questionou a ideologia capitalista em torno do trabalho humano que se colocava
como valor sagrado ao ponto do capitalista estabelecer como furto, o tempo livre
destinado às refeições e ao lazer do proletariado.
Para Marx (1999), a estrutura de uma sociedade depende da forma como os
homens organizam a produção social de bens. As sociedades atuais têm na ciência
e na tecnologia o núcleo fundamental do desenvolvimento das forças produtivas que
podem diminuir o tempo de trabalho necessário e efetivamente aumentar o tempo
livre ou intensificar as formas de exploração e alienação dos trabalhadores.
As mudanças na base científica, técnica e tecnológica das décadas
finais do século XX tampouco são de tipo original. Como expusemos,
engendram uma mudança qualitativamente mais profunda no
processo produtivo, alterando não apenas o conteúdo, a forma e a
organização do trabalho no processo produtivo, mas também a
relação entre capital produtivo e capital especulativo e processo de
mundialização do capital, assim como de sua intensa concentração e
centralização, tendo em contrapartida a ampliação da miséria
humana. Por isso esse novo patamar não é do tipo original, mas
também não é pura negatividade (FRIGOTTO, 2002, p. 253).
Neste sentido, a burguesia também teve seu papel revolucionário, pois
destruiu as relações patriarcais e feudais, retirou de cena o êxtase religioso e fez da
dignidade pessoal um simples valor de troca e, no lugar das inúmeras liberdades tão
duramente conquistadas, implantou a implacável liberdade de mercado, com uma
exploração aberta, contínua e cada vez mais excludente. No Manifesto do Partido
Comunista, em 1848, consta que:
A burguesia não pode existir sem revolucionar continuamente os
instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção,
isto é, o conjunto das relações sociais. A conservação inalterada do
antigo modo de produção era, pelo contrário, para todas as classes
industriais anteriores, a condição primeira de sua existência. Essa
revolução contínua da produção, esse constante abalo de todo o
sistema social, essa agitação e essa insegurança perpétua distingue
a época burguesa de todas as precedentes. Todas as relações
sociais fixas e enferrujadas, com seu cortejo de noções e ideias
antigas e veneráveis, se dissolvem; aquelas que as substituem
envelhecem antes mesmo de se consolidarem. Tudo o que possuía
solidez e estabilidade se volatiliza, tudo o que são finalmente
obrigados a encarar com olhar mais lúcido suas condições de
existência e suas relações recíprocas... (M ARX e ENGELS, 2007.
p.50 e 51).
Decorrente deste modo de produção capitalista, o mundo pós-industrial