos observar.
Eu acho que velhice é quando chegando né, no... Que
memocaído né. Que num... não tá „guentando‟ „memo‟ mais nada.
(PG3)
77
Ah, velhice pra mim é o que eu „tô‟ vivendo nela. Porque as veiz‟,
muitas veiz‟ a gente tem aquela boa vontade „qué fazê‟, vai „fazê
não „guenta‟, a gente tenta „intendê‟. A gente não é mais aquela
pessoa de 30 anos, de 25, 30 anos, a gente tem que entende isso.
(PG4)
Esses aspectos foram mencionados tanto nos participantes que fazem parte
do grupo de atividade quanto para aqueles que não fazem, mas
predominantemente, pelos participantes do sexo masculino, podendo ter uma
relação com o trabalho. Para Faria Júnior e Ribeiro (1995), nas sociedades com
características capitalistas patriarcais, os homens quando envelhecem são
desvalorizados quando a capacidade de produção diminui e, no caso das mulheres,
quando sua beleza estética muda, sua fuão reprodutiva cessa (menopausa) e as
realizações das tarefas domésticas tornam-se limitadas.
A categoria que traz que a velhice é quando está bem velho, mostra um
percentual semelhante à uma época de restrição, na qual não se consegue realizar
as mesmas coisas, cerca de 37%. Ambas as categorias delineam elementos
culturais e de valor para construir a representação social da velhice, sendo
observado tanto para aqueles que participam do grupo quanto para os que não
participam, conforme relatos a seguir:
A velhice. Olha e acho que é uma coisa que já tá muito velho. (PG7)
Velhice eu acho que é quando a pessoa passa da idade também
né. Quando já tá bem velho. (NPG6)
Fraiman (1995 apud ARRUDA, 2007) sustenta que a expressão velhice
refere-se a um grupo de pessoas que têm muitos anos de idade e uma grande
experiência acumulada, porém uma condição visível que determina possibilidades
de ação. Essa representação social é pautada em elementos culturais. Em muitas
civilizações e culturas, a velhice é vista com respeito e veneração, representando a
78
experiência, o saber acumulado ao longo dos anos, a prudência e a reflexão. A
sociedade urbana moderna, porém, transforma essa condição, pois a atividade e o
ritmo acelerado da vida marginalizam aqueles que o os acompanham. Nessa
direção, Debert (1996) afirma que a velhice resulta na existência sem significado,
estimulada pela sociedade moderna, que não prevê um papel específico a esses
indivíduos. O que vem de encontro com os achados nesta pesquisa, na qual os
participantes percebem a velhice como uma época em que se tem mais idade mas
tamm como uma pessoa incapaz de realizar as mesmas atividades.
Ocorreu por parte dos participantes uma confusão entre os termos velhice e
velho, muitas vezes declarado como a mesma coisa, o que aconteceu em
aproximadamente 8% das falas.
Ah é... velho e velhice é a mesma coisa.” (NPG3)
O fato dos participantes considerarem os termos velho e velhice como a
mesma coisa pode ser pelo motivo pelo qual Neri (2000) destaca que as expressões
são rótulos criados para se tratar dos anos mais tardios da vida. São termos
generalizados pela sociedade e as pessoas se autoclassificam de acordo com suas
preferências pessoais, sendo as representações sociais formadas por juízo de valor.
Em cerca de 8% dos relatos foi mencionado que a velhice é uma época de
alegria
A velhice é uma alegria porque quem chega lá... Até hoje né. (PG1)
A velhice pra mim... O que que é a velhice pra mim? A velhice pra
mim [...] eu sou feliz com a minha velhice porque eu tenho alegria.
Tanto com particular como em casa.” (NPG10)
Essa é uma visão positiva do envelhecimento, construída mediante juízo de
79
valor, que possibilita a pessoa desenvolver os tipos de atitudes que são mais
agradáveis às necessidades individuais. Para Devide (2000), é em função das
representações sociais sobre a velhice que os idosos assumem práticas sociais que
valorizam ou não a si próprios. Para uns, ser idoso é adoecer, começar a não
enxergar bem, esquecer, sentir-se deprimido, inferior, perdendo assim o entusiasmo
pela vida, enquanto que para outros é tempo de viver novas experiências e
conquistas, uma vida social com amigos, viagens, ajudar os outros e desenvolver
capacidades. Teixeira, Schulze e Camargo (2002) relatam que a representação
social da velhice se traduz nas próprias expectativas diante das necessidades que
precisam ser resolvidas.
5.4.1 DENOMINAÇÃO DO GRUPO
Para conhecer o que os participantes pensam sobre a denominação que o
grupo de pessoas com mais de 60 anos vem recebendo nos dias de hoje, foi
realizado o questionamento: Com tantos nomes que recebem o grupo de pessoas
que passam dos 60 anos, como terceira idade, feliz idade, melhor idade, enfim, o
que acha de todos esses nomes e qual deles prefere? Por que?”. Os resultados
foram agrupados para melhor análise e discussão dos dados.
Segundo Alves Junior (2005), as propostas que visam afastar o mau
envelhecimento são várias, procuram camuflar e até mesmo negar o processo
normal do curso da vida de uma maneira simplista. As expressões „terceira idade,‟
„feliz idade‟, „melhor idade‟, „boa idade‟, segundo o autor, afasta os verdadeiros
problemas da grande maioria de pessoas que envelhecem, reforçando o modelo
social que enaltece o jovem, o belo, o forte e os que detém o poder. A Tabela 6
mostra as preferências dos participantes em relação à denominação do grupo.
80
Tabela 6 Preferência na denominação do grupo
Categorias
N
%
Terceira Idade
10
50,00
Melhor Idade
7
35,00
Tanto faz
2
10,00
Feliz Idade
1
5,00
Total
23
100
Quando questionados sobre qual nome os idosos preferiam, 50% disseram o
nome Terceira Idade, dessas, seis não fazem parte do grupo de atividade física e
quatro fazem parte, quando foi perguntado o que acham de todos os nomes e
porque preferem este, as falas foram variadas, como mostram alguns relatos
Ah terceira idade. Porque a gente fala que é a melhor idade, mas
is‟... isso é uma tapeação pra „nóis‟ memo‟. Isso é uma tapeação
pra „nóis‟ „memo‟. Tudo a gente sabe que novo „nóis‟ já fomo‟, nos já
tivemos 10 anos, 15 anos. Que nem eu passei dos 50 tudo uma
vida vivida né? Eu sei que isso é uma tapeação pra nóis‟ „memo‟.
(PG4)
Terceira Idade, porque a melhor idade é quando a gente tem de 18 a
30 anos. Essa é a melhor idade. (PG10)
Terceira Idade. Assim é um jeito assim mais bonito de falar. (NPG1)
Ah terceira idade porque é a realidade mesmo. É a terceira idade
não é verdade. Se for „vê‟ é a terceira idade né. (NPG7)
Néri (2000) relata que o termo terceira idade nasceu na década de 1960, na
França, quando o país começou a fazer investimentos no lazer de pessoas com
mais de 45 anos, porque acreditavam que se as pessoas ficassem mais ativas o
processo de envelhecimento seria melhor. Para a autora, cada país cria o seu léxico
para lidar com a velhice, da mesma forma que ocorre com outros temas difíceis
81
como a raça e a opção sexual.
Sete participantes disseram preferir o termo Melhor Idade, sendo quatro que
participam do grupo de atividade e três que não fazem parte
Melhor Idade. Eu sinto bem com essa idade que eu estou. Eu sou
mais... Faço parte de mais... Participo mais da vida. (PG2)
Melhor Idade. Por que como diz, verdade que a gente quando é
mais nova a gente tem mais saúde, né. Mas na idade que „nóis‟ tá,
is‟ „num‟ tem tanta preocupação como „nóis‟ tinha antigamente.
