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16
SONAIRA SOUZA DA SILVA
RIO BRANCO
2010
RENTABILIDADE E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DA PRODUÇÃO
AGROECOLÓGICA DE MILHO, ABACAXI E FEIJÃO EM ÁREA DE
PASTAGEM DE BRACHIARIA E POUSIO COM PUERARIA
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SONAIRA SOUZA DA SILVA
RENTABILIDADE E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DA PRODUÇÃO
AGROECOLÓGICA DE MILHO, ABACAXI E FEIJÃO EM ÁREA DE
PASTAGEM DE BRACHIARIA E POUSIO COM PUERARIA
RIO BRANCO
2010
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Agronomia, Área de Concentração
em Produção Vegetal, da Universidade Federal
do Acre, como parte das exigências para a
obtenção do título de Mestre em Agronomia.
Orientador: Prof. Dr. Sebasto Elviro de Araújo Neto
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16
© SILVA, S. S. da 2010.
Ficha Catalográfica preparada pela Biblioteca Central da
Universidade Federal do Acre
S182c
SILVA, Sonaira Souza da. Rentabilidade e eficiência
energética da produção agroecológica de milho, abacaxi e
feijão em área de pastagem de Braquiaria e pousio com
pueraria. 2010. 131f. Dissertação (Mestrado em Produção
Vegetal) Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação.
Universidade Federal do Acre, Rio Branco-Acre, 2010.
Orientador: Prof. Dr. Sebastião Elviro de Araújo Neto
1. Agricultura Sustentável, 2. Eficiência energética, 3.
Análise econômica, 4. Tração animal, 5. Agroecologia, I
Título
CDU 631.57
(811.2)
16
Aos meus pais, Ione Silva e Valdemiro Silva,
em especial, pelos ensinamentos,
incentivos, amor, educação e confiança.
À minha irmã Silmara Silva e ao meu
filho Yago Souza pelo amor, apoio e
paciência para que eu pudesse
vencer mais este desafio e
conquistar mais uma vitória.
Dedico
AGRADECIMENTOS
Primeiramente tenho a agradecer ao bom Deus por me permitir atingir mais
esse objetivo de vida.
Ao meu orientador Prof. Dr. Sebastião Elviro de Araújo Neto pela competente
e paciente orientação e apoio científico, técnico, vivência de campo, compreensão
nos momentos adversos e pela confiança, deixo meu respeito e admiração.
À Universidade Federal do Acre, especialmente ao Curso de Pós-graduação
em Agronomia pelo qual foi possível o aprimoramento de minha formação científica.
À CAPES por financiar o Programa de Pós-graduação - Mestrado em
Produção Vegetal, ao Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia por me apoiar
financeiramente, também pelo apoio técnico e na qualificação profissional e ao
Governo do Estado do Acre pelo financiamento do trabalho de campo por intermédio
da Fundação de Tecnologia e Amparo a Pesquisa do Acre (FUNTAC).
Aos produtores rurais Valdir Silva e Delsimar Feitosa e suas famílias que
cederam parte de suas áreas para a realização dos experimentos, assim como pelo
acolhimento e confiança no trabalho.
Ao professor DSc. Henrique Jorge de Freitas pelo apoio e participação na
fase inicial deste trabalho com o manejo das aves, pela indicação da espécie a ser
utilizada, vacinação e formação da estrutura dos aviários. Ao professor MSc. Antonio
Willian Flores pela ajuda na descrição e coleta de solos, revisão do documento
escrito.
Ao Rafael Clemêncio, estagiário PIBIC, que auxiliou na avaliação da
produtividade da cultura do milho nas duas áreas experimentais. Ao Leonardo
Tavella pelas análises laboratoriais para a parte química e ao laboratorista Luis
Costa Paiva na realização das análises laboratoriais para a parte física das amostras
de solo deste trabalho.
A Prof. Ana Maria Alves de Oliveira pela correção gramatical desta
dissertação.
Aos demais membros da banca examinadora, Prof. Dr. Henrique Jorge de
Freitas, Prof. Dr. Francisco Carlos da Silveira Cavalcante, Prof. Dr. Elder Ferreira
Morato e Dr. Edson Alves de Araújo pelas contribuições, que melhoraram
sobremaneira a qualidade deste trabalho.
A todos o meu muito obrigada!
“embora todo desenvolvimento seja modernizado
nem toda modernização é desenvolvimento
Paulo Freire
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi analisar a rentabilidade econômica, energética e
agronômica do cultivo consorciado de abacaxi e milho em áreas de pastagem com
braquiária e área de pousio com puerária, utilizando diferentes todos de preparo
do solo. Foi realizado o estudo de pesquisa-ação participativa analisando o cultivo
de feijão em área de pastagem. O estudo foi instalado com agricultores do GAEH
(Grupo de Agricultores Ecológicos do Humaitá) no Projeto de Assentamento Dirigido
Humaitá, município de Porto Acre, Acre, Brasil. Os tratamentos avaliados foram: no
Experimento 1 área de pastagem: capina manual total, roçadeira costal,
aração/gradagem convencional, aração com tração animal e pastejo intensivo com
bovinos; no Experimento 2 área com puerária: capina manual na linha de cultivo,
capina manual total, roçadeira costal, aração/gradagem convencional, pastejo
intensivo com frango e pastejo intensivo com bovinos. No Experimento 3 foi
analisada a interação entre a pesquisa científica e o agricultor através da pesquisa-
ação na conversão de área de pastagem para plantio de feijão. No Experimento 1 e
2 foram feitas análises agronômica, econômica e energética, com delineamento
estatístico em blocos casualizados com 4 repetições. Para a cultura do abacaxi foi
realizada uma estimativa de produtividade de 8.000 frutos/ha, por ainda não ter
produzido a primeira safra. A produtividade do milho não diferiu estatisticamente
entre os tratamentos, em ambos os experimentos. A melhor eficiência energética foi
nos tratamentos de pastejo intensivo com bovinos no Experimento 1 e capina
manual na linha no Experimento 2. Com a análise econômica, concluiu-se que todos
os tratamentos, em ambos os experimentos, obtiveram lucro. No Experimento 3 a
produtividade do feijão foi de 621 kg ha
-1
. Conclui-se que é viável agronômica,
econômica e energeticamente a conversão de áreas alteradas em agricultura
ecológica com baixo uso de insumos externos.
Palavras-chave: Agricultura ecológica. Balanço energético. Análise econômica
ABSTRACT
The objective of this study was to analyze the economic, energy and agronomic
viability of corn and pineapple intercrops harvested in pasture land use areas
brachiaria and Pueraria phaseoloides with bare area with different soil preparation
methods. The participative research-action study of bean production in pastures land
was elaborated as well. The experiment took place in Humaitá, an official settlement
located in Porto Acre, Acre state, called Ecological Farmers Group of Humaitá. The
treatments evaluated were: Experiment 1 - pasture land use area: manual control,
coastal mower, conventional ploughing/leveling, animal traction ploughing and
intensive grazing; and Experiment 2: Pueraria land use area: manual control in the
cultive row, manual control in total area, coastal mower, conventional
ploughing/leveling, intensive chicken grazing and intensive cattle grazing. In the
experiment 3, it was analyzed the interaction between scientific research and the
farmers, through the research-action of pasture to bean land conversion. In either
experiment 1 and 2, agronomic, energy and economic analyses were accomplished,
including the split-plot in a randomized complete block design with four replicates. In
the case of pineapple, the estimated yield of 8.000 fruits per hectare was used under
the uncertainty of the first harvesting. The corn yields were the same in both
experiments. The two best energy efficiency were observed in intensive cattle
grazing and manual row control, in the experiment 1 and 2 respectively. The
profitability was guaranteed in all treatments. The bean yield was 621 kg/hectare.
Hence, the changed area to ecological agriculture conversion was agronomic, energy
and economic viable. Furthermore it was low output dependent.
Keywords: Ecological agriculture. Energy balance. Economic analyse.
LISTA DE QUADROS
QUADRO
1 –
Quantidade e tipos de projetos de assentamento no Estado do
Acre............................................................................................
19
QUADRO
2 –
Contribuição das categorias fundiárias para o desmatamento
total acumulado no município de Rio Branco-AC até 2007........
20
QUADRO
3 –
Alguns dos benefícios da utilização de cobertura verde em
sistemas agrícolas......................................................................
25
LISTA DE FIGURAS
FIGURA
1 – Projeção das mudanças de uso da terra no Brasil.....................
21
FIGURA
2 – Produtividade média da cultura do abacaxi no Brasil.................
27
FIGURA
3 – Produtividade média da cultura do milho no Brasil.................... 292
9
FIGURA
4 – Fontes energéticas que podem ser estimadas na agricultura....
31
FIGURA
5 – Comparação da eficiência energética em diferentes sistemas
produtivos agrícolas...................................................................
32
FIGURA
6 – Localização do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá, no
município de Porto Acre-AC.......................................................
40
FIGURA
7 – Área com pastagem de braquiária (Experimento 1).
Distribuição do calcário a lanço (A); visualização da área de
pastagem antes da implementação do experimento (B);
preparo do solo com tração animal (C); roçadeira (D); capina
total da parcela (E); e aração/gradagem com trator agrícola
(F)...............................................................................................
43
FIGURA
8 – Área em pousio com braquiária (Experimento 2). Visualização
da área antes da implementação do experimento (A);
vacinação dos pintos (B); capina na linha de plantio (C);
pastejo intensivo com frangos (D); plantio do abacaxi na
parcela de pastejo intensivo bovino (E); e plantio de milho e
abacaxi na parcela de capina ....................................................
44
FIGURA
9 – Perfil do solo no Experimento 1. Perfil do solo (A); separação
dos horizontes do perfil do solo (B); e presença de pequenas
concreções de manganês nos horizontes BC e C (C)...............
50
FIGURA
10 –
Perfil do solo no Experimento 2. Rachaduras no solo no local
de cultivo (A); rachaduras de até 30 cm de profundidade no
perfil do solo (B); e perfil do solo (C)..........................................
50
FIGURA
11 –
Disponibilidade de sforo remanescente ao longo do perfil do
solo.............................................................................................
51
FIGURA
12 –
Localização do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá, no
município de Porto Acre-AC.......................................................
63
FIGURA
13 –
Proporção entre os custos fixos e variáveis entre os
tratamentos do Experimento 1...................................................
70
FIGURA
14 –
Proporção entre os custos fixos e variáveis entre os
tratamentos do Experimento 2...................................................
70
FIGURA
15 –
Localização do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá, no
município de Porto Acre-AC. .....................................................
82
FIGURA
16 –
Fluxograma de entradas e saídas de energia do sistema..........
83
FIGURA
17 –
Distribuição percentual das entradas energéticas no
Experimento 1............................................................................
87
FIGURA
18 –
Distribuição percentual das entradas energéticas no
Experimento 2............................................................................
88
FIGURA
19 –
Representação em quatro fases do ciclo básico da
investigação-ação. .....................................................................
99
FIGURA
20 –
Localização do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá no
município de Porto Acre-AC.......................................................
101
FIGURA
21 –
Aplicação do calcário a lanço na área do produtor Valdir Silva 102
FIGURA
22 –
Preparo do solo com aração convencional................................ 102
FIGURA
23 –
Plantio de feijão em área anteriormente com pastagem de
braquiária....................................................................................
103
FIGURA
24 –
Transição entre a pastagem com braquiária e plantio de feijão
após pousio de seis meses com puerária..................................
103
FIGURA
25 –
Área da pesquisa-ação. Área com cultivo de frutíferas após a
colheita do feijão (A); nova área de converção de pastagem
em agricultura agroecológica (B). ..............................................
106
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Produtividade da cultura do milho em sistema agroecológico
consorciado em substituição à área de pastagem (Experimento
1) ....................................................................................................
46
TABELA 2 – Produtividade da cultura do milho em sistema agroecológico
consorciado em substituição à área com puerária (Experimento
2) ....................................................................................................
46
TABELA 3 – Análise química do solo na profundidade de 0 a 10 cm na área
experimental 1 ...............................................................................
47
TABELA 4 – Análise química do solo na profundidade de 0 a 10 cm na área
experimental 2 ...............................................................................
47
TABELA 5 – Análise química do solo na profundidade de 10 a 20 cm na área
experimental 1................................................................................
48
TABELA 6 – Análise química do solo na profundidade de 10 a 20 cm na área
experimental 2 ...............................................................................
48
TABELA 7 – Análise química do solo na profundidade de 20 a 40 cm na área
experimental 1 ...............................................................................
49
TABELA 8 – Análise química do solo na profundidade de 20 a 40 cm na área
experimental 2 ...............................................................................
49
TABELA 9 – Rentabilidade econômica da produção orgânica do milho em
sistema consorciado com abacaxi em substituição de pastagem
(Braquiaria brizanta) com 20 anos ................................................
67
TABELA 10 – Rentabilidade econômica da produção orgânica do milho em
sistema consorciado com abacaxi em substituição de pueraria
(Pueraria phaseoloides) com 4 anos .............................................
68
TABELA 11 – Relação de custos financeiros para a produção orgânica do
milho em sistema consorciado com abacaxi em substituição de
pastagem (Braquiaria brizanta) com 20 anos ...............................
71
TABELA 12 – Rentabilidade econômica da produção orgânica do milho em
sistema consorciado com abacaxi em substituição de puerária
(Pueraria phaseoloides) com 4 anos .............................................
71
TABELA 13 – Análise energética em hectare de pastagem de braquiária
convertida com diferentes formas de preparo do solo para
produção do milho consorciado com abacaxi em sistema
orgânico .........................................................................................
85
TABELA 14 – Análise energética em hectare de pousio com puerária
convertida com diferentes formas de preparo do solo para
produção do milho consorciado com abacaxi em sistema
orgânico .........................................................................................
85
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A –
Descrição do perfil do solo no Experimento 1 ................ 121
APÊNDICE B –
Descrição morfológica do perfil do solo no Experimento
2 ......................................................................................
124
APÊNDICE C –
Preços adotados para os cálculos econômicos de
viabilidade financeira da produção consorciada de
milho e abacaxi em área de pousio com puerária ..........
127
APÊNDICE D –
Preços adotados para os cálculos econômicos de
viabilidade financeira da produção consorciada de
milho e abacaxi em área de pastagem com braquiária ..
128
APÊNDICE E –
Coeficientes energéticos adotados para cálculos de
balanço e eficiência energéticos do sistema produtivo
consorciado de milho e abacaxi em área de pastagem
com braquiária ................................................................
129
APÊNDICE F –
Coeficientes energéticos adotados para cálculos de
balanço e eficiência energéticos do sistema produtivo
consorciado de milho e abacaxi em área de pousio de
puerária ...........................................................................
130
APÊNDICE G –
Quadro da análise de variância da eficiência energética
do Experimento 1 ............................................................
131
APÊNDICE H –
Quadro da análise de variância da eficiência energética
do Experimento 2 ............................................................
131
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 18
2.1 AGRICULTURA FAMILIAR NO ESTADO DO ACRE ......................................... 18
2.2 BENEFÍCIOS DE CULTIVOS CONSORCIADOS E COBERTURA VIVA ........... 24
2.3 CULTURA DO ABACAXI .................................................................................... 27
2.4 CULTURA DO MILHO ........................................................................................ 28
2.5 BALANÇO ENERGÉTICO EM SISTEMAS AGROPECUÁRIOS ........................ 30
2.6 GRUPO DE AGRICULTORES ECOLÓGICOS DO HUMAITÁ (GAEH) ............. 33
3 CAPITULO I .......................................................................................................... 35
RESUMO .................................................................................................................. 36
ABSTRACT .............................................................................................................. 37
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 38
2 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 40
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 46
4 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 56
4 CAPITULO II ......................................................................................................... 58
RESUMO .................................................................................................................. 59
ABSTRACT .............................................................................................................. 60
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 61
2 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 63
2.1 CUSTO FIXO ..................................................................................................... 65
2.2 CUSTO VARIÁVEL ............................................................................................ 65
2.3 MENSURAÇÃO DA LUCRATIVIDADE .............................................................. 65
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 67
4 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 74
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 75
5 CAPITULO III ........................................................................................................ 77
RESUMO .................................................................................................................. 78
ABSTRACT .............................................................................................................. 79
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 80
2 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 82
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 85
4 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 90
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 91
6 CAPÍTULO IV ........................................................................................................ 95
RESUMO .................................................................................................................. 96
ABSTRACT .............................................................................................................. 97
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 98
2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 101
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 105
4 CONCLUSÕES ................................................................................................... 108
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 109
CONCLUSÕES ...................................................................................................... 111
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 112
15
1 INTRODUÇÃO
A Amazônia brasileira participa com aproximadamente um terço das florestas
tropicais do planeta, uma área que compreende 4,1 milhões de quilômetros
quadrados, com grande riqueza cultural e ecológica. No decorrer da maior parte do
século XX, o processo de ocupação da região modificou-se, saindo do uso da terra
por populações tradicionais para o processo de colonização e reforma agrária.
O estado do Acre, assim como a região Amazônica, constitui-se de um
mosaico de culturas (indígenas, ribeirinhos, seringueiros, nordestinos, sulistas,
dentre outras) que ocasiona diferentes formas de uso da terra, provocando
mudanças de grande impacto na paisagem regional. A miscigenação cultural
interfere e reflete o tipo de atividade agrícola desenvolvida na região.
A produção de alimentos vem sendo praticada, possivelmente, há 10 mil
anos. Neste período de tempo, diversas transformações ocorreram, existindo
atualmente o modelo tradicional de derruba e queima (utilização de mão-de-obra
familiar, fogo para limpeza de área, tração animal e diversificação de cultivos) e o
modelo do agronegócio (monocultivo, uso de mecanização e agroquímicos, uso
intensivo da terra, entre outros).
O primeiro modelo de desenvolvimento econômico do Acre foi originado da
época da borracha, desenvolvendo atividade extrativista vegetal de produtos
florestais, com pequenos cultivos para autoconsumo. Com a Revolução Verde, o
Governo brasileiro criou o Programa Nacional de Reforma Agrária para a Amazônia
e o Plano de Integração Nacional da Amazônia, criando projetos de colonização,
com o intuito da expansão da fronteira agrícola e solução do problema da
distribuição e posse da terra de outras regiões do país (ACRE, 2009).
Atualmente, a agricultura do Estado é desenvolvida dentro dos projetos de
assentamento rurais, que ocupam cerca de 10% do território, totalizando 107
projetos. As demais áreas de agricultura estão dentro de Reservas Extrativistas e
em propriedades particulares (ACRE, 2006).
As maiores extensões agrícolas do Estado são de predomínio de pastagens
para criação de ruminantes, ocupando 60% da área desmatada do Acre até 2004 e
lavouras anuais e fruticultura em pequena escala que representam 15%, também até
2004 (ACRE, 2006). Em decorrência da falta de aptidão edáfica, aptidão profissional
16
dos agricultores e problemas estruturais da agricultura (econômicos e políticos), os
pequenos agricultores, muitas vezes, não conseguem extrair da propriedade a
máxima produtividade da terra e rentabilidade econômica em nível satisfatório, para
que se possa alcançar melhoria na qualidade de vida.
A forma usual de preparo da terra é feita através do ciclo de corte raso da
vegetação, queima dos restos vegetais para limpeza e aumento da fertilidade
temporária do solo, seguida pelo cultivo agrícola consecutivo por 2 ou 3 anos,
migrando para outra área de floresta (RODRIGUES; MIRANDA; KATO, 2007). Este
procedimento agrícola tem ocasionado impactos negativos na paisagem regional,
contribuindo significativamente para o aumento do desmatamento e perda de
fertilidade do sistema
1
, além de problemas técnicos e, atualmente, enfrenta
problemas políticos e legais, como a política governamental de “fogo zero”, que
obriga os agricultores a criarem alternativas mais sustentáveis para o uso da terra.
Um dos maiores desafios para a agropecuária brasileira neste início de século
é encontrar meios para tornar a pequena propriedade ecológica e economicamente
sustentável. A existência de poucas tecnologias apropriadas a sua realidade e/ou a
falta de acesso a essas tecnologias têm levado ao uso de práticas ecológicas
tecnicamente incorretas, tendo como conseqüência o empobrecimento dos solos
agrícolas, redução da produtividade e descapitalização dos produtores. O resultado
tem sido o êxodo rural e suas conseqüências danosas à sociedade (ALMEIDA et al.,
2002).
Desta forma, a implementação de atividades que utilizam técnicas e métodos
sustentáveis como agroecológica ou agricultura orgânica, tem sido cada vez mais
exigida pelos administradores públicos e pela sociedade civil. O desenvolvimento de
agricultura com princípios agroecológicos não apenas produz alimentos mais
saudáveis, como também reduz as taxas de desmatamento e propõe técnicas para a
utilização de áreas já desmatadas e/ou subutilizadas.
