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CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE
Londrina
200
9
PATRICIA CHIMIN
RELAÇÃO ENTRE FATORES
MORFOFISIOLÓGICOS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
DERIVADOS DO MODELO DE
CARGA CRÍTICA NA NATAÇÃO
EM RATOS WISTAR
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i
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação Associado
em Educação Física UEM/UEL para
ob
tenção do título de Mestre em
Educação Física.
Londrina
200
9
PATRICIA CHIMIN
RELAÇÃO ENTRE FATORES
MORFOFISIOLÓGICOS E
INDICADORES DE DESEMPENHO
DERIVADOS DO MODELO DE
CARGA CRÍTICA NA NATAÇÃO
EM RATOS WISTAR
Orientador:
Prof. Dr.
Fábio Yuzo Nakamura
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ii
COMISSÃO JULGADORA
Prof. Dr.
Fábio Yuzo Nakamura
Orientador
Prof
a
. Dr
a
.
Solange Marta Franzói de
Moraes
Prof. Dr.
Claudio Alex
andre Gobatto
iii
Dedicatória
Dedico
este trabalho aos meus pais, José Carlos e Maria
de Lourdes e também aos meus irmãos, Robson e Caio
por todo o apoio que me deram durante toda essa
jornad
a.
iv
Agradecimentos
Agradeço
primeiramente a Deus por iluminar meu caminho e me dar
forças para continuar.
Agradeço também imensamente minha família (pais e irmãos) por todo
o apoio durante o tempo que estive longe,
tanto
nos momentos bons quanto
nos momentos não tão bons. Agradeço também pelo apoio da minha avó
Aparecida, mesmo que às vezes não entendesse o porquê de eu estar tão
longe. Muito obrigada mesmo!
Não poderia deixar de agradecer ao meu namorado Luiz Augusto (Lulo)
por toda a ajuda quando me mudei para Londrina, e também durante todo o
mestrado. Obrigada pelo carinho e pelas conversas! Da mesma forma, tenho
uma imensa gratidão por toda sua família: Jair, Maria Angélica e João Paulo.
Obrigada por sempre se preocuparem comigo e por me tratarem como uma
filha também!
Ao Prof. Dr. Fábio Yuzo Nakamura pela orientação, conversas
,
ensinamentos
e por toda confiança depositada em mim.
À professora Jeane Barcelos pela amizade, pelas conversas, conselhos
e por me mostrar que ainda há muito q
ue se fazer pela área.
Ao professor Jefferson Cardoso Rosa pelas aulas de estatística e pela
amizade.
Ao meu companheiro de mestrado Lúcio Flávio pelos risos no
laboratório e por toda a ajuda, e também ao Nilo
Massaru
Okuno por todas
v
as conversas e
pelo
apoio.
Obrigada também ao GEAFIT e aos seus
integrantes
pe
las
apresentações de trabalhos e amizade. Com certeza foi
uma experiência muito boa para minha formação.
À professora Solange Marta Franzói de Moraes, assim também como
a
toda sua família, por ter me recebido em sua casa, por toda a ajuda durante
as coletas e pela amizade. Sua
ajuda
foi
fundamental para a realização
desse trabalho
.
Um
agradecimento
especial para o pessoal da Universidade Esta
dual
de Maringá, principalmente ao agora mestre, Felipe Natali, que deixava suas
coisas de lado para
me
auxiliar
durante as análises dos meus dados e pela
amizade.
Às
t
écnica
s Elizete Rosa dos Santos e Valéria Schoffen Romão
Carrascoza
pela
ajuda durante as coletas e
também
pela amizade no tempo
que estive em M
aringá
. Aos professores Célia Regina de Godoy Gomes e
Celso Ivan Conegero
pelo auxílio nas análises
.
A
o Renato
Nachbar
e ao ICB
-
USP pela análise enzimática
.
Aos amigos Rômulo Fernandes, Marcio Kawano, Diego Leite, Cássio
Gustavo
, Aline Gerage
,
Débora
Alo
nso
e Camilla Kawanishi pelo apoio
durante a realização do mestrado. E um agradecimento especial para Camila
Rosa pela amizade e pela companhia nas corridas de quarta
-
feira.
Aos meus amigos de longa data, que mesmo longe sempre me deram
muito
apoio.
À todos que de uma maneira ou de outra participaram para meu
crescimento e desenvolvimento
acadêmico
, muito obrigada!
vi
CHIMIN
,
Patricia
.
Relação entre fatores morfofisiológicos e indicadores de
desempenho derivados do modelo de Carga Crítica na natação em ratos W
istar
.
200
9
.
64
f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) Centro de Educação Física e
Esportes
. Universidade Estadual de
Londrina
,
Londrina
, 200
9.
RESUMO
O teste de Potência Crítica (PC) tem sido muito usado nos últimos anos, e vários
estudos vêm buscando compreender o real significado fisiológico de seus índices
aeróbio e anaeróbio. Testes realizados até exaustão na intensidade do índice aeróbio
obtido por esse modelo de PC foram realizados, entretanto, as variáveis fisiológicas
medidas durante os esforços não se mantiveram em estado estável, além dos sujeitos
não suportarem longos períodos de tempo, como seria esperado. Como ainda não
um consenso sobre as variáveis fisiológicas que determinam o tempo de exercício na
intensidade da PC, outras variáveis, como, por exemplo, variáveis morfofisiológicas
que sejam capazes de predizê-la, tornam-se importantes para o melhor entendimento
de seu significado. Dessa forma, os objetivos do presente estudo foram: (1) verificar
o
tempo de tolerância na intensidade de 100% da Carga Crítica (Ccrit) individual, e (2)
v
erificar
se os
parâmetros
morfofisiológicos têm alguma relação com o desempenho e
o tempo de tolerância na natação. Vinte ratos machos da linhagem Wistar,
previamente adaptados ao exercício de natação, foram submetidos a testes preditivos
para o cálculo da Ccrit e da capacidade de nado anaeróbio (CNA), pela equação não-
linear, e subsequentemente, foram submetidos a exercício suportando 100% da Ccrit
até a exaustão. Vinte e quatro horas após o exercício, os animais foram anestesiados
para a coleta de sangue e tecidos para posterior análise de hematócrito, contagem de
hemácias, relação capilar/fibra, área
transversal
da fibra muscular do sóleo e do
gastrocnêmio
, tipagem de fibra e atividade da citrato sintase. Os resultados mostraram
que os valores de Ccrit variaram de 3,7 a 7,1% do peso corporal, enquanto que o
tempo de tolerância variou entre 350 e 2853 segundos. Foram encontradas fortes
correlações entre os próprios indicadores (Ccrit, CNA e tempo de tolerância), sendo
que todos atingiram significância estatística (P < 0,05). A Ccrit e o tempo de tolerância
se correlacionaram com a porcentagem de fibras oxidativas (r = 0,473; P = 0,035 e
r = -
0,473;
P = 0,035
,
respectivamente)
e com a porcentagem de fibras glicolíticas
(r = -
0,590;
P = 0,006 e r = 0,590; P = 0,006, respectivamente). A CNA apresentou
correlação moderada com a porcentagem de fibras glicolíticas, porém não significante
(r = 0,41; P = 0,1654). Somente o tempo de tolerância se correlacionou com a área
média das fibras do músculo sóleo (r = 0,569; P = 0,009). As demais variáveis
apresentaram correlações fracas com a Ccrit e o tempo de tolerância. A partir dos
resultados, pode-se concluir que o modelo de Ccrit para natação em ratos deve ser
usado com cautela, uma vez que parece não estimar a intensidade do
limiar
an
aeróbio. Além disso, as correlações com as variáveis morfofisiológicas indicam que
nenhuma delas pode
explicar sozinha
o desempenho
na intensidade da Ccrit.
Palavras
-
Chave:
carga crítica, desempenho, medidas morfofisiológicas, natação, ratos
Wistar.
vii
CHIMIN
,
Patricia
.
Relation among morphophysiologycal factors and performance
indexes derived from critical load model in swimming Wistar rats.
200
9
.
64
f.
Dissertação (Mestrado em Educação Física) Centro de Educação Física e Esportes
.
Universidade Estadual de
Londrina
,
Londrina
, 200
9.
ABSTRACT
Critical Power test (CP) has been
very
used in the last few years, and a lot of studies
seek to understand the real physiological
mean
ing
of its aerobic and anaerobic
indexes. Exhaustion tests on the
intensity
of the aerobic index given by this CP model
were done, however, the physiological variables measured during work were not
stable, besides the subjects could not take long times of exercise, as expected. As
there is not a consensus about the physiological variables that determine the time of
exercise on the CP intensity, others variables, for example, morphophysiologycal that
could be able to predict it, become important to better un
derst
and its meaning
.
So, the
aims of the present study were: (1) verify the time to exhaustion on 100% of individual
critical load (CL) intensity, and (2) verify if morphophysiologycal parameters correlate
with performance and time to exhaustion in swimming. Twenty male Wistar rats,
previously adapted to swimming exercise, were submitted to predictive tests to
calculate CL and anaerobic swim capacity (ASC), by non-linear equation
.
S
ubsequently, they were submitted to an exercise bearing 100% of CL
until ex
haustion.
