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HÉLIA LUIZA MARQUES CLARK
REMOÇÃO DE FENILALANINA POR
ADSORVENTE PRODUZIDO A PARTIR DA TORTA
PRENSADA DE GRÃOS DEFEITUOSOS DE CA
Faculdade de Farmácia da UFMG
Belo Horizonte, MG
2010
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HÉLIA LUIZA MARQUES CLARK
REMOÇÃO DE FENILALANINA POR
ADSORVENTE PRODUZIDO A PARTIR DA TORTA
PRENSADA DE GRÃOS DEFEITUOSOS DE CA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência de Alimentos da
Faculdade de Farmácia da Universidade Federal
de Minas Gerais, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Ciência de
Alimentos.
Orientadora: Prof.ª Adriana Silva França, Ph.D
Faculdade de Farmácia da UFMG
Belo Horizonte, MG
2010
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Aos meus pais, Luiz e Hélia, aos meus
irmãos e ao Alan, por todo o amor,
incentivo e compreensão.
Dedico.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelas oportunidades colocadas na minha vida e pela saúde e disposição para
desfrutá-las.
Aos professores Adriana Silva França e Leandro Soares Oliveira, por todos os
ensinamentos, críticas e incentivo durante esses dois anos.
Aos meus pais e irmãos, pelo amor e carinho e apoio durante todos os momentos da
minha vida.
Ao Alan, que sempre acreditou em mim, pelo incentivo e carinho nos momentos difíceis
e pelo companheirismo em todas as horas.
Ao professor Edward de Souza, do Departamento de Química, por ter gentilmente
disponibilizado o espectrofotômetro para realização das medidas durante o trabalho.
À Ana Maria Matildes, do CDTN, pela realização das análises de BET.
À amiga Cibele, pela companhia, as palavras de conforto e pelos ótimos momentos de
descontração.
Ao Luis, pelas boas idéias e disponibilidade sempre.
Aos amigos de laboratório, Diego, Carlinha, Victor, Ana Paula, Felipe, Leonardo e
Rafael, pela agradável convivência e troca de experiências.
Aos professores do PPGCA, pela contribuição à minha formação científica.
À CAPES, pela bolsa de estudos concedida.
E a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.
iii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ---------------------------------------------------------------------------------------------- VI
LISTA DE TABELAS -------------------------------------------------------------------------------------------- VIII
RESUMO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ IX
ABSTRACT ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- X
1 INTRODUÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------------------------1
2 OBJETIVOS --------------------------------------------------------------------------------------------------------3
2.1 Objetivo geral ---------------------------------------------------------------------------------------------------3
2.2 Objetivos específicos ----------------------------------------------------------------------------------------3
3 REVISÃO DE LITERATURA -----------------------------------------------------------------------------------4
3.1 FENILCETONÚRIA --------------------------------------------------------------------------------------------4
3.1.1 Remoção de fenilalanina ---------------------------------------------------------------------------------5
3.2 ADSORÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------------------------8
3.2.1 Classificação ---------------------------------------------------------------------------------------------- 10
3.2.1.1 Adsorção não específica ou eletrolítica ------------------------------------------------------- 10
3.2.1.2 Adsorção específica -------------------------------------------------------------------------------- 10
3.2.1.3 Adsorção física e adsorção química ----------------------------------------------------------- 10
3.2.2 Fatores que influenciam e controlam a adsorção ------------------------------------------------ 13
3.3 CINÉTICA DE ADSORÇÃO -------------------------------------------------------------------------------- 15
3.3.1 Modelo Irreversível de pseudo primeira-ordem --------------------------------------------------- 16
3.3.2 Modelo de pseudo segunda ordem ------------------------------------------------------------------ 16
3.4 EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO ---------------------------------------------------------------------------- 17
3.4.1 Modelo de Langmuir ------------------------------------------------------------------------------------ 20
3.4.2 Modelo de Freundlich ----------------------------------------------------------------------------------- 21
3.4.3 Modelo de BET ------------------------------------------------------------------------------------------- 23
3.5 ADSORVENTES ---------------------------------------------------------------------------------------------- 24
3.6 CARVÃO ATIVADO ------------------------------------------------------------------------------------------ 25
3.6.1 Produção de carvão ativado --------------------------------------------------------------------------- 27
3.6.1.1 Carbonização ---------------------------------------------------------------------------------------- 28
3.6.1.2 Ativação ----------------------------------------------------------------------------------------------- 28
3.6.2 Propriedades físico-químicas dos carvões ativados --------------------------------------------- 31
3.6.2.1 Porosidade ------------------------------------------------------------------------------------------- 31
3.6.2.2 Área superficial -------------------------------------------------------------------------------------- 34
3.6.2.3 Química superficial --------------------------------------------------------------------------------- 34
3.6.2.4 pH ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 38
3.7 ADSORVENTES PRODUZIDOS A PARTIR DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS ------------------- 39
3.8 GRÃOS DEFEITUOSOS DE CA---------------------------------------------------------------------- 42
iv
3.8.1 Alternativas para utilização de grãos defeituosos de café ------------------------------------- 44
4. MATERIAIS E MÉTODOS ----------------------------------------------------------------------------------- 46
4.1 MATÉRIA-PRIMA --------------------------------------------------------------------------------------------- 46
4.2 PREPARO DO ADSORVENTE --------------------------------------------------------------------------- 46
4.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DO ADSORVENTE ----------------------------------- 47
4.3.1 Determinação da superfície específica ------------------------------------------------------------- 47
4.3.2 Determinação do ponto de carga zero -------------------------------------------------------------- 47
4.3.4 Determinação dos grupos funcionais --------------------------------------------------------------- 48
4.3.4.1 Método de Boehm ------------------------------------------------------------------------------------- 48
4.4.4.2 Espectroscopia Vibracional na Região do Infravermelho ------------------------------------ 50
4.5 ENSAIOS DE ADSORÇÃO -------------------------------------------------------------------------------- 50
4.5.1 Efeito da granulometria do carvão ativado --------------------------------------------------------- 51
4.5.2 Efeito do pH inicial da solução ------------------------------------------------------------------------ 51
4.5.3 Efeito da concentração do carvão ativado --------------------------------------------------------- 51
4.5.4 Efeito do tempo de contato e concentração inicial da solução -------------------------------- 52
4.5.5 Efeito da temperatura ----------------------------------------------------------------------------------- 52
4.6 CINÉTICA DE ADSORÇÃO -------------------------------------------------------------------------------- 53
4.7 EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO ---------------------------------------------------------------------------- 54
4.7.1 Caracterização termodinâmica do processo ------------------------------------------------------ 55
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ----------------------------------------------------------------------------- 57
5.1. TESTES PRELIMINARES --------------------------------------------------------------------------------- 57
5.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DO ADSORVENTE ----------------------------------- 61
5.2.1 Determinação da superfície específica ------------------------------------------------------------- 61
5.2.2 Determinação do Ponto de Carga Zero ------------------------------------------------------------ 63
5.2.3 Determinação dos grupos funcionais na superfície - Espectroscopia Vibracional na
Região do Infravermelho (FTIR) e Método de Boehm -------------------------------------------------- 63
5.3 ENSAIOS DE ADSORÇÃO -------------------------------------------------------------------------------- 66
5.3.1 Efeito da granulometria do carvão ativado --------------------------------------------------------- 66
5.3.2 Efeito do pH inicial da solução ------------------------------------------------------------------------ 67
5.3.3 Efeito da concentração do carvão ativado --------------------------------------------------------- 69
5.3.4 Efeito da concentração inicial do adsorvato e do tempo de contato em diferentes
temperaturas ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 70
5.3.5 Cinética de adsorção ------------------------------------------------------------------------------------ 73
5.3.6 Equilíbrio de adsorção ---------------------------------------------------------------------------------- 79
5.3.7 Caracterização termodinâmica ----------------------------------------------------------------------- 82
6. CONCLUSÕES ------------------------------------------------------------------------------------------------- 84
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS -------------------------------------------------------- 86
8. APÊNDICES ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 87
v
Apêndice A - Resultados de ajustes de modelos cinéticos para outras temperaturas ---- 88
Apêndice B - Resultados de ajustes de modelos de equilíbrio para outras temperaturas 89
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ----------------------------------------------------------------------- 90
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Estrutura molecular da fenilalanina. ............................................................................. 6
Figura 2: Formas iônicas da fenilalanina. ................................................................................... 6
Figura 3: Isotermas de adsorção .............................................................................................. 18
Figura 4: Tipos de isotermas de adsorção ................................................................................ 19
Figura 5: Esquema da microestrutura de um carvão ativado .................................................... 26
Figura 6: Esquema apresentando os diferentes tipos de poros em um sólido quanto à forma.. 32
Figura 7: Tipos de microporos segundo o modelo de KANEBO (1992) .................................... 33
Figura 8: Principais grupos funcionais encontrados na superfície dos carvões. ....................... 36
Figura 9: Avaliação do procedimento de lavagem para eliminação da lixiviação de compostos.
............................................................................................................................................ 58
Figura 10: Avaliação da passagem de gás inerte durante carbonização. ................................. 59
Figura 11: Avaliação da temperatura de carbonização. ............................................................ 60
Figura 12: Isoterma de adsorção de N
2
pelo carvão ativado produzido a partir de torta de grãos
de café defeituosos. ............................................................................................................. 61
Figura 13: Curvas experimentais para determinação do pH
PCZ
do carvão ativado de grãos de
café carbonizado em mufla a 350 °C. .................................................................................. 63
Figura 14: Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier do carvão ativado
com ácido fosfórico, carbonizado a 350 °C, obtido a partir de torta prensada de grãos
defeituosos de café. ............................................................................................................. 65
Figura 15: Efeito da granulometria do carvão ativado na adsorção de fenilalanina. .................. 66
Figura 16: Efeito do pH inicial da solução na adsorção de fenilalanina. .................................... 68
Figura 17: Efeito da variação da massa de carvão ativado na adsorção de fenilalanina........... 70
Figura 18: Efeito da concentração inicial de adsorvato na adsorção de fenilalanina pelo carvão
ativado produzido, a 25 °C. .................................................................................................. 71
Figura 19: Efeito da concentração inicial de adsorvato na adsorção de fenilalanina pelo carvão
ativado produzido, a 35 °C. .................................................................................................. 72
Figura 20: Efeito da concentração inicial de adsorvato na adsorção de fenilalanina pelo carvão
ativado produzido, a 45 °C. .................................................................................................. 73
Figura 21: Cinética de difusão intrapartícula da adsorção de fenilalanina pelo carvão ativado
produzido, a 25 °C. .............................................................................................................. 78
Figura 22: Isotermas de adsorção da fenilalanina pelo carvão ativado produzido nas
temperaturas estudadas. ..................................................................................................... 79
Figura 23: Isoterma de adsorção da fenilalanina pelo carvão ativado produzido, a 25 °C. ....... 80
Figura 24: Gráfico para cálculo de K
c
....................................................................................... 82
Figura 25: Gráfico de Van’t Hoff para determinação da variação da entalpia e da entropia. ..... 83
vii
Figura A1: Cinética de difusão intrapartícula da adsorção de fenilalanina pelo carvão ativado
produzido, a 35 °C. .............................................................................................................. 88
Figura A2: Cinética de difusão intrapartícula da adsorção de fenilalanina pelo carvão ativado
produzido, a 45 °C. .............................................................................................................. 88
Figura B1: Isoterma de adsorção da fenilalanina pelo carvão ativado produzido, a 35 °C. ....... 89
Figura B2: Isoterma de adsorção da fenilalanina pelo carvão ativado produzido, a 45 °C. ....... 89
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Características da adsorção física e química ............................................................ 13
Tabela 2: Classificação de poros segundo a IUPAC ................................................................ 32
Tabela 3: Equações dos modelos cinéticos avaliados na modelagem dos dados experimentais
de adsorção ......................................................................................................................... 53
Tabela 4: Equações dos modelos de equilíbrio avaliados na modelagem dos dados
experimentais de adsorção .................................................................................................. 55
Tabela 5: Características porosas do carvão ativado produzido a partir de torta de grãos de
café defeituosos. .................................................................................................................. 62
Tabela 6: Características químicas da superfície do carvão ativado produzido a partir de torta
de grãos de café defeituosos. .............................................................................................. 66
Tabela 7: Resultados de parâmetros cinéticos e ajustes aos modelos estudados na adsorção
de fenilalanina a 25 °C. ........................................................................................................ 75
Tabela 8: Resultados de parâmetros cinéticos e ajustes aos modelos estudados na adsorção
de fenilalanina a 35 °C. ........................................................................................................ 76
Tabela 9: Resultados de parâmetros cinéticos e ajustes aos modelos estudados na adsorção
de fenilalanina a 45 °C. ........................................................................................................ 77
Tabela 10: Valores dos parâmetros calculados pelos modelos de equilíbrio testados em
diferentes temperaturas ....................................................................................................... 81
Tabela 11: Capacidade máxima de adsorção de vários adsorventes para a adsorção de
fenilalanina. ......................................................................................................................... 82
Tabela 12: Parâmetros termodinâmicos calculados ................................................................. 83
ix
RESUMO
Grãos de café defeituosos prensados, resíduo da produção de biodiesel a partir
de óleo de café, foram avaliados como materiais precursores para a produção de um
adsorvente, com aplicação na remoção de fenilalanina em soluções aquosas. Os
estudos de adsorção foram conduzidos a 25, 35 e 45 ˚C em sistema de batelada. Os
efeitos da granulometria e concentração do adsorvente, tempo de contato, pH e
concentração iniciais da solução de fenilalanina foram avaliados. Testes preliminares
de adsorção apontaram a necessidade de ativação química do resíduo para aumentar
a capacidade de adsorção, e indicaram que o fluxo de nitrogênio durante a
carbonização influencia negativamente a capacidade de adsorção, pela perda de
grupos funcionais na superfície em temperaturas baixas de carbonização. A adsorção
de fenilalanina foi favorecida pela redução da granulometria do carvão. O efeito do pH
inicial na eficiência de adsorção foi verificado na faixa de 2 a 10, e os resultados
demonstraram que valores de pH muito ácidos desfavorecem a adsorção por repulsão
eletrostática. Com 6 h de contato o equilíbrio da adsorção foi alcançado para a faixa de
concentração inicial de fenilalanina estudada. Os dados experimentais do equilíbrio de
adsorção foram ajustados pelos modelos de isoterma de Langmuir, Freundlich,
Tempkin, Dubinin-Redushkevich (D-R) e Henderson, sendo que o modelo de Langmuir
foi o que melhor representou os dados. O estudo cinético da adsorção foi determinado
com base nos ajustes dos modelos cinéticos de pseudo primeira ordem, primeira
ordem reversível, pseudo segunda ordem, Elovich, Ritchie e difusão intrapartícula. O
modelo de pseudo segunda ordem apresentou melhor descrição da adsorção de
fenilalanina pelo adsorvente preparado. O processo foi avaliado como exotérmico e
espontâneo nas temperaturas estudadas, com forças químicas e físicas envolvidas na
adsorção. De modo geral, os grãos de café defeituosos prensados são candidatos
potenciais para a produção de adsorventes de baixo custo a serem utilizados na
remoção de fenilalanina, contribuindo assim para a implementação do desenvolvimento
sustentável nas cadeias produtivas de café e biodiesel.
Palavras-chave: adsorção; carvão ativado; grãos defeituosos de café; fenilalanina.
x
ABSTRACT
Defective coffee beans press cake, a residue from biodisel production based on coffee
oil, was evaluated as raw material in the production of an adsorbent for phenylalanine
removal. Batch adsorption studies were conducted at 25, 35 and 45 ˚C. The effects of
particle size, adsorbent dosage, contact time, initial pH and initial concentration of
phenylalanine were investigated. Preliminary adsorption tests pointed toward the need
for chemical activation to increase adsorption capacity. Such tests also demonstrated
that nitrogen flow during activation had a negative effect on adsorption capacity
because of loss of surface chemical groups. Phenylalanine adsorption was favored by a
reduction in adsorbent particle size. The effect of initial pH was evaluated in the range
of 2 to 10, indicating that low pH’s hinder adsorption as a result of electrostatic
repulsion. Adsorption equilibrium was attained after 6 h for all the evaluated
phenylalanine concentrations. Langmuir, Freundlich, Tempkin, Dubinin-Redushkevich
(D-R) and Henderson models were tested for equilibrium description, with Langmuir
providing the best fit. Adsorption kinetics were evaluated according to the following
models: pseudo first and second order, reversible first order, Elovich, Ritchie and intra-
particle diffusion. The pseudo-second order model provided the best description of the
experimental data. The process was found to be exothermic and spontaneous, with
chemical and physical forces involved. The results obtained in this study show that
defective coffee beans press cake can be viewed as a potential candidate for the
production of low cost adsorbents for phenylalanine removal, thus contributing for the
implementation of sustainable development in both the coffee and biodiesel production
chains.
Key-words: adsorption; activated carbon; defective coffee beans; phenylalanine.
1
1 INTRODUÇÃO
A fenilcetonúria é uma doença causada por um erro inato do metabolismo do
aminoácido fenilalanina, de herança autossômica recessiva, cujo distúrbio primário se
localiza na conversão de fenilalanina em tirosina por deficiência da enzima hepática
fenilalanina-hidroxilase. A fenilalanina em excesso e seus catabólitos têm efeito tóxico
nas funções somáticas e do sistema nervoso central (MIRA & MARQUEZ, 2000;
FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2004).
O tratamento aplicado aos portadores da fenilcetonúria consiste basicamente em
uma dieta com restrição de fenilalanina. Portanto, para suprir as necessidades
protéicas dos portadores dessa doença, é necessário que se administre aos pacientes
uma dieta balanceada de aminoácidos livres com restrição do aminoácido ligado à
doença, mas acrescida de carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais (MIRA &
MARQUEZ, 2000). Atualmente, preconiza-se que o tratamento dietético deve ser
mantido durante toda a vida (MONTEIRO & CANDIDO, 2006).
A remoção dos aminoácidos, no processo tradicional, é realizada por adsorção
com carvão ativado comercial. Esse processo apresenta grande eficiência por permitir
alcançar baixas concentrações do aminoácido em questão (LOPES et al., 2002).
Porém, a utilização do carvão ativado na separação por adsorção possui custo
elevado, associado principalmente à necessidade de regeneração do adsorvente para
posterior utilização (POLLARD et al., 1992). Então, uma busca da substituição do
carvão ativado por adsorventes eficientes e de custo reduzido. Os resíduos agrícolas,
materiais lignocelulósicos, se enquadram nos critérios para a produção de adsorventes
de baixo custo, uma vez que são ricos em carbono, estão prontamente disponíveis e
são passíveis de serem convertidos em carvão ativado (TSAI et al., 2001).
O Brasil é o maior produtor e um dos maiores consumidores mundiais de café
(MAPA, 2008), mas a bebida consumida no país é de baixa qualidade devido à
presença de grãos defeituosos (FRANCA & OLIVEIRA, 2008). Esses grãos
representam aproximadamente 20 % da produção total de café no Brasil, o que
corresponde a uma média anual de 0,5 milhões de toneladas, considerando a
quantidade produzida entre os anos de 2003 e 2007 (MAPA, 2008). Dada a quantidade
considerável de grãos defeituosos que é produzida e os custos associados com o
plantio, colheita e processamento (descascamento, secagem, classificação, etc.), os
produtores de café vendem esses grãos para a indústria de torração. Tendo em vista
esse problema, estudos vêm sendo conduzidos com o propósito de encontrar usos
2
alternativos para os grãos defeituosos de café, para que eles não sejam destinados à
fabricação de um café de baixa qualidade. Uma das alternativas sendo considerada é a
produção de biodiesel, com a vantagem de os cafeicultores gerarem seu próprio
combustível (OLIVEIRA et al., 2008c). No entanto, esse processo gera um resíduo
sólido (massa prensada de grãos defeituosos), para o qual ainda não existe aplicação
útil.
Estudos recentes têm demonstrado a viabilidade de se utilizar tortas prensadas
de sementes na produção de adsorventes. Exemplos incluem utilização de tortas
prensadas de sementes de girassol e nabo forrageiro na adsorção de corantes
(KARAGÖZ et al., 2008; LÁZARO et al., 2008), e tortas prensadas de sementes de soja
e canola na adsorção de pesticidas (BOUCHER et al., 2007). Além disso, grãos de café
têm sido utilizados como precursores para produção de carvão ativado, com aplicação
na remoção de compostos orgânicos, íons metálicos e corantes (HIRATA et al., 2002;
NAMANE et al., 2005; KAIKAKE et al., 2007; FRANCA et al., 2010). O estudo de
LATINI et al. (2008) demonstrou que a borra de café, resíduo sólido da produção de
café solúvel, pode ser utilizada na produção de adsorventes para remoção de
fenilalanina em soluções aquosas.
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi investigar o potencial da massa
prensada de grãos defeituosos de café, resíduo da produção de biodiesel, como
matéria-prima para a produção de carvão ativado e testar a remoção do aminoácido
fenilalanina em solução.
3
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Este trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade técnica do emprego de
grãos de café defeituosos prensados, um subproduto da produção de biodiesel a partir
de óleo de café, como material precursor para a produção de adsorvente alternativo de
baixo custo para a remoção do aminoácido fenilalanina em solução.
2.2 Objetivos específicos
Avaliar o efeito da ativação do material precursor com agentes químicos;
Caracterizar o adsorvente, determinando suas características químicas e
texturais (área superficial, ponto de carga zero e grupos funcionais na
superfície);
Determinar as melhores condições de processamento e operação, como
granulometria e concentração do carvão ativado, pH e concentração iniciais
da solução, tempo de contato e temperatura, para aplicação do material
adsorvente na remoção de fenilalanina em solução;
Propor modelos para descrição do equilíbrio e da cinética de adsorção de
fenilalanina utilizando o adsorvente preparado;
Efetuar a análise termodinâmica do processo, definindo valores de variação
da energia livre de Gibbs, da entalpia e da entropia.
4
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 FENILCETONÚRIA
As hiperfenilalaninemias, nome genérico dado a elevados níveis do aminoácido
fenilalanina no sangue, são erros inatos do metabolismo, de herança autossômica
recessiva, cujo distúrbio primário se localiza na conversão de fenilalanina em tirosina
por deficiência da enzima hepática fenilalanina-hidroxilase. Em conseqüência disso,
ocorre aumento da concentração de fenilalanina e de seus subprodutos (fenilpiruvato,
fenilacetato, fenilactato e fenilacetilglutamina) no sangue e na urina, com formação
reduzida de tirosina (MIRA & MARQUEZ, 2000; FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2004).
As hiperfenilalaninemias são classificadas em: fenilcetonúria clássica, com
atividade da fenilalanina-hidroxilase inferior a 1 % e fenilalanina plasmática superior a
20 mg/dL (1200 µmol/L); fenilcetonúria leve, com atividade da fenilalanina-hidroxilase
de 1 a 3 % e fenilalanina plasmática entre 10 e 20 mg/dL (entre 600 e 1200 µmol/L) e
hiperfenilalaninemia permanente ou transitória, com atividade da fenilalanina-
hidroxilase superior a 3 % e fenilalanina plasmática entre 4 e 10 mg/dL (entre 240 e
600 µmol/L) (FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2004). Na fenilacetonúria maternal, a elevada
concentração de fenilalanina circulante na gestante produz uma síndrome clínica
característica no feto, resultando em dano cerebral irreversível antes do nascimento,
microcefalia e malformações cardíacas (MIRA & MARQUEZ, 2000; FIGUEIRÓ-FILHO
et al., 2004).