Neste contexto, diversos trabalhos vêm buscando desenvolver tecnologias
e/ou adaptações para a produção agrícola que conserve o meio ambiente,
aumentem a produção agrícola e produzam alimentos de qualidade. Este trabalho
objetivou analisar o cultivo consorciado de abacaxi e milho em conversão de áreas
1
O termo fertilidade do sistema é mais amplo que a fertilidade do solo, e engloba os condicionadores
climáticos, o ativo de biomassa e de nutrientes minerais (KATHOUNIAN, 2001).
17
de pastagem com braquiária e de pousio com puerária, utilizando diferentes
métodos de preparos do solo, discutidos em quatro capítulos.
Capítulo I – Produtividade de milho em sistema agroecológico consorciado em
diferentes tipos de preparo do solo, que trata da avaliação da produtividade das
culturas do milho e do abacaxi nos diferentes métodos de preparo do solo em áreas
anteriormente utilizadas como pastagem e sob cobertura viva de puerária.
Capítulo II Rentabilidade econômica da produção orgânica de milho em
sistema consorciado com abacaxi, com discussão sobre a rentabilidade da atividade
agrícola do produtor familiar, fazendo-se uma reflexão sobre a questão de
lucratividade em pequenas propriedades.
Capítulo III Eficiência e balanço energéticos do consórcio de milho e
abacaxi em sistema de cultivo agroecológico, com discussão sobre a avaliação da
sustentabilidade energética de sistemas agrícola e sua importância na escolha e
definição de sistemas produtivos mais sustentáveis do ponto de vista energético.
Capítulo V Pesquisa-ação na conversão de áreas de pastagem de
braquiária para produção de feijão em sistema de cultivo agroecológico, retrata um
dos processos de transferência e aceitação de tecnologia científica ao produtor rural,
com discussão sobre a importância do agricultor no processo de pesquisa e de
extensão rural.
2 REVISÃO DE LITERATURA
A agricultura ecológica abrange a sustentabilidade em suas dimensões
ambientais, sociais e econômicas. Esta filosofia implica na busca por menor custo de
produção, maior geração de emprego e diminuição da dependência por insumos
externos à propriedade, evitando os custos da degradação ambiental e a
contaminação humana por uso de agrotóxicos e alimentos contaminados, excluídos
do cálculo econômico na atividade produtiva (CAVALCANTI, 2004).
A agricultura ecológica tende a ser uma alternativa para fortalecer a
agricultura familiar, que representa em torno de 10% do PIB Brasileiro
(GUANZIROLI; CARDIM, 2000). Processos baseados na agricultura ecológica, como
os consórcios, têm sido apontados como alternativa para a produção por possibilitar
várias colheitas ao logo do ano em pequenas extensões de terras, aumentando a
biodiversidade local, o aporte de nutrientes no solo e o ganho econômico na
propriedade.
Esta revisão abordará alguns aspectos agrícolas, relacionados com os fatores
analisados neste trabalho, que são os aspectos econômicos, sociais e ambientais da
agricultura de base ecológica.
2.1 AGRICULTURA FAMILIAR NO ESTADO DO ACRE
Na Amazônia brasileira o processo de desenvolvimento da agricultura se deu
com o objetivo inicial de subsistência (autoconsumo)
2
. Os cultivos eram realizados
de forma diversificada para complementar a dieta alimentar de proteína animal,
baseada na caça e pesca. Esta agricultura tradicional era e ainda é desenvolvida
pelas comunidades indígenas, caboclas e ribeirinhas.
2
Nesta dissertação o termo subsistência também será considerado ser sinônimo de autoconsumo,
ambos caracterizando a produção agrícola da terra para a manutenção da família.
19
No final do século XIX, o Acre se tornou uma potencia na economia da
Amazônia com a grande riqueza de seringueira, da qual se extrai o látex para
produção de borracha. Esta economia atraiu pessoas das diversas partes do país,
como sulistas, paulistas, nordestinos e outros, sendo desenvolvida por eles somente
a agricultura de subsistência, quando assim os patrões dos seringais permitiam.
No final da década de 60, com o fim da economia voltada para a borracha e
com o início do processo de colonização da Amazônia como estratégia de soberania
nacional pelo Governo Federal, o Acre, assim como toda a Amazônia, incorporou um
novo modelo de uso da terra. Neste momento, a agricultura familiar ganha mais
espaço, sendo criados inúmeros projetos de assentamento agrícola. Entretanto, as
pessoas, não da região, mas de todo o país, que foram alocadas nestes projetos
geraram visíveis modificações na forma de uso da terra.
Com o novo modelo de desenvolvimento agrícola, a ocupação da terra
passou a se concentrar, não mais ao longo de rios, mas ao longo das rodovias de
integração (SILVA, et al., 2008). Atualmente, a maior parte da agricultura do estado
do Acre é desenvolvida dentro dos projetos de assentamento rurais, que ocupam
9,8% do território, com tamanho de lotes inferiores a 100 ha, totalizando 107 projetos
(QUADRO 1).
QUADRO 1 - Quantidade e tipos de projetos de assentamento no Estado do Acre.
Projeto do INCRA SIGLA Número
Projetos de Assentamento PA 65
Projetos de Assentamento Dirigido PAD 5
Projetos de Assentamento Rápido PAR 2
Projetos de Assentamento Agro-extrativista PAE 11
Projetos de Desenvolvimento Sustentável PDS 6
Projetos de Assentamento Florestal PAF 3
Projetos Estaduais de Pólo Agroflorestal PE 12
Projeto Casulo PC 3
Fonte: ACRE, 2010.
A partir de então, iniciou-se o incentivo e intensificação da produção
agropecuária com utilização de motomecanização, irrigação, insumos agrícolas
como fertilizantes e agroquímicos diversos, variedades geneticamente melhoradas e
liberação de crédito rural (ACRE, 2006; ALTIERI, 2009; BUAINAIN; ROMEIRO;
20
GUANZIROLI, 2003). No estado do Acre, a implementação, principalmente, da
pecuária, a agricultora em escala comercial, além da valorização das terras, foi
fortemente influência da cultura dos paulistas e sulistas que vierem durante o auge
da borracha e com a colonização (ACRE, 2006).
O modelo tradicional agrícola gera acentuada pressão sobre as florestas pelo
processo de “derruba e queima”. Esta pressão tem contribuído consideravelmente
para o aumento gradativo do índice de desmatamento na região (SILVA et al., 2008).
Como exemplo para o estado do Acre, a cidade de Rio Branco possui projetos de
assentamento agrário que representam em torno de 20% do desmatamento até
2007 (QUADRO 2).
QUADRO 2 Contribuição das categorias fundiárias para o desmatamento total acumulado
no município de Rio Branco-AC até 2007.
Categoria Desmatamento (ha) Contribuição (%)
RESEX Chico Mendes 2.107 > 1
Áreas de Proteção Ambiental 22.925 10
Projetos de Assentamento 47.596 20
Demais categorias 165.109 69
Total 237.737 100,00
Fonte: SILVA et al., (2008)
Entre as diversas conseqüências do desmatamento está o empobrecimento
da fertilidade do solo, de diversidade genética e biológica, emissão para a atmosfera
de gases do efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global, entre outras.
Desta forma, um grande desafio para a implementação de políticas públicas que
alterem a forma de ocupação econômica vigente, favorecendo a diminuição do
desflorestamento e a utilização racional do meio ambiente, considerando os
aspectos sociais e culturais de cada região amazônica (MACIEL, 2007).
Na Amazônia, outro entrave para a produção agrícola familiar está nos
limitados fatores de produção. As áreas, além de pequenas, possuem baixa
fertilidade natural e, na maioria das vezes, com topografia desfavorável, uso da força
de trabalho humano e animal, baixo uso de capital e insumos externos a
propriedade. Desta forma, a produção familiar torna-se insustentável,
marginalizando o agricultor da sociedade e obrigando-o a sobreviver na terra, em
alguns casos, com pouca dignidade, enfrentando ainda grande vulnerabilidade a
21
fatores adversos de mercado, créditos, altos e baixos preços, mudanças de políticas
públicas, climáticas, entre outros, gerando grande risco a esta atividade (ALMEIDA,
et al., 2002; LUDEWIGS; BRONDIZIO, 2009).
De forma geral, o potencial agrícola da Amazônia é bastante limitado, sendo
provável que grande parte das terras aptas à agricultura estejam colonizadas.
Estudos estimam que somente em 7% da região um bom potencial agrícola
(SCHNEIDER, 2003), ou seja, 350.000 km² (PASQUIS et al, 2005).
Na produção familiar, os sistemas de produção utilizados atualmente são
reflexos da agropecuária de outras regiões do país, baseados na remoção da
cobertura florestal natural, sem qualquer planejamento do uso dos recursos naturais
(FEARNSIDE, 2005). O uso da terra pela agricultura itinerante é um dos
responsáveis pelo desmatamento (RODRIGUES; MIRANDA; KATO; 2007), sendo
ainda apontada por estudos de Feres et al. (2010) com um dos fatores que
contribuirá para expansão da pecuária (FIGURA 1).
FIGURA 1 – Projeção das mudanças de uso da terra no Brasil.
Fonte: FERES et al., 2010.
22
Este modelo é questionado pela não promoção da sustentabilidade do
sistema no âmbito ambiental, pelo aumento da pressão sobre a floresta, perda de
biodiversidade e da fertilidade natural do solo, aumento das taxas de emissão de
carbono, entre outros fatores (GAMA, 2003); do ponto de vista econômico pela falta
de competitividade com os grandes latifúndios e de mercado interno e externo; do
ponto de vista social pela falta de geração de empregos diretos e indiretos,
contribuindo para o fluxo migratório, êxodo rural e manutenção da pobreza; e do
ponto de vista tecnológico, pela falta de tecnologias adaptadas à realidade local para
aumento da produção e produtividade (ALTIERI, 2009).
Entretanto, para a realidade local, algumas vantagens do processo migratório
de derruba e queima podem ser apontadas como: com a queima da vegetação, o
barateamento do processo de limpeza da área e aumento inicial dos nutrientes e do
pH do solo, devido à adição de cinzas, sendo um adubo barato e prático, além de
reduzir pragas e doenças para o inicio do plantio (DENICH et al., 2004;
RODRIGUES; MIRANDA; KATO, 2007; SOARES; ESPINDOLA, 2008).
Como resultado da falta de sustentabilidade e competitividade da produção
familiar com os grandes monocultivos intensivos, a atividade predominante nas
pequenas propriedades é a pecuária, seja de corte ou leite (ACRE, 2006; SANTOS,
2008). A predominância desta atividade está ligada, principalmente, à maior liquidez
econômica, mesmo com a baixa competitividade com grandes latifundiários
(LUDEWIGS; BRONDIZIO, 2009).
No estado do Acre, assim como em diversas regiões da Amazônia, devido à
falta de sustentabilidade das propriedades rurais, estratégias têm sido buscadas
pelos pequenos agricultores para diversificar e maximizar os cultivos, para gerar
alimentos suficientes para o consumo próprio e a comercialização, assim aumentado
os recursos econômicos e reduzindo os riscos ao longo do ano (LUDEWIGS;
BRONDIZIO, 2009).
A agricultura de base ecológica e/ou orgânica propõe estratégias e cnicas
que visam a integração dos princípios agronômicos, ecológicos, socioeconômios e
culturais (ALTIERI, 2009). Esta nova tendência de fazer agricultura trata o sistema
com sustentabilidade, podendo ser considerada como uma estratégia para modificar
e adaptar o sistema agrícola vigente sob às condições econômicas, ambientais e
sociais.
23
Diversas interações e sinergias são estabelecidas no sistema agroecológico,
com o intuito de melhoria do sistema, como: manutenção da cobertura permanente
do solo; promoção da conservação do solo e dos recursos hídricos; integração da
adubação verde (LOSS et al., 2009); diversificação da produção e manutenção do
estoque nativo de plantas e animais; controle da erosão e fertilidade do solo;
interação entre flora e fauna através de inimigos naturais, herbicidas, inseticidas e
fungicidas naturais e uso múltiplo do território (ALTIERI, 2009).
Desta forma, o conhecimento agroecológico disponibiliza diversas técnicas e
metodologias que conciliam o aumento da produção e da produtividade com a
conservação dos recursos naturais, com a responsabilidade e diversidade social e
cultural da região.
Atualmente, mudanças globais são observadas e vivenciadas pela sociedade
em decorrência do aquecimento global e aumento do efeito estufa, prevendo-se um
aumento médio na temperatura global deC até o fi nal do século XXI (IPCC, 2007).
Os ecossistemas estão cada vez mais frágeis pela falta de manejo adequado dos
recursos naturais, provocando maior vulnerabilidade ambiental, econômica e social
com a intensificação de eventos hidro-meteorológicos extremos, mudanças no ciclo
das chuvas, mudanças no período da quantidade de dias secos, entre outros fatores
(MARENGO et al., 2010; PÉREZ et al., 2009; LIMA, 2002).
Estudos de Pinto, Assad e Pellegrino (2010) mostram a fragilidade da
agricultura convencional no Brasil, com redução da área plantada das culturas da
soja (35%), milho (17%) e café (28%) até 2070. Para a pecuária, a previsão é que
com o aumento na temperatura dia de C ocasionar á perda de até 25% da
capacidade de pastejo para bovinos de corte e um aumento no custo de produção
de 20% a 45%.
Desta forma, os princípios agroecológicos tornam-se de fundamental
importância e relevância no contexto mundial, sendo apontados como uma das
alternativas para adaptação às mudanças climáticas globais. Os princípios
agroecológicos de diversificação de cultivos, rotação de cultivos, sistemas
agroflorestais e agrosilvopastoris, proteção do solo, entre outros, o estratégias
usadas por alguns países da América Central como forma de adaptação às
mudanças climáticas no setor agrícola (PÉREZ et al., 2009; GAMBOA, G’OMEZ,
IBRAHIM, 2009).
24
2.2 BENEFÍCIOS DE CULTIVOS CONSORCIADOS E COBERTURA VIVA
O solo funciona como um sistema complexo que retém e transmite água, ar,
nutrientes e calor às sementes e plantas. O sistema solo tem sido manejado ao
longo de milhares de anos pelo homem para a produção agrícola, a fim de suprir
suas necessidades.
Desta forma, os sistemas de preparo do solo devem oferecer condições
favoráveis ao crescimento e desenvolvimento das culturas. No entanto, dependendo
do solo, das condições climáticas, da cultura e de seu manejo, eles podem promover
a degradação da qualidade física, química e biológica do solo (TORMENA et al.,
2002).
Nas regiões tropicais, sistemas de preparo com mínima perturbação do solo e
que propiciem a manutenção de resíduos na superfície são necessários para o
controle da erosão, redução da degradação do solo e do meio ambiente (LAL, 2000).
Entre as várias técnicas, a cobertura do solo como cobertura viva ou morta é uma
técnica que, entre outras vantagens, reduz a perda de água por evaporação e a
oscilação térmica, que além de contribuir para a manutenção da umidade e da
temperatura do solo, ainda fornece matéria orgânica, favorecendo a atividade
biológica e reduzindo as perdas por erosão (FERREIRA et al., 2007).
Práticas de manejo e conservação, como o emprego de cobertura do solo
com resíduos agrícolas, plantas de cobertura ou plantio direto, são relevantes para a
manutenção ou melhoria das características químicas, físicas e biológicas dos solos
(PERIN et al., 2004). Embora os estudos científicos tenham avançado nas ultimas
décadas testando e determinando arranjos específicos de manejo do solo, ainda
existe uma grande carência de conhecimentos sobre combinações de tipos de
preparo do solo para as diversas espécies agrícolas cultivadas em todo o território
brasileiro, nas mais diversas condições edafoclimáticas (ESPINDOLA et al., 2006).
A identificação de plantas de cobertura mais adequadas para determinada
região é importante para a garantia do sucesso dessa prática (ESPINDOLA et al.,
2006). Uma opção para plantas de cobertura é a adubação verde, que consiste no
emprego de espécies de diferentes famílias botânicas, nativas ou introduzidas, que
cobrem o terreno em períodos de tempo ou durante todo ano.
25
São inúmeros os benefícios produzidos pelo uso de cobertura verde, tanto na
melhoria da qualidade do solo quanto da produção, além dos econômicos (QUADRO
3). Contudo, a identificação e a adequação destas plantas nos sistemas de produção
ainda constituem um desafio.
QUADRO 3 – Alguns dos benefícios da utilização de cobertura verde em sistemas agrícolas.
Benefícios para o solo Benefícios econômicos
Diminuição da lixiviação de nutrientes do
solo na forma solúvel;
Diminuição dos custos com adubação
química;
Manutenção da temperatura, da umidade,
da atividade biológica e conservação da
matéria orgânica;
Diminuição dos custos com controle de
plantas daninhas;
Produção de matéria orgânica para
incorporação ao solo melhorando as
condições físicas e químicas;
Maior produtividade das culturas agrícolas.
Diminuição da erosão hídrica e aeólica;
Manutenção da fertilidade do solo;
Espécies pertencentes à família das
leguminosas aumentam o fornecido de
nitrogênio através de associações
simbióticas com bactérias fixadoras de N
2
.
Fonte: PERIN et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2004; GUERRA; TEIXEIRA, 1997; PERIN, 2001; DUDA
et al., 2003; ANDRADE NETO et al., 2008.
O uso da cobertura viva formada por amendoim forrageiro, cudzu tropical e
siratro ocasiona aumento da produtividade e da proporção de cachos de banana
colhidos, e reduz o tempo até a colheita quando comparada à vegetação
espontânea
3
(ESPINDOLA et al., 2006).
O uso de gramíneas ou leguminosas tem-se destacado como plantas de
cobertura tornando-se prática promissora, pois promove grande aporte de biomassa,
protege o solo de chuvas intensas, favorece a reciclagem de nutrientes e estimula os
efeitos benéficos trazidos pelos organismos edáficos.
No estado do Acre, estudos mostram que a substituição do sistema tradicional
de cultivo com a utilização de áreas que estão em pousio natural de derruba e
queima, pode ser aperfeiçoada e gerar maior produtividade quando se faz a
utilização de leguminosas, como por exemplo, a puerária. Esta prática diminui o
3
O termo plantas espontâneas é utilizado em agricultura ecológica para substituir o termo plantas
daninhas.
26
período de pousio para o replantio agrícola, incorpora diversos nutrientes ao solo
através da liberação de matéria orgânica, diminui a pressão sob áreas de floresta
para derruba e queima, dentre outras vantagens (GOMES; MORAES, 1998).
O consórcio com culturas comerciais e a cobertura viva do solo possuem
alguns efeitos alelopáticos, que devem ser observados com grande cuidado para
não influenciar negativamente na cultura principal. Esses efeitos podem interferir no
metabolismo das plantas de várias maneiras, como reguladores de crescimento
vegetal, inibidores de fotossíntese, desreguladores da respiração e do transporte na
membrana celular e inibidores da atividade enzimática e protéica (VANIN et al.,
2008).
Estes efeitos alelopáticos podem favorecer no controle de espécies
espontâneas e interferem no ciclo reprodutivo dessas espécies, o que reduz a mão-
de-obra empregada no controle da vegetação espontânea, como observado por
Wiles et al. (1989), Lanini et al. (1989) e Sarrantonio (1992).
Guerra e Teixeira (1997), Perin, Teixeira e Guerra (2000), Perin, Guerra e
Teixeira (2003) e Perin et al. (2004) observaram que o espaçamento de plantio de
leguminosas como cobertura viva do solo influencia na competição com plantas
espontâneas e no acúmulo de matéria seca e nutrientes no solo. Perin et al. (2004)
observaram que com leguminosas, como cudzu tropical e galáxia, o espaçamento
de 25 cm na densidade 10 plantas m
-1
conferiu rapidez na cobertura do solo, maior
produção de matéria seca e acúmulo de N, P e K.
O aporte de nutrientes, principalmente nitrogênio, ainda representa o principal
motivo da adoção de cobertura viva. Oliveira et al. (2004) verificaram que o cultivo
de inhame em consórcio com a crotalária, como cobertura viva do solo, promoveu
aumento no aporte de nitrogênio ao sistema e à ciclagem de nutrientes, promovendo
ainda, a proteção das plantas de inhame contra queimaduras solares que diminuem
significativamente a produção da cultura.
Desta forma, métodos de preparo do solo devem ser cuidadosamente
escolhidos para as especificidades do tipo de cultura a ser escolhida, a fim de se
obter alta produtividade, sustentabilidade ambiental, social e econômica da produção
agrícola.