Twenty four hours later, the animals were anaesthetize for blood and tissue collection
and later analysis of hematocrit, red blood cells count, capillary-
to
-fiber relationship,
soleus and gastrocnemius cross sectional area, fiber type and citrate synthase
analysis. The results showed that the CL values varied from 3.7 to 7.1% of body mass
,
while time to exhaustion varied from 350 to 2853 seconds. Strong relationships were
found among the own indexes (CL, ASC and time to exhaustion), and all of the
m
presented statistical significance (P < 0.05). CL and time to exhaustion were correlated
with proportion
of
oxidative
fiber
type
(r = 0.
473;
P = 0.035 and r = -
0.
473;
P = 0.
035,
respectiv
ely
) and with proportion of
glycolytic
fiber type (r = - 0.590; P = 0.006 and
r = 0.
590;
P
= 0.
006, respective
ly
)
. ASC presented moderate correlation
with
proportion
of
glycolytic
fiber type, but it was not significant (r = 0.
41;
P = 0.
1654
). Only time to
exhaustion
was
correlated
with cross sectional area of soleus muscle (r = 0.
569;
P = 0.
009)
. The others variables presented weak correlations with CL and time to
exhaustion. From these results, we can conclude that CL model to swimming rats
should be used carefully, since it does not seem to
estimate
the
anaerobic threshold
intensity. Besides, the correlations with the morphophysiological variables indicate that
none of them can explain itself the performance at CL intensity.
Keywords:
critical load, performance, morphophysiologycal measeures, swim
ming,
Wistar rats.
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
-
Representação gráfica do cálculo
da Ccrit
..........
..
...........
............
..........
19
Figura 2
-
Demonstração dos capilares encontrados entre as
fibras..............................................
................
..................
.....................
.
21
Figura 3
-
Demonstração da análise das imagens para o cálculo da área da fibra
do músculo sóleo e do músculo gastrocnêmio......
..................
..............
23
Figura 4
-
Imagem demonstrativa de lâmina corada para a técnica de NADH-
TR....................................................................................
.......................
24
Figura 5
-
Sistema
-
teste de ciclóides.............................................
..
..............
.........
26
Figura 6
-
C
orrelação
de
Spearman
entre
a Ccrit e o tempo de
tolerância................................
.
.............................
.......
........................
...
30
Figura 7
-
Correlação de
Spearman
entre o tempo de tolerância e a
CNA
...
.
........................................................
....
...
.................
..............
...
..
.
31
Figura 8
-
C
orrelação de
Spearman
entre a Ccrit e a CNA......
......................
..
.....
32
Figura 9
-
Correlação de
Spearman
entre a Ccrit e a porcentagem de fibras
oxidativas........
......................
.................................................................
33
Figura 10
-
Correlação de
Spearman
entre a Ccrit e a porcentagem de fibras
glicolíticas...................................
............................................................
34
Figura 11
-
Correlação de
Pearson
entre o tempo de tolerância e a porcentagem
de fibras oxidativas.................................................................................
35
Figur
a 12
-
Correlação de
Pearson
entre o tempo de tolerância e a porcentagem
de fibras glicolíticas................................................................................
36
ix
Figura 13
-
Correlação de
Pearson
entre a CNA e a porcentagem de fibras
gli
colíticas...............................................................................................
37
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
-
Dados descritivos dos valores de Ccrit e de tempo de tolerância (n =
20
)........................
..............
.....................................................................
29
Tabela 2
-
Valores dos coeficientes de correlação das comparações entre a
Ccrit, tempo de tolerância, área médias das fibras do músculo sóleo
e
área média das fibras do músculo gastrocnêmio
(µm
2
)..........................
38
Tabela 3
-
Coeficiente
s de correlação das comparações entre Ccrit e tempo de
tolerância com relação C/F,
hematócrito
(%) e número de
hemácias.........
...................................................................
..................
...
39
xi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
%
Porcento
%
pc
Porcentagem do peso corporal
%pc*s
Porcentagem do peso corporal por segundo
[la]
Concentração de lactato sanguíneo
°C
Graus Celsius
Acetil
-
CoA
Acetilcoenzima
A
C
Carga
C/F
Relação capilar por fibra
Ccrit
Carga Crítica
cm
Centímetro
CNA
Capacidade de Nado Anaeróbio
CS
Citrato Sintase
CTA
Capacidade de Trabalho Anaeróbio
CV
Coeficiente de variação
dias.semana
-1
Dias por semana
DP
Desvio
-
padrão
DTNB
Áci
do 5,5-
ditiobis(2
-
nitroenzóico)
EDTA
Ácido etilenodiamino tetra
-
acético
g
Gramas
h
Hora
xii
H.E.
Hematoxilina e Eosina
HCL
Ácido clorídrico
HK
Hexoquinase
LACmin
Lactato mínimo
Lan
Limiar anaeróbio
MEEL
Máximo Estado Estável de Lactato
MEELv
Velocida
de do Máximo Estado Estável de Lactato
mg
Miligramas
ml
Mililitros
ml O
2
min
-1
.ml
-1
Mililitros de oxigênio por minuto por mililitros
mM
Milimolar
mmol.l
-1
Milimol por litro
NADH
-
TR
Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Tetrazolium
Reductase
nm
Nanom
etro
P
Potência
P
Significância estatística
PC
Potência Crítica
pc
Peso corporal
pH
Potêncial de hidrogênio
Pp
Número de pontos que tocam a estrutura em estudo
Pt
Número total de pontos do sistema teste
r
Coeficiente de correlação
xiii
R
2
Coeficiente d
e determinação
s
Segundos
Tlim
Tempo limite
Tris
Tris (Hidroximetil) Aminometano
VC
Velocidade Crítica
Vmáx
Velocidade máxima
VO
2
Consumo de oxigênio
VO
2máx
Consumo máximo de oxigênio
Vv
Densidade de volume
µl
Microlitro
µm
Micrômetro
µm
2
Micrômetro ao quadrado
xiv
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................
01
2 REVISÃO DA LITERATURA
...
.....................
.....................................................
03
2.1
Avanços experimentais para determinação do limiar anaeróbio.
............
03
2.2
Potência Crítica
..
.............................................................................
..............
05
2.3 Respostas fisiológicas durante
exrecício na intensidade da PC
.
..
..........
08
2.4
Indicadores de capacidade aeróbia
.....
....
....................................................
11
3 JUSTIFICATIVA
...
...............................................
...
.
...........................................
15
4 OBJETIVOS
...
.................
..
.................................................................................
16
4.1 Objetivo geral
.......................................................................
..........................
16
4.2 Objetivos específicos
....................................................................................
16
5
MÉTODOS
....
............................
......................................................................
....
17
5.1 Animais e tratamento
....................................................................................
17
5.2
Adaptação ao meio líquido
.........
..................................................................
17
5.3 Determinação da Carga Crtítica (Ccrit) e da Capacidade de Nado
Anaeróbio (CNA)
...
................................
...............................................................
18
5.4 Intensidade do exercício
.......
..
..........................................................
............
19
5.5
Coleta do material
.........................................................................................
19
5.6
Contagem de hemácias no sangue
....
....
.....................................................
20
5.7
Hematócrito
...
.....
..........................................
..................................................
20
5.8
Análises histoenzimológica e morfológica
...
.....
.........................................
20
5.9
Preparo dos cortes histológicos
..
........................
........................................
21
xv
5.10
Análise histomorfométrica
.........................................................................
22
5.11
Sobre as imagens obtidas
..........................................................................
22
5.12 Preparo histoenzimológico das fibras musculares
..
.
..............................
23
5.13
Estudo estereológico
..
.....
...........................................................................
25
5.14 Análise da Citrato Sintase
..................
........................................................
27
5.15 Análise estatística
..
.
....................................................................................
27
6 RESULTADOS
...
........................
........................................
................................
29
7 DISCUSSÃO......................................................................................................
40
8 CONCLU
SÕES
.........................................................................................
.........
46
9 REFERÊNCIAS
...
...................................
............................................................
47
ANEXOS
................................................................................................................
60
Ane
xo A –
Parecer do Comitê de Ética
.............................................................
61
Anexo B
Hematoxilina e Eosina
......................................................................
63
Anexo C
NADH
-TR (Nicotinamida Adenina Dinucleotíd
io
Tetrazolium
Recuctase)
...........................................................................................................
64
1
1 INTRODUÇÃO
A maleabilidade do músculo esquelético, a qual permite a remodelagem
estrutural do músculo de acordo com alterações na demanda (energética, metabólica,
etc), é um fenômeno particular do reino animal. Esta plasticidade é refletida pelos
ajustes observáveis na força, resistência e velocidade de contração do músculo
esquelético, como resultado da modificação da micro-estrutura muscular, em função da
alteração na demanda ambiental. No entanto, há restrições impostas pela relação
“custo
-benefício” em que quanto maior ou mais complexo o órgão, maior será o “custo”
para manutenção orgânica.
Uma teoria unificadora sobre as adaptações estruturais e o mecanismo
molecular que conectam o estímulo único do exercício aos ajustes múltiplos que
ocorrem após o impacto repetido do estresse muscular ainda não foi identificada
1
.