(PG7)
Melhor idade né. Por que, olha eu com 60 anos e eu sou feliz
assim. (PG9)
Arruda (2007) revela que a expressão melhor idade é usada com frequencia
em programas ou atividades voltadas às pessoas da meia-idade e aos idosos, com
caráter atrativo ou comercial, da maneira mais conveniente ao publico alvo. Locatelli
(2005 apud ARRUDA, 2007) argumenta que o termo terceira idade deveria ser
substituído por melhor idade, pelo fato de o idoso se encontrar munido por uma força
acumulada durante os anos e que falta aos jovens. Adiciona que a expressão melhor
idade se transforma em uma identidade coletiva na medida em que as pessoas
passam a ser reconhecidas sob tal designação, o que levaria à uma valorização e
re-significação do sentido de ser velho.
Para 10% dos participantes tanto faz o nome atribuído, não m preferência e
para um participante (5%) diz gostar do nome Feliz Idade, porque se sente assim, e
dois disseram que não ter preferência.
Melhor idade, terceira idade, feliz idade... Passou dos 60...” “... tanto
faz. (PG1)
82
O melhor termo para ser utilizado, segundo Néri (2000), é idoso, pois todos os
outros são nomes dados para evitar a discriminação, entretanto são constituídos por
representações sociais. Porém, os problemas que originam o preconceito é que
devem ser resolvidos, não adianta a criação de outros nomes, pois escondem a
negação da velhice e rejeição dos idosos, podendo ser pior, disseminando falsas
crenças como se o envelhecimento fosse uma fase que pudesse ser evitada, sendo
uma questão de responsabilidade social.
Considerando os mais variados termos sobre a questão da velhice, Peixoto
(1998) coloca que a pessoa envelhecida conheceu uma série de modificações ao
longo do tempo, uma vez que as mudanças sociais reclamavam políticas sociais
para a velhice, assim como a construção ética do objeto velho.
5.5 PERCEPÇÕES DE COMO O VELHO É TRATADO NO BRASIL
Para melhor entendimento de como os idosos sentem qual o tratamento dado
à pessoas acima de 60 anos, foi perguntado como o velho é tratado no Brasil, os
percentuais das falas obtidas nos relatos podem ser observadas na Tabela 7.
Tabela 7 Como o velho é tratado no Brasil
Categorias
N
%
Mal tratado
12
60,00
Bem tratado
3
15,00
Está melhorando
3
15.00
Uns tratam bem outros tratam mal
2
10,00
Total
20
100
Para 60% dos participantes o velho não é bem tratado no Brasil, como
revelam os relatos a seguir:
83
Ah é tratado mal né. Porque as pessoa cheia de preconceito, num
„qué‟ dá serviço mais. Que às „veiz‟ pessoa de idade tem mais
capacidade pra trabalhar do que „quarqué‟ um novo e eles fica com
preconceito né. (PG6)
Olha, eu tenho visto ai muitos mal tratos. Muitos. Por que chegou
uma idade ele não presta mais. De 40 anos pra cima não trabalha
por que é velho. Mas não aposenta porque é novo. Tem que morrê‟
de fome. Então isso o que é. É mal trato. Tá mal tratando porque
chegou a idade mais acima. (PG9)
Mal. Muito mal. A gente vai num lugar a gente é desprezado. Vai no
banco a gente não, não é tratado como é pra „sê‟ tratado. Vai
„quarque‟ lugar que a gente vai. Depois nessa idade não é mais bem
tratada. É péssimo! Vai pegá‟ ônibus... Joga gente da frente vai e
senta não dá nem o banco pra pessoa idosa. É triste né. (NPG5)
Olha eu acho que os velho não são bem tratado. Começando desde
da discriminação da aposentadoria. Eu acho que eles tinham que
olhar com mais carinho pra esse lado né. Por que esses dias eu
tava‟ vendo na televisão uns velho, coitado. Eles já... Ele são velho
agora sai aquele monte de velhinho, velhinho fazendo manifestação
atrás de um salário melhor. Um salário mais digno, descente né. Por
que é o cúmulo! Um velhinho viver com 465, um salário mínimo.
(NPG7)
Na sociedade ocidental, ser velho, não confere a pessoa devido respeito e
nem a isenta de ser vítima de desprezo, depreciação e ridicularização (CRUZ et al,
2003). O autor argumenta ainda que durante o envelhecimento, as possibilidades de
vida plena são cerceadas não somente pelas restrições biológicas, mas também
pelas representações sociais da velhice que afetam as relações de poder e de auto-
estima das pessoas que ultrapassam a idade estabelecida como etapa produtiva da
vida.
As políticas públicas têm um papel fundamental na contribuição para
incremento da percepção de valor nas representações sociais do velho e da velhice.
O fato da representação social do velho neste estudo estar atrelado à aspectos
negativos, pode ter relação no modo como são tratados, pois se não são
84
respeitados, não são valorizados no meio em que vivem passam a representar o
velho como algo que não existe, ou que não presta para nada.
Três pessoas dizem que a situação está melhorando
Uns tempos atrás a gente era muito mal tratado agora melhorou
muito. (NPG10)
“Agora melhor, mas antes era muito mal tratado, né. Agora
melhor assim. A gente tem as coisas própria pro idoso né. Eu acho
que tá bom.” (PG2)
Os participantes em seus relatos mostram conhecer o estatuto do idoso e o
que é oferecido para eles, como por exemplo, o lugar no ônibus, gratuidade no
transporte, os caixas preferenciais e as vagas em estacionamentos. Para Cruz et al
(2003) o estatuto trouxe mais dignidade aos idosos o que pode melhorar o modo
como se sentem e consequentemente refletir em sua representação social de velho
e velhice.
Para 10% dos participantes o velho é tratado bem em alguns lugares e mal
em outros
Óh, depende menina. Por que a gente tem lugar que é bem
recebido, tem lugar que não é recebido porque é velho, cansado, é
pobre, velho. Então... Tem lugar que a gente não é bem, assim
sabe. Tem outros lugares que a gente é bem recebido, muita gente
considera a gente por que é velho que isso aquilo. E tem outros que
não né. Tem lugar que não. (NPG4)
Para Ferrigno (2002), a discriminação aos velhos é resultado dos valores
típicos de uma sociedade de consumo e de mercantilização das relações sociais,
como também o exagerado enaltecimento do jovem, do que é novo e descartável,
além do descrédito sobre o saber adquirido com a experiência da vida.
Três pessoas dizem que o velho é bem tratado no Brasil, dizem que as
pessoas o respeitam, por cederem o lugar no ônibus e por existirem os centros de
convincia para idosos.
85
Bom eu sinto... É. Quando eu pego esse circular aqui se eu tô em pé
as pessoa que sentada me levanta pra mim se assentá‟ né. E se
eu vou „tamém‟ eu pego outro ônibus tamém é a „mesma‟ coisa. Eu
entro a pessoa mais novo que eu... (PG5)
Ah pra mim os velhos é tratado bem né.” (NPG6)
Para a maioria dos idosos deste estudo o velho não é bem tratado no Brasil,
porém para aqueles que consideram que são bem tratados nota-se a valorização de
comportamentos simples por parte da sociedade, que se traduzem em respeito,
como dar o lugar no ônibus. Isso nos mostra que para proporcionar dignidade aos
idosos é possível começar com pequenas atitudes no nosso cotidiano que vão
refletir no aperfeiçoamento das políticas públicas no futuro.
5.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CONDIÇÕES DE SAÚDE DOS
PARTICIPANTES
Neste tópico, buscamos identificar os problemas de saúde dos participantes
de acordo com os seus relatos. Essas informações são fundamentais para que as
medidas necessárias para viabilizar a promoção da saúde e a prevenção do agravo
da doença. É fundamental lembrar que as representações sociais o formas de
conhecimentos produzidos por determinado grupo social em relação a determinados
aspectos, permitindo atribuir sentido a eles (TEIXEIRA; SCHULZE; CAMARGO,
2002). Conhecer as condições de saúde dos participantes é importante para
perceber como eles elaboram a representaçao de saúde e doença. A Tabela 8
apresenta um quadro geral com os percentuais dos relatos.
86
Tabela 8 Quais os problemas de saúde que o senhor (a) tem?
Categoria
N
%
Outros
13
31,71
Pressão alta
8
19,51
Dor nas Costas
5
12,20
Problemas de corão
3
7,32
Problema na tireoide
3
7,32
Aterosclerose
2
4,88
Diabetes
2
4,88
Dores nas pernas
2
4,88
Problema nos rins
2
4,88
Não tem problema de
saúde
1
2,44
Total
41
100
Obs.: A categoria Outros agrupa outras falas que foram pouco mencionadas nas entrevistas, por
exemplo: problemas no fígado, intestino, joelho e labirintite.