27
2.3 CULTURA DO ABACAXI
O abacaxizeiro é uma planta tropical, originalmente produzida em terras
recém-desmatadas, sendo por isso considerada uma planta rústica, que requer
poucos tratos culturais para seu crescimento e produção. Esse conceito decorre do
fato dessa planta apresentar características morfológicas, anatômicas e fisiológicas
que lhe permitem sobreviver em condições ambientais adversas, apesar de preferir
as melhores condições edáficas e agrometeorológicas.
O abacaxi, Ananas comosus, é uma espécie frutífera de grande importância
econômica e social, cultivada em mais de 70 países de clima tropical e subtropical.
Segundo dados do IBGE (2006a), o Brasil, em 2003, possuía uma área plantada de
57.986 ha, obtendo produção de 1.440.013 toneladas e rendimento médio de 24.833
kg/ha (FIGURA 2). No Brasil, a cultura do abacaxi assume grande importância
econômica, sendo a terceira fruteira, em área colhida, com plantio difundido em todo
o território nacional.
FIGURA 2 – Produtividade média da cultura do abacaxi no Brasil.
Fonte: (IBGE, 2006a).
O Nordeste do Brasil destaca-se como a principal região produtora de
abacaxi, além de apresentar a maior área colhida, com uma produção de 1.353.431
toneladas de frutos em 26.105 hectares (AGRIANUAL, 2008).
28
No Acre, plantam-se cultivares locais, muitas sem espinho nas folhas,
principalmente em fileiras simples. Em consórcio, plantam-se fileiras triplas,
chamada pelos produtores como “pé-de-galinha”, com grande distanciamento entre
as fileiras triplas permitindo o cultivo de outras culturas. Alguns agricultores realizam
o plantio com “espeque”, antigo método de plantio usado na região, que evita o
revolvimento do solo, reduz mão-de-obra no plantio, permite o plantio em solo
saturado e fixa melhor a muda (ARAÚJO NETO, 2009).
O “espeque” é uma vara utilizada para plantio um pouco mais grosso que o
cabo de uma enxada, com ponta esférica. Com o “espeque”, abre-se uma pequena
cova de aproximadamente 15 cm de profundidade, coloca-se a muda e depois se
compacta a cova com a muda para fixá-la, evitando tombamento da planta quando
estiver com o fruto, bem como das plantas “soca e ressoca”
4
.
Os agricultores ecológicos do PA Humaitá no Acre utilizam várias safras do
abacaxi (ressoca), em sistemas agroecológicos, em consórcio com mandioca, milho,
feijão, mamão e outros arranjos. A grande vantagem é o aproveitamento da mão-de-
obra do plantio para as três colheitas, além disso, a ciclagem de nutrientes nestes
cultivos garante as duas safras seguintes, mesmo em solos com baixa fertilidade,
pois esses agricultores não utilizam adubação química ou orgânica, apenas a
adubação verde com leguminosas (feijão-de-porco e puerária) ou a cobertura viva
com resteva natural (ARAÚJO NETO, 2009).
2.4 CULTURA DO MILHO
No estado do Acre a cultura do milho é uma das culturas que ocupa destaque
entre as atividades agrícolas, a maior extensão de área plantada, devido a sua
diversificação de usos, principalmente na alimentação de pequenos animais
(COSTA et al., 1999; COSTA; MARINHO, 2000).
A produtividade do milho no estado do Acre em 1992 foi de 1.778 kg.ha
-1
(COSTA et al., 1999), em 1998, 2.000 kg.ha
-1
(GOMES; MORAES, 1998), em 2006,
4
Este termo é utilizado para plantio de abacaxi que de um único plantio tem-se o fruto da primeira
safra, a segunda safra chamada de soca e ainda a terceira safra, chamada ressoca. Comercialmente
apenas se colhe a primeira safra, fazendo a reforma do plantio.
29
1.170 kg.ha
-1
, em 2008, 1.918 kg.ha
-1
(IBGE, 2006b), estando inferior a média
nacional de 3.606 kg.ha
-1
em 2006 (IBGE, 2006a) (FIGURA 3). Os principais fatores
que definem a baixa produtividade da cultura são: a falta de sementes melhoradas,
de tecnologia adequada à realidade local e de insumos agrícolas (COSTA;
CAMPOS; MORAES, 1997).
FIGURA 3 – Produtividade média da cultura do milho no Brasil.
Fonte: IBGE, 2006a.
O cultivo do milho é milenar e, atualmente, em virtude do agronegócio e
aumento da demanda pelo crescimento populacional mundial, tornou-se uma
commodities. Na Amazônia, o cultivo do milho é realizado ainda, em sua maioria, de
forma consorciada e integrada com várias outras espécies consideradas como de
subsistência (feijão, mandioca e frutíferas).
No estado do Acre, o cultivo é praticado principalmente por pequenos
agricultores, em áreas de várzea, com feijão caupi e, em terra firme, consorciado
com abacaxi, feijão, mandioca e leguminosas. Os espaçamentos, cultivares e formas
de plantios são variados, seguindo os padrões incorporados com os antepassados
(MARINHO et al., 1996).
Até meados de 2006, a maior extensão de área plantada para agricultura no
estado do Acre ainda era feito com métodos tradicionais, com uso da mão-de-obra
familiar. Somente a partir de 2006-2007 houve grande incentivo governamental e
privado para plantio e colheita feita de forma mecanizada, principalmente após a
30
abertura de fábricas como o abatedouro de frangos e da fabrica de ração no
município de Brasiléia-AC, que geram grande demanda deste grão.
As sementes utilizadas pelos produtores geralmente são oriundas de
cruzamentos de plantios anteriores, onde são guardadas ano a ano para novos
plantios, sem investimentos na compra de sementes melhoradas.
2.5 BALANÇO ENERGÉTICO EM SISTEMAS AGROPECUÁRIOS
O agroecossistema e o ambiente em volta estão sempre em interações e
transformações energéticas. A análise destas interações pode direcionar ou definir
seus impactos ou influências nos ecossistemas, seja ambiental ou econômico
(SANTOS; LUCAS JUNIOR, 2004; GLIESSMAN, 2002).
A energia é fonte vital no ecossistema, desde seus processos de capturar até
à transformação. Agricultura é parte importante do sistema energético, pois participa
no processo através do manejo de energia absorvida naturalmente, adiciona outras
fontes de energia e as transforma ao final do processo.
Os sistemas agrícolas, desde os mais simples aos mais sofisticados,
necessitam de um incremento de energia além daquele que o sol fornece.
Gliessman (2002) relata que a quantificação do fluxo de energia de determinado
sistema pode fazer referência ao nível de sustentabilidade e sua dependência,
qualidade e origem de fontes renováveis ou não renováveis.
O balanço energético constitui importante instrumento para tomada de
decisões relativas à adoção de novas técnicas e manejos agropecuários, com
potencial para economizar energia e aumentar a eficiência dos insumos, reduzindo
custos em sistemas de produção, que apresentam uso intensivo energético em suas
várias formas (CAMPOS; CAMPOS, 2004). Assim, a geração de informações
específicas para espécies em sistemas de manejo de solo ou rotação de culturas
torna-se de grande valor (SANTOS et al., 2007).
O balanço energético de agrossistemas é apresentado de maneira a
identificar todas as possíveis entradas e saídas de energia em um processo de
produção, possibilitando identificar se o setor específico apresentou saldo e o grau
energético favorável ou desfavorável. Para a quantificação do fluxo energético pode-
31
se fazer a distinção em relação à origem energética. Gliessman (2002) destaca duas
fontes principais: origem ecológica e cultural, sendo esta última, subdivida em
biológico-cultural e cultural-industrial (FIGURA 4).
FIGURA 4 – Fontes energéticas que podem ser estimadas na agricultura.
FONTE: Adaptado de Gliessman (2002).
A análise energética de agrossistemas tem por objetivo descrever os fluxos
de energia e seu funcionamento e determinar o grau de eficiência energética a partir
de medidas parciais, relacionadas apenas como terra, trabalho ou capital (DE MORI,
1998). A análise de fluxo energético requer a unificação do produto de diferentes
fontes e conversores de energia, como máquinas, trabalho humano e combustível,
em uma mesma unidade calórica (COMITRE, 1995).
Assim, define-se balanço de energia como atividade ou instrumento destinado
a contabilizar a energia disponível e a energia consumida em determinado sistema
de produção. Seu objetivo principal é traduzir em unidades ou equivalentes
energéticos os fatores de produção e os intermediários, possibilitando a construção
de indicadores comparáveis entre si, que permitam a intervenção no sistema
produtivo visando melhorar a eficiência (BUENO, 2002). Todavia, nem toda
tecnologia usada em propriedades apresenta eficiência energética. Estudos
realizados por Quesada, Beber e Souza (1987), Silva et al. (2007) e por Zentner et
al. (1984), permitiram identificar espécies que tiveram balanço energético negativo.
Analisando o sistema produtivo do ponto de vista da sustentabilidade, é
necessário balancear o fluxo de entrada e saída de energia do processo, de forma
32
que não de gaste mais energia do que a que se produz. Em muitos sistemas de
produção modernos e intensivos, a adição de energia seja de origem cultural ou
ecológica proporciona ganho na produtividade, entretanto, deve-se analisar se o
ganho energético é proporcional aos gastos. Na FIGURA 5 pode-se observar a
eficiência energética em alguns sistemas de produção no mundo.
FIGURA 5 Comparação da eficiência energética em diferentes sistemas produtivos
agrícolas.
Fonte: PIMENTEL; PIMENTEL; MACHAN, 1999; GLIESSMAN, 2002.
Poucos são os trabalhos existentes no Brasil sobre conversão e balanço
energético em que se comparam espécies e cultivos sob diferentes sistemas de
manejo de solo e de rotação de culturas. Diversos autores estudaram espécies
isoladamente (QUESADA; BEBER; SOUZA, 1987; MONEGAT, 1998). São poucos
os trabalhos relativos à conversão e ao balanço energético de sistemas de rotação
de culturas ou sistemas mistos (lavoura + pecuária) (SANTOS et al., 2000, 2001,
2007).
O elevado consumo energético de origem fóssil, também na agricultura, tem
incentivado estudos que utilizaram metodologias capazes de contabilizar as energias
produzidas e as consumidas em determinado sistema de produção, possibilitando o
cálculo da eficiência energética de produtos agrícolas, expressando quantas
unidades de energia é investida no processo produtivo e quantas unidades de
energia são produzidas (MELO et al., 2007).
Sistemas agrícola negativos Sistemas agrícolas positivos
33
Melo et al. (2007) observaram em dois anos consecutivos de plantio de milho
e soja que os gastos com colheita, transporte e nitrogênio no milho foram os maiores
consumidores de energia no processo de produção. O consumo total de energia da
soja e do milho aumentou do primeiro para o segundo ano de cultivo. Para a cultura
do milho, houve um aumento da eficiência energética do primeiro para o segundo
ano e, para a soja foi o contrário, diminuindo de um ano para o outro.
Santos et al. (2007) avaliaram diversos tipos de manejo de solo e sistemas de
plantio, observando que o sistema de plantio direto foi mais eficiente
energeticamente, assim como o sistema trigo; soja e ervilhaca; milho ou sorgo e
trigo; soja, ervilhaca; milho ou sorgo e aveia branca; soja.
2.6 GRUPO DE AGRICULTORES ECOLÓGICOS DO HUMAITÁ (GAEH)
Com as crescentes restrições aos desmatamentos e às queimadas há a
tendência de que muitas áreas manejadas sob regime de agricultura itinerante
passem a ser gradativamente substituídas por sistemas mais intensivos de uso da
terra. Entretanto, mesmo sistemas de uso da terra mais intensivos e duradouros,
com reposição frequente de nutrientes ao solo, podem trazer prejuízos ambientais. É
necessária a adoção de sistemas mais eficientes de uso da terra, que permitam
aumentar e diversificar a produção de alimentos sem causar impactos significativos
ao meio ambiente. Além disso, para aumentar a eficiência do uso do solo é
importante oferecer ao produtor rural alternativas que viabilizem o aumento do
tempo de utilização das áreas desmatadas e a recuperação de áreas degradadas
sem que haja, portanto, a necessidade de incorporação frequente de novas áreas de
florestas ao processo produtivo. Essas alternativas passam, necessariamente, por
práticas sustentáveis de uso e manejo do solo que, ao mesmo tempo, contribuam
para o aumento de produtividade das culturas e para a redução dos prejuízos ao
meio ambiente, provocados tanto por uma agricultura mais primitiva, como a
itinerante, como por uma mais tecnificada e com largo uso de insumos e máquinas,
como a moderna.
Então, é no cenário de eminente destruição das florestas naturais da
Amazônia, no final de 1998, que algumas famílias de agricultores do PAD - Humaitá,
34
localizado no município de Porto Acre, nordeste do Acre, resolveram trilhar novos
caminhos para a produção de alimentos. Com o limite de desmatamento atingido,
grande parte de suas terras degradadas e alto custo com a mão-de-obra para
manter seus cultivos, essas famílias começaram a buscar alternativas para uma
agricultura de maior harmonia com a vida. Suas práticas agroecológicas constituem-
se na recuperação de áreas alteradas, substituindo a agricultura itinerante por
processos ecológico holísticos. Neste grupo, há agricultores que não usam o fogo há
mais de 5 anos. Suas áreas são constantemente visitadas por técnico, estudantes,
professores, pesquisadores e outros produtores, que querem conhecer as
experiências ecológicas do GAEH na manutenção de suas áreas e de suas famílias.
O compromisso dos agricultores do GAEH foi de banir o uso do fogo a partir de
2008.
Dentre as práticas agroecológicas utilizadas pelo grupo, um destaque para
a recuperação de áreas degradadas com utilização de leguminosas e implantação
de sistemas agroflorestais (SAF’s), o que tornou o grupo uma referência no estado.
Esses agricultores, com suas experiências, estão disseminando os benefícios do
sistema de produção orgânica e do uso de leguminosas para controle de plantas
invasoras e recuperação de áreas alteradas, contribuindo com o pensamento
agroecológico de outras comunidades, cumprindo o papel de agentes agroflorestais.
3 CAPITULO I
PRODUTIVIDADE DE MILHO EM SISTEMA AGROECOLÓGICO CONSORCIADO
EM DIFERENTES TIPOS DE PREPARO DO SOLO
36
RESUMO
Técnicas de preparo do solo exercem grande influência sobre a produtividade da
cultura, conservação do solo e custo da produção agrícola. O objetivo deste trabalho
foi avaliar a produção orgânica do milho consorciado com abacaxi, utilizando
diferentes formas de preparo do solo em duas áreas experimentais: conversão de
áreas de pastagem com braquiária (Experimento 1) e pousio com puerária
(Experimento 2). Os tratamentos no Experimento 1 foram: capina manual total,
roçadeira costal, aração/gradagem convencional, aração com tração animal e
pastejo intensivo com bovinos. No Experimento 2, os tratamentos foram: capina
manual somente da linha do cultivo, capina manual na área total, roçadeira costal,
aração/gradagem convencional, pastejo intensivo com frangos caipiras e pastejo
intensivo com bovinos. A produtividade do milho não diferiu estatisticamente entre os
tratamentos em ambos os experimentos.
Palavras-Chave: agroecologia; solos; agricultura familiar.
37
ABSTRACT
Preparation soil techniques play an important role in the crop yield, soil conservation
and production costs. The objective of this work was to evaluate organic corn
production intercropped with pineapple, using different soil preparation methods in
two different areas: pasture land use area to Brachiaria land use conversion
(experiment 1) and pasture to pueraria conversion (experiment 2). The treatments
used on experiment 1 were: total manual control, coastal mower, conventional
ploughing/leveling, ploughing with animal traction and cattle intensive grazing. In the
experiment 2 the treatments used were: manual control only on the crop row, manual
control in all area, coastal mower, conventional ploughing/leveling, intensive grazing
with broiler chicken, and intensive grazing with cattle. The corn yields were
statistically the same in both cases.
Keywords: agroecology, soil, farmer family.
38
1 INTRODUÇÃO
Por cadas, a crença da necessidade do revolvimento do solo para o plantio
fez com que muitos solos nas regiões tropicais brasileiras se degradassem,
principalmente pela combustão acelerada da matéria orgânica. Aliado a isto, o uso
indiscriminado de agroquímicos é um fator que acelera a degradação do solo,
diminuindo o seu potencial agrícola (MAIA et al., 2006).
Diversos estudos têm apresentado diferenças nas produtividades de acordo
com o tipo de preparo do solo em sistemas convencionais e agroecológicos (ACRE,
2006). O grande entrave do sistema convencional está no uso inadequado de
implementos agrícolas e agroquímicos, ao ponto de promover o esgotamento do
solo ao longo do tempo. Os sistemas agroecológicos têm em sua filosofia a busca
do equilíbrio entre o sistema agrícola e o meio ambiente.
Na Amazônia, grande predominância de agricultores familiares que ainda
não utilizam as práticas de preparo do solo com mecanização agrícola convencional,
por razões financeiras. Desta forma, adotam uma medida bastante tradicional e
comum na região, que é o processo de derruba e queima, abandonando áreas
esgotadas por cultivos sucessivos.
Atualmente, cientistas têm buscado alternativas, que fazem uso de altos
níveis tecnológicos e investimentos financeiros, para os métodos de produção
convencional assim como também para a substituição do modelo tradicional de
derruba e queima que ainda persiste na Amazônia (MOURA et al., 2008). As
alternativas técnicas devem visar à maior conservação do meio ambiente e o retorno
econômico, mantendo a qualidade ambiental, social e ecológica do sistema. A
escolha do arranjo agrícola, tanto o preparo do solo como o sistema de plantio, se
tornou de fundamental importância para o sucesso do empreendimento agrícola.
O manejo dado ao preparo do solo influencia diretamente na incorporação de
restos vegetais, compactação do solo, conversão de matéria orgânica, além de
afetar a eficiência das fontes orgânicas e minerais de nutrientes. Desta forma, para
se obter níveis de produtividade satisfatórios é importante tanto a capacidade de um
solo em contribuir para essa produção quanto o uso de práticas de melhoria e
conservação do solo (POPP et al., 2002).
39
A intensidade de revolvimento do solo ou a manutenção ou não dos resíduos
de colheita na lavoura podem interferir na mineralização da fonte orgânica aplicada e
nas perdas de nutrientes (PANDOLFO et al., 2008).
Desta forma, o presente estudo objetiva testar técnicas alternativas aos
métodos convencionais e de alto custo econômico para o produtor familiar,
desmistificando a visão deixada e amplamente difundida da Revolução Verde,
valorizando métodos tradicionais e de baixo custo econômico e energético.
O presente trabalho objetivou avaliar a produção orgânica do milho
consorciado com abacaxi em conversão de área de pastagem com braquiária e de
pousio com puerária utilizando diferentes preparos de área.
40
2 MATERIAL E MÉTODOS
As áreas experimentais deste trabalho localizam-se no Projeto de
Assentamento Humaitá, no Município de Porto Acre, estado do Acre, Brasil (FIGURA
6). O clima é quente e úmido, do tipo Am, segundo a classificação de Köppen, com
temperaturas médias anuais variando em torno 24,5ºC, umidade relativa do ar de
84% e a precipitação anual varia de 1.700 a 2.400 mm (ACRE, 2006).
FIGURA 6 Localização do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá, no município de
Porto Acre-AC.
Foi avaliada a produtividade da cultura do milho e do abacaxi de forma
consorciada em cada tratamento em sistema agroecológico sob dois experimentos:
Experimento 1 produção agroecológica em substituição à pastagem de braquiária
com 20 anos, realizado na propriedade do Sr. Valdir Silva; e Experimento 2 –
produção agroecológica em substituição a puerária com 4 anos de pousio, realizado
na propriedade do Sr. Delsimar Feitosa.
A área escolhida para o processo de conversão no Experimento 1 possui o
uso com pastagem formada com Brachiaria brizantha 20 anos. Não se aplicou na
área nenhum tipo de manejo como adubação ou calagem, sendo a pastagem
41
submetida apenas a reformas periódicas por meio de queima a cada 2 ou 3 anos e a
rotação dos bovinos entre das glebas. Nesta propriedade, a prática do uso do fogo
no sistema agrícola foi eliminada desde 2002 para sua conversão em propriedade
orgânica.
A área escolhida para a instalação do Experimento 2 estava em pousio com a
leguminosa puerária (Pueraria phaseoloides) quatro anos. Esta prática é muito
difundida no Projeto de Assentamento Humaitá entre os agricultores agroecológicos.