A partir disso, especula-se que se diferentes pessoas apresentam
diferentes performances, mesmo sendo treinadas de maneira similar, essas poderiam
apresentar algumas adaptações morfofisiológicas distintas. Uma boa maneira de se
testar essa hipótese é realizando exercícios na intensidade do limiar anaeróbio (Lan),
em que se espera manutenção por tempo prolongado, sem que haja acúmulo de lactato
sanguíneo
2,3
.
A intensidade do Lan é uma boa carga para se testar essa hipótese, pois
também foi mostrado que no término do exercício nessa intensidade, havia estado
estável nas respostas de todos os sistemas corporais estudados, a saber:
cardiorespiratório, metabólico e equilíbrio ácido-
base
4
. Além disso, ela respeita a
individualidade biológica, e permite a “normalização” das cargas de trabalho.
2
Teste invasivos e não invasivos como os utilizados para determinação
do máximo estado estável de lactato (MEEL) e potência crítica (PC), respectivamente,
buscam encontrar essa intensidade. Poucos pesquisadores investigaram, em humanos,
os tempos de tolerância determinados a partir do testes de potência crítica e
encontraram resultados conflitantes em relação ao tempo de duração, que variou entre
20 e 40 minutos
5,6,7
. Em em mamíferos, não foram encontrados estudos sobre o tempo
de tolerância na intensidade de potênc
ia crítica.
Também já se buscou verificar se seriam fatores fisiológicos (por
exemplo,
concentração de lactato sanguíneo ([la]), piruvato, estado de reoxidação,
concentrações de amônia, concentrações de bicarbonato, etc) que influenciariam a
duração dos exercícios nessa intensidade
8
, porém, ainda não se identificou qual a
causa fisiológica do término do exercício.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Avanços experimentais para determinação do limiar anaeróbio
Com a necessidade de se compreender o metabolismo durante o
exercício, diferentes testes e protocolos são utilizados. Com a possibilidade do uso de
animais para realizar medidas invasivas, esses testes têm sido adaptados a eles.
Dentre os testes utilizados pode-se citar o teste do
MEEL
3
, o teste do lactato mínimo
(LACmin)
9
e o teste de
PC
10
.
O conceito de MEEL foi proposto primeiramente por Margaria et al.
11
e
Saiki
et al.
12
, usando de cinco a oito cargas de exercícios constantes e independentes
para determiná-lo. Esse teste consiste em realizar esforços durante determinado
período de tempo (geralmente 30 minutos)
3
, em que a concentração de lactato
sanguíneo não exceda um valor pré-determinado durante um intervalo de tempo. Em
2001, Gobatto et al.
13
determinaram o MEEL na natação em ratos sedentários e
treinados. O teste envolveu esforços contínuos e com apresentação aleatória das
cargas equivalentes a 5, 6, 7, 8, 9 e 10% do peso corporal (pc), durante 20 minutos. Os
animais realizaram uma carga por dia, em dias alternados. Notou-se que os ratos
seden
tários apresentavam MEEL a 5,5 mmol.l
-1
de lactato sanguíneo, com sobrecarga
de 5 e 6% do pc. Com as outras cargas houve um aumento progressivo da
concentração de lactato. os ratos treinados alcançavam o MEEL com uma
sobrecarga de 8% do pc.
4
Tegtbur
et al.
9
desenvolveram um teste chamado de teste do
LACmin
para determinar o MEEL em humanos. O teste de LACmin consiste na realização de
uma indução à acidose, por meio de exercício de curta duração e intensidade
supramáxima, elevando a concentração sanguínea de lactato. Após oito minutos da
indução à acidose, o protocolo de teste prevê o início de um protocolo incremental. Nas
cargas inferiores a do MEEL, o lactato produzido durante a indução anaeróbia tende a
ser oxidado, reduzindo a concentração no sangue. Quando a intensidade referente ao
MEEL é atingida, a produção de lactato é igual sua remoção. Assim, cargas
imediatamente mais intensas passam a produzir lactato em relação à carga anterior,
invertendo a fase da cinética. Portanto, o ponto nimo que o lactato sanguíneo
assume na curva em “U” da lactacidemia em função da intensidade de exercício,
corresponde à intensidade do LACmin.
Em 2002, Voltarelli et al.
14
adaptaram o teste de LACmin para ratos
durante a natação. Este protocolo foi novamente adaptado e ajustado por Araujo et al.
15
. Após testar 4 diferentes protocolos de indução à acidose, os autores verificaram que
o melhor protocolo de teste consiste em os animais realizarem dois esforços, com
sobrecarga de 13% do pc, separados por repouso passivo de 30 segundos, sendo o
primeiro esforço de 30 segundos e o segundo esforço até
a e
xaustão, para elevação da
[la].
Após 9 minutos de
recuperação
, os animais iniciaram o protocolo progressivo. O
Lan foi obtido a
5,76
± 0,
47
mmol.l
-1
de lactato sangüíneo, e não foi diferente do valor
do MEEL (que ocorreu entre 4,5 e 5,5% do pc).
Estudos utilizando-
se
de meios não invasivos para se avaliar o
desempenho também foram feitos. Dentre eles pode
-
se citar o teste de potência crítica.
5
2.2 Potência Crítica
Em experimento utilizando pequenos grupos musculares em diferentes
cargas constantes que levavam a exaustão, Monod e Scherrer
10
identificaram uma
relação hiperbólica entre a potência realizada e o tempo até a exaustão. A partir daí, a
assíntota dessa relação foi denominada PC, e representa a carga que teoricamente um
grupo muscular pode manter sem que ocorra a fadiga.
PC é um conceito teórico que representa a maior potência proveniente
de fontes energéticas aeróbias, e que pode ser mantida por tempo indeterminado.
Des
ta forma, sugere-se que quando a carga é inferior ou igual a PC, não ocorre
exaustão
16
.
Um segundo parâmetro que pode ser estimado a partir da relação entre
intensidade de exercício e tempo é a capacidade de trabalho anaeróbio (CTA). A CTA
corresponde ao trabalho total realizado acima da PC proveniente das reservas
energéticas intramusculares, incluindo glicogênio e o oxigênio vindo da mioglobina
10,17
,
representando desta forma uma medida da capacidade anaeróbia do indivíduo
18,19
.
Em uma tentativa de estender o conceito de PC para exercícios que
envolviam grandes grupos musculares, Moritani
et al.
17
aplicaram o modelo de potência
crítica em cicloergômetro. Foram realizados testes em que os sujeitos inspiravam
concentrações normais de oxigênio e algumas concentrações menores, que
permaneciam dentro de uma Bolsa de Douglas durante o exercício. Foi encontrado que
quando os indivíduos realizavam o exercício inspirando gases com menores
concentrações de oxigênio, houve uma concomitante redução na inclinação da relação
potência e tempo, enquanto o intercepto não foi alterado. A partir daí, foi evidenciado a
6
natureza aeróbia do parâmetro PC. Além do cicloergômetro, o conceito de PC foi
aplicado em exercício na esteira
20
, no caiaque
21
e na natação
22
. Como nessa
s
modalidades a variável que indica a intensidade é a velocidade, o parâmetro aeróbio
estimado é chamado velocidade crítica (VC).
Três equações matemáticas equivalentes têm sido utilizadas para
estimar a PC e CTA. As três equações são: Tlim=CTA/(P-PC) não linear;
P=PC+(CTA.1/Tlim)
linear potência-1/tempo e P=CTA+(PC.Tlim)
linear
trabalho-
tempo
23
. Gaesser
et al.
24
compararam as estimativas de PC a partir das três equações,
e verificaram que cada equação fornece uma estimativa diferente dos parâmetros
.
Dessa forma, os dados devem ser tratados respeitando-se a alocação das variáveis
como dependentes e independentes.
A utilização do modelo de potência crítica é atrativa porque estima os
parâmetros PC e CTA utilizando apenas um ergômetro e um cronômetro. Apesar dessa
fácil aplicabilidade, surge uma consideração acerca da duração dos testes e sobre as
cargas a serem utilizadas. Como a PC é significantemente influenciada pela duração
dos testes preditivos, então, sugere-se que ela deve ser calculada a partir de uma
ampla duração de testes para que a inércia aeróbia seja minimizada
19,25
. A inércia
aeróbia refere-se ao atraso do metabolismo aeróbio em se ajustar ao seu valor de
estado estável, sendo caracterizada pelo aumento exponencial do consumo de oxigênio
(VO
2
) no início do exercício.
Vários estudos compararam os resultados nos testes de PC com o
MEEL, que é considerado um método “padrão ouro” para determinação da transição de
7
exercício
aeróbio-
anaeróbio
13,26,27,28
. Além disso, a PC é altamente relacionada com o
consumo
máximo de oxigênio (VO
2máx
)
20,29,30
e com o limiar
ventilatório
17
.
Na tentativa de verificar a relação entre a VC e a velocidade do máximo
estado estável de lactato (MEELv), Smith e Jones
31
submeteram oito sujeitos do sexo
masculino a um protocolo incremental para determinação do
La
n e do VO
2máx
, e mais
oito sessões subseqüentes para a determinação da VC e da MEELv. Não foi
encontrada diferença significativa entre os parâmetros analisados, sugerindo que essas
variáveis
ocorrem na mesma faixa de intensidade. Porém, o intervalo de confiança
(95%) demonstrou baixa concordância entre
elas
. Apesar de não ter sido encontrada
diferença significativa, houve uma tendência de a VC superestimar a MEELv.