A fenilalanina em excesso e seus catabólitos têm efeito tóxico nas funções
somáticas e do sistema nervoso central, tais como inibição competitiva do transporte de
outros aminoácidos necessários para a síntese de proteínas cerebrais, síntese
reduzida e degradação aumentada de mielina, bem como formação inadequada de
norepinefrina e serotonina. Essas alterações determinam a perda de funções tais como
falhas no andar ou falar, hiperatividade, tremor, microencefalia, falhas no crescimento e
retardo mental. Outras anormalidades eletroencefalográficas, o odor característico da
pele e da urina devido ao acúmulo de fenilacetato, e a tendência à hipopigmentação
(da pele e cabelos) e eczema, completam o quadro clínico. Não anormalidades
aparentes ao nascimento, pois o fígado materno protege o feto. Os níveis sanguíneos
de fenilalanina do recém-nascido fenilcetonúrico aumentam nas primeiras semanas
5
com a alimentação protéica, incluindo o leite materno (MIRA & MARQUEZ, 2000;
GRAVINA, 2008; FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2004; MONTEIRO & CÂNDIDO, 2006).
O diagnóstico e tratamento precoce, que evitam as manifestações clínicas da
fenilcetonúria, são possíveis pela realização da triagem neonatal através da
dosagem da fenilalanina no sangue da criança (teste do pezinho) feita nos primeiros
dias de vida do recém-nascido (NUPAD, 2008). Diagnosticada a fenilacetonúria, a
criança deve ser prontamente submetida a uma dieta com teor controlado de
fenilalanina, visando reduzir os níveis plasmáticos para uma concentração próxima à
de crianças sadias (60-180 µmol/L) (MIRA & MARQUEZ, 2000). A exclusão ou
substituição de todos os alimentos fornecedores de fenilalanina deve ser mantida pela
vida inteira. Estudos mostram que os pacientes que voltam a uma dieta normal,
apresentam uma diminuição da função cerebral, tal como da memória e concentração.
Para suprir as necessidades de proteínas de alto valor biológico, são administradas
misturas de aminoácidos livres ou hidrolisados protéicos com baixo teor de fenilalanina.
Tratamentos alternativos têm sido propostos, ainda em fase experimental, como a
administração de tetrahidrobiopterina (BH4) ou a terapia de substituição enzimática
com fenilalanina amônia liase recombinante (PAL), que converte fenilalanina a
metabólitos não-tóxicos (MIRA & MARQUEZ, 2000; GRAVINA, 2008; MONTEIRO &
CÂNDIDO, 2006).
Os números, em geral, vão de um caso para cada 10 mil ou 30 mil nascidos
vivos. É mais freqüente em caucasianos e menos freqüente em judeus Askenazi. No
Brasil, em 2002, a prevalência foi de 1:24780, sendo que em Minas Gerais um caso de
fenilcetonúria ocorre para cada 20 mil nascimentos (BIZZOTTO, 2005; MONTEIRO &
CÂNDIDO, 2006; CAPOBIANGO, 2006).
3.1.1 Remoção de fenilalanina
A fenilalanina é um aminoácido essencial, ou seja, não é sintetizado pelo
organismo humano, devendo ser obtido através da alimentação. É classificada como
um aminoácido apolar e possui um anel aromático em sua cadeia lateral (LEHNINGER,
1980). Sua estrutura molecular é representada pela Figura 1.
6
Figura 1: Estrutura molecular da fenilalanina.
FONTE: LEHNINGER, 1980.
Os aminoácidos, em meio aquoso, possuem propriedade anfótera. Isto ocorre
porque o grupo carboxila, sendo ácido, pode perder um próton (H
+
) por dissociação e o
grupo amino, básico, pode capturar um próton (H
+
). Se ambos os grupos estão
ionizados, o resultado é o chamado “zwitterion”, do alemão, significando “íon de ambas
as cargas, positiva e negativa”. O ponto isoeletrônico (pI) representa o pH em que a
carga positiva no grupo amino e a carga negativa no grupo carboxílico são
completamente neutralizadas (NASCIMENTO, 2006). As formas iônicas da fenilalanina
são representadas pela Figura 2.
Figura 2: Formas iônicas da fenilalanina.
O estado de ionização de um aminoácido depende do pH do meio e a conversão
entre as formas iônicas ocorre em valores de pH representados pelas constantes de
dissociação pK
1
e pK
2
. A fenilalanina apresenta valores de pK em 2,11 e 9,13, e ponto
isoeletrônico (pI) em 5,48 (LEHNINGER, 1980).
A fenilalanina é um aminoácido comum que usualmente está presente em todas
as proteínas de origem animal ou vegetal na proporção de 3 a 6 %. A baixa ingestão de
proteínas é preconizada no tratamento dietoterápico dos fenilcetonúricos, por isso,
vários métodos têm sido propostos com o intuito de reduzir este aminoácido nos
alimentos (OUTINEN et al., 1996; SHIMAMURA et al., 1999).
Os métodos usados para a remoção de fenilalanina baseiam-se na liberação
deste aminoácido por hidrólise química ou enzimática, sendo posteriormente removido
7
por tratamentos diferenciados (SHIMAMURA et al., 1999). Vários métodos o
utilizados para a remoção, como adsorção em carvão ativado ou resinas de adsorção,
cromatografia de troca iônica, peneira molecular ou filtração em gel, além de
desaminação deste aminoácido pela enzima fenilalanina amônia liase. A escolha do
método deve considerar a praticidade, a reprodutibilidade e a relação custo/eficiência
de cada tratamento. Deve ainda apresentar reconstituição e utilização viáveis, além de
resultar em produtos palatáveis e seguros (ADACHI et al., 1991; LOPEZ-BAJONERO
et al., 1991; MOSZCZYNSKI & IDZIAK, 1993; OUTINEN et al., 1996).
Vários autores vêm utilizando o carvão ativado para a remoção de fenilalanina
na produção de hidrolisados protéicos. KITAGAWA et al. (1987) obtiveram hidrolisados
de soro de leite que posteriormente foram tratados com carvão ativado removendo 97
% da fenilalanina. Este mesmo adsorvente foi utilizado por LOPEZ-BAJONERO et al.
(1991) em hidrolisados de caseína comercial e de leite em pó desnatado removendo 92
% da fenilalanina. MOSZCZYNSKI & IDIZIAK (1993) removeram a fenilalanina de
hidrolisados de caseínas empregando-se quatro tipos de carvão ativado cido, básico,
neutro e grau analítico), três tipos de resinas de troca iônica Amberlite (IRA-458, IRA-
401 e IRA-40Q) e o gel de filtração molecular Sephadex G-15. Dentre eles, o carvão
ativado de grau analítico mostrou ser o suporte que proporcionou a maior remoção de
fenilalanina (89,5 %). SHIMAMURA et al. (1999) propuseram a passagem de
hidrolisado protéico de soro de leite em coluna contendo carvão ativado para adsorver
aminoácidos aromáticos, especialmente fenilalanina, com uma faixa de remoção entre
85 a 95 %. O carvão ativado também foi utilizado com eficiência para a remoção de
fenilalanina de hidrolisados enzimáticos de leite em pó desnatado (93,6 a 99 %)
(LOPES et al., 2002; SOARES et al., 2004), de soro de leite em (75 a 99 %) (DE
MARCO et al., 2004; DELVIVO et al., 2004; 2005; SILVA et al., 2006) e de arroz (85 a
100 %) (BIZZOTTO et al., 2006ab), utilizando diferentes enzimas e condições
hidrolíticas.
Alguns trabalhos descreveram a utilização de diversos adsorventes na remoção
de fenilalanina em soluções aquosas. TITUS et al. (2003) realizaram estudos de
equilíbrio da adsorção de diversos aminoácidos em zeólita NaZSM-5 e obteve
capacidade de adsorção de fenilalanina de 41,29 mg/g a 30 °C. LEE et al. (2006)
verificaram a adsorção e dessorção de fenilalanina em um adsorvente polimérico não-
iônico, em diferentes pHs e temperaturas. A capacidade de adsorção máxima
alcançada foi de 41,3 mg/g em pH 7 e temperatura de 10 °C. Resultado similar foi
obtido por DÍEZ et al. (1998), avaliando a adsorção de fenilalanina em quatro tipos de
8
resinas poliméricas. SILVÉRIO et al. (2008) avaliaram a remoção de fenilalanina em
solução através de hidróxidos duplos lamelares e comparando com outros adsorventes
descritos na literatura, concluíram que os hidróxidos duplos lamelares apresentam
vantagens que os tornam melhores materiais adsorventes para remover o aminoácido.
LONG et al. (2009) investigaram a adsorção de diversas biomoléculas, incluindo a
fenilalanina, em aerogéis esféricos de carbono e obtiveram capacidade de adsorção de
66,07 mg/g. Não foram encontrados na literatura dados referentes à adsorção de
fenilalanina por carvões ativados produzidos a partir de resíduos agrícolas.
Apesar do uso do carvão ativado comercial ser uma das formas mais usadas
para adsorção de aminoácidos (TITUS et al., 2003), a utilização deste processo gera
um aumento considerável no custo do processo, devido à necessidade de regeneração
do adsorvente para posterior utilização (POLLARD et al., 1992). Quando se tem
interesse nas substâncias adsorvidas, é necessária a recuperação do adsorvente por
eluição com um solvente adequado, que deve ser separado das substâncias
adsorvidas e recuperado, para posterior utilização (BARBOSA, 1998). Além disso,
existe a questão da não especificidade do carvão ativado comercial, que ao ser
aplicado na remoção da fenilalanina em matrizes mais complexas, pode remover
também outras substâncias de interesse, como outros aminoácidos.
O motivo pelo qual se utiliza também o carvão ativado para remoção de
aminoácidos é porque esse contém em sua interface átomos como oxigênio e
hidrogênio os quais podem estar associados a átomos como cloro, nitrogênio e
enxofre. Portanto, a interface do carvão ativado é extremamente heterogênea o que
explica as suas propriedades de adsorção universais (GORNER, 2002). Tais
propriedades justificam o uso do carvão ativado para adsorção de aminoácidos.
3.2 ADSORÇÃO
A adsorção é um fenômeno de superfície no qual o soluto é removido de uma
fase e acumulado na superfície da segunda fase. O material inicialmente adsorvido é o
adsorvato, e o material onde se faz a remoção é chamado de adsorvente (PERUZZO,
2003). O processo contrário à adsorção, em que as moléculas são removidas da
superfície do adsorvente, é chamado de dessorção (MASEL, 1996).
A adsorção é uma das técnicas mais efetivas no tratamento de águas e
efluentes, na purificação e desidratação de gases e como meios de fracionamento de
fluidos que são difíceis de separar por outros meios de separação (BORBA, 2006).
9
O fenômeno de adsorção ocorre porque átomos da superfície têm uma posição
incomum em relação aos átomos do interior do sólido. Os átomos da superfície
apresentam uma força resultante na direção normal à superfície, para dentro, a qual
deve ser balanceada. A tendência a neutralizar essa força gera uma energia superficial,
atraindo e mantendo na superfície do adsorvente as moléculas de gases ou de
substâncias de uma solução com que estejam em contato (CIOLA, 1981; BARROS,
2001; VASQUES, 2008). Durante o processo, as moléculas encontradas na fase fluida
são atraídas para a zona interfacial devido à existência de forças atrativas (CAMARGO
et al., 2005), tais como:
- Ligações de Hidrogênio
- Interações Dipolo-Dipolo
- Forças de van der Waals
A migração dos componentes de uma fase para outra tem como força motriz a
diferença de concentração entre o seio do fluido e a superfície do adsorvente.
Usualmente o adsorvente é composto de micropartículas que são empacotadas em um
leito fixo por onde passa a fase fluida continuamente até que o haja mais
transferência de massa. Uma vez que o adsorvato concentra-se na superfície do
adsorvente, quanto maior for esta superfície, maior será a eficiência da adsorção. Por
isso geralmente os adsorventes são sólidos com partículas porosas (BORBA, 2006).
A adsorção é um fenômeno que depende da área superficial e do volume dos
poros. A estrutura dos poros limita as dimensões das moléculas que podem ser
adsorvidas enquanto a área superficial disponível limita a quantidade de material que
pode ser adsorvida (ALVES, 2005).
O tempo que a molécula do adsorvato fica ligada à superfície do adsorvente
depende diretamente da energia com que a molécula é segura, ou seja, é uma relação
entre as forças exercidas pela superfície sobre essas moléculas e as forças de campo
das outras moléculas vizinhas (HOMEM, 2001).
A adsorção pode ocorrer em uma única camada de moléculas (adsorção
unimolecular ou monomolecular), ou também pode ocorrer em diversas camadas
(adsorção multimolecular) (CIOLA, 1981). O processo de adsorção é, muitas vezes,
reversível, de modo que a modificação da temperatura e/ou pressão, pode provocar a
fácil remoção do soluto adsorvido no sólido (FOUST et al, 1982).
10
3.2.1 Classificação
Dependendo das forças de ligação entre as moléculas e átomos que estão
sendo adsorvidos e o adsorvente, as interações podem ocorrer de duas maneiras na
superfície do sólido: não específica ou específica. Outra forma de classificar a adsorção
é como física ou fisissorção e química ou quimissorção.
3.2.1.1 Adsorção não específica ou eletrolítica
Ocorre de forma rápida, reversível e os íons adsorvidos permanecem em
equilíbrio dinâmico com a solução. Nesse tipo de adsorção o adsorvente é capaz de
adsorver aquelas espécies que apresentam cargas de sinais contrários ao de sua
superfície. Esse tipo de adsorção é representado pelo modelo mais simples da Dupla
Camada Elétrica que é composto por duas zonas plano de carga sobre a superfície
do adsorvente (fixo) e o plano de carga da camada difusa (móvel, dita camada de
Gouy) (PARKS, 1975).
3.2.1.2 Adsorção específica
Esse tipo de adsorção ocorre devido a outras interações que não a atração
eletrostática. Os íons adsorvidos por este método poderão aumentar ou reduzir,
neutralizar ou reverter a carga efetiva do sólido. Espécies neutras sempre serão
adsorvidas especificamente. A adsorção específica ocorre, em geral, de forma mais
lenta, sendo mais difícil sua reversão e assim dificultando atingir a situação de
equilíbrio. É mais bem representada pelo modelo da Dupla Camada Elétrica composto
por três zonas plano de carga sobre a superfície do adsorvente, plano de carga
adsorvida especificamente (plano interno de Helmoltz) e o plano de carga da camada
difusa (PARKS, 1975).
3.2.1.3 Adsorção física e adsorção química
O tipo de ligação que se forma a partir da energia superficial pode ser fraca ou
forte. Quando o sólido é, por exemplo, iônico e a molécula que se adsorve é
polarizável, a ligação formada é forte, e passa a ser conhecida como adsorção química
ou quimissorção. Se a ligação é fraca, ao nível de forças de van der Walls (atração
11
como a de moléculas no estado líquido), a adsorção é conhecida como adsorção física
ou fisissorção (FOUST, 1982).
As forças que originam a adsorção física podem ser classificadas como
(BRANDÃO, 2006):
- forças eletrostáticas entre partículas carregadas ons) e entre dipolos
permanentes, quadrupolos e multipolos superiores;
- forças de indução entre um dipolo permanente (ou quadrupolo) e um dipolo
induzido;
- forças de atração (também chamadas de forças de dispersão) e
- forças de repulsão de curto alcance.
As contribuições de van der Waals estão sempre presentes enquanto as
contribuições eletrostáticas são significativas apenas no caso de adsorventes tais como
zeólitas que possuem estrutura iônica (ROMÃO et al., 2003). Essas interações têm um
longo alcance, apesar de fracas, sendo que a energia liberada quando uma partícula é
assim adsorvida é da mesma magnitude da entalpia de condensação. Nesse caso,
essa energia liberada pode ser adsorvida na forma de vibrações do retículo e dissipada
por efeito térmico, de forma que essa energia é gradualmente perdida e a partícula
finalmente adsorve na superfície através de um processo também conhecido como
acomodação. A entalpia de fisissorção pode ser medida pelo aumento da temperatura
de uma amostra de capacidade calorífica conhecida, e valores normalmente
observados são próximos de 20 kJ mol
-1
. Essa variação de entalpia não é suficiente
para que ocorra quebra de ligações, de modo que uma partícula assim adsorvida
preserve sua identidade, embora possa ocorrer distorção na sua estrutura devido à
proximidade da superfície do adsorvente.
A interação adsorvato/adsorvente na adsorção física é uma função da
polaridade da superfície do sólido e da adsortividade. O caráter não polar da superfície
no carvão ativado é fator preponderante na adsorção de moléculas não polares por um
mecanismo não específico, podendo ser incrementada pela adequada modificação da
natureza química da superfície do carvão (por exemplo: oxidação), desde que este
produza um incremento na interação superfície-adsorvato (YIN et al. 2007).
A adsorção física ocorre quando forças intermoleculares de atração das
moléculas na fase fluida e da superfície sólida o maiores que as forças atrativas
entre as moléculas do próprio fluido. Nenhuma ligação é quebrada ou feita, e a
natureza química do adsorvato é, portanto, inalterada (FERNANDES, 2005). As
moléculas são atraídas para todos os pontos da superfície e não se limita apenas a
12
uma camada, ou seja, podem formar-se camadas moleculares sobrepostas. O
equilíbrio é alcançado em menor tempo que na adsorção química e o aumento da
temperatura produz uma diminuição notável na quantidade adsorvida (CIOLA, 1981;
FOUST et al., 1982). É uma interação reversível, uma vez que a energia requerida para
a dessorção é pequena (BORBA, 2006).
Em alguns casos, a adsorção pode ser resultante da ligação química entre o
sólido adsorvente e o adsorvato presente na fase fluida. Essa ligação ocorre pela troca
ou compartilhamento de elétrons, como ocorre em uma reação química, com
elementos como complexos ou íons metálicos, ligados à superfície do material sólido,
resultando na formação de pelo menos um novo componente químico. Este processo é
denominado quimissorção (ALBUQUERQUE-JUNIOR, 2002; BORBA, 2006). Neste
caso, as forças envolvidas são forças químicas específicas para a associação e
formação de complexo, para a formação de ligações químicas livres, para as quais a
ponte de hidrogênio seja talvez o melhor exemplo (BRANDÃO, 2006).
Na adsorção química o adsorvato é fixado mais fortemente à superfície do
adsorvente através de interações fortes (geralmente covalentes ou iônicas), e tendem a
ocupar sítios que maximizem seu número de coordenação com o substrato. O
adsorvato sofre uma mudança química e é geralmente dissociado em fragmentos
independentes, formando radicais e átomos ligados ao adsorvente. As moléculas não
são atraídas para todos os pontos da superfície e dirigem-se para os centros ativos.
Geralmente envolvem apenas a primeira camada. A entalpia de quimissorção é muito
maior que a observada na fisissorção, apresentando valores da ordem de 200 kJ.mol
-1
.
(CIOLA, 1981; RUTHVEN, 1997; BRANDÃO, 2006). Em muitos casos a adsorção é
irreversível e é difícil de separar o adsorvato do adsorvente (FOUST et al, 1982).
A adsorção química pode ser ativada ou não-ativada (CIOLA, 1981). É dita
ativada quando a taxa de adsorção varia com a temperatura, segundo equação
semelhante à de Arrhenius; e não-ativada quando a taxa de ativação é muito pequena
e a adsorção ocorre rapidamente (PERUCH, 1997).
As principais diferenças entre a adsorção sica e química o mostradas na
Tabela 1.
Embora as adsorções sica e química sejam caracterizadas por diferentes
efeitos térmicos, não existe uma diferença clara entre os dois mecanismos. Uma
grande distribuição da nuvem de elétrons perto do adsorvente e o compartilhamento de
elétrons é freqüentemente resultado do mesmo efeito de calor (BORBA, 2006).
13
Tabela 1: Características da adsorção física e química
Adsorção Física Adsorção Química
Causada por forças de van der Waals Causada por forças eletrostáticas e ligações
covalentes
Não há transferência de elétrons Há transferência de elétrons
Calor de adsorção = 2 – 6 Kcal/mol Calor de adsorção = 10 - 200 Kcal/mol
Fenômeno geral para qualquer espécie Fenômeno específico e seletivo
A camada adsorvida pode ser removida por
aplicação de vácuo à temperatura de
adsorção
A camada adsorvida só é removida por
aplicação de vácuo e aquecimento a
temperatura acima da de adsorção
Formação de multicamada abaixo da
temperatura crítica
Somente há formação de monocamadas
Acontece somente abaixo da temperatura
crítica
Acontece também a altas temperaturas
Lenta ou rápida Instantânea
Adsorvente quase não é afetado Adsorvente altamente modificado na
superfície
FONTE: COUTINHO et al. (2001).
3.2.2 Fatores que influenciam e controlam a adsorção
O processo de adsorção depende de vários fatores, os quais incluem: natureza
do adsorvente, adsorvato e as condições de adsorção (ANIA et al., 2002; SALAME et
al., 2003).
As características dos adsorventes incluem:
Área superficial: quanto maior a área superficial disponível para a
adsorção maior será a quantidade adsorvida;
Distribuição do tamanho dos poros;
Conteúdo de cinzas;
Densidade;
Tipo de grupos funcionais presentes na superfície;
Natureza do material precursor: a estrutura molecular do adsorvente tem
grande influência no grau de adsorção em função do tipo e posição do grupo
funcional (BARROS, 2001).
A natureza do adsorvato depende de:
Polaridade;
14
Hidrofobicidade;
Tamanho da molécula;
Solubilidade: grupos polares diminuem a adsorção de soluções aquosas
pela alta afinidade com água;
Acidez ou basicidade, determinado pela natureza do grupo funcional
presente (SALAME et al., 2003).
As condições de contorno incluem:
Temperatura: geralmente a adsorção é exotérmica; na maioria dos
sistemas um aumento da temperatura implica uma diminuição na quantidade
adsorvida. A dessorção pode ser realizada com um aumento de temperatura ou
ainda pode-se dizer que temperaturas altas geralmente diminuem ou retardam o
processo de adsorção;
Polaridade do solvente, quando aplicável;
Velocidade de agitação: promove dispersão de partículas homogêneas,
pela diminuição da espessura da camada limite e aumento da taxa de transferência
de massa;
Relação sólido-líquido: quanto mais alta maior a taxa de adsorção;
Tamanho das partículas: quanto menor o tamanho maior a superfície de
contato e melhor a taxa de adsorção;
Concentração inicial: taxa é proporcional à concentração inicial usada
porque modifica o coeficiente de difusão;
Ionização: geralmente adversa à adsorção por sólidos hidrofóbicos.
Materiais altamente ionizados são fracamente adsorvidos, baixos pHs favorecem a
adsorção de ácidos orgânicos enquanto que pHs altos favorecem a adsorção de
bases orgânicas; O valor ótimo do pH deve ser determinado para cada resíduo;
E a presença de outras espécies competindo pelos sítios de adsorção.
