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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA
ESCOLA DE ENFERMAGEM
LARISSA SILVA DE ABREU RODRIGUES
REPRESENTAÇÕES DE MULHERES EM UNIÃO HETEROSSEXUAL
ESTÁVEL SOBRE A VULNERABILIDADE À INFECÇÃO PELO
HIV/AIDS
SALVADOR
2009
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LARISSA SILVA DE ABREU RODRIGUES
REPRESENTAÇÕES DE MULHERES EM UNIÃO HETEROSSEXUAL
ESTÁVEL SOBRE A VULNERABILIDADE À INFECÇÃO PELO
HIV/AIDS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em
Enfermagem, Universidade Federal da Bahia como requisito
parcial para obtenção do Título de Mestra em Enfermagem,
área de concentração nero, Cuidado e Administração em
Saúde.
Orientadora:
Profa. Dra.Mirian Santos Paiva
Co-orientadora:
Profa. Dra. Jeane Freitas de Oliveira
SALVADOR
2009
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Larissa Silva de Abreu Rodrigues
REPRESENTAÇÕES DE MULHERES EM UNIÃO
HETEROSSEXUAL ESTÁVEL SOBRE A VULNERABILIDADE
À INFECÇÃO PELO HIV/AIDS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem da
Universidade Federal da Bahia como requisito para obtenção do grau de Mestra em
Enfermagem na área de concentração Enfermagem na Atenção à Saúde da Mulher.
Aprovada em _____de__________de___________
BANCA EXAMINADORA
Mirian Santos Paiva__________________________________________________________
Doutora em Enfermagem, Professora da Universidade Federal da Bahia
Sheva Maia da Nóbrega_______________________________________________________
Doutora em Psicologia Social, Professora da Universidade Federal de Pernambuco
Enilda Rosendo do Nascimento_________________________________________________
Doutora em Enfermagem, Professora da Universidade Federal da Bahia
Enede Andrade da Cruz_______________________________________________________
Doutora em Enfermagem, Professora da Universidade Federal da Bahia
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho:
À minha avó paterna, Maria, pela sua força e amor incondicional;
À minha mãe, pelo amor e incentivo a mim dispensados que foram fundamentais;
Ao meu pai, pelo apoio e pela torcida;
À minha irmã Luana e ao meu irmão Mário Neto;
À minha prima Elaine;
E a André, obrigada pelo amor e companheirismo.
5
AGRADECIMENTO ESPECIAL
À minha querida orientadora, Pro Drª Mirian Santos Paiva, que com dedicação e tranilidade,
além de capacidade brilhante de partilha de conhecimento, em muito contribuiu para realização
deste trabalho. Obrigada, por fazer tão prazerosa essa caminhada!
6
AGRADECIMENTOS
... a vida é a arte do encontro, embora haja
tantos desencontros pela vida... (Vinícius de Morais)
A Deus por ter me concedido condições necessárias para concretização desse estudo;
À Ana Luiza e minha tia Luiza pelo incentivo, carinho e acolhimento. Obrigada pela amizade;
À Profª Drª Sheva Maia da Nóbrega, pela gentileza, atenção e ensinamentos. Suas
contribuições foram valiosas;
À Profª Drª Maria da Penha Lima Coutinho pelas colaborações na qualificação do projeto;
À Professora Drª Jeane Freitas de Oliveira, sempre gentil e pronta para ajudar, obrigada pelas
contribuições na construção do trabalho;
Às amigas Ana Paula, Lúcia Helena, Marizete e Michele pelo apoio e, principalmente, pela
amizade;
A todas as professoras do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e a todas (os)
colegas de curso pelas contribuições durante a trajetória;
À CAPES cujo apoio financeiro foi essencial na realização desta pesquisa;
Às mulheres que aceitaram participar deste estudo;
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente contribuíram nesta caminhada.
7
“Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente
a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível
mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda
possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia,
mas participar de práticas com ela coerentes.”
Paulo Freire
8
RODRIGUES, Larissa Silva de Abreu. Representações sociais de mulheres em união
heterossexual estável sobre a vulnerabilidade à infecção pelo HIV/AIDS. Salvador:
Universidade Federal da Bahia, 2009. p.83. Dissertação de Mestrado.
RESUMO
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório de abordagem quanti-qualitativa desenvolvido
com o objetivo de apreender e comparar as representações sociais sobre a vulnerabilidade à
infecção pelo HIV/AIDS de mulheres em união heterossexual estável que vivem no interior com
as representações sociais daquelas que moram na capital, sob a luz da teoria das Representações
Sociais tendo gênero como categoria analítica. Participaram do estudo 195 mulheres em união
heterossexual estável atendidas em duas unidades básicas de saúde uma localizada em
Salvador/Bahia e a outra em Jequié, município situado no interior deste estado. Foram
observados os aspectos ético-legais dispostos na Resolução 196/96, do Conselho Nacional de
Saúde. Os dados empíricos foram produzidos pela técnica de associação livre de palavras,
desenho-estória com tema e entrevista semi-estruturada. Para o tratamento dos dados, foram
utilizadas a análise fatorial de correspondência através do software Tri-deux-mots e a análise de
conteúdo. Os resultados da análise fatorial de correspondência demonstraram significância para
as variáveis fixas: escolaridade, tempo de união estável e procedência. As representações sociais
sobre a vulnerabilidade a aids evidenciaram mudanças nas representações sociais sobre a aids
quando as mulheres assinalam a traição masculina e a confiança no parceiro como algo que as
deixam mais vulneráveis à infecção pelo HIV. As representações grupo de Jequié com menor
tempo de união esvel apontam para uma sujeição e passividade com relação à traição do
parceiro. Enquanto o grupo de Salvador com seis a dez anos de casado enfatiza sua prática
monogâmica e não promíscua, e defende-se da transmissão pela traição do parceiro único
invocando a religião, embora não aparente submissão ao parceiro na relação conjugal como no
grupo de Jequié. As mulheres com nível básico de escolaridade e maior experiência conjugal
constroem a crença de sua própria invulnerabilidade. Quanto às mulheres com nível médio de
escolaridade e pouca experiência conjugal colocam em estado de alerta a sua vulnerabilidade. As
representações sociais apreendidas revelam invisibilidade da vulnerabilidade social e
programática e a influência da religião no conteúdo representacional.
Palavras-chaves: Representações Sociais; Gênero; Vulnerabilidade; HIV/AIDS; Mulheres
9
RODRIGUES, Larissa Silva de Abreu. Social representations of women in stable heterosexual
marriage about vulnerability to HIV/aids. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2009.
p.83. Dissertação de Mestrado.
ABSTRACT
This is a descriptive study of quantitative and qualitative approach developed in order to
apprehend and compare the social representations of women in stable heterosexual marriage that
live in a town within the social representations of those who live in the capital about vulnerability
to HIV/aids, through Social Representation Theory and gender as an analytical category. The
study included 195 women in stable heterosexual union met in two Basic Health Units located in
Salvador / Bahia and another in the municipal district, located within this state. We observed the
ethical-legal requirements of Resolution 196/96 of the National Health Council. The data were
produced by the technique of free association of words, a themed story drawing and semi-
structured interview. The treatment of data was performed using factorial analysis of
correspondence through the software tri-deux-mots and technical content analysis. The results of
the factorial correspondence analysis showed significance for the fixed variables: education,
length of marriage and origin. The social representations of vulnerability to AIDS show changes
in social representations of AIDS when women point out the betrayal and trust in the male
partner as something that leaves them more vulnerable to HIV infection. For the group of Jequié
with less time of marriage there is passivity to the betrayal of the partner. While the group of
Salvador with six to ten years of marriage emphasizes his practice monogamous and not
promiscuous, and advocates from referrals by the betrayal of one partner by invoking religion,
although they do not show apparent submission to the partner in the marriage relationship as the
Jequié´s group. Women with more experience with marriage and basic schooling build the belief
of their own invulnerability. Women with a high school degree and little marital experience put
on alert their vulnerability. The social representations obtained show invisibility of social and
programmatic vulnerability and the religion´s influence in the representational content.
Key Word: Social Representations; Gender; Vulnerability; HIV/aids; Women
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
12
2 REVISÃO DA LITERATURA
16
2.1 TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
16
2.2 VULNERABILIDADE DA MULHER À AIDS
19
3 METODOLOGIA
24
3.1 TIPO DE PESQUISA
24
3.2 CENÁRIO DA PESQUISA
26
3.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO
27
3.4 ASPECTOS ÉTICOS-LEGAIS DA PESQUISA
28
3.5 ESTRATÉGIA PARA A COLETA DOS DADOS
28
3.5.1 Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP)
28
3.5.2 Desenho-Estória com tema
29
3.5.3 Entrevista semi- estruturada
30
3.6 TRATAMENTO DOS DADOS
30
3.6.1 O software Tri-Deux-Mots
30
3.6.2 A Análise de Conteúdo
31
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
33
4.1 CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA DAS PARTICIPANTES
33
4.2 ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES SEGUNDO A TÉCNICA DE
ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS
34
4.2.1 Análise dos fatores 1 e 2 (F1, F2)
37
4.2.2 Análise dos quadrantes
39
4.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A PARTIR DA AFC
41
4.3.1 Fator 1: Implicações do tempo de união heterossexual estável e escolaridade
nas representações sociais de mulheres sobre a vulnerabilidade ao HIV/ aids
42
4.3.2 Fator 2: Implicações da procedência e do tempo de união heterossexual
estável nas representações de mulheres sobre a vulnerabilidade ao HIV/ aids
45
4.4 OS DESENHOS E AS ENTREVISTAS REVELANDO REPRESENTA- 49
11
ÇÕES SOCIAIS
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
59
REFERÊNCIAS
62
APÊNDICE A – INFORMAÇÕES À COLABORADORA E TERMO DE
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
68
APÊNDICE B – ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS 69
APÊNDICE C – ENTREVISTA 70
APÊNDICE D CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA DAS
PARTICIPANTES
71
APÊNDICE E - TABELA1
72
APÊNDICE F – TABELA 2
73
ANEXO A – IMP – DICIONÁRIO TRI-DEUX-MOTS
74
ANEXO B – AFC- ANALYSE FATORIAL DE CORRESPONDANCES
77
ANEXO C FREQUÊNCIA DAS VARIÁVEIS DE OPINIÃO QUE FORAM
EVOCADAS AO MENOS POR 8 SUJEITOS EM FUNÇÃO DAS VARIÁVEIS
80
ANEXO D PARECER COMITÊ DE ÉTICA DO COMITÊ DE ÉTICA E
PESQUISA CEP/ UESB
82
ANEXO E - PARECER COMITÊ DE ÉTICA DO COMITÊ DE ÉTICA E
PESQUISA CEP/ UFBA
83
12
1 INTRODUÇÃO
A mudança no padrão da epidemia da aids Síndrome da imunodeficiência humana
adquirida, no Brasil e no mundo, aponta que a população heterossexual foi acometida por essa
doença. A aids que era identificada como restrita a determinados grupos, considerados “de risco”,
sofreu mudanças em sua dinâmica com uma participação expressiva de mulheres em união
heterossexual estável/ casadas categoria considerada como não integrante do cenário desta
epidemia até meados dos anos 90 do século XX.
A epidemia tem apresentado muitos retratos e avança no interior do país, em mulheres,
heterossexuais e na população de baixa renda e pouca escolaridade. Em mulheres heterossexuais
com idade maior que 13 anos, 95% dos casos de aids são resultantes de transmissão através de
relação sexual, com queda acentuada entre usuárias de drogas injeveis (BRASIL, 2008).
Os contextos de vulnerabilidade que determinam a susceptibilidade das mulheres em
união heterossexual estável perpassam pluralidade de vulnerabilidades: político social, individual,
econômica, biológica e hisrico-cultural. Nesse sentido, as práticas sexuais e os papéis sexuais
desempenhados pela mulher em posição, quase sempre, de subserviência em relação ao seu
parceiro, a dificuldade em discutir questões sobre a prevenção da infecção pelo HIV/ aids e
inserir o uso do preservativo em seus relacionamentos revela uma histórica subalternidade de
gênero determinando a vulnerabilidade destas mulheres ao HIV/ aids.
Assim, considerando a distribuição de poder na esfera das relações entre homens e
mulheres na sociedade e, em especial, o poder de decisão nos aspectos vinculados às decisões
sobre as relações sexuais além da maior suscetibilidade biológica das mulheres para adquirir a
infecção é que se propõe destacar gênero como categoria analítica neste estudo de
representações sociais de mulheres em união estável sobre a vulnerabilidade à infecção pelo
HIV/aids.
Gênero estabelece identidades particulares para homens e mulheres, que é proveniente
de uma construção social e cultural da forma como eles (as) homens e mulheres se relacionam
na sociedade. sobremaneira, diferenças significativas entre os papéis e comportamentos de
homens e mulheres nos relacionamentos, especialmente, no tocante às atividades sexuais.
13
A aproximação ao objeto de estudo se deu, inicialmente, através dos resultados obtidos
com a monografia de conclusão de curso de graduação, denominada: Planejamento Familiar: um
olhar de usuários. Os dados obtidos revelaram, que, quando se orienta o sexo seguro, ou seja, a
utilização de preservativos nas relações sexuais, penetra-se em um universo subjetivo que
interfere na decisão da mulher em união heterossexual estável/casada de solicitar do seu parceiro
o uso ou usar o preservativo (RODRIGUES, 2006).
Posteriormente, o contato direto com mulheres em atividades de assistência e de pesquisa
evidenciou dificuldades para adoção de medidas de prevenção da aids, vivenciadas pelas
mulheres. Tal constatação reforçou a necessidade de se pesquisar o campo das representações
sociais das mulheres a respeito da infecção ao HIV/aids, a fim de identificar possíveis dimensões
desta realidade que as deixam mais vulneráveis a esta infecção.
A busca na literatura sobre este tema avigorou a inquietação inicial, ao ser observada a
existência de escassos trabalhos científicos que atentam para as questões da vulnerabilidade de
mulheres em união heterossexual estável. Passados quase trinta anos da descoberta do HIV/ aids,
será que esta doença continua sendo representada socialmente como “a doença do outro”? Como
as representações sociais da vulnerabilidade à aids se relacionam com as expectativas das
mulheres em relação à sexualidade, ao afeto e ao respeito? Como estão ancoradas, por estas
mulheres, as questões da susceptibilidade à aids? Como elas situam, significam a experiência
afetiva e sexual com o parceiro e as atuais propostas de prevenção da infecção pelo HIV entre
casais heterossexuais que, baseiam-se quase exclusivamente na utilização do preservativo
masculino e/ ou feminino?
Sem dúvida, tais questões remontam à historicidade de como se sustentaram e, até certo
ponto, como se sustentam as relações em uma união conjugal, nas quais as mulheres estão
circunscritas em uma vivência afetiva e familiar, dissociadas da prevenção e do auto-cuidado
requeridos no atual contexto da AIDS.
Vale salientar que, o entendimento de prevenção, neste estudo, corrobora com Ayres
(1999), quando se reporta a Mann na década 90 do século XX, para afirmar que, a prevenção
perpassa questões mais amplas, extrapola os enfoques de redução de comportamento de risco
individual e abarca a dialética da vulnerabilidade social e programática, sendo também permeada
pela percepção de invulnerabilidade experimentada por algumas mulheres.
14
Estudo sobre realizado por Costa e Lima (1998) envolvendo estudantes universitários (as)
destaca a crença destes(as) jovens de invulnerabilidade à aids, uma vez que associam a
homossexualidade como a principal responsável por esta doença e, ainda, os sentimentos
românticos e a confiança no parceiro explicaram a existência de uma menor preocupação com à
infecção pelo HIV.
Apesar dos avanços cienficos/teóricos e da introdução do conceito de vulnerabilidade,
segundo o qual todas as pessoas são vulneráveis ao HIV/aids, e especialmente, aquelas(les) que
possuem vida sexual ativa, o importando o número de parcerias ou a orientação sexual, os
dados epidemiológicos corroboram, nos dias atuais, com uma notória e crescente participação de
mulheres em união heterossexual estável no âmbito da epidemia HIV/aids.
Partindo da premissa de que todas as Infecções Sexualmente Transmissíveis IST são
preveníveis e que uma incidência crescente de aids em mulheres em união heterossexual
estável/casadas, formula-se a questão norteadora dessa pesquisa: Quais as representações sociais
das mulheres em união estável sobre a vulnerabilidade à infecção pelo HIV/aids?
Diante desse questionamento, objetiva-se apreender as representações sociais de mulheres
em união heterossexual estável a respeito da vulnerabilidade à infecção pelo HIV/aids, bem como
comparar as representações sociais de mulheres em união heterossexual estável que vivem na
capital, com as representações sociais daquelas que vivem em uma cidade do interior, sobre a
vulnerabilidade à infecção pelo HIV/aids.
O eixo teórico dessa pesquisa é a Teoria das Representações Sociais (TRS), pois, esta
permite captar elementos cognitivos, ideológicos, crenças, valores, opiniões que conformam a
representação social. Ademais a TRS possibilita articulações com gênero como categoria
analítica.
Segundo Ribeiro, Coutinho e Saldanha (2005) a teoria das Representações Sociais
caracteriza-se por ser:
uma teoria do senso comum, alocada nas relações humanas, assumindo
caráter simbólico e sócio-histórico, conduzindo a funções específicas,
como contribuir com os processos de formação de condutas e orientar as
comunicações sociais (p.194).
15
Articular a TRS com gênero, como categoria analítica, assinala relevância social ao
estudo pela possibilidade que tal articulação apresenta de desvendar significados da
vulnerabilidade ao HIV/aids por parte de mulheres em união heterossexual estável.
Almeja-se, com a divulgação dos resultados do presente estudo, possibilitar uma reflexão
sobre a vulnerabilidade dessas mulheres em uma perspectiva contextual ampla, considerando a
complexidade dos elementos condicionantes das relações sociais, dentre os quais, destaca-se as
relações de gênero.