Em relação aos problemas de saúde que os participantes relataram ter,
apenas um, não participante do grupo de atividade física, disse não ter nenhum
problema de saúde. A maioria relatou ter pressão alta, sendo que esse índice é
maior naqueles que não fazem parte do grupo; problema ou dor nas costas
apareceu logo depois seguido de outras doenças como problemas de coração e
tireóide entre outros, sendo concomitantes com outras doeas.
Nota-se que os participantes quando indagados sobre os cuidados em
relação à saúde mencionam de imediato patologias e sintomas, como dor nas
costas, dores nas pernas. Estes dados merecem atenção, pois indicam a relação
com o modelo biomédico. Nesse ponto, pode-se retomar os dados referentes às
representações sociais de saúde, que indicavam que os idosos relacionavam saúde
à não sentir dor e não ficar doente. Partindo disso, a adoção de medidas de
prevenção torna-se desnecessária, pois ao não apresentarem sintomas consideram-
se saudáveis, portanto não necessidade de adotar cuidados com a sua saúde.
Algo perigoso que a maioria relatou ter hipertensão, doença caracterizada como
assintomática na maior parte dos casos e que requer cuidados preventivos. Nesse
mesmo sentido, as representações sociais de saúde, doença, velho e velhice estão
relacionadas à capacidade de trabalho ou realizar determinadas tarefas, o que indica
87
que enquanto as pessoas estiverem realizando essas atividades, pensam não
necessitar de cuidados em relação à sua saúde. Podemos perceber elementos
relacionados a crenças, valores e informações como constituintes dessas
representações sociais (JODELET, 2001).
Após conhecer os problemas de saúde das pessoas participantes da
pesquisa, foi indagado a respeito dos cuidados que elas têm para com esses
problemas e se existe dificuldade para fazê-los.
Tabela 9 Cuidados em relação aos problemas de saúde
Categoria
N
%
Tomar remédio
14
46,67
Cuidados com a alimentação
7
23,33
Exercícios/ caminhada/
alongamento
6
20,00
Procura o médico
2
6,67
Não pode fazer nada
1
3,33
Total
30
100
Para maioria dos entrevistados, o cuidado que eles têm relação aos
problemas de saúde apresentados são de tomar o remédio, tanto para os
participantes que fazem parte do grupo de atividade física quanto para aqueles que
não fazem parte. O que diferenciou foi em relação aos cuidados com a alimentação
e a prática de atividadades físicas. Para os que não fazem parte do grupo de
atividade física da UBS, o maior cuidado após tomar o remédio é o cuidado na
alimentação, entre as respostas as mais citadas foram comer pouco sal, pouca
gordura, não comer demasiadamente. Vale ressaltar que nenhum participante
mencionou a prática de atividade sica como cuidado. Para os que fazem parte do
grupo de atividades da UBS, após tomar o remédio vem os exercícios, entre eles, os
mais citados foram a caminhada e o alongamento, apenas um participante citou o
cuidar na alimentação como cuidadado. O que podemos notar é que por mais que
as pessoas que freqüentam o grupo encarem os exercícios físicos como parte do
tratamento, o consideram o cuidar da alimentação como uma prática preventiva,
88
devendo ser trabalhado durante as atividades.
Nota-se que o percentual de idosos, que consideram o fato de tomar a
medicação como cuidado, é bastante alto. Pode se tratar de uma representação
social na qual a medicação torna-se responsável pela melhora do paciente, o que
nos remete às ações em saúde. Se as representações sociais possuem um caráter
prático, orientador de condutas, como afirma Jodelet (2001), pode-se questionar
como as pessoas podem trabalhar elementos de prevenção e cuidados com a saúde
que não se restrinjam apenas ao uso de remédio.
Apesar da maior parte dos idosos participantes deste estudo representar a
saúde a partir de aspectos subjetivos, quando se fala dos cuidados em relação à
saúde remetem à fatores ligados de quando se está doente. Esses fatores criam
representações sociais focadas no modelo biomédico (STROEBE; STROEBE,
1995), no qual fatores sócio-comportamentais não são incluídos nas questões de
saúde, e as pessoas não possuem qualquer responsabilidade sobre seu tratamento.
Tal informação pode ser considerada útil para os profissionais de saúde de modo
que possam fornecer-lhes maiores informações e atenção em relação a esses
cuidados.
Em relação as dificuldades mencionadas para ter esses cuidados, a maioria,
cerca de 65%, mencionou o fato de ter que lembrar de tomar os remédios na hora e
dia corretos, os outros 35% dos participantes disseram não encontrar dificuldades
para te-los e alguns relataram ser fácil tomar esses cuidados devido ao hábito.
Os programas de prevenção de doenças e promoção de saúde voltados para
os idosos devem levar em consideração as noções de prevenção que os próprios
idosos apresentam, fazendo uso de tais conhecimentos de modo a alcançar os
objetivos esperados para tais programas.
5.7 ABORDAGENS SOBRE O COMPROMETIMENTO FUNCIONAL
Este tópico abordará a capacidade funcional dos participantes utilizando o
instrumento Brazilian Olders Americans Research and Services Multidimensional
89
Functional Assessment Questionnaire (BOMFAQ) que avalia a dificuldade referida
na realização de quinze atividades cotidianas, das quais oitro são classificadas como
Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD): deitar/levantar da cama, comer, pentear o
cabelo, andar no plano, tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro em tempo e cortar as
unhas dos pés. As outras sete são consideradas Atividades Instrumentais da Vida
Diária (AIVD), que são: subir um lance de escada, medicar-se na hora, andar perto
de casa, fazer compras, preparar refeições, sair de condução e fazer limpeza de
casa. O relato de presença de dificuldade ou dependência em cada uma dessas
atividades foi registrado independente do grau referido. Após, foi realizado o
somatório de dificuldades e apresentados na Tabela 10.
Tabela 10 Dados do Comprometimento Funcional dos Participantes
PGAF
NPGAF
Comprometimento Funcional
Fem
Masc
Fem
Masc
Sem Comprometimento
1
2
5
1
Comprometimento Leve
2
-
2
Comprometimento Moderado
2
1
-
1
Comprometimento Grave
2
-
1
-
A maioria dos participantes não apresenta comprometimento funcional ou
apresenta um comprometimento leve, com uma a três atividades realizadas com
dificuldades. As atividades que são realizadas com mais dificuldades ou com auxilio
de outra pessoa são: subir escada (1 lance), assinalado por 40% dos participantes;
cortar as unhas dos pés (25%); deitar/levantar da cama (25%); medicar-se na hora e
fazer limpeza de casa tamm foram elencadas como dificuldade para 20% dos
participantes. Chamou-nos atenção para o fato de que a maioria das pessoas que
não fazem parte do grupo de atividade física não apresentam comprometimento
funcional, e nos que participam apenas três o sentem dificuldades na realização
das AVD`s e que 50% relatam ter dificuldade ou necessita de auxilio em mais de
quatro atividades (comprometimento moderado e grave), para 20% dos participantes
que não fazem parte do grupo de exercícios físicos. Fato discutido pelo estudo de
Franciulli et al (2007), no qual observou-se que os idosos com maior
90
comprometimento funcional procuram uma melhora nas ABVDs e AIVDs de idosos
que realizam atividades físicas.
Neri (2000) argumenta que na proporção que a longevidade aumenta, a
dependência tende a aumentar devido à múltiplos fatores, na qual não pode ser
estabelecido relação direta de causa e efeito. As alterações orgânicas, funcionais e
psicológicas decorrentes do envelhecimento são variadas e dependem de como
cada pessoa se preparou para esta etapa da vida, de sua capacidade física, da
manutenção de atividades que causam prazer e desenvolvimento intelectual e
pessoal, assim como da rede social que contribuem para a manutenção de sua
autonomia.