Grupos constituintes ou impurezas da superfície do carvão também podem
limitar a adsorção, podendo repelir as moléculas do adsorvato (ISHIZAKI et al., 1981).
O processo de adsorção é espontâneo e, portanto, tem lugar com uma
diminuição da energia livre de adsorção. As interações eletrostáticas aparecem,
fundamentalmente, quando o adsorvato é um eletrólito que está dissociado ou
protonado em solução aquosa sobre as condições experimentais usadas. Estas
15
interações podem ser atrativas ou repulsivas, dependendo das cargas de densidade
sobre o adsorvente e adsorvato, e das forças iônicas da solução. As interações não-
eletrostáticas geralmente são atrativas e incluem as forças de van der Waals e as
interações hidrófobicas (MORENO-CASTILLA, 2004).
3.3 CINÉTICA DE ADSORÇÃO
A cinética de adsorção descreve a velocidade de remoção do soluto, sendo
dependente das características físicas e químicas do adsorvato, adsorvente e sistema
experimental. Os parâmetros a serem avaliados incluem: pH, temperatura,
concentração do adsorvato, tamanho dos poros do adsorvente, tipo de adsorvato e a
natureza da etapa limitante de velocidade de adsorção (FERNANDES, 2005).
A seqüência de etapas individuais do mecanismo de adsorção em sólidos
porosos é a seguinte:
Transporte das moléculas do fluido para a superfície externa do sólido;
Movimento das moléculas do fluido através da interface, e adsorção nos
sítios superficiais externos;
Migração das moléculas do fluido nos poros, e;
Interação das moléculas do fluido com os sítios disponíveis na superfície
interna, ligando os poros e espaços capilares do sólido.
A primeira etapa pode ser afetada pela concentração do fluido e pela agitação.
Portanto, um aumento da concentração do fluido pode acelerar a difusão de adsorvato
da solução para a superfície do sólido. A segunda etapa é dependente da natureza das
moléculas do fluido e a terceira etapa é geralmente considerada a etapa determinante,
especialmente no caso de adsorventes microporosos (SOARES, 1998).
É reportado por diversos autores que, em geral, a cinética de adsorção é pida
inicialmente, em virtude de a adsorção ocorrer principalmente na superfície externa,
seguida por uma lenta etapa de adsorção na superfície interna do adsorvente. Se o
adsorvente tem baixa microporosidade, não acessível às moléculas de soluto, a
cinética de adsorção é mais rápida quando comparada com adsorventes com grande
volume de microporos (BARROS, 2001).
Vários modelos cinéticos são utilizados para examinar o mecanismo controlador
do processo de adsorção tais como: reação química, controle da difusão e
transferência de massa. Contudo, os modelos empregados com maior frequência são
os de pseudo primeira-ordem e de pseudo segunda-ordem (ONAL, 2006).
16
3.3.1 Modelo Irreversível de pseudo primeira-ordem
Uma análise simples da cinética de adsorção é realizada pela equação de
LAGERGREN (1898). A equação de Lagergren, uma equação de pseudo primeira-
ordem baseada na capacidade dos sólidos é dada pela equação 1:
( )
te1
t
qqk
dt
dq
= (1)
em que k
1
é a constante da taxa de adsorção de pseudo primeira-ordem (s¯¹), e q
e
e q
t
são as quantidade adsorvidas por grama de adsorvente no equilíbrio e no tempo t,
respectivamente (mg.g
-1
). Após a integração da equação 1 e aplicando condições de
contorno: q
t
= 0, t = 0; quando q
t
= q
t
, t = t obtém-se a equação 2.
(
)
tklnqqqln
1ete
(2)
Os valores de k
1
e q
e
podem ser determinados através do gráfico de ln(q
e
-q
t
)
versus t. Em muitos casos, a equação de Lagergren não se ajusta bem para toda faixa
de tempo de contato, pois é aplicável apenas para estágios inicias da adsorção
(BANAT et al., 2007; NCIBI et al., 2008).
3.3.2 Modelo de pseudo segunda ordem
O modelo de pseudo segunda-ordem (HO & McKAY, 1998) baseia-se também
na capacidade de adsorção do adsorvente. Esse modelo prediz o comportamento
sobre toda a faixa do estudo, e indica que o processo de adsorção é de natureza
química e taxa controlada (BANAT et al., 2007; TAN et al., 2007; NCIBI et al., 2008).
Esse modelo pode ser expresso de acordo com a equação 3:
( )
2
te2
t
qqk
dt
dq
= (3)
em que k
2
é a constante da taxa de adsorção da pseudo segunda-ordem (g.mg
-1
.min¯¹).
Integrando a equação 3 e aplicando as condições de contorno: q
t
= 0, t = 0; quando q
t
=
q
t
, t = t obtém-se a equação 4.
17
( )
tk
q
1
qq
t
2
2
e
te
+=
(4)
Linearizando a equação 4, tem-se:
e
2
e2
t
q
t
qk
1
q
t
+=
(5)
A taxa inicial de adsorção h (mg.g
-1
.min
-1
), pode ser dada por:
2
e2
q.kh = (6)
Se o modelo cinético de pseudo segunda-ordem for aplicável, a plotagem de
(t/q
t
) versus t deve apresentar uma relação linear próxima a 1. Os valores de q
e
e k
2
podem ser obtidos através do intercepto e da inclinação da curva apresentada no
gráfico (t/q
t
) versus t. Contrariamente ao modelo de Lagergren, o modelo de pseudo-
segunda-ordem prediz o comportamento de adsorção durante todo o tempo do
processo (HO, 2006).
3.4 EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO
A capacidade de um material adsorver um soluto é dada pelo equilíbrio de fase,
ou seja, o poder adsortivo é obtido em função da concentração do soluto na fase
líquida e da quantidade da substância adsorvida no sólido. Em alguns sistemas pode-
se traçar uma curva de concentração do soluto em função da concentração da fase
fluida, uma vez que esses processos ocorrem à temperatura constante, as curvas
obtidas são denominadas isotermas de adsorção. Estas medem a eficiência da
adsorção. A partir de uma isoterma, pode-se, por exemplo, prever a quantidade de
carvão necessária para a retirada total ou parcial do adsorvato de um meio (CUSSLER,
1997).
A adsorção pode ser avaliada quantitativamente através das isotermas. O
procedimento experimental consiste em colocar em contato a solução contendo o
componente a ser adsorvido com diferentes massas de adsorvente até atingir o
equilíbrio. Depois da filtração pode-se obter a concentração de equilíbrio em solução e
a quantidade de material que foi adsorvida. Assim obtêm-se os gráficos que o as
18
isotermas. Esses podem apresentar-se de várias formas, fornecendo informações
importantes sobre o mecanismo de adsorção. As isotermas mostram a relação de
equilíbrio entre a concentração na fase fluida e a concentração nas partículas
adsorventes em uma determinada temperatura. Algumas formas mais comuns estão
apresentadas na Figura 3. A isoterma linear passa pela origem e a quantidade
adsorvida é proporcional à concentração no fluido. Isotermas convexas são favoráveis,
pois grandes quantidades adsorvidas podem ser obtidas com baixas concentrações de
soluto (CUSSLER, 1997). Os tipos de isotermas de adsorção são vários e suas
expressões teóricas são derivadas de acordo com as diversas suposições sobre o
comportamento dos componentes do sistema (KEANE, 1998).
Figura 3: Isotermas de adsorção
FONTE: CUSSLER (1997)
A parte inicial da isoterma quase reta indica que, nessa região, a adsorção é
praticamente proporcional às concentrações de equilíbrio. Existem consideráveis sítios
na superfície do adsorvente que permanecem ainda livres. A parte da isoterma quase
horizontal corresponde aos valores mais elevados de concentração. A superfície do
material adsorvente se encontra completamente saturada com o adsorvente (FÁVERE,
1994).
As isotermas de adsorção foram classificadas tradicionalmente pela IUPAC
(1994) em seis tipos, de acordo com o tipo de poro envolvido, como mostradas na
Figura 4.
19
Figura 4: Tipos de isotermas de adsorção
FONTE: GREG & SING (1982); WEBB & ORR (1997).
O Tipo I é a do tipo Langmuir e é característica de adsorventes com poros
extremamente pequenos (0,8 nm a 1,8 nm). Baseia-se na aproximação gradual da
adsorção limite que corresponde à monocamada completa.
A isoterma do tipo II corresponde à formação de multicamadas, representando
adsorvente não poroso ou de poros relativamente grandes.
A isoterma do tipo III é relativamente rara; a adsorção inicial é lenta em virtude
de forças de adsorção pouco intensas.
Quanto às isotermas do tipo IV e V estas refletem o fenômeno da condensação
capilar, característicos de materiais mesoporosos.
E por fim, a isoterma do tipo VI é indicativa de um sólido não poroso com uma
superfície quase completamente uniforme e é bastante rara, onde a adsorção ocorre
em etapas (ROCHA, 2006).
As isotermas derivadas teórica ou empiricamente podem freqüentemente ser
representadas por equações simples que relacionam diretamente o volume adsorvido
em função da pressão do gás. Os modelos de Langmuir, Freundlich e de Brunauer-
Emmett e Teller (BET) são os mais utilizados no estudo da adsorção de gases e
20
vapores sobre substâncias porosas. No caso de adsorção de soluções, os dois
primeiros modelos são os mais empregados (ALBUQUERQUE-JUNIOR, 2002;
CLAUDINO, 2003).
3.4.1 Modelo de Langmuir
A isoterma de Langmuir é um dos modelos mais simples para representação das
isotermas de adsorção, e corresponde a um tipo de adsorção altamente idealizada
(LANGMUIR, 1918). As considerações básicas do modelo de Langmuir são:
a superfície de um sólido é constituída por um número finito de sítios de
adsorção nos quais as moléculas se adsorvem;
cada sítio tem a capacidade de adsorver apenas uma molécula;
todos os sítios possuem a mesma energia adsortiva e;
não existem interações ente moléculas adsorvidas em sítios vizinhos
(BRANDÃO, 2006).
O modelo proposto por Langmuir tem a seguinte forma geral:
eq
eq0
e
bC1
bCq
q
+
=
(7)
que pode ser expressa na forma linearizada:
0eq0e
q
1
C
1
.
bq
1
q
1
+=
(8)
em que:
q
e
é a quantidade adsorvida na fase sólida no equilíbrio (mg
adsorvato
/g
adsorvente
);
C
eq
é a concentração na fase líquida no equilíbrio (mg/L);
q
0
é um parâmetro de Langmuir que representa a capacidade máxima de
cobertura da monocamada (mg
adsorvato
/g
adsorvente
) e
b é o grau de afinidade (L/g).
21
As constantes da isoterma de Langmuir têm significado físico. O parâmetro b
representa a razão entre a taxa de adsorção e dessorção. Portanto, elevados valores
deste parâmetro indicam forte afinidade do adsorvato pelos sítios do material, enquanto
que o parâmetro q
0
representa o mero total de sítios disponíveis no material
adsorvente (BORBA, 2006).
As características essenciais da isoterma de Langmuir podem ser
expressas em termos de um fator de separação adimensional ou parâmetro de
equilíbrio, R
L
, que é utilizado para prever se o sistema de adsorção é favorável ou
desfavorável. Este fator de separação pode ser definido pela equação 9.
0
L
Cb1
1
R
+
= (9)
A isoterma é favorável quando 0< R
L
<1 (BAAR, 2006).
Considera-se que o adsorvato comporta-se como um gás perfeito no modelo de
Langmuir. As partículas adsorvidas são confinadas em uma camada monomolecular,
todas as partes da superfície apresentam a mesma energia de adsorção. Pode-se
considerar ainda que não interação adsorvato-adsorvato e que as moléculas
adsorvidas são localizadas, ou seja, possuem pontos de ligação na superfície definida.
Embora derivada para explicar situações de adsorção reversíveis, a equação de
Langmuir pode refletir adequadamente sistema de adsorção irreversível (BRANDÃO,
2006; BORBA, 2006).
A teoria de Langmuir foi inicialmente usada para adsorção de moléculas de gás
sobre superfícies metálicas. Porém esse modelo tem sido aplicado com sucesso a
muitos outros processos de adsorção em fase aquosa (BARROS, 2001).
3.4.2 Modelo de Freundlich
A isoterma de Freundlich é uma equação empírica que considera a existência de
uma estrutura de multicamadas, e não prevê a saturação da superfície (FREUNDLICH,
1907). É um modelo alternativo ao proposto por Langmuir (TAVARES et al., 2003). O
modelo considera o sólido heterogêneo e distribuição exponencial para caracterizar os
vários tipos de sítios de adsorção, os quais possuem diferentes energias adsortivas. É
possível interpretar a isoterma teoricamente em termos de adsorção em superfícies
energeticamente heterogêneas. Este modelo se aplica bem a dados experimentais de
22
faixa de concentração limitada. Este modelo de isoterma é aplicado somente abaixo da
concentração de saturação (solubilidade ou pressão de vapor de saturação) a partir da
qual ocorre a condensação ou cristalização quando o fenômeno de adsorção não é
mais significativo (SUZUKI, 1990).
O modelo é dado pela expressão:
n
1
eqe
kCq =
(10)
que pode ser expressa na forma linearizada:
)Cln(
n
1
)kln(qln
eqe
+=
(11)
em que:
q
e
é a quantidade adsorvida na fase sólida (mg/g de adsorvente) e
C
eq
é a concentração de equilíbrio (mg/L).
Os parâmetros empíricos de Freundlich são constantes que dependem de
diversos fatores experimentais tais como temperatura, área superficial do adsorvente e
do sistema particular a ser estudado. Essas constantes se relacionam com a
distribuição dos sítios ativos e a capacidade de adsorção do adsorvente. A constante
“k” é indicativa da extensão da adsorção e a constante “n” do grau de heterogeneidade
da superfície entre a solução e concentração. O expoente “n” também fornece uma
indicação se a isoterma é favorável ou desfavorável, sendo valores de “n” no intervalo
de 1 a 10 representativos de condições de adsorção favoráveis (BARROS, 2001).
A isoterma de Freundlich não prevê a saturação do adsorvente. Assim, o modelo
permite a existência de uma cobertura superficial infinita (BORBA, 2006). Geralmente,
carvões ativados apresentam isotermas que se ajustam ao modelo de Freundlich para
casos em que a pressão do sistema é média, mas a altas pressões e baixas
temperaturas não há um bom ajuste (CLAUDINO, 2003).
23
3.4.3 Modelo de BET
O termo BET é originário do sobrenome dos seus autores Brunauer, Emmet e
Teller que, em 1938, propuseram uma teoria para o fenômeno de adsorção assumindo
o mesmo mecanismo de adsorção da teoria de Langmuir e introduzindo algumas
hipóteses simplificadoras, admitindo a possibilidade de que uma camada é capaz de
produzir sítios de adsorção gerando a deposição de uma camada sobre a outra
(BRUNAUER et al., 1938; SOARES, 2001). Considera que cada molécula adsorvida na
superfície do adsorvente proporciona um segundo sítio para uma segunda camada de
moléculas, sucessivamente (PERUZZO, 2003).
O modelo de BET é baseado nas restrições descritas a seguir:
A adsorção ocorre em várias camadas independentes e imóveis;
O equilíbrio é alcançado para cada camada;
Além da primeira camada, a adsorção é aproximadamente igual à
condensação, no caso da adsorção em fase gasosa, ou precipitação, no caso da
adsorção em fase líquida (PERUCH, 1997).
A isoterma de BET pode ser escrita como:
+
=
o
o
m
a
p
p
)1c(1)pp(
cpV
V
(12)
A equação pode ser escrita na forma linear como:
+=
ommoa
p
p
cV
1c
cV
1
)pp(V
p
(13)
is
1
V
m
+
=
(14)
em que:
V
a
= volume de gás adsorvido na pressão P [L];
V
m
= volume de gás requerido para formar a monocamada [L];
c = uma constante [-];
p
o
= pressão de saturação do gás [Pa].
24
o
p
p
= Pressão relativa do adsorvato;
A relação linear, Eq. (13), somente é aplicável para a maioria dos sistemas
adsorvente/adsorvato na faixa de valores de pressão relativa entre 0,05 a 0,35 (GREG
& SING, 1982). A equação de BET, Eq. (12) proporciona um ajuste satisfatório das
isotermas do tipo I, II e III, conforme mostrado na Figura 4 (ROCHA, 2006).
A equação de BET foi desenvolvida com o objetivo de relacionar valores obtidos
a partir das isotermas de adsorção com a área específica de um sólido. A área S
BET
pode então ser obtida pela seguinte equação (GREG & SING, 1982).
414,22
N.V
S
m
BET
=
(15)
em que:
V
m
= volume de gás requerido para formar a monocamada [L];
N = Número de Avogadro;
S
BET
= área BET
Valores negativos das constantes de BET e Langmuir não têm sentido
fisicamente. Indicam que estes modelos não se ajustam para explicar o processo de
adsorção, ou seja, não seguem as hipóteses consideradas no modelo (BARROS,
2001). Vale ressaltar que este tipo de isoterma é característico da adsorção de gases,
sendo geralmente utilizado em estudos de adsorção de líquidos para caracterização do
adsorvente e determinação da área superficial.
3.5 ADSORVENTES
A palavra adsorvente aplica-se usualmente a um sólido que mantém o soluto na
sua superfície pela ação de forças físicas (FERNANDES, 2005). Os adsorventes
podem ser classificados conforme o tamanho dos poros e de acordo com sua
polaridade. O tamanho dos poros determina a acessibilidade das moléculas de
adsorvato ao interior do adsorvente, portanto, a distribuição de tamanho dos poros é
uma importante propriedade na capacidade de adsorção do adsorvente. em relação
à polaridade, os adsorventes podem ser classificados em polares ou hidrofílicos e
25
apolares ou hidrofóbicos. Em geral, os adsorventes hidrofílicos ou polares são
empregados para adsorver substâncias mais polares que o fluido no qual estão
contidas. os apolares ou hidrofóbicos são empregados para a remoção de espécies
menos polares (BRANDÃO, 2006).
Os adsorventes podem ainda ser classificados, de acordo com o método de
preparação e utilização, em cinco categorias distintas: (i) carvões ativados; (ii)
biosorventes (estritamente relacionados com a sua aplicação no que se refere ao
"processo de biossorção"), (iii) carvão de osso (material granular obtido pela
carbonização de ossos animais); (iv) adsorventes a base de quitina e quitosanas; e (v)
resinas de troca iônica (OLIVEIRA & FRANCA, 2008). Os adsorventes mais comuns
incluem a sílica gel, carvão ativado, alumina, zeólitas sintéticas e diversas argilas
(FERNANDES, 2005).
3.6 CARVÃO ATIVADO
O carvão ativado é o nome comercial de um grupo de carvões que se
caracterizam por ter uma estrutura porosa e uma superfície interna elevada. São
materiais carbonáceos porosos que apresentam uma forma microcristalina, não
grafítica, que sofreram um processamento para aumentar a porosidade interna. Esta
porosidade é classificada segundo o tamanho em: macro, meso e microporosidade.
Uma vez ativado, o carvão apresenta uma porosidade interna comparável a uma rede
de túneis que se bifurcam em canais menores e assim sucessivamente (CLAUDINO,
2003; RODRIGUEZ-REINOSO & MOLINA-SABIO, 2004). Em termos simples, carvões
ativados podem ser descritos como carvões sólidos produzidos termicamente com alta
porosidade, áreas de alta superfície interna (geralmente variando de 500 a 2000 m
2
g
-1
)
e que se compõem de uma adequada química superficial, o que confere um grau de
reatividade. Devido à sua elevada capacidade de adsorção de um amplo espectro de
adsorvatos (íons metálicos, corantes, fenóis e derivados fenólicos, entre outros),
carvões ativados são bastante versáteis e são os adsorventes mais comuns
atualmente, sendo utilizados na indústria química e outros setores em todo o mundo
(OLIVEIRA & FRANCA, 2008).
Na maioria dos casos, os carvões ativados são preparados através do
tratamento com gases oxidantes de precursores carbonizados, ou por carbonização de
materiais carbonáceos misturados com produtos químicos desidratantes, em condições
26
adequadas para desenvolver porosidade (RODRIGUEZ-REINOSO & MOLINA-SABIO,
2004).
Os carvões são constituídos de lâminas carbônicas de cadeia curta e
distorcidas, que são empilhadas de forma irregular e unidas entre si para formar um
rede tridimensional. Os espaços ocos entre essas lâminas formam a microporosidade
do carvão, como mostrado esquematicamente na figura 5:
Figura 5: Esquema da microestrutura de um carvão ativado
FONTE: RODRIGUEZ-REINOSO & MOLINA-SABIO (2004).
Tanto as propriedades adsorventes (área superficial, tamanho e volume de
poros) como as propriedades químicas do carvão ativado derivam de sua estrutura e
composição. As propriedades adsorventes se devem principalmente a alta superfície
interna do carvão ativado, onde as moléculas do soluto se movem do fluido até o
interior da partícula, e se unem à superfície do carvão principalmente por forças de
dispersão, de forma que a concentração do soluto na interface é mais alta do que no
fluido. Como a maior parte da superfície do carvão ativado reside em microporos, são
estes os principais responsáveis por sua capacidade de adsorção (ALBUQUERQUE-
JÚNIOR, 2002; RODRIGUEZ-REINOSO & MOLINA-SABIO, 2004).
Os carvões ativados podem ser fabricados na forma de pó ou na forma granular,
a partir de uma variedade de matérias-primas. O carvão ativado granular é considerado
como o melhor adsorvente para a eliminação de compostos diversos, tais como
compostos clorados, compostos aromáticos e poliaromáticos, pesticidas, herbicidas,
detergentes e matéria orgânica natural, que é a causadora da cor, odor e sabor de
muitas das águas naturais. O carvão ativado em é usado com os mesmos
27
propósitos que o carvão ativado granular, a diferença está no tamanho
(aproximadamente 44 µm do frente a 0,6-4 mm do granular), que permite
velocidades de adsorção mais rápidas. Os carvões ativados em pó são utilizados
geralmente como aditivos em batelada (MORENO-CASTILLA, 2004).
Carvões ativados são utilizados como adsorventes para purificar, desintoxicar,
filtrar, descolorir, separar ou concentrar materiais líquidos e gasosos, em áreas
diversas como alimentícia, farmacêutica, química, petrolífera, nuclear e automotiva,
assim como para tratamento de águas residuais das indústrias e água potável
(BANSAL & GOYAL, 2005).
Apesar da multiplicidade de aplicações, os carvões ativados apresentam
algumas desvantagens como: alto custo, não-seletividade (para carvões não-
adaptados, que é o caso geral), ineficácia de certos tipos de adsorvatos e regeneração
não linear e cara dos carvões saturados que, em geral, provoca a perda da capacidade
de adsorção. Estes aspectos desfavoráveis são as principais razões para conduzir
pesquisas sobre a obtenção de carvões ativados a partir de materiais precursores de
custo reduzido como resíduos agrícolas ricos em compostos lignocelulósicos (SAVOVA
et al., 2001; CRINI, 2006; DIAS et al., 2007).
