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se mostraram interessados em participar e foi necessário providenciar mais cópias do
documento para serem entregue aos pais. No entanto, o baixo retorno das autorizações
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e as
constantes interpelações das famílias acerca do tema da pesquisa e as possíveis conseqüências
que os participantes poderiam sofrer, inviabilizaram a tentativa.
Foi dada continuidade à pesquisa por meio da aplicação da técnica de grupo focal com
os professores, por ser “importante para o conhecimento das representações, percepções,
crenças, hábitos, valores, restrições, preconceitos, linguagens e simbologias prevalentes no
trato de uma dada questão por pessoas que partilham traços em comum, relevantes para o
estudo do problema visado” (GATTI, 2005, p.11).
Para dar início à discussão em grupo focal, foram utilizadas três seqüências de imagem
que apresentavam situações de bullying (APÊNDICE 3, 4, e 5). Tal estratégia foi selecionada
como aquela que melhor provocaria a discussão entre professores sobre o fenômeno, uma vez
que a palavra é de origem inglesa e possivelmente conduziria a outros questionamentos que
não ações identificadas como repetitivas. As seqüências de imagem foram validadas por
especialistas em educação antes de serem submetidas ao grupo de professores. Nessas
imagens, se procurou contemplar o bullying em ações repetidas de exclusão social, agressão
física e ciberbullying
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, indicadas na literatura pesquisada como aquelas de maior freqüência
nas escolas brasileiras.
Foi solicitado aos participantes que olhassem, uma a cada vez, as imagens e
expressassem o que, para eles, elas mostravam. Foi perguntado, também, se eles já haviam
visto na escola alguma situação parecida com aquelas e, em caso afirmativo, que falassem
sobre o ocorrido. Também foi explicado o uso da gravação em áudio e obtido consentimento
para sua utilização.
Inicialmente inibidos, os professores olhavam as imagens e nada falavam. Insistimos
em perguntar se aquelas imagens mostravam situações identificadas por eles. Na primeira
ilustração focalizamos uma situação de exclusão social, atitude de desprezo (FANTE, 2005).
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De 90 autorizações distribuídas, apenas seis retornaram.
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O termo ciberbullying tem sido usado nas ocorrências de bullying no ciberespaço. Sua ocorrência se dá pelo
uso de tecnologias de comunicação, como e-mails, ligações telefônicas, mensagens enviadas pelo celular,
material publicado na internet (textos, fotos ou vídeo) e conversas via comunicadores instantâneos, como o ICQ,
MSN, entre outros. As conseqüências do ciberbullying são as mesmas que as do bullying praticado fora do
mundo cibernético. Há, aqui também, prejuízos na socialização, pois a vítimas tendem a se isolar como forma de
se proteger de novos ataques. A aprendizagem também é afetada, pois há uma queda na atenção da criança e
quando o ciberbullying tem sua origem na escola, a vítima tende a faltar às aulas. A saúde emocional da vítima é
igualmente impactada, o que se manifesta por diversos sintomas, tais como: ansiedade, tristeza (podendo chegar
à depressão), estresse, medo, apatia, angústia, raiva reprimida, etc. Muitas das conseqüências nefastas do
ciberbullying persistem ao longo da vida da vítima, sendo desejável, segundo o site do CEMEOBES, a
intervenção de um especialista para auxiliá-la a superar os traumas causados por esse tipo de comportamento
(FAUSTINO; OLIVEIRA, 2008).