Dekerle
et al.
32
investigaram se a VC da natação correspondia a
MEELv. Para isso oito nadadores participaram do estudo. O protocolo foi realizado
dentro de 14 dias, em que os sujeitos realizaram um teste máximo de 400m para
estimar a velocidade máxima (Vmáx); três a quatro testes submáximos (75-90% V
máx)
para determinar a MEELv, e quatro testes exaustivos (95, 100, 105 e 110% da Vmáx)
para o cálculo da VC. O principal resultado encontrado foi que a VC parece não
representar a velocidade máxima que pode ser mantida durante a natação por um
longo períod
o de tempo
,
sem aumento
concomitante
na concentração de lactato.
Em 2002, Marangon et al.
33
submeteram ratos Wistar sedentários a
quatro testes de natação com cargas (C) contínuas de 9, 11, 13 e 15% do pc,
distribuídas aleatoriamente e em dias consecutivos, nadando em cada uma delas até a
exaustão. Com isso, foram verificados os tempos-limite (Tlim) em cada intensidade e
aplicados à equação C = Ccrit + CTA. 1/Tlim, em que a carga crítica (Ccrit)
8
correspondeu ao y-intercepto e a CTA ao coeficiente angular da reta de regressão.
Para a verificação do MEEL em 20 minutos, os animais nadaram em quatro
intensidades contínuas baseadas nos resultados anteriormente obtidos (90% da Ccrit,
100% da Ccrit, Tlim20 e Tlim15). Os autores observaram que o MEEL correspondeu
à
intensidade de carga crítica.
Em 2005, Billat et al.
34
verificaram se a VC poderia ser utilizada como
indicador de desempenho e se havia diferenças entre três diferentes linhagens de
animais e entre os gêneros. O protocolo utilizado foi semelhante ao usado para
humanos consistindo de quatro cargas em dias diferentes. O procedimento descrito no
estudo demonstrou que a VC pode ser aplicada a modelos animais. Os autores não
encontraram diferenças significativas entre a VC e o MEEL na intensidade estimada a
75% do VO
2máx
, porém
houve diferença entre as linhagens
mas não
entre os gêneros.
A determinação da Ccrit em modelos animais é relevante, pois permite
que os conhecimentos sejam aplicados em humanos
.
Eles também permitem
procedimentos invasivos que possib
ilitam
o entendimento de mecanismos celulares e
moleculares relacionados ao exercício.
Além
disso, com a adaptação do modelo animal
para estudo de doenças endócrino-metabólicas, o desenvolvimento de testes
representam uma importante conquista para a avaliação acurada dos esforços feitos
por esses animais, e como consequência, uma avaliação das respostas fisiológicas ao
exercício.
9
2.3 Respostas fisiológicas durante exercício na intensidade da PC
Poucos estudos têm analisado as respostas fisiológicas na i
ntesidade da
PC. O tempo até a exaustão na PC tem sido reportado
entre
10 e 60 minutos,
dependendo em parte do modelo de exercício e da amostra de sujeitos
5,8,35,36,37
. A
identificação de um marcador de intensidade no qual o exercício é sustentável
por
te
mpo prolongado é útil para prescrição de treinamento ou para acessar mudanças
após intervenções. Portanto, o tempo até que a exaustão voluntária ocorra tem sido
considerado
um indicador relevante da habilidade do atleta sustentar o exercício. No
entanto, os fatores fisiológicos determinantes desse tempo de tolerância são pouco
conhecidos.
Numerosos estudos têm examinado o conceito de PC em relação ao
tempo de tolerância, mas poucos examinaram as respostas fisiológicas nest
a
intensidade
. O primeiro estudo a verificar essas respostas foi de Housh et al.
5
. Os
autores investigaram o VO
2
, a frenquência cardíaca e a resposta do lactato plasmático
no limiar de fadiga (similar a PC), e estimaram o tempo que podia ser tolerado nessa
intensidade. Os resultados encontrados não suportaram a validade do limiar de fadiga
como uma intensidade que poderia ser mantida por longo período de tempo sem que
ocorresse fadiga, pois houve aumento dos índices avaliados e o tempo de tolerância no
exercício
permaneceu
entre
10 e 17
m
inutos.
Em 2002,
Brickley
et al.
36
recrutaram homens treinados que realizaram
testes preditivos para o cálculo da PC individual, e em uma outra ocasião, esses
indivíduos realizaram um exercício até a exaustão na intensidade da PC, todos
realizados em cicloergômetro. Foram analisados a frequência cardíaca, o VO
2
e a [la]
10
durante todo o teste. Todas as variáveis aumentaram com o passar do tempo sem
sinais de estado estável, e o tempo de permanência no exercício variou entre 20
e
40
minutos.
Com isso, os auto
res refutaram a afirmação que a PC é uma intensidade
que pode ser mantida por “longo período de tempo”
10
e corrobora
ram
o estudo de
Jenkins e Quigley
38
em que o exercício na intensidade da PC pode somente ser
mantido por aproximadamente 30 minutos
, em mé
dia
.
Baron
et al.
8
também verificaram as respostas fisiológicas do exercício
realizado até a exaustão na intensidade da PC em ciclistas. Eles encontraram que o
tempo de tolerância nessa intensidade foi em média de 22 minutos, dentro da faixa
reportada pre
viamente
36
.
O exercício até a exaustão na PC foi associado com mudanças na [la],
na relação lactato/piruvato, concentração de amônia, variáveis respiratórias, entre
outras; e dessa forma suporta a idéia de que a PC não representa uma intensidade de
exerc
ício estável.
Em 2006 Okudan et al.
37
investigaram as relações entre a PC, potência
aeróbia máxima e Lan, além de verificarem se o tempo de exercício até a exaustão na
intensidade da PC poderia se usado como um índice para determinação de endurance
.
Os au
tores
encontraram que a PC foi menor que a carga correspondente ao VO
2máx
,
mas foi maior que a carga correspondente ao Lan. Também encontraram que o tempo
de exercício nessa intensidade foi em média 21 minutos e não foi correlacionado tanto
com o VO
2máx
, quanto com o Lan. Os autores concluíram que a partir dessa falta de
correlação entre esses parâmetros, a CP não pode ser usada como um índice para
determinação da
performance.
11
A partir desses estudos, uma definição mais apropriada para a PC
seria
“a maior intensidade não estável que pode ser mantida por um período de tempo que
exceda 20 minutos, mas geralmente não mais que 40 minutos”, assim como
foi
observado
por Brickley et al.
36
.
Como ainda não um consenso sobre as variáveis fisiológicas que
determ
inam o tempo de exercício na intensidade da PC, outras variáveis, como, por
exemplo
, variáveis morfofisiológicas que sejam capazes de predizê-la, tornam-
se
importante
s
para o melhor entendimento de seu significado.
2.4 Indicadores de capacidade aeróbia
As estruturas dos humanos e animais são desenhadas de forma a
serem econômicas, ou seja, devem ser ajustadas
à
sua demanda funcional. Isso sugere
uma relação “custo-benefício” em que quanto maior o órgão, maior será o “custo” em
termos de construção e manu
tenção orgânica.
Basicamente, nenhuma estrutura extra é formada e/ou mantida a menos
que seja requerida para satisfazer às necessidades funcionais do organismo
39
.
Essa
relação foi vista, primeiramente, em estudo sobre a relação entre estrutura e função do
sistema respiratório dos mamíferos, e tem sido estabelecido como uma hipótese de
desenho econômico desde então
40
. Esse desenho ótimo significa um ajuste fino entre
estrutura e função. Como resultado, uma característica estrutural torna-se um fator que
pa
ssa a determinar, juntamente com outras, o desempenho funcional. Para se testar
essa hipótese, a relação com o VO
2máx
tem sido usada em todos os modelos de
variação
(comparação intra-e
interespécies
de diferentes tamanhos e desempenhos).
12
Tem sido demonstrado que as características morfométricas estão relacionadas com a
potência aeróbia
41
.
O músculo esquelético representa cerca de 50% de toda a massa
corporal na maioria dos mamíferos, dependendo do seu tamanho. Durante o repouso, a
musculatura é responsável por somente uma fração do gasto energético, já durante o
exercício, cerca de 90% do oxigênio e do fluxo sanguíneo são redistribuídos para os
membros ativos
42,43,44
. A entrega de oxigênio para os músculos deve ocorrer de
maneira específica ao tipo de fibra, volume de mitocôndria, densidade capilar e
concentração de
enzimas
oxidativas
.
Poole e Mathieu-
Costello
45
observaram que ratos treinados em corrida
apresentaram maior relação de capilares por fibra muscular nos músculos sóleo e
plantar que os ratos sedentários. Verificaram também que a relação de capilares por
fibra e o volume mitocondrial foram significantemente correlacionados para ambos os
músculos, suportando a hipótese que o leito capilar dos músculos é desenhado
primeiramente para atender ao requerimento de oxigênio da fibra. O treinamento
também aumentou a atividade da enzima citrato sintase (CS).