3.6.1 Produção de carvão ativado
As matérias-primas mais utilizadas para produção de carvão ativado são os
materiais que possuem alto teor de carbono, como cascas de coco, de arroz, de nozes,
carvões minerais, madeiras, turfas, resíduos de petróleo, ossos de animais, caroços de
frutas (pêssego, damasco, amêndoa, ameixa, azeitona) e grãos de café, entre outros
materiais carbonáceos (CLAUDINO, 2003). Os carvões ativados são obtidos através
de duas etapas básicas: a carbonização pela pirólise do material precursor e a ativação
propriamente dita. A carbonização ou pirólise é usualmente feita na ausência de ar, em
temperaturas compreendidas entre 500 800ºC, enquanto a ativação é realizada com
gases oxidantes em temperaturas de 800 a 900ºC (DI BERNARDO, 2005).
O desempenho do carvão ativado é relacionado com suas características
químicas e estrutura porosa. Embora as condições de processamento do carvão
ativado possam ter alguma influência na estrutura e propriedade do produto final, estas
são determinadas principalmente pela natureza do material precursor. Também a
produtividade e facilidade de ativação dependem fortemente do material precursor
(SOARES, 2001).
28
3.6.1.1 Carbonização
A carbonização consiste no tratamento térmico (pirólise) do material precursor
em atmosfera inerte a temperatura superior a 200 °C, geralmente em torno de 400 °C.
É uma etapa de preparação do material, onde se removem componentes voláteis e
gases leves (CO, H
2
, CO
2
e CH
4
), produzindo uma massa de carbono fixo e uma
estrutura porosa primária que favorece a ativação posterior (SOARES, 2001;
CLAUDINO, 2003; FERNANDES, 2005).
Durante a carbonização os biopolímeros do material precursor, como a celulose,
se decompõem e perdem constituintes como nitrogênio, oxigênio e hidrogênio, os quais
escapam como produtos voláteis. Há também a perda de moléculas orgânicas de
diferentes tamanhos de cadeia (álcoois, ácidos, cetonas, etc.). Os átomos de carbono,
muito reativos se recompõem formando lâminas aromáticas. A disposição dessas
lâminas é irregular, deixando interstícios livres entre eles. Pequenas quantidades de
heteroátomos, que inicialmente estavam presentes no material precursor (N, O, H, Cl,
S), permanecem ligados às macromoléculas aromáticas, situando-se na superfície dos
planos de carbono. Poros muito finos e fechados são criados nessa etapa, e o produto
carbonizado tem geralmente uma pequena capacidade de adsorção (WIGMANS, 1989;
RODRIGUEZ-REINOSO & MOLINA-SABIO, 2004; FERNANDES, 2005; ROCHA,
2006). Os parâmetros importantes que irão determinar a qualidade e o rendimento do
produto carbonizado são a taxa de aquecimento, a temperatura final, o fluxo de gás de
arraste e a natureza da matéria-prima (CLAUDINO, 2003).
O carvão obtido pela carbonização de material celulósico é essencialmente
microporoso, mas essa microporosidade pode tornar-se preenchida ou parcialmente
bloqueada pelos produtos de decomposição. Então, para aumentar o volume dos
microporos torna-se necessário fazer a ativação (RODRIGUEZ-REINOSO & MOLINA-
SABIO, 1998).
3.6.1.2 Ativação
A etapa de ativação pode ser definida como um processo térmico que
desordena o material precursor, liberando compostos voláteis ricos em hidrogênio e
oxigênio e deixando um sólido rico em carbono, com estrutura porosa muito
desenvolvida (RODRIGUEZ-REINOSO & MOLINA-SABIO, 2004). Consiste em
submeter o material carbonizado a reações secundárias, visando o aumento da área
29
superficial. É a etapa fundamental, na qual será promovido o aumento da porosidade
do carvão. Deseja-se no processo de ativação, o controle das características básicas
do material (distribuição de poros, área superficial específica, atividade química da
superfície, resistência mecânica, etc.) de acordo com a configuração requerida para
uma aplicação específica (SOARES, 2001; CLAUDINO, 2003). dois tipos de
ativação: ativação química e ativação física.
Ativação química
A ativação química é realizada pela incorporação de um ou mais elementos ou
grupos funcionais na estrutura de carbono, pela impregnação de um agente
desidratante (ácido fosfórico, hidróxido de potássio, cloreto de zinco, cloreto de cálcio e
outros) ou oxidante (peróxido de hidrogênio, ácido nítrico e outros), geralmente sobre o
precursor ainda não carbonizado e posterior carbonização na faixa de temperatura de
400 a 800 °C. Em seguida o reagente químico é removido, por exemplo, por extração
(reação com ácidos no caso do ZnCl
2
e neutralização no caso de H
3
PO
4
), expondo a
estrutura porosa do carvão ativado (SOARES, 2001; OLIVEIRA & FRANCA, 2008).
A ativação química promove reações químicas na matriz de carbono que, por
sua vez, promovem alterações físicas no material precursor por favorecer a criação e,
algumas vezes, o alargamento dos poros, aumentando a área superficial interna e o
volume de poros. Também modifica a química superficial do adsorvente, alterando sua
funcionalidade com relação a sua afinidade por adsorvatos específicos. Apesar de cada
agente químico ter uma forma particular de desenvolver a porosidade, a proporção
entre o agente químico e o material precursor é a variável mais influente do processo
(RODRIGUEZ-REINOSO & MOLINA-SABIO, 2004; OLIVEIRA & FRANCA, 2008).
A ativação química apresenta vantagens em relação à ativação física uma vez
que tanto a carbonização quanto as etapas de ativação são realizadas
simultaneamente e geralmente a temperaturas mais baixas do que na ativação física
(IOANNIDOU & ZABANIOTOU, 2007).
Ativação física
Também chamada gaseificação, consiste na reação do carvão com gases
oxidantes como CO
2
, vapor d’água, ar ou uma combinação desses, em temperaturas
na faixa de 600 a 1000 °C. Durante a ativação, ocorre uma reação entre o gás e os
30
átomos de carbono mais reativos, ou seja, os mais insaturados, eliminando-os sob a
forma de monóxido de carbono. A perda seletiva de carbono produz um alargamento
da porosidade, em que o volume dos poros aumenta quanto mais se prolongue a
ativação (RODRIGUEZ-REINOSO & MOLINA-SABIO, 2004; OLIVEIRA & FRANCA,
2008).
As principais reações (endotérmicas) que se processam simultaneamente na
ativação física são:
Devido à natureza endotérmica das reações de ativação, as partículas de carvão
devem ser mantidas em contato íntimo com os gases oxidantes e o sistema deve ser
aquecido além da temperatura de reação desejada. A energia para o processo de
ativação pode ser fornecida de maneira direta ou indireta dependendo do tipo de forno
empregado (SOARES, 2001).
As reações gás-sólido envolvidas no processo de ativação física são descritas
através das seguintes etapas:
I. difusão do reagente para a superfície externa do sólido;
II. difusão do reagente pelos poros internos do sólido;
III. adsorção do reagente pela superfície interna do sólido;
IV. reação na superfície do sólido;
V. dessorção dos produtos da superfície interna do sólido;
VI. difusão dos produtos pelos poros internos do sólido; e
VII. difusão dos produtos da superfície externa do sólido (CLAUDINO, 2003).
O dióxido de carbono é o gás preferido para a ativação física que pode ser
facilmente manuseado, é limpo e permite um controle razoável do processo, devido às
lentas taxas de reações que promove no carvão em temperaturas em torno de 800 °C
(IOANNIDOU & ZABANIOTOU, 2007). Em geral, a ativação com CO
2
leva à criação e
ampliação de pequenos microporos, enquanto a ativação com vapor d’água promove
somente a ampliação dos microporos existentes na estrutura do carvão (RODRIGUEZ-
C
+ H
2
O CO + H
2
C + 2H
2
O CO
2
+ 2H
2
C + CO
2
H = + 117KJ/mol
H = +75 KJ/mol
CO
H = +159 KJ/mol
31
REINOSO & MOLINA-SABIO, 1998), produzindo então carvões ativados com meso e
macroporos. Uma vantagem da ativação com vapor d’água é que possui menor custo
que com CO
2
(OLIVEIRA & FRANCA, 2008).
De modo geral, a ativação física produz uma estrutura de poro tipo fenda
bastante fina, tornando os carvões assim obtidos apropriados para o uso em processo
de adsorção de gases. a ativação química gera carvões com poros grandes, sendo
mais apropriados para aplicações de adsorção em fase líquida (SOARES, 2001).
3.6.2 Propriedades físico-químicas dos carvões ativados
A capacidade do carvão ativado em adsorver compostos é dependente de
diversas propriedades, como: o processo de ativação a que o carvão foi submetido,
granulometria, área superficial, densidade, pH, teor de cinzas, dimensão e estrutura
interna dos poros e presença de grupos funcionais na superfície dos poros, que afetam
a reatividade da superfície (MUSSATTO & ROBERTO, 2004).
3.6.2.1 Porosidade
A porosidade dos carvões ativados é um dos aspectos mais importantes para a
avaliação de seu desempenho. As diferenças nas características de adsorção estão
relacionadas com a estrutura dos poros do material. Baseado nas propriedades de
adsorção, a IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry) estabelece
uma classificação porosa assim resumida:
Quanto à forma: utiliza-se a expressão poro aberto ou poro fechado para
designar buracos em materiais sólidos, o primeiro correspondendo a buracos que se
comunicam com a superfície externa e o segundo correspondendo a um buraco
isolado, conforme é representado esquematicamente na Figura 6. Se um poro aberto é
tal que permite o fluxo de um fluido, o poro é dito ser poro de transporte, sendo que,
este pode apresentar braços que não contribuem para o fenômeno de transporte.
32
Figura 6: Esquema apresentando os diferentes tipos de poros em um sólido
quanto à forma: (T) poro de transporte, (A) poro aberto, (F) poro fechado e (G) poro
tipo gaiola.
FONTE: GREG & SING (1982).
Quanto à dimensão dos poros: baseado nas propriedades de adsorção, a
IUPAC, propõe a seguinte classificação de poros como apresentada na Tabela 2.
Tabela 2: Classificação de poros segundo a IUPAC
Tipo de poro
Diâmetro médio Função Principal
Microporos θ
m
< 2 nm
Contribuem para a maioria da área superficial que
proporciona alta capacidade de adsorção para
moléculas de dimensões pequenas, tais como
gases e solventes comuns.
Mesoporos 2nm< θ
m
< 50nm
São importantes para a adsorção de moléculas
grandes tais como corantes e proporcionam a
maioria da área superficial para carvões
impregnados com produtos químicos.
Macroporos θ
m
> 50 nm
São normalmente considerados sem importância
para a adsorção e sua função é servir como meio
de transporte para as moléculas gasosas.
FONTE: GREG & SING (1982).
33
Com relação aos tipos de microporos, KANEBO (1992) prevê a existência de
três tipos, conforme mostrado na Figura 7.
Figura 7: Tipos de microporos segundo o modelo de KANEBO (1992)
FONTE: SOARES (2001).
Carvões ativados são geralmente microporosos, mas devem conter também
macro e mesoporos, que são muito importantes na acessibilidade das moléculas de
adsorvato para o interior das partículas, especialmente nas aplicações em fase líquida
(CAMPOS, 1996).
A determinação da porosidade do carvão ativado requer o uso combinado de
várias técnicas. Para os macroporos e a maior parte dos mesoporos se recomenda a
porosimetria de mercúrio. Essa técnica se baseia na penetração do mercúrio nos poros
mediante pressão. Para determinar o volume e a distribuição de mesoporos e
microporos a técnica mais utilizada é a adsorção de gases, normalmente de N
2
ou CO
2
,
pelo método de BET. Quando uma estimativa aproximada da porosidade e superfície
interna é aceitável, a adsorção de outras moléculas (de tamanhos e propriedades
conhecidas) também é utilizada para a caracterização da textura do carvão (por
exemplo, o iodo, azul de metileno, rodamina B e outros). A porosidade é a propriedade
principal responsável pela textura do carbono e consequentemente irá ditar as suas
propriedades mecânicas, que são fundamentais para a concepção e seleção do tipo de
equipamento a ser empregado em processos de adsorção de larga escala
(RODRIGUEZ-REINOSO & MOLINA-SABIO, 2004; OLIVEIRA & FRANCA, 2008).
34
3.6.2.2 Área superficial
A área superficial interna de adsorventes microporosos é freqüentemente
utilizada como medida para descrever o desenvolvimento dos poros (SUZUKI, 1990).
Como a adsorção se dá na superfície do sólido, adsorventes desenvolvidos para
aplicações práticas devem apresentar grande área superficial específica (CLAUDINO,
2003).
Um dos meios mais comuns na determinação da área específica de um sólido
baseia-se na determinação da quantidade de um adsorvato necessária para recobrir
com uma monocamada a superfície de um adsorvente. Os adsorvatos normalmente
usados para esse fim são gases. Quando um sólido é exposto a um gás ou vapor, em
um sistema fechado à temperatura constante, o sólido passa a adsorver o gás,
ocorrendo assim, um aumento da massa do sólido e um decréscimo da pressão do
gás. Após um determinado tempo, a massa do sólido e a pressão do gás assumem um
valor constante. A quantidade de s adsorvido pode ser calculada pela diminuição da
pressão por meio da aplicação das leis dos gases ou pela massa de gás adsorvida pelo
sólido. A quantidade de gás adsorvida é função da interação entre o gás e o sólido,
sendo, portanto, dependente da natureza dessas espécies (COUTINHO et al., 2001).
A determinação experimental da área superficial total dos sólidos porosos é
realizada pelo método mais importante elaborado, o método BET. Criado em 1938,
por Brunauer, Emmett e Teller, o método é baseado na determinação do volume de
nitrogênio adsorvido a diversas pressões na temperatura do nitrogênio líquido,
empregando nolculo uma equação por eles deduzida, que permite, a partir de
algumas experiências, determinar o volume de nitrogênio (V
m
) necessário para formar
uma camada monomolecular sobre o material adsorvido. A equação de BET foi
desenvolvida com o objetivo de relacionar valores obtidos a partir das isotermas de
adsorção com a área específica de um sólido. Para tal, obtém-se o volume da
monocamada (V
m
), através do volume de s adsorvido (V), a uma determinada
pressão (LE PAGE et al., 1987; SUZUKI, 1990; COUTINHO et al., 2001).
3.6.2.3 Química superficial
Apesar de a estrutura física ter sido o principal enfoque da caracterização de
carvões ativados por décadas, desde a sua introdução em escala industrial, no início
dos anos 90 (POLLARD, 1992), atualmente é reconhecido e aceito que uma
35
completa caracterização dos carvões adsorventes consiste também na investigação da
sua estrutura química (RODRIGUEZ-REINOSO & MOLINA-SABIO, 1998). Com relação
a isso, ênfase deve ser dada na determinação dos tipos de grupos funcionais
oxigenados presentes, que influenciam as características superficiais e,
consequentemente, o comportamento da adsorção de um carvão ativado. A presença
de grupos oxigenados nas superfícies interna e externa dos carvões ativados pode ser
atribuída aos seguintes aspectos:
I. baixas temperaturas de carbonização e ativação, que não são capazes de
remover alguns dos grupos mais termorresistentes por volatilização;
II. adsorção química de oxigênio do ar, introduzido à superfície do carvão
durante a etapa de ativação; e
III. inserção de grupos oxigenados na superfície por reação química com
soluções ou gases oxidantes (OLIVEIRA & FRANCA, 2008).
A química superficial dos materiais carbonosos depende essencialmente de seu
conteúdo de heteroátomos, principalmente de seu conteúdo em complexos de
oxigênio. Estes determinam a carga da superfície, sua hidrofobicidade e a densidade
eletrônica das camadas grafíticas (MORENO-CASTILLA, 2004).
Os átomos de carbono dos extremos de uma lâmina aromática são muito
propensos à formação de ligações C-O, C-S, C-Cl, etc. Pela estrutura do carvão ser tão
desordenada e os tamanhos dos microcristais serem tão pequenos, a quantidade de
heteroátomos que podem ser incorporados ao carvão é elevada, a ponto de modificar
suas propriedades adsorventes (RODRIGUEZ-REINOSO, 2004).
Os grupos oxigenados podem conferir caráter ácido ou básico à superfície do
carvão e, então, promover diferentes tipos de interações com o adsorvato em soluções
aquosas. Quando o carvão ativado é submerso em água desenvolve sobre sua
superfície uma carga proveniente da dissociação de grupos funcionais superficiais.
Esta carga superficial depende do pH do meio e das características da superfície do
carvão. A carga superficial negativa provém da dissociação dos grupos superficiais de
caráter ácido, como os grupos carboxílicos e fenólicos. A origem da carga superficial
positiva (em carvões sem grupos nitrogenados) é mais incerta, que pode provir de
grupos de oxigênio de caráter básico, como as pironas ou cromenos, ou da existência
de regiões ricas em elétrons π nas camadas grafíticas, que atuam como bases de
Lewis (BARTON et al., 1997; MORENO-CASTILLA, 2004; OLIVEIRA & FRANCA,
2008).
36
O carvão ativado está associado com uma quantidade apreciável de
heteroátomos, como o oxigênio e o hidrogênio, que são quimicamente ligados à sua
estrutura, e com componentes inorgânicos (cinzas). A matéria mineral (cinzas) do
adsorvente tem, por regra geral, um efeito deletério sobre o processo de adsorção, já
que pode preferencialmente adsorver água devido ao seu caráter hidrofílico, reduzindo
a adsorção do adsorvato em questão (MORENO-CASTILLA, 2004).
Os grupos funcionais oxigenados mais detectados na superfície de carvões
ativados são grupos carboxílicos, fenólicos, lactonas, carbonilas, éteres, pironas e
cromenos (OLIVEIRA & FRANCA, 2008). As estruturas dos grupos funcionais podem
ser vistas na Figura 8:
Figura 8: Principais grupos funcionais encontrados na superfície dos carvões.
FONTE: FERNANDES (2005)
Os grupos funcionais podem ser modificados por tratamentos térmico e químico
(JUNG et al., 2001). As características químicas superficiais dos carvões, determinadas
pela acidez ou pela basicidade, podem ser alteradas quando no tratamento em fase
líquida ou gasosa existirem agentes oxidantes como, por exemplo, o ozônio, óxido
nitroso, óxido nítrico, dióxido de carbono, etc., e/ou soluções oxidantes como ácido
37
nítrico, hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio, permitindo assim, a modificação da
natureza e a quantidade de oxigênio na superfície complexa do carbono (RODRIGUEZ-
REINOSO & MOLINA-SABIO, 1998; FIGUEIREDO, 1999). Estes tratamentos fixam
certa quantia de complexos de oxigênio na superfície do adsorvente (como carboxila,
lactonas, fenóis, cetonas, quinonas, álcoois e éteres), que tornam o material mais ácido
e hidrofílico, diminuindo o pH até sua estabilização e aumentando a densidade da
carga superficial. Ao mesmo tempo, os sítios de superfície básica estão associados à
acidez de Lewis, justificado pelo fato de que um aumento no conteúdo de oxigênio no
carvão diminui a densidade eletrônica dos planos basais e conseqüentemente reduz a
basicidade da superfície do carvão (LOPES-RAMON et al., 1999; MORENO-CASTILLA
et al., 2000). A ativação na fase gasosa aumenta consideravelmente a concentração de
grupos hidroxílicos e grupos carbonílicos na superfície do carvão, enquanto que a
oxidação na fase líquida eleva a quantidade de grupos carboxílicos (FIGUEIREDO et
al., 1999). Além do oxigênio, têm-se ainda outros heteroátomos como o nitrogênio,
hidrogênio e fósforo. O conteúdo dos heteroátomos depende da origem do carvão e do
método de ativação. O nitrogênio se apresenta sob a forma de aminas e grupos nitro e
o fósforo como fosfato (FERNANDES, 2005).
Os carvões com propriedades superficiais ácidas possuem a propriedade de
troca de cátions enquanto os com propriedades superficiais básicas têm o
comportamento de troca de ânions (BOEHM, 1994).
A caracterização química dos grupos oxigenados na superfície de um carvão
não pode ser precisamente realizada por uma única técnica analítica. No entanto, pode
ser razoavelmente determinada por métodos qualitativos, tais como espectroscopia de
infravermelho, espectroscopia fotoeletrônica de raios-X (XPS), espectroscopia de
dessorção térmica, Raman; ou quantitativos (mais como estimativas), como técnicas
titulométricas e medidas eletrocinéticas (BOEHM, 2002; OLIVEIRA & FRANCA, 2008).
A identificação dos grupos funcionais por técnicas titulométricas foi desenvolvida
por Boehm (1994), na qual o carvão reage com uma série de bases e a quantidade de
base neutralizada é mensurada. Titulações com bases progressivamente mais fortes
fornecem informações sobre a carga superficial total, bem como as funções oxigenadas
individuais na superfície dos carvões (TOLES et al., 1999). O método de titulação
desenvolvido por Boehm, embora não seja impecável (RODRIGUEZ-REINOSO &
MOLINA-SABIO, 1998), tem sido o mais empregado, com sucesso, na literatura
recente para determinação dos grupos oxigenados sobre a superfície de adsorventes
preparados a partir de resíduos agrícolas (OLIVEIRA & FRANCA, 2008). Outro método
38
bastante empregado é a espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier
(FTIR). A análise de FTIR permite observações espectrométricas da superfície do
adsorvente na faixa de 400–4000 cm
-
¹, e serve como um meio direto para a
identificação de grupos funcionais orgânicos contidos na superfície. Uma análise dos
carvões, antes e após a adsorção, possibilita a obtenção de informações com relação à
participação desses grupos funcionais no processo de adsorção e indica em quais
sítios da superfície a adsorção ocorreu (NAMASIVAYAM et al., 2006).
Estudos termogravimétricos revelam que, durante a carbonização de um
material lignocelulósico, grupos carboxílicos são os mais termolábeis dentre os grupos
oxigenados, decompondo-se em CO
2
a temperaturas na faixa de 100-400 °C; enquanto
anidridos carboxílicos e lactonas decompõem-se de 430-660 °C; os outros tipos de
grupos oxigenados (fenólicos, éteres, carbonílicos e quinônicos) são decompostos
termicamente como CO ou CO
2
a temperaturas superiores a 600 ºC, sendo as
estruturas pironas as mais estáveis termicamente (decompõem em 900-1200 °C)
(BOURKE et al., 2007). Assim, para controlar a natureza ácida ou básica do carvão
ativado produzido, com exceção das propriedades intrínsecas do material precursor, a
temperatura e as taxas de aquecimento devem ser cuidadosamente controladas no
processo de carbonização e ativação (OLIVEIRA & FRANCA, 2008).
3.6.2.4 pH
O pH da solução é um dos fatores chave que controla a adsorção de eletrólitos e
polieletrólitos orgânicos, que determina as interações eletrostáticas. Assim, o pH da
solução determina a carga superficial do carvão e a dissociação ou protonação do
eletrólito. O pH no qual a carga superficial total do carvão é nula, ou seja, as cargas
negativas estão exatamente contrabalanceadas pelas cargas positivas, é denominado
Ponto de Carga Zero (pH
PCZ
). A determinação do pH
PCZ
de um carvão é de extrema
relevância para aplicações de adsorção em que o adsorvato alvo possui estado
aniônico ou catiônico. Quando o pH da solução é maior que o pH
PCZ
, sua carga
superficial total ou externa estará carregada negativamente e a adsorção de cátions
será favorecida, devido à atração eletrostática. Por outro lado, em pHs inferiores ao
pH
PCZ
, a carga na superfície do carvão será predominantemente positiva, favorecendo
então a adsorção de ânions. Assim, os carvões ácidos têm um pH
PCZ
menor que 7,
enquanto que os sicos têm um pH
PCZ
maior que 7 (MORENO-CASTILLA, 2004;
OLIVEIRA & FRANCA, 2008).