Após três ou quatro anos de cultivos consecutivos, o pousio da terra com
leguminosas favorece a recuperação do solo em sua composição química e
reestruturação da camada superficial com matéria orgânica, possibilitando a
reutilização da área e aumentando ou mantendo a produtividade anterior.
No Experimento 1 foram avaliados seis tratamentos: capina manual total;
roçadeira costal; roçadeira costal na entrelinha e capina manual na linha de plantio;
aração/gradagem convencional; aração com tração animal; e pastejo intensivo com
bovinos. No Experimento 2 foram avaliados sete tratamentos: capina manual
somente da linha do cultivo; capina manual na área total; roçadeira costal; aração
convencional; pastejo intensivos com frangos caipiras; pastejo intensivo com bovinos
com limpeza dos restos vegetais no plantio e pastejo intensivo com bovinos sem
limpeza dos restos vegetais no plantio (FIGURAS 7 e 8). O delineamento
experimental utilizado foi em blocos casualizados com quatro repetições.
O plantio das culturas do milho e do abacaxi foi realizado no dia 20 de
novembro de 2008. O espaçamento utilizado para o plantio do milho foi de 2,00 x
0,30 m, para o abacaxi foi de 2,0 x 0,5 m x 0,30 em linha tripla em triângulo
equilátero. A operação de plantio foi manual, utilizando uma ferramenta tradicional
chamada de “espeque”, muito comum na região. Para o milho foi utilizada a cultivar
F1 entre cruzamento aberto de duas variedades capixabas (Eldorado e Confiança) e
para o abacaxi, a cultivar Rio Branco.
A colheita da cultura do milho ocorreu no mês de fevereiro de 2009, para o
abacaxi a previsão para a primeira colheita é em julho de 2010. Para a definição da
produtividade do milho foi feita a coleta, pesada, feita a relação para a área
experimental e depois extrapolada para a unidade de kg.ha
-1
. Para a cultura do
abacaxi, devido ao seu ciclo de dois anos, não foi possível analisar a real
produtividade nos diferentes tratamentos, entretanto para a análise e discussão
deste trabalho, foi feita uma estimativa de produtividade de 8.000 frutos por hectare
42
e peso dio com coroa de 1,125 kg/fruto tendo como base a produtividade anterior
da propriedade.
43
B
C
A
D
E
F
FIGURA 7 Área com pastagem de braquiária (Experimento 1). Distribuição do calcário a
lanço (A); visualização da área de pastagem antes da implementação do
experimento (B); preparo do solo com tração animal (C); roçadeira (D); capina
total da parcela (E); e aração/gradagem com trator agrícola (F).
44
A
B
C
D
E
F
FIGURA 8 – Área em pousio com braquiária (Experimento 2). Visualização da área antes da
implementação do experimento (A); vacinação dos pintos (B); capina na linha
de plantio (C); pastejo intensivo com frangos (D); plantio do abacaxi na
parcela de pastejo intensivo bovino (E); e plantio de milho e abacaxi na
parcela de capina na linha (F).
45
No Experimento 1 foram aplicados 2 t ha
-1
de calcário. Não foi identificada
nenhuma doença ou praga em quantidade que pudesse afetar a produção das
culturas trabalhadas, não sendo necessária a aplicação de nenhum tipo de
defensivo biológico.
No pastejo intensivo com animal foi definida a densidade de animais para
cada área experimental. No Experimento 1, o pastejo intensivo foi com bovinos,
sendo 50 animais por hectare durante 7 dias. Para o Experimento 2, o pastejo
intensivo foi por 7 dias, tanto com bovinos, 40 animais por hectare, quanto para o
pastejo com frangos, 5.000 aves por hectare.
A análise granulométrica (areia, silte e argila) foi realizada pelo Laboratório de
Solos da Universidade Federal do Acre. A análise química (pH em H
2
O e KCl, cálcio
(Ca
++
), potássio (K
+
), magnésio (Mg
++
), sódio (Na
+
), alumínio trocável (Al
+++
), acidez
potencial (H
+
+Al
+++
), fósforo (P) e carbono orgânico total (C. org)) foi feita pelo
Laboratório de Solos da Embrapa Acre, utilizando-se a metodologia descrita por
Embrapa (1997) para cada horizonte do perfil do solo (APÊNDICE A e B) e nas
profundidades de 0-10, 10-20 e 20-40 cm em cada um dos tratamentos dos
Experimentos 1 e 2.
Com base nas análises químicas e físicas foi possível calcular a atividade da
argila, soma de bases (valor S), capacidade de troca de tions potencial (valor T),
saturação por bases (valor V) e saturação por alumínio (Sat Al).
Os resultados da produtividade do milho foram submetidos à Análise de
Variância pelo Teste F a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey, através do
programa estatístico Assistat versão 7.4 beta.
46
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A produtividade da cultura do milho no Experimento 1 e 2 não diferiram
estatisticamente entre si ao nível de significância de 5% de probabilidade entre os
tratamentos (TABELAS 1 e 2). As análises químicas do solo para cada tratamento
estão representadas nas TABELAS 3, 4, 5, 6, 7 e 8.
TABELA 1 Produtividade da cultura do milho em sistema agroecológico consorciado em
substituição à área de pastagem (Experimento 1).
Tratamentos Produtividade (kg/ha)*
Capina total 1.798 a
Roçadeira costal 1.902 a
Aração convencional 1.456 a
Aração com tração animal 1.394 a
Pastejo bovino 1.340 a
CV (%) 19,5
*Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
TABELA 2 Produtividade da cultura do milho em sistema agroecológico consorciado em
substituição à área com puerária (Experimento 2).
Tratamentos Produtividade (kg/ha)*
Capina na linha 2.718 a
Capina total 2.460 a
Roçadeira costal 2.472 a
Aração convencional 1.707 a
Pastejo com frango 2.660 a
Pastejo bovino 2.236 a
CV (%) 24,5
*Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
47
TABELA 3 – Análise química do solo na profundidade de 0 a 10 cm na área experimental 1.
Tratamentos
Complexo Sortivo
Valor
Valor
Valor
Sat.
Al
pH (1:2,5)
P
disponível
Matéria
Orgânica
Ca
2+
Mg
2+
K
+
Na
+
Al
3+
Al+H
S
T
V
H
2
O KCl
---------------------------------- cmol
c
/dm
3
---------------------------------- -------- % ------- - mg/dm
3
- g/kg
Capina+roçagem 7.21 0.53 0.35 0.02 0.03 2.88 11.02 13.90 79.28 0.27 6.03 5.10 2.25 45.78
Mecanização 7.11 0.45 0.37 0.02 0.09 3.65 11.69 15.34 76.21 0.76 5.83 4.36 3.03 33.12
Roçagem 6.49 1.60 0.23 0.02 0.03 1.60 9.97 11.57 86.17 0.30 5.91 4.78 2.10 41.40
Pastejo bovino 6.91 1.23 0.23 0.02 0.04 5.46 13.89 19.35 71.78 0.29 5.81 4.56 2.40 56.85
Aração animal 6.09 0.41 0.23 0.02 0.09 3.62 10.46 14.08 74.29 0.85 5.78 4.55 2.03 37.56
Capina total 7.04 1.52 0.31 0.02 0.08 3.04 12.01 15.05 79.80 0.66 6.18 4.96 1.65 46.44
TABELA 4 - Análise química do solo na profundidade de 0 a 10 cm na área experimental 2.
Tratamentos
Complexo Sortivo
Valor
Valor
Valor
Sat.
Al
pH (1:2,5)
P
disponível
Matéria
Orgânica
Ca
2+
Mg
2+
K
+
Na
+
Al
3+
Al+H
S
T
V
H
2
O KCl
---------------------------------- cmol
c
/dm
3
------------------------- ------- % ------- - mg/dm
3
- g/kg
Capina na linha 2.47 0.74 0.17 0.00 3.57 7.78 14.73 22.51 65.44 19.51 4.68 3.65 0.08 17.68
Capina total 3.57 1.11 0.19 0.02 2.25 6.13 13.27 19.40 68.40 14.50 4.96 3.79 1.20 23.44
Roçagem 3.07 0.82 0.19 0.02 1.30 6.36 11.76 18.12 64.90 9.95 4.92 3.81 2.25 25.03
Pastejo bovino c/ limpeza 5.94 1.15 0.29 0.02 0.45 4.41 12.26 16.67 73.55 3.54 5.16 3.99 2.25 26.42
Pastejo bovino s/ limpeza 3.82 0.95 0.06 0.02 1.30 6.16 12.31 18.47 66.65 9.55 4.94 3.85 1.88 27.75
Pastejo com frango 3.44 0.70 0.19 0.02 1.39 6.22 11.96 18.18 65.79 10.41 5.00 3.85 1.35 19.93
Mecanização 4.87 1.03 0.21 0.02 0.91 5.30 12.34 17.64 69.95 6.87 5.06 3.86 2.10 25.63
48
TABELA 5 - Análise química do solo na profundidade de 10 a 20 cm na área experimental 1.
Tratamentos
Complexo Sortivo
Valor
Valor
Valor
Sat. Al
pH (1:2,5)
P
disponível
Matéria
Orgânica
Ca
2+
Mg
2+
K
+
Na
+
Al
3+
Al+H S T V
H
2
O KCl
--------------------------------- cmol
c
/dm
3
-------------------------- ------- % ------ - mg/dm
3
- dag/kg
Capina+roçagem 6.76 1.65 0.21 0.02 0.31 1.63 10.58 12.21 86.65 2.85 5.53 4.27 0.00 18.07
Mecanização 6.54 0.45 0.31 0.02 0.10 3.41 10.83 14.24 76.05 0.91 5.80 4.39 5.33 23.24
Roçagem 6.21 1.60 0.14 0.02 1.51 2.55 12.03 14.58 82.51 11.15 5.86 4.50 0.53 14.10
Pastejo bovino 5.86 1.40 0.19 0.02 0.51 3.62 11.60 15.22 76.22 4.21 5.72 4.12 1.05 18.80
Aração animal 6.81 1.11 0.21 0.02 0.37 3.86 12.38 16.24 76.23 2.90 5.80 4.32 0.68 25.17
Capina total 7.51 1.23 0.19 0.02 0.13 2.96 12.04 15.00 80.27 1.07 6.07 4.68 0.53 27.55
TABELA 6 - Análise química do solo na profundidade de 10 a 20 cm na área experimental 2.
Tratamentos
Complexo Sortivo
Valor
Valor
Valor
Sat.
Al
pH (1:2,5)
P
disponível
Matéria
Orgânica
Ca
2+
Mg
2+
K
+
Na
+
Al
3+
Al+H
S
T
V
H
2
O KCl
-------------------------------- cmol
c
/dm
3
----------------------------- -------- % ------ - mg/dm
3
- g/kg
Capina na linha 3.22 0.91 0.17 0.02 3.04 6.99 14.35 21.34 67.24 17.48 5.08 3.79 0.68 14.10
Capina total 3.84 0.86 0.19 0.02 1.18 6.06 12.15 18.21 66.72 8.85 4.90 3.85 2.48 33.19
Roçagem 2.92 0.66 0.17 0.00 2.20 6.74 12.69 19.43 65.31 14.78 4.94 3.77 0.38 18.40
Pastejo bovino c/ limpeza 4.82 1.03 0.25 0.05 1.49 5.01 12.65 17.66 71.63 10.54 5.07 3.91 1.43 16.55
Pastejo bovino s/ limpeza 2.42 0.66 0.25 0.00 2.35 6.80 12.48 19.28 64.73 15.85 4.93 3.82 0.30 16.22
Pastejo com frango 2.94 0.70 0.14 0.00 4.94 8.44 17.16 25.60 67.03 22.35 5.04 3.74 0.00 7.20
Mecanização 4.59 1.03 0.21 0.02 3.10 6.82 15.77 22.59 69.81 16.43 4.97 3.80 0.30 16.02
49
TABELA 7 - Análise química do solo na profundidade de 20 a 40 cm na área experimental 1.
Tratamentos
Complexo Sortivo
Valor
Valor
Valor
Sat.
Al
pH (1:2,5)
P
disponível
Matéria
Orgânica
Ca
2+
Mg
2+
K
+
Na
+
Al
3+
Al+H
S
T
V
H
2
O KCl
---------------------------------- cmol
c
/dm
3
---------------------------------- ------- % ------ - mg/dm
3
- g/kg
Capina+roçagem 6.81 0.37 0.21 0.02 2.66 5.93 16.00 21.93 72.96 14.26 5.19 3.86 2.48 8.20
Mecanização 6.49 1.60 0.01 0.02 0.03 1.60 9.75 11.35 85.90 0.31 5.50 3.85 2.10 41.40
Roçagem 6.91 1.23 0.23 0.02 0.04 5.46 13.89 19.35 71.78 0.29 5.67 3.93 2.40 56.85
Pastejo bovino 4.77 1.32 0.14 0.02 2.61 5.96 14.82 20.78 71.32 14.97 5.54 3.86 0.00 12.04
Aração animal 4.42 1.03 0.19 0.02 1.60 5.61 12.87 18.48 69.64 11.06 5.42 3.89 0.00 14.36
Capina total 7.83 1.52 0.17 0.02 0.92 4.30 14.76 19.06 77.44 5.87 5.75 4.05 1.45 13.96
TABELA 8 - Análise química do solo na profundidade de 20 a 40 cm na área experimental 2.
Tratamentos
Complexo Sortivo
Valor
Valor
Valor
Sat.
Al
pH (1:2,5)
P
disponível
C
Orgânico
Ca
2+
Mg
2+
K
+
Na
+
Al
3+
Al+H
S
T
V
H
2
O KCl
-------------------------------- cmol
c
/dm
3
------------------------------- -------- % ------ - mg/dm
3
- g/kg
Capina na linha 0.97 0.49 0.17 0.02 6.71 12.72 21.08 33.80 62.37 24.15 4.81 3.65 0.15 5.35
Capina total 1.75 0.62 0.17 0.02 6.33 11.24 20.13 31.37 64.17 23.92 4.91 3.68 0.08 9.46
Roçagem 1.30 0.33 0.17 0.00 4.30 10.83 16.93 27.76 60.99 20.25 4.71 3.69 0.00 11.44
Pastejo bovino c/ limpeza 2.05 0.62 0.21 0.02 5.38 10.32 18.60 28.92 64.32 22.44 4.78 3.66 0.68 11.84
Pastejo bovino s/ limpeza 1.37 0.45 0.21 0.00 5.55 9.88 17.46 27.34 63.86 24.12 4.68 3.65 0.08 10.12
Pastejo com frango 1.15 0.41 0.01 0.00 5.98 11.75 19.30 31.05 62.16 23.66 4.89 3.65 0.00 7.40
Mecanização 2.00 0.62 0.21 0.02 7.20 11.67 21.72 33.39 65.05 24.90 4.82 3.65 1.48 6.94
50
Em ambas as áreas experimentais, o solo apresenta-se com boas
características químicas naturais no horizonte superficial, entretanto, com relação à
característica física, o Experimento 2 apresenta argila expansiva ocasionando, no
período seco, rachaduras e, no período chuvoso, saturação do solo (FIGURAS 9 e
10).
FIGURA 9 – Perfil do solo no Experimento 1. Perfil do solo (A); separação dos horizontes do
perfil do solo (B); e presença de pequenas concreções de manganês nos
horizontes BC e C (C).
FIGURA 10 Perfil do solo no Experimento 2. Rachaduras no solo no local de cultivo (A);
rachaduras de até 30 cm de profundidade no perfil do solo (B); e perfil do solo
(C).
C
B
A
A
B
C
51
No Experimento 1, conforme a descrição morfológica, química e física
(APÊNDICE A), chegou-se à classificação pedológica de ARGISSOLO VERMELHO-
AMARELO Distrófico plíntico. O horizonte A foi classificado como moderado com
atividade de argila alta entre 27 e 28 cmol
c
/kg de argila, textura franco argilo siltosa e
saturação de bases acima de 50%. No Horizonte B o diagnóstico foi caracterizado
como B textural, apresentando baixa saturação de bases (menos que 50%), textura
argila siltosa a muito argilosa.
Na classificação do solo no Experimento 2, conforme o APÊNDICE B, foi
identificado como VERTISSOLO HÁPLICO Órtico gleissólico. Apresentou muito
siltosa horizonte A moderado com textura argilo siltosa a franco argilo siltosa. Em
todo o perfil observou-se atividade de argila alta com mais de 40 cmol
c
/kg de argila.
O Experimento 1 apresentou produtividade média do milho menor que o
Experimento 2, em torno de 36%. Essa não diferenciação estatística entre as
produtividades dos dois experimentos pode ser atribuída a pouca variação de
fertilidade do solo entre os tratamentos, uma vez que não foi adicionado nenhum tipo
de adubo orgânico ou químico.
A maioria dos nutrientes analisados (Ca, K, Na e Mg) é decrescente em
profundidade, principalmente devido ao tipo de uso. Araújo (2000) observou que o
fósforo remanescente também decresce em profundidade, estando este, ainda,
relacionado com o aumento ou decréscimo de argila, sendo que quanto mais argila
menor sua disponibilidade (FIGURA 11). Os valores deste nutriente variaram de
30,36 a 2,21 mg/L no Experimento 1 e de 31,24 a 1,33 mg/L no Experimento 2.
FIGURA 11 – Disponibilidade de fósforo remanescente ao longo do perfil do solo.
0
15
30
45
60
75
90
105
0 5 10 15 20 25 30 35
Profundidade do solo (cm)
P remanescente (mg/L)
Experimento 1
Experimento 2
52
A análise química do solo mostrou pouca diferença quantitativa de nutrientes
entre os tratamentos em ambos os experimentos. Este fato serve como referência
para explicar a não diferenciação estatística da produtividade para a cultura do
milho. No Experimento 1, na profundidade de 0-10 cm, os valores de saturação por
bases apresentaram-se na média de 78%, na profundidade de 10-20 cm em torno
de 80% e na profundidade de 20-40 cm em torno de 75%. No Experimento 2, a
saturação ficou em 68% na profundidade 0-10 cm, 67% em 10-20 cm e 64% em 20-
40 cm.
Em relação à saturação por alumínio, os tratamentos do Experimento 1
apresentaram os menores valores em comparação ao Experimento 2, justificando os
maiores valores na saturação por bases, sendo este efeito decorrente,
principalmente, da calagem realizada no local. No Experimento 1 os valores foram
de 0,52% de 0-10 cm; 4% de 10-20 cm; e 8% de 20-40 cm, no Experimento 2, os
valores foram de 11% de 0-10 cm; 15% de 10-20 cm; e 23% de 20-40 cm.
Nos dois experimentos, os valores de fósforo foram baixos em todos os
tratamentos, apresentando o mínimo de 0 mg/dm
3
e o máximo de 5 mg/md
3
. Quando
a floresta é convertida em pastagem, a forma mais comum de fornecimento de
fósforo para o solo é, na prática de reforma da pastagem, através da queima.
Oliveira (2009) e Araújo (2000) encontraram resultados semelhantes de baixa
quantidade de fósforo em quatro profundidades em área de pastagem.
Em ambos os experimentos o fogo deixou de ser utilizado mais de 8 anos,
sendo esta prática o principal fornecedor de fósforo pela queima da matéria
orgânica. Com a eliminação do fogo e a falta de adubação o fornecimento desse
nutriente foi decrescente ao longo do tempo (ARAÚJO, 2000).
Caires et al. (1999) e Moreira et al. (2001) observaram a não influência da
aplicação de calcário no solo na produtividade do milho. Amado, Mielniczuk,
Fernandes (2000) observaram que o sistema de plantio direto e convencional não
influenciou na quantidade disponível de nitrogênio para a cultura do milho, sendo
este um dos nutrientes mais exigidos por esta cultura.
A pouca influência do nível tecnológico, no primeiro ano de cultivo, pode
explicar a falta de diferença estatística para a produção de milho. Centurion e
Demattê (1992) observaram que não houve diferença significativa na produtividade
53
de milho entre os tratamentos de semeadura direta, mecanização convencional,
super mecanização e enxada rotativa.
A difusão de práticas convencionais de preparo do solo, utilizadas em
agricultura de larga escala, para agricultores familiares tem-se apresentado como
um entrave no desenvolvimento da agricultura em pequena escala. Os métodos a
serem utilizados em uma propriedade agrícola devem levar em consideração o
padrão, a cultura e o nível financeiro do produtor.
A falta de significância estatística entre os tratamentos analisados neste
trabalho poderá ser levada em consideração na elaboração de políticas agrícolas
para pequenos agricultores. A utilização de técnicas mais tradicionais como capina
manual, roçadeira, pastejo de animais e tração animal valorizam o conhecimento do
agricultor e diminuem os custos operacionais no preparo do solo para o plantio.