Hoppeler
46
analisou o VO
2máx
durante a corrida e estimou o volume
mitocondrial da musculatura esquelética de oito espécies de mamíferos (alcançando em
tamanho desde o rato até o cavalo), e mostrou que a mitocôndria consumia 4,56 ± 0,61
ml O
2
min
-1
.ml
-
1
de volume mitocôndrial, e a fração da fibra muscular ocupada pela
mitocôndria foi usada para descrever sua capacidade oxidativa. Com isso o autor pôde
co
ncluir que a capacidade oxidativa do músculo é linearmente dependente do volume
absoluto de mitocôndrias que contém.
13
A capacidade de entrega de oxigênio para as células pode ser
modificada tanto pelo aumento da densidade capilar quanto pela alteração da
co
mposição sanguínea (concentração de hemoglobina). Conley
et al.
47
e Kayar
et al.
48
compararam espécies “atléticas” com “não-atléticas” cujo VO
2máx
diferia em até 2,5
vezes. Foi encontrado que o volume dos capilares era maior em espécies atléticas,
assim
como também foi verificado que elas possuíam hematócrito 1,8 vezes maior que
as espécies não atléticas.
Em estudo de revisão, Weibel et al.
41
concluíram que as mitocôndrias e
os capilares sanguíneos juntos determinavam a capacidade aeróbia do músculo entr
e
várias espécies de mamíferos. Já Rivero
et al.
49
verificaram que o fator que determina o
sucesso na corrida em cavalos é a composição e o tamanho das fibras
musculares
.
Howlett
et al.
50
tentaram explicar as diferenças instrínsecas na
capacidade de endurance na corrida em ratos selecionados para baixa e alta
capacidade de corrida ao longo de sete gerações. Dentre várias diferenças, os autores
identificaram que a concentração de algumas enzimas, como a CS e ß-
hidroxiacil
-
CoA
desidrogenase, eram 40% maiores nos animais selecionados para alta capacidade de
endurance
, enquanto que fosfofrutoquinase foi significantemente maior nos animais
com baixa capacidade para corrida. Já a concentração de hexoquinase (HK) foi a
mesma para ambos os grupos. Segundo os autores, essa maior concentração de
enzimas oxidativas nos animais com alta capacidade de corrida, proporcionou uma
maior capacidade para utilizar oxigênio.
Em contraste, Fueger et al.
51
verificaram se a capacidade de realizar
exercício era dependente da atividade da HK II. A partir de manupulação genética, os
autores desenvolveram camundongos que expressavam 50% menos de HK II, outros
14
que expressavam 3 vezes a mais que o normal, e testaram também animais sem
qualquer manipulação. Ao realizar o teste de
enduran
ce
(corrida em esteira a
aproximadamente 75% do VO
2máx
), os autores verificaram que os animais que
possuíam maior expressão da HK II apresentaram maior habilidade para sustentar o
exercício de intensidade moderada do que os animais com menor atividade.
Ess
a maior
atividade enzimática, ou seja, a maior fosforilação da glicose a tornou mais acessível ao
músculo, e foi um determinante crítico para o desempenho.
Examinando os potenciais processos para o melhoramento das vias
metabólicas, principalmente após estímulos repetidos, foi observado que ocorriam
regulações específicas nos processos oxidativos do músculo esquelético. Schmitt et al.
52
verificaram que no músculo tibial anterior de biatletas havia uma melhora nos níveis
de transcrição gênica para fatores envolvidos com a mobilização de gorduras (lipase
hormônio
sensível
, lipoproteína lipase), comparado com sujeitos sedentários. A
combinação desses ajustes nos passos sequênciais da cascata de oxigênio nos grupos
musculares recrutados, é visto refletir um nível de coordenação local, o qual contribui
para melhorias sistêmicas no caminho do oxigênio com o treinamento de
endurance
1
.
15
3 JUSTIFICATIVA
A maioria dos estudos que verificam os indicadores de capacidade
aeróbia tem seu foco no VO
2máx
e na produção de lactato, que são índices válidos,
porém necessitam de equipamentos específicos e de alto custo para sua determinação.
Dessa forma, o desenvolvimento de testes não invasivos e de fácil aplicação auxiliam
na avaliação e prescrição de exercícios
.
O teste de PC tem sido muito usado nos últimos anos, e vários estudos
vêm buscando compreender o real significado fisiológico de seus índices aeróbio e
anaeróbio. Testes realizados até exaustão na intensidade do índice aeróbio obtido pelo
modelo de PC foram realizados. Entretanto, as variáveis fisiológicas medidas durante
os esforços (VO
2
, [la], relação lactato/piruvato, concentração de amônia, variáveis
respiratórias, entre outras) não se mantiveram em estado estável, além dos sujeitos não
suportarem lon
gos períodos de tempo (em média 30 minutos) como seria esperado.
Dessa forma, uma alternativa para entender o real significado fisiológico
dos índices aeróbio e anaeróbio obtidos pelo modelo de PC, seria estabelecer relações
entre eles e variáveis morfofisiológicas (como por exemplo, tipo e tamanho de fibras,
componentes sanguíneos, atividade enzimática, entre outros). Em tese, indicadores da
função aeróbia devem se relacionar à PC e ao tempo limite nesta intensidade. Devido à
dificuldade da estimativa das variáveis morfofisiológicas em seres humanos, seria mais
adequada a aplicação do protocolo de pesquisa em modelo animal, uma vez que foi
demonstrado que o modelo PC pode ser aplicado em ratos
W
istar.
16
4 OBJETIVOS
4
.1 Objetivo geral
O objetivo do pre
sente estudo foi verificar as possíveis relações entre
fatores morfofisiológicos e indicadores da Ccrit durante natação em ratos Wistar.
4.2
Objetivo
s específicos
Verificar
o tempo de tolerância na intensidade de
100% da Ccrit individual;
Verificar
se
os índices morfofisiológicos têm alguma
relação com o desempenho e o tempo de tolerância na natação.
17
5 MÉTODOS
5
.1
Animais e tratamento
Foram utilizados 20 ratos machos da linhagem Wistar, com 60 dias de
idade, provenientes do Biotério Central da Universidade Estadual de Maringá, que
foram mantidos em gaiolas coletivas (cinco ratos por gaiola), a 25°C em uma sala com
iluminação das 6:00 às 18:00 h. Os animais foram alimentados com dieta comercial
para roedores e também receberam água ad libitum durante todo o experimento. Os
procedimentos adotados nesta investigação foram aprovados pelo comitê de ética da
instituição (Protocolo: 023/2007
– adendo ao parecer 042/2007 –
Anexo A
).
5.2
Adaptação ao meio líquido
Todos os animais foram submetidos à adaptação ao meio líquido, que
foi realizado em tanque medindo 60 cm de profundidade, por um período de duas
semanas, sendo cinco dias.semana
-1
. A primeira semana de adaptação foi realizada
sem
colocação de carga, sendo que a profundidade da água e o tempo f
oram
aumentados progressivamente. na segunda semana, os animais nadaram com
incrementos de 2% do pc e com o tempo sendo ainda progressivamente aumentado,
porém não ultrapassando os 10 minutos. A temperatura da água foi mantida a
31
+
1°C,
tanto durante a adaptação quanto nos testes de determinação da carga crítica (Ccrit) e
durante o exercício na intensidade equivalente a 100% da Ccrit. A proposta da
18
adaptação teve por objetivo reduzir os efeitos do estresse do animal ao contato com o
meio líquido
,
sem p
romover alterações fisiológicas
relacionadas a treinamento
.
5.3 Determinação da Carga Crítica (Ccrit) e da Capacidade de Nado Anaeróbio
(CNA)
Inicialmente os animais foram submetidos a um protocolo composto por
quatro testes de natação em intensidades distintas, suportando cargas mantidas
continuamente,
que foram distribuídas entre 7 a 13% do pc atadas ao dorso (adaptado
de Marangon et al.
33
).
Os testes foram realizados em quatro dias consecutivos, sendo
uma carga por dia.
P
ara
cada carga houve o regist
ro, em segundos, do tempo individual
de exaustão (Tlim), caracterizado como a não manutenção da atividade na água (mais
de 5 segundos abaixo da superfície) e mudança no padrão de nado dos animais. As
cargas foram selecionadas para que o tempo de duração entre a carga mais leve e a
mais intensa permanecesse entre 1 e 20 minutos. Como na avaliação em humanos, a
Ccrit e a CNA foram determinadas a partir da relação entre intensidade do exercício (C-
Carga) e
Tlim
por meio da
função hiperbólica:
Tlim = CNA / (C
Ccrit), em que a Ccrit é
a assíntota da hipérbole e a CNA grau de curvatura da hipérbole
23
(figura
1
).
19
Carga Crítica
0
250
500
750
1000
1250
1500
1750
2000
6 7 8 9
10
11
12
13
14
15
Carga (% pc)
Tempo (s)
Ccrit
CNA
Figura 1.
Representação gráfica do cálculo da Ccrit.
5.4 Intensidade do exercício
Após realizar o teste de Ccrit, os animais foram colocados para
nadar na intensidade equivalente a 100% da Ccrit individual até a exaustão. Vinte e
quatro horas após esse exercício, os animais foram eutanasiados.