16
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Essa pesquisa encontra-se ancorada na TRS que busca compreender fatos e fenômenos
sociais. As representações sociais (RS) constituem formas de conhecimentos socialmente
elaborados por grupos de indivíduos para comunicar-se e tentar entender aquilo que lhe é
estranho e não familiar (MOSCOVICI, 2007).
Desde a instauração do método científico, a ciência positivista estabeleceu um
rompimento com tudo aquilo que não acompanha sua rigidez metodológica e neutralidade
cientifica. A TRS, por sua vez, traz um importante resgate dos conhecimentos construídos
socialmente através das experiências das pessoas, ou seja, do senso comum.
Nesse sentido, Nóbrega (2001, p 62) assinala que:
Antes do advento da teoria das representações sociais, o pensamento das
massas, correntemente denominado ‘o senso comum’, era considerado
como um corpus de conhecimento ‘confuso’, ‘inconsistente’,
‘desarticulado’ e ‘fragmentado’. Em relação ao conhecimento científico, o
senso comum era situado num pólo extremo e oposto: como uma espécie
de saber ‘selvagem’, ‘profano’, ‘ingênuo’ e, amesmo, de ‘mentalidade
pré-lógica’, conforme classificavam a sociologia, psicologia, antropologia
etc.
O termo representações sociais cunhado por Moscovici (2007), a partir dos estudos de
sociologia de Durkheim sobre representações coletivas, não se reduziu, portanto, a representações
individuais limitadas ao objeto da psicologia determinando um novo campo “uma forma
sociológica e não psicológica, de Psicologia Social”. (FARR, 1995, p.36)
Moscovici (1978, p.26) define as representações sociais da seguinte forma:
um conjunto de conceitos, enunciados e explicações originados na vida
cotidiana. Elas são o equivalente, em nossa sociedade, aos mitos e aos
sistemas de crença das sociedades tradicionais; poder-se-ia mesmo
considerá-las como a versão contemporânea do senso comum.
17
A Teoria das Representações Sociais, embora originária das ciências sociais, foi se
inserindo nos estudos da área de saúde. Spink (1989, p.10) destaca que
As representações sociais constituem um campo fértil para o estudo do
processo saúde doença porque permitem explorar a interface entre o
senso comum e o pensamento científico, seja este concebido como corpo
de conhecimento ou como relações sociais com um grupo definido
comparativamente como detentor do saber.
Jodelet (1998, p. 18) salienta que, a TRS vem sendo utilizada em “estudos que analisam
as relações entre conhecimento científico e profano, e no exame do papel que as concepções do
senso comum exercem sobre a apreensão de certas doenças”. Neste estudo a referida teoria é
pertinente, pois, possibilita apreender a interconexão entre o senso comum e o pensamento
cienfico e captar como as pessoas significam aspectos diversos do processo saúde doença,
contribuindo, assim, no desvelamento das RS que obstaculizam ou facilitam as intervenções nesta
área.
A partir dessas considerações, é que este estudo se propõe investigar as RS de mulheres
em união heterossexual estável acerca da vulnerabilidade à infecção pelo HIV/aids, pois, as
relações que elas estabelecem entre si e o contexto que as rodeiam são constituídas por processos
sócio-cognitivos que têm influência na vida cotidiana, determinando a comunicação e os
comportamentos e ao mesmo tempo, também, sendo determinados por estes.
Sendo assim, a representação social pode ser considerada como um sistema de apreensão
da realidade, organizando as relações das pessoas com o mundo e orientando suas condutas e
comportamento no meio social.
Abric (2001, p. 156) ao tratar da dinâmica das representações sociais, expõe o seguinte:
um conjunto organizado de opiniões, de atitudes, de crenças e de
informações referentes a um objeto ou a uma situação. É determinada ao
mesmo tempo pelo próprio sujeito (sua história, sua vivência), pelo
sistema social e ideológico no qual ele está inserido e pela natureza dos
vínculos que ele mantém com esse sistema social.
De acordo com Moscovici (2007), para compreender melhor a conduta humana, e o modo
como os atores sociais se agrupam, deve-se considerar os afetos, condutas, organização, crenças,
atitudes, valores que permeiam as experiências sociais.
O referido autor ainda acrescenta que:
18
Representações, obviamente não o criadas por um indivíduo
isoladamente. Uma vez criadas, contudo, elas adquirem uma vida própria,
circulam, se encontram, se atraem e se repelem e o oportunidade ao
nascimento de novas representações, enquanto velhas representações
morrem. Como conseqüência disso, para se compreender e explicar uma
representação, é necessário começar com aquela, ou aquelas, das quais ela
nasceu (p.41).
Com efeito, as representações sociais proporcionam o surgimento de uma identidade do
grupo a partir das experiências vivenciadas por ele. Os fatores culturais e as diferentes formas de
viver influenciam muito na escolha dos elementos que aparecem no conteúdo, na estrutura da
representação.
Assim, a representação social da vulnerabilidade à infecção pelo HIV/AIDS por parte das
mulheres em união heterossexual estável incorpora significados resultantes da interação entre o
senso comum e o conhecimento científico, resultando numa diversidade de significados de
caráter dinâmico.
Com relação à dinamicidade das representações sociais, Duveen (2007, p.22) assinala
que: a mudança dos interesses humanos pode gerar novas formas de comunicação, resultando
na inovação e na emergência de novas representações”.
As representações sociais são elaboradas através de experiências pessoais e de interações
entre sujeitos de determinados grupos sociais por meio de processos cognitivos e sociais e,
portanto, variam ao longo do tempo e nos diversos grupos de pertença.
Como base na construção, pelo sujeito, das representações sociais, dois processos são
fundamentais: a objetivação e a ancoragem. Estes são responsáveis pela interpretação e atribuição
de significados ao objeto social. Para Moscovici (2007), tais processos colaboram na maneira
como o social transforma um conhecimento em representação e a maneira como esta transforma
o social, indicando a interdependência entre a concepção/percepção e o social.
Objetivar segundo Moscovici (2007, p.71) é descobrir a qualidade icônica de uma idéia
ou ser imprecisos, reproduzir um conceito em uma imagem”. A objetivação constitui, portanto,
uma transformação de uma abstração em algo concreto, é responsável pela aproximação do que é
estranho em familiar. É por meio desta, que os elementos adquirem materialidade.
a ancoragem é o processo da inserção de um conhecimento em categoriais socialmente
definidas, a partir de experiências e esquemas de pensamentos pré-estabelecidos sobre o objeto
em estudo. Para Moscovici (2007, p.61), ancorar é classificar e dar nome a alguma coisa:
19
coisas que não são classificadas nem denominadas são estranhas, não existem e ao mesmo
tempo são ameaçadoras”.
Considerando que os pilares das representações sociais estão pautados em experiências
individuais vivenciadas em um contexto permeado por construções sociais/culturais que
estabelecem relações e comportamentos, serão abordados a seguir, pela natureza do estudo,
aspectos da vulnerabilidade feminina no tocante ao HIV/AIDS.
2.2 ASPECTOS SOBRE A VULNERABILIDADE DA MULHER À INFECÇÃO PELO HIV/
AIDS EM UMA PERSPECTIVA DE GÊNERO
A aids, desde a notificação dos seus primeiros casos, caminhou por diferentes abordagens
e estratégias de enfrentamento, perpassou os conceitos de fatores de risco, grupo de risco,
comportamento de risco e, finalmente, vulnerabilidade.
Ayres et al (1999) relata que no início da epidemia, pesquisadoras(es) buscavam
investigar os fatores de risco associáveis à nova doença e que associações regulares entre
determinadas características e a aids fortaleceu a crença da existência de grupos de risco para tal
entidade nosológica. Dessa maneira, o conceito de grupo de risco reforçou a homofobia existente
na sociedade e colaborou para a representação da aids como “a doença do outro”.
Segundo o autor supracitado, mesmo após o conhecimento do caráter pandêmico e
transmissível da aids, as estratégias de redução de risco ao HIV tiveram como alvo somente
aquelas pessoas que apresentavam comportamentos chamados de risco. Tal fato colaborou para a
crescente disseminação da infecção entre outros grupos da sociedade, que não eram vistos como
vulneráveis ao HIV, exemplifica-se aqui a crescente disseminação entre as mulheres casadas/em
união estável, monogâmicas que, geralmente, tiveram apenas um parceiro durante toda a sua
vida.
Saldanha, Figueredo e Coutinho (2005, p. 159) afirmam que
O avanço do HIV/ AIDS entre as mulheres é indicativo não apenas das
dificuldades para oferecer respostas institucionais para a contenção da
epidemia, mas também, e sobretudo, remete às questões que envolvem
identidade de gênero, que determinam os papéis sociais de homens e
20
mulheres, cuja assimetria aumenta a vulnerabilidade das mulheres a
infecção.
Ayres, et al (1999) relatam que ataques críticos frente às estratégias relacionadas aos
comportamentos de risco foram instaurados pelos movimentos de reflexão e milincia, para este
a prevenção da aids está circunscrita em uma discussão mais ampla:
A discussão do empowerment que enfatiza que a mudança de
comportamento perpassa coerções e recursos de natureza cultural,
econômica, política, jurídica e até policial, desigualmente distribuídos
entre os gêneros, países, segmentos sociais, grupos étnicos, faixas etárias
(p. 54).
A construção social e científica da aids, marcada por representações biologicistas/
reducionistas ao excluir a mulher do cenário da epidemia, desconsiderou os determinantes
individuais, sociais, políticos, econômicos, culturais além da maior susceptibilidade biológica
da mulher, que agravam a vulnerabilidade das mulheres à aids.
Grande parte do conhecimento produzido sobre a mulher e a aids relegou essa questão aos
aspectos biológicos, ignorando seus aspectos culturais e sociais e tratando categorias como
‘heterossexualidade’ como não vulneráveis à infecção pelo HIV (BARBOSA, 1999).
A partir do final da década de 80 do século XX, os indicadores epidemiológicos
demonstram uma mudança no padrão da epidemia com uma notória heterossexualização,
feminização, pauperização e interiorização dos casos de aids. Destaca-se também a participação
expressiva de mulheres em união estável vivendo relações monogâmicas que adquiriram o vírus
por via sexual que de acordo com Barbosa (1999, p.284) revela claramente que as questões de
gênero estão presentes desde o início na determinação e na representação da epidemia, mas
somente agora se tornam explícitas.”
A esse respeito, Giffin (1991) destaca que
A tese mulher é uma categoria biológica’ foi substituída pela antítese
‘mulher é uma construção social’ e, finalmente, pela síntese os fatos
biológicos foram processados no nível do social, que inclui as atividades
cientificas que, por sua vez, reforçaram os estereótipos tradicionais que
enfatizam os fatores biológicos (p. 131).
Ainda hoje, as tendências epidemiológicas da aids no Brasil e no mundo denunciam um
número crescente da infecção/doença em mulheres em união heterossexual estável/casadas. Além
da dimensão biológica existem determinantes sociais mais amplos que contribuem para
21
aprofundar a reflexão sobre as dificuldades e impasses enfrentados pela mulher em união
estável/casada para se prevenir de aids.
Por tudo isso, o conceito de vulnerabilidade demonstra um avanço no sentido de ampliar a
noção de risco individual, para uma noção mais ampla que abarca as questões individuais, sociais
e programáticas que facilitam a exposição das pessoas ao HIV.
Expressa o esforço de produção e difusão de conhecimento, debate e ação
sobre os diferentes graus e natureza da suscetibilidade de indivíduos e
coletividades à infecção, adoecimento ou morte pelo HIV, segundo a
particularidade de sua situação quanto ao conjunto integrado dos aspectos
sociais, programáticos e individuais que os põem em relação com o
problema e com os recursos para seu enfrentamento (AYRES, et al, 1999
p.50).
O conceito de vulnerabilidade, oriundo da área dos Direitos Humanos, adentra o campo
da saúde em 1992, a partir das discussões teóricas de Mann. Como quadro teórico, a
vulnerabilidade extrapola a tradicional abordagem comportamentalista das estratégias individuais
de redução de riscos. Para a avaliação da vulnerabilidade à infecção pelo HIV e à aids foram
traçados três planos interdependentes de determinação: o comportamento individual
(vulnerabilidade individual), o contexto social (vulnerabilidade social) e as políticas públicas de
combate à aids (vulnerabilidade programática) (AYRES, et al, 1999).
A articulação teórica entre a aids e o conceito de vulnerabilidade ampliou
significativamente a compreensão das difereas de poder existentes nas relações de mulheres e
homens na sociedade, principalmente no tocante aos relacionamentos afetivos/sexuais
(vulnerabilidade de gênero), assim como, a discussão de aspectos relacionados à sexualidade.
A vulnerabilidade da mulher em união heterossexual estável ao HIV/aids, em especial,
envolve diversos aspectos na inter relação saúde doença: desvantagens biológicas; abordagens
desiguais de profissionais de saúde; desvantagens sociais e desvantagens quanto às estratégias de
prevenção adotadas pelas políticas públicas.
Assim, a aids, compreendida sob o prisma da vulnerabilidade, desnuda nuances e
contradições que delineiam as relações de gênero, de poder entre homens e mulheres, e as
questões intersubjetivas vivenciadas por eles e elas em seus relacionamentos.
Distintos papéis sociais são desempenhados por homens e mulheres na sociedade. Estes
papéis definem o que é próprio para cada um desses na sociedade. Assim, desigualdades são
entendidas e vividas, na maioria das vezes, de maneira natural” como se de alguma forma o fato
22
de nascer mulher reservasse, por si só, opressão à mesma, ou seja, sem que haja compreensão
e/ou questionamento que por trás das diferenças sociais impostas ao sexo biológico deleitam-se
construções sociais, políticas, culturais e históricas.
As tendências de feminização, pauperização e interiorização do HIV/aids confirmam o
quanto as desigualdades de gênero, entrelaçadas às de classe social e de raça/etnia, influenciam a
vulnerabilidade feminina.nero consiste em uma forma primeira de significação de poder que
interfere diretamente na experiência da sexualidade de homens e mulheres (SCOTT, 1989);
estabelece valores diferenciados para estes (as), que é proveniente de uma construção social e
cultural das formas como eles (as) se relacionam na sociedade, pois, sabe-se que são
significativas as diferenças entre os papéis de homens e mulheres nos relacionamentos,
especialmente, nas escolhas e no diálogo no que se refere às atividades sexuais.
Guerriero, Ayres e Hearst (2002, p.50), pesquisando pessoas do sexo masculino que não
se consideravam vulneráveis ao HIV, identificaram aspectos da masculinidade que contribuíam
para tal crença o: sentir-se forte; imune a doenças; ser impetuoso; correr riscos; ser incapaz de
recusar uma mulher; considerar que o homem tem mais necessidade de sexo do que a mulher e
de que esse desejo é incontrolável”.
Para a mulher, pensar e questionar a infidelidade masculina quando esta vive uma relação
de monogamia é complicado, pois, é algo que adentra no campo dos sentimentos/ emoções, além
disso, a infidelidade masculina é amplamente aceita na sociedade em geral, sendo justificada
como algo normal e inerente à sexualidade masculina. Os aspectos de feminilidade, embora em
um sentido contrário, também contribuem para a percepção de invulnerabilidade.
A esse respeito, Guimarães (1996, p. 93) destaca que
a estruturação da identidade feminina, diferentemente da masculina, segue
o estereótipo do silêncio, do ocultamento. [...] Essa cultura feminina
explicita uma relação de desconhecimento e ocultamento das suas
especificidades físicas, biológicas e emocionais, onde os tabus,
preconceitos e interdições extremamente rígidos que circundam a
expressão da sexualidade feminina compõem-se em verdadeiras
estratégias de silêncio.
, portanto, um destoamento na construção social da masculinidade e da feminilidade
que repercute na maneira como as mulheres vivenciam sua sexualidade e seus direitos sexuais e
reprodutivos. No momento, a prevenção da aids tem sido baseada na utilização dos preservativos
23
masculinos e femininos. Entretanto, sugerir o preservativo em uma relação heterossexual estável
significa, para a mulher, admitir a possibilidade de estar sendo traída, o que, de fato, envolve
grande sofrimento emocional.
Carovano (1991) destaca ainda que quando as mulheres solicitam o uso do preservativo
para seus parceiros, estas são vistas pelos mesmos como preparadas demais para o sexo, infiéis e
desconfiadas da infidelidade do parceiro ou mesmo infectadas pelo vírus HIV. Isso evidencia as
desigualdades de poder entre homens e mulheres, no diálogo e na negociação do uso dos
preservativos em suas relações que perpetuam a situação de maior vulnerabilidade feminina.
Maia, Guilhem e Freitas (2008, p. 247) ao estudar conhecimentos, comportamentos
preventivos e percepções em relação ao HIV/ aids de homens e mulheres heterossexuais casados
ou em união consensual demonstrou que os(as) mesmos(as) “possuíam conhecimento importante
sobre a transmissão do HIV/aids; entretanto, suas percepções conjugais expressam a cultura em
que estão inseridos no que se refere aos papéis de gênero e hierarquização da relação afetivo-
sexual”.
Por tudo isso, para a discussão e entendimento da feminização da aids é, cada vez mais,
necessário perpassar os aportes teóricos de gênero, vulnerabilidade e sexualidade. Uma vez que, a
aids deflagrou uma realidade de acentuada vulnerabilidade feminina, determinada pela opressão e
falta de poder das mulheres na sociedade e em seus relacionamentos afetivos/ sexuais, pela
feminização da pobreza e em menor medida pela maior suscetibilidade biológica das mulheres.
A aids está relacionada, pois, a diversos condicionantes sociais, econômicos, históricos e
culturais nos quais se incluem as questões de gênero. Agências como a Organização Mundial da
Saúde OMS e o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS UNAIDS têm
defendido o enfoque de gênero como necessário para compreender e intervir na vulnerabilidade
de mulheres, homens e crianças à aids, uma vez que, na maioria das sociedades as relações de
gênero são desiguais.