A utilização de cnicas tradicionais de preparo do solo, com a capina manual
total e apenas na linha, roçadeira e o pastejo de bovinos e galinha caipira trazem
diversas vantagens em relação à conservação do solo comparadas com cnicas
convencionais, como aração mecanizada. Dentre as vantagens estão: a redução do
contato do solo com os materiais vegetais, o que diminui a velocidade de
decomposição; menor revolvimento e fragmentação do solo (SOUSA NETO et al.,
2008).
O manejo intensivo com bovinos (Experimento 1) e manejo intensivo com
frangos caipira e bovinos (Experimento 2) têm sido uma experiência inovadora no
estado do Acre. Este tipo de manejo traz grandes benefícios, como: utilização de
animais para limpeza de áreas e simultaneamente alimentação dos mesmos; menor
investimento em recursos humanos; menor gasto de combustíveis fósseis em
comparação à mecanização convencional; menor dependência do agricultor dos
órgãos que fomentarão patrulhas mecanizadas para o preparo de área; e, pode ser
ainda, uma fonte econômica complementar para o produtor familiar.
Estudos de Almeida et al. (2002) mostraram que, em função da limitada
condição econômica dos pequenos agricultores, torna-se necessário procurar
alternativas para o seu processo produtivo que despendam um mínimo de capital,
como o uso de equipamentos e a tração animal, que constituem opções para esses
agricultores. Este estudo mostra não somente os benefícios econômicos, mas o cil
acesso a tecnologia e benefícios associados a características do solo.
54
No Experimento 2, em todos os tratamentos com espaçamento de 2,00 x 0,40
m, a produtividade do milho foi superior ao observado por Gomes e Moraes (1998).
Estes autores, em estudo no Projeto de Assentamento Padre Peixoto no estado do
Acre, encontraram, para a produção de milho sob cobertura de puerária, uma
produtividade em torno de 1.463 kg.ha
-1
para preparo do solo com gradagem e 2.265
para operação manual, sendo que o espaçamento utilizado foi de 1,00 x 0,40 m.
Estudos da Embrapa-Acre feitos em terra firme sem manejo com
leguminosas, mostraram uma produtividade do milho, em consórcio com feijão, em
torno de 4.000 kg.ha
-1
, com espaçamento de 2,00 x 0,40 m (MARINHO et al., 1996).
Costa e Marinho (2000) encontraram uma produtividade de milho, em consórcio com
feijão caupi, num espaçamento de 2,00 x 0,40 m, de 2.269 kg.ha
-1
e, em consorcio
com feijão, de 1.606 kg.ha
-1
.
55
4 CONCLUSÃO
Nos Experimentos 1 e 2 nenhum dos tratamentos apresentou produtividade
da cultura do milho diferente estatisticamente entre si.
Todos os tipos de preparo do solo apresentaram-se favoráveis para a
conversão de áreas de pastagens e de pousio com puerária em sistema de
produção agroecológico.
56
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57
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4 CAPITULO II
RENTABILIDADE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO ORGÂNICA DE MILHO EM
SISTEMA CONSORCIADO COM ABACAXI
59
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi analisar a rentabilidade econômica da produção
consorciada de milho e abacaxi orgânicos em conversão de pastagem de braquiária
e pousio com puerária. Foi avaliada a produtividade da cultura do milho em sistema
agroecológico consorciado com abacaxi na safra 2008/2009 em dois experimentos
que avaliaram o preparo do solo e limpeza de área para o plantio: Experimento 1
produção agroecológica em substituição à pastagem (Braquiaria brizanta) com 20
anos; e Experimento 2 produção agroecológica em substituição à puerária
(Pueraria phaseoloide) que estava plantada há quatro anos. Os tratamentos no
Experimento 1 foram: capina com roçadeira costal e capina manual na linha; capina
manual com enxada; capina com roçadeira costal; pastejo intensivo com bovino e
limpeza na linha; aração-gradagem com trator e aração com tração animal. No
Experimento 2 os tratamentos foram: capina com roçadeira costal; capina com facão
na linha; capina com facão na área total; pastejo intensivo com galinhas (Label
Rouge); aração-gradagem com trator; pastejo intensivo com bovino sem capina na
linha; pastejo intensivo com bovino e capina na linha. A aplicação de todos os
métodos de preparo e a limpeza de área proporcionaram lucro super normal {receita
> custo total (custo fixo, variável + custo de oportunidade de 12% a.a.)}. Na
substituição da área de pastagem, os métodos de preparo e limpeza de área, que
proporcionam maior rentabilidade, foram o uso de roçadeira, roçadeira com limpeza
manual na linha e tração animal. Na substituição de área de puerária, os melhores
resultados econômicos foram o uso de frango no pastejo inicial da área, seguido do
preparo manual com facão na linha e área total, mas que pela limitação de mão-de-
obra no campo o uso de roçadeira também representa boa alternativa tecnológica.
Palavras-chave: agricultura familiar, estado do Acre, desenvolvimento sustentável,
custos da produção
60
ABSTRACT
The objective of this work was to analyze the profitability of organic corn intercropped
with organic pineapple planted in conversion from Braquiaria pasture and from bare
area with pueraria. Corn yield was evaluated into an agroecological system
intercropped with pineapple on 2008/2009 harvesting, in two experiments, analyzing
the soil preparation and cleaning cultive on crop areas: Experiment 1: agroecological
production replaced from 20 years old pasture land use Braquiaria brizanta.
Experiment 2: agroecological production in substitution from 4 years old Pueraria
phaseloide land use. The treatments used on experiment 1 were: manual control with
coastal mower and manual control in row; manual control with hoe; manual control
with coastal mower; cattle intensive grazing and row cleaning; ploughing-leveling with
tractor and ploughing with animal traction. The treatments used on experiment two:
manual control with coastal mower; manual control with sickle in the cultive row;
manual control with sickle in the total area; intensive grazing with chicken (Label
Rouge); ploughing-leveling with tractor; cattle intensive grazing without row manual
control; cattle intensive grazing and manual row control. The application of either
preparing and cleaning methods generated profits (inputs > total costs (fixed costs,
variable costs + opportunity costs of 12% per year.) In the pasture area substitution,
the best preparing and clening methods were coastal mower with cleaned, manual
control in the cultive row and animal traction. In the puerária substitution, the best
economic results were observed on chicken initial intensive grazing area, followed by
manual preparing with sickle in the cultive row and total area. Although, the use of
coastal mower is a recommended option under the scantiness of workers.
Keywords: family farmers, State of Acre, sustainable development, cost of
production,
61
1 INTRODUÇÃO
A agricultura convencional praticada atualmente visa a produção em grande
escala, considerando a geração de alta receita líquida, com pouca ou nenhuma
preocupação com o meio ambiente e qualidade dos alimentos. A escolha das
tecnologias adotadas no sistema agrícola deve levar em consideração os efeitos
ambientais e eficácia social, e não somente a eficiência econômica para
maximização dos lucros, assim como é praticada atualmente pelo agronegócio
(RODRIGUES, 2005).
No Brasil, a agricultura familiar exerce grande importância na economia,
sendo responsável por 37% do valor bruto da produção agropecuária (VBP) e 51%
do valor da renda total agropecuária (RT) de todo o Brasil (BUAINAIN; ROMEIRO;
GUANZIROLI, 2003).
Embora a agricultura familiar tenha papel fundamental para a economia e
alimentação mundial, diversos são os entraves na estrutura fundiária, como
distribuição de terra e falta de uma reforma agrária coerente com a realidade,
gerando problemas no âmbito social, ambiental, econômico e cultural.
A agroecologia tem sido utilizada como forma de fortalecer a agricultura
familiar, com compromisso ambiental e qualidade alimentar. A prática agrícola com
princípios agroecológicos abrange as dimensões ambientais, sociais e econômicas
da sustentabilidade (ALTIERI, 2009). Esta filosofia implica na busca por menores
custos de produção, maior geração de emprego e diminuição da dependência por
insumos externos à propriedade, evitando os custos da degradação ambiental e a
contaminação humana por uso de agrotóxicos e alimentos contaminados, excluídos
do cálculo econômico na atividade produtiva (CAVALCANTI, 2004).
Agricultura familiar representa em torno de 10% do PIB Brasileiro
(GUANZIROLI; CARDIM, 2000). A agricultura orgânica tende a ser uma alternativa
para fortalecer a agricultura familiar. Métodos de produção da agricultura ecológica,
como cultivos consorciados, têm sido apontados como alternativa para a produção
por possibilitar várias colheitas ao longo do ano com uso de menor extensão de
terra, aumentando a biodiversidade local, o aporte de nutrientes no solo e ganho
econômico na propriedade. Na horticultura orgânica, por exemplo, o custo de
62
produção é aproximadamente 25% menor que no sistema convencional de produção
de hortaliças (SOUZA, 2005).
Uma das análises de grande impacto prático na vida do produtor rural é a
econômica, com a visão de rentabilidade ou custo de produção de determinada
atividade, indicando lucro ou prejuízo ao produtor. Para a produção de milho, o tipo
de manejo do solo, dentre outros fatores, pode dar indicativos sobre os fatores
ambientais limitantes para seu cultivo, refletindo na rentabilidade econômica
(FORSTHOFER et al., 2006).
O Brasil é destaque mundial na produção de frutas e grãos. A produção
brasileira de abacaxi representa entre 10 a 13% da produção mundial, sendo a
produção média de 40.000 frutos/ha (IBGE, 2006).
O estado do Acre não é um grande produtor de abacaxi e milho, mas estas
espécies possuem grande importância social, alimentar e econômica para a
agricultura familiar, sendo relevantes estudos sobre o manejo do solo utilizado e sua
rentabilidade econômica.
O objetivo deste trabalho foi analisar a rentabilidade econômica da produção
consorciada de milho e abacaxi orgânicos em conversão de pastagem de braquiária
e pousio com pueraria.
63
2 MATERIAL E MÉTODOS
As áreas experimentais deste trabalho localizam-se no Projeto de
Assentamento Humaitá, no município de Porto Acre, estado do Acre, Brasil (FIGURA
12). O clima é quente e úmido, do tipo Am, segundo a classificação de Köppen, com
temperaturas médias anuais variando em torno de 24,5ºC, a umidade relativa do ar
é de 84% e a precipitação varia de 1700 a 2400 mm (ACRE, 2006).
FIGURA 12 Localização do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá, no município de
Porto Acre-AC.
O custo de produção é conceituado como a soma de todos os valores dos
recursos (insumos e serviços) utilizados no processo produtivo de certa atividade,
incluindo-se os respectivos custos alternativos ou de oportunidade, conforme
metodologias de custo e rentabilidade propostas por Reis (2002) e Vale e Maciel
(1998). Segundo estes autores, um dos cálculos que deve ser considerado é o da
depreciação (D) que é o custo necessário para substituir os bens de capital quando
tornados inúteis, tanto pelo desgaste físico quanto pelo econômico.
Neste estudo, para o cálculo de depreciação, considerou-se o tempo e custo
de duração do equipamento ou benfeitoria, extrapolando para o tempo utilizado
neste trabalho. Considerou-se a depreciação das instalações para animais (cerca
64
elétrica, galinheiro móvel, bebedouros e comedouros). Para estas instalações,
considerou-se o período de vida útil de cinco anos, sendo incluído no estudo o valor
referente 2 anos e 6 meses, tempo para completar o ciclo das culturas
estudadas.
A equação utilizada no cálculo de depreciação das instalações foi o método
linear, que pode ser mensurado como:
Onde:
D – depreciação, R$/cultivo;
Va – valor atual do recurso, R$;
Vr valor residual (o valor de revenda ou valor final do bem, após ser utilizado de
forma racional na atividade), R$;
Vu – vida útil (período em ciclos que o bem é utilizado na atividade), e
P – período considerado de cultivo, ciclo produtivo.
De acordo com Leite (1998), a taxa de juros a ser escolhida para o cálculo do
custo alternativo deve ser igual à taxa de retorno da melhor aplicação alternativa.
Devido à dificuldade na determinação desse valor, optou-se por 12% ao ano, um
valor comumente utilizado em agricultura (KUHNER; BAUER, 1996; SILVA et al.,
2003). Esta taxa de juros ou taxa de atratividade consiste na taxa mínima de retorno
que o investidor pretende conseguir como rendimento ao realizar algum
empreendimento.
A análise econômica consistiu-se de: custo de produção, análise econômica
simplificada, receita líquida, ponto de nivelamento (qn) e ponto de resíduo (qr)
(REIS, 2002; ARAÚJO NETO, 2004). Diversas condições podem ser encontradas
nessa análise, dependendo da posição do preço em relação aos custos, e cada qual
sugerindo uma interpretação particular, definida pelos indicadores econômicos
obtidos.
Os preços dos insumos, serviços e equipamentos foram levantados na região
da localização dos experimentos, no período de novembro de 2008 a abril de 2009
(APÊNDICE C e D).
65
2.1 CUSTO FIXO
O custo fixo corresponde à soma das contribuições dos fatores fixos ao
produto total, em cada ciclo de produção; refere-se aos valores da depreciação,
impostos fixos e juros sobre o capital fixo.
Dessa forma, o custo de cada recurso fixo foi calculado somando-se seus
correspondentes custos alternativos e o valor da depreciação, para cada ciclo de
produção. Como recursos fixos foram considerados roçadeira, cerca elétrica,
bebedouro e comedouro para bovinos e galinheiro móvel.
A terra não se deprecia, com base no princípio da fruticultura orgânica, em
que há um manejo de solo ecológico e, portanto, adequado, mantendo a terra
sempre fértil, através das adubações, cobertura de solo, pousio e outras técnicas. O
valor considerado é o seu custo alternativo, baseado no aluguel da terra explorada.
O aluguel foi considerado como sendo de R$120,00/ha/ano, valor pago no
arrendamento de terras para pecuária no Acre, terras com características próprias à
fruticultura, com disponibilidade de água, férteis e próximas aos centros urbanos.
2.2 CUSTO VARIÁVEL
Os recursos variáveis considerados e a forma de operacionalização dos
custos correspondentes foram: mão-de-obra (diárias-8h/dia), insumos (corretivos,
combustíveis, mudas e sementes e outros bens de produção) e comercialização
(venda no varejo).
2.3 MENSURAÇÃO DA LUCRATIVIDADE
A análise simplificada dos custos fornece parâmetros usados na mensuração
da lucratividade do processo produtivo (REIS, 2002). Estes parâmetros abordam
alguns conceitos: ponto de nivelamento (qn): quantidade produzida cujo valor se
66
igual ao total de custos correspondente à sua produção (VALE; MACIEL, 1998),
representa lucro normal, ou seja, receita bruta (RB) igual ao custo total (CT); ponto
de resíduo (qr): ocorre quando se obtém produto físico para o qual a receita bruta
(RT) é igual aos custos operacionais totais (CopT).
Os pontos de nivelamento e de resíduo permitem avaliar a empresa quanto à
possibilidade de otimizar a produção, considerando custos totais e operacionais,
respectivamente. Os valores do ponto de nivelamento (qn) e de resíduo (qr) foram
obtidos a partir das fórmulas:
onde: qn – ponto de nivelamento;
CT – custo total;
qr – ponto de resíduo;
CopT – custo operacional total.
O índice de rentabilidade (IR) foi calculado mediante a razão entre a receita
bruta e o custo operacional total (CopT). Os coeficientes técnicos referentes às
operações de preparo do solo, implantação e condução da cultura foram
determinados através do acompanhamento dos experimentos.
qn = = kg/ha/safras
CT
preço
qr = kg/ha/safras
CopT
preço
67
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A rentabilidade econômica entre os tratamentos para ambos os experimentos
apresentaram-se com receita líquida positiva, também chamado de lucro super
normal, em que a receita foi maior que o custo, incluindo o custo alternativo de
remuneração do capital investido. Neste caso, a tendência é a permanência dos
agricultores nesta atividade e outros agricultores investirem nesses sistemas de
produção (TABELA 9 e 10).
TABELA 9 Rentabilidade econômica da produção orgânica do milho em sistema
consorciado com abacaxi em substituição de pastagem (Braquiaria brizanta)
com 20 anos.
Tratamentos
CFT CVT CT CopFT CopVT
CopT IR RL
(R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$/ha)
Capina total 120 5.846 5.966 0 5.262 5.262 2,4 8.584
Roçadeira costal 400 5.001 5.401 250 4.508 4.758 2,7 9.256
Roçadeira costal+capina
total 400 5.214 5.614 250 4.698 4.948 2,6 8.857
Aração convencional 344 5.295 5.639 200 4.814 5.014 2,6 8.735
Aração com tração
animal 344 5.270 5.614 200 4.748 4.948 2,6 8.811
Pastejo bovino 770 5.223 5.993 580 4.706 5.286 2,4 8.470
Média 396 5.308 5.704 247 4.789 5.036 2,5 8.785
*CFT custo fixo total; CVT custo variável total; CT - custo total; CopFT custo operacional fixo
total; CopVT custo operacional variável total; CopT custo operacional total; IR índice de retorno;
RL – renda líquida.
68
TABELA 10 Rentabilidade econômica da produção orgânica do milho em sistema
consorciado com abacaxi em substituição de pueraria (Pueraria
phaseoloides) com 4 anos.
Tratamentos
CFT CVT CT CopFT CopVT CopT IR RL
(R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) R$/ha
Capina na linha 120 4.753 4.873 0 4.287 4.287 3,1 10.285
Capina Total 120 5.761 5.881 0 5.187 5.187 2,6 10.175
Roçadeira costal 400 4.933 5.333 250 4.447 4.697 2,8 9.607
Aração
convencional
344 5.691 6.035 200 5.167 5.367 2,4 8.662
Pastejo com Frango
4.478 46.994 51.472 3.891 42.002 45.893 1,3 13.611
Pastejo bovinos
sem limpeza
770 5.045 5.815 580 4.547 5.127 2,6 9.152
Pastejo bovinos
com limpeza
770 4.689 5.460 580 4.187 4.767 2,7 9.450
Média 1.000 11.124 12.124 786 9.975 10.761 2,5 10.136
*CFT custo fixo total; CVT custo variável total; CT - custo total; CopFT custo operacional fixo
total; CopVT – custo operacional variável total; CopT – custo operacional total; IR – índice de retorno.
Este estudo apresenta-se ao produtor como um diagnóstico do
comportamento econômico-financeiro do ciclo das culturas do milho e do abacaxi
com respeito à remuneração obtida, à cobertura dos recursos de curto e longo
prazos, respectivamente, custos variáveis e custos fixos, à comparação entre a
remuneração obtida pela atividade produtiva e aquela que seria proporcionada por
outras alternativas de aplicação de recursos (REIS, 2002).
Na época do experimento, a receita média da saca de 50 kg de milho, na
região, foi de R$20,00/saco, sendo o kg vendido a R$ 0,40 (quarenta centavos de
real). Vale ressaltar que, na agricultura familiar agroecológica local, o milho não é
cultivado com o intuito de comercialização e sim, destinado ao autoconsumo das
famílias e alimentação de pequenos animais domésticos, como frangos, patos,
porcos, dentre outros.
Na região, o abacaxi é vendido por até R$ 5,00/fruto na entressafra e R$ 2,00
na safra. Os agricultores ecológicos do P.A. Humaitá, no Acre, vendem o abacaxi
orgânico na safra por preços que variam de R$ 1,00 a R$ 2,50, preço médio de R$
1,75 o fruto. Pode-se considerar que não preço social, justo ou ambiental sobre
os produtos orgânicos no Estado, sendo comercializados pelo mesmo valor que os
não orgânicos.
69
Na agricultura familiar no estado do Acre, muitos dos alimentos produzidos
visam inicialmente o abastecimento para alimentação da família e da criação de
animais, como é o caso da produção de milho. Entretanto, a produção em maior
escala é para a comercialização com a finalidade de gerar renda. Assim, pode se
destacar que em 36% dos municípios priorização da pecuária de leite e em 32%
a farinha de mandioca e, em apenas 9% deles, produção de grãos como arroz,
milho e feijão (ACRE, 2009).
Araújo Neto et al. (2008) também obteve receita quida positiva para plantio
de maracujá no estado do Acre em sistema de plantio orgânico com plantio direto. A
lucratividade do sistema agrícola orgânico neste Estado fortalece os pequenos
agricultores, criando oportunidades para estabelecimento no mercado interno,
possibilitando, ainda, agregação de valor pela qualidade dos alimentos.