5
.5 Coleta do material
Para coleta do material, os animais foram sacrificados por meio de
anestesia com pentobarbital sódico (Hypinol
®
3%, 4 mg/100g pc, intravenosa), e em
seguida se realizou laparotomia mediana para a coleta de sangue (3 ml) da veia cava
inferior e remoção de tecidos.
20
5
.6 Contagem de hemácias no sangue
O sangue foi coletado da veia cava inferior do animal e colocado em
tubos de vidro contendo EDTA 10% para evitar a coagulação. A contagem das
hemácias foi realizada em câmaras de Neubauer, a partir de amostras de sangue
diluídas na proporção de 1:20 em líquido de Hayem. Para diluição, foram
utilizadas
pipetas conta glóbulos de Thomas. As células foram contadas em microscópio óptico
usando
-
se objetiva de 40x.
5.7
Hematócrito
O hematócrito foi analisado a partir do sangue coletado e estocado, pela
técnica do microhematócrito. O sangue foi colocado em tubos capilares não
heparinizados com uma das extremidades seladas. Após cinco minutos na centrífuga,
os capilares foram retirados e a leitura foi feita através da escala própria.
5.8
Análises histoenzimológica e morfológica
O músculo sóleo direito foi congelado em nitrogênio líquido e estocado
em freezer a 80ºC para posterior homogeneização e preparação histoenzimológica, e
os músculos sóleo e gastrocnêmio esquerdos foram estocados em formol até a
preparação histológica.
21
5.9
Preparo dos corte
s histológicos
Amostras dos músculos sóleo e gastrocnêmio esquerdos de cada animal
foram coletadas, abertas, lavadas em solução salina, fixadas em
bouin
, desidratadas
em série de concentrações crescentes de álcool, diafanizadas em xilol e incluídas em
para
fina, para realização de cortes de 7 µm posteriormente corados com Hematoxilina e
Eosina (H.E.).
A partir dos cortes corados com H.E., foram evidenciados aspectos
morfológicos gerais dos tecidos estudados. A partir dos cortes com H.E., foi feita
também a contagem do número de capilares em relação aos de fibras, somente no
músculo leo,
obtendo
-se assim um coeficiente referido como relação capilar por fibra
(C/F) (figura 2)
.
Figura 2.
Demonstração dos capilares encontrados entre as
fibras do músculo sóleo.
a
capilar com hemácia em seu interior, b
capilar sem hemácia em seu interior.
a
b
22
5.
10
Análise histomorfométrica
Para se averiguar o trofismo das fibras musculares, foram utilizados os
cortes corados pela técnica H.E. descrita acima. Foram capturadas imagens das
lâminas confeccionadas, e analisadas através do software
Image
-
Pro
Plus, version
4.5.0.29 for Windows. Para cada lâmina, foram fotografadas 4 imagens diferentes, para
a realização da mensuração das áreas musculares, identificadas pelo
software
.
Para cada lâmina, referente a um único músculo, buscou-se identificar
100 fibras musculares (25 fibras por imagem), as quais foram selecionadas
manualmente, com o auxílio do
mouse
para mensuração das respectivas áreas
53
. Os
dados
numéricos foram transferidos para o
software
Microsoft
Excel
2002
.
5.
11
Sobre as imagens obtidas
Para a captura das imagens das fibras musculares foram utilizadas
lentes para um aumento de 330 vezes (microscópio óptico). Além disso, buscou-
se
evitar q
ue a mesma área fosse fotografada duas vezes.
Realizou
-se a calibração do programa para compilação dos dados
(medidas em micrômetros) e prontamente iniciou-se a mensuração das fibras
visualizadas integralmente. Todas as minas confeccionadas proporcionaram uma
eficiente definição das células musculares e não houve dificuldade para diferenciação
destas, como pode ser observado na figura 2. Além disso, o programa oferece uma
tabela onde todos os dados foram armazenados e posteriormente transferidos para o
23
pr
ograma
Excel
, constando a área de cada fibra muscular identificada, como
exemplificado na figura 3.
Figura 3.
Demonstração da análise das imagens para o cálculo da área da fibra do
músculo sóleo e do músculo gastrocnêmio, H.E. 330x.
5.12
Preparo histoen
zimológico das fibras musculares
Para o estudo das fibras musculares, o sóleo direito do animal foi
retirado e então coberto com talco para a preservação do tecido, de acordo com técnica
de Moline e Glenner
54
e congelado em nitrogênio líquido. Os músculos foram mantidos
a
80°C até preparação histoenzimológica.
24
Durante a preparação, o músculo foi mantido em criostato (LEICA CM
1850
Alemanha) a temperatura de 21°C. Os blocos de tecidos musculares foram
fixados em suportes metálicos do criostato através de pequenas quantidades de
adesivo (OCT – Tissue Tek Compound), e posteriormente foram realizados cortes
transversais com 7
µm de espessura.
Após o preparo das lâminas, elas foram coradas pelo método da
Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Tetrazolium Reductase (NADH-TR), conforme
técnica de Pearse
55
modificada por Dubowitz e Brooke
56
, em que foi analisado o
metabolismo oxidativo e glicolítico (figura 4).
Figura 4.
Imagem demonstrativa de lâmina corada para a técnica de NAD
H-
TR.
-
fibra oxidativa,
-
fibra glicolítica.
25
Como a classificação das fibras com intensidade de coloração
intermediária de NADH-TR é arbitrária
57,58
, as fibras foram classificadas somente como
oxidativas e glicolíticas
.
Os procedimentos necessários para a coloração das lâminas por este
método e pelo método do H.E. estão descritos no anexo (
B e C
).
5.13
Estudo estereológico
A quantificação da densidade do volume (Vv) de fibras oxidativas e
glicolíticas do músculo sóleo foi realizada através de objetiva de 10x e sistema de
vídeo
-microscópio, composto por microscópio acolpado a um sistema de imagem e
monitor. Para cada animal, foram estudados 5 cortes histológicos (corados com NADH-
TR) em um campo microscópico aleatório. Foram capturadas 15 imagens de c
ada
músculo, sempre com o cuidado de não fotografar duas vezes a mesma área. A
contagem de pontos foi realizada através
do sistema
-
teste de ciclóides
59,60
(figura 5).
26
Figura 5.
Sistema
-
teste de ciclóides.
Vv foi calculada a partir da fórmul
a:
onde: P
p
é o número de pontos que tocam a estrutura em estudo (fibras musculares);
Pt é o número total de pontos do sistema-teste (igual a 16) multiplicado pelo
número de campos
(15 campos)
.
Vv =
Pp %
Pt
27
As proporções dos tipos de fibra estão apresentadas em porção
numérica (o número específico do tipo de fibra/número total de fibras contadas).
5.14 Análise da Citrato Sintase
Para determinar a atividade máxima da CS, o músculo sóleo foi
homogenado por 20 s em gelo, usando um homogenizador de tecidos (Ultra-Turrax T8,
Ika
-
Werke, Staufen,
Alemanha
) na solução de extração específica.
O tampão de extração
continha 0,5 mM
de Tris
-
HCL e 1,
0 mM de EDTA,
pH
7,4, e o tampão da substância analisada continha Tris/aminometano (100 mM),
DTNB (0,2 mM), acetil-CoA (0,1 mM), e Triton X-100 (0,1%
Vv
), pH 8,1. A reação foi
iniciada pela adição de 10 µl do extrato do tecido e 50 µl do ácido oxaloacético
(concentração final de 10 mM). A absorbância a 412 nm (25°C) foi
espectrofotome
tricamente medida durante 5 min como descrito anteriormente
61
. A
ati
vidade da enzima foi expressa com base de mg de proteína.
5.15 Análise estatística
A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de
Shapiro
-
Wilk
. Para verificar as relações entre as variáveis histológicas e morfológicas com os
parâmetros do modelo de Ccrit e o tempo até a exaustão, foi aplicado o coeficiente de
correlação de
Pearson
quando os dados foram paramétricos, e o coeficiente de
28
correlação de
Spearman
quando os dados foram não-paramétricos. A significância foi
fixada em
P
< 0,05. O soft
ware utilizado foi o SPSS 13.0
for Windows
.
29
6 RESULTADOS
Para todos os animais, os testes preditivos para a determinação da Ccrit
resultaram em exaustão entre 2 e 20 minutos. O modelo hiperbólico usado para a
determinação da Ccrit
obteve excelente ajuste dos dados (R
2
= 0,98 ± 0,02).
Os
animais apresentaram valores de Ccrit
que
variaram entre 3,7 e 7,1
% pc. os tempos de tolerância variaram entre 350 e 2853 s. Os valores
mínim
o
,
máximo e médio, assim como o coeficiente de variação entre os animais estão
apresentados na tabela 1.
Tabela 1.
Dados descritivos dos valores de Ccrit e
de
tempo de tolerância
(n = 20).
Valor mínimo
Valor máximo
Média (DP)
CV (%)
Ccrit (%pc)
3,7 7,1
4,3 (1,4)
31
Tempo (s)
350
2853
1328 (670)
50
DP
desvio
-
padrão, CV
– coeficiente de variação
A Ccrit e o tempo até a exaustão dos animais apresentaram
correlação
negativa (r =
-
0,724;
P
= 0,000) (figura 6).