Silva et al (2006) relatam que autonomia e dependência o aspectos que
demarcam ser velho como ser dependente ou idoso como autônomo, conforme
concepção de idosos. O autor ainda traz que para os idosos é velho quem perde
a capacidade de administrar seu próprio cotidiano. A dependência, por si só, não
constitui um evento negativo. A pessoa pode ser ou não dependente, em diferentes
etapas da vida, temporária ou definitivamente, e se configura mais relevante quando
esta surge em decorrência de eventos ocorridos na etapa final da vida, e as
atividades cotidianas são afetadas por esta dependência. Nesse sentido podemos
retomar as representações sociais de velho nas quais foram atribuídas que velho
não existe, fato que pode ser compreendido ao analisarmos o comprometimento
funcional dos participantes, na qual a maioria dos participantes não apresenta
dependência ou apresenta um leve comprometimento.
Diante dos pontos apresentaodos, os programas de assistência e promoção
de saúde devem ter como objetivo proporcionar um envelhecimento saudável e a
manutenção da máxima capacidade funcional do idoso pelo maior tempo possível.
5.8 CONSIDERAÇÕES SOBRE A SATISFAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL
Será abordado neste pico, os níveis de satisfação com a imagem corporal
dos participantes do grupo de idosos que participaram da pesquisa, ressaltando que
a imagem corporal de idosos não sofre distorção por causa do envelhecimento, do
91
avançar da idade e sim devido a problemas vivenciados como patologias, limitações
de movimento e influência de esteriótipos. Para Federici (2004) e Monteiro (2003),
enxergar a distorção da imagem corporal sendo comum a essa fase da vida é uma
visão estereotipada e preconceituosa do envelhecimento. O instrumento utilizado
foram as Figuras de Sorensen e Stunkard e a imagem escolhida em como o
participante se na atualidade é representado no quadro 1 como Situação Atual
(SA) e a imagem que gostaria de ter como Situação Ideal (SI). O Quadro 1 mostra a
distribuição de freqüência e percentual as escolhas da SA e SI nos dois grupos.
Quadro 01 Distribuição da freqüência em relação à escolha da SA e SI
PGAF
NPGAF
Silhueta
SA
SI
Silhueta
SA
SI
Freq
%
Freq
%
Freq
%
Freq
%
1
0
0
1
10
1
1
10
1
10
2
0
0
2
20
2
1
10
1
10
3
0
0
4
40
3
1
10
3
30
4
5
50
1
10
4
2
20
4
40
5
3
30
2
20
5
3
30
1
10
6
2
20
0
0
6
2
20
0
0
7
0
0
0
0
7
0
0
0
0
8
0
0
0
0
8
0
0
0
0
9
0
0
0
0
9
0
0
0
0
Verifica-se que a maioria das pessoas do grupo de atividade física apontam
com mais frequência a silhueta 4 como atual e 3 como ideal, resultando em uma
satisfação 1. Para os participantes da pesquisa que não participam do grupo de
atividade física foi escolhido pela maioria a silhueta 5 como atual e a 4 como ideal,
resultando também em satisfação 1. Destacando que dos quatro participantes do
sexo masculino que fizeram a escala, três apontaram a mesma silhueta como atual e
ideal, demonstrando satisfação com a imagem corporal.
A percepção que temos do nosso corpo é influenciada pelos conceitos e
valores da sociedade, e se estrutura também através do contato social. Formamos
essa imagem a partir de nossas sensações: visual, auditiva, olfativa, gustatória e
sômato-sensitiva, mas somos influenciados pelo que a sociedade pensa e idealiza
sobre o nosso corpo (SCHILDER, 1999; TAVARES, 2003). Para que a imagem
92
corporal se relacione concretamente com o corpo real, é preciso que se transcedam
os elementos sociais e culturais (TAVARES, 2003).
Neri (2000) coloca que o envelhecimento na sociedade atual está carregado
de estereótipos associados apenas nos declínios físicos. Durante a velhice a
imagem corporal pode sofrer distorções devido à visão negativa em relação à
velhice, baseada na falsa idéia de que envelhecer gera sempre incompetência.
Nesta pesquisa as representações sociais de velho e velhice, assim como saúde e
doença foram constrdas sobre incapacidade de realizar as coisas que faziam
anteriormente, como afazeres domésticos e o trabalho. Se a pessoa idosa sofre
influência, seja de doenças e declínicos físicos, nos quais ficam mais suceptíveis na
velhice, seja pelos estereótipos sociais, sua imagem corporal altera-se durante a
reconstrução (TAVARES, 2003), o que pode explicar a quantidade de pessoas que
apresentam insatisfação corporal neste estudo.
93
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
94
O estudo das representações sociais tem sido ampliado no campo da saúde.
Considerando que a população brasileira de idosos aumenta cada vez mais e no
intuito de contribuir para a compreensão do envelhecimento se faz necessário um
melhor entendimento dessa fase da vida, especialmente quando se pensa em
propostas de intervenção. Conhecer as representações sociais de saúde, doença,
velho e velhice, suas implicações, abragendo as questões sociais e econômicas,
favorece o trabalho realizado com essa população, norteando as ações que
proporcionarão qualidade de vida aos idosos e os auxiliando no exercício de
cidadãos, tendo em vista que o espaço da sociedade hoje é voltado ainda para a
juventude, beleza, e a força de trabalho produtivo.
Tem sido crescente a utilização das teorias das representações sociais, na
realização de estudos relacionados a diferentes áreas, em especial nos estudos
relacionados à saúde. Essa escolha se dá, por inúmeros motivos, mas
principalmente, pelo fato de que as representações sociais construídas pelas
pessoas norteiam suas ações.
Em relação aos dados sociodemográficos, a média de idade dos participantes
foi 69,4 anos e eram aposentados ou pensionistas, destacando que a maioria era
viúva. Quanto ao nível de instrução escolar observa-se o grande número de pessoas
com analfabetismo funcional e grande parte com o ensino fundamental incompleto.
Em relação a renda familiar, esta se concentrou na média de um salário mínimo.
Dados esses que podem ser considerados como um empecilho para o tratamento,
pois renda e grau de instrução educacional são fatores que influenciam a adoção de
hábitos de vida mais saudáveis, observando que a renda familiar daqueles que
fazem parte do grupo de atividade física é um pouco maior do que a do outro grupo.
Quando se fala em trabalhar com promoção da saúde e prevenção de
doenças é fundamental identificar as representações sociais da saúde e da doença,
como também para compreender a construção das representações de velho e
velhice. Não houve diferenças entre os grupos na representação, sendo a saúde
entendida por grande parte dos idosos do estudo, como aspectos subjetivos, o que
nos traz uma nova perpectiva pois mostra uma transição do modelo biomédico para
o modelo biopsicossocial, o que vai além das definições fisiológicas e biológicas.
Porém, ao definirem a representação social de doença utilizaram-se de aspectos
95
físicos mais do que os subjetivos, o que pode ser um alerta para a falta de atenção
que se costuma dar aos aspectos subjetivos como característicos de enfermidades
que requerem cuidados.
A saúde também foi representada por percepções corporais, como
ausência de sintomas e doenças. Fato esse preocupante, pois como outro dado
apresentado foi a incidência da hipertensão arterial, doença que comumente não
apresenta sintomas, faz com que a adesão ao tratamento fique comprometida, assim
como a prevenção do agravo da patologia. Para essas pessoas, não sentir algo, não
perceber os sintomas, significa que estão saudáveis, não existindo por tanto a
necessidade de se cuidar.
O processo saúde e doença também foi relacionado a capacidade de
trabalho, ocorrendo quando os participantes consideram o corpo como instrumento
de trabalho, este fato dificulta a adesão aos programas de prevenção, pois enquanto
considerarem capazes de desenvolver as atividades, o precisam tomar medidas
preventivas e nem comportamentos de promoção da saúde. Ao falarem sobre os
cuidados que têm em relação à saúde, a maioria relatou tomar a medicação. O fato
dos participantes mencionarem cuidados médicos quando questionados sobre os
cuidados com a saúde nos remete novamente ao modelo biomédico e pode indicar
que esse seja o cuidado mais divulgado entre essas pessoas. Acrescenta-se
tamm que ele é mais fácil de ser adotado quando comparado às dificuldade de
adesão aos hábitos de vida mais saudáveis.
