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Ao elaborar representações sociais, os indivíduos organizam imagens, histórias e
linguagens coletadas de atos e situações que lhes são comuns. Ao vivenciar ou apenas ter
conhecimento desses fatos da realidade e da natureza, eles procuram meios de reproduzi-los,
porém as representações sociais não são meras reproduções da realidade. Elas vão mais além,
resultam de uma lógica natural em que os elementos são interpretados e passam por uma
reconstrução, sendo-lhes atribuído um significado específico, cujos aspectos podem ser
cognitivos, emocionais e afetivos. Desse modo, a realidade é conhecida, remodelada e
representada, fazendo parte das relações cognitivas do grupo. Moscovici (2007, p. 25)
discorre sobre as representações sociais e afirma que:
Toda representação é composta de figuras e de expressões socializadas.
Conjuntamente, uma representação social é a organização de imagens e
linguagem, porque ela realça e simboliza atos e situações que nos são e que
nos tornam comuns. Encarada de modo passivo, ela é compreendida a título
de reflexo, na consciência individual ou coletiva, de um projeto, de um feixe
de idéias que lhe são exteriores. A analogia com uma fotografia captada e
alojada no cérebro é fascinante; a delicadeza de uma representação é, por
conseguinte, comparada ao grau de definição e nitidez ótica de uma imagem.
É nesse sentido que nos referimos, freqüentemente, à representação
(imagem) do espaço, da cidade, da mulher, da criança, da ciência, do
cientista, e assim por diante.
A analogia das representações sociais como uma fotografia alojada no cérebro é
realmente interessante, porque dá a dimensão do significado das representações sociais para
os grupos nas suas relações. Através delas, obtém-se uma imagem da realidade, com seus
elementos, fatos e pessoas, todos identificados e classificados, cujo registro está na memória
de todo o grupo. É a partir da figura destes dados que os grupos têm um conhecimento
elaborado, de forma coletiva, que eles vão dar um sentido e interpretar a realidade, para, na
sequência, agir sobre ela em coerência com o que veem, conhecem e interpretam.
Para Moscovici, o que desencadeia o processo formador das representações sociais,
seu propósito, é o de transformar algo não familiar em familiar, ou a não familiaridade em
familiar. O processo de formação das representações sociais tem como princípio a
familiarização do que é desconhecido pelo grupo. Fatos, pessoas ou leis jurídicas, por
exemplo, não familiares, que se inserem no cotidiano do grupo, interferindo de algum modo
nas relações, precisam se tornar familiares. Com este objetivo, serão codificados, analisados e
assimilados aos dados anteriormente conhecidos, para serem, finalmente, compreendidos,
tornando-se familiar ao grupo. Essa familiaridade estará permeada pelos elementos dados pelo