Deste modo, este estudo partiu da premissa de que a categoria gênero implica na
existência de diferentes representações sociais das mulheres em união estável/casadas, que
interferem na sua vulnerabilidade à infecção pelo HIV - influência mútua de fatores que facilitam
ou dificultam a exposição ao HIV.
24
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório de abordagem quanti-qualitativa. Tal
abordagem foi utilizada, uma vez que, possibilita uma avaliação mais ampla dos resultados
obtidos. De acordo com Minayo (2007, p.22):
A diferença entre qualitativo-quantitativo é de natureza. Enquanto
cientistas sociais que trabalham com estatística aprendem dos fenômenos
apenas a região visível, ecológica, morfológica e concreta, a abordagem
qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações
humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e
estatísticas.
A propósito da utilização quantitativo-qualitativo, Goldemberg (2004) destaca que é
perfeitamente possível a combinação dos dois tipos no estudo de um determinado fenômeno e
acrescenta que tal exercício metodológico, permite a triangulação. Esta opção investigativa
objetiva amplia as possibilidades de apreensão, descrição e compreensão do objeto de estudo. A
base da triangulação é a idéia de que "...os limites de um poderão ser contrabalançados pelo
alcance de outro" (GOLDEMBERG, 2004, p.63).
3.2 CENÁRIOS DA PESQUISA
A pesquisa foi desenvolvida junto a mulheres em união heterossexual estável atendidas
em duas unidades básicas de saúde – UBS do estado da Bahia sendo uma localizada em Salvador
e outra em Jequié, a fim de possibilitar a comparão das representações sociais dessas mulheres
que vivem na capital e no interior sobre a vulnerabilidade à aids. Tais escolhas se justificam, na
25
medida em que, observa-se além da crescente incidência de casos de aids em mulheres em união
heterossexuais estáveis, uma interiorização da epidemia.
Desde o registro do primeiro caso de aids em 1984 até junho de 2009 foram notificados
10810 casos na Bahia, sendo 34,4% no sexo feminino. Atualmente, Salvador detém 51% do total
de casos e 338 municípios do estado apresentam pelo menos um caso de aids, o que corresponde
a 81% dos municípios da Bahia (BAHIA, 2009). Nesse estado, não registro de municípios
com foco, ou seja, com alta taxa de prevalência quando comparados entre si. A quantidade de
pessoas com esse agravo é maior em municípios mais populosos obedecendo à proporção direta
população e números de casos identificados.
Diante dessa consideração, elegeram-se os municípios de Jeque Salvador, distantes um
do outro por 365 km. A possibilidade de retorno para a comunidade do município de Jequ
através da implementação de ações desenvolvidas em articulação entre academia e instituições de
saúde, também contribuiu para sua escolha.
Com relação à aids em Jequié, informações obtidas junto a coordenação do Centro de
Referência em Saúde Sexual e Reprodutiva, tem notificado 223 casos de pessoas com aids. O
referido Centro dispõe apenas de notificações a partir de sua inauguração, ocorrida em 2002, até
o mês de outubro de 2009. Os notificados apontam uma proporção de 1: 1,7, na relação
homem/mulher.
Com relação às UBS, optou-se por duas unidades que atendem a pessoas/famílias com
características similares com baixas condições cio-econômicas, o que as torna do ponto de
vista sócio-cultural, mais vulneráveis ao contágio pelo HIV/aids dentro de uma perspectiva
epidemiológica mais complexa e menos biologicista e que se constituem campos de estágio e
pesquisa para as atividades da academia.
Em Salvador, a unidade básica de saúde escolhida pertence ao distrito sanitário Barra/Rio
Vermelho e atende demanda aberta, ou seja, pessoas da comunidade do Vale das Pedrinhas e de
outras áreas de Salvador e, também, do interior do estado. Essa UBS foi inaugurada em 1982 com
finalidade de unidade ambulatorial tendo sua estrutura física reformada em 1997. no ano de
2004, ocorreu uma ampliação do laboratório que passou a ser referência do distrito supracitado.
Entre os anos 2007 a 2008 a unidade ficou sem funcionar por aproximadamente um ano quando
foi contemplada com uma reforma predial e com o retorno de profissionais de nível superior e
26
técnico. Atualmente, é considerada unidade de referência em atendimento de básica e média
complexidade do Distrito Barra/ Rio Vermelho, inclusive o laboratório.
A UBS Professor Eduardo Araújo consta na sua instalação física de 18 consultórios, 12
salas de laboratório, área de lazer “Viva a vida com saúde”, escovódromo, sanitários feminino e
masculino e área onde se situa o arquivo dos prontuários dos pacientes e presta os seguintes
serviços à comunidade: clínica médica, pediatria, geriatria, ginecologia, hematologia,
dermatologia, angiologia, medicina do trabalho, oftalmologia, cardiologia, odontologia, nutrição,
puericultura, hipertensão e diabetes, pré-natal, preventivo, planejamento familiar, curativo,
nebulização, imunização, laboratório, farmácia, teste do pezinho e serviço social. Ressalta-se
ainda que essa UBS possui uma equipe de Programa de Agente Comunitários (PACS) atuante nas
microáreas.
Em Jequié, a UBS escolhida tem como seu território de abrangência o bairro Joaquim
Romão que possui uma população estimada de 36.596, pelo cadastramento realizado em 2008.
Esta UBS possui uma equipe multiprofissional composta por: médicos clínicos, médicos gineco-
obstetra, pediatras, endocrinologista, enfermeiras, auxiliares de enfermagem, oficias
administrativos, assistente social, odontólogos, agentes administrativos, assistente administrativo,
agentes de serviços gerais, atendente, atendente de odontologia, vigias, técnico em
eletrocardiograma e nutricionista.
Sendo assim, oferece os seguintes serviços: clínica geral; pediatria; hipertensão;
endocrinologia, diabetes; serviço de tuberculose; odontologia, planejamento familiar; preventivo;
nutricionista, pré-natal; atenção à criança; teste do pezinho; imunização, curativo e laboratório de
análises clínicas (apenas coleta de material). Além desses, a Unidade dise de serviços
terceirizados como, otorrinolaringologia, urologia, pneumologia e pequenas cirurgias; utiliza
como referência hospitais públicos e conveniados pelo SUS, assim como clínicas e outras
unidades de saúde que oferecem atendimentos especializados e possui também duas equipes do
PACS.
3.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO
27
As participantes do estudo foram mulheres em união heterossexual estável, casadas no
civil e/ou religioso ou em união consensual que moram com o parceiro atual por mais de um ano.
Foram utilizados como critérios de inclusão, a ausência de sorologia positiva para o HIV 1 e/ou 2
no prontuário dessas mulheres, uma vez que, o objetivo é apreender as representações sociais de
mulheres soronegativas ou sorodesconhecidas
1
para o HIV sobre a vulnerabilidade à infecção por
este vírus e também o fato de morar em Jequié ou Salvador por, no mínimo, 5 anos.
A aplicação dos instrumentos de produção de dados ocorreu no serviço de Planejamento
Familiar, que a atenção aos assuntos referente à Saúde Sexual e Reprodutiva acontece
predominantemente neste serviço sob responsabilidade da enfermeira no período de fevereiro a
maio de 2009 em ambos os municípios.
Após a consulta com a enfermeira, as mulheres foram convidadas a participarem da
pesquisa, 195 responderam a associação livre de palavras, sendo 100 mulheres de Salvador e 95
de Jequié. Em seguida, foi oferecida às mesmas a participação na entrevista e no desenho-estória
com tema. Algumas delas aceitaram participar, perfazendo um total de 22 desenhos e 24
entrevistas, distribuídos nos dois cenários do estudo. O material produzido pelas participantes
(desenhos e entrevistas) respondeu ao princípio de saturação dos dados.
3.4 ASPECTOS ÉTICOS-LEGAIS DA PESQUISA
Para operacionalização deste estudo foi encaminhada uma cópia do projeto ao Comitê de
Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ao
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), mediante
ofício, para fins de apreciação e aprovação.
A fim de atender aos princípios éticos, as participantes do estudo receberam
esclarecimentos de forma completa e pormenorizada, assegurando o anonimato e o direito de
participarem ou não deste estudo ou interromper sua participação em qualquer etapa, se assim
desejarem.
1
Terminologia utilizada para mulheres que não conhecem a sua condição sorológica para o HIV, uma vez que não
realizaram teste laboratorial diagnóstico.
28
O aceite em participar da pesquisa foi formalizado através da assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A). Salienta-se que durante todo o estudo foram
considerados aspectos éticos e legais, principalmente, os dispostos na Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde (CNS) que normatiza pesquisas com seres humanos (BRASIL,
1996).
No intuito de garantir o anonimato das participantes no decorrer da apresentação de suas
expressões, as falas e os desenhos foram identificados pela procedência, seguida da escolaridade
e do tempo de união estável das mesmas.
3.5 ESTRATÉGIA PARA A COLETA DOS DADOS
Para atender aos objetivos propostos, empregou-se uma abordagem multi-técnicas com o
objetivo de comparar os dados obtidos nas diferentes técnicas e, conseqüentemente, traduzir uma
melhor compreensão do fenômeno em estudo. Portanto, foram utilizadas a Associação Livre de
Palavras, o Desenho-Estória com tema e a entrevista semi-estruturada.
3.5.1 Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP)
A TALP, originalmente desenvolvida por Jung em 1905 no contexto da prática clínica da
psicologia, foi adaptada por Di Giacomo, a fim de atender à demanda das pesquisas em
psicologia social. Esta técnica é amplamente utilizada em pesquisas com aporte teórico-
metodológico na TRS, defendida por Moscovici, uma vez que, permite evidenciar elementos
semânticos de determinado grupo, através de respostas evocadas a partir de um ou mais estímulos
indutores. Consiste em uma técnica projetiva que traz à consciência elementos inconscientes
através das manifestações de condutas de reações, evocações (NÓBREGA; COUTINHO, 2003).
29
Abric (2003) acrescenta que, esta técnica possibilita a captação de universos semânticos,
elementos implícitos ou latentes que seriam perdidos ou mascarados nas verbalizações dos
sujeitos.
Para este estudo, foram utilizadas as palavras indutoras: AIDS, homem e AIDS, mulher e
AIDS e você mesma, cuja definição se deu pela necessidade de identificar como as mulheres,
participantes deste estudo, expressam questões referentes à aids, a vulnerabilidade de homens e
mulheres e, ainda, como se posicionam neste contexto.
Estas palavras indutoras foram apresentadas às participantes, uma de cada vez,
solicitando-lhes que associassem, em um minuto, cinco palavras que lhes vêm à mente quando as
escutam, perfazendo cinco minutos para cada participante responder a TALP (APÊNDICE B).
Salienta-se que a aplicação do instrumento ocorreu individualmente.
3.5.2 Desenho-Estória com tema
Com vistas, a complementar a produção dos dados deste estudo, aplicou-se a técnica de
Desenho-Estória com Tema com as mulheres que aceitaram participar. Trata-se de uma técnica
projetiva, que permitiu exteriorizar informações que se encontram no subconsciente das
participantes, que formam às Representações Sociais das mesmas sobre a vulnerabilidade à
infecção pelo HIV/ aids.
Coutinho (2001) descreve a técnica como de aplicação simples, podendo ser individual
e/ou coletiva; aplicada a todas as faixas etárias, em ambos os sexos, em qualquer nível: mental,
socioeconômico e cultural e que sua execução deve acontecer, preferencialmente, durante o
período diurno.
Neste estudo aplicou-se o desenho-estória tema individualmente utilizando folhas de
papel ofício branco sem pauta, lápis preto, pis de cor e pinis de tinta colorida. Às
participantes foi explicado o objetivo da pesquisa, e em seguida, ocorreu a distribuição dos
materiais citados. Posteriormente, foi requerido que as mesmas fizessem um desenho sobre o
tema “Casamento e AIDS”. Esclareceu-se que, o termo casamento, para este estudo, refere-se à
união heterossexual estável, seja ela consensual ou civil e/ou religiosa.
30
Após o término do desenho, solicitou-se que a participante do estudo escrevesse ou
contasse uma hisria, associada ao desenho e lhe desse um título. Os desenhos foram
identificados com nº de ordem e características sócio-demográficas de cada participante.
3.5.3 Entrevista semi-estruturada
A entrevista, segundo Gaskell (2007), fornece os dados básicos para desenvolvimento e
compreensão detalhada das relações entre os atores sociais, bem como de suas crenças, atitudes,
valores e motivações em contextos sociais específicos.
Utilizou-se a entrevista semi-estruturada que combina perguntas abertas e fechadas,
respeitando as idiossincrasias de cada participante da pesquisa, a partir de um roteiro
(APÊNDICE C) contendo dados de caracterização das participantes do estudo e, também,
questões relacionadas às representações sociais das mulheres em união estável/casadas a respeito
da vulnerabilidade à AIDS.
Para tanto, foi utilizada linguagem precisa e de fácil entendimento, no intuito de obter
dados que permitiram alcançar os objetivos do estudo. O tempo para cada participante responder
a entrevista foi em média de 20 minutos.
3.6 TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados quantitativos da pesquisa, conteúdo emergido da TALP, foram processados
através do software Tri-deux-mots e interpretados por meio da Análise Fatorial de
Correspondência AFC. Quantos aos dados qualitativos, ou seja, as informações das entrevistas
e as estórias contidas nos desenhos foram analisadas através da técnica de Análise de Conteúdo.
3.6.1 O software TRI-DEUX-MOTS
31
O software Tri-Deux-Mots possibilita a análise dos dados através da AFC e oferece a
visualização gráfica dos mesmos. Trata-se de um programa amplamente utilizado no tratamento
de dados de estudos com embasamento teórico das Representações Sociais, e é vvel para
processamento de questões abertas, fechadas e/ou associação de palavras (COUTINHO, 2001).
A AFC consiste em destacar eixos que explicam as modalidades de respostas, mostrando
estruturas constituídas de elementos do campo representacional, assim como, visualizar as
relações de atração e afastamento entre elementos a propósito de determinado objeto
(NÓBREGA; COUTINHO, 2003).
Como variáveis fixas foram utilizas: procedência, escolaridade, religião e tempo de união
heterossexual estável, a fim de verificar a influência das mesmas no campo de significão e
comparar as representações entre os grupos sobre a vulnerabilidade ao HIV/ aids.
3.6.2 A Análise de Conteúdo
Na busca de coerência entre as técnicas de produção e análise dos dados, a Análise de
Conteúdo foi escolhida para compreensão e inferência das verbalizações dos participantes na
entrevista semi-estruturada e na análise das estórias dos desenhos.
A Análise de Conteúdo, segundo Bardin (2004 p.37) constitui em:
[...]Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter,
por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência
de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens.
Ao estabelecer relações da proposição de Bardin (2004), a análise dos dados produzidos a
partir da entrevista foi realizada através dos seguintes passos: p análise; leitura flutuante;
constituição do corpus, respondendo aos critérios de exaustividade, representatividade,
homogeneidade para se chegar à definição das categorias emergentes (empíricas); preparação do
material seleção das unidades de análise; recorte, classificação, codificação; categorização e
discussão das categorias.
32
Apesar de, a trajetória ter sido descrita de forma separada e seencial, as diferentes fases
aconteceram de maneira intercomplementar e dinâmica. A partir do desmembramento do texto
em unidades semânticas, estas foram reagrupadas em categorias, segundo analogia dos temas e
analisadas à luz da TRS, tomando gênero como categoria analítica.
Com relação ao desenho estória com tema, especificamente, estes foram associados ao
tema principal de suas respectivas estórias e agrupados em categorias que emergiram das mesmas
(BARROS; COUTINHO, 2005). Foram evidenciadas categorias idênticas nas verbalizações das
entrevistas nas duas técnicas (desenho-estória com tema e entrevistas), portanto, optou-se por
apresentar e discutir seus resultados paralelamente. Salienta-se ainda que a análise dos dados da
AFC também foi permeada pelos discursos das entrevistas.
33
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA DAS PARTICIPANTES
Participaram da técnica de associação livre de palavras 195 mulheres em união
heterossexual estável, destas 100 (51,3%) procedentes de Salvador e 95 (48,7%) de Jequié, 60%
destas na faixa de 18 a 29 anos, 25,6% entre 30 a 39 anos e 14,4% entre 40 a 49 anos.
A maior parte das mulheres encontra-se em período reprodutivo, fato evidenciado na faixa
etária das participantes da pesquisa, o que define a busca pelo serviço de planejamento familiar
com finalidade primeira de atendimento das necessidades de contracepção alcançadas,
predominantemente, pelo uso de contraceptivos orais ou injetáveis. Nota-se neste estudo que o
uso do preservativo masculino ocorre algumas vezes, mas com objetivo maior de prevenir a
gravidez.
Assim, as mulheres que encerraram o ciclo reprodutivo, pela realização de laqueadura
tubária ou por estar no climatério, não participam como usuárias do serviço de planejamento
familiar. Tal fato torna-se problemático se considerarmos que apesar de que, no sexo feminino, as
maiores taxas de incidência de aids encontram-se na faixa de idade de 30 a 39 anos, tem existido
um incremento a partir dos 40 anos (BRASIL, 2007).
Com relação à escolaridade, 51,8% das participantes informaram estudar ou ter concluído
o ensino fundamental e 48, 2% estudam ou concluíram o ensino médio. Do total das mulheres
46,1% é dona de casa, 24, 1% é doméstica, 2,6% é estudante e 26,2% é representado por outras
profissões como diaristas, cozinheiras, artesãs, professoras. Trata-se, no geral, de mulheres com
poucas condições sócio-econômicas.
Essa conjuntura caracteriza a dependência ecomica dessas mulheres, uma vez que
quase a metade delas é dona de casa e não participa diretamente na geração de renda. Por
conseguinte, estão em situação de maior vulnerabilidade social e de gênero, ou seja, detêm
poucos mecanismos para se prevenirem da aids em um contexto social em que desigualdades no
exercício do poder econômico/ financeiro e nas relações de gênero acumulam e potencializam
vulnerabilidades.
