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entrevistados. Há que se dizer que este foi um critério extremamente complicado, o
da indicação dos/as alunos/as negros/as, “[...] considerando a complexidade que
envolve a identificação e auto-identificação de quem é negro ou de quem se
considera negro, no Brasil [...]”, parafraseando Silva (2000, p. 69), aspecto analisado
também por Barcellos (1996) e Gomes (1994), em sua tese de doutorado e
dissertação de mestrado, respectivamente.
Este processo de indicação torna-se complicado, porque, no imaginário
social, ser negro é “ruim” e esta questão se torna evidente na fala de um secretário
do Colegiado, de outro curso, quando pedi que me informasse sobre os/as
estudantes negros/as e ele disse: “Para mim fica meio ruim indicar porque depois
vais procurá-los e dizer que eu acusei eles de serem negros [...]” (Diário de campo,
dia 30/11/04). Deste modo, podemos perceber, através dessa fala, que o funcionário
diz acusá-los/as de serem negros/as, como se os/as estudantes ou ele próprio
tivessem cometido algum crime.
Com relação a esta questão, das identificações, foi muito interessante, para
mim, o fato de todos/as participantes da pesquisa se auto-identificarem como
negros/as. No início, pensava que não aconteceria, mesmo sabendo que, caso não
acontecesse, não iria descartá-los/as. Não apenas pelo fato de se autodeclararem
negros/as mas, sim, porque, a princípio, eu empreguei as categorias utilizadas pelo
IBGE - branco, preto, pardo, amarelo e índio - para não perguntar diretamente, e
todos, sem exceção, falaram que não concordavam com a categoria pardo, dizendo
que “não existe cor de pele parda, que isso é para quem tem vergonha de dizer que
é negro” (pois o termo preto, nas categorias do IBGE, substituí por negro).
Um outro acontecimento que me motivou foi que, ao final das entrevistas,
eles/as admitiram que, a partir daquele momento, da experiência de terem sido
sujeitos entrevistados/as de uma pesquisa que trata de questões relacionadas à
identidade étnico-racial, é que se tinham dado conta de várias questões que
envolvem o ser negro dentro e fora do ambiente da Universidade, e foi bastante
gratificante para mim, enquanto pesquisadora, ter causado esse movimento nos
sujeitos a partir do meu trabalho.
Os alunos e as alunas com os quais desenvolvi a pesquisa têm idades entre
20 e 35 anos. A identificação deles/as é feita no texto através de nomes fictícios,
apesar de eles/as terem dito que não se importavam em aparecer com seus nomes
reais na dissertação, com exceção de um menino, mas, por uma questão ética,