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Eu não faço mais o que fazia antes. É a questão da camisinha mesmo, eu não era
muito fã de camisinha não (risos), por causa da camisinha que eu me arrasei. Por
causa da camisinha que eu me arrasei [...]. (Paulo, 40 anos).
[...] Eu tinha uma vida muito ativa sexualmente, né? É, saía com vários parceiros,
antes de descobrir... Tive vários parceiros.... Quando eu soube, eu já estava com
um companheiro fixo, já estava morando com ele, e aí fiquei com ele, mas também
não contei para ele. Quando eu fiquei grávida dele, né? Ele teve que vir fazer o
exame, e ele deu negativo. Nós ficamos sete anos, e a gente nunca tinha usado
preservativo, e eu escondi, quando soube, mesmo assim não falei nada para ele, e
ele não adquiriu a doença. (Jéssica, 35 anos)
Ah sei lá, acho que com a camisinha né? Deve ser. Eu também num sei não, por
que quando eu fui saber também já era tarde de mais. Por que camisinha eu
também nunca usei mesmo, por que a tal de camisinha ô troço nojento. Mais assim,
quer dizer, eu não sei, eu não posso distinguir, como é, acho que é o fato da
pessoa não usar camisinha né? (Flávia, 36 anos)
[...] eu estava desconfiado que eu estivesse infectado devido aos meus
comportamentos duvidosos anteriores... Que eu tinha relação sem prevenção, eu
tinha contato físicos com pessoas sem o devido cuidado, mesmo sabendo que
havia o risco de ser infectado. Só botava camisinha quando via que tava muito,
muito, muito, fechado muito com dificuldade mesmo de passagem, aí eu botava a
camisinha o preservativo, né? Quando tava muito fechado, podia ser a relação
vaginal e podia ser a relação anal também. Anal mais com o homem né? Assim,
com homens e com mulheres, até porque eu tava tendo uma pratica assim, bem
constante,né? Foi uma época que eu estava praticando mais, bem ativa, sabe?
Então eu tinha que tomar esse tipo de cuidado, porque eu já tive até outros sinais
como bolhas, secreção, pus né? Então eu tinha esse cuidado né? De não ter muito
atrito, muita força, mas mesmo assim eu achei que não ia acontecer comigo e
acabei me infectando. (Carlos, 33 anos)
O conteúdo da fala deste último colaborador retrata ainda a existência de uma
possível DST que, no entanto, passou desapercebido. Tal realidade foi pontuada por
Francisco et al. (2004) ao relataram que existe ainda uma dificuldade das pessoas
identificarem os sinais das DST‘s em que alguns sujeitos acreditam que a presença
de feridas, corrimentos ou verrugas nos órgãos genitais não é sinal de DST,
respostas que indicam um conhecimento precário do assunto.
Para Sontag (2007, p. 98), ―o comportamento perigoso que produz a Aids é
encarado como algo mais do que fraqueza. É irresponsabilidade, delinquência – o
doente é viciado, em substâncias ilegais ou sua sexualidade é considerada
divergente‖. Para a maioria das pessoas, a Aids é percebida não somente pelos
excessos sexuais, mas também por sua perversão.
Sabe-se que um dos maiores desafios hoje é fazer com que as pessoas
façam uso do preservativo nas relações sexuais. A estratégia utilizada pelos órgãos
públicos são as campanhas contra a Aids realizadas em redes nacionais de
comunicação, porém, estas, na maioria das vezes, consideram as pessoas que não
tem o HIV, e tem como objetivo conscientizá-las da importância do uso do
preservativo para prevenir a infecção pelo vírus. Ressalta-se que existe uma lacuna