Na conversão da área de pastagem, os métodos de preparo e limpeza de
área que proporcionou maior rentabilidade foram: uso de roçadeira costal (R$
9.256/ha), roçadeira costal com capina (R$ 8.857/ha), seguido da tração animal (R$
8.811/ha). Na conversão de área de puerária, os melhores resultados econômicos
foram o uso de frango no pastejo inicial da área (R$ 13.611/ha), seguido da capina
com facão na linha (R$ 10.285/ha) e total da área (R$ 10.175/ha).
Na avaliação financeira dos custos de produção em todos os tratamentos nos
dois experimentos, observou-se que os custos variáveis foram superiores aos custos
fixos no processo produtivo (FIGURA 13 e 14). Este quadro reflete o baixo poder de
aquisição de equipamentos mecanizados e infra-estrutura onerosa na produção
familiar, principalmente, pela detenção de baixa quantidade de capital para
investimentos.
70
FIGURA 13 Proporção entre os custos fixos e variáveis entre os tratamentos do
Experimento 1.
FIGURA 14 Proporção entre os custos fixos e variáveis entre os tratamentos do
Experimento 2.
Todos os tratamentos nos Experimentos 1 e 2 apresentaram rentabilidade
liquida positiva, mesmo tratando-se de métodos de preparo diferenciados,
principalmente, pelo uso da força de trabalho familiar e mecanizada. Entretanto, do
ponto de vista da valorização do trabalho familiar e da menor dependência de
insumos externos, a propriedade, os métodos de capina manual total ou na linha,
roçadeira, pastejo intensivo com bovinos ou frangos são mais indicados, além de
promover a garantia da conservação dos recursos naturais e a remuneração justa ao
0
20
40
60
80
100
Capina total Radeira costal Roçadeira+Capina Aração
convencional
Aração com tração
animal
Pastejo bovino
%
Tratamentos
Custos variáveis Custos fixos
0
20
40
60
80
100
Manual na linha Manual total Roçadeira Aração-gradagem Pastejo frangos Pastejo bovinos
sem limpeza
Pastejo bovinos
com limpeza
%
Tratamentos
Custos variáveis Custos fixos
71
agricultor, proposta pela Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003 (Brasil, 2003) e
estabelecido na Agenda 21 brasileira.
Nos custos variáveis, o item que mais influenciou no custo total foi a utilização
de mão-de-obra (TABELA 11 e 12).
TABELA 11 Relação de custos financeiros para a produção orgânica do milho em sistema
consorciado com abacaxi em substituição de pastagem (Braquiaria brizanta)
com 20 anos.
Custos
variáveis
Tratamentos
Capina
Total
Roçadeira
costal
Roçadeira+
Capina
Aração
convencional
Aração tração
animal
Pastejo
bovino
Insumos 2.535 2540 2.531 2.526 2.528 2530
Serviços 400 400 400 800 400
Mão-de-obra 2.328 1.568 1.768 1.488 1.820 1.776
Custos
alternativos
583 493 516 482 522 517
Total 5.846 5.001 5.214 5.295 5.270 5.223
TABELA 12 Rentabilidade econômica da produção orgânica do milho em sistema
consorciado com abacaxi em substituição de puerária (Pueraria
phaseoloides) com 4 anos.
Custos
variáveis
Tratamentos
Capina
Total
Capina
na linha
Roçadeira
costal
Aração
conven-
cional
Pastejo
com
frangos
Pastejo
bovino sem
limpeza
Pastejo
bovino com
limpeza
Insumos 2.107 2.107 2.107 2.107 39.522 2.107 2.107
Serviços 400 400 400 800 400 400 400
Mão-de-obra 2.200 1.380 1.460\ 1.380 1.600 1.560 1.600
Custos
alternativos
466 574 486 524 4.992 498 502
Total 5.173 4.461 4.453 4.811 46.514 4.565 4.609
A conversão de área de pastagem com a capina total da área exigiu 97
homem/dia/ha, representando 39% dos custos totais (R$ 5.846/ha). O preparo do
solo com aração convencional exigiu menor mão-de-obra (60 homem/dia/ha),
representando 26% do custo total de R$ 5.295/ha.
Na conversão da área de pousio com puerária, a capina manual na linha
proporcionou menor uso de mão de obra (74 homem/dia/ha, representando 31% do
72
custo total) e custo de produção (R$ 4.461/ha), enquanto a limpeza com capina total
exigiu, entre os tratamentos, maior consumo de o-de-obra (115 homem/dia/ha,
representando 43% do custo total) e custo de R$ 5.173/ha que garantiu receita
líquida alta. O maior custo foi observado no manejo de pastejo com frangos R$
46.514/ha, principalmente em decorrência dos insumos com ração, milho, aquisição
dos pintos e vacinas (85% dos custos totais).
Na agricultura familiar dificilmente a mão-de-obra é contabilizada como custo
de produção pelos agricultores, com exceção quando são pagas diárias para
terceiros para auxiliar em atividades isoladas. Araújo Neto et al. (2009) revelaram
que é importante a contabilização da mão-de-obra familiar pelo agricultor, pois este
processo gera renda e entra como receita da família. Vale ressaltar que, atualmente,
existe grande migração da população mais jovem da zona rural para a cidade, para
a conclusão dos estudos ou pela busca de outras formas de trabalho, ocasionando
pouca oferta de mão-de-obra no campo.
A limpeza da terra com utilização de roçadeira é apontada como alternativa
ecológica para ambos os experimentos com pastagem e puerária, pelo baixo uso de
mão-de-obra e pela economia do tempo de trabalho com a limpeza da área.
Um entrave na definição do custo de produção pelo produtor está na não
contabilização da mão-de-obra familiar, dos insumos existentes em sua
propriedade, como por exemplo, mudas e sementes armazenadas, e do valor
agregado da qualidade do produto orgânico para o meio ambiente e saúde humana
e animal. Esta falta de contabilização de seus gastos reais no processo produtivo
ocasiona uma subestimação do valor do produto no momento da comercialização.
Estudos de Gomes e Moraes (1998) enfatizaram que, na maioria das vezes, a
produção agrícola de grãos o representa uma atividade de grandes lucros para o
agricultor familiar, no entanto, exerce papel de grande importância para o consumo
da família e para a criação de pequenos animais.
A cultura do milho é muito empregada entre os produtores familiares
agroecológicos no Projeto de Assentamento Humaitá, em arranjo agrícola
consorciado com outras culturas como feijão, mandioca e abacaxi. Geralmente, o
milho é cultivado com a finalidade de abastecimento da propriedade familiar para
alimentação de animais (galinhas caipira, patos, porcos, dentre outros), não
priorizando a sua comercialização.
73
A substituição do sistema tradicional de cultivo com a utilização de áreas que
estão em pousio natural oriundo do processo de derruba e queima, pode ser
aperfeiçoada e, em geral, com mais produtividade quando se faz a utilização de
leguminosas, como a puerária. Esta prática diminui o período de pousio para o
replantio agrícola, incorpora diversos nutrientes ao solo através da liberação de
matéria orgânica, diminui a pressão sob áreas de floresta para derruba e queima,
dentre outras vantagens (GOMES; MORAES, 1998).
A maioria dos estudos econômicos realizados, seja por agricultores,
pesquisadores ou Governos, levam em consideração apenas a depreciação de
recursos materiais como equipamentos e construções, entretanto Altieri (2009)
reportou-se à importância da consideração da depreciação e mudanças do potencial
produtivo dos recursos naturais. No estado do Acre, o uso da terra de maior
expressão são as pastagens, entretanto, quando analisadas quanto à produtividade,
é notória a depreciação da produção de biomassa, erosão, assoreamento de
igarapés, fertilidade do solo, entre outros fatores, ocasionando redução da
produtividade e degradação do ecossistema de produção (ACRE, 2006).
A rotação entre culturas agrícolas e, também, de sistemas diferentes de
produção, como cultivos agrícola e pastagem, promove a renovação dos nutrientes e
de matéria orgânica, a diversificação genética, mudanças na diversificação da fauna
e flora do solo e sobre o solo, entre outros benefícios, desde que sejam utilizados
princípios agroecológicos de conservação do solo e dos recursos hídricos.
74
4 CONCLUSÃO
Todos os tratamentos de preparo do solo para conversão de área de
pastagem e de pousio com puerária para cultivo consorciado de milho e abacaxi
mostraram-se economicamente viáveis.
Os métodos manuais, pastejo com bovinos e frangos, usos de roçadeiras
costais e de tração animal apresentam-se como alternativas para preparo do solo
com receita liquida positiva em sistema agroecológico no Acre.
75
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5 CAPITULO III
EFICIÊNCIA E BALANÇO ENERGÉTICOS DO CONSÓRCIO DE MILHO E
ABACAXI EM SISTEMA DE CULTIVO AGROECOLÓGICO
78
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência e o balanço energéticos do
consórcio de milho e abacaxi em sistema de cultivo agroecológico no município de
Porto Acre, Acre, Brasil. Foram analisadas as entradas e saídas energéticas da
conversão em agricultura de duas áreas experimentais: 1- pastagem com 20 anos
de pecuária extensiva, com métodos de preparo do solo: capina manual total,
roçadeira costal motorizada, aração-gradagem convencional, pastejo bovino
intensivo e aração com tração animal; e 2- área em pousio com puerária a quatro
anos, usando: capina na linha de plantio, capina total, roçadeira costal motorizada,
aração-gradagem convencional, pastejo bovino intensivo e pastejo intensivo com
frango caipira. Os melhores resultados no Experimento 1 para a conversão de
pastagem de braquiária para eficiência e balanço energéticos foram capina manual
em área total e roçadeira costal motorizada e, no Experimento 2, a conversão de
área de pousio de puerária a capina manual na linha e na área total apresentaram
melhores resultados. A utilização de métodos de preparo do solo que utilizam menos
insumos externos como combustíveis fósseis, tornam-se energeticamente viáveis.
Palavras-chave: Eficiência energética, balanço energético, tração animal, plantio
direto.
79
ABSTRACT
The objective of this work was to evaluate energy efficiency and energy balance of
intercropped corn and pineapple crops in a agro ecological crop system in Porto
Acre, Acre, Brazil. Energy inputs and outputs were analyzed in the agriculture
conversion from two experimental areas: 1 20 years old pasture of extensive
puerária, with the following soil preparation methods: total manual control,
mechanized, coastal mower, conventional ploughing-leveling, cattle intensive
grazing and ploughing with animal traction. 2 4 years old bare area with puerária
using: manual control on crop row, total manual control, mechanized, coastal mower,
conventional ploughing-leveling, cattle intensive grazing and intensive grazing with
broiler chicken. The best results on experiment 1 in braquiaria pasture conversion in
terms of energy efficiency and balance, were manual control in total area and
mechanized coastal mower. In the exp. 2, bare area conversion presented the best
results with manual row control and total area que?(manual control?). The utilization
of soil preparation methods that consume less outputs, like fossil fuels, becomes it
energetically viable.
Keywords: Energy efficiency, energy balance, animal traction, no-tillage.
80
1 INTRODUÇÃO
A modernização da agricultura tem despertado atenção pelo alto consumo de
combustíveis fósseis, proporcionando aumento em investimentos tecnológicos,
financeiros e no uso recursos não renováveis. Na agricultura, é crescente a
dependência do uso de agro-químicos, como fertilizantes, fungicidas, herbicidas e
pesticidas, tendo forte impacto negativo no meio ambiente e na saúde pública
(PIMENTEL, 2005; COMITRE, 1995).
Desta forma, cria-se um ciclo extremamente complexo e delicado, de forma
que, à medida que se alcança alta produtividade, atinge-se também um padrão de
consumo energético de elevada dependência, considerando que o País não possui
auto-suficiência, o que caracteriza uma dupla dependência: tecnológica e econômica
(COMITRE, 1995).
Muitos estudos têm sido desenvolvidos com o intuito de estimar o balanço
energético, principalmente em virtude do maior consumo mundial de energia ser de
fonte não renovável (66,7%; petróleo, carvão mineral e gás natural). Assim
buscando a definição das formas de uso da energia na agricultura mais ou menos
sustentáveis no sistema produtivo (MELO et al., 2007; GLIESSMAN, 2002).
Nos agroecossistemas, na produção de alimentos necessita-se não somente
de energia capturada do sol, mas também energias adicionais oriundas do trabalho
humano, animal, insumos, equipamentos, maquinários, entre outros processos.
Desta forma, para a contabilização do balanço energético é necessária a
contabilização de todas as entradas e saídas de energia do sistema produtivo.
Atualmente, um dos desafios da pesquisa tem sido conciliar o aumento de
produtividade com custos ambientais e sociais mais reduzidos. Dessa forma, a
análise da eficiência e balanço energéticos constitui-se como um instrumento com
grande potencial para verificar a economia energética e aumento da eficiência de
insumos, e assim, auxiliando na tomada de decisões relativas à adoção de novas
técnicas e manejos agropecuários (CAMPOS; CAMPOS, 2004), aumentando o nível
de competitividade no mercado (TEIXEIRA et al., 2005) e indicando caminhos mais
sustentáveis para a agricultura. Gliessman (2002) demonstrou que quanto maiores
81
as mudanças nos processos naturais para a produção de alimento, maior também é
a quantidade de energia adicionada ao sistema.
A geração de informações específicas para espécies em sistemas de manejo
de solo ou rotação de culturas torna-se de grande valor (SANTOS et al., 2007). A
análise energética permite a quantificação dos recursos naturais e não-naturais na
entrada e saída do sistema produtivo, possibilitando uma análise da
sustentatibilidade e influência de produtos externos à propriedade.
Poucos são os trabalhos existentes no Brasil sobre eficiência e balanço
energéticos em que se comparam espécies e cultivos sob diferentes sistemas de
manejo de solo e de rotação de culturas. Diversos autores estudaram espécies em
monocultivo (CUNHA et al., 2002. CAMPOS et al., 2005; TEIXEIRA et al., 2005;
MELO et al., 2007). Em relação à eficiência e balanço energéticos de sistemas de
rotação de culturas ou sistemas mistos (lavoura + pecuária) podem-se destacar os
trabalhos de Santos et al. (2000) e Santos et al. (2007) e com relação a cultivos
orgânicos, as pesquisas de Souza et al. (2007).
Um dos princípios do sistema de produção agroecológico tem sido a utilização
mínima possível de insumos externos à propriedade, o que implica em aumento de
eficiência energética. Um exemplo prático deste princípio foi descrito por Melo et al.
(2007) quando visualizou que ao reduzir o uso de insumos, como adubos,
herbicidas, inseticidas e fungicidas, na produção de milho e soja, aumentaria a
eficiência energética.
Neste trabalho, objetivou-se avaliar a eficiência e balanço energéticos de
sistema de cultivo agroecológico consorciado de milho e abacaxi, no município de
Porto Acre, Acre, Brasil.
82
2 MATERIAL E MÉTODOS
As áreas experimentais deste trabalho localizam-se no Projeto de
Assentamento Humaitá, no Município de Porto Acre, estado do Acre, Brasil (FIGURA
15). O clima é quente e úmido, do tipo Am, segundo a classificação de Köppen, com
temperaturas médias anuais variando em torno de 24,5ºC, umidade relativa do ar de
84% e precipitação variando entre 1700 a 2400 mm (ACRE, 2006).
FIGURA 15 Localização do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá, no município de
Porto Acre-AC.
Para a avaliação energética do sistema produtivo é necessária a
quantificação de todas as entradas, também chamadas de energia consumida,
como: sementes, mudas, mão-de-obra, calcário, maquinário, entre outros, e saídas
também chamadas de energia produzida, como grão do milho, fruto do abacaxi e
frango. Para os cálculos, foram realizadas revisões de estudos que quantificaram os
coeficientes energéticos identificados em trabalhos científicos (APÊNDICES E e F).
A metodologia utilizada neste trabalho para estimar a eficiência energética
(EE) faz-se referência à metodologia empregada no estudo de Pimentel (1980), de
acordo com a fórmula abaixo:
83
em que:
EE = Eficiência Energética;
= total de saída de energia (produção agrícola);
= total de entrada de energia (energia biológica + energia
industrial).
Segundo Comitre (1994), a energia do fluxo de entrada pode ser de duas
formas: direta e indireta. A direta baseia-se no gasto de energia direto, sem que seja
necessária nenhuma transformação, como por exemplo, mão-de-obra, sementes,
biomassa, entre outros. A energia indireta é aquela gasta de forma parcial, como
fabricação, transporte e armazenagem de bens e serviços que são empregados na
produção (FIGURA 16).
FIGURA 16 – Fluxograma de entradas e saídas de energia do sistema.
Adaptado de COMITRE (2004)
MEIO AMBIENTE
84
Outra subdivisão também pode ser aplicada em energia biológica, fóssil e
industrial. A energia proveniente do trabalho humano ou animal e de origem vegetal
é denominada biológica; fóssil é aquela de origem do petróleo, como combustíveis; e
industrial é a energia não biológica, originada de processos e transformações
industriais, como máquinas e implementos agrícolas, corretivos, entre outros.
Neste trabalho, os fluxos contabilizados serão de entrada: classificados em
energia direta e indireta e origem biológica e industrial; e de saída: produção
agrícola do sistema. Não serão contabilizados os resíduos e perdas por ser difícil e
complexa a mensuração e por acreditar que estes podem ser compensados no
processo de reciclagem.
Na conversão do sistema produtivo em unidades energéticas foi utilizado
megajoule por hectare (MJ.ha
-1
) como unidade padrão, sendo esta a mais utilizada
em estudos de contabilização e avaliação energética. Esta unidade pode ser
transformada para outras unidades utilizando a expressão:
1.000 cal (calorias) = 1 kcal (kilocaloria) = 4186,8 J (joule) = 0,0041868 MJ (megajoule)
Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de
probabilidade utilizando-se o programa estatístico Assistat versão 7.4 beta. O
Quadro de análise de variância segue no APENDICE G e H.
85
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores da eficiência energética e do balanço energético da produção
consorciada de milho e abacaxi em sistema agroecológico estão apresentados nas
TABELAS 13 e 14.
TABELA 13 Análise energética em hectare de pastagem de braquiária convertida com
diferentes formas de preparo do solo para produção do milho consorciado
com abacaxi em sistema orgânico.
Tratamentos Eficiência energética
Capina total 10,10:1 a
Roçadeira costal 9,13:1ab
Roçadeira costal + capina total 8,60:1 b
Aração convencional 8,20:1 b
Aração com tração animal 8,50:1 b
Pastejo bovino 8,08:1 b
Coeficiente de Variação (%) 6,12
TABELA 14 – Análise energética em hectare de pousio com puerária convertida com
diferentes formas de preparo do solo para produção do milho consorciado
com abacaxi em sistema orgânico.
Tratamentos Eficiência energética
Capina na linha 12,83:1 a
Capina total 11,28:1 a
Roçadeira costal 8,38:1 b
Aração convencional 7,55:1 b
Pastejo com frangos 0,20:1 c
Pastejo bovino sem limpeza 8,48:1 b
Pastejo bovino com limpeza 8,28:1 b
Coeficiente de Variação (%) 9,09
No Experimento 1, o tratamento de melhor eficiência energética foi o de
capina total, sendo que os demais tratamentos não diferem entre si. No Experimento
2, foram os tratamentos capina na linha e total, seguido pela roçadeira costal, aração
86
convencional e o pastejo intensivo com bovino com plantio direto e com limpeza da
área de plantio.
No estado do Acre, os cultivos, consorciados ou não, são comumente
preparados de forma manual, principalmente pelos agricultores orgânicos. A escolha
do manejo do solo é uma decisão de grande relevância com relação à eficiência
energética e à produtividade. Freitas et al. (2006) realizaram estudos para avaliar as
diversas formas de preparo do solo e observaram que o sistema de plantio direto foi
superior às formas de preparo convencionais, com eficiência energética por volta de
5,0.
Atualmente, as diferentes formas de preparo do solo agrícolas fazem uso de
quantidades energéticas cada vez maiores, com o intuito de maximizar a
produtividade (COMITRE, 1994). Entretanto, este sistema não consegue manter o
custo-benefício do ponto de vista energético, sendo este cenário observado neste
trabalho. Neste caso, a aração convencional do solo não proporcionou um aumento
de produtividade significativamente superior o suficiente para manter a eficiência
energética do sistema, como evidenciado pela análise estatística.
No Experimento 2, a menor eficiência energética foi atribuída ao pastejo
intensivo com frangos. Este resultado reflete a grande quantidade de energia de
embutida em bebedouro, comedouros, ração e galinheiro, insumos estes,
necessários para a criação dos animais. A matéria-prima empregada nestes insumos
é principalmente o plástico, fazendo com que este tratamento tenha baixa eficiência
energética.