34
A maioria das participantes (55,9%) referiu ser católica, para 30,3% evangélicas e 13,8%
sem religião. Chama-se atenção para a questão que não houve referências para as religiões de
origem africana. Do total de participantes, 89,7% se auto-declararam negras (33,3% pretas e
56,4% pardas), 7,7% se auto-declararam brancas, 5% indígena e 2,1% amarela. Salienta-se que a
Bahia é o estado com maior porcentagem de população negra no Brasil e 75% das pessoas de
Salvador são o brancos que apresentam baixos salários e de escolaridade (ARAÚJO et al,
2009).
Quanto ao tempo de casamento, 46,6% afirmaram estarem casadas ou em união
heterossexual consensual de 1 a 5 anos, 25,1% de 6 a 10 anos e 28,2% tempo igual ou superior a
11 anos. Informações referentes à caracterização das participantes encontram-se dispostas em
tabelas no apêndice D.
4.2 ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES SEGUNDO A TÉCNICA DE ASSOCIAÇÃO LIVRE
DE PALAVRAS
Os resultados obtidos através da técnica de associação livre de palavras pela evocação aos
estímulos indutores: aids, homem e aids, mulher e AIDS e você mesma foram agrupados de
acordo com a similaridade semântica. As palavras evocadas com maior freqüência se impuseram
como categorias e aquelas com menor freqüência foram incluídas nessas categorias quando
apresentavam mesma similaridade semântica ou então definiram categorias próprias. Em seguida,
foram organizados os dicionários de referentes a cada estímulo.
Para o banco de dados processado pelo Tri-Deux-Mots, foram utilizadas as seguintes
variáveis fixas ou sócio-demográficas: procedência, escolaridade, religião e tempo de união
estável. No processamento dos dados, foram consideradas apenas as respostas com freqüência
igual ou superior a oito em relação a cada estímulo indutor. Um total de 2656 palavras foram
evocadas pelos 195 sujeitos, das quais 398 foram diferentes.
Para processamento no software, a variável religião foi subdividida em três grupos:
católica, evangélica e sem religião. A análise fatorial de correspondência realizada através do
software evidenciou que não há oposições significativas entre as representações sociais de
35
mulheres soronegativas ou sorodesconhecidas que estão em união heterossexual estável por mais
de um ano, quando as mesmas são analisadas a partir da variável religião, entretanto, quando se
analisa o conteúdo das representações, observa-se o quanto ele carrega significados e símbolos
relacionados à religião.
Corroborando com esse achado, destaca-se um estudo sobre a vulnerabilidade ao
HIV/aids de homens e mulheres de 50 a 59 anos no qual também se observou a não significância
na análise fatorial para variável religião, contudo, a autora também enfatiza que as religiões
regem e determinam uma estrutura para um sistema de crenças, valores, condutas e
comportamentos que ao serem ancorados e objetivados podem influenciar nas representações
sociais para a aids” (SILVA, 2008, p.44).
O gráfico gerado pelo software (figura1) permite representar a atração e/ ou o afastamento
entre as entrevistadas, suas respostas e suas correspondentes características sócio-demográficas:
procedência, escolaridade e tempo de união estável. As variáveis de opiniões consistem nas
respostas das mulheres em relação a cada estímulo indutor, manifestas nas disposições destas nos
quadrantes do gráfico.
O fator 1 (F1), em vermelho, posição horizontal, no eixo das abscissas, traduz as
representações mais significativas, explicando 29,1% da variância total de respostas. O fator 2
(F2) em azul, posição vertical, no eixo das ordenadas apresenta percentual de variância de 23,1%.
Somados os valores percentuais do F1 e F2, explica-se 52,2% de variância total das respostas,
caracterizando uma boa análise os dois fatores em conjunto conseguem explicar ao menos 15%
da variância total (DI GIACOMO,1993).
No gráfico (figura1), as palavras em verde referem-se às variáveis fixas ou sócio-
demográficas. Em azul ou vermelho, observam-se palavras ou variáveis de opinião, referentes às
representações das mulheres entrevistadas de acordo com a contribuição (CPF) aos respectivos
fatores (F1 e/ou F2). As palavras que apresentaram um maior índice de CPF para o fator 1
receberam a cor vermelha, enquanto que aquelas com CPF maior para o fator 2 foram pintadas de
azul e aquelas que contribuíram para os dois fatores foram coloridas pelas duas cores (azul e
vermelho). Os números que acompanham as respostas referem-se ao estímulo em questão,
conforme quadro1.
A análise foi realizada a partir da disposição das variáveis fixas e de opiniões distribuídas
no gráfico. Evidenciaram-se oposições relativas apenas com relação às variáveis fixas:
36
escolaridade, tempo de união conjugal e procedência (Salvador ou Jequié). Seguem, nos subitens
a seguir, dois planos de análise: por fatores e por quadrante, respectivamente.
Figura1: Gráfico, resultante da Análise fatorial de correspondência, processado pelo software Tri-deux-mots
F2+
+___triste2_____________________+__________________________________________+ 1
! | ! 2
! | ! 3
! | ! 4
! | ! 5
! | ! 6
! | ! 7
! | ! 8
! | ! 9
! em deus4 | exame2 ! 10
! | ! 11
! descarado2 ! 12
! traição1 saude4 | ! 13
! | ! 14
! irresponsabilidade3 triste3 ! 15
! 6-10 ANOS exame4promiscuidade3 higiene3
! | parceiro unico4 ! 17
! desconhecimento3 | SALVADOR ! 18
! desespero1 | ! 19
! | >=11 ANOS ! 20
! morte3 | exame3 ! 21
! | doença2ENS.FUNDAMENTAL ! 22
! responsabilidade4 | transmite2camisinha2cuidado2morte4 ! 23
F1- amor2___________________________+_______________incurável1cuidado1__________ F1+
! amor4 | ! 25
desconhecimento2EN.MÉDIOprevenção3 parceiro1 ! 26
! transmissível1 | sexo3 ! 27
! sexo1 | transmissível3 ! 28
! sofrimento1 | prevenção1 ! 29
! | camisinha1 ! 30
! promiscuidade2 | 1-5 ANOSmedo2 ! 31
! descuido2 | traição2preconceito1 perigo1 ! 32
! medo3 descuido1JEQUIÉ ! 33
! | ! 34
! preocupação1parceiro2 ! 35
! | ! 36
! | ! 37
! | ! 38
! | ! 39
+___________conhecimento3_______+___medo4__________________________________+ 40
F2-
LEGENDA
F1+ Mulheres com tempo de casamento maior ou igual a 11 anos e que estudaram
até o ensino fundamental
F1- Mulheres com tempo de casamento de 6 a 10 anos e que estudaram até o ensino
médio
F2+ Mulheres de Salvador e com tempo de casamento de 6 a 10 anos
F2
-
Mulheres de Jequié com tempo de casamento d
e
1 a 5 anos
37
Quadro 1 – CLASSIFICAÇÃO ORDINÁRIA DOS ESTÍMULOS INDUTORES
ESTÍMULO INDUTOR MERO DO ESTÍMULO
Cite 5 palavras que vêm a sua cabeça quando
digo a palavra AIDS
01
Cite 5 palavras que vêm a sua cabeça quando
digo a palavra HOMEM E AIDS
02
Cite 5 palavras que vêm a sua cabeça quando
digo MULHER E AIDS
03
Cite 5 palavras que vem a sua cabeça quando
digo VOCÊ MESMA
04
4.2.1. Análise dos fatores 1 e 2 (F1, F2)
A partir do gráfico, observa-se o jogo de oposições entre as evocações das mulheres que
estudavam ou estudaram até o ensino fundamental e com tempo de união heterossexual estável
maior ou igual a 11 anos (F1+) e as respostas das mulheres que estudavam ou estudaram até o
ensino médio e com tempo de união heterossexual estável de 6 a 10 anos (F1 -). Houve oposição
também entre as respostas das mulheres procedentes de Salvador (F2+) e as representações das
mulheres procedentes de Jequié e com tempo de união heterossexual estável de 1 a 5 anos (F2 -).
No fator 1 (F1+), lado positivo, encontra-se o grupo de mulheres com mais de 11 anos de
vida conjugal e com escolaridade ensino Fundamental, representam a aids (estímulo 1) como uma
doença incurável e perigosa, que se deve ter cuidado e pode ser transmitida pelo parceiro.
Esse mesmo grupo representa o 2º estímulo (homem e aids) como uma doença
transmissível, que se deve fazer exames, ter cuidado, e prevenir-se com o uso da camisinha.
Em relação à mulher e aids (estímulo 3) existe uma representação de sexo, transmissão
da doença e que em função disso deve-se ter higiene e fazer exames. Esse grupo se representa
(estímulo 4) nesse contexto como morte.
No Fator 1 (F1-), lado negativo, à esquerda, encontram-se as mulheres com escolaridade
Ensino Médio e com tempo de união estável de 6 a 10 anos que representam a aids (estímulo 1)
como doença transmissível através do sexo. Fortemente em oposição ao grupo anteriormente
38
descrito, essas mulheres destacam com intensidade um aspecto afetivo devastado pela aids, revela
a dor da traição e como conseqüência o desespero e o sofrimento.
Sobre esse mesmo eixo, homem e aids (estímulo 2) o representados pela
promiscuidade, descuido, desconhecimento e tristeza quando existe amor. Mais uma vez a
afetividade é afetada e atribuída responsabilidade ao homem pelo transtorno da aids.
Quando é representada a mulher e a aids (estímulo 3), uma posição bastante diferenciada é
assumida em relação ao homem e a aids. A mulher deve tomar conhecimento, para se prevenir,
para o ser ameaçada de morte. Aqui a mulher tem uma representação sinistra da morte e se
coloca como vítima do descuido e promiscuidade masculina quando desconhecimento por
parte de um dos dois.
Com relação ao estímulo 4 (você mesma), esse grupo se representa como responsável,
que tem saúde, amor e fé em Deus. Percebe-se que, essas mulheres ancoram sua própria
prevenção da aids a partir de atitudes responsáveis, na dimensão da afetividade e da religiosidade,
no intuito de manter e promover a saúde.
No Fator 2 (F2+), positivo, acima do eixo F1, cor azul, encontra-se o grupo procedente de
Salvador, com tempo de experiência conjugal entre 6 e 10 anos, que representa a aids (estímulo
1) unicamente como traição.
O estímulo 2 (homem e aids) é representado como algo triste e relacionado ao fato do
homem ser descarado e que este precisa fazer exame, ter cuidado e deve usar camisinha.
Com relação ao estímulo 3 (mulher e aids), esse grupo representa como triste,
irresponsabilidade e promiscuidade. Aqui a associação entre mulher e aids foi representada a
partir da perspectiva do comportamento de risco do grupo. Isto é, observa-se a compreensão que
mulher e aids é possível quando a mesma é irresponsável e tem conduta promíscua.
Para o estímulo 4 (você mesma) foram evocadas as representações: exame e parceiro
fixo, saúde e em Deus. Esse grupo de pertença também apresenta representações distantes das
possibilidades de contaminação por HIV/ aids. A alusão de invulnerabilidade foi observada na
evocação da resposta saúde que é preservada pela realização de exames, pelo fato de terem
parceiro fixo, além da invocação religiosa de que precisa ter fé em Deus.
Nesse mesmo eixo (F2-), posição inferior, negativo do fator, encontra-se o grupo mais
jovem em experiência conjugal, com tempo de no máximo 5 anos de vida em comum, e
procedente do interior.
39
Com relação ao primeiro estímulo, a aids é representada como preconceito, sofrimento,
preocupação, perigo, descuido, prevenção. As respostas desse estímulo encontram-se
ancoradas em aspectos da vivência da aids, principalmente, em uma cidade do interior de médio
porte onde o preconceito devido ao estigma persistente na sociedade em geral gera sofrimento
sendo freqüente pelas dificuldades em se manter o anonimato com relação à soropositividade
para o HIV/ aids e em questões da susceptibilidade da doença que leva a preocupação e é
determinada pelo descuido. A aids é tida por esse grupo como um perigo que exige prevenção.
O estímulo 2, homem e a aids, foi objetivado como medo, traição, parceiro, descuido. A
representação simbólica da traição está indissociável ao comportamento do parceiro que leva ao
medo da contaminação.
Com relação ao estímulo 3, mulher e aids, esse grupo de pertença o representa como
conhecimento e medo, revela insegurança de um grupo que tem conhecimento sobre a doença e
sente-se ameaçado.
A sua própria representação, estímulo 4 (Você mesma) é ancorada no contexto da aids a
partir do medo, quando elas se sentem ameaçadas pela possibilidade de serem infectadas pelo
vírus no caso da ocorrência de traição do parceiro.
4.2.2. Análise dos quadrantes
A partir da apresentação gráfica (figura1), pode-se também fazer uma leitura diagonal das
intercessões dos eixos fatoriais (F1 e F2) que formam quatro quadrantes. A figura 2 a seguir
evidencia as disposições das intercessões, ou seja, as variáveis de opinião que são comuns entre
os grupos que se conformam.
No quadrante Q1, extremidade superior à esquerda, encontra-se a intercessão do grupo de
Salvador, ensino médio e com tempo de união estável entre 6 a 10 anos. Para as participantes
com essas características, a aids é representada como traição para Salvador (6/9)
2
, ensino médio
2
Os valores em parênteses referem-se à freqüência de respostas parciais e totais do estímulo em questão com relação
a uma categoria (procedência/ escolaridade/ tempo de união estável. Neste caso o total de respostas relativas à traição
(estímulo 1) foram 9, sendo que 6 foram evocadas pelo grupo de Salvador. Conferir valores na tabela 1(APÊNDICE
E).
40
(6/8) e união estável (6/9). A resposta triste é evocada com relação ao estímulo homem e aids
que para Salvador (8/8), ensino médio (5/8) e união estável (5/8). A representação que existe
sobre si mesma como saudável é para Salvador (9/13), ensino médio (7/13) e 6 a 10 anos união
estável (7/13). Esse grupo revela também fé em Deus sendo Salvador (8/11), ensino médio (7/11)
e 6 a 10 anos de união estável (7/11).
Figura2 - Disposição das variáveis sócio-demográficas e de opinião e intercessões entre os fatores F 1 e F2.
QUADRANTE 1
QU
ADRANTE 2
QUADRANTE 4
QUADRANTE 3
41
No quadrante Q4, extremidade inferior à direita, em oposição ao grupo anterior, encontra-
se o grupo de Jequié ensino fundamental com experiência conjugal de 1 a 5 anos que
responderam unicamente ao estímulo 1 (aids) como perigo (Jequié, 15/23), ( Ensino
Fundamental 16/23) e (experiência conjugal de 1 a 5 anos 11/23).
Na construção da segunda diagonal são analisados os quadrantes dois e três. No quadrante
2, encontra-se o grupo de Salvador com ensino fundamental cujas respectivas respostas para
homem e aids são: exame (11/14), (10/14); camisinha (26/47), (29/47) e cuidado (32/52),
(34/52).
Em oposição ao Q2 encontra-se o Q3 composto pelo grupo de Jequié com ensino
fundamental e experiência conjugal de 1 a 5 anos, com as respectivas repostas: para o estímulo 2
foi evocado o descuido (12/20) (15/20), (11/20) e para o estímulo 3 a resposta conhecimento
(7/11), (10/11) (7/11).
4.3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A PARTIR DA AFC
A discussão dos resultados deste estudo procura entrelaçar as representações apreendidas
a partir do grupo em seu contexto relacional na tentativa de compreender a prática discursiva do
grupo historicamente situado.
Parte-se do entendimento que, as representações que os sujeitos exprimem não são
desencarnadas. Dito de outra maneira, os significados são construídos, moldados e retocados
dentro de uma dinâmica rede de relações interpessoais em contexto de pertença social.
Abaixo segue a análise por fator. O eixo F1 + e F1 ilustra as implicações do tempo de
união estável e da escolaridade no campo de significados da vulnerabilidade ao HIV/ aids e o
eixo F2 + e F2esboça efeitos da procedência e tempo de união estável na arena de significação,
conformando oposições significativas entre as representações dos grupos que se dispõem na parte
positiva e na parte negativa de cada um desses dois eixos. Essas oposições, por sua vez,
confirmam o entendimento de que as representações sociais têm relação direta com o grupo de
pertencimento e com o contexto no qual este grupo se insere.
42
4.3.1. Fator 1: Implicações do tempo de união heterossexual estável e escolaridade nas
representações sociais de mulheres sobre a vulnerabilidade ao hiv/ aids.
Observa-se que o grupo com maior tempo de casamento e menor escolaridade (F1 +), tem
conhecimento do caráter incurável e transmisvel da aids, da necessidade de se ter cuidado.
Esse grupo de pertença mostra suas representações sobre homem e aids atreladas ao
conhecimento científico que vem sendo divulgado no contexto social e demonstra estar afastado
dessa realidade ao ponto que não transversaliza suas representações com opiniões, sentimentos e
emoções.
A representação do grupo de pertença acima descrito remetem a idéias divulgadas pela
mídia e por profissionais de saúde que, de um modo geral, tem enfatizado o cuidado como
estratégia de evitar a aids. Embora, o cuidado tenha sido evocado por este grupo de
entrevistadas, a pouca escolaridade e maior tempo de casamento podem interferir na adoção de
práticas preventivas.
As entrevistas realizadas com essas mulheres elucida-nos a evocação da palavra exames
ao estímulo 3, elas expõem a compreensão de que tanto a mulher quanto o homem devem realizar
exames periódicos e de que estes últimos são mais resistentes ao acesso aos serviços de sde e a
realização de exames.
O fato dos homens buscarem menos os serviços de saúde em relação às mulheres é,
freqüentemente, evidenciado em estudos. A esse respeito, Gomes, Nascimento e Araújo (2007, p.
569) relata que
Ser homem seria associado à invulnerabilidade, força e virilidade.