Ao representarem o velho o mesmo foi entendido como termo pejorativo,
palavras como “algo usado”, que “não presta” e pode “jogar fora” apareceram
constantemente, assim como elementos que colocam que o velho não existeou é
um “estado de espírito”. O entendimento de pessoa com idade avançada também
apareceu. Velho também foi relacionado à incapacidade, cansaço e doença, assim
como uma fase que assusta pelo medo de perder a independência. Isto está
atrelado às representações que os participantes m em relação ao processo saúde
e doença, delineados por elementos culturais, juízos de valor e informações.
Apenas para algumas pessoas, a velhice é considerada como algo positivo e
uma fase que podem ser feitas novas conquistas. Para a maior parte dos idosos
deste estudo a velhice esrepresentada por período no qual não se agüenta mais
96
fazer as mesmas coisas, está representação foi construída por elementos culturais
os quais trazem que em quanto a pessoa está produzindo não chegou na última fase
do ciclo da vida e ao se “aposentar” fica recluso aos aposentos” entre no período
final da vida. Tamm representam velhice como quando se está bem velho e
alguns relatam ser a mesma coisa de velho. O termo que eles preferem para
denominar o grupo de pessoas que passam dos 60 anos foi o de terceira idade,
trazendo a justificava de ser um termo mais real.
No que se refere aos problemas de saúde, a maioria, relata ter
hipertensão arterial, seguido de dor nas costas, e outras doenças como osteoporose
e diabetes. Em relação aos cuidados, os dois grupos relataram tomar os remédios
como cuidado principal, para o grupo que não realiza as atividades físicas cuidar da
alimentação foi o segundo cuidado mais citado e para os que realizam, os exercícios
ficaram em segundo lugar. Ambos os grupos disseram que a maior dificuldade é
lembrar de tomar os medicamentos no dia e horários corretos. Verificou-se também,
o nível de autonomia dos participantes, a maior parte das pessoas que não fazem
parte do grupo de atividade não tem nenhum comprometimento funcional (60%) e do
grupo que realiza as atividades físicas, têm em sua maioria o compromentimento de
uma a três atividades. Acrescentando que as representações sociais de velho como
algo que não existe, podem estar atreladas ao alto índice de idosos com autonomia,
pois ao considerarem o velho como alguém incapaz e sendo pessoas independentes
não se colocam nessa categoria.
Quanto a satisfação com a imagem corporal, os dois grupos se mostraram
insatisfeitos com sua aparência tendo a preferência por uma silhueta mais magra.
Houve diferenças entre as mulheres e os homens, esses mostraram-se 75%
satisfeitos com a aparência que têm.
Estas informações são importantes para os profissionais da saúde, assim
como para os profissionais de outras áreas, pois podem se perceber despreparados
para atenderem os idosos. A partir desses entendimentos pode-se estabelecer
trabalhos que permitam que os idosos desenvolvam suas capacidades para
tornarem-se atores sociais ativos no cuidado com sua saúde, assim como
estratégias que devem ser adotadas pela própria Unidade Básica de Saúde, como
por exemplo os cartazes, folders e informações dadas pelos profissionais, pois pode-
se perceber que algumas representações são formadas por elementos de
97
informação. As práticas devem reforçar os comportamentos preventivos, como
tamm o conceito de cidadania, que faz parte dos princípios da atenção básica em
saúde.
Os dados apresentados são específicos para a população que participou da
pesquisa e se faz necessário que novas pesquisas sejam realizadas para que seja
possível identificar nas praticas sociais da vida cotidiana, possíveis elementos de
mudança das representações sociais do velho e da velhice as consequencias
positivas na construção desse processo de envelhecimento. Destaca-se a
importância de buscar as representações relacionadas à inserção do velho no
contexto familiar e a busca por políticas públicas que favoreçam um melhor acesso
ao tratamento de saúde e o envelhecimento com mais dignidade.
Este estudo proporcionou uma visão integrada do contexto de velho e
envelhecimento para grupos de pessoas diferentes e atendidos pela UBSF, sob o
olhar das representações sociais de saúde e doença, do velho e velhice,
possibilitando-me maiores condições de adequar programas de promoção e
prevenção, trabalhando com outras estratégias além das atividades físicas
atendendo às necessidades dos idosos.
98
REFERÊNCIAS
99
ACSM. Manual de pesquisa das diretrizes do American College Sports Medicine,
teste de esforço sua prescrição. 4ª ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2003
AGUIAR, M.G.G.; NASCIMENTO, M.A.A.do. Saúde, doença e envelhecimento:
representações sociais de um grupo de idosos da Universidade Aberta à Terceira
Idade (UATI) Feira de Santana-BA. Textos Envelhecimento. V. 8, n. 3. Rio de
Janeiro, 2005. Disponível em:
<http://www.unati.uerj.br/tse/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
59282005000300004&lng=pt&nrm=iso> Acesso em 20 fev 2009.
ALMEIDA FILHO, N.; JUCÁ, V. Saúde como ausência de doença: crítica à teoria
funcionalista de Cristopher Broose. Ciência & Saúde Coletiva, Brasília, v. 7, n.4, p.
879-89, 2002.
ALVES JUNIOR, E. D. Envelhecer e Participar de Atividades Associativas na
Universidades. Disponível em:
<http://www.castelobranco.br/pesquisa/docs/edmundodrummond>. Acesso em 25
fev 2009.
ARAÚJO, K. B. G. O resgate da memória no trabalho com idosos: o papel da
educação física. Campinas, São Paulo: dissertação de mestrado, 2001.
ARAÚJO, L. F.; CARVALHO, V. A M. Velhices: Estudo Comparativo das
Representações Sociais entre Idosos de Grupos de Convivências. Textos sobre
Envelhecimento, v. 1, n. 6, 2004, ARAÚJO, L. F. ; CARVALHO, V. A M. Velhices:
Estudo Comparativo das Representações Sociais entre Idosos de Grupos de
Convincias. Textos sobre Envelhecimento, v. 1, n. 6, 2004, pp. 57-75.p. 57-75.
ARRUDA, I. E. A. Reflexões sobre o Idoso e o Programa Universidade da Terceira
Idade. RBCEH. Passo Fundo, v. 4, n. 2, p. 94-113, 2007. Disponível em :
<http://www.upf.tche.br/seer/index.php/rbceh/article/viewFile/134/106> Acesso em 13
de nov 2009.
BALU, D. Você sabe o que é Sarcopenia?. Disponível em:<http://webrun. uol.
com.br/ home/ index.php?destinocomum= nutricao_mostra&id_noticias=
4303&id_eventos=>. Acesso em 9 de jun. 2007.
BARALDI, G. S.; ALMEIDA, L. C.; BORGES, A. C. L. C. Perda auditiva e
hipertensão: achados em um grupo de idosos. Rev Bras Otorrinolaringol. V.70, n.5,
640-4, set./out. 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rboto/v70n5/a10v70n5.pdf>. Acesso em 28 ago 2007.
BERCINI, L. O.; TOMANIK, E. A. Aspectos sobre saúde, ambiente e representações
sociais na população de Porto Rico, Paraná. In: AGOSTINHO, A. A. et al. (Coords.).
Pesquisas ecológicas de longa duração: relatório anual 2002. Maringá, 2002. p.
219-222. Disponível em:
<http://www.peld.uem.br/Relat2002/pdf/comp_social_econ_aspectos.pdf>. Acesso
em: 26 jan. 2009.
BERQUÓ, E. Condições sobre o envelhecimento da população no Brasil. In: NERI,
A. L.;DEBERT, G.G.(Org) Velhice e sociedade. Campinas: Papirus, 1999.
100
BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das
Letras, 1994.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 196, de
10 de outubro de 1996. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 16 out. 1996. Disponível em:
<http://www.conselho.saude.gov.br/resolucoes/1996/Reso196.doc>. Acesso em: 8
mar. 2008.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96. Disponível em:
<http://www.conselho.saude.gov.br>. Acesso em: 29 jun 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Auditoria. Idosos são quase
10% da população brasileira, diz subsecretário em audiência no Senado
(13/06/2007). Disponível em: http://sna.saude.gov.br/noticias.cfm?id=3801. Acesso
em 28 jun 2007.
______. Ministério da Saúde - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).
Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/comissao/eticapesq.htm. Acesso em 06
abr 08.