30
300
600 900
1200 1500
1800
2100 2400 2700
3000
2
3
4
5
6
7
8
r = - 0,724
R
2
= 0,5414
Tempo de tolerância (s)
Ccrit (% pc)
Figura 6.
C
orrelação de
Spearman
entre a Ccrit e o tempo de to
lerância (
P
= 0,000
).
T
ambém foi encontrada
correlação
entre o tempo de tolerância e a CNA,
que representa as reservas anaeróbias do organismo (r = 0,699; P = 0,001) (figura 7).
Houve
correlação negativa entre Ccrit e a CNA (r = -
0,847;
P = 0,000), indicando que
quanto menor a capacidade aeróbia do animal, maior sua reserva anaeróbia (figura 8).
31
1000
1200
1400
1600
1800 2000 2200 2400
2600
300
600
900
1200
1500
1800
2100
2400
2700
3000
r = 0,699
R
2
= 0,3662
CNA (% pc*s)
Tempo de tolencia (s)
Figura
7
. C
orrelação de
Spearman
entre o tempo de tolerância e a CNA (
P
= 0,001).
32
1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400 2600
2
3
4
5
6
7
8
r = - 0,847
R
2
= 0,6003
CNA (% pc*s)
Ccrit (% pc)
Figura
8. Co
rrelação de
Spearman
entre a Ccrit e a CNA (
P
= 0,000
).
As figuras 9 e 10 apresentam as correlações significantes entre a
porcentagem de fibras oxidativas e glicolíticas com a Ccrit, sendo a última negativa (r =
0,473;
P = 0,035 e r = -
0,473
;
P = 0,035
,
respectivamente).
A atividade da CS não
apresentou correlação com a Ccrit e também com o tempo até a exaustão (r = 0,279; P
= 0,234 e r =
-
0,255;
P
= 0,278, respectivamente).
33
45 50 55 60 65 70
2
3
4
5
6
7
8
r = 0,473
R
2
= 0,2097
Fibras oxidativas (%)
Ccrit (% pc)
Figura
9. Correlação de
Spearman
entre a Ccrit e a porcentagem de fibras oxidativas
(P
= 0,0
35).
34
30
35
40 45 50
55
2
3
4
5
6
7
8
r = - 0,473
R
2
= 0,2097
Fibras glicolíticas (%)
Ccrit (% pc)
Figura
10. Correlação de
Spearman
entre a Ccrit e a porcentagem de fibras glicolíticas
(P
= 0,0
35).
As porcentagens de fibras também apresentaram correlaç
ões
significati
va
s com o tempo de tolerância. Mas em relação ao tempo, as fibras oxidativas
apresentaram correlação negativa, enquanto as fibras glicolíticas apresentaram
correlação positiva (r = -
0,590;
P = 0,006 e r = 0,590; P = 0,006, respectivamente
)
(figuras 11 e 1
2).
35
45
50
55 60 65 70
300
600
900
1200
1500
1800
2100
2400
2700
3000
r = - 0,59
R
2
= 0,3484
Fibras oxidativas (%)
Tempo de tolencia (s)
Figura
11
. Correlação de
Pearson
entre o tempo de tolerância e a porcentagem de
fibras oxidativas (
P
= 0,00
6).
36
30 35
40
45
50 55
300
600
900
1200
1500
1800
2100
2400
2700
3000
r = 0,59
R
2
= 0,3484
Fibras glicolíticas (%)
Tempo de tolencia (s)
Figura
12. Correlação de Pearson entre o tempo de tolerância e a porcentagem de
fibras glicolíticas (
P
= 0,00
6).
A CNA e a porcentagem de fibras glicolíticas correlacionaram-
se
positivamente, porém
a mesma
não foi significante (figura 13).
37
30
35 40
45
50
55
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
r = 0,41
R
2
= 0,1654
Fibras glicolíticas (%)
CNA (% pc*s)
Figura
13
.
Correlação de
Pearson
entre a CNA e o t
empo de tolerância (
P
= 0,0
75).
Em relação à hipertrofia muscular, a área das fibras do músculo sóleo
apresentaram correlação significativa com o tempo de tolerância, em relação à Ccrit
não houve correlação. A área das fibras do músculo gastrocnêmio
ap
resentaram
correlação não significante com o tempo de tolerância e porém não apresentou
correlação com a Ccrit (tabela 2).
38
Tabela 2. Valores dos coeficientes de correlação das comparações entre Ccrit, tempo
de tolerância, área média das fibras do músculo sóleo e área média das fibras do
músculo gastrocnêmio (
µm
2
).
r
Ccrit x área do sóleo
#
- 0,275
Ccrit x área do gastrocnêmio
#
- 0,188
tempo x área do sóleo
&
0,569*
tempo x área do gastrocnêmio
&
0,434
#
-
coeficiente de correlação de
Spearman
,
&
-
coeficiente de correlação de
Pearson
.
*
P = 0,009.
O parâmetro C/F no músculo sóleo não apresentou correlação tanto com
a Ccrit quanto com o tempo de tolerância, porém o número de hemácias foi
inversamente correlacionado com a Ccrit e diretamente corre
lacionado com o tempo até
a exasutão (tabela 3). O hematócrito não apresentou correlação com ambas as
variáveis
.
39
Tabela 3.
Coeficiente
s de correlação das comparações entre Ccrit e tempo de
tolerância
com
relação C/F,
hematócrito
(%) e
número de
hemác
ias
.
C/F
Hematócrito
Hemácias
Ccrit (%)
0,170
- 0,290 -
0,691*
Tempo (s)
0,135
0,269
0,648*
*
P
< 0,05
.
40
7 DISCUSSÃO
O presente estudo correlacionou os índices morfofisiológicos com o
desempenho (Ccrit) e o tempo de tolerância nessa intensidade durante a natação em
ratos Wistar. Os principais achados
deste
estudo foram as correlações encontradas
entre os próprios parâmetros (
Ccrit
versus CNA,
Ccrit
versus tempo de tolerância
,
CNA
versus tempo de tolerância). Esses resultados não corroboram os pressupostos do
modelo
de carga crítica para natação em ratos Wistar. Além disso, também foram
encontradas
algumas
correlações os índices morfofisiológicos e os parâmetros da Ccrit.
Segundo um dos pressupostos do modelo de Ccrit, não deve have
r
correlação entre a Ccrit e o tempo de tolerância, pois ela representa a intensidade do
Lan
33
, e
como
no presente estudo essa intensidade foi individualizada, a carga interna
imposta
deveria ser a mesma para todos os animais; logo, esperava-se que os tem
pos
de tolerância fossem dispersos de tal forma a não se observar relação entre a Ccrit e o
tempo tolerado. A correlação inversa encontrada entre a Ccrit e o tempo de tolerância
contesta esse pressuposto,
sugerindo
que alguns dos animais se exercitaram em
intensidade acima do Lan.
Vários estudos realizados em humanos
5,6,38
e em animais
62,63
observaram que a intensidade da PC superestima a intensidade do Lan. Ao analisar a
correlação entre a Ccrit e o tempo até a exaustão, observa-
se
novamente que essa
intensidade superestimou a intensidade correspondente ao Lan para alguns animais.
Nossos resultados estão de acordo com os encontrados por Poole et al.
30,64
em que o
41
tempo até exaustão atingido em potências acima da PC foi inversamente relacionado
com a t
axa metabólica que foi excedida.
A Ccrit representa o maior limite para a estabilidade do VO
2
64
; porém a
partir dos resultados do presente estudo, especula
-
se que nessa intensidade não houve
um estado estável, levando o VO
2
ao máximo para alguns animais, daí a correlação
inversa entre a Ccrit e o tempo de tolerância. Esse fato corrobora os estudos de Billat
et
al.
65
que encontraram correlação inversa entre a potência (e velocidade) do VO
2máx
e o
tempo de tolerância em atletas de diferentes modalidades, a
ssim como Fernandes
et al.
66,67
verificaram em nadadores.
Outro resultado que não atendeu aos pressupostos do conceito de PC
foi
a correlação inversa e significante entre a Ccrit e a CNA. A CNA é matematicamente
definida como uma reserva energética intramuscular disponível previamente ao
exercício
10,17
; logo, ela deve ser independente da Ccrit. Da mesma forma, o tempo de
tolerância na Ccrit não deve sofrer influência da CNA, ou seja, deve ser independente
da CNA
68
, o que não foi observado pelo presente estudo. Houve correlação positiva e
significante entre a CNA e o tempo de tolerância na Ccrit. Dessa forma, a partir dos
nossos resultados, ficou clara a dependência dos parâmetros analisados com a CNA.
Vários pequisadores já se propuseram comparar a PC com os limiares
metabólicos
6,17
e as respectivas respostas fisiológicas nessa intensidade de exercício
5,8,36
. Os estudos não ofereceram evidências suficientes para aceitar ou rejeitar a PC
como uma potência que pode ser mantida por longo período de tempo ou como um
índice de endurance. Portanto, a investigação de outros mecanismos que podem estar
envolvidos com a manutenção desse exercício torna-se importante. Isso mostra a
importância e originalidade do presente estudo.
