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trabalhando, aprovada, boa, vou pra aquela cola e futuramente vai ter que fazer um teste. Não quer dizer que eu
vou ficar sempre com os mesmos fornecedores, depende de qualidade e preço, porque às vezes, chega uma
época, uma ocasião que o produto que você vai fabricar, ele não tem, na escala para te fornecer. A Simpatex
pode desenvolver um produto pra eles lá, mais com um estilo diferente. Aquilo pra eles está girando, está uma
beleza, e nós pequenininhos vai ficando em segundo plano. Muda o esquema, não dá mais, a gente passa pra
frente. Pelo que eu entendo, eu acho o seguinte, Nova Serrana... Essas empresas, pelo que eu conheço delas, não
é a mesma coisa que Nova Serrana (...) Geralmente, no Sul, quem trabalha com exportação, é outro produto.
Esse material para exportação é mais reforçado, é um material bem mais caro, não é o mesmo. Se for esse
material pro Sul, é outro material, não tem nada a ver com o meu. Então eles têm um esquema de jogar com o
Sul, Franca e aqui. Você conversa com esse pessoal, seja o gerente ou sei lá quem, “Nós temos um esquema pra
trabalhar com Nova Serrana, Franca e com o Sul”. Aqui em Nova Serrana... Se comprar deles oitenta latas de
cola e aí eu fiz a proposta pra ele de um preço melhor um pouquinho pra ele me entregar dentro do mês, mas eu
fiz pra me entregar dia treze, vinte oito e três de dezembro. Eu já comprei deles duzentas latas de cola. Ele levou
o pedido, eles aceitaram, quer dizer, no Sul não existe isso. Fazer uma proposta pra entregar (...) O cara do Sul
faz assim, tem um preço é X, briga, briga, briga e R$115,00 eu te faço. Então me manda tantas latas. Chegou,
daqui trinta dias pra você comprar, liga e fala manda pra mim mais cem latas. Essa briga pra entregar, preço e
coisa toda. Como a dívida nossa aqui é mais barata, a gente tem que brigar pra ter esse produto. Lá é diferente.
Tem o camarada que compra da fábrica maior, e não quer nem saber, se lá o produto interessa, ele compra e tal.
Nós aqui precisamos brigar por R$0,10 R$0,50 R$0,20. Então, eles falam: “Vender em Nova Serrana é foda”. A
gente fala, é difícil, complicado. Só que a maioria aqui vende, paga certinho, não tem tanto problema não. Uma
máquina cara, o cara chega aqui com uma máquina de trinta mil (...) Lá no Sul, eles vão financiar, vai pro banco,
vai como eles quer, os trinta mil. A minha, o orçamento é próprio, não vou mexer... Vou pagar num prazo
pequeno, preço à vista, cinco pagamentos no preço a vista. Ainda brigo pra abaixar um pouquinho. Então, eu
negocio com ele, a parte por fora, eu pago a vista. É um caso a parte. Lá no Sul, é tudo financiado, ele não aceita
abaixo. Então assim, cada estado tem um esquema de venda. Se você for fazer um trabalho, você é brasileiro,
com fabricante do Sul, você vai achar tanta diferença. Não tem nada a ver. É muito diferente. Eu brinco muito
com a turma, nós temos uma reunião no sindicato e conversando... “Antonio, você é muito gozador”, mas não é
não a gente brinca, mas pra distrair um pouquinho. Ah, como que nós vamos fazer? A China acabou conosco,
modelo, uma coisa ou outra. A gente põe na cabeça. Eu acho assim, a China pode até prejudicar o Sul, Franca e
tudo, mas se ela for enfrentar nossa aqui ela quebra. Porque, eu vendo um tênis de R$28,00 a R$30,00 é lógico
que não compara a qualidade. Mas eu te levo numa fábrica que eles fazem o tênis a R$7,00. China faz tênis por
R$7, 00, com imposto, tudo, transporte? Não tem. Esse cara que faz tênis a R$7,00, ele esteve na China e eu
conversei com ele outro dia e fiquei impressionado de ver. Ele falou que foi lá ver o que podia investir, comprar
alguma coisa e tal, e “voltei decepcionado, não é isso que fala não, não tem nada disso não”. Uma empresa de
São Paulo, comprou deles duzentos mil pares e vão levar uma ferrada, coisa que era pra ter chegado pra frio, eles
vão receber agora uma parte, uma chegou, outra não. Uma parte eles pagam pra mim, na outra, por preço eles
correm risco. Se o cara não quiser entregar... se é que eles vão no pessoal, gente que está por dentro e tal. Aquilo
lá que eles fazem rolo. (...) Nova Serrana tem rolo de nota fiscal, preço... até nota fiscal eles falsificam. Lá no
Sul. Governo faz esse negócio e tal, mas é um absurdo a gente saber o que eles fazem. O que você quiser eles
fazem lá. Eu explicando pra ele, eles falou o seguinte: não compensa, os custos se for ver direitinho, o prazo de
entrega...Se a China for enfrentar (...), ela... Aqui você vê cada coisa.
R - A gente tinha falado de confiança entre fornecedor/parceiros, como que você acha que essa confiança
acontece? O que você entende por confiança entre parceiros? Você citou idoneidade, que outras coisas?
E – Esse tempo que eu tenho com fábrica, tem a fábrica que a gente percebe que tem gente muito séria, igual
essa de Franca, pessoa começou do nada e está muito bem. E existem outras empresas que a gente... não sei, às
vezes é uma sociedade que um está dedicando, outro quer ficar só lá na Europa, sabe como? Eu não sei. A
organização parece que tem um pessoal muito grande, a firma é cinqüenta vezes maior. Eu, hoje, sou um pessoal
assim, gente mais simples (...) Eles não precisam de mais, a empresa está boa, está grande e ele está ali, dentro,
acompanhando. Dedica naquela clientela. A minha fábrica, é minha casa, minha fábrica. É lógico que tem que
sair, passear, eu com quarenta anos sempre tive vontade de ter um apartamento em Belo Horizonte, consegui.
Levo os meninos final de semana, de vez em quando pra descansar... Mas eu dedico, se eu quiser, eu posso ficar
fora mais tempo, mas eu acho melhor aqui, tem que descansar. Mas a minha vida é isso aqui, porque eu gosto.
Não tem nada melhor que conversar com você aqui. Menino chega pra entregar um papel aqui, tem um problema
aqui dentro pra resolver, então eu vejo o problema que tem, de funcionário, na fábrica, matriz, injetora, questão
de solado, essas coisas todas. Isso daqui é minha vida e eu gosto. Tem um pessoal que teve aqui, gerente de uma
loja lá, ficou conhecendo a gente, foi pro sítio, comeu churrasco, depois procurou vendedor e falou assim: Nova
Serrana entrega mal, aquela coisa toda. Nós estamos impressionados com a oferta (...) Porque se a gente procura
fazer coisa séria, com honestidade, certinho, o que acontece é que, eles têm comprado muito da gente, quer fazer