CAMARANO, A. A., PASINATO, M. T. O Envelhecimento populacional na agenda
das políticas públicas Rio de Janeiro: IPEA, 2004.
CANESQUI, A.M. Os estudos de antropologia da saúde/doença no Brasil na década
de 1990. Ciencia e Saúde Coletiva. v. 8, n. 1. Rio de Janeiro, 2003.
CARVALHO, J.; SOARES, J.M.C. Envelhecimento e foa muscular - breve revisão.
Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v.4, n 3: 79-93, 2004.
CHEN, S.R.; NEVES, L.F. Atenção à saúde do idoso com deficiência. 2002.
Disponível em:
<http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/saude/deficiencia/0010/Saude_
idoso_com_deficiencia.pdf> Acesso em: 15 fev 2007.
COELHO, M. I. A. D; ALMEIDA FILHO, N. de. Conceitos de saúde em discursos
contemporâneos de referência científica. História, Ciência, Saúde, Manguinhos/RJ,
v. 9, n. 2, p. 315-322, maio/ago., 2002.
CORDEIRO RC, DIAS RC, DIAS RC et al. Concorncia entre observadores de um
protocolo de avaliação fisioterapêutica em idosas institucionalizadas. Rev de Fisioter
2002; 9: 69-77.
COLUSSI, C. B. As representações sociais de saúde e doença para crianças de uma
escola em Campo Grande/MS. 2009 142 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia)
Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2008.
CORAZZA, M. A.. Terceira idade e atividade física. São Paulo: Phorte, 2001.
101
COURY, H. Satisfação no trabalho e satisfação na vida: questões teóricas e
metodológicas. In: NERI, A.L. (Org). Qualidade de vida e idade madura. Campinas:
Papirus, 1993.
DEBERT, G. G. As representações (estereótipos) do papel do idoso na sociedade
atual. In: Seminário Internacional “Envelhecimento Populacional: Uma agenda para o
final do século”, 1996, Brasília. Anais: Ministério da Previdência e Assistência Social,
p. 35-45,1996.
DEVIDE, F.P. Velhice... Espaço Social de Aprendizagem: Aspectos Relevantes para
Intervenção da Educação Física. Motriz, v. 6, n. 2, p.65-73, 2000.
DIOGO M.J.; NERI A.L.; CACHIONI M. Saúde e Qualidade de Vida na Velhice.
Campinas: Alinea, 2004.
DUARTE, L. T. Envelhecimento: processo biopsicossocial. Disponível em:
http://www.psiconica.com/psimed/files/envelhecimento.pdf. Acesso em: 15 abr. 2007.
DUVEEN, G. Crianças enquanto atores sociais: as representações sociais em
desenvolvimento. In: GUARESCHI, P. A.; JEVCHELOVITCH, S. (Orgs.). Textos em
representações sociais. 8 ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1995. p.261-293.
ENUMO, S. R. Pesquisas sobre psicologia e saúde: uma proposta de análise. In:
TRINDADE, Z. A.; ANDRADE, A. N. (Orgs.). Psicologia e saúde: um campo em
construção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. p. 11-31.
ESPÍRITO SANTO, G. Representações sociais da saúde dos professores de
Educação Física que atuam em academias do Rio de Janeiro. 2005. 218 f.
Dissertação (Mestrado em Educação Física) Programa de Pós-Graduação em
Educação Física, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2005.
FARIA JÚNIOR, A. G.; RIBEIRO, M. das G. C. Idosos em Movimento: Mantendo a
Autonomia. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1995.
FEDERICI, E.S. Imagem corporal de Idosos Praticantes de um Programa de
Educação Física. Dissertação de Mestrado. Escola de Educação Física e Esportes,
USP, 2004.
FERRARI, M. Lazer e ocupação do tempo livre na terceira idade. In: NETO, M. P.
Gerontologia. São Paulo: Atheneu, 2005.
FRANCIULLI S.E. et al. The Geriatric Day-Care assistance mode: functional effects
in a six month multidisciplinary health care program. Cienc Saúde Coletiva. 2007; V.
12, n. 2. p.373-80.
GRAEFF, L. Representações sociais da aposentadoria. Textos Envelhecimento; V.4,
n.7. Rio de Janeiro, 2002.
GUARESCHI, P. A. Psicologia social e representações sociais: avanços e novas
articulações. In: VERONESE, M. V.; GUARESCHI, P. A. (Orgs.). Psicologia do
cotidiano: representações sociais em ação. Petrópolis: Vozes, 2007. p. 17-40.
102
HERZLICH, C. A problemática da representação social e sua utilidade no campo da
doença. Physys: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.15, suplemento, p.57-
70, 2005.
FERRIGNO, J. C. O estigma da velhice. A Terceira Idade, v. 13, n. 24, p. 49-56,
2002.
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2001. Censo
Demográfico, 2000. Rio deJaneiro: IBGE.
ILKIV, T. F. Avaliação da aptidão sica de idosos do Centro de Convivência da
Melhor Idade do Município de Monte Alto - Franca/SP, 2005. Disponível em:
http://www.unifran.br/mestrado/promocaoSaude/dissertacoes/
2005/THIAGO_ILKIV.pdf. Acesso em: 12 fev. 2007.
JODELET, D. Representações sociais: um domínio em expansão. In: __________ .
As Representações sociais. Rio de Janeiro: Eduerj, 2001.p.17-44.
KURODA Y, ISRAELL S. Sport and physical activities in older people. In: Dirix A, et
al. (Orgs).The olympic book of sports medicine. 1st ed. Oxford: Blackwell Scientific
Publications; 1988.
LAPLANTINE, F. Antropologia dos sistemas de representações da doença: sobre
algumas pesquisas desenvolvidas na França contemporânea reexaminadas à luz de
uma experiência brasileira. In: JODELET, D. (Org.). As representações sociais. Rio
de Janeiro: EdUERJ, 2001. p.241-259.
LARIA, C. T. O envelhecimento Conferência de abertura do I Simpósio Anual do
Serviço de Geriatria do HC-FMUSP, 2001. Disponível em:
http://www.neuroinfo.fm.usp.br/pessoas/ctiaria/Timo-Iaria_Envelhecimento.pdf.
Acesso em: 7 abr. 2007.
LEITE, I. L. Gênero, família e representação social de velhice.Londrina: Editora da
Universidade Estadual de Londrina, 2004.
LEME, L. E. G. O envelhecimento. São Paulo: Contexto, 1997.
LEHR, U. A revolução da longevidade: Impacto na sociedade, na família e no
indivíduo. Estudos Interdisciplinares sobre o Envelhecimento, v.1, p. 7-35, 1999.
LOPES, E.S.L.; PARK, M.B. Representação social de crianças acerca do velho e do
envelhecimento. Estudos de Psicologia, V.12, n.2, p.141-148, Campinas, 2007.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/epsic/v12n2/a06v12n2.pdf> Acesso em 15
maio 2009.
LORDA, R. C. Recreação na terceira idade. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.
MARQUES, H. R. et al. Metodologia da pesquisa e do trabalho científico. 2. ed.
Campo Grande: UCDB, 2006.
MATSUDO, S.M.M. Envelhecimento e Atividade Física. Londrina: Midiograf, 2001.
103
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício - energia,
nutrição e desempenho humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
MEDEIROS, F. P.; BERNARDES, G. A.; GUARESCHI, F. M. N. O Conceito de
Saúde e suas Implicações nas Práticas Psicológicas. Psicologia: Teoria e Pesquisa,
Porto Alegre, v.21, n. 3, p. 263-69; 2005.
MEIRELLES, M. E. A. Atividade física na idade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint,
1999.
MENDONÇA, E. A.; PONTES, M. L. As representações sociais e a experiência da
doença. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.18, n.5, p.1207-1214, out.,
2002.
MERINO, M.F.G.L.; MARCON, S.S. Concepções de saúde e itinerário terapêutico
adotado por adultos de um município de pequeno porte. Revista Brasileira de
Enfermagem, V. 60, n. 6, p.651-658, 2007.
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 7ª ed.
São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abraso, 2000.
