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mente do ouvinte, caso contrário ela simplesmente recairia em ouvidos surdos
47
”. Ou seja, é
preciso haver um aspecto inédito, para que a informação seja considerada informação
genuína
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. O aspecto inédito pode resultar da ampliação dos eventos possíveis sobre os quais
a informação permite antecipar.
Como terceira característica, a informação necessita, em alguma medida, se
relacionar com o universo do agente. “Caso contrário, ela simplesmente recairia em ouvidos
surdos” (De TIENNE, 2005, p. 159). Isto implica que a informação significa do futuro para
um agente possível. Assim, a informação é genuína quando, por dizer respeito ao universo do
agente, permite a antecipação de possíveis inferências futuras.
O termo “antecipação” tem uma estreita relação com a temporalidade (que,
como indicado anteriormente, é característica da terceiridade), uma vez que antecipar é um
processo que ocorre quando concebemos no presente algo que supostamente estaria no futuro.
Esta característica teleológica está presente na própria dinâmica dos signos, uma vez que:
Os signos transportam o futuro (intenções, desejos, necessidades, ideais, etc., todos de uma
natureza diferente do que é dada, i.e., todos na escala de uma causa final) em direção ao
presente e assim permitindo-nos derivar uma imagem coerente do universo. Na realidade,
uma semiose é constituída de ambas as direções: do passado para o futuro e do futuro para
o presente, e retornando para o passado. As duas direções da semiose estão em correlação:
no primeiro caso constituímos os entendimentos baseados em processos semióticos prévios.
No segundo, nós realmente compomos o mundo nos constituindo como parte dele. Isto
significa que a noção de signo tem de se refletir nas duas direções. (DE TIENNE, 2005,
p.163)
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Em outros termos, nos processos semióticos, o tempo metaforicamente
correria em duas direções. Do passado para o futuro, através do presente, por meio do
histórico do repertório de signos que já foram veiculados e se adicionaram ao estoque de
informação. Do futuro para o presente, por meio das intenções, desejos, ideais, etc., operando
como causa final da ação. Assim, deste ponto de vista, a direcionalidade presente nas ações
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For that to be possible, the conveyed information should noticeably interfere with the listening mind's settled
habits, otherwise it would simply fall on deaf ears.
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Neste contexto poderíamos conceber o entendimento de Bateson (2002) sobre informação como sendo a
diferença que faz diferença.
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Signs carry the future (intentions, desires, needs, ideals, etc., all of a nature different from what is given, i.e.,
all in the range of a final case) into the present and thus allow us to derive a coherent image of the universe.
Actually, a semiosis is constituted in both directions: from the past into the future, and from the future into the
present, and forward into the past. The two directions of semiosis are in co-relation. In the first case, we
constitute understandings based on previous semiotic processes. In the second, we actually make up the world as
we constitute ourselves as part of it. This means that the notion of sign has to reflect the two arrows.