39
O ponto de carga zero indica as características catiônicas ou aniônicas da
superfície do carvão e define-se como o logaritmo negativo da atividade dos íons para
o qual a carga líquida no plano de cisalhamento é nula. É obtido pela medida do
Potencial Zeta, que determina o caráter global da superfície para diferentes valores de
pH (MENÉNDEZ et al., 1995). Outras formas de determinar o pH
PCZ
de um carvão são
pela medida do seu pH de equilíbrio em soluções com diferentes pHs iniciais e
variando as quantidade de adsorvente (OLIVEIRA et. al, 2008a), ou pelo método do pH
acumulativo, descrito por LOPEZ-RAMON et al. (1999), em que uma quantidade fixa de
adsorvente é colocada em soluções com pHs variando numa ampla faixa e o pH final é
medido após o equilíbrio.
Os métodos mais comumente utilizados para determinação experimental do
Ponto de Carga Zero (pH
PCZ
) são titulações potenciométricas e em massa e a técnica
de imersão. Porém, cada uma dessas técnicas possui limitações. A técnica de imersão
geralmente oferece pouca precisão, enquanto a titulação de massa requer grande
quantidade do sólido, que nem sempre é disponível e, em alguns casos, a
polimerização de partículas do sólido pode tornar a determinação bastante difícil.
nas técnicas mais familiares de titulação potenciométrica, a mudança da força iônica
pode influenciar a solubilidade na superfície das partículas do sólido, alterando suas
características (VAKROS et al., 2002).
3.7 ADSORVENTES PRODUZIDOS A PARTIR DE RESÍDUOS
AGRÍCOLAS
Os resíduos da produção agrícola e da indústria de alimentos são materiais de
grande volume, pouco valorizados, que são altamente susceptíveis à degradação
microbiana e que, na maior parte das vezes, são usados como alimentação animal,
combustível, ou simplesmente são depositados sobre o solo, levando a sérios
problemas ambientais. Esses materiais geralmente contêm altos teores de celulose,
hemicelulose, lignina e proteínas e, desta forma, podem constituir fontes naturais
renováveis para uma extensa gama de materiais sustentáveis, como os adsorventes de
baixo custo (OLIVEIRA & FRANCA, 2008).
Atualmente, existem diversos estudos sendo conduzidos no desenvolvimento de
adsorventes de baixo custo a partir de resíduos agrícolas e industriais, com aplicações
incluindo a remoção de poluentes específicos, metais pesados, compostos orgânicos e
corantes (CRINI, 2006; DIAS et al., 2007; OLIVEIRA & FRANCA, 2008). Dentre os tipos
40
de adsorventes, o carvão ativado tem sido o mais pesquisado, já que o custo do carvão
ativado comercial torna o processo de adsorção muito caro.
Carvão ativado pode ser preparado a partir de uma enorme variedade de
matérias-primas, como cascas de coco, de arroz, de nozes, carvões minerais,
madeiras, turfas, resíduos de petróleo, caroços de frutas (pêssego, damasco,
amêndoa, ameixa, azeitona), bagaço de cana e grãos de café, soja e milho, entre
outros (CLAUDINO, 2003). Os precursores devem possuir alto conteúdo de carbono e
baixo conteúdo inorgânico. Além disso, devem ser facilmente ativados e pouco
degradados pelo tempo (MORENO-CASTILLA & RIVERA-UTRILLA, 2001). A
preparação de carvão ativado a partir desses materiais tem sido feita usando tanto a
ativação química quanto a física, sendo a ativação química o método mais utilizado
(DIAS et al., 2007).
A maioria dos estudos mostra que o carvão ativado de resíduos agrícolas e
industriais pode competir com os carvões disponíveis comercialmente, e alguns deles
até apresentam melhor comportamento em ensaios de adsorção que os carvões
comerciais.
O carvão ativado de bagaço de cana, preparado por método fisco com vapor
d’água, produzido por BERNARDO et al. (1997) demonstrou capacidade de adsorção
de melanoidinas comparável com a de carvões comerciais. Investigando o uso do
bagaço de cana para remoção de derivados do petróleo (gasolina e n-heptano em
soluções aquosas em temperatura ambiente) como contaminantes de efluentes,
BRANDÃO (2006) observou que o resíduo possuía caráter promissor como adsorvente,
sendo capaz de adsorver até 99 % de gasolina e 90 % de n-heptano contido em
soluções contendo 5 % destes contaminantes.
Carvões ativados a partir de casca de nozes foram produzidos por JOHNS et al.
(1999) e BANSODE et al. (2003) e testados na remoção de compostos orgânicos
voláteis e íons metálicos. Os resultados demonstraram uma área superficial igual ou
superior à do carvão comercial e um bom potencial na remoção de íons metálicos e
compostos orgânicos, principalmente benzeno.
HIRATA et al. (2002) utilizaram borra de café para produção de um adsorvente
de baixo custo, para remoção de alguns corantes de caráter básico, (laranja II, azul de
metileno e violeta genciana) de águas residuais, verificando a eficiência de dois tipos
de carbonização (mufla a 800 °C, sob atmosfera de nitrogênio e forno microondas a
temperatura de 400 °C). Após realização dos experimentos os autores concluíram que
os adsorventes produzidos a partir de borra de café apresentaram maiores
41
desempenhos que os carvões ativados e materiais cerâmicos ativados. Em relação ao
método de carbonização, observou-se que houve uma economia de energia no método
empregado em microondas quando comparado ao forno mufla.
STAVROPOULOS & ZABANIOTOU (2005) produziram carvão ativado a partir de
caroço de azeitona, por ativação química com KOH e utilizaram na remoção de corante
azul de metileno. A capacidade de adsorção foi comparável com a de carvões
comerciais e até maiores, quando o carvão sofreu ativação em graus mais altos.
A partir da noz Terminalia arjuna foi desenvolvido um adsorvente com o objetivo
de remover fenol de águas residuais (MOHANTY et al., 2005). A matéria-prima seca foi
submetida à ativação química com ZnCl
2
, com posterior carbonização. O carvão obtido
apresentou substancial capacidade de adsorção de fenol em soluções aquosas
diluídas. O carvão apresentou área superficial e volume do microporo em torno de 1260
m²/g e 0,522 cm³/g, respectivamente. A máxima remoção de fenol foi obtida a pH 3,5,
aproximadamente 93 % da dose de 10g/L de adsorvente e 100g/L de concentração
inicial.
Alguns estudos recentes têm demonstrado que tortas prensadas de sementes e
grãos, como azeitonas, soja, palma, girassol, resultantes da produção de óleo, podem
ser usadas como adsorventes, tanto in natura quanto como carvão ativado (DIAS et al.,
2007).
AJMAL et al. (2005) verificaram a capacidade adsorvente da torta de sementes
de mostarda para remoção de cobre em solução. A torta de soja in natura foi avaliada
como adsorvente de cromo em solução por DANESHVAR et al. (2002) e bons
resultados foram obtidos em pH < 1. BOUCHER et al. (2007) verificaram a biossorção
de três tipos de pesticidas em tortas de sementes de colza, soja e moringa. Os testes
de adsorção também foram realizados com as sementes moídas. Os resultados
demonstraram fraca adsorção pelas sementes moídas e boa capacidade adsortiva
pelas tortas, sendo estas adequadas para tratamento de água contaminada com
pesticidas, em concentrações de média a alta. RAO & KHAN (2007) testaram a torta
resultante da extração de óleo do fruto de nim, uma árvore indiana, na adsorção de
chumbo, cobre e cádmio em solução. O adsorvente foi mais seletivo para chumbo,
chegando a 98 % em pH 4 e foi considerado um efetivo biosorvente para remoção e
recuperação desses metais em água e efluentes.Em estudos com torta de azeitona,
proveniente da indústria de azeite de oliva, AL-ANBER & MATOUQ (2008) concluíram
que tal material possui boa efetividade na adsorção de íons cádmio em solução,
podendo ser útil em plantas de tratamento de efluentes e BACCAR et al. (2008)
42
produziram carvão ativado quimicamente com H
3
PO
4
, com boa capacidade de
adsorção de íons cobre em solução. O desempenho do carvão ativado foi superior a de
outros carvões citados na literatura e foi ainda melhor quando modificado com KMnO
4
.
A torta de sementes de girassol foi testada como precursor para produção de carvão
ativado quimicamente com H
2
SO
4
, em diversos graus de ativação, para adsorção de
corante azul de metileno (KARAGÖZ et al., 2008). Os resultados foram favoráveis para
todos os carvões testados.
3.8 GRÃOS DEFEITUOSOS DE CA
A presença de grãos defeituosos no café altera o aspecto, a torração e as
características de sabor e aroma da bebida, prejudicando a qualidade final do produto.
Os defeitos podem ser de natureza intrínseca, quando aparecem devido à condução
inadequada de processos agrícolas e industriais ou modificações de origem fisiológica
ou genética (grãos pretos, verdes, ardidos, chochos, quebrados e brocados); ou de
natureza extrínseca, correspondendo a elementos estranhos ao café beneficiado (coco,
marinheiro, cascas, paus e pedras) (COELHO, 2000; FRANCA et, al., 2005a; SILVA,
2005).
Dentre os tipos de defeitos, os mais importantes são preto, verde e ardido (PVA).
poucas informações sobre as causas e origens desses defeitos, sendo apenas
conhecida a sua influência prejudicial para a qualidade da bebida, avaliada pela prova
da xícara (COELHO, 2000; COELHO & PEREIRA, 2002; VASCONCELOS, 2005).
O grão preto é proveniente do grão morto dentro da cereja (CLARKE, 1987) ou
de grãos que caem naturalmente no solo por ação da chuva ou por estarem muito
maduros (MAZZAFERA, 1999). Seu endosperma apresenta coloração preta, sendo
bastante visível e facilmente reconhecido (COELHO, 2000; SILVA, 2005). O grão preto
é considerado o pior defeito quanto a aspectos físicos e sensoriais da bebida, sendo
utilizado como defeito base pelos classificadores de café no Brasil: um grão preto
equivale a um defeito (COELHO, 2005; VASCONCELOS, 2005).
O grão ardido está associado com a fermentação excessiva durante o
processamento por via úmida (CLARKE, 1987) e com processo de secagem
inadequado ou aproveitamento de cerejas muito maduras (SIVETZ & DESROSIER,
1979). Possui endosperma de coloração marrom, dando a impressão de café
deteriorado e sabor azedo. Pela tabela de classificação, dois grãos ardidos equivalem a
um defeito (COELHO, 2000).
43
O grão verde ou imaturo é proveniente de frutos imaturos (FRANCA &
OLIVEIRA, 2008), com película prateada aderida e coloração verde em tons diversos,
devido à retenção de pigmento pela película prateada (SILVA, 2005). Grãos verdes
conferem sabor metálico e adstringente à bebida e possuem reduzido teor de lipídeos.
Pela tabela de equivalência, cinco grãos verdes correspondem a um defeito (COELHO,
2000).
Existe ainda o grão preto-verde, que é aquele que cai da árvore enquanto
imaturo e sofre fermentação por estar em contato com o solo. Pode ser diferenciado do
grão preto pela presença da película prateada brilhante aderida ao grão (MAZZAFERA,
1999). Pela tabela de equivalência, os grãos preto-verdes o considerados grãos
ardidos e, portanto, dois grãos equivalem a um defeito (SILVA, 2005).
Estudos de caracterização dos grãos defeituosos, com relação à composição
química e atributos físicos, têm sido realizados nas últimas décadas no intuito de
diferenciá-los dos grãos sadios. MAZZAFERA (1999) avaliou a composição química de
grãos verdes e ardidos em comparação com grãos sadios e verificou que os grãos
defeituosos apresentaram teores de sacarose, proteína e óleo inferiores aos grãos
sadios. MENDONÇA et al. (2008) também verificou teores de sacarose inferiores para
grãos defeituosos (PVA) em comparação com sadios. COELHO & PEREIRA (2002)
observaram um aumento significativo do extrato etéreo e proteína total do café de
qualidade acrescido de grãos defeituosos e redução no teor de fibra bruta, sendo o
defeito preto o que mais contribuiu para esses resultados. Segundo AGRESTI et al.
(2008) é possível ser feita a diferenciação entre grãos sadios e defeituosos pelo perfil
de compostos voláteis, já que alguns compostos foram encontrados somente nos grãos
defeituosos.
VASCONCELOS (2005) comparou grãos defeituosos (PVA) e grãos sadios com
relação à composição centesimal, atividade de água, acidez, pH, parâmetros de cor e
teores de aminas bioativas, antes e após a torração. Nesse trabalho, concluiu-se que,
dentre os tipos de grãos defeituosos estudados, o grão preto é o que mais se diferencia
dos grãos sadios quanto aos parâmetros físico-químicos avaliados.
FRANCA et al. (2005b) avaliaram o volume, massa específica aparente e
granular, parâmetros de cor e concentrações de cafeína, trigonelina e ácido 5-
cafeoilquínico (5-ACQ) em grãos defeituosos (PVA) em comparação com grãos sadios,
antes e após a torração. Os resultados indicaram ser possível diferenciar os grãos crus
pretos dos demais grãos defeituosos por meio de atributos físicos que os valores de
volume, massa específica e luminosidade foram inferiores para o defeito em questão. O
44
nível de cafeína foi maior nos grãos defeituosos em comparação aos sadios. O
conteúdo de trigonelina, no café cru, foi menor para os grãos pretos. No entanto a
degradação dos compostos químicos foi menor para esses grãos. Os dados obtidos
nesse estudo evidenciaram que grãos pretos e ardidos torram menos quando
comparados com grãos sadios, para as mesmas condições de processamento, o que
também contribui para a depreciação da qualidade da bebida.
3.8.1 Alternativas para utilização de grãos defeituosos de café
Embora os grãos defeituosos sejam separados mecanicamente dos não-
defeituosos antes da comercialização no mercado internacional, eles ainda são
comercializados no Brasil e em outros países produtores de café. Infelizmente, como
esses grãos representam para os produtores um investimento em plantio, colheita e
manuseio, eles são vendidos a um preço menor para algumas indústrias de torração
que os utilizam em misturas com grãos de boa qualidade (FRANCA & OLIVEIRA,
2009).
A fim de eliminar os grãos defeituosos do mercado e melhorar a qualidade geral
da bebida consumida mundialmente, alguns estudos recentes têm sido desenvolvidos
em termos de encontrar usos alternativos para esses grãos, como por exemplo,
combustível e em estudos de adsorção (OLIVEIRA et al., 2008c; NUNES et al., 2009;
FRANCA et al., 2010).
Não existem na literatura estudos na tentativa de usar grãos de baixa qualidade
para produção de energia apenas pela sua queima. Isso pode estar atribuído ao fato de
a separação de grãos defeituosos pela cor, nas fazendas e cooperativas, ainda ser um
processo ineficiente, principalmente para os grãos imaturos. Portanto, lotes de café de
baixa qualidade têm sido rejeitados na classificação por cor contendo uma quantidade
significativa de cafés não defeituosos (30-70 %), como apontado em estudos de
classificação mecânica de misturas de grãos defeituosos (FRANCA et al., 2005b;
VASCONCELOS et al., 2007; MENDONÇA et al., 2008).
O único estudo que apresenta relação entre o uso de grãos defeituosos para
produção de combustível é o de OLIVEIRA et al. (2008c), que avaliaram a viabilidade
de produzir biodiesel usando o óleo extraído dos grãos defeituosos. Foi feita a
transesterificação direta dos triglicerídeos de óleos extraídos por solventes, de grãos
defeituosos e sadios de café, resultando em alquil ésteres de ácidos graxos (biodiesel).
Os resultados foram comparados com o biodiesel produzido a partir de óleo de soja
45
refinado. O óleo de café demonstrou potencial como matéria-prima para a produção de
biodiesel. No entanto, em termos de sustentabilidade, o uso de óleos vegetais não
comestíveis para produção de biodiesel gera uma grande quantidade de resíduos
sólidos (tortas prensadas), que representam um problema ambiental (FRANCA &
OLIVEIRA, 2009).
Para que a produção de biodiesel a partir de óleo de café se torne um processo
sustentável, propostas alternativas para o resíduo sólido gerado são necessárias. O
estudo recente realizado por NUNES et al. (2009) avaliou o potencial da torta prensada
de grãos defeituosos como matéria-prima na preparação de carvões ativados. Testes
de adsorção em batelada foram executados na temperatura ambiente, usando o
corante azul de metileno como adsorvato. Os testes preliminares demonstraram que o
tratamento térmico é necessário para melhorar a capacidade de adsorção e concluiu-se
que esse tipo de resíduo não é útil como biosorvente. A capacidade máxima de
adsorção obtida pelo carvão ativado produzido (~15 mg g
-1
), foi comparada a valores
encontrados na literatura para outros carvões ativados de resíduos sólidos. O carvão
produzido por NUNES et al. (2009) apresentou maior capacidade de adsorção que
outros carvões ativados, produzidos a partir de cascas de nozes, de amêndoas,
sementes de damasco e caroço demaras. Os resultados indicaram que a torta
prensada de grãos defeituosos apresenta grande potencial como um adsorvente
alternativo barato e facilmente disponível para remoção de corantes catiônicos, em
tratamento de efluentes.
Em estudo subseqüente, FRANCA et al. (2010) avaliaram a viabilidade de
empregar a ativação por microondas ao invés da carbonização tradicional em forno
mufla para produzir o carvão ativado a partir de grãos defeituosos. A carbonização da
torta prensada de grãos defeituosos foi realizada em um forno microondas doméstico, a
300 °C por 6 minutos. Não foram observadas diferenças significativas na cinética de
adsorção. No entanto, o carvão ativado obtido por microondas apresentou capacidade
de adsorção muito maior (3,5 vezes superior) que o obtido por carbonização em forno
mufla. Esses resultados indicam que a ativação por microondas oferece não uma
redução significativa no tempo de processamento e consumo de energia, como
também um aumento na capacidade de adsorção. Portanto, o resíduo sólido da
produção de biodiesel a partir de grãos defeituosos de café apresenta um excelente
potencial como matéria-prima para preparação de adsorventes (FRANCA & OLIVEIRA,
2009).
46
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 MATÉRIA-PRIMA
Grãos de café defeituosos foram adquiridos da Fazenda Samambaia, localizada
em Santo Antônio do Amparo MG. Esses grãos foram submetidos a prensagem
(Ecirtec MP 40, Brasil) a frio, para extração do óleo destinado à produção de biodiesel.
O resíduo sólido gerado, grão de café prensado, foi utilizado como matéria-prima deste
estudo.
4.2 PREPARO DO ADSORVENTE
O resíduo foi inicialmente lavado com água quente, com o intuito de remover as
impurezas e substâncias solúveis. Tal lavagem foi realizada até que a água de lavagem
se tornasse límpida, resultando num total de 8 lavagens. Numa segunda etapa o
resíduo foi lavado com água destilada e então foi seco em estufa a 105 °C por 4 h
(NAMANE et al., 2005; PATNUKAO & PAVASANT, 2008).
O material lavado e seco foi submetido à ativação por H
3
PO
4
com posterior
carbonização. Uma solução de ácido fosfórico 85 % foi adicionada ao material
precursor na concentração de 1:1 (p/v) e agitada manualmente por aproximadamente 3
minutos sob temperatura ambiente (PATNUKAO & PAVASANT, 2008). Após, a mistura
foi lavada com água destilada para remover o excesso de ácido e levada à
carbonização em cadinhos de porcelana. A carbonização foi efetuada em forno mufla a
350 °C por 1 h, sob atmosfera ambiente. Após atingir a temperatura ambiente, o carvão
ativado obtido foi lavado com solução de bicarbonato de dio 1 % para remover o
ácido residual até que o pH do filtrado atingisse 6 (SRIHARI & DAS, 2008), seguido por
lavagem com água destilada para remover resíduos de matéria orgânica e mineral
(NAMANE et al., 2005). O carvão foi seco em estufa a 105 °C por 4 h e depois moído e
peneirado no tamanho de partículas entre 20 e 35 mesh (0,50 a 0,84 mm).
Os procedimentos de lavagem do resíduo, ativação química e carbonização
foram estabelecidos baseados em testes preliminares (detalhamento na seção 5.1) e
em dados literários sobre produção de carvão ativado por ativação química de resíduos
agrícolas (NAMANE et al., 2005; PATNUKAO & PAVASANT, 2008; SRIHARI & DAS,
2008).
47
4.3 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DO ADSORVENTE
4.3.1 Determinação da superfície específica
A área superficial específica, bem como o volume e diâmetro dos poros
formados durante o processo de ativação/carbonização dos grãos de café prensados
foram medidas pela adsorção de nitrogênio, conforme método desenvolvido por
Brunauer, Emmett e Teller (B.E.T.).
As características dos poros das amostras foram analisadas usando um
equipamento de adsorção física automático (Autosorb Quantachrome NOVA), pela
adsorção de nitrogênio à temperatura de 77 K. As amostras puras foram
desgaseificadas por 1 h a 100 ºC, antes de cada ensaio. Os dados de volume
adsorvido e dessorvido em várias pressões relativas foram utilizados para gerar
informações sobre a área superficial por BET, volume de poros, distribuição e tamanho
médio de poros, e área superficial de micro e mesoporos. Medidas da área superficial
específica foram baseadas nas teorias de Brunauer-Emmett-Teller (BET) (BRUNAUER
et al., 1938; SHIELDS, 1983), análises do tamanho de poros e volume total de poros
foram obtidas pelo método de Barret, Joyner e Halenda (BJH) (BARRET et al., 1951;
KRUK, 1997) e a determinação do volume e área de microporos foi baseada no
método-t (SHIELD, 1983).
4.3.2 Determinação do ponto de carga zero
O pH
PCZ
foi estimado por titulação em massa, de acordo com o procedimento
descrito por OLIVEIRA et al. (2008a), baseado no procedimento proposto por VALDES
et al. (2002). Através desse método, o pH
PCZ
é identificado como o ponto de
convergência do pH de equilíbrio em que uma quantidade fixa de material adsorvente é
submersa em soluções de diferente acidez, sob constante agitação por 24 horas.
Foram preparadas três soluções com diferentes valores de pH (pH = 3, 6 e 11)
pela adição cuidadosa de HCl 0,1 mol.L
-1
e NaOH 0,1 mol.L
-1
. Para cada pH inicial,
foram adicionadas diferentes quantidades de adsorventes (0,05 %, 0,1 %, 0,5 %, 1 %,
3 %, 7 % e 10 % em massa) em sete erlenmeyers contendo 20 mL de solução. Os
erlenmeyers foram constantemente agitados em mesa agitadora a 100 rpm, em
temperatura ambiente, durante 24 h, para alcançar um valor de pH de equilíbrio. O pH
final de cada solução foi então medido usando um medidor de pH digital (Quimis Q-
48
400M1, Brasil) e o pH
PCZ
foi determinado pela convergência do valor do pH das curvas
das massas do adsorvente versus o pH.