Em estudo realizado por Souza et al. (2007) foi observado que, mesmo em
sistema orgânico de cultivo, a utilização de materiais externos à propriedade e com
componentes de combustível fóssil, tende a diminuir a eficiência energética.
Segundo Zaffaroni e Locatelli (1980), em trabalho realizado na Costa Rica, a
eficiência energética foi positiva no cultivo de milho com trabalho manual e aração
convencional, uma vez que houve controle das ervas daninhas, assim, a escolha do
nível tecnológico foi proporcional ao aumento da produtividade. Em trabalho
desenvolvido por Frigo et al. (2008) avaliando a eficiência energética da produção de
pinhão-manso, foi relatado que gastos de origem industrial ficaram em torno de 88%,
tendo eficiência energética de 0,25; para cada 0,25 unidades de energia produzida
foi gasto 1 unidade de energia.
87
Conforme trabalho realizado por Santos et al. (2007) os sistemas de rotação e
consórcio de culturas possuem maior eficiência energética do que monocultivos.
Estes autores ainda relataram que o manejo de solo com princípios
conservacionistas ou agroecológicos, associados à rotação e/ou consórcio de
culturas tende a potencializar o uso eficiente de energia nos sistemas agrícolas.
Um dos princípios da agricultura sustentável é reduzir o consumo de energia
de origem renovável, de forma a manter alta eficiência energética da produção
(SOUZA; RESENDE, 2006). Uma das formas de manter a agricultura mais
sustentável do ponto de vista ecológico, econômico e energético é não apenas
substituir insumos sintéticos por insumos naturais, mas aplicar processos de
adubação verde, proteção do solo, plantas companheiras, aproveitamento de luz.
Desta forma, garante uma produtividade que garanta a conservação dos recursos
naturais, eficiência energética e a remuneração justa ao agricultor, proposta pela Lei
10.831, de 23 de dezembro de 2003, e estabelecido na Agenda 21 brasileira.
Nas FIGURAS 17 e 18 observa-se a proporção de gastos energéticos em
relação a sua origem: biológica, fóssil e industrial. Esta análise permite dimensionar
o nível de grandeza na utilização e dependência de energias não renováveis ou
externas à propriedade.
FIGURA 17 – Distribuição percentual das entradas energéticas no Experimento 1.
0
20
40
60
80
100
Capina total Roçadeira costal Roçadeira costal +
capina total
Aração
convencional
Aração com tração
animal
Pastejo bovino
%
Biológica Fóssil Industrial
88
FIGURA 18 – Distribuição percentual das entradas energéticas no Experimento 2.
Os tratamentos com melhores valores de eficiência energética em ambos os
experimentos são os que apresentam pouco uso de energia de origem fóssil e
industrial. Salla et al. (2010) em estudo com o processamento de mandioca para
biodissel, também verificaram que o uso de energia ssil, como insumos, reduz a
eficiência energética significativamente.
Em estudos realizados no Macorros por Mrini, Senhaji e Pimentel (2001), foi
observado que no cultivo da cana-de-açúcar, mesmo em pequenas propriedades, o
maior consumo de energia estava vinculado à irrigação, trabalhos mecanizados e
agroquímicos. De acordo com Mohammadi et al. (2008), em estudos realizados para
a análise da produção de batata no Irã, em torno de 82% dos gastos energéticos da
produção são com sementes, fertilizantes, adubos, produtos químicos e máquinas,
sendo os restantes (18%), gastos com mão-de-obra e combustíveis.
Clements et al. (1995) observaram que o gasto energético no controle de
plantas daninhas no monocultivo de milho, soja, trigo e cultivo rotacionado
constataram economia de energia do sistema convencional com herbicida para o
sistema alternativo, mecanicamente.
Todos os trabalhos relatados acima, além de outros como Ercoli et al. (1999),
Fernandes et al. (2008), Gajaseni (1995) e Strapatsa, Nanos e Tsatsarelis (2006),
assim como o estudo em questão, mostraram que quanto maior o uso de insumos
externos à propriedade e de origem fóssil, maiores são os custos energéticos,
0
20
40
60
80
100
Capina na linha Capina total Radeira costal Aração
convencional
Pastejo com
frangos
Pastejo bovino
sem limpeza
Pastejo bovino
com limpeza
%
Biológica ssil Industrial
89
principalmente porque o aumento do uso de energia nem sempre significa aumento
de produtividade. O ponto chave para o equilíbrio energético trata-se não somente
da eliminação das fontes de energia fóssil ou industrial do sistema de produção, mas
também a conciliação entre sistemas alternativos de produção agrícola (desde o
preparo do solo, sistema de plantio, manejo de plantas daninhas, colheita e
transporte) que promova a redução dos excessivos gastos energéticos (CLEMENTS
et al., 1995; PIMENTEL, 1993).
Na Amazônia, os pequenos agricultores produzem alimentos com eficiência
energética por utilizarem sistemas agrícolas tradicionais, realizados de forma
diversificada e rotativa e com poucos ou nenhum uso de insumo fóssil ou industrial
externo à propriedade. Este cenário favorece a alta eficiência energética, mesmo
que muitas vezes a produtividade seja muito inferior aos grandes monocultivos para
exportação.
A agricultura orgânica além de seus inúmeros benefícios ao meio ambiente,
como a não utilização de agroquímicos, reutilização de resíduos orgânicos, maior
qualidade do solo, seqüestro de carbono, dentre outros, também é apontada como
maximizadora da eficiência energética como mostram estudos de Dalgaard et al.
(2001), Gündoğmuş (2006), Parr, Papendick e Youngberg (1983) e Pimentel et al.
(2005).
90
4 CONCLUSÃO
Esta pesquisa possibilitou mensurar e chegar a uma primeira aproximação da
eficiência energética para os atuais modelos de produção da agricultura ecológica
no estado do Acre, podendo indicar padrões de sustentabilidade do sistema.
Para a conversão de pastagem de braquiária, a capina manual em área total
e roçadeira costal motorizada proporcionaram melhor eficiência energética e na
conversão de área de pousio de puerária, a capina manual na linha e na área total
são os métodos mais eficientes energeticamente.
O único tratamento que apresentou maior gasto do que ganho energético no
sistema produtivo foi no Experimento 2, no preparo do solo com pastejo intensivo
com frangos, decorrência do grande uso de insumos industriais e fósseis.
Recomenda-se a realização do outros experimentos utilizando o tratamento
com pastejo intensivo com frangos associando equipamentos confeccionados com
matéria-prima com menor aporte energético. Como exemplo, galinheiro com
materiais não industriais, testando se há ou não redução dos custos energéticos.
91
REFERÊNCIAS
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6 CAPÍTULO IV
PESQUISA-AÇÃO NA CONVERSÃO DE ÁREA DE PASTAGEM DE BRAQUIÁRIA
PARA PRODUÇÃO DE FEIJÃO EM SISTEMA DE CULTIVO AGROECOLÓGICO
96
RESUMO
O conhecimento e as tecnologias geradas pela pesquisa científica geralmente se
distanciam do processo produtivo sendo pouco utilizado pelos agricultores. Desta
forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade técnica da prática de
aproveitamento de áreas de pastagem com baixa produtividade para cultivo de feijão
considerando o agricultor como ator principal, constituindo portanto em uma
pesquisa- ação. A área experimental foi instalada no Projeto de Assentamento
Humaitá no município de Porto Acre, Estado do Acre. Na instalação de dois
experimentos científicos com delineamento estatístico, com 24 parcelas
experimentais cada e pouco envolvimento dos agricultores. Houve uma ação dos
agricultores em direção a equipe do projeto no sentido de instalar um experimento
com a conversão de área com pastagem em cultivo de feijão utilizando
conhecimento tradicional e apenas uma parcela experimental. A área de pastagem
de braquiaria possuía mais de 20 anos, utilizando como manejo, o uso do fogo nos
12 primeiros anos e a rotação de animais. A área com braquiária foi gradeada e
calcariada (1.000 kg ha-1) e semeada mucuna preta a lanço (100 kg ha-1). Antes da
floração, a mucuna foi roçada e semeado o feijão cv. Rosinha à lanço. A
produtividade do feijoeiro foi de 621 kg ha-1. O agricultor adquiriu maior confiança
nas pesquisas científicas através do processo participativo, além de trazer uma área
de cultivo (roçado) para próximo de sua residência e aproveitar áreas de baixa
produtividade, sem necessidade de deflorestamento e queimadas.
Palavras-chave: Phaseolus vulgaris, pesquisa ação, agricultura familiar, adubo
verde.
97
ABSTRACT
Knowledge and technology generated by scientific research usually are not well
integrated with small farmer production systems. This paper evaluates the conversion
of low-productivity pasture areas to bean cultivation, featuring the participation of
farmers in the research design and implementation, a process known as participatory
action research. The experiment took place in Humaitá, an official settlement located
in Porto Acre, Acre state, Brazil. We worked with local farmers to design the
experiment around 2 areas with 24 parcels in each area. Local farmers worked as
part of the research team to install one experimental parcel using traditional
knowledge. The parcel has been in pasture cultivated with Brachiaria for 20 years,
which involved management with fire for 12 years followed by a rotating system since
then. The pasture was plowed and mixed with calcium (1.000 kg ha-1) and sowed
with Mucuna preta (100 kg ha-1). Before it flowered , we cut down the mucuna
planted the beans (cv. Rosinha). Beans productivity was 621 kg ha-1. Through full
participation in the research, local farmers gained greater confidence in scientific
knowledge. Participating farmers reaped additional benefits because they were able
to cultivate land near their houses again using previously low-productivity areas
instead of deforesting and burning new areas for cultivation.
Keywords: Phaseolus vulgaris, participatory action research, small farm, green
manure.
98
1 INTRODUÇÃO
O processo científico no campo da ciência rural possui grandes entraves
como a transferência e validação tecnológica, como o desconhecimento de pontos
de estrangulamento no sistema de produção da agricultura familiar e de políticas
públicas apropriadas a sua sustentabilidade, tratando os agricultores como meros
receptores de informação (THIOLLENT; SILVA, 2007; THIOLLENT, 1984).
O modelo atual utilizado pela maioria das instituições, tanto de ensino como
de extensão, baseia-se em um processo linear, em que são geradas as pesquisas, a
extensão transmite e o agricultor adota. Em outros modelos, principalmente nas
instituições de ensino, as informações geradas muitas vezes não chegam aos
agricultores, pois o principal meio de divulgação são as revistas científicas e
congressos.
Neste contexto, a pesquisa-ação vem sendo cada vez mais utilizada no meio
científico, de forma a completar a lacuna que existe entre os atores que produzem a
informação e aqueles que de fato a utilizarão, além de aprofundar o elo entre
pesquisador-agricultor, entendendo suas necessidades e demandas, fortalecendo o
processo de empoderamento dos conhecimentos pelos agricultores (THIOLLENT;
SILVA, 2007; TOZONI-REIS, 2007; OLIVEIRA; CENTENO, 2002; FERREIRA, et al.,
2009).
Em trabalhos científicos são necessários tratamentos, repetições,
delineamento experimental e outros componentes científicos que muitas vezes criam
certo distanciamento dos agricultores pela falta de praticidade vivenciada por eles no
dia-a-dia. Bordenave (1994) esclareceu muito bem esta questão em que os
agricultores não se sentiam parte do projeto apesar de fazerem parte. A equipe
entendeu que seria importante criar mecanismos para entusiasmar os agricultores,
pois o entusiasmo é uma característica importantíssima na inovação tecnológica da
extensão rural.
Durante o planejamento dos experimentos foi construída entre a equipe do
projeto e um dos agricultores uma pesquisa-ação, com participação maior do
agricultor, definindo o problema e a metodologia a ser utilizada. Para isso, a equipe
99
entendeu que a construção coletiva de um novo conhecimento, que levaria a uma
nova forma de fazer agricultura, seria um caminho mais fácil. É o que (1977) chama
de educador-educando e educando-educador, principalmente quando se adota uma
visão holística, como em agroecologia, em que os técnicos passam a ver a
necessidade de considerar a percepção dos agricultores, afirma Machado et al.
(2006). Tripp (2005) descreve o ciclo em que se pode compreender melhor a
pesquisa-ação (FIGURA 19)
FIGURA 19 - Representação em quatro fases do ciclo básico da investigação-ação.
FONTE: TRIPP (2005)
Freire (1977) afirmou que é tarefa do agrônomo “educar e de se educar-se”,
não podendo aceitar que seu trabalho seja rotulado por um conceito que o “nega”, o
de mero extensionista, que estende seu conhecimento (técnica) ao agricultor (sujeito
e não objeto).
Uma característica marcante em experimentação com agricultores é o número
reduzido de parcelas experimentais (BUNCH, 1994), que sai do modelo
experimental e estatístico exigido pelos projetos e pesquisadores, sendo assim,
considerado como desafio a ser enfrentado, que foge aos padrões de publicações
de artigos científicos em periódicos de Qualis de alto nível.
A decisão de instalação deste trabalho, juntamente com os dois outros
experimentos na conversão de pastagem de braquiária e pousio de puerária para
Ação
Investigação
100
plantio de milho e abacaxi, teve o aceite dos agricultores que foram motivados pela
boa relação com a equipe do projeto e por terem benefícios materiais e cnicos. No
entanto, para que os agricultores pudessem ser envolvidos de forma mais completa,
foi elaborado juntamente com o agricultor uma nova área de avaliação envolvendo a
proposta dos desenhos experimentais com delineamento estatístico e a vivência do
agricultor conciliando com suas idéias e perspectivas.
Assim, a equipe do projeto teve papel fundamental nesse processo de
educação quando provocou os agricultores a experimentar novas formas de plantio
em áreas alteradas, abordando duas problemáticas existentes: reutilização de áreas
de pastagens subutilizadas - atualmente no estado do Acre, estima-se que mais de
60% das áreas alteradas são formadas por pastagens e destas mais de 50%
possuem baixa produtividade, tornando-se subutilizadas e com pouca produtividade;
e trazer áreas de cultivo mais próximas das residências - a forma de ocupação da
terra na Amazônia ocorre com o processo itinerante de derruba e queima, tornando
as áreas de plantio cada vez mais longe da residência, uma vez que não são
reutilizadas as áreas desmatadas. No estado do Acre, estima-se que os
agricultores com mais de 20 anos de exploração se desloquem até 5 quilômetros
para ir e vir ao roçado.
Portanto, como a equipe do projeto estava contemplada com a instalação dos
dois experimentos técnicos e o agricultor com a pesquisa-ação, o objetivo desta
pesquisa foi avaliar a viabilidade técnica e prática da conversão de pastagem de
braquiária para produção de feijão.
101
2 MATERIAL E MÉTODOS
A área experimental deste trabalho localiza-se no Projeto de Assentamento
Humaitá, Ramal Flaviano Melo, km 07, no Município de Porto Acre, estado do Acre,
Brasil (FIGURA 20). O clima é quente e úmido, do tipo Am, segundo a classificação
de Köppen, com temperaturas médias anuais variando de 24,5ºC, umidade relativa
do ar de 84% e precipitação varia de 1.700 a 2.400 mm (ACRE, 2006).
FIGURA 20 Localização do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá no município de
Porto Acre-AC.
A parcela experimental única com 0,5 ha possuía uso de pastagem formada
com Brachiaria brizantha 20 anos. Na área não era feito nenhum manejo com
adubação ou calagem. Os únicos manejos dado à pastagem foram a reforma
periódica com queima, a cada dois ou três anos, e a rotação dos bovinos entre as
glebas. Nesta propriedade a prática do uso do fogo no sistema agrícola foi eliminada
desde 2002 para sua conversão em propriedade orgânica, sendo nestes últimos
anos manejada apenas com rotação de bovinos.
No mês de novembro de 2008 foi aplicado a lanço na área 1.000 kg ha
-1
de
calcário dolomítico (FIGURA 21) e, em seguida, foi gradeada com grade-aradora
102
acoplada a trator agrícola (FIGURA 22), sendo passada a grade duas vezes
consecutivas. Após a gradagem, foram semeados a lanço 100 kg ha
-1
de sementes
de mucuna preta (FIGURA 23). Após sete meses de cobertura do solo pela mucuna
preta, esta foi roçada com roçadeira costal motorizada para o plantio do feijão cv.
Rosinha, que foi semeado a lanço na quantidade de 50 kg ha
-1
(FIGURA 24).
FIGURA 21 – Aplicação do calcário a lanço na área do produtor Valdir Silva.
FIGURA 22 – Preparo do solo com aração convencional.
103
FIGURA 23 – Plantio de feijão em área anteriormente com pastagem de braquiária.
FIGURA 24 – Transição entre a pastagem com braquiária e plantio de feijão após pousio de
seis meses com puerária.
104
Uma característica peculiar deste experimento é que o feijoeiro foi implantado
no início do mês de junho, contrariando a época de plantio do feijão no Acre (abril).
Isto ocorreu pelo prolongamento do período chuvoso no ano de 2009 e pela
cobertura morta promovida pela palhada de mucuna preta. A produtividade do
feijoeiro foi analisada em área total com o arranquio e processamento (bateção)
manual.
Esta pesquisa-ação foi caracterizada pela análise do agricultor dos dois
experimentos delineados na conversão de pastagem e puerária, com a realização da
junção de ambos. Utilizou-se a melhoria do solo com o plantio da puerária em área
de pastagem de 20 anos, de forma que proporcionasse melhorias tanto na qualidade
química como física do solo.
105
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A produtividade do feijoeiro na área avaliada foi de 621 kg ha
-1
, sendo pouco
abaixo da média nacional em comparação à safra de 2006 que foi de 718 kg.ha
-1
.
Durante o período comum de plantio de feijão no estado do Acre, de março a abril,
correspondendo ao período chuvoso, grande parte dos agricultores teve grandes
perdas em seus plantios devido ao aparecimento de doenças como a mela do
feijoeiro (Thanatephorus cucumeris) e apodrecimento de sementes devido à grande
umidade. Na agricultora familiar, a cultura de consumir o alimento produzido na
própria propriedade é de grande importância para os agricultores, sendo
considerada uma questão de honra.
...mesmo sabendo que o feijão é barato para
comprar e que eu poderia estar fazendo outra
atividade mais lucrativa, há 20 anos morando
nesta propriedade sempre comi o feijão que
planto. (Agricultor Valdir Silva).
Outro resultado importante foi o de trazer o roçado para próximo da
residência. A cultura de derruba e queima ou também conhecida como agricultura
itinerante, ao longo do tempo leva as áreas de plantio para longe da sede da
propriedade, acarretando, com isso, maior custo de transporte dos produtos dentro
da propriedade e do seu próprio deslocamento. Na área da pesquisa-ação, após a
colheita do feijão, foi feito o plantio de banana e abacaxi, convertendo mais uma
nova área de pastagem para trabalhar agricultura agroecológica (FIGURA 25).
106
FIGURA 25 – Área da pesquisa-ação. Área com cultivo de frutíferas após a colheita do feijão
(A); nova área de converção de pastagem em agricultura agroecológica (B).
O agricultor experimentador em questão, assim como os outros agricultores
sócios do Grupo de Agricultores Ecológicos do P.A. Humaitá (GAEH) fizeram e
fazem várias pesquisas com experiências agroecológicas, no cultivo de fruteiras
(abacaxi, pupunha, banana, citros, mamão, abiu, cajá-manga) e de espécies para
autoconsumo (milho, fejjão, mandioca, arroz, inhame). Nos dois casos, testando
arranjos, cobertura de solo, métodos de preparo do solo, época de plantio e outros
problemas agrícolas locais, utilizando o conhecimento popular passado entre as
gerações.
Esses agricultores estão mostrando que é possível fazer agricultura na
Amazônia conservando os seus recursos naturais, mesmo fugindo à lógica de
muitos especialistas em agricultura, como Alves (2008), assessor direto do
Presidente da Embrapa.
Alves (2008) condena a Agricultura na Amazônia, afirmando ser impossível se
fazer agricultura, pois o custo econômico para fazer agricultura moderna é elevado,
principalmente pelo alto preço dos fertilizantes e corretivos e a dificuldade de acesso
na distribuição desses insumos. E o é politicamente correto se fazer agricultura
itinerante, pela baixa eficiência técnica e danos aos recursos naturais principalmente
pela queima da floresta na limpeza de área. Se Alves (2008) passar um ano agrícola
na Amazônia e tentar preparar terra ou colher com as maquinas da agricultura
A B
107
moderna, iria ter mais um forte argumento dessa inapta Amazônia, o excesso de
chuvas.