Características essas, incompatíveis com a demonstração de sinais de
fraqueza, medo, ansiedade e insegurança, representada pela procura aos
serviços de saúde, o que colocaria em risco a masculinidade e aproximaria
o homem das representações de feminilidade
As entrevistadas, por vezes, denotam que a detecção da infecção pelo HIV pode ser feita
em exames inespecíficos ou até mesmo durante a realização do exame citopatológico do colo do
útero. Tal fato remete-nos a possível influência que a escolaridade tem sobre o universo de
significações e também a forma como as(os) profissionais de saúde atuam no repasse de
informações.
43
Evidenciam, ainda, papéis de gênero em suas respostas: a responsabilidade com a higiene
do sexo cabe ao feminino, enquanto ao homem é atribuída a responsabilidade do uso da
camisinha. Essas representações estão imbricadas por idéias sobre os papéis próprios aos homens
e às mulheres construídas socialmente (SCOTT, 1999).
Com relação a si mesma no contexto da aids, as mulheres objetivaram a morte, o que
denota afastamento real com relação à aids, já que a morte é, normalmente, percebida como algo
distante. A aids aparece como uma ameaça muito remota, mas não impossível:
Eu não[...] Eu não posso dizer que um dia eu não posso pegar porque um
dia porque de repente a gente toma sangue, uma transfusão de sangue e
ai?” (Salvador, Ens fund incompleto, 11 anos união estável).
Efetivamente, o grupo não se representa como vulnerável à infecção pelo vírus HIV/ aids
por via sexual o que pode ser reafirmado trecho abaixo, quando foi inquirida a possibilidade de
adquirir aids:
Eu o, o gosto nem de ouvir falar nessa doença, é muito grave. Eu
mesma só tenho meu parceiro.(Salvador, Ens. fund incompleto, 12 anos
união estável)
Em uma análise geral, diante da epidemia da aids, essas mulheres consideram-se isentas, a
ponto de não questionarem ou pensarem na sua própria vulnerabilidade no seu dia-a-dia, uma vez
que suas representações denotam reprodução passiva do conhecimento veiculado pela mídia e
pelas instituições relacionadas à prevenção.
Suas representações abstraem o conhecimento científico epidemiológico sobre a aids,
entretanto, no momento em que, se integram as suas experiências e valores tornam-se pouco
significativas para si própria. Nesse sentido, Tura (2005) argumenta que os programas de
prevenção não devem seguir uma lógica geral, ou seja, direcionada a toda a população e que a
dificuldade na elaboração e implementação advém do fato de que se necessita considerar as
diferenças sócio-culturais dos grupos.
Contrapondo o grupo descrito acima, as mulheres com escolaridade ensino médio e tempo
de união intermediário (F 1-) apresentam em suas representações além da visão pragmática,
biológica e normativa do conhecimento científico sobre a aids, uma ênfase nos aspectos afetivos
demonstrando talvez uma maior envolvimento nessa questão.
44
Ao ancorar a aids em distúrbios psicoafetivos, as mulheres com maior escolaridade
expressam maior aproximação no contexto da epidemia. Apontam também o caráter
transmissível da aids e o sexo como via de transmissão, ancorados na dimensão biológica.
As evocações desse grupo expressam a dor da traição, o desespero e o sofrimento.
preponderantemente, em suas representações, uma relação factícia entre a aids e a quem ela
acomete, relacionada a comportamentos individuais que explica a contaminação: traição,
descuido, promiscuidade, desconhecimento.
Ao objetivarem homem e aids como desconhecimento e descuido, demonstram
apropriação do discurso científico. Entretanto, a objetivação da promiscuidade masculina
quando se pensa em homem e aids relaciona-se ao processo de figuração em que
comportamentos, modos de vida concretizam a doença e permitem visualizar o indivíduo com
aids, dar sentido e explicar o fenômeno social (VALA; MONTEIRO,2006).
Na concepção deste grupo, a vulnerabilidade de homens e mulheres à aids relaciona-se,
sobremaneira, com o nível de (des) conhecimento. Por outro lado, quando estimuladas a se
posicionarem no contexto da aids, ancoram sua própria prevenção a partir de atitudes
responsáveis, na dimensão da afetividade (do amor enquanto valor cultural) e da religiosidade.
Tal fato talvez não seja indicativo de uma representação de auto-vulnerabilidade, entretanto,
representa um avanço, uma vez que, mesmo com pouco envolvimento se questionam no contexto
da epidemia.
Nessa perspectiva, esse grupo com maior nível de escolaridade revela-se vulnerável a
transmissão, por fazer prevalecer seus afetos de amor (quando pensa em si mesma e no parceiro)
no casamento. O amor é um sentimento de uma pessoa que se dirige a uma outra pessoa precisa e
faz a primeira desejar receber da segunda e de lhe dar prazeres sexuais (se trata-se de adultos),
ternura, admiração, cooperação, compreensão, proteção ou pelo menos várias destas satisfações”
(DORON; PAROT, 1991 p. 31).
A concepção do amor romântico no exercício da sexualidade pressupõe entrega ao outro e
para Maia, Guilhem e Freitas (2008) essa representação faz com que o casal abandone práticas
sexuais seguras, como o uso do preservativo e com que as mulheres, em especial, acreditem estar
protegidas.
Sobre a influência da representação do amor e dos papéis de gênero no relacionamento
entre os casais, e, conseqüentemente, na vulnerabilidade desses ao HIV/ aids, Kerr-Pontes at al
45
(2004) destaca falas de uma entrevistada casada de 23 anos que expressa: "Se meu marido tem
[relações sexuais com] uma outra mulher [...] com ela é sexo. Com sua esposa em casa, ele
está fazendo amor. É por isso que eu acho que é diferente”.
A autora citada acima acrescenta, ainda, que a crença de que a natureza do sexo masculino
requer rios parceiros e que o marido tem, portanto, necessidades atendidas fora do ambiente
familiar o é incomum, permite a esta mulher se preocupar menos com essa situação, a fim de
evitar transformar uma ação socialmente prevalente em um conflito pessoal.
Em suma, diferenças se configuram na representação da vulnerabilidade ao HIV/ aids
entre os dois grupos (F1+) (F1-). Observa-se, que as mulheres com menor escolaridade e maior
tempo de união heterossexual estável reproduzem o conhecimento veiculado pelas campanhas
publicitárias de prevenção de forma normativa, com pouco envolvimento na questão, ao passo, as
representações de mulheres com maior escolaridade e menor tempo de experiência conjugal são
permeadas por questões de ordem afetiva em função da preponderância do amor pelo parceiro.
4.3.2 Fator 2: Implicações da procedência e do tempo de união Heterossexual estável nas
representações de mulheres sobre a vulnerabilidade ao hiv/ aids.
Um dos questionamentos que nos levou a realizar esta investigação foi sobre as
semelhanças ou diferenças em relação à representação social de mulheres procedentes da capital
e do interior. Esse estudo demonstrou que, se dispuseram em los opostos no gráfico (figura1):
as mulheres do interior e as da capital e suas respectivas representações. O afastamento que se
configurou foi acentuado pelo tempo de união heterossexual das mesmas.
O grupo procedente da capital e com tempo de experiência conjugal entre 6 e 10 anos
(F2+) representa a vulnerabilidade ao HIV/ aids pela traição. A representação de homem e aids
é relacionada à sexualidade “descontrolada” do homem. Tal representação demonstra que a
maneira como a sexualidade masculina vem sendo construída sustenta a convicção, por parte
dessas mulheres, de que os homens são infiéis por natureza e tem sexualidade expressa de
maneira mais intensa que a da mulher (GUERRIERO, AYRES, HEARST, 2002). Gomes e
46
Nascimento (2006, p. 905) assinalam também que “a sexualidade masculina vista como
infectante também se expressa pela relação dos homens com a prostituição”.
A mulher e aids foi representada pelo grupo de Salvador com 6 a 10 anos a partir da
abordagem de grupo de risco. A mulher que tem ou pode ter aids, para esse grupo, é
irresponsável e tem comportamentos promíscuos. Essas mulheres apresentam, pois,
representação dicotomizada com relação à mulher e à aids. Por um lado, ela se representa
cuidadosa e precavida mantendo relações com “parceiro único”, atitude diametralmente oposta
quando ela pensa na "outra" mulher que não ela, assumindo uma atitude acusativa de
"promiscuidade", “irresponsabilidade” e de condição degradantemente "triste".
A construção das representações pelo grupo de mulheres com tempo intermediário de
casamento (6 a 10 anos) e procedente de Salvador sobre a vulnerabilidade ao HIV/ aids
evidenciou a influência de constructos machistas e patriarcais em que a mulher associa sexo ao
casamento como modelo social. Em estudo realizado por Camargo e Giaccomozzi (2004),
verifica-se que a mulher relaciona o fato de ser casada e ter parceria fixa com a proteção contra a
aids.
Santos (2009) chama atenção que ao contrário do que circula no imaginário social, as
mulheres soropositivas para o HIV não apresentam um número de parceiros significativamente
diferente com relação às mulheres soronegativas. Entretanto, a aids continua ser utilizada como
recurso simbólico para exorcizar o medo, associando o flagelo aos desvios e transgressões morais
(Iriart, 2003).
Ao se representarem na perspectiva que tem parceria fixa e fé em Deus situam-se
relativamente distantes da infecção pelo HIV/ aids. De forma não esperada e aparentemente
contraditória, o grupo da capital manifesta conservadorismo em suas representações, entretanto,
isto pode ser explicado por serem mulheres com maior tempo de casamento quando comparada
com o grupo que se encontra em oposição.
Por outro lado, o grupo com menor tempo de vida em comum e procedente do interior
destaca aspectos do (con) viver com aids dentro do contexto de uma cidade do interior onde a
pessoa com a referida doença experimenta sofrimento e preconceito. A traição permeia o
imaginário social do grupo como possibilidade de determinar maior vulnerabilidade quando há
descuidodo parceiro na prevenção. A prevenção a que elas se referem é a utilização pelo
parceiro do preservativo nas relações extraconjugais. Como não possuem controle dessa situação,
47
elas representam a mulher e a si própria no contexto da aids como medo, demonstrando
passividade com relação a sua proteção individual, ao passo, que conferem maior importância ao
papel social de esposa, cujas práticas sexuais encontram-se submissas ao homem, com função
primordial de satisfação das necessidades sexuais do parceiro.
As seguintes falas também ilustram esta situação:
Eu não uso camisinha, tomo anticoncepcional. Meu marido diz: para
que camisinha? E eu para satisfazer a vontade dele o uso. (Jequié, ens
dio completo, 05 anos união estável)
O marido fala que você está usando remédio e eno para que usar a
camisinha, porque usar camisinha é chato. E o medo maior do casal é
engravidar. Com o parceiro você pode a abrir mão, para satisfazer a
vontade do parceiro a gente faz [...]Se eu não tivesse meu esposo e fosse
ter relação com qualquer outro homem, o importa quem seja, com
certeza, eu só transaria com camisinha. (Jequié, ens médio completo, 05
anos união estável)
Corroborando com a assertiva acima, Diniz (2001) em um documento de consultoria
destinado a subsidiar diretrizes para prevenção de DST/ aids em mulheres com enfoque de nero
pontua que “decorrentes de todas as expectativas de gênero que vão contra uma postura mais
auto-protetora, temos um contexto social pouco acolhedor das necessidades das mulheres e
potencialmente discriminatório”
A palavra traição apreendida no discurso de mulheres com menor tempo de casamento e
de Jequié não se reverte para ações de prevenção por questões como relações de gênero,
dependência financeira da mulher ao parceiro, o que pode ser evidenciado na fala abaixo
relacionada ao casamento:
Eles (os homens) têm que trabalhar para botar a comida dentro de casa.
Eles não deixa a gente trabalhar, eles pode chegar a hora que quer em
casa. Para as mulheres é bom, sai das casas dos pais não depende de pai
mais mãe. A gente tem nossa casa (Jequié, 18 anos, ens fundamental, 02
anos união estável)
Vala (2006) reflete sobre esses aspectos e afirma que as categorias sociais, como gênero,
são vistas como naturalizadas, encontram-se reificadas e, conseqüentemente, são operativas e
resistentes a mudança. O contexto social no qual se insere as desigualdades de gênero, em termos
48
culturais, sociais e econômicos, permeia a construção das representações sociais em um
movimento de mão dupla ao passo que uma determina a outra.
Em estudo sobre o significado de fidelidade e as estratégias para prevenção da aids entre
homens casados, Silva (2002) aponta que parece ser mais efetivo valorizar e enfatizar o uso do
preservativo nas relações fora do relacionamento do que suscitar dúvidas quanto à confiança na
esposa, uma vez que, o preservativo é muito associado à prevenção de doenças e às relações
extraconjugais, que se limitam ao sexo.
Diferentemente dos achados de estudo realizado por Giacomozzi e Camargo (2004) no
qual embora mulheres associassem ao universo masculino o fato de terem mais tendências a trair
e a ter múltiplas parcerias, posicionavam o seu marido em posição distinta dos demais, esse grupo
se coloca assim:
s não usamos (preservativo). Ele trabalha com sons, quando ele viaja
falo com ele para usar com as outras mulheres. Ele usa, peguei na
carteira dele a camisinha. Eu sou fiel, mas homem apronta, a gente não
pode fazer nada. Então, eu falo com ele, se você pegar outra você usa. Se
eu quero usar camisinha ele briga comigo, ele diz que estou com nojo
dele. (Jequié, ensino fundamental, 04 união estável)
O discurso desse grupo de pertença reproduz o conhecimento sobre a prevenção da aids e
o reconstrói com base em situações vivenciadas no cotidiano de suas relações,. Assim, como o
detêm meios suficientes para negociar o sexo seguro com seu esposo, dadas principalmente, as
questões de gênero e classe (vulnerabilidade social) parecem caminhar na direção do
encorajamento do parceiro a utilização do preservativo nas relações extraconjugais, ao passo, que
garantem fidelidade ao mesmo.
Em suma, as mulheres de Jequié, cujo grupo situa-se no (F2 -) sentem-se inseguras e
assumem posição acusativa do parceiro acerca da traição, revelando o medo do contágio, já que
o detêm mecanismos eficazes para sua prevenção efetiva. Este grupo, portanto, evidencia uma
atitude de submissão ao parceiro, mesmo que seja ele o portador do seu medo em relação à
infecção pelo HIV/aids. Em psicologia, medo corresponde a “uma emoção desencadeada por
uma estimulação que tem o valor de perigo para o organismo que reduz suas defesas gerando
condutas de fuga ou de imobilismo(DORON; PAROT, 1991 p. 515).
49
4.4 OS DESENHOS E AS ENTREVISTAS REVELANDO REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Os textos dos desenhos-estória com tema e das entrevistas foram analisados a partir da
constituição do corpus e leitura exaustiva, as unidades de registro foram recortadas, em seguida,
realizou-se a classificação destas segundo as semelhanças semânticas processo de
categorização. Foram apreendidas as categorias: (In) vulnerabilidades ao HIV/ AIDS no
“casamento”; A convivência com o HIV/ AIDS no casamento e A religiosidade e a aids.
Na organização dos dados, alguns desenhos não foram selecionados para ilustrar as
categorias identificadas, uma vez que, eles contêm elementos que contemplam mais de uma
categoria, contrariando uma regra do processo de categorização na análise de conteúdo
exclusão tua, ou seja, cada elemento deve existir em apenas uma única categoria para evitar
ambigüidades (RODRIGUES, LEOPARDI 1999).
A – CATEGORIA 1: (IN)VULNERABILIDADES AO HIV/ AIDS NO CASAMENTO
SUBCATEGORIA 1 - (IN) VULNERABILIDADES AO HIV/ AIDS ANCORADAS NA (IN)
FIDELIDADE DO PARCEIRO
O discurso das entrevistas juntamente com o desenho-estória com tema evidenciou a (in)
fidelidade do parceiro como possibilidades de favorecer a contaminação pelo HIV/ aids de
pessoas em união conjugal estável. A traição é abordada pelos grupos procedentes de Salvador e
Jequié, entretanto, apresenta algumas peculiaridades vinculadas ao contexto de vida de cada
grupo.
Nas expressões gráficas das mulheres provenientes do interior, a casa aparece em 50%
dos desenhos, enquanto que, para as mulheres da capital não houve ocorrências para essa insígnia
nos desenhos.
Grubtis (2003) argumenta que desenhos e pinturas de ‘casa’ têm significados e
representações relacionados à cultura, à sociedade, a vida e tradição familiar e à identidade. Neste
sentido o referido autor assinala que:
50
a casa é o símbolo de todas as "peles" sucessivas que nos envolvem - o
seio materno, corpos, falia, universo - e que vão se encaixando e
modelando. Assim, desenhar uma casa é evocar o último ego que reside
mais fundo, assim como suas relações com todos seus envelopes; é revelar
as modalidades de sua pertença no mundo (GRUBTIS, 2003 p.97).
Nos desenhos de Jequié, a casa parece aludir ao privado, local em que a mulher se sente
segura. Em contraposição, a rua também é demonstrada graficamente e explicitada nos textos das
estórias como o lugar de onde vem à ameaça, espaço público em que o homem ser instintivo,
dotado do livre exercício da sexualidade aparece como o responsável pelo transtorno da doença.
Desenho 1 Desenho 2
(Jequié, Ens. Médio, 06 anos união estável) (Jequié, Ens. Fundamental, 12 anos união estável)
Ao objetivar a (in) vulnerabilidade à aids na (in)fidelidade do parceiros (desenhos 1 e 2),
as participantes deste estudo, situam as mulheres casadas de forma vitimizada enfatizando que
nada podem fazer para evitar uma possível contaminação pelo HIV quando o parceiro possui
relações extraconjugais e culpabilizam o homem pela inserção da aids no contexto do
“casamento”. A utilização da camisinha, ou seja, do preservativo masculino nas relações
extraconjugais dos parceiros foi também enfatizada pelas mulheres, como forma de prevenção da
infecção pelo HIV/ aids tanto nas estórias dos desenhos como nas entrevistas:
51
a gente às vezes não quer usar [o preservativo] porque é marido, tem
aquele tempo, mas a gente não sabe se ele trai se ele pega outras mulheres
na rua, se usa camisinha. (Jequié, ens fundamental, 04 anos união
estável)
O uso do preservativo é, na maioria das vezes, descartado pelos casais que vivem juntos,
uma vez que, seu uso é considerado indesejado nas relações estáveis que “já tem aquele tempo”.