4.3.4 Determinação dos grupos funcionais
A caracterização química da superfície dos adsorventes, em termos da
identificação dos grupos funcionais, foi feita por espectroscopia no infravermelho com
transformada de Fourier (FTIR) e pelo método de Boehm.
4.3.4.1 Método de Boehm
O método de titulação de Boehm foi realizado de acordo com os procedimentos
descritos por OLIVEIRA et al. (2008a), adotando adaptações sugeridas por
GUILARDUCI et al. (2006). Esta análise foi realizada para identificar os grupos
funcionais presentes no carvão antes do processo de adsorção apenas.
Segundo BOEHM (1994), o número de grupos ácidos é determinado usando a
consideração de que NaOH neutraliza grupos carboxila, lactonas e fenólicos; Na
2
CO
3
neutraliza grupos carboxílicos e lactonas e NaHCO
3
neutraliza somente os grupos
carboxílicos. O número de sítios básicos é determinado pela quantidade de HCl que
reage com a amostra (VALDÉS et al., 2002).
Devido à lixiviação de ácidos, proveniente da ativação química do carvão,
inicialmente não foi possível detectar os grupos básicos na superfície. Portanto, foram
realizadas diversas lavagens do carvão para evitar a interferência. O carvão foi
colocado em água destilada, sob agitação em temperatura de 40 °C por
aproximadamente 15 minutos. Após filtração foi feita a medida do pH do filtrado. Tal
procedimento foi realizado até que o pH chegasse a 6. O carvão foi então seco a 105
°C por 4 h.
Um grama de carvão foi adicionado em um erlenmeyer de 250 mL, a 50 mL de
soluções padrão de HCl 0,1 mol.L
-1
, NaOH 0,1 mol.L
-1
, NaHCO
3
0,1 mol.L
-1
e Na
2
CO
3
0,05 mol.L
-1
. O erlenmeyer foi lacrado e saturado com atmosfera de N
2
. Os
procedimentos foram feitos em triplicata e foi preparado um branco, tomando-se 25 mL
de cada solução padrão sem adição de carvão ativado. Os erlenmeyers foram
mantidos sob agitação em mesa agitadora a 25 °C, sob rotação de 100 rpm por 24 h.
Para a determinação dos grupos básicos, após a filtração da mistura, foram
coletados 25 mL do filtrado, que foram titulados com solução de NaOH 0,1 mol.L
-1
49
saturada com atmosfera de N
2
. A quantidade de grupos básicos (Q
B
), em mol.g
-1
, foi
determinada pela equação 16.
m*Val
Ve*)M*fc*)VamVb((
)g/mol(Q
B
=
(16)
Em que Vam é o volume gasto para titular a amostra (mL); Vb o volume gasto para
titular o branco (mL); fc é o fator de correção da solução padrão de NaOH; M é a
concentração da solução de NaOH (mol.L
-1
); Ve é o volume de solução utilizado
inicialmente (L); Val é o volume da alíquota retirado do filtrado (mL); e m é a massa da
amostra (g).
Para a determinação dos grupos ácidos, foram coletados 25 mL do filtrado e
adicionados 40 mL de solução de HCl 0,1 mol.L
-1
. A solução foi levada a aquecimento
para eliminação do ácido carbônico formado e em seguida resfriada à temperatura
ambiente para que fosse titulada com solução de NaOH 0,1 mol.L
-1
saturada com N
2
. A
quantidade de grupos carboxílicos (Q
C
), lactônicos (Q
L
) e fenólicos (Q
F
) é dada pelas
equações 17, 18 e 19.
m*Val
Ve*)M*fc*)VbVam((
)g/mol(Q
C
=
(17)
CL
Q
m*Val
Ve*)M*fc*)VbVam((
)g/mol(Q
=
(18)
LF
Q
m*Val
Ve*)M*fc*)VbVam((
)g/mol(Q
=
(19)
Em que Vam é o volume gasto para titular a amostra (mL); Vb o volume gasto para
titular o branco (mL); fc é o fator de correção da solução padrão de NaOH; M é a
concentração da solução de NaOH (mol.L
-1
); Ve é o volume de solução utilizado
inicialmente (L); Val é o volume da alíquota retirado do filtrado (mL); e m é a massa da
amostra (g) (VALDÉS et al., 2002).
50
4.4.4.2 Espectroscopia Vibracional na Região do Infravermelho
Amostras do carvão ativado com H
3
PO
4
carbonizado a 350 °C foram analisadas
por espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (do inglês Fourier
Transform Infrared Spectroscopy - FTIR). Uma pequena quantidade do material sólido
pulverizado foi misturado a KBr e novamente macerado em gral com pistilo de ágata. A
mistura homogeneizada foi acondicionada em um conjunto em aço inox e prensada por
5 minutos com força de 80 kg.cm
-2
para obtenção de uma pastilha fina e homogênea,
que é utilizada no equipamento para leitura da absorção da energia luminosa na região
do infravermelho.
Os espectros de FTIR, abrangendo a região de 4000-400 cm
-1
, foram obtidos em
um espectrofotômetro FTIR Shimadzu modelo IRAffinity-1. Os espectros foram obtidos
à temperatura ambiente em pastilhas sólidas do material com KBr, e foram adquiridos
com resolução de 4 cm
-1
e 20 scans.min
-1
.
4.5 ENSAIOS DE ADSORÇÃO
Foram preparadas soluções aquosas com o aminoácido fenilalanina, a partir de
padrões adquiridos de Sigma-Aldrich. Os experimentos de adsorção foram realizados
em frascos erlenmeyers de 250 mL, submetidos à agitação em mesa agitadora (Nova
Ética, São Paulo, Brasil) a 100 rpm, por intervalos de tempo predeterminados. Testes
preliminares para a avaliação da eficiência dos carvões ativados foram realizados
fixando a concentração inicial da solução (500 mg.L
-1
), pH inicial da solução (pH=6) e
concentração do adsorvente (10 g.L
-1
).
Em seguida, testes para avaliação dos efeitos provocados pelas variações dos
parâmetros do processo, como: granulometria do adsorvente, pH da solução,
concentração do adsorvente, tempo de contato do adsorvente com a solução e
temperaturas de 25, 35 e 45 °C foram conduzidos.
As concentrações de fenilalanina em solução foram determinadas, antes e após
o ensaio de adsorção. Tais determinações foram feitas por espectrofotometria em UV-
VIS (Hitachi U-2010), em comprimento de onda característico de 257 nm, à
temperatura ambiente (MOHANTY et al., 2005; FRANCA et al., 2009), no laboratório de
Espectroscopia UV-VIS do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas
da UFMG.
51
4.5.1 Efeito da granulometria do carvão ativado
O carvão ativado foi macerado e separado em três faixas granulométricas,
utilizando um conjunto de peneiras (Bertel, Brasil): partículas com diâmetros maiores
que 0,841 mm, entre 0,841 mm e 0,500 mm e menores que 0,500 mm. O efeito
provocado por esta variação da granulometria do carvão ativado na adsorção da
fenilalanina foi avaliado por meio de ensaios, utilizando concentração inicial da solução
de 500 mg.L
-1
, pH igual a 6, temperatura ambiente, agitação constante de 100 rpm, e
dosagem de 1,5 g de adsorvente para 150 mL de solução, durante 6 horas de ensaio.
Os testes foram realizados em triplicata e o branco foi preparado adicionando o carvão
ativado em água destilada, para verificar a lixiviação de compostos com absorbância no
mesmo comprimento de onda da fenilalanina.
4.5.2 Efeito do pH inicial da solução
O efeito da variação do pH inicial da solução de fenilalanina na eficiência da sua
adsorção foi determinado, avaliando os valores de pH de 2, 4, 6, 8 e 10. Os ensaios
utilizaram uma solução à concentração inicial de 500 mg.L
-1
, dosagem de 1,5 g de
adsorvente por 150 mL de solução, temperatura ambiente, agitação constante de 100
rpm e 6 horas de ensaio. Os testes foram realizados em duplicata e o branco foi
preparado adicionando o carvão ativado em água destilada com correção para os pHs
estudados, com o objetivo de verificar a lixiviação de compostos com absorbância no
mesmo comprimento de onda da fenilalanina.
4.5.3 Efeito da concentração do carvão ativado
O efeito da concentração do carvão ativado na adsorção de fenilalanina foi
analisado utilizando as massas de 0,25 g; 0,5 g; 1,0 g; 1,0 g e 2,0 g dos adsorventes.
Os ensaios de adsorção foram realizados em erlenmeyers de 250 mL contendo as
variadas massas de adsorvente em 50 mL de solução de fenilalanina, à concentração
inicial de 500 mg.L
-1
, pH 6, temperatura ambiente, agitação constante de 100 rpm e 6
horas de ensaio. Os ensaios para a avaliação do efeito da dosagem do adsorvente
foram realizados em duplicata, com um branco correspondente.
52
4.5.4 Efeito do tempo de contato e concentração inicial da solução
Após a determinação dos melhores parâmetros, em termos da granulometria do
carvão, pH e concentração do carvão, para a adsorção de fenilalanina, ensaios de
adsorção foram realizados para avaliar os efeitos provocados pelo tempo de contato
entre o carvão ativado e a solução de fenilalanina. As alíquotas foram coletadas nos
períodos de 5, 15, 30, 60, 120, 240, 300 e 360 minutos após o início do ensaio. A
concentração de fenilalanina na solução, antes e após a adsorção, foi determinada por
espectrofotometria UV-VIS, como citado anteriormente.
O percentual adsorvido e a capacidade de adsorção em função do tempo foram
avaliados, de acordo com as equações 20 e 21 expostas abaixo:
(
)
100
C
CC
adsorvido%
i
ei
×
=
(20)
(
)
m
VCC
q
ei
t
= (21)
Em que, C
i
e C
e
correspondem às concentrações iniciais e de equilíbrio da fenilalanina
na solução (mg.L
-1
), respectivamente; q
t
é a quantidade adsorvida por grama de
adsorvente no tempo t; V é o volume da solução (L) e m é a massa de adsorvente
utilizada (g).
Os ensaios, em duplicata, foram efetuados para as seguintes concentrações
iniciais de fenilalanina: 200, 300, 500, 750, 1000 e 1500 mg.L
-1
. O intervalo das
concentrações estudadas foi determinado partindo da maior concentração de
fenilalanina encontrada no leite fluido, matéria-prima principal dos hidrolisados
protéicos (USDA, 2006).
4.5.5 Efeito da temperatura
Para avaliar o efeito da temperatura no processo de adsorção, foram realizados
ensaios conforme explicitado no tópico anterior em três temperaturas diferentes: 25 °C,
35 °C e 45 °C. Os ensaios foram conduzidos em banho-maria agitador (Nova Ética,
São Paulo, Brasil), a 100 rpm.
53
4.6 CINÉTICA DE ADSORÇÃO
O mecanismo controlador do processo de adsorção da fenilalanina foi
investigado pelo ajuste de diversos modelos cinéticos: de adsorção irreversível de
pseudo primeira ordem (LAGERGREN, 1898; NCIBI et al., 2008), de adsorção
reversível de primeira ordem (KUMAR et al., 2005; NCIBI, 2008), de pseudo-segunda
ordem (HO & MCKAY, 1998), de segunda ordem de Ritchie (RITCHIE, 1977; HO,
2006), de Elovich (ELOVICH & ZHABROVA, 1939; NCIBI, 2008) e o modelo de difusão
intraparticular (WEBER & MORRIS, 1963). As equações dos modelos e suas formas
linearizadas estão dispostas na Tabela 3.
Tabela 3: Equações dos modelos cinéticos avaliados na modelagem dos dados
experimentais de adsorção
Modelos cinéticos Equação Equação linearizada Referência
Irreversível de pseudo
primeira ordem
( )
te1
t
qqk
dt
dq
=
(
)
(
)
tkqlnqqln
1ete
Lagergren, 1898;
Ncibi et al., 2008
Reversível de primeira
ordem
XkCk
dt
dC
21
=
kt
CC
CC
ln
e0
et
=
Kumar et al., 2005
Pseudo 2ª ordem
( )
2
te2
t
qqk
dt
dq
=
+=
2
e2
et
qk
1
q
t
q
t
Ho & McKay, 1998;
Kumar, 2006
2ª ordem de Ritchie
n
)1(
dt
d
θα=
θ
,
e
q
q
=θ
1t.
qq
q
te
e
+α=
Ritchie, 1977;
Kumar, 2006
Elovich
( )
t
q
t
e.
dt
dq
β
α=
( ) ( )
tln
1
ln
1
q
t
β
+αβ
β
=
Elovich & Zhabrova,
1939;
Arslanoglu, 2005
Difusão Intrapartícula
Ctkq
it
+= Ctkq
it
+=
Weber & Morris, 1963;
Arslanoglu, 2005
A avaliação do modelo que melhor se ajustou aos dados experimentais foi
realizada com base no coeficiente de correlação de regressão linear (R
2
), pela
diferença entre os valores calculados e mensurados do q
e
e na avaliação do erro
relativo entre os valores de q
t
calculado e q
t
experimental, baseado na seguinte norma
(NRMS – Normalized root mean square):
54
N
1
x
q
qq
x 100 NRMS
2
exp,t
calc,texp,t
= (22)
4.7 EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO
Por meio dos resultados obtidos, o estudo das isotermas de adsorção foi
realizado para examinar os dados de equilíbrio do processo. Foram aplicados vários
modelos, desde os mais comumente empregados como o de Langmuir e Freundlich,
como também modelos mais específicos como de Dubinin-Radushkevich (D-R)
(DUBININ & RADUSHKEVICH, 1947), Tempkin (TEMPKIN & PYZHEV, 1940;
ARSLANOGLU et al., 2005) e Henderson (HENDERSON, 1952; GÜRSES et al., 2004).
As equações envolvidas em cada um dos modelos estão dispostas na Tabela 4.
A seleção do modelo de isoterma com melhor ajuste aos dados experimentais foi
realizada com base no teste de determinação dos coeficientes de correlação linear (R²)
e na avaliação do erro relativo entre os valores de q
e
calculado e q
e
experimental,
baseado na seguinte norma (NRMS – Normalized root mean square):
N
1
x
q
qq
x 100 NRMS
2
exp,e
calc,eexp,e
= (23)
55
Tabela 4: Equações dos modelos de equilíbrio avaliados na modelagem dos
dados experimentais de adsorção
Modelos Equação Equação linearizada Referência
Langmuir
( )
e
e0
e
bC1
bCq
q
+
=
( )
0
e
e0e
q
C
C
1
.
bq
1
q
1
+=
Langmuir, 1918;
Ho & McKay, 1998
Freundlich
n
1
ee
kCq =
)Cln(
n
1
)kln()qln(
ee
+=
Freundlich, 1907;
Ho & McKay, 1998
Dubinin-
Radushkevich
)'k(
me
2
eqq
ε
=
+=ε
e
2
C
1
1lnRT
Dubinin & Radushkevich,
1947;
Do, 1998
Tempkin
)ACln(
b
RT
q
ee
=
)
Cln(
b
RT
)Aln(
b
RT
q
ee
+
=
Tempkin & Pyzhev,
1940;
Arslanoglu, 2005
Henderson
n
1
e
e
k
)C1ln(
q
=
[
]
(
)
ee
qln.n)kln()C1ln(ln
Henderson, 1952;
Gürses, 2004
4.7.1 Caracterização termodinâmica do processo
Os aspectos energéticos da adsorção podem ser analisados através da
determinação dos parâmetros termodinâmicos, avaliados com base nos resultados de
equilíbrio a diferentes temperaturas.
Os parâmetros termodinâmicos determinados foram a variação da energia livre
de Gibbs (Gº), a entalpia (Hº) e entropia (Sº) do sistema de adsorção
caracterizado.
o
C
o
KRTG ln.=
(24)
Para determinar Gº, utilizou-se a equação 24, em que R é a constante dos
gases ideais e T é a temperatura em Kelvin (AKSU et al. 2008). A constante de
equilíbrio termodinâmico
o
C
K
foi obtida a partir do intercepto da curva de (C
o
- C
e
)/ C
e
versus C
e
. Para obter os valores de Hº e Sº, foi utilizada a equação de Van’t Hoff,
apresentada a seguir, em que e podem ser obtidos da inclinação e intercepto
da curva de
o
C
K versus 1/T (AKSU et al. 2008).
56
RT
H
R
S
K
oo
o
C
=ln
(25)
57
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. TESTES PRELIMINARES
Os testes preliminares foram conduzidos com o intuito de determinar o melhor
tratamento dos grãos de café prensados para remoção de fenilalanina em solução, com
relação à temperatura de carbonização, a passagem de gás inerte e ao procedimento
de ativação química. Também tiveram o objetivo de determinar o melhor procedimento
de lavagem do resíduo, anterior ao processo de carbonização/ativação, para eliminar a
lixiviação de compostos durante o ensaio de adsorção. O procedimento de lavagem foi
avaliado a partir de ensaios de branco, adicionando 1 g do carvão ativado em 100 mL
de água destilada, mantendo sob agitação constante de 100 rpm por 6 h, à temperatura
ambiente, para verificar as leituras no comprimento de onda da fenilalanina.
Inicialmente foi testada a carbonização do resíduo em forno de microondas,
seguindo metodologia proposta por FRANCA et al. (2010). Porém foi observada a
geração de chama no resíduo enquanto por outro lado, a carbonização foi incompleta.
Desta forma, não foram obtidos bons resultados no percentual adsorvido e foi
observada a lixiviação de compostos orgânicos por inspeção visual (escurecimento do
fluido). Posteriormente, foi avaliada a carbonização do material em forno mufla, sem
ativação química, em temperatura de 450 °C. Os resultados obtidos com relação ao
percentual adsorvido também não foram satisfatórios. Portanto, a ativação química
tornou-se necessária. O agente ativante escolhido foi o ácido fosfórico, tomando como
referência os trabalhos de NAMANE et al. (2005), GUO & ROCKSTRAW (2007),
PRAHAS et al. (2008) e PATNUKAO & PAVASANT (2008). Sua escolha foi feita devido
a certas vantagens que ele apresenta em relação aos demais ativantes: não é poluente
(em comparação com o ZnCl
2
, por exemplo), sua eliminação pode ser realizada pelo
arraste com água e ainda pode ser reutilizado após a lavagem. Além disso, o processo
de ativação com ácido fosfórico se por uma única etapa de carbonização/ativação,
em baixas temperaturas, tempo curto, resultando em um rendimento maior e
desenvolvimento de microporos e mesoporos (REFFAS et al., 2009).
Os resultados são apresentados nas Figuras 9, 10 e 11. Tendo em vista a
necessidade de garantir que não houvesse a lixiviação de compostos provenientes do
adsorvente produzido, efetuaram-se ensaios preliminares testando procedimentos de
lavagem do material precursor (NAMANE et al., 2005; PATNUKAO & PAVASANT,
58
2008) e um método de lavagem do carvão com peróxido de hidrogênio 30 % v/v a 60
°C por 24 h, após carbonização (ALI & GUPTA, 2007). O resíduo foi lavado com água
quente e filtrado. As lavagens se repetiram até que o filtrado se tornasse límpido, por
inspeção visual. Tal procedimento foi repetido 8 vezes e então foi feita uma última
lavagem com água destilada quente. De acordo com a Figura 9, o procedimento de
lavagem que resultou em menores leituras do ensaio de branco foi a lavagem dos
grãos prensados com água quente, proposto por NAMANE et al. (2005).
Figura 9: Avaliação do procedimento de lavagem para eliminação da lixiviação de
compostos. pH inicial 6, concentração de fenilalanina de 500 mg.L-1, dosagem de
adsorvente 10 g.L-1, 25 °C () Grão de café prensado sem lavagem; () grão de café
prensado lavado com água quente; () carvão lavado com solução de peróxido de
hidrogênio.
Apesar de muitos trabalhos terem obtido melhores resultados com a
carbonização do material tratado com ácido fosfórico sob fluxo de N
2
(PATNUKAO et
al., 2008; SRIHARI & DAS, 2008), a passagem de gás inerte (N
2
) não produziu um
carvão mais efetivo na remoção de fenilalanina. Como pode ser observado na Figura
10, o carvão produzido com fluxo de nitrogênio obteve apenas 48 % de remoção da
fenilalanina após 6 h de ensaio, comparado a 82 % quando a carbonização foi
realizada em atmosfera ambiente.
59
Figura 10: Avaliação da passagem de gás inerte durante carbonização. pH inicial
6, concentração de fenilalanina de 500 mg.L
-1
, dosagem de adsorvente 10 g.L
-1
, 25 °C.
Carbonização com fluxo de N
2
; Carbonização sem fluxo de N
2
.
GIRGIS et al. (2007) obtiveram resultado semelhante quando investigaram o
efeito do fluxo de diversos gases durante a carbonização de caroço de pêssego ativado
com ácido fosfórico. Comparando-se os carvões sem fluxo de gases e com fluxo de
nitrogênio, o produzido com fluxo de N
2
obteve menor área superficial e menor volume
de poros. Considerando a capacidade de adsorção, o carvão produzido sem fluxo de
gases obteve melhor desempenho na adsorção de corante azul de metileno e de p-
nitrofenol. Segundo os autores o fluxo de nitrogênio resultou na perda de microporos e
ligeiro aumento de mesoporos, enquanto a ausência de fluxo de gases durante a
pirólise resultou em textura mais estável de mesoporos, reforço na estrutura de
microporos e aumento da presença de grupos funcionais oxigenados na superfície.
Com relação à temperatura de carbonização, os resultados foram similares para
350, 400 e 450 °C, com remoção de aproximadamente 82 % após 6 h de ensaio. O
carvão produzido a 550 °C apresentou um pior desempenho, com 76 % de remoção da
fenilalanina (Figura 11).
60
Figura 11: Avaliação da temperatura de carbonização. pH inicial 6, concentração de
fenilalanina de 500 mg.L
-1
, dosagem de adsorvente 10 g.L
-1
, 25 °C. 350 °C; 400
°C; 450 °C; 550 °C.
A queda de desempenho em temperatura mais alta pode ser explicada pela
remoção dos grupos ácidos na superfície do carvão, quando são utilizadas altas
temperaturas de carbonização. Segundo BANSAL & GOYAL (2005), os grupos ácidos
são formados na superfície do carvão quando este é produzido na presença de
oxigênio em temperaturas até 400 °C ou pela reação com soluções oxidantes em
temperatura ambiente. Esses grupos o termicamente menos estáveis e se
decompõem em tratamento térmico à vácuo ou em atmosfera inerte em temperaturas
na faixa de 350 a 750 °C, com liberação de CO
2
. Resultados similares, que
correlacionam o aumento da área superficial específica com a temperatura de
carbonização (acima de 300 °C e abaixo de 500 °C) de carvões ativados com ácido
fosfórico, também foram reportados por outros autores (GONZALEZ-SERRANO, et al.,
2004; GUO & ROCKSTRAW, 2007).
Desta forma, a temperatura de carbonização escolhida para os testes
subseqüentes foi a de 350 °C, por ter obtido um bom desempenho, comparável a
temperaturas maiores (400 e 450 °C), porém com um menor gasto de energia.