______________ Saúde e doença como expressão cultural. In A. A. FILHO; M. C. G.
B.MOREIRA (Orgs.). Saúde, trabalho e formação profissional. Rio de Janeiro:
Editora FIOCRUZ, 1997.
______________. O conceito de representações sociais dentro da sociologia
clássica. In: GUARESHI, P. A.; JOVCHELOVITCH, S. (Orgs.). Textos em
representações sociais. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 89-111.
MINAYO-GOMEZ, C.; THEDIM-COSTA, S. M. F. A construção do campo da saúde
do trabalhador: percurso e dilemas. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.
13, p. 21-32, 1997. Suplemento 2.
MONTEIRO, P.P. Envelhecer: histórias, encontros e transformações. 2ª ed. Belo
Horizonte: editora Autêntica, 2003.
MORAGAS, R., As relações intergeracionais nas sociedades contemporâneas. A
terceira idade, v.16, n.27, maio de 2004. SESC Sp.
MOREIRA, M. M. O envelhecimento da população brasileira em nível regional; 1940-
2050. In: XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, Anais, pp. 3030-3124,
Caxambu: Associação Brasileira de Estudos Populacionais, 1998.
MORIGUCHI, E. Envelhecer não é um castigo, é uma conquista. In: Envelhecimento
Bem Sucedido. Revista do Instituto Humanistas Unisinos, 2006. Disponível em : <
http://www.unisinos.br/ihuonline/uploads/edicoes/1163447848.37pdf.pdf> Acesso em
25 mai 2009.
MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social.
Petrópolis: Vozes, 2003.
104
NERI, A. L. Envelhecer num país de jovens: significados de velhos e velhice
segundo brasileiros não idosos. Campinas: UNICAMP, 1991.
__________ Qualidade de vida e idade madura. 5ed. Campinas, SP: Papirus, 1993.
__________ Teorias psicológicas. In: FREITAS, E. V. de. Et al (orgs) Tratado de
Geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
NERI, A. L.; CACHIONI, M. Velhice bem-sucedida. In: NERI, A. L.; DEBERT, G.
(org.). Velhice e Sociedade. Campinas: Papirus, 1999. p. 113-140
NERI, A.L; FREIRE, S.A. (Orgs.). E por falar em boa velhice. 2ed. Campinas,`SP:
Papirus, 2000.
NOBLAT, A. C. B. et al. Complicações da hipertensão arterial em homens e
mulheres atendidos em um ambulatório de referência. Arquivos Brasileiros de
Cardiologia, São Paulo, v. 8, n. 4, p. 308-313, out., 2004.
NOBREGA, A.C.L et al. Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Medicina
do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia: atividade física e
saúde no idoso. 1999. Disponível em: <http://scholar.google.com/scholar?hl=pt-
BR&lr=&q=cache:mtfGsM7u1MoJ:www.medicinadoesporte.org.br/SBME_Posiciona
mentoOficial_1999_AtividadeFisicaeSaudenoIdoso.pdf+lazer+e+esporte>. Acesso
em: 5 jan. 2007.
PAPALÉO NETTO, M. Gerontologia, São Paulo: Atheneu, 1996.
PAPALIA, D.E.; OLDS, S.W. Desenvolvimento Humano. ed. São Paulo: Pioneira,
2000.
PEIXOTO, C.A. Entre o estigma e a compaixão e os termos classificatórios: velho,
velhote, idoso, terceira idade. In: LINS, M.M. (Org). Velhice ou terceira idade?
Estudos antropológicos sobre identidade, memória e política. Fundação Getúlio
Vargas. Rio de Janeiro, 1998.
PRADO, L. A. O conceito de Saúde ao longo da história. (03/04/2009). Disponível
em:
http://www.multirio.rj.gov.br/portal/area.asp?box=N%F3s+da+Escola&area=Na+sala
+de+aula&objeto=na_sala_de_aula&id=72772. Acesso em 15 mai 2009.
QUEIROZ, M. S. Saúde e doença: um enfoque antropológico. Bauru: EDUSC,
2003.
Relatório da ONU sobre o envelhecimento alerta para 2050 (21/06/2007). Disponível
em: <http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/06/21/ult34u184004.jhtm.> Acesso
em:25 ago 2007.
ROSA, D. M. S. A doença como processo de individuação. Psicologia: argumento,
Curitiba, v.21, n. 33, p. 39-46, 2003.
105
SÁ, C. P. Representações sociais: o conceito e o estado atual da teoria. In: SPINK,
M. J. O conhecimento no cotidiano: as representações sociais na perspectiva da
psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 1993.
SANTOS, A. F. et al. Representações sociais do processo saúde-doença entre
nefrologistas e pacientes renais crônicos. Psicologia, Saúde & Doenças, Lisboa, v. 6,
n. 1, p. 57-67, 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/psd/v6n1/v6n1a04.pdf>. Acesso em: 30 jun.
2008.
SANTOS, S. J. Avaliação sócio-demográfica e níveis de saúde física e mental de
cuidadores de um programa de atendimento domiciliar. 2006. 191 f. Dissertação
(Mestrado em Psicologia) Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande,
2006.
SANTOS, Z. M. S. A; SILVA, R.M. Hipertensão Arterial: Modelo de educação em
saúde para o autocuidado. Fortaleza: UNIFOR, 2002.
SCHILDER, P. A imagem do corpo: as energias construtivas da psique. 3. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1999.
SCLIAR, M. Do gico ao social: trajetória da saúde pública. São Paulo: SENAC,
2002.
__________ História do Conceito de Saúde. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio
de Janeiro, v.17, n.1, p. 29-41, 2007. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312007000100003.
Acesso em 15 mai. 2009.
SEGRE, M.; FERRAZ, F. C. O conceito de saúde. Revista de Saúde Pública, São
Paulo, v. 31, n. 5, p. 538-542, 1997. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rsp/v31n5/2334.pdf>. Acesso em: 20 out. 2008.
SERPA, A. F. W. G. Representação social de saúde e doença para portadores de
hipertensão arterial e diabetes. 2007. 130 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia)
Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2007.
SHEPARD, R.J. Aging, physical activity and health. 1a ed. Champaign: Human
Kinetics, 1997.
SILVA et al. Avaliação do grau de dependência nas atividades de vida diária
emdosos da cidade de Fortaleza Ceará Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/ape/v19n2/a12v19n2.pdf> Acesso em 17 de nov de 2009.
SIMÕES, R. Corporeidade e Terceira Idade: a marginalização do corpo idoso.
Piracicaba: Uimep, 1998.
SIMONETTI, J. P.; BATISTA, L.; CARVALHO, L. R. Hábitos de saúde e fatores de
risco em pacientes hipertensos. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão
Preto, v. 10, n. 3, p.415-422, jun. 2002.
SPINK, M. J. P. O conceito de representação social na abordagem psicossocial.
106
Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, p. 300-308, 1993.
SPINK, M. J. P. O conhecimento no cotidiano: as representações sociais na
perspectiva da psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 1993.
SPINK, M. J. P. Psicologia social e saúde: práticas, saberes e sentidos. Petrópolis:
Vozes, 2003.
SPINK, M. J. P.; FREZZA, R. M. Práticas discursivas e produção de sentidos: a
perspectiva da psicologia social. In: SPINK, M. J. P. (Org.). Práticas discursivas e
produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricos metodológicas. 3. ed. São
Paulo: Cortez, 2004. p. 17-39.
SPIRDUSO, W. W. Dimensões Físicas do Envelhecimento. São Paulo: Manole,
2004.
STROEBE, W.; STROEBE, M. S. Psicología social e saúde. Lisboa: Instituto Piaget,
1995.
TAVARES, M. C. G. C.. Imagem corporal: conceito e desenvolvimento. São Paulo:
Manole, 2003.
TEIXEIRA, M. C. T. V., SCHULZE, C. M. N., CAMARGO, B. V. Representações
sociais sobre a saúde na velhice: um diagnóstico psicossocial na Rede Básica de
Saúde. Estudos de Psicologia. Natal: , v.7, n.2, p.351 - 359, 2002.
VELASCO, C. G. Aprendendo a Envelhecer à luz da psicomotricidade. São Paulo:
Phorte, 2006.