Entretanto, as mulheres apontam a traição como um aspecto que pode as deixar vulneráveis e
assinalam que pode haver “descuido” do parceiro no uso do condom nas relações extraconjugais.
As mulheres de Salvador expressam a traição e alertam ainda, através dos desenhos-
estória tema (3,4) para a necessidade de prevenção, do uso do preservativo dentro dos
relacionamentos estáveis e demonstram conhecimento de que a confiança no parceiro determina,
por vezes, uma situação de maior vulnerabilidade às ISTs/aids.
Entretanto, a representação social de que a infidelidade do parceiro aumenta a
vulnerabilidade das mulheres em união heterossexual não garante uma mudança automática das
práticas por parte destas no que diz respeito à prevenção, uma vez que, as representações
orientam comportamentos/ prática dentro de um contexto amplo onde coexistem forças sinérgicas
e antagônicas.
Desenho 3 Desenho
4
(Salvador, Ens. Fund, 03 anos união estável) (Salvador, Ens. Méd, 05 anos união estável)
52
Desenho 5 (Salvador, Ens. Fund, 19 anos união estável)
A partir da análise gráfica dos desenhos (3, 4 e 5) evidenciou-se uma relação entre a
traição no casamento e, respectivamente, poucos vínculos entre os casais; uma árvore
simbolizando um casamento sem raízes e uma aliança com um desenho ao lado que remete a um
aprisionamento no vazio.
Tais achados corroboram com a associação entre o desgaste da relação e a traição do
parceiro assinalada por Souzas e Alvarenga (2001, p. 25): “A infidelidade masculina [...] acaba
sendo o caminho pelo qual as mulheres percebem a relação se deteriorando [...]. Como forma
típica de violência de gênero relaciona o fato à quebra da solidariedade entre os pares e um
conjunto de valores cultivados pelo grupo a que pertencem”.
O relato do desenho 4 é enfático sobre o fato de que a confiança no parceiro distância às
possibilidades de prevenção de ISTs/aids pelas mulheres em união conjugal esta poderá ser a
gênese de uma representação que no futuro será um mecanismo eficaz que orientará estratégias
de prevenção das IST/ aids no “casamento”.
O conhecimento sobre a necessidade de prevenção sexual não se traduz imediatamente em
mudanças de práticas no sentido de conter a disseminação da aids, uma vez que o contexto onde
permeiam as decisões das mulheres em união conjugal conduz a dificuldades vulnerabilidade
social. Outras questões centrais referentes à vulnerabilidade social e ecomica se atrelam à
vulnerabilidade dos indivíduos. Dessa forma, são relevantes a situação sócio-econômica, as
53
relações de gênero, os valores culturais e outros, pois, favorecem o acesso das mulheres casadas
às condições capazes de gerar novos posicionamentos.
Estudo realizado por Costa (2008) sobre a vulnerabilidade de mulheres negras e não
negras ao HIV/aids apontou que as mulheres negras tem menor poder de negociação da inserção
do preservativo na relação, decorrentes de uma acumulação de vulnerabilidades de nero e
situação cio-econômica, obrigando-as à tolerar situações em que situações de empoderamento,
ou seja de menor vulnerabilidades, não tolerariam.
A mesma autora, Costa (2008), alerta que não se pode deixar de considerar, em uma
análise sob a perspectiva de gênero que as possibilidades e entraves que o homem e a mulher
possuem para implantar medidas de prevenção são diferentes, pois para as mulheres não existem
medidas realmente eficazes, uma vez que o preservativo, mesmo quando usados por elas presume
sempre alguma forma de negociação entre homens e mulheres, inclusive entre os casais em união
estável.
Os valores, as questões de gênero, a (in) segurança afetiva e/ou material, a baixa auto-
estima concorrem para dificuldades na negociação do uso do preservativo (masculino ou
feminino) ou do sexo não penetrativo, interferindo assim na prevenção da aids. Soma-se a isso
que durante o período reprodutivo nem sem sempre o casal deseja realizar sexo seguro, já que
implica em não conceber (PAIVA, 2000).
Ao analisar as falas expressas verbalmente pelas entrevistadas, a representação da
vulnerabilidade da mulher em união conjugal ancorada na o utilização do preservativo também
se fez presente: existe rios homens que às vezes não aceita que a mulher usa camisinha e
acaba matando uma vida, estão contaminados e eles nem sabem e às vezes, acaba trazendo
doença pra casa e acaba infectando a família.” (Jequié, 34 anos, ensino médio, 10 anos união
estável).
Fortemente atrelada a essa concepção, algumas características específicas de identidades
de gênero se mostram – o homem instintivo e a mulher emocional, uma presa fácil foram
observada nos discursos:
o homem, assim, ele é mais irracional, não pensa, eles agem pelo impulso
e tem muitas mulheres que deixam ser envolvidas por eles e acabam se
contaminando. Às vezes eles realmente não gostam de preservativos, tem
homem que quer ter relação sem preservativo e aí, as vezes as mulheres
acham que elas tomando anticoncepcional elas estão protegidas. Para
não ter filhos, mas elas não sabe que isso não protege à aids. Né, temos
que prevenir.( Jequié, ensino médio, 10 anos união estável)
54
Por fim, considerando os elementos que concorreram para definição da presente categoria,
mesmo que este não tenha se configurado a priori como objetivo da pesquisa, observa-se que a
traição é evocada e traduzida de maneira distinta entre as mulheres de Jequié e de Salvador. Para
as primeiras, a traição, por si só, o parece influenciar na união do casal e o uso do preservativo
pelos seus parceiros é esperado não relações extramaritais. Contudo, o segundo grupo refere uma
deterioração do casamento em função da traição. Tal fato é indicativo da existência de diferentes
concepções sociais acerca do casamento e fatores contextuais imbricados entre os dois grupos
estudados.
B - CATEGORIA 2 –A CONVIVÊNCIA COM O HIV/ AIDS NO CASAMENTO
SUBCATEGORIA 1 A CONVIVÊNCIA COM O HIV/ AIDS NO CASAMENTO
ANCORADA NOS TRANSTORNOS PSCIOAFETIVOS
O relato das histórias revelou a objetivação da convivência com a aids no casamento
como tristeza, sofrimento, desespero, destruição da família e como preconceito, representações
hegemônica da aids.
Desde o início da epidemia a aids carrega representações com componentes enraizados
nos símbolos de sofrimento psíquico. A frase repetida pela mídia “aids mata” foi amplamente
divulgada nas duas primeiras décadas da epidemia. Assim, o diagnóstico de HIV/ aids continua
sendo considerado mesmo nos dias atuais como uma sentença de morte, apesar dos avanços da
medicina.
Os desenhos-estória tema 6 e 7 exprimem respectivamente o desespero ao receber o
diagnóstico e a impotência na convivência com a doença relacionada ao preconceito e a morte.
Na análise gráfica destes desenhos, verifica-se rompimentos de ligação, vínculos entre os casais
(desenho 6) membros superiores ausentes (desenho 7) e aumento da distância entre o casal o que
ratifica a representação da conseqüência do diagnóstico da aids pelo casal: desunião,
distanciamento em relação ao mundo exterior, desespero, falta de perspectivas, destruição
familiar, quebra de laços e vínculos.
55
Desenho 6 (Jequié) Desenho 7 (Jequié)
(Ens Fundamental, 06 anos união estável) (Ens Fundamental, 03 anos união estável)
Desenho 8 (Jequié, Ens. Médio, 03 anos união estável)
56
O viver com aids foi retratado pelas mulheres como uma interdição, na medida em que
coloca o indivíduo diante de limitações e impossibilidades. Ao objetivar a vida de casais com
aids, remetem a um grande sofrimento psíquico que envolve várias perdas, principalmente em
termos das relações afetivas e sexuais.
Para Santos (2007), a pessoa com HIV/ aids, além do temor de doenças incapacitantes,
convive com as denominadas mortes sociais ocasionadas pela discriminação, preconceito e
isolamento do convívio familiar e/ou social, resultantes do forte estigma que ainda persiste na
maioria das sociedades.
Assim, quando se trata da inserção da aids no casamento, as mulheres de Jequié, assumem
posição distinta de quando pensam apenas na traição: evidenciam a separação entre os casais, o
sofrimento gerado pelo preconceito e por restrições biológicas e sociais. Os grafismos produzidos
pelas mulheres de Salvador demonstram, por sua vez, tristeza e desfiguramento corporal
associado à solidão e o abandono e, também, o fim do casamento.
Desenho 9 ( Salvador, Ens fund, 07 anos união estável)
Desenho 10 ( Salvador) Desenho 11 (Salvador)
(Ens Méd, 01 ano união estável ) ( Ens Fund, 17 anos união estável)
57
C – CATEGORIA 3: A RELIGIOSIDADE E A AIDS
Na análise dos dados do TALP, processados pela AFC, as diferenças de religião
(evangélica, católica ou sem religião) não determinaram oposições nas representações expressas
pelas participantes deste estudo. Entretanto, isso o significa que suas representações não
sofrem influencias das questões religiosas, isso pode ser evidenciado no desenho abaixo, uma vez
que, no plano simbólico, igreja e casamento pressupõem fidelidade dos parceiros. Por sua vez, a
aids está objetivada como sinônimo de morte castigo para aqueles de condutas e
comportamentos “desviantes” das normas religiosas ( PERLONGER, 1987).
Representações da doença baseada em conceitos religiosos e morais tiveram princípio na
idéia de que o pecado, a sexualidade “descontrolada” seriam a causa da aids. Assim, esta doença
adquire uma função de deter comportamentos considerados socialmente “excessivos”, inclusive a
infidelidade, o sexo fora do casamento. Embora, a infidelidade masculina seja algo aceito e
naturalizado socialmente.
A partir da análise do desenho estória-tema 12, observa-se a ausência da representação da
figura humana, prevalecendo normas de instituições religiosas e sociais. A igreja, o casamento e
a fidelidade aparecem como alternativas para evitar a aids, a morte, entretanto, o texto do
desenho aponta o conhecimento, por parte desta atriz social, de que sofre coerções culturais/
religiosas no exercício de sua sexualidade, conforme evidenciado no desenho abaixo:
Eu venho de uma tradição, minha família é evangélica, eu sou
evangélica, eu tinha que casar virgem, para o homem para o
meu marido não era assim. Então se eu hoje tomasse alguma
atitude, tomasse alguma prevenção, tomar uma atitude a respeito a
isso, eu ia ser mal vista, tipo, se eu chegar pro meu marido e
mandar ele usar camisinha, ai ele vai me ver com maus olhos,
eno vai começar aquela discussão, por que? Você es me
traindo? Ele nunca vai dizer que é ele que ta traindo, vai dizer que
sou eu, então pesa muito isso. (Salvador, Evangélica, Ens Médio,
01 ano união estável)
Desenho 12
(Salvador, Evangélica, Ens Médio, 01 ano união estável)
58
O comportamento humano e a prevenção da aids estão fortemente enraizados em fatores
sociais, culturais e econômicos que estabelecem normas para o exercício da sexualidade. Estas
normas, no entanto, são distintas para homens e mulheres. Ainda hoje, as mulheres, em especial,
sofrem interdições e limitações no exercício de sua sexualidade e também na adoção de medidas
de proteção de sua própria saúde.
O discurso religioso, portanto, apresenta-se como um dispositivo regulador da sexualidade
da mulher em posição antagônica ao discurso dos direitos sexuais e direitos reprodutivos (WHO,
2006). A religiosidade implica em desafios para o fortalecimento da laicidade do Estado e no
combate a epidemia do HIV/Aids.
Santos (2007) destaca ainda que apesar do protestantismo aceitar o uso de métodos
contraceptivos não abortivos, dentre esses os preservativos entre os casais, a abstinência sexual e
a fidelidade conjugal são eleitas como medidas prioritárias. No entanto, a aceitabilidade maior é
justificada para evitar gravidez, sendo a prevenção de IST algo desconsiderado, uma vez que,
casamento pressupõe fidelidade, principalmente, por parte da mulher. Com relação à igreja
católica, esta se oe fortemente ao uso de preservativos.
59
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Além de uma inserção social problemática (vulnerabilidade social), das desigualdades nas
relações de gênero, as participantes do presente estudo se caracterizam por serem casadas e
moradoras do interior e da capital da Bahia. Diferenças nas características cio-demográficas
como tempo de união estável, procedência e escolaridade evidenciam oposições entre as
representações sociais desse grupo sobre a vulnerabilidade ao HIV.
O presente estudo apresenta-se como limitação o fato que os resultados não são passíveis
de generalização para outros locais onde se atende mulheres em união heterossexual estável,
que a produção de dados envolveu dois grupos de pertença em cenários contextualizados,
historicamente e socialmente situados.
Os resultados revelaram que o tempo de união estável e nível de escolaridade constituem-
se aspectos determinantes na construção das representações de vulnerabilidade ao HIV/ aids . As
mulheres com maior experiência conjugal e com apenas nível básico de escolaridade constroem a
crença de sua própria invulnerabilidade. Em oposição, as mulheres com nível médio de
escolaridade e pouca experiência conjugal colocam em estado de alerta a sua vulnerabilidade por
terem conhecimento da possibilidade de transmissão do HIV/ aids, pela inexistência de práticas
sexuais seguras com o parceiro que supostamente, para elas, mantém relações extraconjugais.
As desiguais relações de gênero são manifestas na pesquisa atreladas à dependência
econômica das mulheres em relação aos homens. Para o grupo de Jequié com menor tempo de
união estável existe uma sujeição e passividade com relação à explícita traição do parceiro, que
mantém as mulheres emudecidas pelo medo duplicado: de sua própria vulnerabilidade e da perda
da relação conjugal. Já o grupo de Salvador, enfatiza sua prática monogâmica e não promiscua, e
defende-se da transmissão pela traição do parceiro único invocando a religião, embora não
aparente submissão ao parceiro na relação conjugal como no grupo de Jequié.
Apesar dos avanços no entendimento da susceptibilidade à infecção pelo HIV/ aids,
vislumbrado a partir do conceito de vulnerabilidade, não foram apreendidas representações,
ancoradas na vulnerabilidade social e programática. No imaginário social das participantes da
pesquisa, a aids continua ligada a determinados grupos e as questões de gênero aparecem
naturalizadas, em suas representações.
60
Dentro dos grupos estudados se configuraram diferenças e semelhanças nas
representações sobre a vulnerabilidade à aids demonstrando o quanto as representações sociais
são dinâmicas, uma vez que, estão circunscritas em contextos histórico-sociais inacabados e
processuais. Nesse sentido, esta pesquisa evidenciou mudanças nas representações sociais sobre a
aids e a vulnerabilidade a esse agravo, considerando o estado de alerta das mulheres quando
enfatizam a traição masculina e a confiança no parceiro como algo que as deixam mais
vulneráveis a infecção pelo HIV.
Os resultados do estudo desvelaram ainda conteúdos representacionais na esfera da
prevenção e do cuidado e, também, aspectos simbólicos hegemônicas da aids. A vulnerabilidade
principalmente para o grupo com menor escolaridade e maior tempo de união consensual estável,
continua atrelada a noção de grupos de risco, a partir da relação entre aids e comportamentos
considerados “imorais”.
O estudo revelou, portanto, representações sociais que obstaculizam e/ ou facilitam as
práticas de prevenção da aids. Dessa forma, torna-se importante através de trabalhos educativos,
valorizar ou desencorajar tais representações considerando os fatores contextuais imbricados.
Ao analisar essas representações, sob uma perspectiva de gênero, salienta-se a
necessidade de articular ações intersetoriais para não apenas aumentar a compreensão da
vulnerabilidade ao HIV/ aids entre as mulheres casadas, mas para, principalmente, favorecer
condições econômicas, sociais e políticas para superar as desigualdades dessas mulheres.
Nesse sentido, ressalta-se a relevância de problematizar e desnaturalizar as desigualdades
vivenciadas pelas mulheres em união conjugal estável. Esse direcionamento pode ser dado pelas
(os) profissionais de saúde, em especial, na rede básica de saúde durante consultas e oficinas, a
fim de suscitar e provocar reflexões sobre as implicações das questões de gênero, bem como,
classe social e raça na prevenção de HIV/aids nos relacionamentos estáveis e, de forma mais
ampla, no pleno exercício da sexualidade.
Os profissionais de saúde, em particular, a equipe de enfermagem assumem papel
importante na realização de trabalhos educativos junto com as mulheres a partir da
disponibilização de informações que contribuam para dar visibilidade aos fatores que aumentam
a vulnerabilidade da mulher em união conjugal à aids.
Salienta-se, contudo, que a problematização de coerções sociais, políticas, econômicas,
religiosas e culturais que engendram e aproximam a mulher em união conjugal estável à aids não
61
deve se restringir à saúde, merece ser discutida e valorizada também em outros campos, como a
educação a fim de que possibilite mudanças efetivas.
62
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12902001000200003&lng=en&nrm=iso>. access on 25 Oct. 2009. doi: 10.1590/S0104-
12902001000200003.
SPINK, M. J. As representações sociais e sua aplicação em pesquisa na área da saúde. In: II
Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva e III Congresso Brasileiro de Saúde Pública. São Paulo:
Mimeo, 1989, 13 p.
TURA, Luiz Fernando Rangel. A aids: repensando a prevenção. In: TURA, Luiz Fernando
Rangel; Moreira, Antônia Silva Paredes. Saúde e Representações Sociais. João Pessoa: Editora
Universitária/ UFPB, 2005
VALA, Jorge. Representações Sociais e psicologia social do conhecimento quotidiano. In:
VALA, Jorge; MONTEIRO, Maria Benedicta Monteiro. (Coord) Psicologia Social. 7ª Edição
Editora: Fundação Calouste Gulbenkian, 2006
WHO, World Health Organization. Defining Sexual Health: Report on technical consultation on
sexual health 2002 (Sexual Health Document Series). Geneva, Switzerland, 2006.