61
5.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DO ADSORVENTE
5.2.1 Determinação da superfície específica
As isotermas de adsorção e dessorção de nitrogênio e as características da
textura do carvão ativado produzido estão apresentadas na Figura 12 e Tabela 5,
respectivamente.
Figura 12: Isoterma de adsorção de N
2
pelo carvão ativado produzido a partir de
torta de grãos de café defeituosos. Adsorção; Dessorção.
Observa-se pela Figura 12 que o carvão exibiu isoterma similar à do tipo I,
conforme classificação da IUPAC. Esta isoterma é característica de adsorventes com
poros extremamente pequenos (0,8 nm a 1,8 nm) (ROCHA, 2006). Quando um sólido
contém microporos, os campos potenciais de força das paredes de poros vizinhos se
sobrepõem causando um aumento na energia de interação entre a superfície do sólido
e as moléculas do gás. Isso resulta em um aumento na adsorção, especialmente em
baixas pressões relativas (P/P
0
). A adsorção em maiores pressões relativas é pequena
e tende a estabilizar-se. Por isso a isoterma do tipo I é caracterizada por um patamar
que é quase horizontal e paralelo ao eixo da pressão (BANSAL & GOYAL, 2005).
62
Isotermas do tipo I são obtidas quando a adsorção é limitada a poucas camadas
moleculares, devido aos poros serem muito estreitos. São características de sólidos
microporosos com superfícies externas relativamente pequenas e são geralmente
comuns a quimissorção, embora algumas adsorções físicas como as de carvões
microporosos altamente ativados também estejam em conformidade com este tipo de
isoterma (BANSAL & GOYAL, 2005).
Os resultados apresentados na Tabela 5 indicam um carvão ativado
essencialmente microporoso, com cerca de 86 % de sua área e 72 % de seu volume
constituído de poros com diâmetro inferior a 2 nm. As dimensões da molécula de
fenilalanina são da ordem de 0,7 x 0,5 x 0,5 nm, por isso, a maioria dos poros, incluindo
os microporos, são acessíveis a este aminoácido (LONG et al., 2009).
Tais resultados confirmam o aumento da área superficial do carvão ativado, bem
como aumento no volume de microporos, promovido pela ativação por ácido fosfórico.
NUNES (2008) produziu carvão ativado a partir da torta de grãos defeituosos sem
ativação química, carbonizado a 800 °C em forno mufla, e os resultados obtidos foram
de 1,17 m
2
.g
-1
de superfície específica e composto em sua maioria por mesoporos,
com diâmetro médio de 10,6 nm.
Resultados similares foram obtidos por REFFAS et al. (2009) em carvão
produzido a partir de grãos de café ativado por ácido fosfórico. Em baixas taxas de
impregnação de ácido (até 60 % p/p), foram obtidas isotermas de adsorção de N
2
do
tipo I, caracterizando um adsorvente microporoso.
Tabela 5: Características porosas do carvão ativado produzido a partir de torta de
grãos de café defeituosos.
Área
Superficial
Específica
(m
2
.g
-1
)
Volume
total
de poros
(cm
3
.g
-1
)
Área de
mesoporos
Volume de
mesoporos
Área de
microporos
Volume de
microporos
490,772 0,2768
(m
2
.g
-1
) % (cm
3
.g
-1
)
% (m
2
.g
-1
) % (cm
3
.g
-1
) %
31,003 6,32 0,034 12,28 421,49 85,88 0,1995 72,10
63
5.2.2 Determinação do Ponto de Carga Zero
As curvas experimentais para a determinação do pH
PCZ
do carvão ativado
produzido estão apresentadas na Figura 13. Os resultados indicam que o valor
encontrado para o pH
PCZ
deste carvão foi de aproximadamente 2,7, valor este
esperado devido à ativação química por um ácido. O resultado foi coerente quando
comparado com o carvão produzido por NUNES (2008), sem ativação química, o qual
obteve um pH
PCZ
básico, próximo a 12. Desta forma, em soluções com pH acima de 2,7
as cargas superficiais do carvão estarão negativas, favorecendo a adsorção de cátions.
Em soluções de pH abaixo de 2,7, as cargas superficiais estarão positivas, favorecendo
a adsorção de ânions. Resultado similar foi observado por PALANISAMY &
SIVAKUMAR (2009), com carvão ativado com ácido fosfórico a partir de madeira, com
carbonização a 400 °C, obtendo um pH
PCZ
de 2,82.
Figura 13: Curvas experimentais para determinação do pH
PCZ
do carvão ativado
de grãos de café carbonizado em mufla a 350 °C. pH inicial = 3, pH inicial = 6,
pH inicial = 11.
5.2.3 Determinação dos grupos funcionais na superfície - Espectroscopia
Vibracional na Região do Infravermelho (FTIR) e Método de Boehm
O espectro do carvão ativado produzido a partir da torta de grãos de café
defeituosos, com ativação química por ácido fosfórico e carbonização a 350 °C e os
resultados da análise pelo método de Boehm estão apresentados na Figura 14 e
Tabela 6, respectivamente.
64
As principais bandas foram observadas nos seguintes números de onda: bandas
entre 3700 e 4000 cm
-1
, referente a grupos –OH isolados (PUZIY et al., 2003); uma
banda entre 3500 e 3300 cm
-1
associada a grupos –OH ligados intermolecularmente,
podendo ser provenientes de umidade (SUÁREZ-GARCÍA et al., 2002); uma banda
entre 2900 e 2930 cm
-1
correspondendo a estiramento assimétrico de C-H de grupos
alifáticos (grupos CH
2
de celulose e hemicelulose) (WANG et al., 2007; UDDIN et al.,
2009; REFFAS et al., 2009); 2376 cm
-1
e 1595 cm
-1
, correspondendo a estiramento
C=C em anel aromático; uma banda na faixa de 1450 1420 cm
-1
em associação com
a presença de grupos CH
2
e CH
3
e/ou referente a deformação de O-H proveniente de
grupos fenólicos (REFFAS et al., 2009); 1242 cm
-1
representando estiramento C-O em
ácidos carboxílicos, álcoois, fenóis e ésteres, sendo que a absorção na faixa de 1300 a
1000 cm
-1
também é característica de P=O em éster fosfato, O-C em P-O-C e P=OOH
(PUZIY et al., 2005; GUO & ROCKSTRAW, 2007); uma banda em 902 cm
-1
que pode
estar associada a deformação de C-H de anéis benzênicos substituídos (REFFAS et
al., 2009). Também foram observadas algumas bandas na região entre 700 e 400 cm
-1
,
que são associadas a estiramento C-C (SUÁREZ-GARCÍA et al., 2002) e na faixa 795-
650 cm
-1
, que estão relacionadas a ligações C-P (PUZIY et al., 2005). Espectros
similares foram obtidos por outros autores, na produção de carvões ativados por ácido
fosfórico, utilizando temperaturas de carbonização inferiores a 400 °C (SUÁREZ-
GARCÍA et al., 2002; PUZIY et al. 2005; PRAHAS et al., 2008).
NUNES et al. (2009) realizaram análises de FTIR de carvão ativado produzido a
partir do mesmo resíduo utilizado no presente trabalho, carbonizado a 800 °C sem
ativação química e observou bandas similares nos números de onda correspondentes
a C-H de grupos alifáticos e –OH livres ou conjugados. Uma banda no número de onda
próximo a 2350 cm
-1
, associada a C=O de grupos carboxílicos, também foi observada,
porém com menor intensidade. Isso pode ser atribuído ao fato de a ativação química
com ácido fosfórico resultar em aumento nos grupos oxigenados na superfície do
carvão. Tal fato é confirmado pela análise pelo método de Boehm, em que foram
detectados somente grupos básicos na superfície do carvão produzido por esses
autores. A ativação por ácido fosfórico resultou ainda na criação de grupos na
superfície do carvão, como grupos fenólicos evidenciados pela banda em 1242 cm
-1
e
ligações P=O, P-O-C, P=OOH e C-P (679 cm
-1
), que estão ausentes no carvão de
NUNES et al. (2009). Por outro lado, não houve evidências de banda referente a
grupos –OCH
3
(1032 cm
-1
) em associação à presença de lignina como reportado por
65
NUNES et al. (2009), indicando que o tratamento com ácido fosfórico pode ter
promovido a degradação da lignina.
Figura 14: Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier do
carvão ativado com ácido fosfórico, carbonizado a 350 °C, obtido a partir de torta
prensada de grãos defeituosos de café.
A associação de várias bandas com a presença de grupos contendo oxigênio
confirma as determinações pela titulação de Boehm (Tabela 6), onde se verificou que
os grupos funcionais presentes em maior quantidade na superfície do carvão foram os
fenólicos (2,94 mmol.g
-1
) e os carboxílicos (2,31 mmol.g
-1
), enquanto pequena
quantidade de grupos básicos (0,226 mmol.g
-1
) foi detectada. Tais resultados
confirmam o caráter ácido do carvão ativado produzido por ativação por ácido fosfórico
a partir de torta de grãos defeituosos de café, que obteve um pH
PCZ
na faixa de 2,7.
PRAHAS et al. (2008) e REFFAS et al. (2009) também obtiveram maior quantidade de
grupos fenólicos e carboxílicos em carvões ativados com ácido fosfórico a partir de
resíduos agrícolas, carbonizados em temperaturas amenas (350 e 450 °C), com pH
PCZ
na faixa de 2 a 3,7.
66
Tabela 6: Características químicas da superfície do carvão ativado produzido a
partir de torta de grãos de café defeituosos.
Grupos superficiais
Concentração
mmol.g
-1
%
Ácidos
5,469 96,03
Carboxílicos 2,311 40,57
Lactônicos 0,218 3,82
Fenólicos 2,941 51,64
Básicos
0,226
3,97
5.3 ENSAIOS DE ADSORÇÃO
5.3.1 Efeito da granulometria do carvão ativado
O efeito da granulometria do carvão ativado na eficiência da adsorção de
fenilalanina está apresentado na Figura 15.
Figura 15: Efeito da granulometria do carvão ativado na adsorção de fenilalanina.
pH inicial 6, concentração inicial de fenilalanina de 500 mg.L
-1
, dosagem do adsorvente
de 10 g.L
-1
.
Apesar de ser descrito na literatura que quanto menor o tamanho de partícula
dos materiais adsorventes, melhor é o desempenho na adsorção, devido à maior
superfície de contato e acessibilidade aos poros (NUNES et al., 2009; FRANCA et al.,
67
2010), os resultados demonstram que não houve diferença no percentual de
fenilalanina adsorvido nas faixas granulométricas menor que 0,50 mm e entre 0,50 mm
e 0,84 mm. Tal comportamento é atribuído ao fato de que as partículas mais finas do
carvão ficaram suspensas na superfície da solução de fenilalanina, dificultando a
mistura e o contato apropriado entre o adsorvente e o adsorvato. Comportamento
similar foi observado por OLIVEIRA et al. (2009), na biossorção do corante azul de
metileno por torta prensada de Crambe abyssinica.
Desta forma, os demais experimentos foram conduzidos empregando a
granulometria intermediária do carvão ativado (0,50 mm < D < 0,84 mm), evitando o
gasto de energia para diminuir o tamanho das partículas.
5.3.2 Efeito do pH inicial da solução
O pH inicial da solução desempenha importante papel na eficiência da adsorção
devido ao impacto causado sobre os sítios ligantes da superfície do carvão ativado
(OLIVEIRA et al., 2008b).
Os resultados do efeito provocado pelo pH inicial da solução de fenilalanina
estão dispostos na Figura 16. Após 6 h de ensaio, o desempenho na adsorção foi
similar para os pHs 4, 6, 8 e 10, com cerca de 70 % de remoção de fenilalanina. Foi
observado um pior desempenho apenas no pH 2.
Dentre os pHs com melhor desempenho, foi observada maior lixiviação de
compostos nos pHs 4, 8 e 10. Os valores médios de leitura dos brancos foram 21,32
mg.L
-1
, 22,57 mg.L
-1
e 17,32 mg.L
-1
, respectivamente, enquanto que para o pH 6 a
leitura média foi de 11,84 mg.L
-1
. Desta forma, o pH 6 foi considerado o mais adequado
para prosseguir os experimentos de adsorção de fenilalanina no carvão ativado
produzido.
Tem sido relatado na literatura que a adsorção de compostos aromáticos é
controlada não somente pelo tamanho e formato de poros do adsorvente, mas também
pelas interações π−π entre os anéis aromáticos do adsorvato e do adsorvente
(TERZYK, 2004; BANSAL & GOYAL, 2005; GARNIER et al., 2007). Porém, condições
externas, como o pH da solução de adsorvato, podem favorecer ou dificultar o
processo, através de atrações eletrostáticas (BANSAL & GOYAL, 2005).
68
Figura 16: Efeito do pH inicial da solução na adsorção de fenilalanina.
Concentração inicial de fenilalanina de 500 mg.L
-1
, dosagem de carvão ativado de 10
g.L
-1
.
Os resultados obtidos pela variação do pH da solução de fenilalanina pode ser
explicado pelas interações eletrostáticas atrativas ou repulsivas entre as cargas
superficiais do carvão ativado e da fenilalanina. Aminoácidos são moléculas anfóteras.
Em soluções aquosas eles podem se dissociar em espécies iônicas, dependendo do
pH do meio e da natureza do aminoácido, conferindo à molécula cargas positivas e/ou
negativas. A fenilalanina é um aminoácido neutro, com constantes de dissociação
pK
1
=2,11 e pK
2
=9,13, e ponto isoelétrico igual a 5,48. Assim, em pHs na faixa de 2,11
a 9,13 a molécula de fenilalanina estará carregada com cargas positivas e negativas.
Porém quanto mais baixo o pH for do seu ponto isoelétrico, maior a predominância de
cargas positivas e quanto maior for o pH em relação ao ponto isoelétrico, mais
carregada negativamente estará a molécula. Em pHs abaixo de 2,11 a molécula possui
apenas cargas positivas e em pHs acima de 9,13, apenas cargas negativas (MOREIRA
& FERREIRA, 2005). A diminuição da eficiência de adsorção em pH 2 pode ser
explicada pela repulsão provocada pelas cargas superficiais do carvão ativado, que
apresentou pH
PCZ
igual a 2,7. Desta forma, no pH 2 suas cargas estarão positivas,
assim como as cargas da molécula de fenilalanina. Comportamento similar deveria ser
observado em pH 10, porém foi observado um percentual adsorvido similar aos de pHs
4 e 6, após 6h de ensaio. Tal fato pode ser explicado pela neutralização das cargas
negativas da molécula de fenilalanina pelos íons H
+
provenientes do carvão ativado, ao
atingir o equilíbrio. Como pode ser observado pela figura 16, com 30 minutos de
69
ensaio, o percentual adsorvido para a solução em pH 10 é inferior aos das soluções
com pHs iniciais em 4, 6 e 8, confirmando a repulsão eletrostática. Porém, após 6h de
ensaio o pH da solução foi medido e determinado em pH 3, confirmando a presença de
íons H
+
provenientes do carvão ativado, que podem ter neutralizado as cargas da
molélula de adsorvato, favorecendo a adsorção. A presença de cargas positivas nos
pHs 4, 6 e 8 estaria favorecendo a adsorção também por atração eletrostática, uma vez
que nesses pHs a superfície do adsorvente estaria carregada negativamente.
5.3.3 Efeito da concentração do carvão ativado
O efeito da variação da massa de carvão ativado na adsorção da fenilalanina é
apresentado na Figura 17. Como pode ser observado, a eficiência na remoção de
fenilalanina aumentou significativamente com a elevação da massa de carvão ativado
utilizada. Após 6 h de ensaio, o percentual de remoção de fenilalanina variou de 30 %
para 86 % quando houve um aumento na concentração do adsorvente de 5 g.L
-1
para
40 g.L
-1
. Isso pode ser atribuído ao aumento da área superficial resultante do aumento
da massa do carvão ativado, e conseqüente aumento do número de sítios de adsorção
ativos. Contudo, como esperado, a quantidade de fenilalanina adsorvida por unidade
de massa do adsorvente diminuiu com o aumento da concentração do adsorvente,
tendo em vista a redução da razão adsorvato/adsorvente. A quantidade adsorvida
diminuiu de 30 mg.g
-1
para 10 mg.g
-1
com a variação de massa de carvão ativado.
Comportamento similar foi observado por outros autores na adsorção de corantes por
carvão ativado produzido a partir de grãos de café defeituosos (NUNES et al., 2009;
FRANCA et al., 2010) assim como por biosorvente a partir de cascas de café
(OLIVEIRA et al., 2008a).
Com base nos resultados apresentados, conclui-se que a concentração de
carvão ativado que apresenta remoção satisfatória de fenilalanina com boa utilização
dos sítios ativos do adsorvente, é de 10 g.L
-1
, representada pela interseção das duas
curvas da Figura 17.
70
Figura 17: Efeito da variação da massa de carvão ativado na adsorção de
fenilalanina. pH inicial 6, concentração inicial de fenilalanina de 500 mg.L
-1
, 6 horas de
ensaio. % adsorvido, Q (mg.g
-1
).
5.3.4 Efeito da concentração inicial do adsorvato e do tempo de contato em
diferentes temperaturas
O processo de adsorção de fenilalanina pelo carvão ativado produzido foi
avaliado quanto à influência da concentração inicial das soluções do adsorvato. As
concentrações iniciais estudadas foram de 200, 300, 500, 750, 1000 e 1500 mg.L
-1
. Os
resultados da adsorção a 25 °C o apresentados na Figura 18. Os resultados
demonstram que um tempo de contato de 6 horas assegurou o alcance das condições
de equilíbrio para toda a faixa de concentração em estudo. Pode-se perceber que nas
primeiras 2 h de ensaio a adsorção ocorre mais rapidamente, principalmente para as
concentrações mais altas de fenilalanina.
71
Figura 18: Efeito da concentração inicial de adsorvato na adsorção de
fenilalanina pelo carvão ativado produzido, a 25 °C. pH inicial 6, dosagem do
adsorvente de 10 g.L
-1
. 200 mg.L
-1
, 300 mg.L
-1
, 500 mg.L
-1
, 750 mg.L
-1
,
1000 mg.L
-1
, 1500 mg.L
-1
.
Observa-se ainda, na Figura 18, que há um aumento na quantidade adsorvida
(Q) com o aumento da concentração inicial da solução. Quando a concentração inicial
é maior, aumenta a diferença entre as concentrações do aminoácido entre as fases
líquida e sólida, aumentando a força motriz responsável pela transferência de massa
entre as fases. Além disso, para uma mesma massa de carvão, uma quantidade
maior de moléculas disponíveis inicialmente, logo, a tendência é que uma quantidade
maior de moléculas seja adsorvida (SCHNEIDER, 2008). O mesmo comportamento foi
observado para os ensaios efetuados a 35 e 45 °C. Os resultados referentes aos
ensaios de adsorção efetuados a 35 °C e 45 °C são apresentados nas Figuras 19 e 20,
respectivamente.
72
Figura 19: Efeito da concentração inicial de adsorvato na adsorção de
fenilalanina pelo carvão ativado produzido, a 35 °C. pH inicial 6, dosagem do
adsorvente de 10 g.L
-1
. 200 mg.L
-1
, 300 mg.L
-1
, 500 mg.L
-1
, 750 mg.L
-1
,
1000 mg.L
-1
, 1500 mg.L
-1
.
Observa-se pelas Figuras 18, 19 e 20 que o aumento da temperatura acarretou
uma diminuição na quantidade adsorvida, apontando o caráter exotérmico do processo.
Observa-se ainda, na Figura 20, que após 4 h de ensaio houve um aumento da
concentração de fenilalanina, levando a uma diminuição da quantidade adsorvida . Isto
foi observado para as demais temperaturas após 6 h de adsorção, e indica uma
possível degradação da fenilalanina. LATINI et al. (2008) observaram comportamento
semelhante em adsorção de fenilalanina em carvão ativado produzido a partir de borra
de café e também em carvão ativado comercial.
Diante do exposto, as isotermas de equilíbrio foram construídas com base nos
dados de 4 h de adsorção.
73
Figura 20: Efeito da concentração inicial de adsorvato na adsorção de
fenilalanina pelo carvão ativado produzido, a 45 °C. pH inicial 6, dosagem do
adsorvente de 10 g.L
-1
. 200 mg.L
-1
, 300 mg.L
-1
, 500 mg.L
-1
, 750 mg.L
-1
,
1000 mg.L
-1
, 1500 mg.L
-1
.
5.3.5 Cinética de adsorção
O mecanismo controlador da adsorção de fenilalanina no adsorvente produzido
foi investigado pelo ajuste de diversos modelos cinéticos, cujos resultados são
apresentados nas Tabelas 7, 8 e 9, para os dados de adsorção a 25, 35 e 45 °C,
respectivamente.
O modelo de pseudo segunda-ordem foi o que apresentou melhor ajuste de
modo geral, considerando todas as concentrações iniciais e todas as temperaturas
estudadas, com coeficientes de correlação (R
2
) acima de 0,99 em 25 °C e acima de
0,98 em 35 e 45 °C (Tabelas 8 e 9), e NRMS % satisfatórios. Ainda, os valores de q
e
calculados pelo modelo se aproximam do q
e
experimental. Este modelo descreve bem
processos de adsorção química, envolvendo doação ou troca de elétrons entre o
adsorvato e o adsorvente, como forças covalentes e de troca iônica (HO & McKAY,
2000; HO, 2006). Entretanto, HO & McKAY (1998) sugerem que quando a taxa de
adsorção inicial h aumenta mas o Q
e
calculado pelo modelo de pseudo segunda-ordem
diminui com o aumento da temperatura, somente o mecanismo de adsorção sica está
envolvido no processo, enquanto quando ambos os parâmetros diminuem com o
incremento da temperatura, pode estar ocorrendo tanto quimissorção quanto adsorção
74
física. Desta forma, analisando os valores de h e Q
e
nas temperaturas estudadas,
uma hipótese de que a adsorção da fenilalanina esteja sendo conduzida pelos dois
mecanismos. O modelo de pseudo segunda-ordem também supõe que duas reações
estejam ocorrendo, em série ou em paralelo, sendo uma mais rápida, fazendo com que
o equilíbrio seja alcançado rapidamente, e outra mais lenta, que pode continuar por um
longo período de tempo (BEHNAMFARD & SALARIRAD, 2009).
O modelo de Elovich também apresentou bom ajuste, com coeficientes de
correlação acima de 0,9 e NRMS% até inferiores aos observados para o modelo de
pseudo segunda-ordem, confirmando a presença do mecanismo de quimissorção. A
equação de Elovich foi proposta em 1934, por Roginsky e Zeldovich e tem sido
bastante aplicada a processos de biossorção, assim como processos de adsorção
química de gases em materiais sólidos. Também tem sido utilizada nos últimos anos
para descrever a adsorção de poluentes de soluções aquosas (HO, 2006). A equação
de Elovich considera que a etapa limitante do processo é a difusão das moléculas e
revela comportamentos de quimissorção (LIU & LIU, 2008).
75
Tabela 7: Resultados de parâmetros cinéticos e ajustes aos modelos estudados
na adsorção de fenilalanina a 25 °C.