VELOZ, M. C. T.; SCHULZE, C. M. N.; CAMARGO, B. V. Representações sociais do
envelhecimento. Psicologia Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 12, n. 2, p. 4 1999.
VERDERI, Érica. O corpo não tem idade. Jundiaí-SP: Fontoura, 2003.
VIANA, H.B. Atividade Física, Envelhecimento e Imagem Corporal. In: TAVARES,
M.C.C.(Org.) O Dinamismo da Imagem Corporal. São Paulo:Phorte, 2006.
VILELA, E. M.; MENDES, I. J. M. Entre Newton e Einstein: desmedicalizando o
conceito de saúde. Ribeirão Preto: Holos, 2000.
WAGORN, Y.; THEBÉRGE, S.; ORBAN, W. A. R. Manual de ginástica e bem-estar
para a terceira idade. São Paulo: Marco Zero, 1993.
WEINECK, J. Biologia do esporte. São Paulo: Manole, 1991.
107
APÊNDICES
108
APÊNDICE A Instrumento de coleta de dados
ROTEIRO DA ENTREVISTA
1. Idade: Sexo: Estado Civil:
Escolaridade:
Ocupação:
Papel na estrutura familiar:
Renda familiar:
mero de pessoas que moram com o (a) senhor (a)
2. O senhor (a) participa do grupo de atividade física na UBS?
( ) Sim ( ) Nãoquanto tempo?
3. Quais os problemas de saúde que o senhor (a) tem?
4. Com relação à esses problemas, quais os cuidados que o senhor (a) tem?
5. Existe alguma dificuldade para ter esses cuidados?
6. O que é saúde para você?
6. O que é doença para você?
7. Com tantos nomes que recebem o grupo de pessoas que passam dos 60 anos, como
terceira idade, feliz idade, melhor idade, enfim, o que acha de todos esses nomes e qual
deles prefere? Por que?
8. O que é ser velho para você?
9. O que é para o senhor (a) velhice?
109
10. Para o senhor (a) como o velho é tratado no Brasil?
QUESTÕES PARA OS PARTICIPANTES DO GRUPO DE ATIVIDADE FÍSICA
11. Como o senhor (a) chegou no grupo de atividade física?
12. Como é para o senhor (a) participar do grupo de atividade física na UBS?
13. Como é o atendimento que o senhor (a) recebe no grupo?
14. O que mais gosta e menos gosta de fazer no grupo?
14. Algo mudou na sua vida depois que passou a frequentar o grupo?
( ) Sim ( ) Não O que?
15. O senhor (a) participa de outros grupos?
16. O senhor (a) gostaria de falar mais alguma coisa que não foi mencionada?
110
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
4
1 TITULO DO PROJETO DE PESQUISA:
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE SAÚDE E DOENÇA, VELHO E VELHICE PARA
IDOSOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE.
2 PESQUISADOR(A)
Nome: Márcia Cristina Bortoleto Rotta.
CPF: 796208581-72__ RG: 000760663 SSP/MS Telefone: (67) 8401-4136
Endereço: Rua do Livramento nº439 Bairro Cel Antonino Cidade: Campo
Grande/MS
3 ORIENTADOR (A):
Nome: Profª Drª Angela Elizabeth Lapa Coêlho
CPF: 308688744-34 RG: 183924 SSP/PB Telefone: (67) 3312-3585
Endereço: Av. Tamandaré nº 6000 Jardim Seminário Cidade: Campo Grande/MS
4 OBJETIVOS DA PESQUISA:
Identificar as representações sociais de saúde, doença, velho e velhice para pessoas
na terceira idade, residentes na região e cadastradas na UBSF São Benedito, que fazem
parte de um grupo de atividade física e outras que não fazem parte deste grupo e são
atendidas pela unidade.
4
O modelo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é de responsabilidade do pesquisador e seu
conteúdo deve responder a dois cririos fundamentais: assegurar ao pesquisador a autonomia para publicação
dos resultados alcançados pela pesquisa e assegurar aos sujeitos que serão submetidos à pesquisa o direito de
se manifestar e apoiar ou não o que estiver sendo apresentado na posposta.
111
5 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA:
Conhecer as representações sociais do envelhecer para o idoso, o que buscam
nesta fase da vida, como é ser velho no Brasil, suas concepções de saúde e doença, como
vêem e entendem seus corpos, como os programas de atividade física interferem nesse
processo, na sua autonomia, são indagações que o oportunizar o (re) conhecimento do
idoso e da velhice.
6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
Serão convidadas as pessoas acima de 60 anos que estão cadastradas na Unidade
Básica São Benedito e em seguida serão agendadas as entrevistas e aplicação dos testes.
No decorrer da pesquisa serão realizadas observações e anotações em diário de campo
para apoio em posterior análise das informações colhidas.
7 POSSÍVEIS DESCONFORTOS E RISCOS:
As pessoas que participarão deste estudo, poderão sentir-se desconfortáveis e/ou
fragilizadas por abordarem temas relacionados as suas próprias condições de saúde ou
doença e até mesmo físicas. Sentimentos provocados pelo processo de envelhecimento que
podem ocorrer no decorrer do estudo.
8 POSSÍVEIS BENEFÍCIOS ESPERADOS:
Os participantes serão oportunizados a falar sobre o que sentem em relação a
velhice, o que é ser velho, as condições de saúde e doença que vivenciam, destacar as
suas necessidades, opinarem sobre o que pode ser melhorado na suas vidas e nos
cuidados que recebem da Unidade Básica de Saúde.
Considerando as informações constantes dos itens acima e as normas
expressas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde
consinto, de modo livre e esclarecido, participar da presente pesquisa na condição de
participante da pesquisa, sabendo que:
1 A participação em todos os momentos e fases da pesquisa é voluntária e não
implica quaisquer tipos de despesa e/ou ressarcimento financeiro. Em havendo despesas
operacionais, estas deverão estar previstas no Cronograma de Desembolso Financeiro e em
nenhuma hipótese poderão recair sobre o sujeito da pesquisa e/ou seu responsável;
112
2 É garantida a liberdade de retirada do consentimento e da participação no
respectivo estudo a qualquer momento, sem qualquer prejuízo, punição ou atitude
preconceituosa;
3 É garantido o anonimato;
4 Os dados coletados seo utilizados para a pesquisa e os resultados poderão
ser veiculados em livros, ensaios e/ou artigos científicos em revistas especializadas e/ou em
eventos científicos;
5 A pesquisa aqui proposta foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP),
da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), que a referenda e
6 O presente termo está assinado em duas vias.
Campo Grande-MS ______/________/_________
1) _____________________________________________
Nome e assinatura do (a)
( ) Sujeito da pesquisa
( ) Responsável pelo participante
Meio de contato: _________________________________
2) _____________________________________________
Nome e assinatura do (a) pesquisador (a)
3) _____________________________________________
Nome e assinatura do(a) orientador(a)
113
ANEXOS
114
ANEXO 1 Auto Avaliação da Imagem Corporal
A seguir você tem uma série de 09 figuras para os homens e 09 figuras para as
mulheres. Observe com cuidado cada uma delas de acordo com seu sexo e responda (pode
marcar com um X ou circular):
Qual aparência se parece com você ATUALMENTE?
Qual aparência que você gostaria de ter?
Fonte: Sorensen e Stunkard (1993, apud MATSUDO, 2005).
115
ANEXO 2
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA Brazilian OARS (Olders
Americans Research and Services) Multidimensional Functional Assessment
Questionnaire-BOMFAQ (Ramos et al, 1993)
Sem
Dificuldade
Com dificuldade
Pouca
Muita
Deitar/Levantar cama
Comer
Pentear cabelo
Andar no plano
Tomar banho
Vestir-se
Ir ao banheiro em tempo
Subir escada (1 lance)
Medicar-se na hora
Andar perto de casa
Fazer compras
Preparar refeições
Cortar unhas dos pés
Sair de condução
Fazer limpeza de casa
TOTAL
1. Nenhuma atividade comprometida (sem comprometimento)
2. 1 a 3 atividades comprometidas (comprometimento leve)
3. 4 a 6 atividades comprometidas (comprometimento moderado)
4. 7 ou mais atividades comprometidas (comprometimento grave)
116
ANEXO 3 - DECLARAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo