na promessa de revisão da Constituição e de fortalecimento do Poder executivo e da
União, Castilhos foi deposto em 3 de novembro de 1891. Instalou-se um governo
provisório, que ficou conhecido como governicho, formado por republicanos
dissidentes
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, organizados no Partido Republicano Federal
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. O frágil governicho
viria a cair pouco tempo depois, por meio de uma reação castilhista, e em 1893 Júlio
de Castilhos retomou o poder:
À medida em que se revelava a decomposição do
governicho e sua incapacidade em assegurar a ordem legal no
Estado, o Marechal Floriano, com a reserva que lhe era
característica, adotava uma atitude de cautelosa expectativa, que
inevitavelmente favoreceria a oposicão castilhista. O presidente da
Republica não admitia que Silveira Martins restabelecesse sua
hegemonia política no Estado, seja porque o suspeitasse do
partidário da restauração monárquica, seja porque repelisse a
bandeira parlamentarista do tribuno liberal, seja porque temesse sua
tremenda forca carismática.
Quando Floriano se apercebe de que a dissidência é incapaz
de comandar o barco, envia um emissário ao Rio Grande, para, entre
outros objetivos, entender-se pessoalmente com Julio de Castilhos.
Foi, então, concertado o plano que levaria novamente o Partido
Republicano histórico ao poder
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.
A Constituição de 1891 previa, entre outros aspectos, maior autonomia
para os estados, para que pudessem elaborar a sua própria Constituição, eleger
seus respectivos governadores, realizar empréstimos no exterior, decretar impostos
tempo da Constituinte, por mais de uma vez ele instara com Deodoro por uma recomposição do
gabinete, de forma a assegurar ao Governo da União o concurso de republicanos autênticos,
afastados os adesistas da undécima hora que predominavam no Ministério de Lucena, a começar por
este mesmo. Note-se que os republicanos rio-grandenses não constavam com uma única Pasta no
gabinete. (...) No correr do ano de 91, ante o aguçamento da crise cambial e financeira, e da oposição
no Parlamento, Castilhos previra a possibilidade de um desfecho funesto para a administração de
Deodoro. Cuidara, então, de estruturar o Estado e de garantir-lhe a segurança interna, visando torná-
lo imune aos terremotos que afetassem o Governo do centro. ( FRANCO, Sérgio da Costa. Júlio de
Castilhos e sua época. Porto Alegre: ed. Da Universidade / UFRGS, 1998, p.107-108) Boris Fausto
salienta que o êxito dos planos de Deodoro dependia da unidade das Forças Armadas. Isso, como
sabemos, não ocorria. Ante a reação dos florianistas, da oposição civil e de setores da Marinha,
Deodoro acabou renunciando, a 23 de novembro de 1891. Subiu ao poder o vice-presidente Floriano
Peixoto (FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1997, p.254).
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Formou-se uma espécie de triunvirato, formado pelo General Manoel Luís Rocha Osório,
João de Barros Cassal e Joaquim Francisco de Assis Brasil, depois substituídos pelo General Barreto
Leite, que revogou a constituição e convocou novas eleições.
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FRANCO, Sérgio da Costa. Júlio de Castilhos e sua época. Op. Cit., p.114.
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RANCO, Sérgio da Costa. Júlio de Castilhos e sua época. Op. Cit, p.129. Júlio de Castilhos
deu início a uma campanha para retornar ao poder, encontrando, para isso, grande espaço no jornal
A Federação, órgão do Partido Republicano Rio-Grandense. Segundo Moacyr Flores, Floriano
resolveu apoiar Castilhos porque o Partido Republicano era monolítico e disciplinado, o que não
acontecia com os liberais, que se dividiram na luta pelo poder e não tinham a orientação segura
(FLORES, Moacyr. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1996, p.154) .