Talvez a agricultura na Amazônia e no Mundo não tenha mais problemas
agrícolas que os problemas estruturais. Giovenardi (2003) afirmou que as políticas
agrícolas fracassam por:
“...não atuarem no funcionamento estrutural e sistêmico do
complexo econômico rural, mantendo intocado o processo de
transferência de valores e de acumulação em mão de fora da
propriedade”... e que “... não se pode mais apostar apenas na
criatividade do pequeno agricultor para que ele faça mágicas
com o pouco que sobra, com a parte minúscula de seu produto
ou com a simples contenção de desperdício...” (Giovenardi,
2003).
Resolvendo o problema estrutural do complexo econômico relatado por
Giovenardi (2003), um dos principais fatores para a agricultura dar certo no Grupo
de Agricultores Ecológicos do Humaitá, na Amazônia, no Nordeste Brasileiro em
qualquer parte do globo é, dentre diversos fatores, mas em primeiro lugar a
predisposição do homem (agricultor). É o que Andrade (2009) observou ao analisar
os assentamentos São José II e Aroeira, na região de Chorozinho, estado do Ceará,
que utilizando a noção de habitus formulada por Pierre Bourdieu, verificou que o
sucesso dos agricultores do P.A. São José II é decorrente das disposições
incorporadas nas experiências (trajetória).
108
4 CONCLUSÕES
A pesquisa realizada juntamente com o agricultor, a qual chamamos de
pesquisa-ação, facilita a interação e compreensão do agricultor de questões
conceituais das interações ecológicas, sociais e econômicas das mudanças de uso
da terra, de pastagem para agricultura, além de gerar maior confiança do agricultor
nas pesquisas científicas.
O agricultor melhorou sua auto-estima em transformar sua área de
pastagem (pecuária) em área agrícola, mais próximo da residência.
109
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111
CONCLUSÕES
O uso de capina total, roçadeira costal, aração com tração animal e pastejo
bovino substituem o uso de trator para limpeza da área na conversão de pastagem
de braquiária para plantio de milho.
O uso de capinas na linha, capina total, roçadeira costal, pastejo com frango e
pastejo bovino substituem o uso trator para limpeza da área em puerária para plantio
de milho.
A conversão de áreas de pastagem de braquiária e de pousio com pueraria
utilizando métodos manuais, pastejo com bovinos e frangos, uso de roçadeiras
costais e tração animal é economicamente viável na produção de milho e abacaxi
em sistemas agroecológicos no Acre.
Para a conversão de pastagem de braquiária, a capina manual em área total
e roçadora costal motorizada proporcionam maior eficiência e balanço energéticos.
Para a conversão de área de pousio de puerária, a capina manual na linha e
na área total são energeticamente mais eficientes.
O agricultor melhorou sua auto-estima em transformar sua área de pastagem
(pecuária) em área agrícola, mais próximo da residência.
Recomenda-se repetir o experimento em outras regiões do Acre e da
Amazônia que possuam outras características pedológicas para que se possam
comparar estes resultados.
112
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APENDICES
121
APÊNDICE A – Descrição do perfil do solo no Experimento 1.
PERFIL 1
CLASSIFICAÇÃO SiBCS ARGISSOLO VERMELHO-AMARELOS Distrófico
plíntico
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS Ramal do Flaviano,
km 7. Porto Acre (AC), 09º 15’ 09’’ w
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL Descrito e
coletado em revelo suave ondulado com aproximadamente 3% de declive, sob
pastagem.
LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA – Formação Solimões
CRONOLOGIA – Terciária
MATERIAL ORIGINÁRIO – Sedimentos da Formação Solimões
PEDREGOSIDADE – Ausente.
ROCHOSIDADE – Não rochosa.
RELEVO LOCAL – Suave ondulado.
RELEVO REGIONAL – Ondulado a suave ondulado
EROSÃO - Não aparente.
DRENAGEM –
VEGETAL PRIMÁRIA – Floresta aberta com Bambu e Palmeiras
USO ATUAL – Agricultura familiar e pastagem.
CLIMA – Tropical úmido Awi (Köppen)
DESCRITO E COLETADO POR Antonio Willian Flores de Melo, Sebastião Elviro
de Araujo Neto e Sonaira Souza da Silva.
122
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-5 cm, cor (10YR 3/4, úmida e 10YR 5/4, seca) bruno avermelhado escuro;
franco argilo siltosa; moderada pequena blocos angulares a subangulares;
ligeiramente duro, friável, ligeiramente plástica e não pegajosa; transição
plana e clara.
A2 5-15 cm, cor (7,5YR 4/4, úmida e 10YR 5/6, seca) bruno; franco argilo siltosa;
moderada pequena blocos angulares a subangulares; ligeiramente duro,
friável, ligeiramente plástica a plástica e ligeiramente pegajosa; transição
plana e gradual.
AB 15-20 cm, cor (7,5YR 4/6, úmida e 10YR 6/6, seca) bruno forte; franco argilo
siltosa; moderada pequena blocos angulares a subangulares; duro, friável,
plástica e ligeiramente pegajosa; transição plana e difusa.
B1 20-40 cm, cor (5YR 4/6, úmida e 7,5YR 5/8, seca) avermelho amarelado;
argila siltosa; drenagem; moderada pequena a média blocos angulares a
subangulares; duro, friável, plástica e ligeiramente pegajosa; transição plana
e difusa.
B2 40-60 cm, cor (7,5YR 4/6, úmida e 7,5YR 5/6, seca) bruno forte; muito
argilosa; drenagem; moderada pequena a média blocos angulares a
subangulares; duro, friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa;
transição plana e gradual.
BC 60-75 cm, cor (10YR 6/3, úmida e 10YR 7/5, seca) bruno claro acinzentado;
argila; drenagem; fraca pequena a média blocos angulares a subangulares;
duro e friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; transição plana e
gradual.
CB 75-105+ cm, cor (10YR 3/4, úmida e 10YR 5/4, seca) bruno amarelado
escuro; argila siltosa; drenagem; fraca pequena blocos angulares a
subangulares; duro, friável, ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa;
transição plana e gradual.
123
Horizonte Composição Granulométrica
Silte/Argila Ativ. Argila
Simb.
Prof.
Areia
Silte
Argila
cm
------------------------
g/kg
-----------------------
-----------------------------------------
A1 0 - 5 127.00 587.00 286.00
2.05 28.25
A2 5 - 15 115.00 591.00 294.00
2.01 27.72
AB 15 - 20 163.00 507.00 330.00
1.54 25.91
B1 20 - 40 54.00 422.00 523.00
0.81 22.43
B2 40 - 60 33.00 349.00 618.00
0.56 22.01
BC 60 - 75 105.00 383.00 512.00
0.75 28.01
CB 75 - 105+ 24.00 449.00 527.00
0.85 28.27
Hor.
Complexo Sortivo Valor
S
Valor
T
Ca
2+
Mg
2+
K
+
Na
+
Al
3+
Al + H
----------------------------------
cmol
c
/dm
3
----------------------------------
--------------------------
A1 4.32 1.40 0.23 0.02 1.10 3.74 4.34 8.08
A2 3.54 0.99 0.14 0.02 0.11 3.46 4.69 8.15
AB 3.47 1.15 0.10 0.00 0.08 3.83 4.72 8.55
B1 3.17 1.48 0.12 0.00 1.02 6.96 4.77 11.73
B2 1.80 1.28 0.14 0.02 3.88 10.36 3.24 13.60
BC 1.22 1.23 0.17 0.02 7.32 11.70 2.64 14.34
CB 0.90 1.11 0.19 0.02 8.54 12.68 2.22 14.90
Hor.
Valor
V
Sat. Al
pH (1:2,5)
P
disponível
P rem
C.
Orgânico
Matéria
Orgânica
H
2
O KCl
--------
%
-------
-
mg/dm
3
-
mg/L
g/kg
A1 53.71 20.22 5.50 4.39 2.03 28.53 24.65 42.40
A2 57.55 2.29 5.43 4.23 0.75 30.36 13.40 23.04
AB 55.20 1.67 5.31 3.99 0.15 17.31 9.97 17.15
B1 40.66 17.62 5.23 3.84 0.00 4.70 5.38 9.26
B2 23.82 54.49 5.14 3.70 0.00 2.73 2.92 5.02
BC 18.41 73.49 5.11 3.71 0.00 3.97 4.11 7.07
CB
14.90 79.37 5.08 3.71 0.75 2.21 2.26 3.89
124
APÊNDICE B – Descrição morfológica do perfil do solo no Experimento 2.
PERFIL 2
CLASSIFICAÇÃO SiBCS – VERTISSOLO HÁPLICO Órtico gleissólico
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO, ESTADO E COORDENADAS Ramal do Flaviano,
km 9. Porto Acre (AC), 09º 15’ 09’’ w
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL Descrito e
coletado em revelo suave ondulado com aproximadamente 3% de declive, sob
pastagem.
LITOLOGIA e FORMAÇÃO GEOLÓGICA – argilito e siltitos Formação Solimões
CRONOLOGIA – Terciário
MATERIAL ORIGINÁRIO – Sedimentos da Formação Solimões
PEDREGOSIDADE – Ausente.
ROCHOSIDADE – Não rochosa.
RELEVO LOCAL – Suave ondulado.
RELEVO REGIONAL – Ondulado a suave ondulado
EROSÃO - Não aparente.
DRENAGEM –
VEGETAL PRIMÁRIA – Floresta aberta com Bambu e Palmeiras
USO ATUAL – Agricultura familiar e pastagem.
CLIMA – Tropical úmido Awi (Köppen)
DESCRITO E COLETADO POR Antonio Willian Flores de Melo e Sonaira Souza
da Silva.
125
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-10 cm, cor (10YR 3/2, úmida e 10YR 5/2, seca) bruno-acinzentado muito
escuro; argila siltosa; moderada médio blocos angulares a subangulares;
muito duro, friável, plástico a muito plástico e ligeiramente pegajoso; transição
clara.
AB 10-15 cm, cor (10YR 5/4, úmida e 10YR 7/4, seca) bruno-amarelado; franco
argilo siltosa; moderada médio a grande blocos angulares a subangulares;
muito duro, firme, plástico a muito plástico e ligeiramente pegajoso; transição
clara.
BA 15-22 cm; cor (7,5YR 4/4, úmida e 7,5YR 6/6, seca) bruno, mosqueado
pequeno pouco difuso; cor (10YR 5/4, úmida e 10YR 7/3, seca) bruno-
amarelado; argila siltosa; moderada médio a grande blocos subangulares;
muito duro, friável, muito plástico e ligeiramente pegajoso; transição gradual.
B 22-45 cm; cor (10YR 5/3, úmida e 10YR 7/3, seca) bruno, mosqueado
pequeno comum distinto; cor (5YR 4/4, úmida e 5YR 5/6, seca) bruno-
avermelhado; argila siltosa; fraca médio a grande blocos subangulares; duro,
friável, plástico e pegajoso; transição difusa.
BC 45-55 cm; cor (2,5YR 3/6, úmida e 2,5YR 4/6, seca) vermelho-escuro,
mosqueado pequeno abundante proeminente; cor (10YR 5/3, úmida e 10YR
6/2, seca) bruno; muito argilosa; fraca pequeno a grande blocos
subangulares; muito duro, friável, plástico e pegajoso; transição difusa.
CB 55-70 cm; cor (2,5YR 4/6, úmida e 2,5YR 4/8, seca) vermelho, mosqueado
pequeno e médio abundante proeminente; cor (10YR 5/2, úmida e 10YR 7/2,
seca) bruno-acinzentado; muito argilosa; fraca pequeno a grande blocos
subangulares a granular; muito duro, friável, plástico e pegajoso; transição
difusa.
C 70-105 cm+; cor (10R 4/6, úmida e 10R 5/8, seca) vermelho, mosqueado
pequeno e médio abundante proeminente; cor (10YR 5/2, úmida e 10YR 7/1,
seca) bruno acinzentado; muito argilosa; fraca pequeno a grande blocos
subangulares a granular; plástico a muito plástico e pegajoso; transição.
126
Horizonte Composição Granulométrica
Silte/Argila Ativ. Argila
Simb.
Prof.
Areia
Silte
Argila
-- cm --
---------------------
g/kg
-------------------
---------------------------------------
A 0 - 10 71.00 619.00 310.00 2.00 65.13
AB 10 - 15 96.00 577.00 327.00 1.76 40.31
BA 15 - 22 46.00 546.00 408.00 1.34 40.66
B 22 - 45 34.00 442.00 527.00 0.84 52.58
BC 45 - 55 26.00 340.00 634.00 0.54 67.67
CB 55 - 70 13.00 300.00 687.00 0.44 66.01
C 70 - 105+ 21.00 345.00 634.00 0.54 66.64
Hor.
Complexo Sortivo Valor
S
Valor
T
Ca
2+
Mg
2+
K
+
Na
+
Al
3+
Al + H
------------------------------
---
----
cmol
c
/dm
3
------
--
---------
-
-------------------
-----------------------
---
A 6.11 1.32 0.35 0.00 3.43 4.49 15.70 20.19
AB 4.99 1.28 0.29 0.00 0.02 3.30 9.88 13.18
BA 3.19 1.03 0.25 0.00 0.40 5.86 10.73 16.59
B 1.32 0.62 0.23 0.00 3.10 11.22 16.49 27.71
BC 0.62 0.41 0.21 0.00 10.62 15.52 27.38 42.90
CB 0.35 0.29 0.17 0.00 10.52 17.01 28.34 45.35
C 0.45 0.21 0.14 0.00 9.53 15.96 26.29 42.25
Hor.
Valor
V
Sat. Al
pH (1:2,5)
P
disponível
P rem
C.
Orgânico
Matéria
Orgânica
H
2
O KCl
------------
%
------------
mg/dm
3
mg/L
g/kg
A 77.76 17.93 5.65 4.76 2.18 31.24 24.96 42.93
AB 74.96 0.20 5.56 4.65 0.15 24.57 9.20 15.82
BA 64.68 3.59 5.31 4.18 0.00 7.42 6.27 10.78
B 59.51 15.82 4.92 3.65 0.00 2.87 3.73 6.41
BC 63.82 27.95 4.61 3.62 0.00 4.12 3.76 6.47
CB 62.49 27.07 4.52 3.59 0.00 1.33 4.46 7.67
C 62.22 26.61 4.60 3.64 0.00 1.92 1.49 2.56
127
APÊNDICE C Preços adotados para os lculos econômicos de viabilidade
financeira da produção consorciada de milho e abacaxi em área
de pousio com puerária.
Insumo Umidade Valor (R$)
Mudas de abacaxi Unidade 0,20
Sementes de milho kg 0,50
Sementes de puerária Kg 20,00
Pinto de 1 dia Unidade 1,90
Vacina Bolba 100 doses 12,00
Vacina New Kastre 100 doses 15,00
Ração para frangos Kg 1,00
Gasolina Litro 2,92
Bacillus thuringiensis
500g 70,00
Diária para trabalhador para manejo dos bovinos homem/dia 20,00
Mecanização convencional (aração/gradagem) hora/trator 100,00
Diária para trabalhador para operações agrícolas de
manejo do sistema de cultivo
homem/dia 20,00
Diária para trabalhador para confecção de cerca
elétrica
homem/dia 20,00
Diária para trabalhador para colheita da produção homem/dia 20,00
Frete para transporte do abacaxi para o mercado frete/4000frutos 200,00
Roçadeira Duvida 50,00
Cerca elétrica para bovinos ha 214,40
Cerca elétrica para aves por galinheiro ha 277,40
Bebedouro bovino Unidade 166,00
Galinheiro Unidade 682,72
Terra ha/ano 120,00
Produção do milho R$/kg 0,40
Produção do abacaxi R$/fruto 1,75
Produção dos frangos R$/unidade 10,00
128
APÊNDICE D Preços adotados para os lculos econômicos de viabilidade
financeira da produção consorciada de milho e abacaxi em área
de pastagem com braquiária.
Insumo Umidade Valor (R$)
Calcário ton 500,00
Mudas de abacaxi Unidade 0,20
Sementes de milho kg 0,50
Sacos de fibra de 50 kg Unidade 1,00
Bacillus thuringiensis
500g 70,00
Gasolina Litro 2,92
Diária para trabalhador para confecção de cerca
elétrica e instalação de bebedouro bovino
homem/dia 20,00
Diária para trabalhador para operações agrícola
de manejo do sistema de cultivo
homem/dia 20,00
Mecanização convencional (aração/gradagem) hora/trator 100,00
Diária para trabalhador para preparo do solo com
tração animal
Homem/dia/equip.-
animal
100,00
Frete para transporte do abacaxi para o mercado frete/4000frutos 200,00
Diária para trabalhador para colheita da produção
homem/dia 20,00
Roçadeira 100,00
Cerca elétrica ha 214,40
Bebedouro bovino ha 166,00
Produção do milho R$/kg 0,40
Produção do abacaxi R$/fruto 1,75
129
APÊNDICE E Coeficientes energéticos adotados para cálculos de balanço e
eficiência energéticos do sistema produtivo consorciado de milho
e abacaxi em área de pastagem com braquiária.
Insumo Unidade Valor/MJ Fonte bibliográfica
Calcário ton 167,00
Comitre 1993;
Bueno 2002;
Mudas de abacaxi Unidade 0,73
Estimativa
Sementes de milho kg 14,58
Santos et al. 2007
Sacos de fibra de 50 kg Unidade 1,00
Estimativa
Bacillus thuringiensis
500g 1,67
Refsgaard et al.
1998;
Frigo et al. 2008
Gasolina 38,57
Melo et al. 2007
Mão-de-obra para preparo da
área, colheita, aplicação de
defensivo e corretivo, manejo
de animais
homem/hora 1,10
Comitre1994
Mecanização convencional
(aração/gradagem)
hora/trator 21,68
Melo et al 2007
Diária para trabalhador para
preparo com tração animal
dia/equip.-
animal
10,36
Quadros e
Kokuszka 2007
Frete para transporte da
produção de abacaxi para o
mercado
frete/8000fruto
s (3,47
MJ/t/km)
5555,00
Comitre 1994
Roçadeira 34,69
Estimativa
Cerca elétrica ha 440,00
Estimativa
Bebedouro bovino ha 24,00
Estimativa
Energia da produção de milho MJ/há 14,58
Santos et al. 2007
Energia da produção de
abacaxi
MJ/há 6,50
Estimativa
130
APÊNDICE F Coeficientes energéticos adotados para cálculos de balanço e
eficiência energéticos do sistema produtivo consorciado de milho
e abacaxi em área de pousio de puerária.
Insumo Unidade Valor/MJ Fonte bibliográfica
Mudas de abacaxi Unidade 0,73 Estimativa
Sementes de milho Kg 14,58 Santos et al 2007
Sementes de puerária Kg 33,91 Comitre 1994
Pinto de 1 dia Unidade 0,11 Santos e Junior
Vacina Bolba doses 10,00 Estimativa
Vacina New Kastre doses 10,00 Estimativa
Ração kg 17,08 Santos e Junior
Gasolina litro 38,57 Melo et al. 2007
Bacillus thuringiensis
500g 1,67 Refsgaard et al.
Mão-de-obra para preparo da
área, colheita, aplicação de
defensivo e corretivo, manejo
de animais
homem/hora 2,16 Comitre 1994
Mecanização convencional hora/trator 21,68 Melo et al 2007
Frete para transporte da
produção de abacaxi para o
mercado
frete/4000frutos 140,00 Oliveira Junior 2005
Roçadeira 200,00 Estimativa
Cerca elétrica para bovinos 440,00 Estimativa
Cerca elétrica para aves 500,00 Estimativa
Bebedouro bovino há 24,00 Estimativa
Galinheiro unidade 178,92 Estimativa
Energia da produção de milho MJ/ha 14,58 Santos et al, 2007
Energia da produção de
abacaxi
MJ/ha 2,83 Franco 1989
Energia da produção de frango
MJ/ha 8,10 Estimativa
131
APÊNDICE G Quadro da análise de variância da eficiência energética do
Experimento 1.
Fonte de
variação
Grau de
Liberdade (GL)
Soma dos
Quadrados (SQ)
Quadrado
médio (QM)
F
Blocos 3 0.177 0.059 0.205 ns
Tratamentos 5 11.218 2.244 7.794 **
Resíduo 15 4.318 0.288
Total
23
15.713
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)
* significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05)
ns não significativo (p >= .05)
APÊNDICE H Quadro da análise de variância da eficiência energética do
Experimento 2.
Fonte de
variação
Grau de
Liberdade (GL)
Soma dos
Quadrados (SQ)
Quadrado
médio (QM)
F
Blocos 3 2.150 0.717 1.308 ns
Tratamentos 6 381.420 63.570 116.076 **
Resíduo 18 9.858 0.548
Total
27
393.427
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)
* significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05)
ns não significativo (p >= .05)
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