68
APÊNDICE A - INFORMAÇÕES À COLABORADORA E TERMO DE
CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
Meu nome é Larissa Silva de Abreu Rodrigues, sou enfermeira e aluna do curso de Mestrado em
Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, estou elaborando um Projeto de Pesquisa
intitulado Representações Sociais de mulheres em união heterossexual estável sobre a
vulnerabilidade à infecção pelo HIV/aids”, tendo como orientadora a Profª Drª Mirian Santos
Paiva. A pesquisa tem como objetivos: apreender as representações sociais de mulheres em união
heterossexual estável sobre a vulnerabilidade à infecção pelo HIV/aids e comparar as
representações sociais de mulheres em união heterossexual estável que vivem na capital, com as
representações sociais daquelas que vivem no interior, sobre a vulnerabilidade à infecção pelo
HIV/aids. Pretendo contar com a sua participação nesta pesquisa. Quero informá-la que sua
colaboração é livre, seu nome não será revelado e você terá a liberdade de desistir em qualquer
momento sem nenhum prejuízo. Caso aceite participar da pesquisa, peço sua permissão para
gravar sua fala, o que muito ajudará na realização deste trabalho. Os resultados do estudo serão
publicados em Congressos e em Revistas científicas e estarão também à sua disposição.
Certas de sua colaboração agradecemos antecipadamente,
_____________________________ ________________________________
Profa Dra Mirian Santos Paiva Larissa Silva de Abreu Rodrigues
Pesquisadora do GEM- Orientadora
Mestranda da Escola de Enfermagem
Escola de Enfermagem da UFBA Da UFBA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
Declaro que recebi esclarecimentos sobre a pesquisa intitulada “Representações sociais de
mulheres em união heterossexual estável sobre a vulnerabilidade à AIDS e li o conteúdo do
texto Informações ao Colaborador e entendi as informações relacionadas à minha participação
nesta pesquisa. Declaro que não tenho vidas de que não receberei benefícios financeiros e que
concordo em participar, podendo desistir em qualquer etapa e retirar meu consentimento, sem
penalidades, prejuízo, ou perda. Estou ciente que terei acesso aos dados registrados e reforço que
o fui submetida à coação, indução ou intimação.
Local____________, data____, _____________________________
Assinatura
Impressão digital
Declaro que recebi de forma voluntária e apropriada o Termo de consentimento Livre e
Esclarecido desta entrevistada, para participação nesta Pesquisa.
_____________________________ ________________________________
Profa Dra Mirian Santos Paiva Larissa Silva de Abreu Rodrigues
Pesquisadora - Orientadora Mestranda
69
APÊNDICE B – TÉCNICA DE ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS
Universidade Federal da Bahia – UFBA
Escola de Enfermagem da UFBA – EEUFBA
Mestrado em Enfermagem
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
DATA E LOCAL DA ENTREVISTA__________________________________________
PARTICIPANTE_________________________________________________________
IDADE ______________________PROCEDÊNCIA_____________________________
ESCOLARIDADE______________OCUPAÇÃO/PROFISSÃO_____________________
COR AUTODECLARADA_____________ RELIGIÃO___________________________
TEMPO DE UNIÃO ESTÁVEL/ CASAMENTO_________________________________
Quando eu falo em AIDS, quais palavras lhe vêm à mente?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Quando eu falo em HOMEM E AIDS, quais palavras lhe vêm à mente?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________
Quando eu falo em MULHER E AIDS, quais palavras lhe vêm à mente?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________
Quando eu falo em VOCÊ MESMA, quais palavras lhe vêm à mente?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
70
APÊNDICE C - ENTREVISTA
Universidade Federal da Bahia – UFBA
Escola de Enfermagem da UFBA – EEUFBA
Mestrado em Enfermagem
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
DATA E LOCAL DA ENTREVISTA__________________________________________
PARTICIPANTE_________________________________________________________
IDADE ______________________PROCEDÊNCIA_____________________________
ESCOLARIDADE______________OCUPAÇÃO/PROFISSÃO_____________________
COR AUTODECLARADA_____________ RELIGIÃO___________________________
TEMPO DE UNIÃO ESTÁVEL/ CASAMENTO_________________________________
1. Gostaria que a senhora falasse para mim sobre o casamento e/ou união estável entre
homens e mulheres. O que representa para os homens? E para as mulheres?
2. Para a senhora, como uma pessoa, de maneira geral, pode adquirir infecção pelo
HIV/AIDS?
3. Fale para mim sobre as chances de um homem e de uma mulher adquirirem HIV/AIDS. E
quanto às mulheres que estão casadas ou em união heterossexual estável.
4. Para a senhora, o que facilita a prevenção da infecção pelo HIV/ AIDS pela mulher
casada? Por que? E o que dificulta? Por que?
5. A senhora usa preservativos (masculino e/ou feminino) em suas relações sexuais com seu
parceiro? Fale para mim sobre sua experiência no uso/ não uso de preservativos e de
outras formas que se adota para se prevenir de infecções transmitidas pelas relações
sexuais.
6. A senhora acha que algum dia pode adquirir AIDS? Se sim, como? Se não, por que?
7. Como a senhora a descoberta, em um casamento/ uma união estável, do diagnóstico de
infecção pelo HIV/ AIDS do parceiro, pela mulher?
71
APÊNDICE D CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA DAS
PARTICIPANTES
IDADE Frequência %
18 a 29 anos
117
60,0
30 a 39 anos
50
25,6
40 a 49 anos
28
14,4
Total
195
100,0
RELIGIÃO Frequência %
Católica
109
55,9
Evangélica
59
30,3
sem religião
27
13,8
Total
195
100,0
PROCEDÊNCIA Frequência %
Salvador
100
51,3
Jequié
95
48,7
Total
195
100,0
ESCOLARIDADE Frequência %
ensino
fundamental
101
51,8
ensino médio
94
48,2
Total
195
100,0
PROFISSÃO Frequência %
doméstica
47
24,1
do lar
91
46,7
estudante
5
2,6
outras
51
26,2
nenhuma
1
,5
Total
195
100,0
COR Frequência %
preta
65
33,3
parda
110
56,4
branca
15
7,7
amarela
4
2,1
indígena
1
,5
Total
195
100,0
TEMPO DE UNIÃO
ESTÁVEL Frequência %
1 a 5 anos
91
46,7
6 a 10 anos
49
25,1
> ou = a 11 anos
55
28,2
Total
195
100,0
72
APÊNDICE E TABELA1: Distribuição das freqüências das variáveis de opinião, que
apareceram no gráfico processado pelo Tri-deux-mots em função das variáveis fixas.
Estímulo Freq
Total
Salvador
Jequié Ens.
funda
Ens.
Médio
1 a 5
União
6 a 10
União
> ou =
11 união
Traição1 9 6 3 3 6 2 6 1
Desespero1 19 12 7 8 11 6 10 3
Triste2 8 8 0 3 5 1 5 2
Amor2 8 5 3 2 6 4 4 0
Descarado2 8 7 1 2 6 3 2 3
Morte3 13 7 6 5 8 5 6 2
Fé em deus4 11 8 3 6 5 1 7 3
Responsa4 12 8 4 2 10 5 3 4
Saúde4 13 9 4 6 7 3 7 3
Irrespon3 10 7 3 3 7 4 3 3
Exame4 33 22 11 17 16 10 14 19
Desconh3 13 6 7 3 10 2 7 4
Promisc3 12 8 4 5 7 3 4 5
Parceiro Único 30 16 14 14 16 8 10 12
Higie3 8 5 3 6 2 3 0 5
Exame3 22 14 8 15 17 11 4 7
Doença2 26 17 9 14 12 14 5 7
Transmite2 37 17 20 22 15 13 10 14
Morte4 13 7 6 5 8 5 6 2
Incurável1 24 14 10 14 10 12 3 9
Parceiro1 12 5 7 9 3 5 3 4
Sexo3 10 4 6 6 4 5 1 4
Transmi3 16 6 10 10 6 7 3 6
Prevenção1 37 19 28 28 19 22 12 13
Medo2 17 8 9 9 8 9 1 7
Traição2 22 9 13 11 11 11 6 5
Preconceito1 16 8 8 7 9 10 2 4
Descuido1 11 5 6 4 7 8 2 1
Parceiro2 16 6 10 7 9 9 2 5
Medo4 35 10 25 18 17 22 5 8
Amor4 14 7 7 3 11 5 7 2
Desconhe2 13 6 7 3 10 2 7 4
Prevenção3 76 37 39 37 39 32 28 16
Transmis1 36 15 21 13 23 13 12 11
Sexo1 12 5 7 5 7 5 5 2
Sofrimento1 32 19 13 13 19 19 8 5
Promiscuid2 10 4 6 2 8 4 4 2
Descuido2 20 8 12 5 15 11 7 2
Medo3 13 5 8 5 8 7 4 2
Preocupaçã1 11 5 6 3 8 7 2 2
Conhecime3 11 4 7 1 10 7 2 2
Descuido2 20 8 12 5 15 11 7 3
Exame2 14 11 3 10 4 5 4 5
Camisin2 47 26 21 29 18 17 14 16
Cuidado2 52 32 20 34 18 23 13 16
Perigo1 23 8 15 16 7 11 5 7
Camisi1 27 9 18 16 11 12 8 7
73
APÊNDICE F TABELA 2 - FREQUÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVAS DAS
VARIÁVEIS DE OPINIÃO COM INCINCIA MAIOR DO QUE 20 VEZES, OU SEJA,
10%.
VARIÁVEL DE
OPINIÃO
FREQUÊNCIA
ABSOLUTA
FREQUÊNCIA
RELATIVA
DOENÇA1 119 61,02%
MORTE1 72 36,92%
PREVENÇÃO1 47 24,10%
TRANSMISSÍVEL1 36 18,46%
CUIDADO1 36 18,46%
SOFRIMENTO1 32 16,41%
CAMISINHA 1 27 13,84%
INCURÁVEL1 24 12,30%
PERIGO1 23 11,79%
MEDO1 21 10,76%
TRISTE1 30 15,38%
PREVENÇÃO2 59 30,25%
CUIDADO2 52 26,66%
CAMISINHA2 47 36,92%
TRANSMISSÍVEL 2 37 18,97%
DOENÇA2 26 13,33%
TRAIÇÃO2 22 11,28%
DESCUIDO2 20 10,25%
PREVENÇÃO3 76 38,97%
CUIDADO3 53 27,17%
CAMISINHA3 41 21,02%
CUIDADO4 82 42,05%
PREVENÇÃO4 74 37,94%
CAMISINHA4 45 23,07%
MEDO4 35 17,94%
CONHECIMENTO4 35 17,94%
EXAME4 33 16,92%
PARCEIRO
ÚNICO/FIXO4
30 15,38%
74
ANEXO A – IMP- DICIONÁRIO TRI-DEUX-MOTS
TRI-DEUX Version 2.2
IMPortation des MOTs d'un fichier de questions ouvertes
ou de mots associ‚s … un stimulus - janvier 1995
Renseignements Ph.Cibois UFR Sciences sociales Paris V
12 rue Cujas - 75005 PARIS
Programme IMPMOT
Le fichier de sortie mots courts tri‚s est saje1.DAT
et servira d'entr‚e pour TABMOT
Le fichier de position en sortie sera saje1.POS
et servira d'entr‚e pour TABMOT
Le fichier d'impression est saje1.IMP
Position de fin des caract‚ristiques 4
Nombre de lignes maximum par individu 4
Le stimulus est en fin de mot et sera report‚
en fin de caract‚ristiques … la position 5
il sera laiss‚ en fin de mot
Nombre de lignes lues en entr‚e 195
Nombre de mots ‚crits en sortie 2656
Nombre de mots de longueur sup‚rieure … 10 = 0
seuls les 10 premiers sont ‚t‚ imprim‚s
D‚coupage en mots termin‚
Tri termin‚
Les mots sont mis en 4 caractŠres
Impression de la liste des mots
aban2 aban 1 aban4 aba1 5 absti4 abst 3 acab3 acab 1
amig1 amig 1 amiga3 ami1 1 amiza1 ami2 1 amiza4 ami3 2
amor1 amor 3 amor2 amo1 8 amor3 amo2 4 amor4 amo3 14
amp1 amp1 1 amp2 amp1 1 amp3 amp2 5 amp4 amp3 4
arre3 arre 1 arrep1 arr1 3 assust2 assu 1 ause2 ause 1
beijo1 beij 4 beijo3 bei1 3 beijo4 bei2 2 belez4 bele 1
besta1 best 1 besta3 bes1 1 bestar2 bes2 1 bom4 bom4 1
camis1 cami 27 camis2 cam1 47 camis3 cam2 41 camis4 cam3 45
caren1 care 2 casam1 casa 2 casam2 cas1 2 casam4 cas2 1
casar3 cas3 1 caus2 caus 2 confi1 conf 2 confi4 con1 16
confia2 con2 5 confia3 con3 3 confu1 con4 1 conhe2 con5 8
conhe3 con6 11 conhe4 con7 35 conpa2 con8 5 conpar3 con9 5
conpar4 on10 2 consc1 on11 4 conse3 on12 1 conta2 on13 1
conta3 on14 1 convi1 on15 1 convi2 on16 2 convi4 on17 1
coq1 coq1 7 corp1 corp 1 corpo2 cor1 1 corpo3 cor2 1
crian1 cria 1 crian2 cri1 1 cuid1 cuid 36 cuid2 cui1 52
cuid3 cui2 3 cuida3 cui3 53 cuida4 cui4 82 culpa4 culp 2
cura1 cura 2 cura3 cur1 1 dece1 dece 3 decep2 dec1 1
decep3 dec2 3 decep4 dec3 3 dedi4 dedi 1 defe1 defe 1
des1 des1 2 desa1 des1 1 desam2 des2 6 desam3 des3 4
desca2 des4 8 descn2 des5 8 desco1 des6 5 desco2 des7 10
desco3 des8 13 desco4 des9 14 descu1 es10 11 descu2 es11 20
descu3 es12 26 descu4 es13 2 descui1 es14 1 dese4 es15 15
desej2 es16 1 desep1 es17 19 deses2 es18 3 desfa1 es19 2
desfa2 es20 2 desor1 es21 4 desp3 es22 4 dest1 es23 5
desva2 es24 1 diagn4 diag 1 dial3 dia1 2 dialo1 dia2 3
dialo2 dia3 5 dialo3 dia4 1 dialo4 dia5 14 difi2 difi 3
difi3 dif1 4 difi4 dif2 2 dinh2 dinh 2 dinh3 din1 2
dinhe1 din2 1 dista2 dist 2 dista4 dis1 1 distan1 dis2 1
divid2 divi 1 doen1 doen 119 doen2 doe1 26 doen3 doe2 19
doenca4 doe3 2 droga2 drog 4 droga3 dro1 4 dsts1 dsts 5
dsts3 dst1 2 duvi4 duvi 1 ego2 ego2 1 egrav2 egra 2
emagr1 emag 3 emagr3 ema1 4 enga2 enga 2 eprox1 epro 1
esper1 espe 1 estre2 estr 1 eu2 eu2 1 evolu2 evol 1
75
exam1 exam 7 exam4 exa1 33 exame2 exa2 14 exame3 exa3 22
fada1 fada 1 falre1 falr 1 falre2 fal1 3 famil1 fami 7
famil2 fam1 4 famil3 fam2 4 famil4 fam3 7 fdeus4 fdeu 11
fede1 fede 3 fedeu4 fed1 1 feio1 feio 1 feio3 fei1 1
feli1 feli 1 feli4 fel1 5 ferim1 feri 1 festa1 fest 1
festa2 fes1 3 festa3 fes2 2 fetica1 feti 1 fhigi1 fhig 1
fhigi2 fhi1 1 fhigi3 fhi2 2 fhigie2 fhi3 1 fiel2 fiel 5
fiel3 fie1 3 fiel4 fie2 10 filh4 filh 6 filho1 fil1 5
filho2 fil2 2 filho3 fil3 6 filho4 fil4 1 fim2 fim2 1
frag3 frag 1 fraq1 fra1 4 fraqu2 fra2 1 fres2 fres 1
futu4 futu 1 fvont4 fvon 5 gesta1 gest 2 gesta3 ges1 4
