destina-se a aliviar a Praça da Sé e proporcionar retor-
no aos veículos coletivos do Brás (MAIA, 1945, s.p.).
A velocidade com que se erguiam novas paisagens era tão
grande que Claude Lévi-Strauss exclamava, em 1935, que a cida-
de se desenvolvia com tal rapidez que cada semana necessitaria
de um novo mapa (LÉVI-STRAUSS, 1996, p.92).
A sensação de estar deslocado do ambiente que se encon-
trava tradicionalmente relaciona-se com a perda da identidade
histórica e a vinculação a novas imagens. Esta parece ser a des-
crição mais próxima do sentido da expressão modernidade apre-
sentado por Berman (2007) quando afirma que as pessoas ten-
tam apreender o mundo, fazer parte dele, mesmo diante de um
turbilhão de novidades ou mesmo quando lança uma definição
mais clara para seus sentimentos: “ser moderno é encontrar-se
em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, cresci-
mento, autotransformação e transformação das coisas em redor
– mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo
o que sabemos, tudo o que somos” (BERMAN, 2007, p.24). E Se-
vcenko destaca esse sentimento de novidade a todo momento.
De tal modo o estranhamento se impunha e era difu-
so, que envolvia a própria identidade da cidade. Afinal,
São Paulo não era uma cidade nem de negros, nem de
brancos e nem de mestiços; nem de estrangeiros e nem
de brasileiros; nem americana, nem européia, nem na-
tiva; nem era industrial, apesar do volume crescente
das fábricas, nem entreposto agrícola, apesar da im-
portância crucial do café; não era tropical, nem sub-
tropical; não era ainda moderna, mas não tinha mais
passado. Essa cidade brotou súbita e inexplicavelmen-
te, como um colossal cogumelo depois da chuva, era
um enigma para seus próprios habitantes, perplexos
tentando entendê-la (SEVCENKO, 2003, p.31).
É importante ressaltar que, além das transformações fí-
sicas da metrópole, era visível uma mudança no modo de vida
urbano presente nas mais diversas atividades que ocorriam na
cidade. Em 1955, Petrone registrou que a cidade apresentava de-
zoito estabelecimentos de ensino superior, três universidades,
quinze estabelecimentos de ensino agrícola e industrial, 106
livrarias, 150 cinemas, oito teatros e cinco cines-teatros, doze
estações de radio e três de televisão (PETRONE, 1955, p.118).
Estes novos hábitos se refletiam inclusive nos novos programas
da arquitetura agrupados geralmente em um mesmo espaço: ci-
nemas, teatros, bibliotecas, galerias de arte, habitação, serviço e
comércio.