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RESUMO
O déficit hídrico é um dos principais fatores abióticos que afetam o desempenho
de diversas espécies cultivadas em todo o mundo. Em plantas, o déficit hídrico
induz a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) como íons superóxido,
peróxido de hidrogênio e radicais hidroxil, que prejudicam o metabolismo celular
através da oxidação de membranas lipídicas, proteínas e ácidos nucléicos.
Sistemas antioxidantes são conhecidos por atenuar os efeitos do estresse
oxidativo, como as enzimas superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e
ascorbato peroxidase (APX), assim como antioxidantes não enzimáticos. Em
resposta a estresses abióticos, plantas acumulam osmoprotetores, como o
aminoácido prolina, que desempenha um papel importante no ajustamento
osmótico e remoção de radicais livres. Neste trabalho foi avaliado o efeito da
prolina na atividade das enzimas antioxidantes SOD, CAT e APX em plantas
transgênicas do porta-enxerto para citros citrumelo ‘Swingle’ contendo o gene
mutante P5CSF129A, que codifica para a enzima-chave da biossíntese de
prolina, submetidas ao déficit hídrico. Plantas controle não transformadas e
plantas transgênicas foram submetidas a um período de 14 e 16 dias sem
irrigação, respectivamente. Os pontos de coleta foram determinados a partir de
medidas de potencial total de água, que representaram os seguintes níveis de
estresse: Sem estresse (SE; Ψ
t
= -1,3 MPa), estresse moderado (EM; Ψ
t
= -2,3 a -
2,5 MPa), estresse severo (ES; Ψ
t
= -3,8 a -3,9 MPa) e recuperação (REC; 24 h
após re-irrigação; Ψ
t
= -1,3 a -1,9 MPa). Folhas foram submetidas às
quantificações de prolina, malondialdeído (MDA), antioxidantes totais e das
atividades das enzimas CAT, SOD e APX. Plantas transgênicas apresentaram
valores 2,5 vezes maiores de prolina do que em plantas controle nas condições
sem estresse e estresse moderado, sendo que plantas controle atingiram níveis
similares somente no estresse severo. Os níveis de MDA foram significativamente
maiores em plantas controle do que em transgênicas nas condições de estresse
moderado e severo. O conteúdo de antioxidantes totais aumentou com o estresse
severo, porém não houve diferença entre plantas controle e transgênicas. O
mesmo comportamento foi observado nas atividades da SOD e APX, que
apresentaram redução durante o déficit hídrico em maior proporção em plantas
controle, seguida de elevação 24 h após a reidratação. A CAT foi mais ativa em
plantas controle do que em transgênicas em todos os pontos de coleta. A
atividade desta enzima aumentou significativamente durante o período de
estresse, tendo redução durante a recuperação. Estes resultados sugerem que a
prolina desempenha um importante papel no combate ao estresse oxidativo por
atuar diretamente na proteção contra a peroxidação lipídica induzida pelo déficit
hídrico. Além disso, ela influencia a atividade de enzimas antioxidantes,
provavelmente devido ao seu papel estabilizador de proteínas e removedor de
radicais livres.
Palavras-chave: Estresse oxidativo; remoção de ROS; P5CS; tolerância à seca.