42
A Ccrit apresentou correlação
posit
iva e significante com a porcentagem
de fibras oxidativas dos animais, enquanto que a correlação com a porcentagem de
fibras glicolíticas foi negativa, o que indica que a Ccrit é um parâmetro aeróbio, e
corrobora os trabalhos de Moritani et al.
17
, Gaesser e Wilson
29
, Poole et al.
30
,
Hughson
et al.
20
entre outros.
Apesar da correlação entre a porcentagem de fibras oxidativas e a Ccrit,
a atividade da CS o apresentou a mesma relação. Esse resultado não era esperado,
uma vez que, segundo Howlett et al.
50
, uma das características que difere os animais
com alta e baixa capacidade para a realização de exercício, é a atividade 40% maior
dessa enzima. Possivelmente, a baixa proporção de fibras oxidativas, como também a
idade dos nossos animais, pode ter influenciado esse resultado. Sakuma et al.
69
mostraram que a transformação das fibras tipo II para as fibras tipo I no músculo sóleo
de ratos ocorre ao longo do desenvolvimento do animal e difere entre os segmentos
proximal, medial e distal. A partir dessa diferença no desenvolvimento, sugere-se que
as mitocôndrias musculares presentes nesses animais não estavam totalmente
desenvolvidas.
em relação ao tempo de tolerância, o resultado foi inverso. A
correlação entre a porcentagem de fibras oxidativas e o tem
po de tolerância foi negativa
e significante, e entre a porcentagem de fibras glicolíticas
foi
positiva e significante,
indicando que a intensidade de exercício realizado no presente estudo não foi
totalmente
aeróbia. Uma correlação de 0,47 entre o tempo de tolerância e a
proporção de fibras tipo I do músculo sóleo também foi encontrada por Totsuka et al.
70
em quatro linhagens diferentes de camundongos ao se exercitarem na esteira. A
diferença entre o presente estudo e o de Totsuka et al.
70
foi a forma de exercício,
43
sendo um em cargas retangulares e outro protocolo incremental, respectivamente. Mais
uma vez, uma indicação que a Ccrit superestimou a intensidade do Lan para alguns
animais
, ao observar os resultados de Totsuka et al.
70
, pois ao aplicar um exercício
incremental, eles encontraram a mesma correlação inversa entre os parâmetros tempo
de tolerância e proporção de fibras oxidativas.
Um dos resultados que podemos destacar foi a correlação direta entre a
CNA e a porcentagem de fibras glicolíticas. Essa correlação indica que os animais com
a maior porcentagem de fibras glicolíticas apresenta
ra
m maiores valores de CNA.
Apesar dessa correlação ter sido fraca e não significante, ela
acresenta robustez
à
idéia
de que a CNA é um indicador anaeróbio, o
que
reforça os dados dos estudos de
Nebelsick
-
Gullett
et al.
71
, Jenkins e Quigley
72
, Miura et al.
73,74
, que encontraram
correlações entre indicadores anaeróbios e a CTA, porém, muitas delas também não
foram significantes.
Não foram encontradas correlações entre a Ccrit e a área da fibra
muscular, tanto do músculo sóleo quanto do músculo gastrocnêmio. Nossos resultados
são semelhantes aos de Maughan e Nimmo
75
, realizados em humanos e Garland
et
al.
76
, realizados em camundongos, que também não encontraram correlação entre a
área transversal das fibras da coxa e a força realizada; e entre as fibras do músculo
gast
rocnêm
io e a velocidade máxima de
sprint
, respectivamente. Essa falta de
correlação indica que outros fatores
são responsáveis
pel
a determinaç
ão da Ccrit.
entre o tempo de tolerância e as áreas das fibras musculares houve
correlação
direta
,, sendo a correlação com a área da fibra do músculo sóleo,
significante.
Isso indica que a demanda funcional pode ter influência no diâmetro da
fibra, pois para se manter a força por período prolongado de tempo, necessidade de
44
mais unidades motoras, como mostrado por Barnard et al.
77
. Esse resultado era
esperado, pois para a manutenção de uma carga ao longo do tempo, é preciso que haja
grande número de elementos contráteis. Assim como o presente estudo, Rivero et al.
49
e
Totsuka
et al.
70
também encontraram que cavalos e camundongos que suportaram
maiores tempos na corrida foram os que apresentaram maiores áreas tranversais das
fibras dos músculos.
Vári
os estudos indicam que a capacidade aeróbia de um músculo deve
estar relacionada com o suprimento capilar que ele comporta
45,47
. No presente estudo,
tanto a Ccrit, que é um parâmetro aeróbio, quanto o tempo de tolerância, não se
correlacionaram com a relacão C/F do músculo sóleo, o que corrobora o estudo de
Maxwell
et al.
78
que não encontraram relações entre a capacidade oxidativa do fluxo
sanguíneo e a capilaridade de todo o músculo.
Esperavam
-
se
algumas correlações
entre esses índices, pois, além da função de entrega de nutrientes para o metabolismo
aeróbio,
os capilares também têm papel de remover os produtos do metabolismo
anaeróbio
. Entretanto, esse resultado deve ser visto com cautela, pois o uso de
somente um índice para se verificar o fluxo sanguíneo não é fidedigno, como foi
mostrado por Hudlika
et al.
79
, o que pode ser uma explicação para a falta de correlação
encontrada no presente estudo. Índices como densidade capilar, tortuosidade do
leito
capilar e a área capilar também devem
avaliadas
em es
tudos futuros.
Variáveis sanguíneas têm sido reportadas por estarem diretamente
relacionadas com o consumo de oxigênio, portanto, esperava-se que os valores de
hematócrio se correlacionassem com a Ccrit e com o tempo de tolerância. Porém, no
presente estudo, os valores de hematócrito não apresentaram correlação com esses
parâmetros. Conley et al.
47
e Kayar et al.
48
verificaram que espécies atléticas
45
apresentaram hematócrito que diferia em até 1,8 vezes, porém, nos animais do
presente estudo essa diferença não foi encontrada. Logo, o valor de hematócrito não
parece ser um dos determinante
s do
desempenho
entre animais d
a
mesma espécie.
A correlação inversa e significante encontrada entre a Ccrit, e direta e
significante encontrada entre o tempo de tolerância e o número de hemácias não era
esperada, já que quanto melhor o metabolismo aeróbio do animal, maior deveria ser o
aporte de oxigênio, e não o contrário. Porém, outros fatores também interferem na
concentração das variáveis hematólógicas, como por exemplo, o volume plasmático.
Schumacher
et al.
52
não encontraram qualquer correlação entre variáveis
hematológicas, como a contagem de células vermelhas, e o VO
2máx
estabelecido em
atletas de várias modalidades, além de encontrar baixos níveis de hemácias em a
tletas
treinados em endurance. Logo, somente a contagem de hemácias não parece ser um
bom índice para a análise de parâmetros aeróbios.
46
8 CONCLUSÕES
A partir dos resultados do presente estudo pode-se concluir que o
modelo de Ccrit para natação em ratos deve ser usado com cautela, uma vez que
parece não estimar a intensidade do Lan. O tempo de tolerância na Ccrit
apresentou
-
se
dentro da faixa reportada na literatura. Os índices morfofisiológicos apresentaram
correlações
fraca
s
a
moderada
s, indicando que nenhum deles pode responder sozinho
pelo
desempenho
na intensidade da Ccrit. Porém, eles
forneceram
indicativos
de que a
Ccrit é um parâmetro aeróbio e a CNA um parâmetro anaeróbio; além de indicar que a
intensidade do exercício (representado pelo tempo de tolerência) não parece ser uma
intensidade
totalmente
aeróbia.
47
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875.
60
ANEXOS
61
ANEXO A
:
Parecer do comitê de ética
.
62
63
ANEXO B
:
Hematoxilina e Eosina
Colocar as lâminas prontas na estufa até derreter a parafina
15 min
uto em xilol
desparafinar
20 minutos em xilol II –
desparafinar
2 minutos em álcool 100% I
2 minutos em álcool 100% II
2 minutos em álcool 90%
Álcool 80% (até ficar branco)
1 minuto em super cola
deixar secar
2 minutos em álcool 10%
2 minutos em água de
stilada
40 segundos em Hematoxilina
lavar 4x
10 minutos na água
20 segundos em Eosina
lavar 1x
Passar em álcool 90%
5 segundos em álcool 100% I
5 segundos em álcool 100% II
passar em xilol
-
álcool
5 minutos em xilol II
Xilol
emblocar até montar as lâminas
Montar as lâminas com Permont
64
Anexo C:
NADH
-
TR (Nicotinamida Adenina Dinucleotídio
Tetrazolium Recuctase)
1
Incubação dos cortes durante 30 minutos à 37°C, no seguinte meio:
NADH
-
Diaforase
8,0
mg
Nitro
-
Blue_
Tetrazolium (NBT) 10,0
mg
Tampão Tris 0,2M pH
7,4 10,0
ml
2
Lavagem dos cortes em água destilada
3
Fixação durante 5 minutos em formol a 5% tamponado (pH 7,0)
4
Lavagem em água destilada
5
Desidratação, diafaniza
ção e montagem com Permount
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