harmo2 harm 2 higi4 higi 4 higie1 hig1 1 higie3 hig2 8
home1 home 2 home2 hom1 1 home3 hom2 2 home4 hom3 1
homos2 hom4 6 hones2 hone 5 hones4 hon1 2 hospi1 hosp 3
imatu2 imat 1 incur1 incu 24 incura4 inc1 1 inde4 inde 1
indi4 ind1 2 inexp4 inex 1 infid4 infi 1 inho3 inho 1
inoce3 inoc 1 inseg1 inse 3 inseg2 ins1 3 inseg3 ins2 1
inseg4 ins3 3 inte4 inte 1 inter2 int1 1 invul4 invu 12
iresp1 ires 3 iresp3 ire1 10 irres2 irre 7 irresp4 irr1 1
isola2 isol 1 isola3 iso1 2 isola4 iso2 4 lesco1 lesc 4
machi2 mach 1 mae3 mae3 3 mae4 mae1 3 matu4 matu 2
matur3 mat1 1 medo1 medo 21 medo2 med1 17 medo3 med2 13
medo4 med3 35 mend3 mend 1 mens4 men1 1 meto4 meto 2
morte mort 2 morte1 mor1 72 morte2 mor2 7 morte3 mor3 13
morte4 mor4 16 mrua3 mrua 1 mulh1 mulh 3 mulhe2 mul1 10
mulhe3 mul2 1 mund3 mund 1 nacre3 nacr 1 nada3 nada 1
naoco3 naoc 2 natur2 natu 1 ndte2 ndte 1 nmedo4 nmed 1
npens4 npen 8 npenso1 npe1 1 nprec4 npre 2 nprev4 npr1 5
obrig1 obri 1 obv4 obv4 1 odio2 odio 2 odio3 odi1 2
opor3 opor 1 orgu3 orgu 1 pacie2 paci 1 parci1 parc 12
parci2 par1 16 paren2 par2 1 paren3 par3 1 paru3 par4 18
parun4 par5 30 pena2 pena 1 pensa3 pen1 3 pensa4 pen2 1
peri1 peri 23 perig2 per1 6 perig3 per2 2 perig4 per3 2
perse3 per4 1 pesso1 pess 1 plane3 plan 3 planej4 pla1 2
polui1 polu 1 posse2 poss 1 ppega4 ppeg 1 preco1 prec 16
preco2 pre1 9 preco3 pre2 11 preco4 pre3 5 preoc1 pre4 11
preoc2 pre5 4 preoc3 pre6 4 preoc4 pre7 5 preve1 pre8 47
preve2 pre9 59 preve3 re10 76 preve4 re11 74 probl1 prob 7
probl2 pro1 2 promi1 pro2 1 promi2 pro3 10 promi3 pro4 12
prost2 pro5 3 prost3 pro6 5 qcabe1 qcab 6 qcabe3 qca1 1
real2 real 1 relac3 rela 1 reme2 reme 2 reme3 rem1 2
remed4 rem2 1 respe2 resp 4 respe3 res1 2 respe4 res2 6
respo1 res3 1 respo2 res4 5 respo3 res5 6 respo4 res6 12
revol1 revo 1 revol2 rev1 3 revolt4 rev2 2 risco1 risc 4
risco2 ris1 6 ruim1 ruim 14 ruim2 rui1 3 ruim3 rui2 4
sangu1 sang 3 sangu2 san1 1 sangu3 san2 1 satit2 sati 1
saud1 saud 1 saude1 sau1 8 saude2 sau2 2 saude3 sau3 6
saude4 sau4 13 sdma2 sdma 1 segur1 segu 1 segur2 seg1 2
segur4 seg2 3 sensi3 sens 1 sensi4 sen1 2 senti2 sen2 1
serin1 seri 2 serin2 ser1 4 sexda1 sexd 1 sexda3 sex1 1
sexo1 sex2 12 sexo2 sex3 15 sexo3 sex4 10 sexos4 sex5 2
sexsc2 sex6 3 sexsc3 sex7 4 sim4 sim4 1 since4 sinc 2
sinsi1 sin1 6 sinsi3 sin2 2 sinsi4 sin3 2 sofri1 sofr 32
sofri2 sof1 5 sofri3 sof2 10 sofrim4 sof3 7 sold1 sold 2
solda4 sol1 1 solid1 sol2 2 solid2 sol3 2 solid4 sol4 2
solida3 sol5 2 traba1 trab 2 traba4 tra1 2 trage4 tra2 1
trai1 tra3 9 trai2 tra4 22 trai3 tra5 10 trai4 tra6 9
trans1 tra7 36 trans2 tra8 37 trans3 tra9 16 trans4 ra10 1
trata1 ra11 13 trata2 ra12 5 trata3 ra13 5 trata4 ra14 5
trist1 tris 30 trist3 tri1 14 trist4 tri2 12 triste2 tri3 8
tudo2 tudo 1 unia1 unia 1 vaid3 vaid 1 vaida2 vai1 1
valor3 valo 1 verg3 verg 2 vergo1 ver1 2 vergo4 ver2 5
vida4 vida 6 vinga2 ving 3 vinga3 vin1 1 viole2 viol 2
76
viole3 vio1 2 viole4 vio2 1 viris1 viri 4 viris2 vir1 3
viris3 vir2 2 viti4 viti 1 vitim2 vit1 1 vitim3 vit2 2
vonta4 vont 1 vulne3 vuln 7
Nombre de mots entr‚s 2656
Nombre de mots diff‚rents 398
Impression des tris … plat
Question 015 Position 15 Code-max. 2
Tot. 1 2
2656 1432 1224
100 53.9 46.1
Question 016 Position 16 Code-max. 2
Tot. 1 2
2656 1280 1376
100 48.2 51.8
Question 017 Position 17 Code-max. 3
Tot. 1 2 3
2656 1501 889 266
100 56.5 33.5 10.0
Question 018 Position 18 Code-max. 3
Tot. 1 2 3
2656 1178 769 709
100 44.4 29.0 26.7
77
ANEXO B – AFC- ANALYSE FATORIAL DES CORRESPONDANCES
TRI-DEUX Version 2.2
Analyse des ‚carts … l'ind‚pendance - mars 1995
Renseignements Ph.Cibois UFR Sciences sociales Paris V
12 rue Cujas - 75005 PARIS
Programme ANECAR
Le nombre total de lignes du tableau est de 82
Le nombre total de colonnes du tableau est de 10
Le nombre de lignes suppl‚mentaires est de 0
Le nombre de colonnes suppl‚mentaires est de 0
Le nombre de lignes actives est de 82
Le nombre de colonnes actives est de 10
M‚moire disponible avant dimensionnement 498658
M‚moire restante aprŠs dim. fichiers secondaires 495150
M‚moire restante aprŠs dim. fichier principal 491870
AFC : Analyse des correspondances
*********************************
Le phi-deux est de : 0.064092
Pr‚cision minimum (5 chiffres significatifs)
Le nombre de facteurs … extraire est de 4
Facteur 1
Valeur propre = 0.018888
Pourcentage du total = 29.5
Facteur 2
Valeur propre = 0.014639
Pourcentage du total = 22.8
Facteur 3
Valeur propre = 0.011266
Pourcentage du total = 17.6
Facteur 4
Valeur propre = 0.007796
Pourcentage du total = 12.2
Coordonn‚es factorielles (F= ) et contributions pour le facteur (CPF)
Lignes du tableau
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
ACT. F=1 CPF F=2 CPF F=3 CPF F=4 CPF
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
amo1 -409 37 -3 0 21 0 65 2 amor2
amo3 -385 58 -29 0 10 0 -56 3 amor4
cami 82 5 -109 11 -65 5 -85 13 camis1
cam1 97 12 83 12 -84 15 20 1 camis2
cam2 46 2 36 2 15 0 24 2 camis3
78
cam3 55 4 19 1 -54 6 -59 11 camis4
con1 -76 3 139 11 18 0 -22 0 confi4
con5 84 2 -73 2 91 3 33 1 conhe2
con6 -270 22 -353 49 197 20 28 1 conhe3
con7 -71 5 -7 0 56 5 68 11 conhe4
cuid 194 38 26 1 -154 39 -52 7 cuid1
cui1 142 29 83 13 -57 8 25 2 cuid2
cui3 65 6 58 6 21 1 -98 34 cuida3
cui4 49 6 39 5 -29 3 80 35 cuida4
des4 -123 3 260 19 204 15 392 82 desca2
des5 156 5 134 5 -17 0 20 0 descn2
des7 -423 50 -36 0 -84 3 30 1 desco2
des8 -281 29 126 7 82 4 -104 9 desco3
des9 -18 0 -36 1 -43 1 -87 7 desco4
es10 -10 0 -193 15 277 39 -52 2 descu1
es11 -261 38 -181 23 76 5 116 18 descu2
es12 -51 2 65 4 42 2 -4 0 descu3
es15 3 0 -40 1 -58 2 -141 20 dese4
es17 -288 44 95 6 -154 21 -77 8 desep1
dia5 -105 4 105 5 -229 34 -110 11 dialo4
doen 38 5 -15 1 37 7 -57 26 doen1
doe1 141 14 75 5 171 35 -20 1 doen2
doe2 12 0 -53 2 45 2 244 76 doen3
exa1 -81 6 188 42 -76 9 39 3 exam4
exa2 202 16 293 43 -17 0 19 0 exame2
exa3 216 28 77 5 -15 0 82 10 exame3
fdeu -265 21 304 36 -337 58 -34 1 fdeus4
fie2 -106 3 -7 0 236 26 -113 9 fiel4
hig2 520 60 166 8 119 5 8 0 higie3
incu 192 25 -1 0 39 2 52 4 incur1
invu -4 0 110 5 228 29 233 44 invul4
ire1 -56 1 183 12 302 42 29 1 iresp3
medo 47 1 -106 8 109 12 88 11 medo1
med1 155 11 -164 16 -36 1 112 14 medo2
med2 -162 9 -209 20 -57 2 63 3 medo3
med3 36 1 -364 166 -95 15 -88 18 medo4
mor1 7 0 65 11 77 20 -100 48 morte1
mor3 -194 14 64 2 29 1 -5 0 morte3
mor4 243 26 9 0 -4 0 24 1 morte4
mul1 25 0 -41 1 131 8 122 10 mulhe2
npen 146 5 -96 3 529 104 -214 25 npens4
parc 206 14 -43 1 -188 20 -50 2 parci1
par1 22 0 -251 36 -39 1 152 25 parci2
par4 85 4 64 3 -62 3 111 15 paru3
par5 30 1 137 20 50 4 14 0 parun4
peri 141 13 -170 24 -239 61 43 3 peri1
prec 24 0 -183 19 52 2 94 9 preco1
pre1 98 2 -81 2 246 25 -27 0 preco2
pre2 52 1 -96 4 156 12 154 17 preco3
pre4 -156 7 -246 24 83 3 171 22 preoc1
pre8 70 6 -115 22 -119 31 -15 1 preve1
pre9 -32 2 69 10 28 2 28 3 preve2
re10 -102 22 -42 5 -101 36 -19 2 preve3
re11 -72 11 -60 9 44 7 -92 42 preve4
pro3 -327 30 -159 9 21 0 -97 6 promi2
pro4 -62 1 175 13 -11 0 81 5 promi3
res6 -225 17 8 0 155 13 126 13 respo4
ruim 56 1 119 7 238 37 -21 0 ruim1
sau1 -75 1 142 6 -159 9 125 8 saude1
sau4 -210 16 234 26 -108 7 -45 2 saude4
sex2 -189 12 -84 3 -101 6 41 1 sexo1
sex3 109 5 -75 3 -22 0 217 47 sexo2
sex4 311 27 -77 2 174 14 -201 27 sexo3
79
sofr -129 15 -115 15 -12 0 74 12 sofri1
sof2 111 3 29 0 259 31 -167 19 sofri3
tra3 -367 34 231 17 16 0 -316 60 trai1
tra4 -16 0 -155 19 -45 2 -139 28 trai2
tra5 54 1 -132 6 63 2 79 4 trai3
tra6 49 1 -10 0 -289 35 56 2 trai4
tra7 -130 17 -69 6 -33 2 83 16 trans1
tra8 126 16 26 1 -55 5 -6 0 trans2
tra9 201 18 -86 4 -38 1 -32 1 trans3
ra11 -171 11 132 8 105 7 -87 7 trata1
tris -88 6 -11 0 55 4 12 0 trist1
tri1 89 3 197 19 17 0 5 0 trist3
tri2 -138 6 -33 0 1 0 -17 0 trist4
tri3 -349 27 497 70 -98 4 145 11 triste2
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
* * *1000* *1000* *1000* *1000*
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
Modalit‚s en colonne
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
ACT. F=1 CPF F=2 CPF F=3 CPF F=4 CPF
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
0151 -8 0 158 230 40 19 50 43
0152 9 1 -185 270 -47 23 -58 50
0161 192 242 43 15 -121 160 -39 25
0162 -188 236 -42 15 118 157 38 24
0171 23 4 36 13 27 9 87 141
0172 -108 50 -102 57 -161 184 -33 11
0173 208 58 119 25 357 285 -396 508
0181 56 19 -162 198 88 77 23 8
0182 -266 266 174 147 -114 83 -118 128
0183 186 125 81 31 -24 3 85 64
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
* * *1000* *1000* *1000* *1000*
*---*------*----*------*----*------*----*------*----*
Fin normale du programme
80
ANEXO C FREQUÊNCIA DAS VARIÁVEIS DE OPINIÃO QUE FORAM
EVOCADAS AO MENOS POR OITO SUJEITOS EM FUNÇÃO DAS
VARIÁVEIS
TRI-DEUX Version 2.2
Cr‚ation de tous les ‚carts et PEM - janvier 1995
Renseignements Ph.Cibois UFR Sciences sociales Paris V
12 rue Cujas - 75005 PARIS
Programme ECAPEM
Le nom du fichier de Burt est saje1.BRT
Le nom du fichier de modalit‚s est saje1.MOD
Les impressions se font sur saje1.PRO
Le fichier tri‚ des PEM est saje1.PEM
Il y a 10 modalit‚s en colonne
Il y a 82 modalit‚s en ligne
Impression du tableau de donn‚es
0151015201610162017101720173018101820183 TOT.
amo1 5 3 2 6 5 3 0 4 4 0 32
amo3 7 7 3 11 7 6 1 5 7 2 56
cami 9 18 16 11 17 7 3 12 8 7 108
cam1 26 21 29 18 30 13 4 17 14 16 188
cam2 22 19 22 19 28 9 4 18 12 11 164
cam3 22 23 27 18 28 12 5 19 15 11 180
con1 10 6 7 9 9 5 2 5 6 5 64
con5 5 3 4 4 4 3 1 5 1 2 32
con6 4 7 1 10 5 5 1 7 2 2 44
con7 20 15 13 22 20 12 3 15 9 11 140
cuid 20 16 26 10 17 15 4 15 8 13 144
cui1 32 20 34 18 32 15 5 23 13 16 208
cui3 32 21 30 23 26 18 9 24 15 14 212
cui4 47 35 45 37 55 22 5 36 22 24 328
des4 7 1 2 6 7 1 0 3 2 3 32
des5 5 3 5 3 5 2 1 3 2 3 32
des7 5 5 2 8 5 5 0 3 5 2 40
des8 6 7 3 10 8 3 2 2 7 4 52
des9 6 8 6 8 6 6 2 4 4 6 56
es10 5 6 4 7 7 2 2 8 2 1 44
es11 8 12 5 15 15 5 0 11 7 2 80
es12 17 9 12 14 14 9 3 12 8 6 104
es15 8 7 9 6 7 6 2 8 5 2 60
es17 12 7 8 11 8 10 1 6 10 3 76
dia5 7 7 8 6 7 6 1 3 7 4 56
doen 62 57 61 58 66 36 17 56 32 31 476
doe1 17 9 14 12 16 5 5 14 5 7 104
doe2 11 8 8 11 14 5 0 10 3 6 76
exa1 22 11 17 16 21 10 2 10 14 9 132
exa2 11 3 10 4 9 3 2 5 4 5 56
exa3 14 8 15 7 15 5 2 11 4 7 88
fdeu 8 3 6 5 5 6 0 1 7 3 44
fie2 7 3 4 6 5 3 2 7 3 0 40
hig2 5 3 6 2 5 1 2 3 0 5 32
incu 14 10 14 10 14 7 3 12 3 9 96
invu 9 3 4 8 9 2 1 6 2 4 48
81
ire1 7 3 3 7 7 1 2 4 3 3 40
medo 11 10 9 12 13 6 2 12 3 6 84
med1 8 9 9 8 9 7 1 9 1 7 68
med2 5 8 5 8 8 5 0 7 4 2 52
med3 10 25 18 17 13 19 3 22 5 8 140
mor1 41 31 35 37 39 20 13 30 23 19 288
mor3 7 6 5 8 9 3 1 5 6 2 52
mor4 10 6 11 5 9 5 2 9 2 5 64
mul1 7 3 4 6 5 4 1 6 1 3 40
npen 4 4 3 5 5 0 3 6 1 1 32
parc 5 7 9 3 7 4 1 5 3 4 48
par1 6 10 7 9 10 6 0 9 2 5 64
par4 11 7 10 8 11 6 1 7 4 7 72
par5 16 14 14 16 21 5 4 8 10 12 120
peri 8 15 16 7 14 9 0 11 5 7 92
prec 8 8 7 9 9 6 1 10 2 4 64
pre1 4 5 3 6 5 2 2 4 1 4 36
pre2 6 5 4 7 7 3 1 6 1 4 44
pre4 5 6 3 8 7 4 0 7 2 2 44
pre8 19 28 28 19 27 17 3 22 12 13 188
pre9 36 23 27 32 35 18 6 24 18 17 236
re10 37 39 37 39 42 30 4 32 28 16 304
re11 35 39 33 41 41 23 10 36 25 13 296
pro3 4 6 2 8 4 5 1 4 4 2 40
pro4 8 4 5 7 7 4 1 3 4 5 48
res6 8 4 2 10 6 5 1 5 3 4 48
ruim 10 4 6 8 8 3 3 7 3 4 56
sau1 5 3 4 4 5 3 0 2 3 3 32
sau4 9 4 6 7 7 5 1 3 7 3 52
sex2 5 7 5 7 8 4 0 5 5 2 48
sex3 8 7 8 7 11 4 0 8 2 5 60
sex4 4 6 6 4 5 2 3 5 1 4 40
sofr 19 13 13 19 16 15 1 19 8 5 128
sof2 5 5 4 6 5 2 3 4 2 4 40
tra3 6 3 3 6 3 4 2 2 6 1 36
tra4 9 13 11 11 9 10 3 11 6 5 88
tra5 5 5 4 6 5 4 1 5 1 4 40
tra6 6 3 6 3 3 6 0 4 2 3 36
tra7 15 21 13 23 24 11 1 13 12 11 144
tra8 17 20 22 15 24 9 4 13 10 14 148
tra9 6 10 10 6 10 4 2 7 3 6 64
ra11 8 5 5 8 8 3 2 5 6 2 52
tris 17 13 12 18 17 10 3 14 9 7 120
tri1 10 4 8 6 8 4 2 5 4 5 56
tri2 7 5 5 7 6 5 1 6 4 2 48
tri3 8 0 3 5 5 3 0 1 5 2 32
TOT. 1032 880 945 9671108 611 193 845 544 523 7648
82
ANEXO D – PARECER DO COMI DE ÉTICA E PESQUISA – CEP/
UESB
83
ANEXO E PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA CEP/
UFBA
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