Modelos cinéticos
Concentração inicial de Fenilalanina (mg.L
-1
)
200 300 500 750 1000 1500
Q
e
experimental
(mg.g
-1
) 13,070
18,460 30,179 40,090 43,190 50,580
1
a
Ordem Irreversível
k
1
(h
-1
) 0,629 0,748 0,780 0,724 0,811 1,005
q
e
calculado (mg.g
-1
) 10,634
13,885 23,660 25,033 27,074 34,167
R
2
0,991 0,970 0,986 0,894 0,903 0,924
NRMS (%) 15,141
14,520 13,866 16,444 15,492 12,653
1
a
Ordem Reversível
k 0,574 0,682 0,692 1,041 1,009 0,999
R
2
0,987 0,961 0,980 0,995 0,991 0,992
NRMS (%) 5,456 8,861 6,557 7,513 5,998 4,344
Pseudo 2
a
Ordem
k
2
(g.mg
-1
.h
-1
) 0,166 0,148 0,088 0,093 0,088 0,071
q
e
calculado (mg.g
-1
) 13,493
19,165 31,458 41,211 44,668 52,836
h (g.mg
-1
.min
-1
) 30,282
54,444 87,576 158,156 175,641 199,029
R
2
0,990 0,992 0,995 0,997 0,996 0,997
NRMS (%)
3,862
8,353
3,204
2,989
5,509
4,117
Elovich
α (mg.g
-1
.h
-1
) 0,396 0,280 0,168 0,135 0,126 0,101
β (g.mg
-1
) 67,776
121,592 184,955 359,508 415,854 408,856
R
2
0,994 0,947 0,990 0,981 0,959 0,971
NRMS (%) 2,528 7,588 1,280 2,287 3,665 2,712
Ritchie
Q
(mg .g
-1
) 0,088 0,067 0,034 0,025 0,026 0,020
α (mg.g
-1
) 0,003 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000
R
2
0,988 0,780 0,997 0,997 0,899 0,994
NRMS (%) 37,512
37,605 37,679 37,711 37,718 37,730
Difusão Intrapartícula
k
i
(mg .g
-1
h
-1/2
) 5,975 11,377 15,490 18,854 24,146 27,504
R
2
0,987
0,901
0,997
0,976
0,930
0,958
C 1,856 1,062 4,708 9,954 7,041 9,665
76
Tabela 8: Resultados de parâmetros cinéticos e ajustes aos modelos estudados
na adsorção de fenilalanina a 35 °C.
Modelos cinéticos
Concentração inicial de Fenilalanina (mg.L
-1
)
200
300
500
750
1000
1500
Q
e
experimental
(mg.g
-1
) 15,699 14,657 21,597 29,660 32,415 56,736
1
a
Ordem Irreversível
k
1
(h
-1
) 0,441 0,392 0,658 0,521 1,024 0,628
q
e
calculado (mg.g-1) 10,747 11,125 16,566 21,254 27,684 41,581
R
2
0,858 0,833 0,938 0,871 0,995 0,918
NRMS (%) 19,395 17,935 14,652 16,520 9,361 15,739
1
a
Ordem Reversível
k 0,494 0,476 0,359 0,764 0,607 0,788
R
2
0,884
0,892
0,654
0,302
0,401
0,959
NRMS (%) 11,264 3,531 5,502 4,233 3,700 2,256
Pseudo 2
a
Ordem
k
2
(g.mg
-1
.h
-1
)
0,214
0,159
0,109
0,085
0,074
0,047
q
e
calculado (mg.g-1) 14,826 13,599 22,337 29,509 34,706 57,874
h (g.mg
-1
.min
-1
)
46,978
29,497
54,273
74,052
89,375
157,799
R
2
0,988 0,979 0,988 0,989 0,992 0,991
NRMS (%) 9,118 7,533 6,374 6,460 5,204 4,814
Elovich
a (mg.g
-1
.h
-1
) 0,392 0,354 0,227 0,165 0,143 0,088
α (g.mg
-1
) 132,874
55,175 109,090 139,402 171,406 313,235
R
2
0,911 0,951 0,972 0,985 0,989 0,981
NRMS (%) 7,474 8,120 6,045 2,275 1,668 3,687
Ritchie
Q
(mg .g
-1
)
0,094 0,096 0,058 0,029 0,026 0,021
α (mg.g-1) 0,002 0,005 0,001 0,001 0,001 0,000
R
2
0,541 0,907 0,899 0,997 0,998 0,965
NRMS (%)
37,602
37,338
37,677
37,733
37,755
37,781
Difusão Intrapartícula
k
i
(mg .g
-1
h
-1/2
)
8,373
8,763
12,701
15,463
18,280
31,725
R
2
0,963 0,992 0,975 0,968 0,990 0,987
C
1,107
-
0,718
0,743
3,329
3,953
4,606
77
Tabela 9: Resultados de parâmetros cinéticos e ajustes aos modelos estudados
na adsorção de fenilalanina a 45 °C.
Modelos cinéticos
Concentração inicial de Fenilalanina (mg.L
-1
)
200
300
500
750
1000
1500
Q
e
experimental
(mg.g
-1
) 12,878 11,142 25,666 28,660 31,412 37,295
1
a
Ordem Irreversível
k
1
(h
-1
) 1,363 2,595 0,203 0,356 0,407 0,513
q
e
calculado (mg.g-1) 9,413 11,324 19,483 18,419 21,872 24,874
R
2
0,981 0,931 0,553 0,598 0,680 0,723
NRMS (%) 14,621 9,676 26,770 25,041 22,564 21,347
1
a
Ordem Reversível
k 2,191 2,321 0,147 0,409 0,465 0,609
R
2
0,957
0,996
0,535
0,587
0,686
0,743
NRMS (%) 3,473 1,124 7,681 6,154 3,810 2,814
Pseudo 2
a
Ordem
k
2
(g.mg
-1
.h
-1
)
0,454
0,232
0,300
0,243
0,136
0,113
q
e
calculado (mg.g-1) 13,237 12,281 15,789 23,329 27,031 34,535
h (g.mg
-1
.min
-1
)
79,557
34,926
74,705
132,047
99,033
135,017
R
2
0,997 0,981 0,981 0,990 0,984 0,989
NRMS (%) 3,191 9,635 10,438 9,945 8,500 6,535
Elovich
a (mg.g
-1
.h
-1
) 0,430 0,363 0,285 0,203 0,169 0,137
α (g.mg
-1
) 196,858
58,465 109,060 199,655 157,523 225,166
R
2
0,969 0,955 0,862 0,918 0,934 0,958
NRMS (%) 2,721 4,454 6,091 5,007 5,143 2,731
Ritchie
Q
(mg .g
-1
)
0,078 0,069 0,064 0,038 0,038 0,029
α (mg.g-1) 0,002 0,006 0,002 0,001 0,001 0,001
R
2
0,992 0,998 0,967 0,998 0,976 0,997
NRMS (%)
40,697
40,466
40,573
40,758
40,748
40,787
Difusão Intrapartícula
k
i
(mg .g
-1
h
-1/2
)
5,236
7,909
11,677
13,962
18,668
21,068
R
2
0,872 0,937 0,883 0,958 0,969 0,990
C
5,066
0,564
0,842
4,955
1,08
7
4,205
Como o modelo de pseudo segunda-ordem não é capaz de identificar o
mecanismo de difusão, o modelo de difusão intrapartícula, baseado na teoria proposta
por WEBER & MORRIS (1963), foi utilizado. Segundo os autores, quando a difusão
intrapartícula é o mecanismo dominante no processo de adsorção, o gráfico de
78
quantidade adsorvida Q
e
versus t
1/2
deve resultar em uma reta (BEHNAMFARD &
SALARIRAD, 2009). A Figura 21 representa o gráfico de Q
e
versus t
1/2
para todas as
concentrações iniciais de fenilalanina estudadas. Observa-se em todas as
concentrações que o gráfico não é linear durante todo o processo, sugerindo que o
mecanismo de difusão intrapartícula não é dominante durante todo o processo. Desta
forma, os dados são mais bem representados por três fases lineares, sendo que a fase
inicial representa o efeito de camada limite, com transferência de massa externa, em
que a fenilalanina é rapidamente adsorvida pelo carvão ativado. Após 15 minutos, a
velocidade da adsorção diminui, resultando na segunda fase, que se estende até 2 h.
Esta etapa se refere à difusão das moléculas para os sítios de adsorção mais internos
do carvão ativado (KUMAR & PORKODI, 2007).
Da inclinação da reta da segunda fase, obtém-se a constante de difusão
intrapartícula k
i
(mg .g
-1
.h
-1/2
) (Tabela 7) e o intercepto (C) fornece uma estimativa da
largura da camada limite, ou seja, quanto maior o intercepto, maior o efeito da camada
limite (KHAMBHATY et al., 2009). Desta forma, o efeito da camada limite na adsorção
da fenilalanina pelo carvão ativado produzido é mais pronunciado em concentrações
mais altas.
Figura 21: Cinética de difusão intrapartícula da adsorção de fenilalanina pelo
carvão ativado produzido, a 25 °C. pH inicial 6, dosagem do adsorvente de 10 g.L
-1
,
concentração inicial de fenilalanina 200 mg.L
-1
, 300 mg.L
-1
, 500 mg.L
-1
, 750
mg.L
-1
, 1000 mg.L
-1
, 1500 mg.L
-1
.
79
As curvas de ajustes ao modelo cinético de difusão intrapartícula para as
temperaturas de 35 °C e 45 °C estão apresentados no Apêndice A.
5.3.6 Equilíbrio de adsorção
As isotermas de adsorção da fenilalanina nas três temperaturas estudadas estão
apresentadas na Figura 22.
Figura 22: Isotermas de adsorção da fenilalanina pelo carvão ativado produzido
nas temperaturas estudadas. pH inicial 6, dosagem do adsorvente de 10 g.L
-1
, 6
horas de contato. 25 °C; 35 °C; 45 °C.
De acordo com a Figura 22, não diferença no processo de adsorção de
fenilalanina entre temperaturas de 25 e 35 °C, porém, uma diminuição na
quantidade adsorvida na temperatura mais alta (45 °C). A influência da temperatura no
processo de adsorção foi investigada por vários autores, que também reportaram o
decréscimo da capacidade de adsorção de fenilalanina com o aumento da temperatura
(DIEZ, et al., 1998; LEE, et al., 2006; SILVÉRIO et al., 2008).
Os modelos de Langmuir, Freundlich, D-R, Tempkin e Henderson foram
avaliados para descrever a adsorção de fenilalanina. A comparação entre os dados
experimentais e os ajustes a 25 °C estão na Figura 23. Os parâmetros e coeficientes
de cada modelo estão apresentados na Tabela 10.
80
Figura 23: Isoterma de adsorção da fenilalanina pelo carvão ativado produzido, a
25 °C. pH inicial 6, dosagem do adsorvente de 10 g.L
-1
, 6 horas de contato. As linhas
representam os ajustes dos modelos estudados, conforme legenda.
A adsorção de fenilalanina foi melhor descrita pelos modelos de Langmuir e
Tempkin, como pode ser visto na Figura 23. Esses dois modelos foram os que
apresentaram maiores coeficientes de correlação (R
2
) e menores valores de NRMS %.
Entretanto, o modelo de Langmuir mostrou-se mais homogêneo quando analisado nas
diferentes temperaturas. Desta forma, sugere-se que a adsorção da fenilalanina
aconteça em monocamada, sem que haja interações entre as moléculas adsorvidas. A
superfície do adsorvente é homogênea em se tratando de grupos funcionais e os sítios
de adsorção são energeticamente equivalentes (GÜRSES et al., 2004; KHAMBHATHY
et al., 2009). O bom ajuste aos modelos de Langmuir e Tempkin foi coerente também
com a estrutura microporosa do carvão ativado, determinada pelo método de BET.
A partir dos parâmetros obtidos pelo modelo de Langmuir (Tabela 10) é possível
inferir que a adsorção da fenilalanina foi favorável em todas as temperaturas
estudadas, que os valores da constante R
L
estão entre 0 e 1. A capacidade máxima
de adsorção Q
0
diminuiu com o aumento da temperatura, evidenciando que o processo
adsortivo é exotérmico.
As curvas de ajustes aos modelos estudados para as temperaturas de 35 °C e
45 °C estão apresentadas no Apêndice B.
81
Tabela 10: Valores dos parâmetros calculados pelos modelos de equilíbrio
testados em diferentes temperaturas
Modelo 25 ºC 35 ºC 45 ºC
Langmuir
Q
0
(mg/g) 65,400 70,0025 54,2208
b 0,0027 0,0038 0,0027
R
L
0,6459 0,5711 0,6454
0,9928 0,9943 0,9820
NRMS (%) 1,760 2,045 2,439
Freundlich
k
f
(L/g) 1,033 1,941 1,034
n 1,750 2,003 1,850
0,9709
0,987
0,958
NRMS (%) 3,457 2,357 3,963
D - R
qm (mol/g) 36,474 41,296 32,857
K' (mol
2
/kJ
2
) 1311,116 664,408 1775,178
E (kJ/mol) 0,020 0,027 0,017
0,7983
0,8071
0,8875
NRMS (%) 9,921 9,153 6,405
Tempkin
A 0,025 0,039 0,025
B 167,282 165,176 200,931
0,9882 0,9925 0,9779
NRMS (%) 3,254 2,267 2,077
Henderson
n 0,311 0,376 0,318
k (L/g) 2,026 1,500 2,095
0,9852
0,9981
0,9739
NRMS (%) 2,499 0,882 3,083
O carvão ativado produzido a partir da torta prensada de grãos defeituosos de
café foi comparado com outros materiais adsorventes na remoção de fenilalanina, com
base na capacidade máxima de adsorção dos materiais. Os dados estão apresentados
na Tabela 11. O valor de Q
0
do carvão ativado produzido foi inferior a apenas dois
adsorventes, sendo um o carvão ativado comercial empregado em colunas
cromatográficas. Não foram encontrados na literatura trabalhos referentes à remoção
de fenilalanina por carvão ativado produzido a partir de outros resíduos para
comparação.
82
Tabela 11: Capacidade máxima de adsorção de vários adsorventes para a
adsorção de fenilalanina.
Adsorvente Q
0
(mg.g
-
1
) Referência
Adsorventes poliméricos porosos 115,6 Grzegorczyk & Carta (1996)
Carvão ativado comercial (colunas cromatográficas)
100,0 Garnier et al. (2007)
Carvão ativado de grãos defeituosos de café 70,0 Este estudo
Aerogéis esféricos de carbono 66,1 Long et al. (2009)
Adsorvente polimérico não iônico 41,3 Lee et al. (2006)
Zeólita 41,3 Titus et al. (2003)
Peneiras moleculares mesoporosas 34,6 O’Connor et al. (2006)
Membranas híbridas 1,2 Wu et al. (2009)
5.3.7 Caracterização termodinâmica
A Figura 24 representa o gráfico utilizado para cálculo da constante
o
C
K . O valor
de
o
C
K é dado pelo intercepto da curva, em cada temperatura estudada. O gráfico de
Van’t Hoff é representado pela Figura 25. A partir dele são obtidos os valores de H e
S, pela inclinação e intercepto da curva, respectivamente.
Figura 24: Gráfico para cálculo de K
c
. pH inicial 6, dosagem do adsorvente de 10
g.L
-1
, 6 horas de contato. 25 °C; 35 °C; 45 °C.
83
Figura 25: Gráfico de Van’t Hoff para determinação da variação da entalpia e da
entropia.
Os parâmetros termodinâmicos calculados para as temperaturas estudadas são
apresentados na Tabela 12.
A energia livre de Gibbs denota a espontaneidade do processo adsortivo. Os
valores negativos de G obtidos indicam que a adsorção de fenilalanina pelo carvão
ativado produzido é favorável e espontânea em todas as temperaturas de trabalho
estudadas. Além disso, valores mais negativos de G implicam em maior força motriz
para o processo de adsorção. Com o aumento da temperatura houve diminuição do G
e, portanto, da espontaneidade, resultando em menor força motriz e menor capacidade
de adsorção em temperatura mais elevada (LEE et al., 2006). O valor negativo de H
indica que o processo de adsorção da fenilalanina é exotérmico, sendo favorecido por
temperaturas mais baixas. Além disso, seu valor relativamente baixo (< 20 kJ.mol
-1
)
indica que as interações entre adsorvente e adsorvato são provavelmente físicas
(GÜRSES et al., 2004; LIU & LIU, 2008). O valor positivo da entropia reflete a afinidade
entre o carvão ativado e a molécula de fenilalanina.
Tabela 12: Parâmetros termodinâmicos calculados
T (K)
G (kJ.mol
-
1
)
H (kJ.mol
-
1
)
S (J.mol
-
1
.K
-
1
)
298,15 -1,338
308,15 -1,848 -15,626 0,047
318,15 -0,357
84
6. CONCLUSÕES
Os experimentos foram conduzidos para investigar o potencial da utilização dos
grãos de café defeituosos prensados como material para a produção de adsorvente de
baixo custo, para remoção do aminoácido fenilalanina em solução. Os grãos de café
prensados apresentaram um melhor desempenho de adsorção após serem submetidos
à ativação química por ácido fosfórico, com posterior carbonização em forno mufla. A
temperatura de carbonização que promoveu melhor desempenho, com menor gasto de
energia, foi a de 350ºC. Analogamente à maioria dos trabalhos de produção de carvão
ativado a partir de resíduos agrícolas, o fluxo de gases inertes durante a carbonização
não resultou em um carvão mais eficiente, provavelmente devido à relativamente baixa
temperatura de carbonização empregada.
A caracterização física do carvão ativado foi realizada por adsorção de N
2
,
apresentando alto valor de área superficial e volumes de poros, sendo formado
principalmente por microporos. Foi realizada a caracterização química por
espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier, pelo método de Boehm e
pela avaliação do ponto de carga zero (pH
PCZ
). O carvão ativado apresentou caráter
ácido, tendo como predominância grupos carboxílicos e fenólicos em sua superfície o
que foi confirmado pelo baixo valor do pH
PCZ
2,7.
Ao analisar as condições mais favoráveis para o processo de adsorção, foi
observado que o desempenho da adsorção da fenilalanina é afetado pelo pH inicial da
solução, com o pior resultado em pH mais ácido, devido à repulsão eletrostática, e
resultados similares em pHs acima de 4. Sendo assim, os ensaios foram realizados em
pH 6, o mais próximo do natural da solução deste aminoácido. Apesar de a maioria dos
trabalhos relatar que uma menor granulometria aumenta o desempenho do carvão
ativado, por aumentar a área de contato entre o adsorvente e o adsorvato, o houve
diferença entre as granulometrias menor que 0,500 mm e entre 0,500 e 0,841 mm. Tal
fato pode ser explicado pelo menor contato entre adsorvato e adsorvente na menor
granulometria, devido à baixa densidade. Desta forma, a granulometria intermediária foi
escolhida para prosseguimento do trabalho, pelo maior rendimento desta
granulometria. Foi observado que a quantidade de fenilalanina adsorvida aumentou
com o acréscimo da quantidade (massa) do adsorvente, devido ao conseqüente
aumento na quantidade de sítios de adsorção ativos disponíveis.
O modelo cinético de pseudo-segunda ordem foi o que melhor descreveu o
início do processo de adsorção, denotando mecanismo de adsorção química. Uma
85
segunda fase, mais lenta, pode ser descrita pelo modelo de difusão intrapartícula, em
que as moléculas de adsorvato difundem-se através dos poros do material para que a
adsorção ocorra mais internamente. O equilíbrio foi alcançado após 6 h de tempo de
contato, porém com o aumento de temperatura, foi observada a suposta degradação
da fenilalanina. Os dados do equilíbrio indicaram que a adsorção é favorável e foi
melhor descrita pelo modelo de isoterma de Langmuir, denotando dessa forma uma
adsorção homogênea, ocorrendo em monocamadas.
A análise termodinâmica demonstrou que a adsorção da fenilalanina é
espontânea nas três temperaturas estudadas, e que o processo é exotérmico. Por
todos os resultados encontrados, foi considerado que forças químicas e físicas estão
envolvidas no processo de adsorção da fenilalanina pelo carvão ativado produzido. Os
resultados apresentados neste estudo indicam que o resíduo sólido gerado durante o
processo de produção de biodiesel a partir de grãos de café defeituosos apresenta
grande potencial como adsorvente alternativo para a remoção de fenilalanina, nos
processos de produção de hidrolisados protéicos destinados aos portadores de
fenilcetonúria.
86
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
1. Verificar o efeito da ativação química por outros agentes ativantes no desempenho
do adsorvente.
2. Efetuar estudos de adsorção utilizando outros aminoácidos e misturas de
aminoácidos.
3. Efetuar estudos de adsorção de outros compostos (metais pesados, corantes, etc.).
4. Produzir carvões ativados com o objetivo de remover aminoácidos a partir de
outros resíduos sólidos, como sabugo de milho, borra de café, cascas de café, etc.
5. Verificar a viabilidade da aplicação da carbonização por microondas em outros
resíduos.
6. Realizar estudos mais criteriosos sobre o efeito do pH na adsorção da fenilalanina
em solução.
87
8. APÊNDICES
88
Apêndice A - Resultados de ajustes de modelos cinéticos para
outras temperaturas
Figura A1: Cinética de difusão intrapartícula da adsorção de fenilalanina pelo
carvão ativado produzido, a 35 °C. pH inicial 6, dosagem do adsorvente de 10 g.L
-1
,
concentração inicial de fenilalanina 200 mg.L
-1
, 300 mg.L
-1
, 500 mg.L
-1
, 750
mg.L
-1
, 1000 mg.L
-1
, 1500 mg.L
-1
.
Figura A2: Cinética de difusão intrapartícula da adsorção de fenilalanina pelo
carvão ativado produzido, a 45 °C. pH inicial 6, dosagem do adsorvente de 10 g.L
-1
,
concentração inicial de fenilalanina 200 mg.L
-1
, 300 mg.L
-1
, 500 mg.L
-1
, 750
mg.L
-1
, 1000 mg.L
-1
, 1500 mg.L
-1
.
89
Apêndice B - Resultados de ajustes de modelos de equilíbrio
para outras temperaturas
Figura B1: Isoterma de adsorção da fenilalanina pelo carvão ativado produzido, a
35 °C. pH inicial 6, dosagem do adsorvente de 10 g.L
-1
, 6 horas de contato. As linhas
representam os ajustes dos modelos estudados, conforme legenda.
Figura B2: Isoterma de adsorção da fenilalanina pelo carvão ativado produzido, a
45 °C. pH inicial 6, dosagem do adsorvente de 10 g.L
-1
, 6 horas de contato. As linhas
representam os ajustes dos modelos estudados, conforme legenda.
90
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADACHI, S.; KIMURA, S.; MURAKAMI, K.; MATSUNO, R.; YOKOGOSHI. Separation of
peptide groups with definite characteristics from enzymatic protein hydrolysate.
Agric. Biol. Chem., v. 45, p. 925-932, 1991.
AGRESTI, P.D.C.; FRANCA, A.S.; OLIVEIRA, L.S.; AUGUSTI, P. Discrimination
between defective and non-defective Brazilian coffee beans by their volatile profile.
Food Chemistry, v. 106, p. 787-796, 2008
AJMAL, M.; RAO, R.A.K.; KHAN, M.A. Adsorption of copper from aqueous solution on
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